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Conteu´do 1 Ca´lculo Fraciona´rio: Aspectos Histo´ricos 1 1.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 O ca´lculo diferencial e integral usual: breve histo´rico . . . . . . . . . 2 1.3 Uma questa˜o contra-intuitiva: o nascimento do Ca´lculo Fraciona´rio . 3 1.4 Uma cronologia do CF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.5 O CF no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.6 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 Conceitos Preliminares 7 2.1 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.1.1 Existeˆncia da TL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.1.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.1.3 TL das derivadas de f(t) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.1.4 Transformada de Laplace Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.1.5 Produto de Convoluc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.2 Func¸a˜o Gama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.2.1 Relac¸o˜es envolvendo a func¸a˜o Gama . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2.2 Extensa˜o da Func¸a˜o Gama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.3 Func¸a˜o Beta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.4 Func¸a˜o de Gel’Fand Shilov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.5 Func¸a˜o de Mittag-Leffler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.5.1 Func¸a˜o de Mittag-Leffler com dois paraˆmetros . . . . . . . . 14 2.5.2 Exemplos e casos particulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.5.3 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.6 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3 Integrais e Derivadas Fraciona´rias 17 3.1 Integral Fraciona´ria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.1.1 Considerac¸o˜es sobre o exemplo anterior . . . . . . . . . . . . 19 3.1.2 Escolha do limite inferior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.2 Integral fraciona´ria de Riemann-Liouville . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.2.1 Lei dos expoentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.3 Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville . . . . . . . . . . . . 21 3.3.1 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3.2 Aplicac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.4 Derivada fraciona´ria segundo Caputo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.4.1 Transformada de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3.5 Derivada de Gru¨nwald− Letnikov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.6 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 1 joaol Realce joaol Realce joaol Realce joaol Realce joaol Realce joaol Realce Cap´ıtulo 1 Ca´lculo Fraciona´rio: Aspectos Histo´ricos 1.1 Introduc¸a˜o Parece razoa´vel dizer que o homem tem buscado, ao longo de sua existeˆncia, com- preender os fenoˆmenos do mundo que o cercam na intenc¸a˜o de explorar suas carac- ter´ısticas, a dinaˆmica comportalmental e sua previsibilidade nos meios pelos quais esta˜o inseridos. Neste sentido, a modelagem matema´tica pode ser compreendida como a arte de fornecer uma descric¸a˜o matema´tica de um dado fenoˆmeno do mundo real por meio de suas mais amplas te´cnicas, sejam anal´ıticas ou nume´ricas. A formulac¸a˜o de modelos matema´ticos tem como uma de suas bases mais so´lidas, do ponto de vista da rigor matema´tico e da grande aplicabilidade, o uso de equac¸o˜es diferenciais que, por sua vez, sa˜o estruturas advindas do ca´lculo diferencial e integral usual, ou seja, baseiam-se na descric¸a˜o de um determinado fenoˆmeno atrave´s de suas taxas de variac¸a˜o, neste caso, papel desempenhado pelas conhecidas derivadas de ordem inteira, cujo desenvolvimento, conhecimento e validac¸a˜o sa˜o amplamente difundidos na literatura em obras cla´ssicas sobre o tema. Valeremo-nos das ideias apresentadas em [14], e sem nos preocupar com o rigor matema´tico mais exigente neste momento, vamos conduzir o seguinte racioc´ınio: podemos dar uma interpretac¸a˜o para uma operac¸a˜o simples de potenciac¸a˜o xk como: x.x.x.x . . . x︸ ︷︷ ︸ k vezes Contudo, foge a intuic¸a˜o da interpretac¸a˜o usual o caso de uma operac¸a˜o de potenciac¸a˜o quando o expoente na˜o e´ um nu´mero natural, como por exemplo em: 31/2, xpi, eΦ. Lofti Asker Zadeh(1965) revolucionou o cena´rio da lo´gica cla´ssica com a pu- blicac¸a˜o do artigo cient´ıfico intitulado ”Fuzzy Sets” [26], introduzindo o conceito fuzzy para a teoria cla´ssica de conjuntos, onde o grau de pertinencia de um elemento em relac¸a˜o a um determinado conjunto na˜o se restringia aos moldes abruptos da lo´gica cla´ssica (0 ou 1, verdadeiro ou falso, pertencente ou na˜o-pertencente), mas sim, seguiria graus de pertinencia que podem eventualmente assumir valores no intervalo [0,1], como 1/2, por exemplo. Embora possa parecer paradoxal em um primeiro momento, o aparato lo´gico-matema´tico da chamada lo´gica fuzzy possibili- tou o refinamento de problemas nos mais diversos campos da atuac¸a˜o humana, do 2 Ca´lculo Fraciona´rio: Aspectos Histo´ricos universo teo´rico ao impulso de sofisticadas tecnologias do mundo real. De maneira ana´loga, pode parecer invia´vel, ou ainda desconexo da realidade, considerar um modelo matema´tico baseado em equac¸o˜es diferenciais cuja ordem das derivadas na˜o sa˜o nu´meros inteiros, ja´ que tais considerac¸o˜es e estruturas fogem aos padro˜es usuais de ana´lise e soluc¸a˜o desenvolvidos no ca´lculo diferencial e integral usual. Contudo, a medida que tem-se maior engajamento matema´tico, questo˜es como as aqui exemplificada podem receber novos significados e possibilidades, assim como conexidade com os conteu´dos Neste sentido, este cap´ıtulo tem por objetivo apresentar um prelu´dio histo´rico so- bre o chamado ca´lculo de ordem na˜o inteira, popularmente conhecido como ”Ca´lculo Fraciona´rio” (CF), conduzindo o leitor atrave´s de uma narrativa sobre a origem, as motivac¸o˜es, assim como sobre alguns dos principais mentores e suas importantes contribuic¸o˜es para este ramo da ana´lise matema´tica, cujo formato contemporaˆneo tem sido de vastas aplicac¸o˜es nas diferentes a´reas do conhecimento, sejam estas de cara´ter matema´tico, f´ısico ou, ainda, biolo´gico. Espera-se, ainda, destacar bre- vemente o desenvolvimento do CF no Brasil, os autores pioneiros, os trabalhos desenvolvidos, assim como alguns grupos de pesquisa presentes em universidades brasileiras. 1.2 O ca´lculo diferencial e integral usual: breve histo´rico No se´culo XVII, Issac Newton [1642-1727] e Gottfried Leibniz [1646-1716] trabalha- ram, independentemente um do outro, na algebrizac¸a˜o do me´todo da exausta˜o para o ca´lculo de a´reas, idealizado por Arquimedes [287 a.C - 212 a.C]. Em s´ıntese, este me´todo consiste em: dada uma regia˜o que deseja-se determinar sua a´rea, inscreve- se nesta uma regia˜o poligonal cuja a´rea seja poss´ıvel determinar. A partir da´ı, escolhe-se, novamente, outra regia˜o poligonal conveniente que melhor aproxime a a´rea desejada. O processo e´ feito exaustivamente, ate´ que a a´rea da regia˜o desejada seja coberta pelas poligonais adotadas. Com as atuac¸o˜es de Newton e Leibniz e com a modernizac¸a˜o das notac¸o˜es matema´ticas, este ramo foi gradativamente sendo co- nhecido por ca´lculo integral, cujas aplicac¸o˜es contemporaˆneas na˜o so´ se restringem ao problema das a´reas, mas abrangem problema oriundos dos mais diversos campos da cieˆncia, como nas engenharias, na biologia, na f´ısica, na medicina, na economia, na estat´ıstica, dentre uma infinidade de problemas do mundo real. Mais tarde, baseado na ideia de Fermat [1601-1655] em determinar ma´ximos e mı´nimos de algumas func¸o˜es,Leibniz algebriza o me´todo das tangentes investigado por Fermat, destinado a fornecer um nu´mero associado ao declive de uma reta ou determinar a direc¸a˜o da reta tangente num ponto arbitra´rio de uma curva. Eis que surge, ale´m dos conceitos de varia´veis e paraˆmetros, a notac¸a˜o dy/dx de forma a expressar um quociente entre quantidades infinitesimais. Desta notac¸a˜o, surge o conceito de derivada como taxa de variac¸a˜o de uma func¸a˜o, cujo desenvolvimento inspirou a nomeac¸a˜o ”ca´lculo diferencial”. Na˜o demorou muito ate´ que alguns matema´ticos percebessem a conexa˜o entre os chamados ca´lculo diferencial e ca´lculo integral, ainda que o desenvolvimento rigoroso e sistema´tico somente foi feito por Leibniz e Newton quando mostraram, atrave´s do Teorema Fundamental do Ca´lculo que os problemas das duas vertentes eram inversos. A partir da´ı, todo o conhecimento do chamado ca´lculo diferencial e integral teve seu desenvolvimento impulsionado grac¸as a grande forc¸a do teorema fundamental O surgimento do CF 3 do ca´lculo e das notac¸o˜es modernas designadas para tal. 1.3 Uma questa˜o contra-intuitiva: o nascimento do Ca´lculo Fraciona´rio Segundo [7] o CF teˆm sua discussa˜o ta˜o antiga quanto aquelas promovidas sobre o ca´lculo diferencial e integral usual, contudo, ainda pode ser considerada uma novela recente, visto que somente a partir de um pouco mais de vinte anos tem sido, de fato, desenvolvido de maneira rigorosa e especializada, o que torna o assunto de muito interesse para cientistas nas diversas a´reas do conhecimento humano. E´ conhecido o fato de que, durante o desenvolvimento do chamado ca´lculo di- ferencial e integral, muitas foram as correspondeˆncias trocadas por diversos ma- tema´ticos com as e´picas discusso˜es dos problemas que investigavam. Entretanto, uma particular situac¸a˜o chama a atenc¸a˜o no contexto do CF: Em uma das cartas de Leibiniz para l´Hospital [1661-1704] ha´ a formulac¸a˜o de uma questa˜o que en- volveria uma generalizac¸a˜o da derivada de ordem inteira para a derivada de ordem na˜o inteira. l´Hospital, enta˜o, em uma pergunta contra intuitiva, questiona Leibniz sobre qual deveria ser a interpretac¸a˜o, segundo a notac¸a˜o moderna de Leibniz, para a derivada de ordem n = 1/2, que sugere derivar a func¸a˜o meia vez. Ou seja, dada y(x): d1/2 dx1/2 y(x) =?? Eis que, em uma resposta ousada tanto quanto profe´tica, em uma carta datada de 30 de Setembro de 1695 Leibiniz responde a l´Hospital que, para y(x) = x: d1/2x = x √ dx : x e, embora aparentemente seja um paradoxo, algum dia gerara´ muitas consequeˆncias frut´ıferas. Este e´ considerado, por muitos autores, o nascimento do ca´lculo de ordem na˜o inteira. Figura 1.1: Lebiniz, Newton e l´Hospital joaol Realce 4 Ca´lculo Fraciona´rio: Aspectos Histo´ricos 1.4 Uma cronologia do CF Durante o desenvolvimento do CF, uma extensa e ilustre lista de matema´ticos po- deria ser apresentada. Dada sua extensa˜o, mas na˜o esquecendo do brilhantismo dos nomes na˜o citados, apresentamos, aqui, uma lista reduzida dos principais nomes cuja atuac¸a˜o no CF nos u´ltimos se´culos foi de noto´rio destaque [7]. Sa˜o eles: • P.S. Laplace (1812); • J.B.J. Fourier (1822); • N.H. Abel (1823-1826); • J. Liouville (1832-1873); • B. Riemann (1847); • H. Holmgren (1865-67); • A.K. Gru¨nwald (1867-1872); • A.V.Letnikov (1868-1872); • H. Laurent (1884); • P.A. Nekrassov (1888); • A. Krug (1890); • J.Hadamard (1892); • O. Heaviside (1892-1912); • S. Pincherle (1902); • G.H. Hardy e J.E. Littlewood (1917-1928); • H. Weyl (1917); • P. Le´vy (1923); • A. Marchaud (1927); • H.T. Davis (1924-1936); • A. Zygmund (1935-1945); • E.R. Love (1938-1996); • A. Erde´lyi (1939-1965); • H. Kober (1940); • D.V. Widder (1941); • M. Riesz (1949). Exerc´ıcios 5 1.5 O CF no Brasil Impulsionados pelo aumento significativo de pesquisas e publicac¸o˜es realizadas por outros pa´ıses nas u´ltimas de´cadas, pesquisadores brasileiros tem dado contribuic¸o˜es no desenvolvimento e na divulgac¸a˜o do CF, atrave´s de publicac¸o˜es em perio´dicos especializados, assim como nos grupos de pesquisa dos programas de po´s graduac¸a˜o em muitas universidades do pa´ıs. No trabalho intitulado ”Derivada Fraciona´ria, Transformada de Laplace e outros bichos” de Ricieri (1993) ha´, provavelmente, a primeira menc¸a˜o a` derivada de ordem na˜o inteira no Brasil. A primeira dissertac¸a˜o acerca do tema, em lingua portuguesa, surge no Brasil em 2008 e segue intitulada ”Sobre a func¸a˜o de Mittag-Leffler” cuja autoria se da´ a Danilo Castro Rosendo [22], orientado pelo Prof. Dr. Edmundo Capelas de Oliveira, v´ınculados ao Programa de Po´s-Graduac¸a˜o em Matema´tica da UNICAMP. No ano seguinte, em 2009, a primeira tese de doutorado dedicada exclusivamente ao CF e´ publicada por Rubens de Figueiredo Camargo [1], intitulada ”Ca´lculo Fra- ciona´rio e Aplicac¸o˜es”, obra pela qual ha´ a primeira investigac¸a˜o sistema´tica rigo- rosa e aprofundada dos conceitos e aplicac¸o˜es advindas do CF, em l´ıngua portu- guesa. Esta obra recebeu menc¸a˜o honrosa pela Sociedade Brasileira de Matema´tica Aplicada e Computacional, na modalidade de teses de doutorado. O ca´lculo de ordem na˜o inteira tem sido sistematicamente utilizado na mode- lagem de problemas advindos das a´reas de matema´tica, biologia, medicina dentre outras, de onde podemos citar alguns trabalhos recentes, tais como: [16] (Medicina), [6] (Sistemas Dinaˆmicos, F´ısica-Matema´tica) e [11] (Derivada de Caputo). 1.6 Exerc´ıcios 1. Enuncie o Teorema Fundamental do Ca´lculo e utilize-o para demonstrar a Fo´rmula de Barrow, isto e´, se f e´ cont´ınua em [a, b] e F uma primitiva de f em [a, b], enta˜o: ∫ b a f(x)dx = F (x)|ba = F (b)− F (a) 2. Pesquise sobre o me´todo de exausta˜o para o ca´lculo de a´reas sob curvas e como se deu a modernizac¸a˜o para o conceito da integral de Riemann. 3. Determine quais sa˜o as vantagem do uso da transformada de Laplace, usual- mente denotada por L , para a modelagem matema´tica via equac¸o˜es diferen- ciais de ordem inteira. Pesquise, ainda, como tal metodologia e´ empregada no aspecto do Ca´lculo Fraciona´rio. 4. Tal como supor derivadas de ordem na˜o inteira de determinada func¸a˜o, pode parecer contra-intuitivo a tentativa de determinar o fatorial de nu´meros na˜o inteiros, como por exemplo (1/2)!. Neste sentido, pesquise sobre a chamada func¸a˜o gama, denotada por Γ, e sua importancia diante do CF. 5. Pesquise sobre as poss´ıveis similaridades da chamada Func¸a˜o de Mittag-Leffler no contexto do ca´lculo fraciona´rio e a func¸a˜o ex no contexto do ca´lculo dife- rencial e integral usual. 6 Ca´lculo Fraciona´rio: Aspectos Histo´ricos Cap´ıtulo 2 Conceitos Preliminares Nesse cap´ıtulo apresentaremos alguns resultados de Transformadas de Laplace (TL), func¸o˜es gama, func¸a˜o beta, func¸a˜o de Gel’Fand Shilov e de Mittag-Leffler . Todos esses resultados sa˜o essenciais para o desenvolvimento dos pro´ximos cap´ıtulo, em que sera˜o abordadas as integrais e derivadas de ordem na˜o-inteira e algumas aplicac¸o˜es. 2.1 Transformada de Laplace Vamos apresentar no formato de revisa˜o a Transformada de Laplace e a metodologia das transformadas integrais para se resolver uma equac¸a˜o diferencial. A demons- trac¸a˜o de algumas propriedades na˜o sera´ feita e deve ser encarada como exerc´ıcio. Definic¸a˜o 2.1. Sendo f : [0,∞) −→ R, definimos a sua TL, denotada por L [f(t)] e F (s) como L [f(t)] ≡ F (s) = ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt, (2.1.1) com Re(s) > 0, sempre que a integral existir. 2.1.1 Existeˆncia da TL A existeˆncia da TL e´ garantida para uma classe bastante ampla de func¸o˜es ditas admiss´ıveis, que satisfazem os crite´rios: (a) ser integra´vel por partes; (b) ser de ordem exponencial, isto e´, existirem α,M ∈ R tais que f(t) = Meαt. As func¸o˜es sin t , cost, polinomiais, exponenciais e suas combinac¸o˜es lineares sa˜o admiss´ıveis. Ja´ as func¸o˜es ln t, tan t, fatorial, tt e et 2 na˜o sa˜o. 2.1.2 Exemplos Exemplo 2.1. Algumas TL: (a) L [1] = 1 s (b) L [t] = 1 s2 8 Conceitos Preliminares (c) L [sin t] = 1 s2 + 1 (d) L [cos t] = s s2 + 1 Propriedade 2.1. Linearidade 1: Sejam f(t) e g(t) func¸o˜es admiss´ıveis com TL, F (s) e G(s), respectivamente. Enta˜o, para escalares α e β: L [αf(t) + βg(t)] = αF (s) + βG(s). Propriedade 2.2. Escada: Seja L [f(t)] = F (s), enta˜o L [f(at)] = 1 a F ( s a ) . Demonstrac¸a˜o: Seja L [f(t)] = ∫∞ 0 e−stf(t)dt ≡ F (s). L [f(at)] = ∫ ∞ 0 e−stf(at)dt u=at= ∫ ∞ 0 e− s auf(u) 1 a du = 1 a ∫ ∞ 0 e− s auf(u)du = 1 a F ( s a ) . Propriedade 2.3. Sejam L [f(t)] = F (s) e n ∈ N, temos L [tnf(t)] = (−1)n d nF (s) dsn . (2.1.2) Demonstrac¸a˜o: Notemos que de−st ds = −te−st =⇒ d ne−st dsn = (−1)ntne−st, isto e´, (−1)n d ne−st dsn = tne−st. Logo, L [tnf(t)] = ∫ ∞ 0 e−sttnf(t)dt = ∫ ∞ 0 (−1)n d ne−st dsn f(t)dt = (−1)n d n dsn ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt = (−1)n d nF (s) dsn . Exemplo 2.2. Determine a TL das seguintes func¸o˜es: (a) sin(at). L [sin t] = 1 a 1( s a )2 + 1 = a s2 + a2 . 1Esta propriedade decorre do fato da TL ser definida em termos de uma integral, que e´ um oerador linear. Transformada de Laplace 9 (b) t sin(at). L [t sin(at)] = (−1)1 d ds ( a s2 + a2 ) = −1(−a)2s(s2 + a2)−2 = 2as (s2 + a2)2 . (c) tn. L [tn] = L [tn.1] = (−1)n d n dsn ( 1 s ) = (−1)n(−1)nn!s−(n+1) = n! sn+1 . 2.1.3 TL das derivadas de f(t) Propriedade 2.4. Seja L [f(t)] = F (s), enta˜o L [f ′(t)] = sF (s)− f(0). Demonstrac¸a˜o: L [f ′(t)] = ∫ ∞ 0 e−stf ′(t)dt = e−stf(t) ∣∣∣∣∣ ∞ 0 + s ∫ ∞ 0 e−stf(t)dt = sF (0)− f(0). Propriedade 2.5. Seja L [f(t)] = F (s), enta˜o L [f ′′(t)] = s2F (s)− sf(0)− f ′(0). Demonstrac¸a˜o: L [f ′′(t)] = ∫ ∞ 0 e−stf ′′(t)dt = e−stf ′(t) ∣∣∣∣∣ ∞ 0 + s ∫ ∞ 0 e−stf ′(t)dt︸ ︷︷ ︸ L [f ′(t)] = s2F (s)− sf(0)− f ′(0). Propriedade 2.6. SejaL [f(t)] = F (s), enta˜oL [f (n)(t)] = snF (s)− n−1∑ k=0 sn−1−kf (k)(0). 2.1.4 Transformada de Laplace Inversa Como o operador inverso da TL existe, e´ u´nico e esta´ bem definido, neste material vamos utilizar este fato, ou seja, vamos supor que L [f(t)] = F (s) enta˜o o operador L −1 e´ o operador tal que L −1 [F (s)] = L −1 [L [f(t)]] = f(t). Exemplo 2.3. Como L [eat] = 1 s− a , enta˜o L −1 [ 1 s− a ] = L −1 [L [eat]] = eat. 2.1.5 Produto de Convoluc¸a˜o Naturalmente a TL do produto na˜o e´ o produto das transformadas (por exemplo L [1] = 1 s e L [1.1] = L [1] 6= L [1].L [1]). A convoluc¸a˜o ou produto de convoluc¸a˜o e´ um produto conveniente no sentido em que esta propriedade e´ va´lida. 10 Conceitos Preliminares Definic¸a˜o 2.2. Sejam f, g : [0,∞) −→ R, func¸o˜es admiss´ıveis com TL dadas por F (s) e G(s), respectivamente. Definimos a convoluc¸a˜o (de Laplace) entre f e g como (f ∗ g) (t) = ∫ t 0 f(t− τ)g(τ)dτ. (2.1.3) Teorema 2.1. (Convoluc¸a˜o) Com as hipo´teses da definic¸a˜o anterior temos L [(f ∗ g) (t)] = L [f(t)] .L [g(t)] = F (s)G(s). (2.1.4) Corola´rio 2.1. Com as hipo´teses da definic¸a˜o anterior temos: L [(F (s).F (s))] = L −1L [[(f ∗ g) (t)]] = (f ∗ g) (t) (2.1.5) Exemplo 2.4. Resolva o problema de valor inicial (PVI): y′′(t) + y(t) = sin(2t), y(0) = 2 e y′(0) = 1. Resolvendo esse problema por TL temos que L [y′′(t) + y(t)] = L [sin(2t)], e pela linearidade L [y′′(t)] +L [y(t)] = L [sin(2t)]. Seque que Y (s) = 2s s2 + 1 + 1 s2 + 1 + 2 s2 + 4 1 s2 + 1 . Aplicando a TL inversa e sabendo que L −1 [ s s2 + 1 ] = cos t , L −1 [ 1 s2 + 1 ] = sin t , L −1 [ 2 s2 + 4 ] = sin(2t) e L −1 [ 2 s2 + 4 . 1 s2 + 1 ] = L −1 [L [sin 2t ∗ sin t]] = sin 2t ∗ sin t = ∫ t 0 sin(t− τ) sin(2τ)dτ = −1 3 sin 2t+ 2 3 sin t, conclu´ımos que a soluc¸a˜o do PVI e´ dado por y(t) = 2 cos t+ 5 3 sin t− 1 3 sin 2t. 2.2 Func¸a˜o Gama Essa func¸a˜o conhecida como func¸a˜o de Euller de 2a espe´cie tem grande importaˆncia em diversas a´reas do conhecimento como, por exemplo, na estat´ıstica (distribuic¸a˜o de probabilidade) e na f´ısica quaˆntica (espalhamento e transformadadas integrais). Neste livro a func¸a˜o Gama desempenha um papel central na conversa˜o e genera- lizac¸a˜o do ca´lculo usual no ca´lculo de ordem na˜o inteira. Definic¸a˜o 2.3. A func¸a˜o Γ : D ⊂ C −→ C pode ser definida como Γ(z) = ∫ ∞ 0 tz−1e−tdt, para Re(z) > 0. (2.2.6) Para z = a + bi, com a > 0 a func¸a˜o Gama e´ anal´ıtica (isto e´, cont´ınua e diferencia´vel). Func¸a˜o Gama 11 2.2.1 Relac¸o˜es envolvendo a func¸a˜o Gama 1. Tomando t = sv em (2.1) temos Γ(z) = ∫ ∞ 0 (sv)z−1e−svsdv = sz ∫ ∞ 0 vz−1e−svdv, da´ı Γ(z) = szL [tz−1], para t ≥ 0. (2.2.7) 2. Fatorial: Pela equac¸a˜o (2.2.7), para z = n+ 1, n ∈ N, temos: Γ(n+ 1) = sn+1L [tn] = sn+1 ( n! sn+1 ) = n! (2.2.8) 3. Relac¸a˜o funcional: Γ(z + 1) = zΓ(z). Resolvendo a integral Γ(z + 1) = ∫ ∞ 0 tze−tdt por partes Γ(z + 1) = ztz−1e−t ∣∣∣∣∣ ∞ 0︸ ︷︷ ︸ 0 +z ∫ ∞ 0 tz−1e−tdt︸ ︷︷ ︸ Γ(z) , Γ(z + 1) = zΓ(z). (2.2.9) 2.2.2 Extensa˜o da Func¸a˜o Gama A Func¸a˜o Gama converge para valores de z tais que Re(z) > 0. A fim de obter a definic¸a˜o da func¸a˜o gama para todo plano complexo vamos escrever a equac¸a˜o (2.1) como Γ(z) = ∫ 1 0 tz−1e−t︸ ︷︷ ︸ I1 + ∫ ∞ 1 tz−1e−tdt︸ ︷︷ ︸ I2 . (2.2.10) Temos que I2 converge em todo plano complexo, desta forma, para obter a func¸a˜o gama para valores cuja parte real e´ menor do que zero devemos analisar I1. I1 = ∫ 1 0 tz+n tn+1 [ e−t − ( 1− t+ t 2 2 − t 3 3! + . . .+ (−1)n t n n! ) + + ( 1− t+ t 2 2 − t 3 3! + . . .+ (−1)n t n n! )] dt. I1 = ∫ 1 0 tz+n tn+1 [ e−t − ( 1− t+ t 2 2 − t 3 3! + . . .+ (−1)n t n n! )] dt+ + ∫ 1 0 n∑ k=0 (−1)ktz−1+k k! dt I1 = ∫ 1 0 tz+n tn+1 [ e−t − n∑ k=0 (−1)ntk k! ] dt+ n∑ k=0 (−1)k k!(z + k) . 12 Conceitos Preliminares Tomando n −→∞, temos I1 = n∑ k=0 (−1)n k!(z + k) , pois e−t = n∑ k=0 (−1)ktk k! . Enta˜o (2.2.10) e´ dada por Γ(z) = ∫ ∞ 1 tz−1e−tdt+ ∞∑ k=0 (−1)k k!(z + k) (2.2.11) A expressa˜o (2.2.11) e´ conhecida como expansa˜o de Mittag-Leffler da func¸a˜o gama e a partir dela notamos que a singularidade da func¸a˜o gama ocorre em Z− . Figura 2.1: Func¸a˜o Gama. 2.3 Func¸a˜o Beta Definic¸a˜o 2.4. Denotada por B(z, ς) com Re(z) e Re(ς) > 0 maiores que zero a func¸a˜o beta e´ definida por B(z, ς) = ∫ 1 0 tz−1(1− t)ς−1dt. (2.3.12) Tomando µ = 1−t observamos que a func¸a˜o beta e´ sime´trica (B(z, ς) = B(ς, z)). A func¸a˜o beta esta´ relacionada com a func¸a˜o gama atrave´s da fo´rmula: B(z, ς) = Γ(z)Γ(ς) Γ(z + ς) (2.3.13) Embora existam outras propriedades e aplicac¸o˜es para func¸a˜o beta na˜o iremos avanc¸ar neste sentido. 2.4 Func¸a˜o de Gel’Fand Shilov Crucial para apresentar a Integral Fraciona´ria de maneira simples (como uma con- voluc¸a˜o de Laplace) definimos a func¸a˜o a seguir. Func¸a˜o de Mittag-Leffler 13 Definic¸a˜o 2.5. Sendo n ∈ R, definimos a func¸a˜o Gel’Fand Shilov de ordem n como: φn(t) = tn−1 (n− 1)! , se t ≥ 0 0 , se t < 0 . (2.4.14) A partir da generalizac¸a˜o do fatorial pela func¸a˜o gama podemos escrever a func¸a˜o Gel´Fand Shilov de ordem ν ∈ C− Z− como: φν(t) := tν−1 Γ(ν) , se t ≥0 0 , se t < 0 . (2.4.15) Exemplo 2.5. Calcularemos a transformada de Laplace(TL)da func¸a˜o de Gel’Fand Shilov. Ao aplicar a TL e fazer w = st: L [φν(t)] = ∫ ∞ 0 φν(t)e −stdt = ∫ ∞ 0 tν−1 Γ(ν) e−stdt = 1 Γ(ν) ∫ ∞ 0 (w s )ν−1 e−w 1 s dw = s−ν Γ(ν) ∫ ∞ 0 wν−1e−wdw = 1 sνΓ(ν) Γ(ν) = 1 sν . Portanto, L [φν(t)] = s −ν . (2.4.16) 2.5 Func¸a˜o de Mittag-Leffler Conhecida por muitos autores como “rainha das func¸o˜es especiais” [2] a func¸a˜o de Mittag-Leffler (e suas generalizac¸o˜es) desempenha no Ca´lculo Fraciona´rio um papel similar ao que a func¸a˜o exponencial desempenha no Ca´lculo usual, tanto no sentido de soluc¸a˜o de uma equac¸a˜o diferencial quanto no sentido da derivada ser mu´ltipla da func¸a˜o. Definic¸a˜o 2.6. Sejam z, α ∈ C com Re(α) > 0. A cla´ssica func¸a˜o de Mittag-Leffler (FML), conforme introduzida em 1903 e´ dada por [2, 15]. Eα(z) = ∞∑ k=0 zk Γ(kα+ 1) . (2.5.17) . Tomando a Se´rie de Taylor para a func¸a˜o exponencial e α = 1 observamos que E1(z) = e z. 14 Conceitos Preliminares Figura 2.2: Func¸a˜o Mittag-Leffler com α inteiro. 2.5.1 Func¸a˜o de Mittag-Leffler com dois paraˆmetros Definic¸a˜o 2.7. Sendo β ∈ C com Re(β) > 0 e Re(α) > 0 definimos a FML de dois paraˆmetros como: Eα,β(z) = ∞∑ k=0 zk Γ(kα+ β) . (2.5.18) 2.5.2 Exemplos e casos particulares A FML e suas generalizac¸o˜es teˆm uma se´rie de casos particulares e aplicac¸o˜es (de fato, no estudo das transformadas integrais e das func¸o˜es especiais e´ imprescend´ıvel a ana´lise das FML). Aqui vamos apresentar alguns exemplos simples. Exemplo 2.6. E2(−z2) = ∞∑ k=0 (−z2)k Γ(2k + 1) = ∞∑ k=0 (−1)k.z2k Γ(2k + 1) = ∞∑ k=0 (−1)k.z2k (2k)! = cos z. Exemplo 2.7. zE2,2(−z2) = z ∞∑ k=0 (−z2)k Γ(2k + 2) 2.5.3 Transformada de Laplace Calculemos a TL de tβ−1Eα,β (atα). Func¸a˜o de Mittag-Leffler 15 Figura 2.3: Func¸a˜o Mittag-Leffler com 0 < α ≤ 1. L [ tβ−1Eα,β (atα) ] = ∫ ∞ 0 tβ−1Eα,β (atα) e−stdt = ∫ ∞ 0 tβ−1e−st ∞∑ k=0 (atα)k Γ(αk + β) dt = ∞∑ k=0 ak Γ(αk + β) ∫ ∞ 0 tαk+β−1e−stdt u=st = ∞∑ k=0 ak Γ(αk + β) ∫ ∞ 0 (u s )αk+β−1 e−u 1 s dt = ∞∑ k=0 ak Γ(αk + β) 1 sαk+β ∫ ∞ 0 uαk+β−1e−udu = ∞∑ k=0 ak Γ(αk + β) 1 sαk+β Γ(αk + β) = ∞∑ k=0 ak sαk+β = 1 sβ ∞∑ k=0 ( a sα )k . Sejam a, s e α tais que ∣∣∣∣∣ asα ∣∣∣∣∣ < 1, segue que: L [ tβ−1Eα,β (atα) ] = 1 sβ ( 1 1− asα ) = sα−β zα − a Enta˜o, o par de transformadas de Laplace da func¸a˜o de Mittag-Leffler com dois paraˆmetros e´ dada por: L [ tβ−1Eα,β(atα) ] = sα−β sα − a (2.5.19) L −1 [ sα−β sα − a ] = tβ−1Eα,β(atα). 2.6 Exerc´ıcios 1. Resolva a equac¸a˜o diferencial y′′−y′−2y = 0 com condic¸o˜es iniciais y(0) = 1, y′(0) = 0. 2. Prove a propriedade (2.6) . 3. Utilize o produto de convoluc¸a˜o para calcular a transformada de Laplace in- versa de F (s) = 1 s2(s2 + 1) . 4. (a) Mostre queL [eat cos(bt)] = s− a (s− a)2 + b2 eL [e at sin(bt)] = b (s− a)2 + b2 . (b) Utilize as expresso˜es anteriores para recuperar o valor da transformada de Laplace de sin bt, cos bt e eat. 5. Mostre que : (a) E2(z 2) = cosh(z) (b) zE2,2(z 2) = sinh(z) 6. Calcule: Γ ( 1 2 ) . 7. Mostre que φα(t) ∗ φβ(t) = φα+β(t). Cap´ıtulo 3 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Inicialmente sera´ feito a formalizac¸a˜o da integral fraciona´ria segundo Riemann- Liouville. Em seguida, a definic¸a˜o de derivada fraciona´ria sera´ feita a partir das ideias de Riemann-Liouville e tambe´m de Caputo. Ambas necessitam da definic¸a˜o de integral fraciona´ria para a formulac¸a˜o da derivada fraciona´ria, por esse motivo e´ necessa´rio definir primeiro a integral fraciona´ria e depois a derivada fraciona´ria [2, 20]. Vamos apresentar a derivada fraciona´ria como sendo o operador inverso a es- querda da integral fraciona´ria. A integral fraciona´ria, por sua vez sera´ introduzida como sendo uma generalizac¸a˜o do operador integral que sera´ apresentado a seguir. Do ponto de vista alge´brico a definic¸a˜o e´ clara, mas do ponto de vista geome´trico ainda e´ confuso. 3.1 Integral Fraciona´ria A seguir apresentamos a motivac¸a˜o para a definic¸a˜o de integral fraciona´ria. Definic¸a˜o 3.1. Seja f : [0,∞) → R uma func¸a˜o cont´ınua por partes no intervalo [0,∞) e integra´vel em todo subintervalo de [0,∞). Definimos o operador integral I, agindo sobre f(t), como If(t) = ∫ t 0 f(s)ds e por Ikf(t) = (II...I)f(t). Observe que I2f(t) = ∫ t 0 If(s)ds. 17 joaol Realce 18 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Utilizando o Teorema de Fubinni [9], vem I2f(t) = ∫ t 0 ∫ s 0 f(ξ)dξds = ∫ t 0 ∫ t ξ f(ξ)dsdξ = ∫ t 0 f(ξ)(t− ξ)dξ. Da´ı I3f(t) = ∫ t 0 I2f(s)ds = ∫ t 0 ∫ s 0 f(ξ)(t− ξ)dξds = ∫ t 0 ∫ t ξ (s− ξ)f(ξ)dsdξ = ∫ t 0 (t− ξ)2 2 f(ξ)dξ. Usando esse procedimento sucessivamente, temos Inf(t) = ∫ t 0 (t− s)n−1 (n− 1)! f(s)ds. Como Γ(n) = (n− 1)! para n ∈ Z+, vem Inf(t) = 1 Γ(n) ∫ t 0 (t− s)n−1f(s)ds. (3.1.1) Teorema 3.1. Sendo f como na definic¸a˜o anterior, n ∈ N, t ∈ R+, temos que Inf(t) = φn(t) ∗ f(t), na qual * denota a convoluc¸a˜o de Laplace e φn(t) a func¸a˜o Gel’fand-Shilov (2.4.14). Demonstrac¸a˜o: A partir da definic¸a˜o 3.4 e pela definic¸a˜o de produto convoluc¸a˜o, vem (φα ∗ f)(t) = ∫ t 0 φα(t− s)f(s)ds = ∫ t 0 (t− s)α−1 Γ(α) f(s)ds = 1 Γ(α) ∫ t 0 (t− s)α−1f(s)ds. Portanto, (φα ∗ f)(t) = Iαf(t). A partir do que foi apresentado acima, temos a seguinte definic¸a˜o Integral Fraciona´ria 19 Definic¸a˜o 3.2. A integral fraciona´ria de ordem ν de uma func¸a˜o integra´vel f : [0,∞[→ R, denotada por Iν e´ definida como Iνf(t) = φν(t) ∗ f(t) = 1 Γ(ν) ∫ t 0 (t− τ)ν−1f(τ)dτ = 1 Γ(ν) ∫ t 0 f(τ) (t− τ)1−ν dτ Observac¸a˜o 3.1. Embora essa definic¸a˜o seja absolutamente rigorosa do ponto de vista alge´brico, a interpretac¸a˜o f´ısica e geome´trica deste operador ainda na˜o esta´ clara. Exemplo 3.1. Seja f(t) = tn, com n ∈ N, verifique que Iνf(t) = t ν+µΓ(µ+ 1) Γ(ν + µ+ 1) . De fato, usando a definic¸a˜o (3.2), temos que Iνtn = 1 Γ(ν) ∫ t 0 (t− τ)ν−1τndτ Tomando u = τ t , vem Iνtn = tν−1 Γ(ν) ∫ 1 0 (1− u)ν−1(ut)ntdu = tν+n Γ(ν) ∫ 1 0 (1− u)ν−1undu Usando a relac¸a˜o entre func¸a˜o beta e func¸a˜o gama (2.3.13), conclu´ımos Iνtn = Γ(n+ 1) Γ(ν + n+ 1) tν+n (3.1.2) 3.1.1 Considerac¸o˜es sobre o exemplo anterior 1. Note que na demonstrac¸a˜o do exemplo (3.1) na˜o foi utilizado o fato de n ser natural (exceto pela existeˆncia de Γ(n+ 1)), ou seja, de modo geral, temos Iνtλ = Γ(λ+ 1)tν+λ Γ(λ+ 0 + 1) para Re(λ) ≥ −1. 2. Para n, k ∈ N, temos Intk = k! (k + n)! tn+k. 3. Operador integral × integral indefinida. • Para o operador integral, para n, k = 1, temos It = t2 2 ; ... Int = 1! (n+ 1)! tn+1. 20 Integrais e Derivadas Fraciona´rias • Para a integral indefinida, temos:∫ tdt = t2 2 + c1∫ ( t2 2 + c1 ) dt = t3 3! + c1t+ c2 ...∫ ∫ ... ∫ tdt = tn+1 (n+ 1)! + c1 tn−1 (n− 1)! + ...+ cn No caso em que f(0) = 0 = f ′(0) = f ′′(0) = ...fn(0), o operador integral e´ igual a integral indefinida. 3.1.2 Escolha do limite inferior Quando definimos o operador integral If(t) = ∫ t 0 f(τ)dτ, o limite inferior da integral foi escolhido. De fato, ao inve´s de 0 poder´ıamos ter tomado o mesmo como sendo uma constante arbitra´ria c ou como sendo −∞. Ale´m disso, poder´ıamos ter tomado a integrala partir de valores maiores que t, isto e´ Ibf(t) = ∫ b t f(τ)dτ. Essas observac¸o˜es e procedimentos similares aos que foram feitos para o operador integral fraciona´rio da˜o origem a diversas definic¸o˜es, que sera˜o apresentadas a seguir. Para mais detalhes veja [2]. 3.2 Integral fraciona´ria de Riemann-Liouville Definic¸a˜o 3.3. Sejam a, b, tais que −∞ < a < b <∞. Definimos Iαa+f(t) = 1 Γ(α) ∫ t a f(τ) (t− τ)1−α dτ Iαb−f(t) = 1 Γ(α) ∫ b t f(τ) (t− τ)1−α dτ Exemplo 3.2. 1. Iαa+(t− a)β−1 = Γ(β) Γ(α+ β) (t− a)β+α−1 2. Iαb−(b− t)β−1 = Γ(β) Γ(α+ β) (b− t)β+α−1 3.2.1 Lei dos expoentes A lei dos expoentes ocupa um papel de destaque no ca´lculo fraciona´rio e embora na˜o seja sempre va´lida para a derivada fraciona´ria esta propriedade e´ verificada para a integral fraciona´ria [4, 5, 20]. Teorema 3.2. Sejam α, β ≥ 0 temos que Iα[Iβf(t)] = Iα+βf(t), e IαIβ = IβIα. Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville 21 Demonstrac¸a˜o: Como Iα[Iβf(t)] = Iα[φβ(t) ∗ f(t)] = φα(t) ∗ φβ(t) ∗ f(t) e Iα+βf(t) = φα+β(t)∗f(t). Vamos mostrar que φα(t)∗φβ(t) = φα+β(t) = φβ+α(t). Pela definic¸a˜o de produto de convoluc¸a˜o, vem φα(t) ∗ φβ(t) = ∫ t 0 φα(t− τ)φβ(τ)dτ = ∫ t 0 (t− τ)α−1 Γ(α) τβ−1 Γ(β) dτ = 1 Γ(α)Γ(β) ∫ t 0 (t− τ)α−1τβ−1dτ Tomando u = τ t , obtemos = tα−1 Γ(α)Γ(β) ∫ 1 0 (1− u)α−1(ut)β−1tdu = tα+β−1 Γ(α)Γ(β) ∫ 1 0 (1− u)α−1uβ−1du = tα+β−1 Γ(α+ β) = φα+β(t). A u´ltima passagem acima e´ justificada pela utilizac¸a˜o da definic¸a˜o de func¸a˜o beta e pela relac¸a˜o entre func¸a˜o Gama e Beta. A comutatividade e´ imediata. Com isso conclu´ımos o resultado. Com o avanc¸o do ca´lculo de ordem na˜o inteira, surgiram va´rias formulac¸o˜es para os conceitos de integral e derivada de ordem arbitra´ria. Dentre esses conceitos podemos destacar, as derivadas de ordem fraciona´ria de Riemann-Liouville, Caputo, Gru¨nwald−Letnikov, Weyl, Riez, entre outras definic¸o˜es. Mais informac¸o˜es podem ser vistas em [2, 5, 20]. A seguir apresentaremos as definic¸o˜es de derivada de Riemann-Liouville, Caputo e Grunwald-Letnikov. 3.3 Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville A definic¸a˜o de derivada de ordem fraciona´ria de Riemann-Liouville e´ uma con- sequeˆncia direta do Teorema Fundamental do Ca´lculo [9]. A partir desse teorema, se f : [0, b]→ R e´ uma func¸a˜o cont´ınua e se F : [0, b]→ R e´ a func¸a˜o definida por F (x) = ∫ x 0 f(t)dt, enta˜o F e´ diferencia´vel e F ′ = f. joaol Realce 22 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Por esse teorema temos que (DIf)(t) = f(t). De forma geral, e´ fa´cil ver por induc¸a˜o finita que para todo m ∈ N a relac¸a˜o (DmImf)(t) = f(t), (3.3.3) e´ verdadeira, em que Dmf = (DD...D)f e´ a composic¸a˜o m vezes do operador derivada de ordem m de f . Sejam m, n ∈ N tal que m e´ o menor inteiro maior que n e f : [0, b]→ R e´ uma func¸a˜o cont´ınua que admite derivadas ate´ ordem n, usando a relac¸a˜o (3.3.3) temos Dm−nIm−nf(t) = f(t). Por outro lado, aplicando o operador Dn em ambos os lados DmIm−n = Dnf(t), como a integral fraciona´ria pode ser definida para nu´meros na˜o inteiros α > 0, enta˜o Dαf(t) = DmIm−αf(t). Portanto a discussa˜o anterior motiva a seguinte definic¸a˜o formal. Definic¸a˜o 3.4. Sejam ν > 0 e n o menor inteiro maior que ν, assim a derivada fraciona´ria de Riemann-Liouville de ordem ν da func¸a˜o f e´ dada por DνRf(t) = D n[In−νf(t)], Observac¸a˜o 3.2. Definimos o operador integral Iα tal que I0f(t) = f(t). Com isso, se ν = n, n ∈ N enta˜o Dν = Dn[In−νf(t)] = Dn[I0f(t)] = Dnf(t) Exemplo 3.3. A derivada de ordem ν segundo Riemann-Liouville de f(t) = tµ, µ > −1 e µ 6= 0 e´ DνRf(t) = Γ(µ+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν . (3.3.4) De fato, usando a definic¸a˜o de derivada segundo Riemann-Liouville temos DνRf(t) = [I n−νtµ] O resultado do lado direito da equac¸a˜o acima e´ dado pela equac¸a˜o (3.1.2), com isso DνRf(t) = D n [ Γ(µ+ 1) Γ(n− α+ µ+ 1) t n−ν+µ ] = Γ(µ+ 1) Γ(n− ν + µ+ 1)D n[tn−ν+µ] = Γ(µ+ 1) Γ(n− ν + µ+ 1) Γ(µ− ν + n+ 1) Γ(µ− ν + 1)tµ−ν = Γ(µ+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν joaol Realce Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville 23 Exemplo 3.4. Sendo t0 = 1, calcule DαRt 0. De fato, DαRt 0 = Dn[In−αt0] = Dn [ Γ(1) Γ(n− α+ 1) t n−α ] = Γ(1) Γ(n− α+ 1)D n[tn−α] Usando o resultado do exemplo anterior, temos DαRt 0 = t−α Γ(1− α) Portanto a derivada segundo Riemann-Liouville de uma constante na˜o e´ igual a zero. Este e´ um fato importante mas na˜o contraria a noc¸a˜o usual de que no caso inteiro a derivada e´ a taxa de variac¸a˜o, pois para k ∈ Z− = {0,−1,−2,−3, ...} temos |Γ(k)| → ∞. Da´ı Dαt0 = t−α Γ(1− α) se α 6∈N 0 se α ∈ N. Em particular D 1 2 t0 = t− 1 2 Γ( 12 ) = 1√ pit . O pro´ximo teorema nos diz como se comporta a composic¸a˜o a direita e a esquerda entre a derivada e a integral fraciona´ria de Riemann-Liouville. Mais informac¸o˜es podem ser vistas em [2, 5, 20]. Teorema 3.3. Sa˜o va´lidas as composic¸o˜es a direita e a esquerda para os operadores integral e derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville. DνRI νf(t) = f(t) IνDνRf(t) = f(t)− m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 1) t ν−kDm−kIm−νf(0). Demonstrac¸a˜o: Temos DνRI νf(t) = DmIm−νIνf(t) = DmImf(t). Por outro lado, note que IνDνRf(t) = DI ν+1Dνf(t) = D[Iν+1Dνf(t)]. 24 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Logo, IνDνRf(t) = d dt [ 1 Γ(ν + 1) ∫ t 0 (t− s)νDνf(s)ds ] = d dt [ 1 Γ(ν + 1) ∫ t 0 (t− s)νDmIm−νf(s)ds. ] Integrando sucessivamente por partes, vem que 1 Γ(ν + 1) ∫ t 0 (t− s)νDmIm−νf(s)ds = 1 Γ(ν + 1) [(t− s)νDm−1Im−νf(s)]t0 − 1 Γ(ν + 1) {∫ t 0 ν(t− s)ν−1Dm−1Im−νf(s)ds } = 1 Γ(ν + 1) [−tνDm−1Im−νf(0)]− 1 Γ(ν) ∫ t 0 (t− s)ν−1Dm−1Im−νf(s)ds = 1 Γ(ν + 1) [−tνDm−1Im−νf(0)]− 1 Γ(ν) [(t− s)ν−1Dm−2Im−νf(s)]t0 − 1 Γ(ν) {∫ t 0 (ν − 1)(t− s)ν−2Dm−2Im−νf(s)ds } = 1 Γ(ν + 1) [−tνDm−1Im−νf(0)]− 1 Γ(ν) [−tν−1Dm−2Im−νf(0)] + 1 Γ(ν − 1) ∫ t 0 (t− s)ν−2Dm−2Im−νf(s)ds = 1 Γ(ν + 1) [−tνDm−1Im−νf(0)]+ 1 Γ(ν) [−tν−1Dm−2Im−νf(0)] + 1 Γ(ν − 1) ∫ t 0 (t− s)ν−2Dm−2Im−νf(s)ds ... = 1 Γ(ν + 1) [−tνDm−1Im−νf(0)]+− 1 Γ(ν) [−tν−1Dm−2Im−νf(0)]+ ...+ + 1 Γ(ν + 1− (m− 1)) [−t ν−(m−1)Im−νf(0)] + 1 Γ(ν −m+ 1) ∫ t 0 (t− s)ν−mIm−νf(s)ds = − m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 2) [t ν−k+1Dm−kIm−νf(0)] + 1 Γ(ν −m+ 1) ∫ t 0 (t− s)ν−mIm−νf(s)ds = − m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 2) [t ν−k+1Dm−kIm−νf(0)] + Iν−m+1Im−νf(t) = − m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 2) [t ν−k+1Dm−kIm−νf(0)] + If(t). Portanto, IνDνRf(t) = d dt { − m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 2) [t ν−k+1Dm−kIm−νf(0)] + If(t) } = − m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 1) t ν−kDm−kIm−νf(0)] + f(t). Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville 25 Disto segue que, IνDνRf(t) = f(t)− m∑ k=1 1 Γ(ν − k + 1) t ν−kDm−kIm−νf(0)]. A pro´xima propriedade fornece a condic¸a˜o suficiente para que a derivada de Riemann-Liouville de uma func¸a˜o f coincida com a derivada de Riemann-Liouville de uma func¸a˜o g. Propriedade 3.1. A igualdade DβRf(t) = D β Rg(t) e´ va´lida, se, e somente se, f(t) = g(t) + n∑ j=1 cjt β−j , com t > 0 e n− 1 < β < n. (3.3.5) Demonstrac¸a˜o: Condic¸a˜o necessa´ria. Para n ∈ N, pode-se induzir do ca´lculo usual que Df(t) = Dg(t)⇔ f(t) = g(t) + a1 D2f(t) = D2g(t)⇔ f(t) = g(t) + a1t+ a2. Assim sucessivamente Dnf(t) = Dng(t)⇔ f(t) = g(t) + n−1∑ i=0 ait i. (3.3.6) Por outro lado, DβRf(t) = D β Rg(t)⇔ Dn[In−βf(t)] = Dn[In−βg(t)]. Note que n e´ inteiro, enta˜o de (3.3.6), podemos escrever In−βf(t) = [In−βg(t)]+ n−1∑ i=0 ait i. Aplicando o operador derivada em ambos os lados e usando o teorema 3.3 Dn−βR I n−βf(t) = Dn−βR [ In−βg(t) + n−1∑ i=0 ait i ] f(t) = Dn−βR [I n−βg(t)] +Dn−βR [ n−1∑ i=0 ait i ] . Logo, f(t) = g(t) + n−1∑ i=0 aiD n−β R [t i]. (3.3.7) Analisando Dn−βR [t i] da equac¸a˜o (3.3.7) e usando o exemplo (3.3), obtemos Dn−βR t i = Γ(i+ 1) Γ(i− (n− β) + 1) t −n+β+i = Γ(i+ 1) Γ(i− n+ β + 1) t −n+β+i. 26 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Substituindo esse u´ltimo resultado na equac¸a˜o (3.3.7) f(t) = g(t) + n−1∑ i=0 ai [ Γ(i+ 1) Γ(i− n+ β + 1) t −n+β+i ] = g(t) + a0Γ(1)t β−n Γ(β − n+ 1) + a1Γ(2)t β−n+1 Γ(β − n+ 2) + ...+ an−1Γ(n)tβ−1 Γ(β) = g(t) + c1t β−1 + c2tβ−2 + ...+ cntβ−n = g(t) + n∑ j=1 cjt β−j . Condic¸a˜o suficiente. Aplicando o operador derivada em ambos os lados de (3.3.5) DβRf(t) = D β Rg(t) +D β R n∑ j=1 cjt β−j . (3.3.8) Enta˜o, o segundo termo da equac¸a˜o (3.3.8) pode ser escrito como DβR n∑ j=1 cjt β−j = Dn In−β n∑ j=1 cjt β−j = Dn n∑ j=1 cjI n−β [tβ−j ]. De acordo com o exemplo (3.1) DβR n∑ j=1 cjt β−j = Dn n∑ j=1 cj [ tn−jΓ(β − j + 1) Γ(n− j + 1) ] = n∑ j=1 ( cj Γ(β − j + 1) Γ(n− j + 1)D n[tn−j ] ) . Mas Dn[tn−j ] = 0, enta˜o, segue que DβR n∑ j=1 cjt β−j = 0. Portanto, de (3.3.8) conclu´ımos o resultado DβRf(t) = D β Rg(t). Derivada fraciona´ria segundo Riemann-Liouville 27 3.3.1 Transformada de Laplace Teorema 3.4. A transformada de Laplace da derivada de Riemann-Liouville de ordem β e´ dada por L[DβRf(t)] = sβF (s) − m−1∑ k=0 D(k)Im−βf(0)sm−k−1, em que L[f(t)] = F (s). Demonstrac¸a˜o: Pela definic¸a˜o 3.4 e aplicando a transformada de Laplace vem L[DβRf(t)] = L[Dm(Im−βf(t))]. Usando a propriedade 3.2 e o lema ?? L[DβRf(t)] = sm[s−m+βL[f(t)]]− m−1∑ k=0 D(k)Im−βf(0)sm−1−k = sβF (s)− m−1∑ k=0 D(k)Im−βf(0)sm−1−k. Observando a u´ltima expressa˜o vemos que o ca´lculo da transformada de La- place da derivada fraciona´ria de Riemann-Liouville depende das condic¸o˜es iniciais dadas na derivada fraciona´ria da func¸a˜o, ou seja, depende de condic¸o˜es que na˜o sa˜o suficientemente interpretadas. Este fato e´ uma das motivac¸o˜es para a introduc¸a˜o da derivada de Caputo que sera´ apresentada posteriormente. 3.3.2 Aplicac¸a˜o Em 1823 Abel desenvolveu um estudo que e´ tido como a primeira aplicac¸a˜o do ca´lculo de ordem na˜o inteira. Mais informac¸o˜es podem ser vistas em [2, 20]. Tal estudo tinha como objetivo determinar a curva S, na qual o tempo gasto por um objeto de massa m para deslizar (sem atrito), ate´ seu ponto de equil´ıbrio, independente do seu ponto de partida, seja o mesmo. Esse problema e´ conhecido como tauto´crona. A soluc¸a˜o proposta por Abel parte do princ´ıpio da conservac¸a˜o da energia total, isto e´, visto que o campo gravitacional e´ conservativo, a soma entre a energia cine´tica k(t) = mv2(t) 2 e a energia potencial, P (y(t)) = mgy(t) e´ constante. Com isso, queremos determinar S em func¸a˜o y. Como a part´ıcula esta´ restrita a mover-se pela curva, temos v(t) = dS(t) dt em que S e´ a distaˆncia na curva. No instante inicial a velocidade e´ zero e a altura e´ y(0), da´ı temos para um instante qualquer t que mg(y0) = mv2(t) 2 +mgy(t) v2(t) = 2g(y0 − y) = ± √ 2g(y0 − y) 28 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Da´ı dS dt = ± √ 2g(y0 − y) dS = ± √ 2g(y0 − y)dt dt = ± 1√ 2g (y0 − y)− 12 ds Como S ≡ S(y) enta˜o dS = ( dS dy ) dy, assim dt = ± 1√ 2g (y0 − y)− 12 ( dS dy ) dy (3.3.9) A medida em que o tempo passa a altura diminui, enta˜o dy dt < 0. Isso implica que na equac¸a˜o (3.3.9) devemos considerar apenas o sinal negativo. Por outro lado, seja τ o tempo total de descida de y0 ate´ 0, podemos escrever τ = ∫ 0 y0 − 1√ 2g (y0 − y)− 12 ( dS dy ) dy = − 1√ 2g ∫ y0 0 (y0 − y)− 12 ( dS dy ) dy = Γ( 12 )√ 2g ∫ y0 0 (y0 − y)− 12 Γ( 12 ) ( dS dy ) dy Tomando φ 1 2 (t) = t 1 2−1 Γ( 12 ) e φ 1 2 (t0 − t) = (t0−t) 1 2 Γ( 12 ) , obtemos τ = Γ( 12 )√ 2g [ φ 1 2 (y) ∗ ( dS dt )] = ( pi 2g ) 1 2 I 1 2 ( dS dy ) Como a derivada de Riemann-Liouville e´ o operador inverso da integral fraciona´ria vem D 1 2 τ = √( pi 2g ) D 1 2 I 1 2 ( dS dy ) τ√ piy = √ pi 2g dS dy dS dy = √ 2g pi τy− 1 2 Integrando ambos os lados a u´ltima equac¸a˜o obtemos S(y) = 2 √ 2g pi τy 1 2 . Derivada fraciona´ria segundo Caputo 29 3.4 Derivada fraciona´ria segundo Caputo A primeira definic¸a˜o de derivada fraciona´ria foi a de Riemann-Liouville, dada em (3.4), mas somente com a definic¸a˜o de Caputo algumas aplicac¸o˜es pra´ticas foram poss´ıveis. Para mais informac¸o˜es veja [?, 2, 8]. A seguir, a definic¸a˜o segundo Caputo [19]. Definic¸a˜o 3.5. Sejam f(t) uma func¸a˜o diferencia´vel, m ∈ N e ν 6∈ N tais que m− 1 < Re(ν) < m. A derivada de ordem ν no sentido de Caputo e´ definida como sendo a integral fraciona´ria de uma derivada de ordem inteira, de forma que a lei dos expoentes fac¸a sentido, isto e´1, Dνf(t) = Im−ν Dmf(t) = φm−ν ∗Dmf(t). (3.4.10) Observac¸a˜o 3.3. Note que a definic¸a˜o de derivada fraciona´ria segundo Caputo e´ mais restritiva que a definic¸a˜o de Riemann-Liouville, uma vez que requer a integra- bilidade da derivada de ordem n da func¸a˜o. Sempre que utilizarmos o operador DνC sera´ considerado que esta hipo´tese e´ satisfeita. Observac¸a˜o 3.4. Para α = n, temos: Dαf(t) = In−α[Dnf(t)] = I0[Dnf(t)] = Dn[f(t)] Exemplo 3.5. Para f(t) = t0, temos Dαt0 = In−α[Dnt0] = 0 Exemplo 3.6. A derivada de ordem ν segundo Caputo de f(t) = tµ, µ > −1 e µ 6= 0 e´ Γ(µ+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν . (3.4.11) Com efeito, note que Dntµ = µ(µ− 1)(µ− 2)...(µ− n+ 1)tµ−n, = Γ(µ+ 1) Γ(µ− n+ 1) t µ−n. Por outro lado DνCf(t) = I n−ν [Dnf(t)] = In−ν [ Γ(µ+ 1) Γ(µ− n+ 1) t µ−n ] = Γ(µ+ 1) Γ(µ− n+ 1)I n−ν [tµ−n] = Γ(µ+ 1) Γ(µ− n+ 1) Γ(µ− n+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν = Γ(µ+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν . 1Segue, como consequeˆncia da definic¸a˜o, que Dνtβ = tβ−νΓ(β+ 1)/Γ(β− ν + 1), que recupera o resultado cla´ssico quando ν = n e β = m, com n,m ∈ N. joaol Realce 30 Integrais e Derivadas Fraciona´rias Portanto Dαtµ ≡ DαRtµ. Teorema 3.5. Sejam DνRf(t) a derivada fraciona´ria de f segundo Riemann-Liouville, DνCf(t) a derivada fraciona´ria de f segundo Caputo e m o menor inteiro maior que ν. Assim, a igualdade e´ satisfeita DνRf(t) = D ν Cf(t) + m−1∑ k=0 tk−ν Γ(k − ν + 1)D kf(0). Demonstrac¸a˜o: Pela Definic¸a˜o 3.5, temos DνCf(t) = I m−ν [Dmf(t)] Aplicando o operador integral em ambos os lados IνDνCf(t) = I νIm−ν [Dmf(t)]. Pelo teorema 3.2, obte´m-se IνDνCf(t) = I ν+m−ν [Dmf(t)], = Im[Dmf(t)]. De acordo com o teorema 3.3, IνDνCf(t) = f(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) tk k! . Aplicando o operador derivada e pelo teorema 3.3 DνRI νDνCf(t) = D ν R [ f(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) tk k! ] = DνRf(t)−DνR n−1∑ k=0 Dkf(0) tk k! = DνRf(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) k! DνRt k. Da equac¸a˜o (3.4.11) vem DνRt k = Γ(k + 1) Γ(k − ν + 1) t −ν+µ. Enta˜o, DνCf(t) = D ν Rf(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) k! Γ(k + 1) Γ(k − ν + 1) t k−ν = DνRf(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) k! k! Γ(k − ν + 1) t k−ν = DνRf(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) Γ(k − ν + 1) t k−ν . Derivada fraciona´ria segundo Caputo 31 Portanto, DνRf(t) = D ν Cf(t) + n−1∑ k=0 Dkf(0) Γ(k− ν + 1) t k−ν . A pro´xima propriedade fornece a condic¸a˜o para que a derivada segundo Caputo da func¸a˜o f seja igual a derivada segundo Caputo da func¸a˜o g. A demonstrac¸a˜o sera´ omitida. Para mais detalhes, veja [8]. Teorema 3.6. A igualdade DβCf(t) = D β Cg(t) e´ va´lida, se, e somente se, f(t) = g(t) + n∑ j=1 cjt β−j , com t > 0 e m− 1 < β < m. Lema 3.1. InDnf(t) = f(t)− n−1∑ k=0 Dkf(0) tk k! . Demonstrac¸a˜o: Usando o Princ´ıpio da Induc¸a˜o Finita, temos, para n = 1: IDf(t) = ∫ t 0 Df(s)ds = f(t)− f(0) = f(t)− 0∑ k=0 Dkf(0) tk k! . Agora, suponha que a proprosic¸a˜o seja verdadeira para n = m, ∀m ∈ N, ou seja, ImDmf(t) = f(t)− m−1∑ k=0 Dkf(0) tk k! . Da´ı, Im+1Dm+1f(t) = I[ImDm]f(t) = I [ D(f)− m−1∑ k=0 DkDf(0) tk k! ] = I [ Df(t)− m−1∑ k=0 Dk+1f(0) tk k! ] = f(t)− f(0)− m−1∑ k=0 Dk+1f(0) tk+1 (k + 1)! = f(t)− D 0f(0) 0! − ( Df(0) 1! t+D2 f(0) 2! t2 + ...+Dm f(0) m! tm ) = f(t)− m∑ k=0 Dkf(0) tk k! . Portanto pelo Princ´ıpio da Induc¸a˜o Finita, vem InDnf(t) = f(t)− m∑ k=0 Dkf(0) tk k! . 32 Integrais e Derivadas Fraciona´rias 3.4.1 Transformada de Laplace Nessa sec¸a˜o sera˜o introduzidos os conceitos de transformada de Laplace para a de- rivada de Caputo, bem como a transformada de Laplace inversa para essa derivada. Propriedade 3.2. A transformada de Laplace da derivada de ordem m e´ dada por L[Dmf(t)] = smL[f(t)]− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sm−1−k. A demonstrac¸a˜o pode ser encontrada em [2]. Teorema 3.7. A transformada de Laplace da derivada de Caputo de ordem β e´ dada por L[DβCf(t)] = sβF (s)− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sβ−k−1, em que L[f(t)] = F (s). Demonstrac¸a˜o: Usando a definic¸a˜o 3.5 e aplicando a transformada de Laplace L[DβCf(t)] = L[Im−β(Dmf(t))] = s−m+βL[Dmf(t)]. A partir da propriedade 3.2, temos L[DβCf(t)] = s−m+β [ smL[f(t)]− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sm−1−k ] = sβL[f(t)]− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sβ−1−k = sβF (s)− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sβ−1−k. Ao passo que a transformada de Laplace da derivada fraciona´ria de Riemann- Lioville depende de condic¸o˜es na integral fraciona´ria que na˜o tem interpretac¸a˜o f´ısica trivial, e transformada de Laplace da derivada de Caputo depende de condic¸o˜es iniciais dadas nas derivadas usuais da func¸a˜o (que sa˜o fisicamente interpretadas). Definic¸a˜o 3.6. A transformada de Laplace inversa de DβCf(t) e D β Rf(t) e´ dada por L−1 [ sβF (s)− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sβ−k−1 ] = DβCf(t) L−1 [ sβF (s)− m−1∑ k=0 D(k)Im−βf(0)sm−1−k ] = DβRf(t). Observac¸a˜o 3.5. Tanto a derivada de Riemann-Liouville quanto a de Caputo de- pendem de uma integral que vai do instante escolhido como inicial ate´ o momento t. Desta forma estes operadores sa˜o na˜o locais e preservam os chamados efeitos de memo´ria [2, ?]. Derivada de Gru¨nwald− Letnikov 33 3.5 Derivada de Gru¨nwald− Letnikov Essa formulac¸a˜o ao contra´rio das anteriores decorre diretamente da definic¸a˜o usual de derivada. Ale´m disso, esta definic¸a˜o na˜o passa pela escolha do limite inferior da integral. O pro´ximo operador e´ de grande utilidade em problemas envolvendo resoluc¸o˜es que necessitam de soluc¸o˜es nume´ricas. Pore´m o incoveniente desta de- finic¸a˜o reside no fato da derivada ser dada a partir de uma se´rie. Sejam f uma func¸a˜o definida em um intervalo e x0 um ponto fixo no interior desse intervalo. A partir da definic¸a˜o cla´ssica de derivadas, no´s temos que D1f(x0) = lim h→0 f(x0)− f(x0 − h) h D2f(x0) = lim h→0 f(x0)− 2f(x0 − h) + f(x0 + 2h) h2 ... Dnf(x0) = lim h→0 ∑n m=0(−1)m ( n m ) f(x0 −mh) hn Observac¸a˜o 3.6. Temos que( n m ) = n! m!(n−m)!( u v ) = Γ(u+ 1) Γ(v + 1)Γ(u− v + 1) , u, v 6∈ N. A definic¸a˜o do operador de Gru¨nwald−Letnikov e´ feita como uma generalizac¸a˜o da equac¸a˜o anterior. Definic¸a˜o 3.7. Seja α um nu´mero real. O operador de Gru¨nwald−Letnikov (GL) para derivadas de ordem na˜o inteira e´ definido como Dαf(x0) = lim h→0 ∑n m=0(−1)m ( α m ) f(x0 −mh) hα (3.5.12) Podemos reescrever a equac¸a˜o (3.5.12) como Dαf(x0) = lim h→0 h−α n∑ m=0 w(α)m f(x0 −mh) em que 0 < α < 1, n = t− a h , com a e t sendo os limites reais do operador Dα, h e´ o espac¸amento e w (α) m e´ o coeficiente de Gru¨nwald− Letnikov . Esses coeficientes, w (α) m sa˜o os coeficientes na expansa˜o da se´rie de poteˆncia de (1− ξ)α, ou seja (1− ξ)α = n∑ m=0 w(α)ξ m m e w (α) m = (−1)m ( α m ) = Γ(m− α) Γ(−α)Γ(m+ 1) . Do ponto de vista pra´tico, tais coeficientes podem ser vistos pelas seguintes fo´rmulas de recorreˆncia joaol Realce 34 Integrais e Derivadas Fraciona´rias w (α) 0 = 1 , w (α) j = ( 1− 1 + α j ) w (α) j−1 , j = 1, 2, ... w (α−1) 0 = 1 , w (α−1) j = ( 1− α j ) w (α−1) j−1 , j = 1, 2, .... Sobre os coeficientes de Gru¨nwald−Letnikov podemos enunciar o seguinte lema. A demonstrac¸a˜o e´ consequeˆncia imediata das fo´rmulas de recorreˆncia. Lema 3.2. Sejam 0 < α < 1, w (α) n e w (α−1) n os coeficientes do operador GL. Enta˜o para n = 1, 2, ... tem-se: −1 < w(α)n < 0 e 0 < w(α−1)n < 1. O operador de Gru¨nwald − Letnikov usado juntamente com o operador de Caputo, fornece diversas aplicac¸o˜es em me´todos nume´ricos, que sa˜o utilizados para resolver equac¸a˜o diferenciais fraciona´rias [5]. Exemplo 3.7. D 1 2 = lim h→0 1 h 1 2 ∞∑ k=0 ( 1 2 1 ) f(t0 − kh) = lim h→0 1 h 1 2 [( 1 2 0 ) f(t0)− ( 1 2 1 ) f(t0 − h) + ( 1 2 2 ) f(t0 − 2h)− ( 1 2 3 ) f(t0 − 3h) + ... ] = lim h→0 1 h 1 2 [ f(t0)− 1 2 f(t0 − h)− 1 23 f(t0 − 2h)− 1 24 f(t0 − 3h) + ... ] Exerc´ıcios 35 3.6 Exerc´ıcios 1. Calcule a integral fraciona´ria de ordem 1/2 de f(t) = t2. 2. Calcule: a) D 1 2 R t − 1 2 b) D 1 2 R [D 1 2 t − 1 2 ] c) D1Rt 1 2 d) D 3 2 R t − 1 2 3. Mostre que a derivada de ordem ν segundo Riemann-Liouville de f(t) = tµ, µ > −1 e µ 6= 0 e´ DνRf(t) = Γ(µ+ 1) Γ(µ− ν + 1) t µ−ν . 4. Mostre que a igualdade DβCf(t) = D β Cg(t) e´ va´lida, se, e somente se, f(t) = g(t) + n∑ j=1 cjt β−j , com t > 0 e m− 1 < β < m. 5. Mostre que a transformada de Laplace da derivada de ordem m e´ dada por L[Dmf(t)] = smL[f(t)]− m−1∑ k=0 D(k)f(0)sm−1−k. 36 Exerc´ıcios Bibliografia [1] CAMARGO, R. d. F. et al. Calculo fracionario e aplicac¸o˜es. Campinas, SP, 2009. [2] CAMARGO, R. F.; OLIVEIRA, E. C. Ca´lculo Fraciona´rio. 1. ed. 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Cálculo Fracionário: Aspectos Históricos Introdução O cálculo diferencial e integral usual: breve histórico Uma questão contra-intuitiva: o nascimento do Cálculo Fracionário Uma cronologia do CF O CF no Brasil Exercícios Conceitos Preliminares Transformada de Laplace Existência da TL Exemplos TL das derivadas de f(t) Transformada de Laplace Inversa Produto de Convolução Função Gama Relações envolvendo a função Gama Extensão da Função Gama Função Beta Função de Gel'Fand Shilov Função de Mittag-Leffler Função de Mittag-Leffler com dois parâmetros Exemplos e casos particulares Transformada de Laplace Exercícios Integrais e Derivadas Fracionárias Integral Fracionária Considerações sobre o exemplo anterior Escolha do limite inferior Integral fracionária de Riemann-Liouville Lei dos expoentes Derivada fracionária segundo Riemann-Liouville Transformada de Laplace Aplicação Derivada fracionária segundo Caputo Transformada de Laplace Derivada de Grnwald-Letnikov Exercícios
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