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RESUMO FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUES FAORO

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RESUMO – RAYMUNDO FAORO – OS DONOS DO PODER – A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUES 
INTRODUÇÃO
No decorrer deste trabalho serão expostos os principais conceitos apresentados por Raymundo Faoro no primeiro e segundo capítulos do livro OS DONOS DO PODER: Formação do patronato político brasileiro. Faremos uma breve discussão comparativa sobre a formação portuguesa na Península Ibérica com a construção do Brasil Colônia.
Nesses dois primeiros capítulos Faoro apresenta a formação de Portugal, dando enfoque à sua estrutura política, econômica e social. Ele aponta o início desse país como o desenvolvimento do Patrimonialismo, e coloca o Estamento como inerente a sociedade patrimonial portuguesa. O autor ainda faz menção ao denominado por ele de falso feudalismo e a economia voltada para o comércio de exportação.
O seguinte trabalho tem como objetivos explicar as principais temáticas apresentadas nos capítulos iniciais da obra, mostrar o Brasil Colônia e identificar os invisíveis da historia brasileira. 
 PATRIMONIALISMO
O livro OS DONOS DO PODER de Raymundo Faoro caracteriza a formação do Estado português como um modelo de Estado patrimonial. Nele as relações eram de supremacia entre o rei e seus súditos. O rei era o chefe supremo que comandava o seu povo e o conduzia, subordinadamente, a cumprir suas ordens, além de ser também o maior proprietário de terras existentes em suas dimensões, evidenciando seu status de poder. 
O Estado patrimonial era sustentado pelo direito romano, pois o príncipe como senhor e proprietário sobre todas as pessoas e bens, definiu-se, como uma ideia dominante na monarquia romana, muitos conceitos de Roma estavam presentes na construção do reino português, influência da invasão romana na Península Ibérica.
No patrimonialismo não existia intermediários na relação do soberano com o povo, pois abaixo dele todos eram súditos. O rei comandava todo o seu reino, ao mesmo tempo em que os senhores, sem o poder feudal, apenas exerciam o domínio, cuidando da terra sem governá-la. A exploração das terras do reino, a comercialização e a arrecadação de impostos administrados pelos conselhos, aumentavam os bens do rei. Os conselhos eram órgãos administrativos usados como estratégias políticas para impor ao povo o dever de defender militarmente suas terras dos inimigos.
A Coroa mantinha os gastos do seu séquito (conjunto das pessoas que seguiam o rei), foi esse grupo que formou o estamento. Através da renda de seus bens e do comércio marítimo, tudo que gerava lucro era manipulado pelo rei, pois assim garantia o seu domínio.
No Estado patrimonial não havia distinção entre a riqueza pública e privada do soberano, portanto os gastos também eram feitos de forma indistinta, não tendo assim uma separação entre as despesas da Coroa com as de obras de utilização pública. Faoro sustenta bem a ideia de que o Estado português era patrimonial e não feudal, pois as relações entre o homem e o poder eram de outra forma.
O sistema patrimonial, ao contrário dos direitos, privilégios e obrigações fixamente determinados no feudalismo, prendiam os servidores numa rede patriarcal, onde o rei possuía o domínio perpétuo da riqueza e de todos os setores da economia como se fossem propriedades sua.
    O sistema patrimonial de Portugal se estendeu pelas suas colônias e o Brasil por ser umas delas não poderia ter adotado outro sistema se não o Patrimonialismo.
Falar do Brasil colônia é trabalhar as raízes desse país, raízes essas que não começam com a chegada dos portugueses, mas que estão estreitamente ligadas ao surgimento de Portugal na Península Ibérica. Através dos principais conceitos apresentados por Faoro apresentaremos o Brasil colônia de uma forma nova, mostrando que a história apesar das mudanças estruturais econômicas e sociais se repete.
    O Brasil teve a sua formação histórica inicial definida com a chegada dos portugueses. A exploração na nova terra começou quando as terras foram divididas baseando-se em um processo feito inicialmente em Portugal e posteriormente implantado no Brasil. Em Portugal o país se dividia em circunscrições administrativas e militares (no Brasil, segundo Boris Fausto no seu livro História do Brasil as mesmas divisões que aconteciam na Metrópole eram chamadas Capitanias Hereditárias), cujo superior governo cabia a um chefe (cargo que inicialmente não existia no Brasil, mas que posteriormente foi denominado de governador-geral) dentro das quais se constituíam distritos, administrados por prestameiros designados pelo rei (no Brasil denominado inicialmente capitães-donatários, o que mais adiante viriam a serem os governadores). 
Os prestameiros eram pessoas da nobreza, eles recebiam do soberano a remuneração das rendas dos moradores das terras as quais comandavam, eles estavam diretamente ligados ao rei, pois nesse sistema patrimonialista eles eram dependentes da Coroa e dos seus poderes. Segundo Boris Fausto, os capitães donatários constituíam um grupo diversificado, no qual havia gente da pequena nobreza vinda de Portugal e comerciantes, tendo em comum suas ligações com a Coroa. Nos dois casos a delegação de poderes não diminuía a soberania do rei, pois a relação continuava a ser de soberano e súditos, característica indissolúvel de uma sociedade patrimonialista, como Boris afirma, os donatários se tornavam possuidores, mas não proprietários da terra. Isso significava, entre outras coisas, que não podiam vender ou dividir a capitania, cabendo ao Rei o direito de modificar ou mesmo extingui-la.
    Na Colônia as câmaras municipais exerciam papel parecido com os dos conselhos portugueses. Esses órgãos no Brasil tinham por finalidade fixar a colonização portuguesa através de leis e determinações da Metrópole. A colônia era uma extensão de Portugal, portanto, as novas terras receberam características semelhantes ao desenvolvimento da nação portuguesa, uma das praticas mais marcantes do patrimonialismo e que se perpetuou até os dias de hoje no governo brasileiro é o uso do dinheiro público como propriedade particular, são inúmeros os casos registrados dessa pratica no Brasil. 
FEUDALISMO
    Faoro nega a existência de um regime feudal no Estado português. Segundo ele, para que existisse o feudalismo era preciso a união de três elementos, sendo eles: o elemento militar que caracterizava uma camada ligada ao soberano por um contrato sem subordinação incondicional; o elemento econômico-social que reservava aos senhores uma renda resultante da exploração da terra e o elemento político no qual a camada dominante ligada ao rei tinha poderes administrativos. O elemento da não subordinação incondicional por uma camada deixa evidente a inexistência do feudalismo em Portugal, onde tudo e todos estavam subordinados ao comando do rei.
    Faoro caracteriza o regime feudal com a existência da vassalagem, intermediando soberanos e súditos, o que não condiz com a realidade patrimonialista de Portugal, no qual todos abaixo do rei eram súditos, não existindo relações intermediárias de poder entre essa relação.
    No Feudalismo o poder real era enfraquecido, o que favorecia uma autonomia, permitindo que cada feudo estabelecesse um conjunto de regras, já no Patrimonialismo o poder do rei era forte e centralizador não permitindo autonomia política. 
Outra característica que Faoro encontra pra desmitificar a existência do sistema feudal em Portugal é a preocupação no feudalismo de atender os interesses dos grandes proprietários de terras, o Estado patrimonial não estava preocupado em atender os interesses de nenhum grupo social, mas de garantir os seus privilégios e seu poder.
O Feudalismo não cria no sentido moderno, um Estado. Corporifica um conjunto de poderes políticos, divididos entre cabeça e os membros, separados de acordo com o objetivo de domínio, sem atentar para as funções diversas e privativas, fixadas em competências estanques. Desconhece a unidade de comando-germen da soberania, que atrai os fatores dispersos, integrando-os; apenas concilia, na realização da homogeneidadenacional, os privilégios, contratualmente reconhecidos, de uma camada autônoma de senhores territoriais. (FAORO, 2001, 3. ed, p. 31.) 
Como Arno Wehling e Maria José afirmam no livro Formação do Brasil Colonial, o Brasil teve várias características retransmitidas de Portugal, o que para Faoro é a certeza de que a colônia assim como a metrópole não conheceu o Feudalismo.
O chamado feudalismo português e brasileiro não é, na verdade, outra coisa do que a valorização autônoma, truncada de reminiscências históricas, colhidas por falsa analogia de noções de outra índole, sujeitas a outros acontecimentos, teatro de outras lutas e diferentes tradições (FAORO, 2001, 3. ed, p. 32.) 
ESTAMENTO
Raymundo Faoro identificou o Estamento como um grupo que comanda junto ao rei. Ele caracterizou o estamento político como uma camada na qual seus membros pensam e agem conscientes de pertencerem a um mesmo grupo, qualificado para o exercício do poder. [...] A situação estamental, a marca do individuo que aspira aos privilégios do grupo se fixa no prestígio da camada, na honra social que ela infunde sobre toda a sociedade [...]. (FAORO, 2011, 3. ed. p. 56 e 57.)
Faoro colocou uma separação entre estamento e classe; ele explicou que o primeiro é uma camada social, enquanto a segunda é econômica. Ele enfatizou que a classe por mais poderosa que fosse não tinha poder político numa sociedade patrimonialista.
 O estamento se baseava na desigualdade social e para pertencer ao grupo era preciso muito mais que meios econômicos, a entrada nessa comunidade estamental dependia de qualidades que marcavam a personalidade. Essa camada social determinava um distanciamento social e se caracterizou pela obtenção de conquistas exclusivas a ela. O surgimento dos estamentos estava geralmente ligado às sociedades em que o mercado não dominava toda a economia, como numa sociedade patrimonial, onde a economia comercial não dava diretamente poder político para os comerciantes.
Numa sociedade patrimonial sua dinâmica diferente de uma sociedade dividida em classes, se reproduzia de cima para baixo, o grupo que comandava junto ao rei orientava a economia e todos os outros segmentos do Estado. Todas as camadas dirigiam suas atividades conforme o soberano e sua comunidade de governo estabeleciam.
No Estado absoluto, o estamento procurou consolidar a separação dos bens públicos dos privados e o direito do rei passou a ser um direito escrito, mudando a forma medieval e costumeira. Essa separação do público e do privado, na verdade representou os primeiros passos para a cidadania, pois os bens públicos que antes eram utilizados como propriedades do rei passaram a ter um caráter de interesse geral, ou seja, a serviço do povo. Mas isso não significou segundo Faoro a decadência do poder do soberano, pois este vai continuou dominando e seus privilégios continuaram presentes.
  O estamento passou por uma reorganização política e administrativa, na qual se estabelecia uma nova aristocracia. O clero, a nobreza territorial e a burguesia continuaram sendo uma camada de domínio, mas as decisões políticas passaram a serem tomadas por prelados, fidalgos, letrados e cidadãos. Os letrados ou juristas passaram a serem os principais representantes nos conselhos e órgãos executivos. O estamento cada vez mais burocrático procurou manter a estabilidade da economia, em troca do direito de comandá-la. 
No Brasil colonial o estamento esteve presente através da comunidade que representou os interesses da Coroa Portuguesa como os governadores das capitanias. Os grandes proprietários de terras, os comerciantes e o clero assim como em Portugal estavam submetidos à ordem desse grupo que reforçava a dominação e a repressão do soberano. Os membros dessas camadas ansiavam fazer parte dessa comunidade estamental.
ECONOMIA
Segundo Faoro, o rei firmava o seu poder sobre o domínio da terra, pois boa parte das rendas da Coroa era oriunda do solo, o que para o autor não significava exclusivismo nem expressão maior da economia.
A grande exploração de terras em Portugal fez com que esse país parecesse ter nessa época uma monarquia agrária, mas Faoro identificou essa ideia como uma aparência, pois a Coroa Portuguesa sempre se mostrou interessada no comércio, principalmente no mercado marítimo. Foram às atividades comerciais de exportação de produtos como vinhos, azeites, frutas, sal e pescado que definiram a economia comercial de Portugal.
O uso da moeda como padrão de todas as coisas renovou as bases das estruturas sociais, políticas, econômica e proporcionou a Portugal um caminho aberto ao progressivo desenvolvimento do comércio, pois o valor das coisas passou a ser estabelecida pela moeda e não mais pela terra, a cidade tomou o lugar do campo. A origem do valor foi atribuída ao trabalho, pois como afirmou Karl Marx o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho que essa mercadoria representa. O crescente uso da moeda proporcionou o vínculo com a economia de vários países e preparou o início de uma nova ordem social, o Capitalismo de Estado.
    O príncipe como órgão centralizador da economia conduzia o Estado intervindo e dirigindo todas as transações comerciais, reservando para si os setores mais vantajosos. Só a Coroa podia dirigir a empresa comercial. Todas as terras descobertas eram de seu exclusivo domínio e consequentemente o mercado também. 
O mercantilismo, ideia vigente na época, proporcionou uma forma de garantia econômica para a Coroa, pois ela se baseava na acumulação não só de metais, mas de matérias-primas. O mercantilismo enquanto proibia a saída de matérias-primas estimulava a exportação dos manufaturados, fazendo com que esses produtos concorressem de forma mais lucrativa no mercado internacional.
O capitalismo não encontrou condições na sociedade patrimonialista que proporcionasse o seu pleno desenvolvimento, por isso Faoro defendeu que Portugal durante o sistema patrimonial não conheceu o capitalismo industrial. O não investimento nas ciências e na educação foi também apontado pelo autor como uma das causas que levou o país a um atraso econômico.
A economia brasileira colonial assim como em Portugal pode ser confundida como agrária, mas essa visão não condiz com a realidade, pois desde o começo da exploração portuguesa se iniciou atividades mercantis como a exportação do pau-brasil e das “drogas do sertão” (canela, pimenta, noz-moscada, gengibre, copaíba) o que mais adiante seriam substituídas pelo comércio do açúcar, tabaco e algodão, representando assim uma economia voltada para o mercado externo.
    As atividades econômicas da colônia tinham como objetivo servir os interesses da Metrópole, o rei controlava participando e dirigindo todas as movimentações do comércio, esse era o chamado capitalismo de Estado.
    O Brasil assim como em Portugal, conheceu o capitalismo industrial de forma tardia (foi no governo de Juscelino Kubitschek que o país teve um maior desenvolvimento industrial, pois a política econômica de JK permitiu a entrada de indústrias multinacionais e investimento do capital internacional) por não ter propiciado condições favoráveis ao seu desenvolvimento. [...] A utilização técnica do conhecimento científico, uma das bases da expansão do capitalismo industrial, sempre foi, em Portugal e no Brasil, fruta importada. (FAORO, 2011, 3. ed. p. 79). O Brasil. 
A Igreja estava diretamente vinculada à economia, pois essa dizia que os interesses econômicos deveriam está subordinados à salvação da alma, verdadeiro objetivo da vida. Assim a atividade econômica era parte integrante da conduta moral imposta pela Igreja, qualquer atividade que não se configurasse como ética era considerada pecado. Dessa forma o Clero garantia o domínio da Coroa, já que o ideário de ética condenava a acumulação de riquezas; porém o que se constatava era a total divergência entre o discurso e a prática por parte das camadas dominantes. 
No Brasil colonial a Igreja exercia um papel de instrumento de dominação social, político ecultural, ela era responsável pela imposição da cultura portuguesa aos índios por meio da religião. Assim como em Portugal a Igreja no Brasil controlava o aumento da riqueza das pessoas, usando a salvação da alma como justificativa, mas ela mesma tinha uma vasta riqueza.
         
     
OS INVISÍVEIS
As condições de vida da população pobre no Brasil colonial eram precárias, o povo não tinha acesso à educação, com exceção é claro da nobreza, clero e grandes comerciantes que estudavam ou colocavam os filhos nas universidades da Europa (pois até então não existiam escolas no Brasil, para a nobreza era mais interessante colocar seus filhos para estudar fora do país do que investir na educação brasileira).  Essa população pobre pode ser chamada de invisíveis, pois assim eram tratados pela classe dominante; eles eram simplesmente ignorados, dentre os invisíveis brasileiros destacamos os seguintes:
    Índios: Quando os portugueses chegaram ao Brasil encontraram os índios, população que formava uma grande variedade cultural e lingüística. A chegada do homem branco vai representar para esse povo uma verdadeira tragédia, pois além de sofrerem imposição cultural e tentativa de escravização o contato com os portugueses transmitiram várias doenças que dizimaram milhares de índios. O fato dessa população indígena não ser unida favoreceu os europeus, já que alguns índios viam o homem branco como aliado e os ajudavam na capturação de índios de tribos inimigas;
    Negros: O fracasso na tentativa de escravizar os índios fez com que os portugueses procurassem outra fonte de trabalho, como já havia modelo de outros países que utilizavam do trabalho dos negros, os portugueses decidiram pela escravização africana, isso não significa que os negros não se opuseram a escravização, mas diferente dos índios que se encontravam na sua terra eles estavam em terra distante da sua, o que tornava a fuga mais difícil, os negros que conseguiam fugir para os quilombos reproduziam uma forma de vida parecida com a da África.
    Mestiços: São as pessoas que nasceram da mistura, ou seja, da união de negros, índios e brancos. São exemplos de mestiços: os mulatos originários da união entre negros e brancos; os mamelucos, frutos da união entre índio e branco e os cafuzos, pessoas nascidas da união de negros e índios. Apesar da liberdade que alguns mestiços possuíam, eles não podiam exercer cargos públicos e não tinham direito de votar; o direito do voto estava reservado a poucos.
    Mulheres: O Brasil colônia representou para as mulheres um quadro de submissão política, cultural, econômica e social, mas isso não negava o desempenho de várias mulheres nas atividades econômicas; muitas exerciam o papel de direção da casa quando os maridos se ausentavam, mas isso só acontecia com as mulheres brancas, pois para as negras eram reservadas o trabalho e a exploração sexual pelos senhores de engenho.
    Crianças: Os representantes da Coroa Portuguesa aplicavam várias leis para as crianças. As crianças indígenas eram educadas pelos jesuítas com o objetivo de inseri-las no trabalho colonial. As crianças negras desde cedo começavam a trabalhar, mesmo com a Lei do Ventre Livre os senhores podiam escravizar essas crianças até aos vinte e um anos de idade das mesmas. As crianças nascidas da união de senhores com escravas eram consideradas ilegítimas e para preservar a honra das famílias as autoridades públicas criaram instituições que as abrigaram e muitas eram colocadas no trabalho doméstico.
    Idosos: Os idosos estão presentes nessa época, mas pelo fato de alguns exercerem cargos de grande prestígio social não são citados como idosos, é o caso, por exemplo, dos governadores gerais.
    Prostitutas: O principal fator ligado a prostituição na época do Brasil colonial era a pobreza, que fazia do meretrício um ofício ou uma forma de trabalho ligada à sobrevivência. Outro fator que também influenciou a prostituição naquela época foi a escassez de mulher branca na colônia, o que levou os colonos portugueses a se relacionarem com as mulheres indígenas e africanas ou receber mulheres prostitutas de Portugal para o Brasil.
    Deficientes: A deficiência, nessa época, inexistia enquanto problema, sendo que as crianças portadoras de deficiências imediatamente detectáveis eram colocadas em “exposição”, ou seja, ao abandono, ao relento, até a morte.
    Loucos: A loucura não era vista como uma ameaça à sociedade, pois o país exercia um regime escravocrata, onde a força de trabalho era reconhecida como mercadoria. Ou seja, pouco importava a condição do indivíduo, mas sim a sua força de trabalho. Os ricos afetados por essa deficiência eram tratados na Europa, já os pobres, continuavam no país.
    Analfabetos: Em 1872, meio século após a Independência, somente 16% da população era alfabetizada. Apenas a elite brasileira tinha acesso à educação. Entre os letrados era comum a formação jurídica. Portugal como não pretendia investir na educação, proibiu a construção de universidades no Brasil.
CONCLUSÃO
 Através do estudo dos primeiros capítulos do livro OS DONOS DO PODER: Formação do patronato político brasileiro, compreendermos que a formação portuguesa traz consigo a construção de princípios e conceitos como patrimonialismo, feudalismo, estamento e economia comercial. Conceitos esses que nos permitiram entender a conjuntura do Brasil colonial até os dias atuais.
Percebemos que a história brasileira é constituída de vários personagens que tiveram papel importante no desenvolvimento dessa sociedade, mas não são facilmente identificados nos livros e obras que retratam a construção desse país, são os denominados invisíveis.
Concluímos que o desenvolvimento da nação brasileira é constituído de fatos históricos que foram retransmitidos por Portugal, mostrando assim que a história se repete com outras feições e características.

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