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Capítulo 5

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CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 78
 
 
 
 
V.1 OS ESTADOS LIMITES de SERVIÇO (ELS) 
 Os Estados Limites de Serviço (ELS) são relacionados ao conforto, à 
durabilidade, boa aparência e boa utilização da estrutura pelos usuários ou pelos 
equipamentos e máquinas que são suportados. 
A NBR 6118:2014 define os seguintes ELS a serem verificados para as 
estruturas de concreto armado e/ou protendido: 
 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F): estado em que se inicia a 
formação de fissuras; 
 Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W): estado em que as fissuras se 
apresentam com aberturas iguais às referências máximas estabelecidas; 
 Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF): estado em que as 
deformações atingem os limites estabelecidos para utilização normal da 
estrutura; 
 Estado limite de descompressão (ELS-D): estado no qual, em um ou mais 
pontos da seção transversal, a tensão normal é nula, e o restante da seção 
encontra-se comprimido, ou seja, não há tração no restante da seção; 
 Estado limite de descompressão parcial (ELS-DP): estado no qual admite-se 
uma pequena região da seção transversal tracionada, desde que se garanta a 
compressão na região das armaduras ativas até, pelo menos, uma distância 
limite estabelecida; 
 Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE): estado em que as tensões 
máximas de compressão atingem o limite estabelecido; 
 Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE): estado em que as vibrações 
atingem os limites para a utilização normal da construção. 
Dos ELS definidos acima, apenas os Estados Limites de formação de fissuras, 
abertura de fissuras e deformação excessiva devem ser verificados para estruturas 
usuais de concreto armado. Estes ELS são tema de estudo deste capítulo. 
Os Estados Limites de descompressão, descompressão parcial e compressão 
excessiva são referentes exclusivamente às estruturas de concreto protendido, 
enquanto o Estado Limite de vibrações excessivas deve ser verificado para estruturas 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 79
submetidas às ações predominantemente cíclicas, como bases de máquinas e 
ginásios de esportes. 
V.2 O FENÔMENO da FISSURAÇÃO do CONCRETO 
 Além de fundamental para estruturas de concreto armado, o fenômeno da 
fissuração é tema de abrangência e profundidade. 
No concreto protendido, armaduras ativas impedem sua fissuração. No concreto 
armado, pode-se apenas controlar este fenômeno por meio da verificação do ELS de 
abertura de fissuras e das prescrições de detalhamento para quantidade e 
espaçamentos mínimos de suas armaduras, ditas passivas. Em ambos, durante a fase 
de execução das estruturas, diversos procedimentos ligados à cura do concreto 
destinam-se a restringir ou impedir esta manifestação. 
 A “Patologia das Estruturas”, bem como as técnicas de recuperação e reforço 
de estruturas degradadas ou colapsadas, constituem campos de trabalho 
especializados da Engenharia Estrutural, que lidam com estruturas que falham parcial 
ou completamente em relação a seu nível de segurança; desempenho ou durabilidade. 
Falhas no comportamento de estruturas de concreto armado podem ser 
ocasionadas por deficiências de projeto, de execução, de utilização; falta de 
manutenção ou por acidentes. Em tais casos, os quadros fissuratórios de uma 
estrutura ou de seus elementos são, com frequência, o principal meio que a 
Engenharia Estrutural possui para detectar e diagnosticar a causa, extensão dos 
danos e gravidade da situação que conduziu à falha estrutural. 
 O estudo da fissuração aqui abordado é inteiramente orientado para a 
compreensão do fenômeno que inevitavelmente ocorre em estruturas de concreto 
armado, quando projetadas, executadas, utilizadas e mantidas adequadamente. Serão 
estudados os mecanismos que deflagram a fissuração em elementos fletidos de 
concreto armado, bem como as imposições de norma e as técnicas de projeto que se 
dispõe para seu controle. 
 Elementos estruturais de concreto armado, já dimensionados à flexão pelo MEL 
em seus ELUs de compressão do concreto e alongamento excessivo do aço, nos 
quais se garante sua segurança ao se impor que sua resistência última da seção seja 
superior ou igual à solicitação de dimensionamento à (Mr ≥ Md), devem ainda satisfazer 
condições de desempenho em serviço e durabilidade. Para isto, devem ser cumpridas 
exigências complementares estudadas nas verificações dos Estados Limites de 
Serviço, sendo o controle da fissuração um destes ELSs. 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 80
V.3 GÊNESE e EFEITOS DELETÉRIOS da FISSURAÇÃO 
 De acordo com os agentes que as originam, as fissuras são classificadas nos 
três seguintes grupos: 
 
o 1º Grupo - Fissuras provocadas por variações volumétricas: São as 
produzidas pela restrição que a estrutura oferece aos efeitos da retração do 
concreto e da ação da variação de temperatura. 
As prescrições normativas de armaduras mínimas, a boa técnica de 
detalhamento e uma cura adequada do concreto conduzem a um controle 
eficiente das fissuras provocadas por retração. O fracionamento de uma 
estrutura, em trechos separados por juntas de dilatação, minimiza os efeitos da 
variação de temperatura e as solicitações produzidas por esta ação são 
tratadas da mesma forma que as demais. 
 
o 2º Grupo - Fissuras produzidas por solicitações de cortante e torção: Nos 
casos usuais, a NBR 6118 dispensa a avaliação específica da abertura deste 
grupo de fissuras, substituindo o controle direto por prescrições relativas à 
quantidade mínima e ao detalhamento das armaduras transversais. 
 
o 3º Grupo - Fissuras produzidas por solicitações de flexão e tração: São 
controladas por meio de técnica normalizada, por meio da qual se calcula e se 
fixam limites aos valores das aberturas. 
 
 Elementos de concreto armado sujeitos às combinações das ações em serviço 
encontram-se inevitavelmente fissurados em suas regiões tracionadas, devido à baixa 
resistência do concreto à tração. 
As fissuras, da ordem de décimos de milímetros, não geram efeitos adversos sobre 
a segurança à ruptura, condições de serviço e durabilidade destes elementos. 
Entretanto, se não controladas durante as fases de projeto e construção, produzem 
os seguintes efeitos deletérios que influem negativamente no desempenho em serviço 
e na durabilidade da estrutura à qual pertencem: 
o Ferem uma das propriedades que viabilizam o funcionamento do concreto 
armado, permitindo o contato de agentes atmosféricos com a armação e 
possibilitando sua corrosão. 
 
o Ferem padrões estéticos e produzem a sensação de insegurança nos usuários. 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 81
 
 Com objetivo de se limitar tais efeitos a níveis que não comprometam sua 
utilização e durabilidade, as estruturas de concreto armados são submetidas à controle 
de fissuração calcado em modelo teórico e normalizado pela NBR 6118. 
V.4 CONTROLE DA FISSURAÇÃO EM ELEMENTOS FLETIDOS 
V.4.1 – Síntese da Abordagem Rigorosa da Norma NBR 6118:2014 
 
 O controle da fissuração em elementos fletidos de concreto armado passa por 
quatro fases encadeadas: 
 
1º. Define-se o nível de agressividade ambiental da região onde a estruturaserá 
construída: (CAA) 
 
2º. Em função do ambiente definido, do tipo de concreto, de características do 
elemento estrutural e com base na experiência previamente acumulada a 
NBR6118 fixa o valor limite de abertura de fissuras, que seriam toleradas pela 
estrutura, sem comprometimento de seu desempenho em serviço e 
durabilidade: wk limite 
 
3º. Aplica-se um procedimento (modelo e ferramenta) de cálculo do valor estimado 
de abertura de fissuras para a seção fletida que se está verificando: wk estimado 
 
4º. Comparam-se os valores das aberturas de fissuras wk. Se wk estimado for inferior a 
wk limite, a estrutura atende o ELS-W e pode se iniciar o detalhamento da 
armadura longitudinal de flexão. Caso contrário, efetuam-se as modificações 
necessárias, geralmente implicando em acréscimo da armadura já 
dimensionada para flexão. 
 As duas fases iniciais são normalizadas pela NBR 6118 e não demandam 
trabalho de cálculo por parte do projetista. A terceira fase depende de um conjunto de 
cálculos que constituem a essência da verificação do ELS-W de fissuração e será 
apreciada em seguida. 
 A última fase é resultado da aplicação dos conceitos ora em desenvolvimento e 
pode ser melhor avaliada no Módulo de Exercícios desta série. 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
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pág. 82
V.4.2 – A Influência do Ambiente 
 
 Segundo a norma NBR 6118 a verificação do estado limite de abertura das 
fissuras é denominada ELS-W e tem início com a classificação da agressividade do 
ambiente no qual a estrutura será construída. 
 A seção 6.4.1 define que a agressividade do meio ambiente está relacionada às 
ações físicas e químicas que atuam sobre a estrutura, independentemente das ações 
mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica e da retração hidráulica. 
 De acordo com a seção 6.4.2, a agressividade ambiental deve ser classificada 
de acordo com a Tabela 1. 
 
Tabela 1- Classes de Agressividade Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V.4.3 – Fixação dos Valores de Wk Limite de Abertura de Fissuras 
 
 Depois de classificada a classe de agressividade ambiental, a seção 13.4.2 da 
norma fixa, na Tabela 2, os limites máximos para abertura característica wk das 
fissuras, de forma que as mesmas não sejam nocivas quanto à utilização da estrutura 
em serviço e a sua durabilidade. 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 83
 Como se verifica, os valores máximos para abertura característica de fissuras 
ficam compreendidos entre 2 e 4 décimos de milímetro para a solicitação em serviço 
Sd, derivada da combinação frequente das ações. 
 
Tabela 2 - Exigências de Durabilidade Relacionadas à Fissuração 
e às Classes de Agressividade Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As combinações indicadas na Tabela 2 podem ser obtidas de acordo com a seção 
11.8.3 da NBR6118:2-14, que classifica as combinações de serviço de acordo com 
sua permanência na estrutura. Estas são próprias para verificações dos ELSs como se 
viu no Módulo I. 
 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 84
o Combinação Quase Permanente (CQP): Pode atuar durante grande parte do 
período de vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na 
verificação do estado limite de deformações excessivas. 
 
o Combinação Frequente (CF): Se repete muitas vezes durante o período de 
vida da estrutura e sua combinação (para o concreto armado) é necessária 
na verificação do estado limite abertura de fissuras e de vibrações 
excessivas. 
 
o Combinação Rara (CR): Ocorre algumas vezes durante o período de vida da 
estrutura e sua consideração é usada na verificação do estado limite de 
formação de fissuras. 
 
 Os coeficientes Ѱ1 e Ѱ2 são definidos pela seção 11.7 da norma, conforme já 
exposto também no Módulo I deste curso. 
 A seção 5 da NBR8681:2003 define para pontes rodoviárias: ψ1 = 0,5 para 
verificação das vigas; ψ1 = 0,7 para transversinas; e ψ1 = 0,8 para lajes de tabuleiro e 
para pontes ferroviárias especializadas ψ1 = 1,0 para todas as peças. 
 
V.4.4 –Avaliação dos Valores de Wk Estimado de Abertura de Fissuras 
 
V.4.4 .1– O modelo teórico de avaliação da abertura de fissuras 
 
 O cálculo do valor da abertura estimada das fissuras wk, em elementos 
submetidos a tensões normais, baseia-se em modelos teórico-experimentais 
observados em ensaios de laboratório. 
 No concreto armado as tensões nas armaduras tracionadas decorrem de 
alongamentos muito superiores aos suportados pelo concreto a ele aderido. Nessas 
condições o concreto fissura e a soma das aberturas ao longo do elemento é 
equivalente a diferença entre os alongamentos do aço e do concreto. 
 O tirante possui inicialmente comprimento Sr, valor equivalente à distância entre 
fissuras. O concreto alonga-se até que as tensões trativas em seu corpo atingem sua 
resistência fct e seu comprimento alcança o valor máximo: 
 
 
 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
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Laço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Modelo do Tirante Fissurado 
 
Crrcon SSL .. (1) 
 
 Neste momento forma-se a fissura e o aço passa a absorver também a parcela 
de tensões trativas que anteriormente eram resistidas pelo concreto. 
 Em função de sua maior ductilidade, o comprimento do aço supera o do 
concreto e também atinge seu valor máximo: 
 
sirraço SSL . (2) 
 
 A abertura wk da fissura resulta da diferença entre os alongamentos 
experimentados pelo aço e pelo concreto do tirante. 
 
 CsirCrsirconaçok SSSLLw   ... (3) 
 O alongamento unitário do concreto pode ser desprezado diante da magnitude 
do alongamento unitário do aço e a abertura da fissura passa a ser: 
 
sirk Sw . (4) 
WK 
 
Lcon
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pág. 86
Laço
 A deformação unitária do aço depende da sua tensão e de seu módulo de 
elasticidade e a abertura da fissura é expressa por: 
 
si
si
rk E
Sw
. (5) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Forças e Mecanismos de Formação de Fissuras 
 
 A tensão do aço em serviço é calculada no Estádio II com coeficientes de 
ponderação próprios do ELS de abertura de fissuras (ELS-W) e, como seu módulo de 
deformação Esi é constante conhecida, a única incógnita a ser definida passa a ser a 
distância entre fissuras Sr. 
 A força no concreto do tirante à esquerda da seção AA é transferida por 
aderência pela barra de aço ao concreto e equivale à: 
 
  bdriesqc fSF .  (6) 
onde fbd é a tensão de aderência entre aço e concreto definida no Capítulo 2. 
 
 À direita da seção dois mecanismos podem ser assumidos: 
 
No primeiro deles, denominado formação sistemática de fissuras a força à 
direita da seção AA provém do concreto do tirante e é equivale à: 
 
 
As 
Ac 
 
 
 
Lcon
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Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 87
 
ctcri
dir
c fAF  (7) 
 
onde Acrit é a área crítica, correspondente à área do tirante aderida à barra conforme 
indicado na Figura 2. 
 
A partir deste ponto, define-se a taxa de armadura passiva (ρri) como a relação 
entre a área de aço do tirante Asi e sua área crítica:cri
si
ri A
A (8) 
 
 Portanto, 
 
ct
ri
si
ctcri
dir
c f
A
fAF   (9) 
 
   bdri fS . ct
ri
si fA  ctri
i
f

 

4
2
 (10) 
 
bd
ct
ri
i
r f
f
S  

4 (11) 
 
ri
ir kS 
1
1  (12) 
 
No segundo mecanismo de formação de fissuras, denominado fissuração não 
sistemática, a força à direita da seção AA provém da barra de aço e equivale à; 
 
sisi
dir
si AF  (13) 
 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 88
 O equilíbrio da seção nestes dois momentos resulta nos mecanismos expressos 
a seguir: 
 
   bdri fS . siisisiA   4
2
 (14) 
 
bd
si
ir f
kS
  2 (15) 
 
ctm
si
ir f
kS
  3 (16) 
 
As expressões 12 e 16, introduzidas na expressão básica 5, fornecem as 
expressões teóricas que representam as duas possibilidades para cálculo da abertura 
de fissuras: 
 
s
si
ri
i
si
si
rk E
k
E
Sw


  11 (17) 
 
s
si
ctm
si
i
si
si
rk Ef
k
E
Sw
  3 (18) 
 
V.4.4 .2– A abordagem da ABNT NBR-6118:2014 
 
A ABNT NBR 6118:2014 trata da verificação da fissuração em elementos lineares 
de concreto armado, sujeito às solicitações normais (M e N), de duas formas. Uma 
abordagem rigorosa que apresenta expressões baseadas no modelo teórico 
apresentado anteriormente, onde estima-se a abertura das fissuras que é, então, 
comparada com os limites prescritos para o ELS-W (Tabela 2). A proposta simplificada 
fornece espaçamentos máximos entre as barras para serem adotados em função do 
diâmetro destas e da tensão no aço. 
Entretanto, a verificação da abertura de fissuras pode ser dispensada se o ELS-F 
(Estado Limite de Formação de Fissuras) for atendido. Considera-se que o ELS-F é 
atendido quando o momento atuante na seção, para a combinação considerada, é 
menor que o momento de fissuração Mr, dado por: 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
MAYRA PERLINGEIRO, LEONARDO VALLS, BERNARDO ROCHA e EDUARDO VALERIANO 
 
pág. 89
t
cct
r y
If
M
  (19) 
onde 
 α é um fator que correlaciona a resistência à tração do concreto na flexão com a 
resistência a tração direta, que assume os seguintes valores: α=1,2 para seções T ou 
duplo T, α=1,3 para seções I ou T invertido e α=1,5 para seções retangulares; 
 fct é a resistência à tração direta do concreto, já estudada no Módulo I; no ELS-F 
deve-se usar o fctk,inf e no ELS-DEF, o fctm; 
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto; 
yt é a distância do centro de gravidade da seção até a fibra mais tracionada. 
 
 Quando o momento de fissuração é maior que o momento atuante na seção, 
admite-se que a seção ainda trabalha no Estádio I e, portanto, não está fissurada. 
Caso contrário, deve-se proceder com a verificação da abertura de fissuras conforme 
os itens seguintes. 
 
V.4.4 .2.1– A abordagem rigorosa da ABNT NBR-6118:2014 
 
 As expressões 17 e 18, derivadas do modelo teórico com dois mecanismos de 
formação de fissuras, são calibradas com base em ensaios experimentais e 
normalizadas pela NBR 6118:2014 conforme se segue. 
Para baixas taxas de armadura passiva prevalece o mecanismo que deu origem 
à primeira expressão (17), com a seguinte constituição: 
 



  4545,12 1 risi
sii
k E
w 


 (20) 
 
 Para taxas elevadas de armadura passiva prevalece o mecanismo que deu 
origem à segunda expressão (18), com a seguinte constituição: 
 
ctm
si
si
sii
k fE
w


 3
5,12 1
 (21) 
 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
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pág. 90
onde, σsi, Φi, Esi, ρri são examinados para cada área de envolvimento em exame, 
conforme ilustra a Figura 3, e fctm e η1, a resistência à tração média do concreto e o 
coeficiente de conformação superficial da armadura, respectivamente, já definidos no 
Módulo I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Concreto de Envolvimento da Armadura: Área do Tirante 
Nas vigas com altura menor que 1,2 m, pode-se considerar atendida a condição 
de abertura de fissuras em toda a pele tracionada, se a abertura de fissuras calculada 
na região das barras mais tracionadas for verificada e se existir uma armadura lateral 
que atenda ao descrito em 17.3.5.2.3 da NBR 6118:2014. 
V.4.4 .2.2 – A abordagem simplificada da ABNT NBR-6118:2014 
 
 A norma apresenta uma proposta simplificada para controle do ELS-W na qual 
se dispensa o cálculo da abertura de fissuras. 
 O controle é feito limitando-se os parâmetros que influem no processo de 
formação e abertura de fissuras: o diâmetro da armadura, a tensão no aço e a taxa de 
armadura passiva, sendo esta última controlada de forma indireta via espaçamento 
entre barras. 
 As Tabelas 3 e 4 mostram o diâmetro máximo, o espaçamento máximo entre 
barras e os cobrimentos que devem ser respeitados ao se dimensionar um elemento 
estrutural para que não surjam fissuras no elemento estrutural. A tensão σsi deve ser 
determinada no estádio II. 
 
 
 
 
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Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
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Tabela 3 - Valores Máximos de Diâmetro e Espaçamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 4 - Classe de Agressividade Ambiental e Cobrimento Nominal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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pág. 92
Tabela 5 - Combinações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V.4.4 .2.3 – Cálculo da tensão no aço no Estádio II 
 
No Estádio II ainda se admite o comportamento linear dos materiais e, portanto, 
as tensões são determinadas através das formulações da resistência dos materiais. 
No entanto, como o concreto se encontra fissurado e parte da seção não mais resiste 
às tensões de tração, o momento de inércia da seção bruta de concreto já não é mais 
válido. Deve-se então, utilizar o momento de inércia da seção fissurada III na 
determinação das tensões no concreto e no aço, dado por 
 
  ])''()([3212 2'2
323
dxAxdA
hxbh
xhb
hb
I ssE
fwf
ff
ff
II 



   (22) 
onde 
 bf é a largura da mesa comprimida da viga; 
 hf é a altura da mesa comprimida; 
 x é a distância da fibra mais comprimida até a linha neutra; 
 bw é a largura da alma da viga; 
 αE é a relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto Es/Ec, que 
pode ser, simplificadamente, tomado por 15; 
 As é a área de aço tracionada pelo momento fletor; 
CURSO DE CONCRETO ARMADO 
Capítulo V – Verificação da Fissuração 
 
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 As’ é a área de aço comprimida pelo momento fletor; 
 d é a distância da fibra mais comprimida até o C.G. da área de aço tracionado; 
 d’’ é a distância da fibra mais comprimida até o C.G. da área de aço 
comprimido. 
 
 A expressão 22 é válida para vigas T com a mesa totalmente comprimida, ou 
seja, x > hf. Quando x < hf, deve-se substituir hf por x na expressão 22. Para seções 
retangulares ou T com a mesa totalmente tracionada, a expressão também é válida, 
fazendo-se hf = 0 e bf = 0. A contribuição da armadura comprimida As’ também pode 
ser desprezada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 – Cálculo da inércia fissurada III 
 
 A altura da linha neutra é determinada através das equações decompatibilidade 
da deformada, relações constitutivas dos materiais (concreto e aço) e do equilíbrio da 
seção. Para uma viga T ou I, a altura da linha neutra pode ser determinada pela 
resolução da seguinte equação do 2º grau: 
 
          0]dA d A2 b-bh [-x]A A b-bh [2 xb 'sswf2f'sswff2w  EE  (23) 
 
E as tensões no aço são determinadas de acordo com a expressão 24. 
 
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II
s
Es I
yM   (24) 
onde 
 M é o momento fletor para a combinação de serviço adotada; 
 ys é a distância da linha neutra até o C.G. da área de aço, ou até o eixo da barra 
estudada, em um análise mais refinada. 
 
 Em uma análise mais expedita, também é aceitável que se arbitre o braço de 
alavanca no Estádio II para a determinação da tensão no aço. Usualmente, adota-se o 
valor de 80% da altura útil da seção, de forma que a tensão no aço é dada por 
 
s
s Ad
M
 8,0 (25) 
V.5 A DEFORMAÇÃO em ELEMENTOS FISSURADOS 
V.5.1 – A rigidez de elementos fissurados e a flecha imediata 
 
 Como visto anteriormente, nas seções fissuradas, o momento de inércia da 
seção é reduzido. Dessa forma, as deformações obtidas a partir da análise estrutural 
linear elástica, considerando a rigidez à flexão EI das seções íntegras não são 
realistas. 
No passado, era usual a utilização do momento de inércia da seção fissurada III, 
da seção crítica da viga, nas verificações de deformação excessiva das estruturas de 
concreto. No entanto, pode-se afirmar que essa prática é bastante conservadora, já 
que a variação das solicitações nas diversas seções conduzirá a fissuras com 
diferentes profundidades ao longo do comprimento do elemento, e, 
consequentemente, variação da altura da linha neutra e do momento de inércia ao 
longo do elemento (Figura 5). Além disso, a contribuição do trecho íntegro de concreto 
entre as fissuras, na resistência à tração, era desprezada. 
A NBR 6118, desde sua versão 2003, preconiza a utilização da rigidez à flexão 
equivalente EIeq, obtida baseada na fórmula de Branson, para o cálculo de flechas 
imediatas em vigas de concreto armado. 
 
 
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Figura 5 – Variação da linha neutra em um elemento fissurado 
 
A rigidez equivalente é dada por 
 
ccsII
a
r
c
a
r
cseq IEIM
MI
M
MEEI 

















33
1 (26) 
onde 
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto; 
 III é o momento de inércia da seção fissurada, já definido anteriormente; 
 Ma é o momento fletor na seção crítica do vão considerado; 
 Mr é o momento de fissuração, já definido anteriormente (quando utilizadas 
barras lisas, como no caso do CA-25, o valor de Mr deve ser reduzido a metade); 
 Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto. 
 
Para elementos contínuos, com inversão das fibras tracionadas (Figura 6), 
pode-se adotar uma média ponderada dos momentos de inércia fissurada para o 
cálculo da rigidez equivalente, apresentado na expressão 27. 
 
ccs
EE
eq
CC
eq
AA
eq
eq IELLL
LEILEILEI
EI 

321
321 (27) 
 
 
 
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Figura 6 – Inércia equivalente em vigas contínuas 
 
V.5.1 – A flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado 
 
Sob tensões permanentes, o concreto apresenta a característica de amplificar 
as deformações com o passar do tempo, até sua estabilização. A essa propriedade é 
dado o nome de fluência. Dessa forma, deve-se verificar a flecha total após a 
estabilização da fluência do concreto. 
A NBR 6118:2014 recomenda a seguinte expressão para o cálculo da flecha 
diferida total no tempo t=i: 
 
  )0('5011)0(1)( 



 tftfitf f 
 (28) 
 
onde 
 ρ’ é a taxa de armadura de compressão; 
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 ξ é um coeficiente em função do tempo, que pode ser obtido pelas expressões a 
seguir, ou pela tabela 6. 
 
)()( 0tt   (29) 
  32,0996,068,0)( tt t  , para t ≤ 70 meses (30) 
2)( t , para t > 70 meses (31) 
 
sendo 
 t a idade, em meses, do momento em que se deseja calcular a flecha diferida; 
 t0 a idade, em meses, de aplicação do carregamento permanente. 
 
 Caso as cargas de longa duração sejam aplicadas em idades diferentes, 
calcula-se t0 a partir da ponderação: 
 

 
i
i0i
0 P
tPt (32) 
 
Tabela 6 – Valores do coeficiente ξ em função do tempo

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