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Direitos Humanos

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ANTECEDENTES HISTÓRICOS- 
A evolução dos Direitos Humanos é acompanhada por um fenômeno de crise das liberdades. A evolução dos Direitos Humanos acompanha o processo histórico, as lutas sociais e os contrastes de regimes políticos, assim como o progresso científico, técnico e econômico.
A doutrina dos Direitos Humanos remonta à antiguidade.
Começa já no século VI a.C., com a criação das primeiras instituições democráticas em Atenas, e prossegue no século seguinte com a fundação da república romana. 
OBS: a antiguidade desconhecia a autonomia individual, dando ensejo à distinção clássica entre a “liberdade dos antigos” e a “liberdade dos modernos”. 
Antigos: a liberdade, de índole essencialmente política, consistia na participação do homem na vida da polis (faculdade de exercer os direitos políticos do cidadão).
Modernos: a liberdade é a realização na existência individual e pessoal de cada um.
Atenas: por mais de dois séculos (de 501 a.C. a 338 a.C.) o poder político dos governantes foi limitado: 
1- Pela soberania das leis; e 2- Pela instituição de um conjunto de mecanismos de cidadania ativa. 
OBS: Democracia Ateniense: (1) atribuição popular do poder de eleger os governantes; e (2) tomar diretamente em assembleia as principais decisões políticas. 
	3- Roma: com a instauração do governo republicano, o poder político passou a sofrer limitações, não propriamente pela soberania popular ativa nos moldes da democracia ateniense, mas em razão da elaboração de um complexo sistema de freios e contrapesos entre os diferentes órgãos políticos. 
	OBS: estava dado o passo inicial para a afirmação dos Direitos Humanos e, consequentemente, para a consideração de que todos os homens, independente de seu estamento social, são livres e essencialmente iguais em dignidade e direitos. 
	O estado da evolução histórica dos Direitos Humanos remete necessária e preliminarmente ao estudo das Declarações de Direitos. Os Direitos Humanos passaram a ser formalmente reconhecidos, ganhando dimensão jurídica, somente com as Declarações solenes. 
Os Direitos Humanos começaram a ser formalmente reconhecidos no século XIII, com a Magna Charta Libertatum. Em seguida, destacam-se as Declarações inglesas: Petition of Rigths; Habeas Corpus Act; e Bill of Rights. Mas foi no Séc. XVIII que nasceram definitivamente os Direitos Humanos Fundamentais, a partir das: (1) Declaração do Bom Povo da Virgínia e a Declaração da Independência dos E.U.A; e (2) Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. Posteriormente, surgiram os outros acontecimentos e Declarações, como: 
(1) Constituição Mexicana; (2) Constituição Alemã; (3) Declaração Universal dos Direitos Humanos; (4) Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; 
(5) Pacto Internacionais dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; 
(6) Pacto de San José da Costa Rica; (7) dentre outros. 
Vislumbra-se três etapas na afirmação dos Direitos Humanos: 
1a etapa: Direitos Naturais Universais; 
2a etapa: Direitos Positivos Restritos; 
3a etapa: Direitos Positivos Universais. 
MAGNA CHARTA LIBERTATUM - Firmada em 1215 entre o Rei João Sem Terra e os Bispos e Barões ingleses. Apesar de ter garantido tão somente privilégios feudais aos nobres ingleses, é considerada como marco de referência para algumas liberdades clássicas, como o devido processo legal, a liberdade de locomoção e a garantia da propriedade. Foi feita para proteger os privilégios dos barões e os direitos, em decorrência da pressão tributária, dos homens livres. Em face desse acordo histórico, foram reconhecidas e garantidas: 	- A liberdade e a inviolabilidade dos Direitos da Igreja; 	- Propriedade privada; Sucessão hereditária; - Matrimônio; - Penas pecuniárias; 	- Consentimento dos súditos ao poder de tributar (por meio dos representantes); 	- Devido processo legal; - Liberdade de ir e vir. 
	OBS: inaugurou a pedra fundamental para a construção da democracia moderna, pois, a partir dela, o poder do governante passou a ser limitado, não apenas por normas superiores, fundadas no costume ou na religião, mas também por direitos subjetivos dos governados. 
OBS: preocupa-se com o Direito dos ingleses e não com os Direitos dos seres humanos 
PETITION OF RIGHTS (1628) 
Trata-se de documento dirigido ao monarca e que os parlamentares pediam o reconhecimento de diversos direitos e liberdades para os súditos. Constitui uma transação entre o Parlamento e o Rei. O monarca cedeu ao pedido para obter em troca recursos financeiros que dependia de autorização do Parlamento. Tratam-se, basicamente, dos seguintes direitos: - Que ninguém fosse obrigado a contribuir com qualquer dádiva ou empréstimo e a pagar qualquer taxa ou imposto, sem o consentimento de todos, manifestado por ato do parlamento; 	- Que ninguém fosse demandado a responder ou prestar juramento ou a executar algum serviço, ou encarcerado, ou, de uma forma ou de outra, molestado ou inquietado por causa desses tributos, ou da recusa a pagá-los, e que nenhum homem livre ficasse preso ou detido, em razão dessas causas. 
HABEAS CORPUS ACT (1679) - Trata-se de documento que procurou por todos os meios limitar o poder real, notadamente o poder de prender os opositores políticos, sem submetê-los a processo criminal regular. Veio para reforçar as reivindicações de liberdade (liberdade individual), tirando do poder real uma das suas armas mais valiosas, que eram as prisões arbitrárias, que foram suprimidas. 
Trata-se, portanto, de “remédio judicial destinado a evitar ou a fazer cessar violência ou coação na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. 
BILL OF RIGHTS (1689) - Essa Declaração pôs fim ao regime de monarquia absoluta, no qual todo poder emana do rei e em seu nome será exercido. Representou a passagem para a Monarquia Constitucional, organizada com base na divisão de poderes. O essencial do documento constituiu na instituição da separação dos poderes, com a declaração de que o Parlamento é um órgão precipuamente encarregado de defender os súditos perante o Rei e cujo funcionamento não pode, pois, ficar sujeito ao arbítrio deste. O Bill of Rigths retomou algumas das disposições da Petition of Rights, tais como: A proibição de cobrança de impostos sem autorização do Parlamento;
A proibição de prisão sem culpa formada. Além disso, o Bill of Rigths veio fortalecer e reafirmar a: Instituição do júri; Alguns direitos humanos fundamentais dos cidadãos, os quais são expressos até hoje pelas Constituições modernas, tais como: (1) direito de petição; e (2) proibição de penas inusitadas ou cruéis. 
	OBS: o “Ato de Sucessão (Act of Settlement), de 1707, complementa o Bill of Rigths inglês e reforça o conjunto de limitações ao poder monárquico nesse período. 
OBS: as declarações inglesas, apesar de limitarem o poder monárquico, não vinculavam o Parlamento, não dispondo, portanto, da necessária supremacia e estabilidade. 
DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO BOM PODO DA VIRGINIA (1776) - Cuida-se da primeira Declaração de Direitos em sentido moderno. Preocupa-se, essencialmente, com a fundação de um governo democrático e organização de um sistema de limitação de poderes. 
Exemplificativamente, são as seguintes situações: Reconhece os “direitos inatos” de toda pessoa humana; Firma o princípio da igualdade de todos perante a lei; Acolheu o princípio da soberania popular; Estabelece o princípio fundamental da separação das funções legislativa, judicial e executiva como garanti institucional das liberdades públicas. Estabelece o direito de reformar, alterar ou abolir o governo que se mostra inadequado ou contrário aos princípios basilares (proveito comum; proteção e segurança do povo, nação ou comunidade); Direito ao sufrágio; Direito à propriedade, não sendo privado da mesma, salvo por razões de utilidade pública; Proibição de suspensão de lei ou da execução destas por qualquer autoridade, sem consentimento dos representantes do povo. Direito de defesa nos processos criminais;Direito a não produzir prova contra si mesmo; Direito a não ser privado de sua liberdade, salvo por mandado legal do país ou por julgamento de seus pares; Instituição do júri; Assegurou a liberdade de imprensa; Assegurou o livre exercício da religião. 
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS E.U.A (1776) - 	Representou o ato inaugural da democracia moderna, combinando, sob o regime constitucional: A representação popular com a limitação de poderes governamentais; (2) o respeito aos Direitos Humanos. 
Três grandes características socioculturais atuaram como fatores predisponentes para a criação do novo Estado: 	- Não-reprodução, em território americano, da sociedade estamental europeia; 	- A questão da defesa das liberdades individuais; 	- A submissão dos poderes governamentais ao consentimento popular. 	- Trata-se do primeiro documento a afirmar os princípios democráticos na histórica política moderna. 
	- Estabelece o princípio da nova legitimidade política: a soberania popular. 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (1789) - 	- Em razão da universalidade de sues princípios, trata-se no marco culminante do constitucionalismo liberal. 
	- Pôs fim ao Acien Régime. 	- Proclamou os princípios da liberdade, da igualdade, da propriedade e da legalidade, bem como as garantias individuais. 
	- É de cunho universal e abstrato, preocupando-se mais com o Homem e seus direitos, do que com os direitos tradicionais dos indivíduos de determinada comunidade, que constituíam o núcleo de proteção das declarações anglo-saxônicas. 
	- Sua finalidade última é proteger s direitos do Homem dos atos autoritários do governo. 
Dada a universalização de suas ideias, apontam-se três características fundamentais, a saber: 
Intelectualismo: por resultar de uma ordem de ideias, no plano intelectual, de fundamento filosófico e jurídico; Mundialismo: porque suas ideias são universais, difundindo-se além fronteiras; Individualismo: porque só se emprenha em prol das liberdades individuais. A doutrina costuma classificar os direitos nela declarados em Direitos do Homem e Direitos do Cidadão, tratando-se de direitos universais e nacionais, respectivamente. Os Direitos do Homem são as liberdades, que consistiam em poderes de agir, ou não agir, independente da intervenção do Estado, que, aliás, não pode criar nenhum obstáculo ao exercício daquelas prerrogativas. 
Entre essas liberdades, inserem-se as seguintes: Segurança; Liberdade de locomoção; 
Legalidade processual; Legalidade penal; Presunção de inocência; Liberdade de opinião e de expressão; Propriedade. - Os Direitos do Cidadão são poderes que traduzem em meios de participação do Homem no exercício do Poder Político. 
Entre esses poderes, incluem-se: Direito de participar da vontade geral; Direito de consentir no imposto e de controlar o dispêndio do dinheiro público; Direito de pedir contas da atuação do agente público. 
Estabelece, ainda, a seguinte situação: - Art. 16: a sociedade em que não esteja assegurado o exercício dos Direitos Humanos Fundamentais, nem estabelecida a separação dos poderes, não tem Constituição. 
CONSTITUIÇÃO MEXICANA (1917) - 	A fonte ideológica da “Constituição Política dos Estados Unidos Mexicanos” foi a doutrina anarcossindicalista (difundida, principalmente, na Rússia, na Espanha e na Itália). Iniciou-se com manifestações contra a ditadura .
	O grupo revolucionário “Regeberación” lançou em 1906 um manifesto no qual as propostas apresentadas viriam a ser as linhas-mestras do texto constitucional de 1917, quais sejam: Proibição de reeleição do Presidente da República; Garantias para as liberdades individuais e políticas; Quebra do poderia da Igreja católica; Expansão do sistema de educação pública; Reforma agrária; Proteção do trabalho assalariado. 	- A Carta Política mexicana de 1917 foi a primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as liberdades individuais e os direitos políticos. - A Constituição Mexicana, em reação ao sistema capitalista, foi a primeira a estabelecer a desmercantilização do trabalho, ou seja, a proibição de equipará-lo a uma mercadoria qualquer, sujeita à lei da oferta e da procura no mercado. 
	- Firmou o princípio da igualdade substancial de posição jurídica entre trabalhadores e empresários na relação contratual de trabalho. - Criou a responsabilidade dos empregadores por acidentes do trabalho. - Lançou, de modo geral, as bases para a construção do moderno Estado Social de Direito. - Deslegitimou as práticas de exploração mercantil do trabalho, o que ocorria sob a invocação da liberdade de contratar. 
Passou a estabelecer as seguintes situações: Limitação da jornada de trabalho; Proteção ao desemprego; Proteção da maternidade; Idade mínima de admissão de empregados nas fábricas e o trabalho noturno dos menores na indústria; Descanso semanal remunerado; Instituição do salário mínimo;
CONSTITUIÇÃO ALEMÃ (1919) - Instituidora da primeira república alemã, a Constituição de Weimar surgiu como um produto da grande guerra de 194-1918.
O Estado da democracia social adquiriu na Alemanha de 1919 uma estrutura mais elaborada. A democracia social representou efetivamente, até o final do século XX, a melhor defesa da dignidade humana, ao complementar os direitos civis e políticos com os direitos econômicos e sociais. 
A estrutura da Constituição de Weimar é claramente dualista: A primeira parte tem por objeto a organização do Estado; A segunda parte apresenta a declaração dos direitos e deveres fundamentais, acrescentando às clássicas liberdades individuais os novos direitos de conteúdo social. 
Estabelece, dentre outras situações: * Igualdade jurídica entre marido e mulher; 
Equiparou os filhos ilegítimos aos legitimamente havidos durante o matrimônio, no que diz respeito à política social do Estado; Atribuiu ao Estado o dever fundamental de educação escolar; Como limite à liberdade de mercado, a preservação de um nível de existência adequado à dignidade humana; Função social da propriedade; Direitos trabalhistas e previdenciários;Especificamente em relação aos Direitos trabalhistas: (1) padrões mínimos de regulação internacional do trabalho assalariado; (2) dever do Estado de desenvolver políticas públicas de pleno emprego. 
	OBS: estabeleceu a distinção entre diferenças e desigualdades. 
Diferenças: são biológicas ou culturais, e não implicam a superioridade de alguns em relação a outros. 
	- Desigualdades: são criações arbitrárias, que estabelecem uma relação de inferioridade de pessoas ou grupos em relação a outros. 
CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS - 1.SIGNIFICADO HISTÓRICO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - A qualidade ou característica essencial das duas guerras mundiais foi bem distinta: a de 1914-1918 os Estados procuravam alcançar conquistas territoriais, sem escravizar ou aniquilar os povos inimigos. a Segunda Guerra Mundial, diferentemente, foi deflagrada com base em proclamados projetos de subjugação de povos considerados inferiores. O ato final da tragédia – o lançamento da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente – soou como um prenúncio de apocalipse: o homem acabara de adquirir o poder de destruir toda a vida na face da Terra. Assim, as consciências se abriram para o fato de que a sobrevivência da humanidade exigia a colaboração de todos os povos, na reorganização das relações internacionais com base no respeito incondicional à dignidade humana. 
2.	SURGIMENTO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - A Organização das Nações Unidade (ONU) foi criada pelos Aliados (que, durante a guerra, também se intitularam Nações Unidas) para ser a pedra angular dessa nova ordem mundial; a organização personificou a “consciência da humanidade” que fora ultrajada durante a guerra. 	As Nações Unidas nasceram com a vocação de se tornarem a organização da sociedade política mundial, a qual deveriam pertencer, portanto, necessariamente, todas as nações do globo empenhadas na defesada dignidade humana. A ONU, criada pelos Aliados, foi constituída pela Carta das Nações Unidas, documento este que estabeleceu as diretrizes a serem seguidas e a forma de organização da respectiva organização. o Brasil aprovou a Carta das Nações Unidas pelo Decreto-lei no 7.935, de 4 de setembro de 1945, ratificando-a em 21 de setembro. As ideias germinais da ONU encontram-se na mensagem sobre o estado da União, dirigida pelo Presidente Franklin D. Roosevelt ao Congresso norte-americano em 6 de janeiro de 1941, bem como na “Carta do Atlântico”, assinada pelo Presidente Roosevelt e o Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill, em 14 de agosto do mesmo ano. Na primeira parte de sua mensagem, o Presidente norte-americano procurou demonstrar que os Estados Unidos, por razões de decência e de segurança nacional, não poderiam permanecer indiferentes diante do assalto à liberdade dos povos, que vinha sendo perpetrado pelos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Na segunda parte do seu discurso, o Presidente traçou as linhas gerais do que deveria ser a política internacional dos Estados Unidos, no esforço de reconstrução do mundo pós-guerra. No porvir que procuramos tornar seguro, ansiamos por um mundo fundado em quatro liberdades humanas essenciais. A primeira é a liberdade de palavra e expressão – em todas as partes do mundo. A segunda é a liberdade, para todas as pessoas, de adorar Deus do modo que lhes pareça mais apropriado – em todas as partes do mundo. A terceira é a libertação da penúria (freedom from want) – a qual, traduzida em termos mundiais, significa a existência de acordos econômicos que assegurem a todas as nações uma paz sólida – em todas as partes do mundo. 	A quarta é a libertação do medo – a qual, traduzida em termos mundiais, significa uma redução de armamentos em escala mundial, em tal grau e de modo tão completo que nação alguma esteja em condições de cometer um ato de agressão física contra qualquer de seus vizinhos – em todas as partes do mundo. “Carta do Atlântico”: Roosevelt e Churchill declararam que o objetivo comum a seus países, na guerra em curso, era o respeito pelo direito de todos os povos de escolher a sua própria forma de governo, bem como a intenção de lutar para a restauração dos direitos soberanos e de autogoverno, para todos aqueles que foram deles privados pela força. 
	OBS: Os signatários da “Carta do Atlântico” obrigavam-se: a promover o igual acesso de todos os Estados ao comércio mundial e ao suprimento de matérias-primas. a promover a colaboração mundial para a melhoria dos padrões de trabalho, o progresso econômico e a previdência social. após a destruição da “tirania nazista”, a procurar estabelecer uma situação de paz em todas as nações que pudessem viver com segurança dentro de suas fronteiras, livres do medo e da miséria. 
	OBS: A “Carta do Atlântico” foi depois incorporada à Declaração das Nações Unidas, de 1o de janeiro de 1942, em que as 26 (vinte e seis) potências que combatiam as forças do Eixo proclamaram seus objetivos de guerra. Os signatários foram declarados “membros originários” da ONU, cuja Carta de fundação foi assinada por 51 países em 26 de junho de 1945, ao término da Conferência de São Francisco. OBS: como dito acima, o Brasil aprovou a Carta das Nações Unidas pelo Decreto-lei no 7.935, de 4 de setembro de 1945, ratificando-a em 21 de setembro. 	Tanto governos quanto organizações não governamentais fizeram pressão para a inclusão de uma declaração de direitos na carta. No entanto, no final a carta não apresentou cláusulas específicas sobre o teor dos direitos humanos. Em vez disso, ficou decidido que numa das primeiras iniciativas legislativas da organização seria articular esboço de uma Declaração Internacional de Direitos. 
O TEXTO - Preâmbulo 
- Pontos principais: (Nós, povos das Nações Unidas, resolvidos) a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço de nossa vida, trouxe sofrimentos indivisíveis à humanidade; - a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas; (PREÂMBULO – CONTINUAÇÃO) ; - a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos; 	- a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. [...] concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas. Propósitos e Princípios .
Os propósitos das Nações Unidas são: - manter a paz e a segurança internacionais; 
	OBS 2: no que concerne à tarefa da ONU de manter a paz e a segurança internacionais, a qual constitui o primeiro dos propósitos e princípios da Organização, é forçoso reconhecer que ela tem sido descumprida em razão da estrutura oligárquica do Conselho de Segurança, onde os membros permanentes têm o poder de veto. Além disso, uma das principais atribuições do órgão, a saber, a de formular “os planos a serem submetidos aos membros das Nações Unidas, para o estabelecimento de um sistema de regulamentação dos armamentos” (art. 26), nunca foi levada a sério, pois ela se choca com os interesses nacionais das grandes potências. (PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS – CONTINUAÇÃO) desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direito e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal; conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanístico, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns. 
	Órgãos: •	Assembléia Geral; •	Conselho de Segurança; •	Conselho Econômico e Social; •	Comissão de Direitos Humanos (até março de 2006) •	Conselho de Direitos Humanos (substituiu a Comissão de Direitos Humanos); •	Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. 
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS - Foi produzido em 1966 (16/12/1966). - Ampliou o catálogo dos direitos humanos em relação àqueles previstos na Declaração Universal de 1948.- O Brasil promulgou o Pacto em 1992 (Decreto 592, de 06 de julho de 1992).
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS -Consagra o Direito à autodeterminação dos povos, entendido como:O direito de os povos determinarem livremente seu estatuto político;Direito de assegurarem livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural;Direito de disponibilizarem livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, observando suas obrigações internacionais.
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS - O Estado se compromete a garantir a todos os indivíduos que se encontrem em seu território e sob sua jurisdição os direitos reconhecidos no Pacto, sem discriminação de qualquer natureza.
Referido comprometimento engloba as seguintes situações:- As pessoas possam dispor de um recurso efetivo;- Análise do recurso por autoridade competente prevista no ordenamento jurídico do Estado em questão;	a) Desenvolver as possibilidades de recurso judicial;
	b) Garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de qualquer decisão que julgar procedente tal recurso.	Estabelece a igualdade entre as pessoas perante a lei e o direito, sem discriminação alguma, a igual proteção da lei.
Direito à igualdade:Igualdade entre homens e mulheres;
Proibição de qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de: raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica,nascimento ou qualquer outra situação.
Proteção das minorias étnicas, religiosas ou linguísticas.
 	 - Estabelece o Direito à Vida: “ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”.
	- Não proíbe a pena de morte, deixando a critério de cada Estado aboli-la.
Regula a pena de morte da seguinte forma:- Imposição apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com a legislação vigente à época em que o ilícito foi cometido;
- Aplicação somente em decorrência de sentença transitada em julgado proferida por tribunal competente;A pena de morte não poderá ser aplicada aos menores de 18 anos, nem a mulheres grávidas.Poderão ser concedidos anistia, indulto ou comutação da pena, inclusive a pedido do condenado.A aplicação da pena de morte não pode está em conflito com as disposições do Pacto, nem com a Convenção sobre a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.
	- Reitera a proibição da tortura e das penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.- Acrescenta a proibição de submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas.	- As normas relativas à proibição da escravidão, da servidão e dos trabalhos forçados reiteram o conteúdo da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Determina quatro práticas que não configuram trabalhos forçados:As tarefas exigidas de indivíduos condenados pelo Judiciário;Serviços de caráter militar e serviços civis alternativos;
Tarefas exigidas em casos de emergência ou de calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade;Trabalhos que façam parte das obrigações cívicas normais.
Estabelece o Direito à liberdade, refletido nas seguintes situações:Direito de ir e vir: livre circulação, escolher sua residência, sair livremente de qualquer país e não ser impedido, arbitrariamente, de se entrar no Estado de sua nacionalidade;Liberdade de pensamento, de consciência e religião;Direito dos pais ou tutores de assegurar aos filhos a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções;Direito de reunião pacífica e de livre associação, inclusive sindical;Essas liberdades até aqui discriminadas só poderão sofrer restrições que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, saúde ou moral públicas, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas.
Liberdade de expressão (procurar, receber e difundir). Está sujeito a restrições: (1) assegurar o respeito dos direitos e reputação das demais pessoas; (2) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde, ou a moral públicas; (3) proibir a propaganda de guerra e a apologia ao ódio nacional, racial ou religioso, que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência.
Perda da liberdade (prisão): a liberdade é direito que não pode ser objeto de restrições arbitrárias.
A prisão deve ocorrer apenas pelos motivos e dentro dos procedimentos estabelecidos em lei.A pessoa presa deverá ser informada das razões da prisão.Deverá ser conduzida, sem demora, à autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais.Tem o direito a ser julgado em prazo razoável ou de ser posto em liberdade.Pode recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura se a prisão for ilegal, caso em que terá direito a uma reparação.É proibida a prisão pelo mero descumprimento de obrigação contratual.
O Pacto não exclui a possibilidade da prisão preventiva: trata-se de exceção que poderá ser imposta apenas na ausência de garantias de comparecimento do indivíduo aos atos processuais e, consequentemente, de condições de eventual execução da sentença.
Tratamento do Preso:Tratado com humanidade e respeito à dignidade.
Os presos que ainda estão sendo processados deverão ter tratamento distinto dos detentos condenados, salvo circunstâncias excepcionais, inclusive o de estarem separados.
Os presos mais jovens deverão ser separados dos adultos e julgados o mais rápido possível, recebendo ainda tratamento condizente com sua idade.
O objetivo principal do sistema prisional deve ser a reforma e a reabilitação moral dos prisioneiros.
Direitos relativos ao processo judicial:Igualdade das partes no processo;Independência e imparcialidade dos órgãos julgadores;Publicidade dos atos processuais;Informação sobre a acusação formulada;Devido processo legal;Assistência de um intérprete, se necessário;Presunção de inocência;Não obrigação de depor contra si mesmo ou de se confessar culpado;Julgamento sem dilações indevidas;Não ser processado ou punido por um delito pelo qual a pessoa foi absolvida ou condenada por sentença passada em julgado;Indenização pelo erro judiciário, a não ser que este seja imputável à pessoa no todo ou em parte.Direito ao recurso à instância superior.
OBS: o processo aplicável aos menores de 18 anos levará em conta sua idade e a importância de promover sua reintegração social.
	Direito da Criança: ser registrada imediatamente após seu nascimento; ter um nome; adquirir uma nacionalidade; ter a proteção do Estado.
Outros Direitos reconhecidos no Pacto:Princípio da primazia da norma mais favorável;Proteção do estrangeiro contra expulsão arbitrária;Anterioridade e irretroatividade da lei penal, salvo para beneficiar o réu;Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica;Proteção da vida privada contra ingerências arbitrárias ou ilegais;Relativos à proteção da família e ao casamento, assegurada a proteção dos filhos em caso de dissolução do vínculo matrimonial; e Direitos políticos e de acesso ao serviço (função) público. O Pacto consigna a possibilidade de derrogação temporária de certos direitos diante de certas situações excepcionais (ameacem a existência da nação e que sejam proclamadas oficialmente como tal).As derrogações temporárias, se adotadas, deverão ser na estrita medida em que a situação exigir.
 Tal derrogação não pode, porém, ser incompatível com as demais obrigações impostas aos Estados pelo Direito Internacional e acarretar discriminação, bem como atingir os seguintes direitos e garantias:Proteção à vida e limitação à pena de morte;Proibição da tortura e de tratamentos desumanos, cruéis ou degradantes;Proibição da escravidão, servidão ou tráfico de escravos;Proibição da prisão por descumprimento de obrigação contratual;Anterioridade da norma e irretroatividade da lei penal, salvo em benefício do infrator;Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica; e Direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião.
PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
Foi produzido em 1966 (16/12/1966). os Estados deverão progressivamente assegurar o gozo dos Direitos econômicos, sociais e culturais, por esforços próprios ou pela cooperação internacional, com o auxílio de todos os meios apropriados nos planos econômico e técnico e até o máximo de seus recursos disponíveis.
O Brasil promulgou o Pacto em 1992 (Decreto 591, de 06 de julho de 1992).
Os Direitos econômicos, sociais e culturais deverão ser exercidos sem discriminação de qualquer espécie.
Os países em desenvolvimento, levando em conta os direitos humanos e sua situação econômica, poderão determinar em que medida garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos estrangeiros.
No campo laboral, o Pacto consagra:Direito ao trabalho: cujo o gozo dependerá de medidas estatais voltadas a promover o desenvolvimento econômico e a formação técnico e profissional;
Trabalho livremente escolhido ou aceito;Direito à previdência social;
Condições de emprego justas e favoráveis, independente do gênero: incluem uma remuneração igual por um trabalho de igual valor e que lhes proporcione uma existência decente, bem como a suas famílias;Condições de trabalho seguras e higiênicas;Igual oportunidade de promoção a categoria superior, avaliada apenas com base em critérios relacionados ao tempo de trabalho e à capacidade profissional;Direito ao descanso, ao lazer e a limitação razoável das horas de trabalho;Direito aférias periódicas remuneradas;Direito a remuneração dos feriados.
Liberdade sindical abrange:Direito de fundar sindicatos;Direito de as entidades sindicais criarem federações, confederações, nacionais e internacionais; Direito de filiação ao sindicato, federação ou confederação, devendo o trabalhador ou entidade sujeitar-se aos estatutos da organização.
OBS: o exercício da liberdade sindical pelos membros das forças armadas, da polícia ou da administração pública poderão sofrer restrições, inclusive quanto ao direito de greve.
Direito à igualdade: não exclui a possibilidade de conferir tratamento especial a certos grupos ou pessoas, segundo suas peculiaridades.
	Assim, o Pacto procura proteger mulheres (mães) e crianças.
	Proteção especial às mães: (1) período de tempo razoável antes e depois do parto; (2) licença remunerada; (3) benefícios previdenciários adequados. 
Proteção especial às Crianças e Adolescentes: (1) proteção contra a exploração econômica e social; (2) proibição de trabalho em funções nocivas à moral e à saúde, que lhes façam correr perigo de vida ou que venham a prejudicar seu desenvolvimento; (3) limitação da idade mínima para o trabalho. 
Direito á qualidade de vida: direito à alimentação;direito à vestimenta;direito à moradia adequada; 
direito a uma melhoria contínua das condições de bem-estar na sociedade.
Segurança alimentar, consagra o Direito à proteção contra a fome, que deverá ser combatida:
Pela melhoria dos métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros alimentícios;Pela difusão de princípios de educação nutricional;Pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursos naturais;Pela repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais em relação às necessidades de importadores e exportadores de alimentos. 
Direito à saúde, inclui:A obrigação estatal de tomar medidas voltadas à diminuição da mortalidade infantil e à promoção do desenvolvimento saudável das crianças;Melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio ambiente;Preservação e tratamento das doenças;Garantia de assistência médica. 
Direito à educação: deve, por princípio, visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e a promover o respeito pelos direitos humanos, a cultura da paz e a tolerância entre as pessoas, grupos sociais e nações.
Divide-se em:Educação primária;Educação secundária e técnico-profissional;Educação de nível superior.Educação primária: deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos.
Educação secundária e técnico-profissional: deverão ser generalizadas e tornar-se acessível a todos, principalmente, pela implantação progressiva do ensino gratuito.
Educação de nível superior: deverá igualmente tornar-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um. 
OBS: o princípio de que o acesso ao ensino superior deve se basear no mérito coexiste com a possibilidade de medidas especiais e temporárias, dirigidas a certas pessoas ou grupos, para que estes possam avançar no gozo de seus direitos.
OBS: o Pacto não proíbe o ensino privado, respeitadas as normas relativas à educação.
Outros Direitos consagrados:Direito à autodeterminação dos povos;Direito à limitação de direitos somente na medida compatível com sua natureza exclusivamente com o objetivo de favorecer o bem-estar geral em uma sociedade democrática;Princípio da primazia da norma mais favorável;Proteção à família e ao livre consentimento no ato de contrair matrimônio;Direito de os pais escolherem o gênero de educação dos filhos;Promoção dos direitos culturais e a proteção às obras científicas e artísticas, devendo o Estado respeitar a liberdade de criação. 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948 - 1. SENTIDO HISTÓRICO
	Durante a sessão de 16 de fevereiro de 1946 do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, ficou assentado que a Comissão de Direitos Humanos, a ser criada, deveria desenvolver seus trabalhos em três etapas:- 1ª etapa: elaborar uma declaração de direitos humanos; 
	- 2ª etapa: em seguida, produzir “um documento juridicamente mais vinculante do que a mera declaração”, documento esse que haveria de ser, obviamente, um tratado ou convenção internacional.
 	- 3ª etapa: finalmente, criar “uma maquinaria adequada para assegurar o respeito aos direitos humanos e tratar os casos de sua violação”.
	A primeira etapa foi concluída pela Comissão de Direitos Humanos em 18 de junho de 1948, com um projeto de Declaração universal dos Direitos Humanos, aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro do mesmo ano.	A segunda etapa somente se completou em 1966, com a aprovação de dois Pactos: Pacto sobre Direitos Civis e Políticos; e Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.A terceira etapa ainda não foi completada. Por enquanto, o que se conseguiu foi instituir um processo de reclamações junto à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.OBS: O Brasil assinou em 10 de dezembro de 1948.
2. A FORÇA JURÍDICA DO DOCUMENTO- Tecnicamente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma recomendação (“resolução não-impositiva”) que a Assembleia Geral das Nações Unidas faz aos seus membros (Carta das Nações Unidas, art. 10).
	Assim, costuma-se sustentar que, do ponto de vista formal, o documento não tem força vinculante.
3. TEOR DA DECLARAÇÃO
PREÂMBULO: explica a motivação por trás da Declaração.
Primeiros três parágrafos: delineiam a base da noção de direitos humanos.
Os quatro parágrafos seguintes: declaram um compromisso de promover os direitos humanos no plano internacional.
Parágrafo final: expõe o que a Declaração representa e como deveria ser implantada, estabelecendo algumas metas para a promoção dos direitos humanos.
Primeiros três parágrafos:	dignidade;Direitos iguais e inalienáveis;Liberdade;	Justiça;
	Paz no mundo;Liberdade da palavras, de crença e de viverem a salvo do temor e da necessidade;Proteção dos direitos humanos pelo império da lei.
Os quatros parágrafos seguintes:Relações amistosas entre as nações;Cooperação com as Nações Unidas;Compreensão comum dos direitos e liberdades.
Parágrafo final:Ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações;
	Promover o respeito a esses direitos e liberdades;	Promover a adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional para 	assegurar o seu reconhecimento e observância.
	Art. I:	- Trata-se da pedra angular de toda a Declaração, pois proclama os três princípios axiológicos fundamentais em matéria de direitos humanos: liberdade, igualdade e fraternidade.
	- Razão e consciência”: a capacidade de raciocinar, de saber a diferença entre certo e errado e de ter consciência dos outros seres humanos e de suas necessidades é que distingue os humanos dos animais.
	- “Espírito de fraternidade”: postula a base das relações humanas (tolerância, respeito e ajuda mútuos). 
DIREITOS DE LIBERDADE:A liberdade tem duas dimensões:Individual (art. III e IV)
	 Política (art. IX, XII, XIII, XVIII, XIX e XX)
	OBS: são complementares e interdependentes.
Dimensão individual da liberdade:
Direito à Liberdade (art. III): genericamente
Proibição da (art. IV): (1) escravidão; e (2) servidão.
Obs: a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Proibição de ser arbitrariamente (art. IX): (1) preso; (2) detido; e (3) exilado.
Obs: em caso de prisão deve informar o motivo da mesma e da acusação em idioma capaz de entender.
Direitos relacionados à Privacidade (art. XII):
trata-se da esfera da vida humana que está fora do campo de interferência de outros indivíduos e do Estado. Proteção contra interferência na: (1) vida privada; (2) família; (3) lar; e (4) correspondência.
Proteção em relação a: (1) honra; (2) reputação, Proteção pessoal de:
(1) determinar sua identidade e personalidade;
e (2) desenvolver relacionamentos com outraspessoas.
Direitos relacionados à locomoção (art. XIII): Liberdade de locomoção: mover-se dentro do país sem a necessidade de autorização;Liberdade de residência: decidir onde fixar residência sem a necessidade de autorização;Liberdade de sair e de regressar ao país: tem como alvo principal aqueles que procuram asilo político, mais com relação ao país de onde estão fugindo do que com o país onde se refugiam.
Obs: pretende evitar as chamadas “limpezas” étnicas.
Direitos relacionados à posição filosófica (art. XVIII):Liberdade de pensamento;
Liberdade de consciência; Liberdade de religião (tolerância religiosa): (1) direito de mudar de religião; e (2) direito de manifestar essa religião ou crença.
Direitos relacionados à manifestação do pensamento (art. XIX):Liberdade de opinião;
Liberdade de expressão.
	Obs: trata-se do direito do indivíduo de participar de uma livre troca de informação e ideias.
	Obs: direito de ter opinião e de procurar, receber e transmitir informações e ideias, por quaisquer meios, independente de fronteiras.
	OBS: pode sofrer limitações para:Proteger os direitos alheios;Autorizar transmissão de rádio, cinema e televisão;Impedir a revelação de informação dada em confiança;Manter a autoridade e imparcialidade do judiciário;Proteger a infância e a adolescência;Evitar propaganda a favor da guerra. 
Direitos relacionados à manifestação do pensamento em coletividade (art. XX):Liberdade de reunião;Liberdade de associação pacífica.
Obs: pode sofrer restrição de não forem pacíficas.
Obs: ninguém está obrigado a se associar.
Dimensão política da liberdade (art. XXI):Trata de um dos elementos fundamentais da democracia: a soberania popular.
Trás os parâmetros do Regime Democrático: Direito de tomar parte no governo:
Democracia Direta; e (2) Democracia Indireta.
	Estabelece as bases da legitimação da Democracia participativa:voto popular;
(2) eleição periódica; (3) sufrágio universal e igual; (4) processos eleitorais livres.
OBS: os processos eleitorais livres constituem-se: na condição de exercer livremente o voto;
e (2) escolher livremente em quem ou no que votar. 
	Igualdade de direitos em relação ao acesso aos serviços públicos: trata-se de meio de fortalecimento da democracia.
Obs: a democracia seria o único regime político compatível com o pleno respeito aos direitos humanos. 
Outras liberdades individuais previstas na declaração:Direito Físico ao próprio corpo (art. III): integridade pessoal
Direito à vida:(1) não ser morto; e (2) receber os meios para manter-se vivo.
Direitos à Segurança Pessoal: é o direito de ser resguardado da interferência física.
A segurança pessoal ganha um plus na proteção em relação a situação que envolvem a atividade investigativa do Estado (art. V).
Trata-se do art. V que veicula a proibição da:(1) tortura; e (2) tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
	Obs: visa proteger o ser humano tanto em relação à violência física quanto violência psicológica.
Direito de ter personalidade jurídica (at. VI):Ser reconhecido como pessoa perante a lei;
Trata-se de um princípio supremo em matéria de direitos humanos.
Direito à Instrumentalização Jurídica (art. VIII):trata-se do direito a receber dos Tribunais nacionais competentes remédio efetivo para proteção dos Direitos Humanos.
	OBS: remédio efetivo: direito de se dirigir a um órgão;direito de ter decidida sua questão de Direitos Humanos; e Direito de obter reparação.
Direito a um julgamento justo (art. X): trata-se do devido processo legal e estabelece o seguinte (1) audiência pública e justa;(2) tribunal independente (sem outras obrigações, a não ser para com a própria justiça;(3) e tribunal imparcial (ser neutro às partes).
	Obs: os Tribunais devem ser instituídos por lei:criados pelo legislativo, e não pelo executivo;
e precisam ser permanentes e não ad hoc.
	Obs: a independência do judiciário é uma das “pedras angulares” de uma Constituição democrática.
Garantias penais (art. XI):Princípio da presunção de inocência;Direito a um julgamento público;Garantias necessárias à defesa;Proibição de crimes retroativos (não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal).
Obs: refere-se ao Direito Nacional e ao Direito Internacional.
Direito de Propriedade (art. XVII):(1) individual; (2) e em sociedade.
	Obs: refere-se à proibição de ser privado de sua propriedade arbitrariamente.
Direitos relacionados à família e ao casamento (art. XVI):
- Casamento: (1) maior de idade; (2) livre e pleno consentimento dos nubentes; (3) princípio da igualdade de gêneros; e (4) autodeterminação pessoal.
Família:(1) núcleo natural e fundamental da sociedade; e (2) tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Direito à Nacionalidade (art. XV):	É a condição legal de ser um membro, ou cidadão, de um país específico.
Não pode ser arbitrariamente privado:(1) de sua nacionalidade; e (2) do direito de mudar de nacionalidade. 
	Obs: a importância da nacionalidade reside no fato de que os cidadãos frequentemente têm outros direitos que seu país não concede aos não-cidadãos. 
	Obs: apátridas
Direito dos Refugiados (art. XIV):Direito de receber asilo político em caso de perseguição política. Não pode ser invocado: (1) em caso de crime de direito comum; e (2) por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
	Obs: refugiados: são aqueles que foram forçados a deixar um país porque ele não pode ou não quer proteger seus direitos humanos.
	Obs: os países para onde os refugiados vão (o “país de recepção”) têm a obrigação de oferecer-lhes proteção.
DIREITO À IGUALDADE: Art. II: estabelece os princípios gerais:
Promover a tolerância e o respeito entre identidades diferentes;
Trás a idéia de que têm direitos em virtude de serem humanos (“sem distinção de qualquer espécie”).
	Art. VII: sugere como o princípio da igualdade deve ser promovido no plano jurídico. É posta em prática através de três abordagens:Igualdade perante a lei;Igual proteção da lei;
Proteção contra discriminação.
	Igualdade perante a lei: implica que a lei deve aplicar-se a todos de forma igual. Ninguém pode estar acima da lei em virtude de condição específica na sociedade.
	Igual proteção da lei: significa que todos devem gozar da mesma proteção que a lei pode oferecer.
	Proteção contra discriminação: significa que ninguém poderá sofrer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada numa das categorias proibidas (CEDCM e CEDR), que tem o propósito ou efeito de invalidar ou prejudicar o reconhecimento, o gozo, ou o exercício, em iguais condições, dos direitos humanos.
	Discriminação direta: quando alguém é impedido de fazer algo por algum motivo baseado numa das categorias proibidas.
	Discriminação indireta (ou “impacto desproporcional): se dá quando é aplicada uma distinção igualmente a todos os grupos, mas tem sobre eles um impacto desproporcional.
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS:O Art. XXII trás a introdução a tais direitos como sendo indispensáveis:(1) à dignidade; e (2) ao livre desenvolvimento da personalidade.Tratam-se de direitos relacionados à Segurança Social. 
	Obs: Esses direitos são depois desenvolvidos no restante da Declaração: no próprio art. 22 (segurança social), no art. 23 (trabalho), no art. 24 (descanso e lazer), no art. 25 (padrão de vida adequado), no art. 26 (educação) e no art. 27 (vida cultual).
	Obs: baseia-se fundamentalmente na idéia de Justiça Social.
	Obs: os países são obrigados a fazer o máximo possível:dependendo de sua organização; e
da disponibilidade de recursos.
Direito ao Trabalho (Art. XXIII): são agrupados em quatro áreas: 
	Emprego: livre escolha;condições justas e favoráveis ao trabalho; e proteção contra o desemprego. 	tratamento igual: igual remuneração por igual trabalho. 	remuneração justa: para assegurar existência compatível com a dignidade humana (Art. XXV). Sindicatos:liberdade de associação para questões trabalhistas.
Direito ao Descanso (Art. XXIV):- Repouso e lazer;Delineia os aspectos básicos do direito ao descanso: (1) limitação da jornada de trabalho; (2) férias periódicas remuneradas.
Direito a um padrão de vida adequado (Art. XXV):trata-se do direito básico a um padrão de vida humano, constituindo-se nos seguintes direitos:Saúde e bem-estar;
Alimentação;Vestuário;Habitação;Cuidados médicos;Serviços sociais indispensáveis;
Direito à Segurança Social (Seguridade Social).
	Obs: o art. XXV sugere muito mais as áreas que os recursos disponíveis devem alcançar do que determinar um nível particular de atendimento. 
Direitos relacionados à maternidade e à infância (Art. XXV. 2):Assistências especiais;
Proteção social da criança: (1) dentro do casamento; (2) fora do casamento. 
Direito à Instrução/Educação (Art. XXVI):Elementar e fundamental: (1) gratuita; e 
(2) obrigatória;Técnico-profissional: acessível a todos;Superior: baseada no mérito.
OBS: objetivos relacionados à instrução:pleno desenvolvimento da personalidade humana;fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.Promover: (1) a compreensão; (2) a tolerância; (3) a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos; e (4) virtudes cívicas.
	OBS: os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Direito à Cultura (Art. XXVII):
ao declarar que a vida cultural é parte “da comunidade”, reconhece que a vida humana é mais do que a soma de uma série de escolhas individuais.
Proteção da diversidade cultural.
Direito de participar do progresso científico e de seus benefícios;
Proteção dos Direitos Autorais.
Direito à Constituição de uma ordem internacional respeitadora da dignidade humana (Art. XXVIII):- declara a importância de cultivar um ambiente que permita a realização do direitos humanos.
 - Trata-se reconhecimento do primeiro e mais fundamental dos chamados direitos da humanidade, aquele que tem por objetivo a constituição de uma ordem internacional respeitadora de dignidade humana.
Limitações dos Direitos individuais (Art. XXIX):- todo indivíduo tem deveres, seja para com outros indivíduos, seja para com o Estado.
- Esses deveres constituem a base para a imposição pelo Estado de limitações permitidas aos direitos individuais.
Como esses limites funcionam normalmente:Primeiro: a limitação deve ter um propósito legítimo (uma boa razão), que pode ser a proteção de direitos de outras pessoas, ou a preservação da própria sociedade (“moral, ordem pública e bem-estar de uma sociedade democrática”). Isso impede o Estado de limitar direitos por razões diferentes do bem público ou por nenhuma razão.
Segundo: a restrição deve ser amparada por lei. A lei deve ser aberta, acessível e previsível, de sorte que todos tenham consciência de quais poderes tem o Estado para restringir seus direitos e possam ter certeza de que o Estado não abusará desse poder.
Terceiro: a restrição deve ser apenas aquela necessária para que se alcance o propósito legítimo. Em outras palavras, a ação do Estado deve ser proporcional ao objetivo perseguido. 
	OBS: a proteção deve ir apenas até onde é exigida; de outra maneira, alguns direitos seriam restringidos desnecessariamente.
	OBS: uma limitação particular somente se justifica quando ela subsistiu a cada elemento do teste de limitação.
Outras limitações (Art. XXX):- Complementa o Art. XXIX;- a ninguém deve ser permitido usar direitos para comprometer os direitos dos outros;- Trata-se da situação do Estado poder diminuir suas responsabilidades, ou eximir-se delas, no tocante aos direitos humanos.
Como funciona essa sistemática de possibilidade de limitação:Primeiro: o país deve enfrentar uma situação que justifique o cerceamento. Deve ser uma emergência real ou iminente, que envolva toda a nação, ameace a continuação da vida organizada da comunidade e as restrições normais sejam inadequadas;
Segundo: os direitos que serão suprimidos devem ser passíveis de supressão;
Terceiro: mesmo que a situação exija a supressão e o direito seja capaz de ser suprimido, a própria supressão deve ser exigida estritamente pelas necessidades da situação.
OBS: em ambas sistemáticas, tem-se, ainda, que os Direitos não podem ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

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