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Era Uma Vez a NBA: os anos 70 
Nos anos 70, a NBA conheceu a concorrência de outra liga que foi ganhando adeptos por todo o país, a American Basketball League (ABA).
A ABA foi criada ainda na década de 60, mas ganhou a sua fama na década seguinte. Enquanto a NBA era a liga "oficial" dos americanos, a ABA tornou-se a liga alternativa, com a sua famosa bola tri-color (uma ideia do seu primeiro comissário, a ex-estrela da NBA, George Mikan), os jogadores com as grandes afros e a pioneira linha de 3 pontos (que a NBA só adoptou em 79). A NBA era a liga certinha e a ABA era a liga do estilo e do espetáculo.
No entanto, as duas estavam intimamente ligadas. A própria origem da ABA esteve ligada à NBA. Em 1967, a NBA tinha 10 equipes e resistia a aumentar esse número, pedindo preços exorbitantes a qualquer equipa interessada em juntar-se à liga. Como resposta, um grupo de empresários decidiu criar outra liga de basquetebol profissional para competir com a NBA. 
Mas desde o início que o seu objetivo era juntarem-se à NBA. Criaram a ABA para construir equipes fortes, atrair jogadores bons e obrigar a NBA a unir-se a eles. E logo desde as primeiras épocas da ABA, que as negociações para uma futura fusão começaram.
Assim, na primeira metade dos anos 70, e enquanto as várias tentativas de fusão decorriam, as duas ligas seguiram os seus caminhos paralelos. 
A NBA era já uma liga famosa e estabelecida. Algumas das estrelas responsáveis pela enorme evolução técnica dos anos 60 continuavam a jogar (Oscar Robertson, Jerry West, Wilt Chamberlain) e todos os anos chegavam mais novos talentos. Lew Alcindor (mais tarde conhecido como Kareem Abdul-Jabbar), Walt Frazier, Willis Reed, Bob McAdoo, Elvin Hayes, Pete Maravich, Nate Archibald, entre muitos outros. A evolução técnica que aquelas estrelas dos anos 60 trouxeram para o jogo, massificou-se nos anos 70 e os talentos individuais eram cada vez mais e melhores.
Enquanto isso, a ABA tinha a espetacularidade que muitos gostavam que a NBA tivesse: um estilo de jogo rápido, com muitos contra-ataques, muitos afundanços, muitos triplos e, graças à linha de 3 pontos que forçava os defensores a sair aos atiradores e não os deixava ficar tão fechados no garrafão, mais espaço para jogar. Enquanto a NBA era a liga séria, o basquetebol da ABA era o fun basketball.
Para além disso, a ABA foi também pioneira no recrutamento de jogadores do liceu (as equipas da NBA apenas podiam seleccionar jogadores da universidade), pelo que conseguia desviar muitos talentos para as suas equipas. Como consequência disso, o seu nível técnico era tão bom (ou melhor, para alguns) como o da NBA.
Mas a NBA tinha uma coisa que a ABA não tinha: fama e dinheiro. E com esta segunda recheada de talento, mas à beira da falência, deu-se finalmente a fusão. Ou, melhor, a absorção da ABA pela NBA.
Em 1976, quatro equipas da ABA (Denver Nuggets, Indiana Pacers, San Antonio Spurs e New York Nets) passaram para a NBA e os jogadores das restantes equipas (entretanto extintas) foram espalhados pelas equipas da NBA, num draft especial.
A NBA deu as boas vindas a jogadores como Julius Erving, Connie Hawkins, George Gervin, Artis Gilmore, Moses Malone, Maurice Lucas ou Rick Barry e tornou-se definitivamente a maior concentração de talento basquetebolístico do mundo.
Entre os jogadores que foram chegando na primeira metade da década e os que depois chegaram da ABA, a NBA teve nos anos 70 uma injecção de talento nunca antes vista.
E com o fim da dinastia dos Celtics, o terreno estava livre para novos pretendentes. Foi o começo duma nova era. Depois do domínio dos Lakers nos anos 50 e dos Celtics nos anos 60, os anos 70 foram anos de equilíbrio. Nesses 10 anos, oito equipas diferentes ganharam o título. Cinco equipas ganharam o seu único título (ou títulos) nesta década (Knicks, Bucks, Trail Blazers, Bullets e Sonics). Esta é a lista completa de finalistas e campeões:
A década de 70 foi uma década de crescimento e paridade sem paralelo. Em 1979 a liga tinha crescido até às 22 equipas e o nível de jogo era melhor que nunca. A NBA chegou à sua idade adulta. E, numa era com tantos talentos individuais, eleger os cinco melhores é uma tarefa mais difícil, mas aqui ficam as nossas escolhas para o melhor cinco dos 70's:
Walt Frazier - guard
John Havlicek - shooting guard
Rick Barry - small forward
Elvin Hayes - power forward
Kareem Abdul-Jabbar - center
Era Uma Vez a NBA: os anos 80 
E eis-nos chegados aos anos 80. Esta foi a década em que a NBA chegou a Portugal, através das transmissões televisivas na RTP2 e da distribuição de revistas espanholas como a Superbasket e a Gigantes do Basket e em que muitos de nós conhecemos a NBA pela primeira vez. 
E esta foi a década de ouro da NBA, não só porque a liga americana ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos e espalhou-se pelo mundo, mas também porque alguns dos melhores jogadores de sempre pisaram os campos da NBA nestes anos. Lendas como Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Julius Erving, Kareem Abdul-Jabbar, Charles Barkley, Moses Malone, Hakeem Olajuwon, Patrick Ewing, Isiah Thomas, Karl Malone, Dominique Wilkins, Kevin McHale, John Stockton e a lista podia continuar.
O enorme crescimento que a liga conheceu a todos os níveis (número de equipas, fama, talento, competitividade) nos anos 70 continuou nesta década e o nível e quantidade de talento atingiu a estratosfera. E se aqueles nomes já eram suficientes para levar a fama da NBA até aos quatro cantos do mundo, algumas das equipas mais memoráveis e algumas das rivalidades mais inesquecíveis de todos os tempos ajudaram a tornar a liga americana num fenómeno mundial.
Quem pode alguma vez esquecer os fenomenais duelos entre os Celtics de Bird e os Lakers de Magic? O Big Three de Bird, Parish e McHale versus o Big Three de Magic, Kareem e Worthy. Os operários de Boston contra o Showtime de Los Angeles. Estas foram as duas equipas que dominaram a década e moldaram a NBA que conhecemos. Enfrentaram-se em três Finais antológicas (84, 85 e 87) e entre ambas ganharam oito títulos (cinco para LA e três para Boston).
Mas se estas foram as equipas da década, as equipas memoráveis não ficaram por aqui. Tivemos também os Sixers de 83, com Dr. J, Moses Malone e Maurice Cheeks, que ganharam 65 jogos na temporada regular (o segundo melhor recorde da história da equipa) e venceram o título cedendo apenas um jogo nos playoffs (com a famosa previsão de Moses Malone - "fo, fo, fo" - quase a concretizar-se).
E os Bad Boys de Detroit, com Isiah, Dumars, Laimbeer e Rodman. Com a sua defesa agressiva e nos limites da legalidade, a sua garra e luta e a sua atitude de "fazemos-tudo-mesmo-tudo-o-que-tivermos-de-fazer-para-ganhar" conquistaram adeptos por todo o mundo. Estes Pistons conseguiram destronar os Lakers no final da década, marcaram uma época e mostraram ao mundo que o trabalho duro pode levar-te longe.
Estas quatro equipas foram presença habitual nas Finais e levaram para casa os títulos da década:
(já sabem, a amarelo o campeão e a cruz indica que a equipa teve o melhor recorde da temporada regular)
E houve mais nos anos 80: a linha de três pontos transformou o jogo, o All Star Game cresceu para All Star Weekend e nasceram os Concursos de Triplos e os Concursos de Afundanços. 
Portanto, para além de todo o talento individual e das rivalidades inesquecíveis, tivemos também acontecimentos e eventos que transformaram o jogo e tornaram a NBA em algo mais que um fenómeno desportivo. A NBA tornou-se parte da cultura mundial.
E assim, nos anos 80 a NBA chegou à sua época moderna. Foi uma década de jogadores inigualáveis, equipas especiais e momentos e imagens que ficaram e perduram no imaginário de todos os fãs. Esta é, por isso, a década que muitos consideram como a melhor da história da NBA. E do imenso lote de puro talento basquetebolístico destes anos, estes são os que entram no nosso cinco:
Magic Johnson - guard
Michael Jordan - shooting guard
Julius Erving - forward
LarryBird - forward
Moses Malone - center
Era Uma Vez a NBA: os anos 90 
Depois de anos 80 a NBA ter chegado aos telespectadores e fãs de todo o mundo, na década de 90 continuou a sua globalização com a chegada de dezenas de jogadores internacionais. Depois de pioneiros como Drazen Petrovic, Vlade Divac ou Detlef Schrempf nos anos 80, a década de 90 assistiu à chegada de jogadores de todo o mundo e a NBA tornou-se uma verdadeira liga mundial, com os melhores jogadores do mundo a atuar nas suas equipas.
Foi também a década em que os jogadores profissionais americanos foram autorizados a jogar nas competições internacionais e em que a melhor equipa que já pisou um campo de basquetebol foi formada: o primeiro Dream Team. 
Foi mais um passo na globalização do jogo e da NBA. A passagem do Dream Team pelos Jogos Olímpicos de Barcelona 92 despertou mais entusiasmo e atenção mediática que qualquer equipa alguma vez tinha despertado. Foram embaixadores do jogo e a melhor promoção que o basquetebol podia ter. Depois do Dream Team assistimos a uma explosão de popularidade da modalidade em todo o mundo e o nível de jogo (no mundo e, por consequência, na NBA) tem vindo a subir desde aí. (podem ler este artigo que escrevi no Planeta Basket sobre o Dream Team, para uma história mais pormenorizada desta selecção histórica)
E foi, claro, a década dos Bulls. A equipa de Chicago ganhou 6 títulos nestes 10 anos e se Michael Jordan não se tivesse retirado e ficado fora da NBA durante quase duas temporadas, podiam mesmo ter igualado aquele recorde dos Celtics, que se pensava impossível de atingir, de oito títulos consecutivos. 
Não igualaram esse, mas bateram outro que também durava há quase tanto tempo. Na temporada de 95-96 (com Jordan, Pippen, Rodman e Kukoc) bateram o recorde de vitórias na temporada regular (que pertencia aos Lakers de 72, com 69-13) e fizeram a melhor temporada de sempre na história da NBA: 72-10.
É claro que tivemos outras grandes equipas nesta década. Apenas tiveram o azar de ser contemporâneas destes Bulls. Os Blazers de 92 (com Clyde Drexler, Terry Porter, Jerome Kersey e Cliff Robinson), os Suns de 93 (com Charles Barkley, Kevin Johnson, Dan Majerle e Cedric Ceballos), os Sonics de 96 (com Gary Payton, Hersey Hawkins, Detlef Schrempf e Shawn Kemp). Todas elas fizeram grandes temporadas e chegaram às Finais, mas nunca conseguiram ultrapassar o último obstáculo de Jordan e companhia. E nenhuma equipa representa isso melhor que os Jazz.
Dois anos seguidos, em 97 e 98, tiveram temporadas acima das 60 vitórias (64-18 e 62-20) e perderam nas Finais para os Bulls. Jerry Sloan fez verdadeiros milagres com os jogadores que tinha e, com uma equipa com menos talento e atleticamente inferior, lutaram com tudo o que tinham e levaram os Bulls ao limite. Mas nunca os conseguiram derrotar. E Malone e Stockton, os mestres do pick and roll e dois dos melhores jogadores de sempre nas suas posições, nunca ganharam o anel que mereciam.
Quem aproveitou da melhor forma as duas temporadas sem Jordan foi outra das equipas da década, os Rockets de 94 e 95. O melhor poste da década liderou-os até dois títulos consecutivos. Um frente a outro candidato a melhor poste da década, Patrick Ewing, e outro frente a outro poste que viria a dominar a NBA uns anos mais tarde, Shaquille O'Neal. E Olajuwon dominou-os aos dois. Como na finais de conferência dominou outro candidato a poste da década, David Robinson. Por isso, nesses dois anos, eliminou as dúvidas que podiam existir e afirmou-se como o melhor.
Robinson teve a sua oportunidade de conquistar o anel em 99, já com a ajuda de Tim Duncan, o que completa a lista dos campeões destes 10 anos:
Nesta década, a NBA continuou a crescer no número de equipas também. Depois da expansão de 88 (quando entraram os Heat e os Hornets), em 89-90 a NBA acolheu mais duas equipas: os Magic e os Wolves. E em 95-96, a liga deu as boas-vindas aos Raptors e os Grizzlies. Assim, quando a década terminou, eram já 29 as equipas que competiam na NBA (faltava apenas uma para as 30 que temos hoje).
O número de jogadores internacionais cresceu progressivamente também. De 20 jogadores não-nascidos nos Estados Unidos que jogavam na NBA em 1989, passámos para mais de 70 em 99. E o mediatismo da liga em todo o mundo cresceu exponencialmente nesses anos. A NBA tornou-se verdadeiramente global. 
E enquanto a NBA conquistava o mundo, os jogadores que conquistaram um lugar no melhor cinco da década foram estes: John Stockton – guard, Michael Jordan - shooting guard, Charles Barkley – forward, Karl Malone - power forward, Hakeem Olajuwon – center
Era Uma Vez a NBA: os anos 00 
E chegamos ao fim da nossa viagem pela história da NBA com a primeira década do novo milénio. E se a NBA já terminou o século XX como uma liga global só reforçou essa posição no início do século XXI. Para isso muito contribuiu a entrada dum gigante que levou a fama da NBA até um país (e um mercado) gigante. Yao Ming abriu as portas da China e ajudou a NBA a conquistar mil milhões de fãs e o espaço que faltava para se tornar verdadeiramente universal.
Para além do fenómeno Yao, uma nova geração de jogadores veio substituir o vazio deixado pela retirada de Michael Jordan e dos outros grandes nomes dos anos 80 e 90. Jogadores como Iverson, Garnett, Nowitzki, Duncan e Bryant (que se estrearam ainda no final dos anos 90, mas atingiram o seu auge nos anos 00) e a primeira geração de estrelas do novo milénio, com Carmelo, Lebron, Howard, Paul, Stoudamire ou Wade.
A nível colectivo, a década começou como acabou: sob o reinado dos Lakers. Com Shaq e Kobe, de 2000 a 2002, e Kobe e Gasol, em 2009 e 2010. E sempre com Phil Jackson. E estas duas encarnações da equipa do Zen Master foram duas das equipas da década. A escolher entre uma delas, a vantagem vai para a primeira. Shaq e Kobe foram uma das melhores duplas interior-exterior de sempre e o Diesel era, no seu auge, um jogador imparável. A única forma de o impedir de marcar era atirar dois ou mesmo três defesas contra ele. Ou então fazer falta e metê-lo na linha de lance livre (o Hack-a-Shaq que Popovich e os Spurs celebrizaram). 
E a única coisa que os impediu de dominar toda a década foi o choque de egos entre Shaq e Kobe. Aquele balneário era pequeno para os dois e um, Shaq, acabou por ser trocado. Não fosse isso e quem sabe quantos títulos podiam ter ganho. Quem ganhou com isso foram as outras duas equipas da década: os Spurs e os Pistons. 
Em 2004, a equipa de Detroit aproveitou da melhor maneira a guerra civil que consumia o balneário dos Lakers na última temporada em que Kobe e Shaq jogaram juntos e protagonizou a maior surpresa da década: 4-1 nas Finais frente aos favoritíssimos Lakers de Kobe, Shaq, Payton e Malone. Para além do título desse ano e mais uma ida às Finais no ano seguinte, foram candidatos eternos no Este, com seis finais de conferência seguidas entre 2003 e 2008.
A equipa de San Antonio era já uma das maiores ameaças ao reinado Shaq/Kobe (venceram-nos mesmo e foram campeões em 2003) e aproveitou o fim da sua dinastia para ganhar mais dois, em 2005 e 2007. Foram os campeões dos anos ímpares. Um destaque ainda para os Celtics de 2008, que criaram muita expectativa com a reunião do seu Big Three de Garnett, Allen e Pierce e dominaram a temporada seguinte. Tivessem-se eles reunido no auge das suas carreiras e quem sabe o que podia ter acontecido. É mais uma dinastia-que-podia-ter-sido. Mas pelo que foi (ainda que curto) e pela amostra que deram do que podia ter sido, terão sempre um lugar em qualquer história desta década. E o nome deles lá estará na lista de campeões da década:
Década esta que termina com a ascensão de uma nova geração de jogadores. Rose, Durant, Westbrook, Griffin, Rondo, Curry ou Love são nomes que vamos ouvir bastante nos próximos anos. Mas nos dez anos que ficaram para trás, foram estes os melhores: Steve Nash – guard, Kobe Bryant - shooting guard, Lebron James – forward, Tim Duncan - power forward, Shaquille O'Neal- center

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