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Home office para concurseiros uma proposta de design de ambientes com foco nas condicionantes de conforto TCC Barbra Baldas Revisado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA 
ESCOLA DE BELAS ARTES 
CURSO SUPERIOR DE DECORÇÃO 
PRÁTICA PROFISSIONAL – EBA 019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Home office para concurseiros: 
uma proposta de design de interiores com foco nas condicionantes do 
conforto 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARBRA SOUSA BALDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2016 
BARBRA SOUSA BALDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Home office para concurseiros: 
uma proposta de design de interiores com foco nas condicionantes do 
conforto 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Escola de Belas Artes 
– EBA/UFBA, como requisito parcial para 
obtenção do título de Graduação em Decoração 
sob orientação de Profa. Larissa Braga de Melo 
Fadigas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2016 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BALDAS, Barbra Sousa. Home office para concurseiros: uma proposta de design de 
interiores com foco nas condicionantes do conforto/ Barbra Sousa Baldas. 
Salvador, 2016. 
91 f. 
Palavras-chave 
Design de ambientes; Escritórios; Home office; Concurseiros; Concursandos; 
Concursos públicos. 
 
Orientador: Profa. Larissa Braga de Melo Fadigas – Professora do Curso Superior de 
Decoração EBA / UFBA 
 
Profa. Drª Maria Hermínia Oliveira Hernández – Professora do Curso Superior de 
Decoração EBA / UFBA 
 
Paulo Henrique Menezes – Designer de ambientes 
BARBRA SOUSA BALDAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Home office para concurseiros: 
uma proposta de design de interiores com foco nas condicionantes do 
conforto 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Escola de Belas Artes 
– EBA/UFBA, como requisito parcial para 
obtenção do título de Graduação em Decoração. 
 
Salvador, 
Aprovado em: ____/____/____ 
 
Profa. Dr.ª Maria Hermínia Oliveira Hernández 
 
Profa. Larissa Braga de Melo Fadigas 
 
Prof. Paulo Henrique Menezes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2016 
AGRADECIMENTOS 
 
A começar, agradeço ao Universo, que com sua infinita e divina sabedoria sempre 
colocou no meu caminho pessoas, ideias, conhecimentos, ferramentas e energias para 
que todo esse processo chamado vida se desenrolasse e eu chegasse até este momento. 
Sou muito agradecida às Professoras Maria Herminia Olivera Hernández e Larissa Braga 
de Melo Fadigas, pessoas de otimismo contagiante, extrema paciência e disponibilidade, 
que incentivaram, motivaram e impulsionaram a realização deste trabalho. Deixo 
registrada minha gratidão, afeto e admiração a estas docentes que durante o caminho da 
graduação foram figuras imprescidíveis para minha evolução. 
Gratidão à minha querida, maravilhosa e incansável Professora Mariela Brazón 
Hernández, docente de extrema importância no meu caminho acadêmico, que através do 
amor pela docência, do seu entusiasmo, vigor e exemplo, ensinou não só com seu vasto 
conhecimento, experiência e sabedoria, como também com sua personalidade honesta, 
criativa e dinâmica. 
Gratidão à Ana Carolina Sá (Rol), Aline Kedma (Line), Isabela Azêvedo (Bela), Jéssica 
Fortunato (Jel) e Cássia Mascarenhas (Cassinha), colegas que a partir do encontro e 
vivências neste mundo chamado Escola de Belas Artes (EBA-UFBA) se tornaram grandes 
amigas e companheiras sempre presentes, afetuosas e dispostas a emprestar um ouvido 
ou um ombro, ou a compartilhar o enfrentamento de uma longa madrugada de trabalho. 
Agradeço aos queridos amigos que fiz na EBA, seres de energia positiva que sempre 
propiciaram bons momentos de conversas, risadas e descontração nas atividades de 
“patiologia”, aliviando as cargas de dias desgastantes e, por vezes, sendo salvadores do 
dia: Charles Ribeiro (Charlito), Edna Laíze (Eds), Igor Almeida (Little), Júlia Bittencout (Jú), 
Lucas Medeiros (Med), Uillian Novaes (Uill) e José Elias (Zé). 
E por fim, mas o mais importante, agradeço imensamente à minha mama Luíza e minha 
irmã Angélica, meus portos seguros, meu ponto de resistência e referência. Obrigada por 
sempre estarem aqui por mim e comigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Todo o ser do Universo estende-se diante de nós como uma grande pedreira 
diante do arquiteto, que só merece esse nome quando, dessa fortuita massa 
natural, compõe com a máxima economia, adequação e solidez a imagem 
primitivamente concebida por seu espírito. Tudo o que está fora de nós não é senão 
um elemento, e poderia até mesmo dizer, também 
o que está em nós; mas no fundo de nós mesmos reside essa força criadora que nos 
permite criar que deve ser e que não nos deixa descansar nem repousar até que 
tenhamos representado, de uma forma ou de outra, 
 o que está fora ou dentro de nós.” 
 
GOETHE (1949-1832), 
Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister. 
 
RESUMO 
 
Os ambientes de home office são cada vez mais utilizados para realização de atividades 
laborais e tarefas de estudo, e em alguns momentos estas atividades se confundem. Este 
é o caso dos hábitos dos concurseiros que fazem do estudo para concursos seu 
“emprego”, dedicando longas horas de estudo em cantos de estudos que geralmente 
são adaptados. A presente pesquisa objetiva estudar a importância de algumas variáveis 
do design de ambientes no que concerne às condicionates de conforto e seus efeitos 
sobre o público alvo, propondo a partir destas aplicação de soluções. Os objetivos 
específicos deste trabalho são: pesquisar sobre o perfil do público alvo; identificar 
necessidades específicas para home offices de concurseiros a partir dos comportamentos 
e objetivos pessoais; levantar referências teórico/projetuais referente a utilização do 
home office com enfoque nos hábitos dos concurseiros, que possam contribuir para a 
elaboração da proposta; estudar variáveis projetuais consideradas de grande relevância 
para realização de um projeto de home office para os concurseiros; e desenvolver uma 
proposta projetual de design de um home office que atenda à demanda de necessidade 
de um concurseiro, com enfoque nas variáveis de conforto. A partir desta exploração das 
informações relevantes para o planejamento do ambinete home ofice foi elaborado um 
programa de necessidades pautado nas condicionantes estudadas, por fim, desenvolvida 
uma proposta projetual para o ambiente de home office. A pesquisa conclui que as 
condicionantes selecionadas e estudadas são de grande relevância para o projeto de 
design de ambientes para home office voltados para estudantes concurseiros e sugere 
ampliação da pesquisa sobre este ambiente, bem como maior divulgação sobre a 
relevância daquelas. 
 
Palavras-chave: Design de ambientes; Design de interiores; Home office; Ambiente de 
estudo; Concurseiros; Concursandos; Concursos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE IMAGENS 
Figura 1 – Estrutura de uma casa medieval (Adaptação)........................................ 19 
Figura 2 – Escriba trabalhando no scriptorium. Manuscrito francês, Biblioteca 
Nacional de Paris....................................................................................................... 
20 
Figura 03 – Sistemas de iluminação típicos em área de trabalho........................... 40 
Figura 04 – O ângulo entre a direção horizontal da visão e uma linha de ligação 
olho-luminária deveria ser maior que 30°................................................................ 
41 
Figura 05 – Disposição desfavorável das luminárias, à esquerda, e favorável à 
direita..........................................................................................................................41 
Figura 06 – Tabela de eficiência energética – relação fluxo luminoso com 
potencia consumida.................................................................................................. 
42 
Figura 07 – Efeito do esforço muscular estático de três tipos de carregamento 
do material escolar no consumo de energia........................................................... 
46 
Figura 08 – Divisão da coluna vertebral................................................................... 47 
Figura 09 – Tempos médios para aparecimento de dores no pescoço, de acordo 
coma inclinação da cabeça parafrente (Chaffin, 1973) .............................. 
49 
Figura 10 – Cone de movimentação dos olhos sem esforço................................... 49 
Figura 11 – Alturas recomendáveis de mesa para trabalho tradicional de 
escritório. ................................................................................................................. 
50 
Figura 12 – Anatômia dos músculos das costas – Músculos trapézio e 
deltóide...................................................................................................................... 
51 
Figura 13 – Dimensões recomendadas para alturas de mesas, conjugadas com 
alturas de cadeira e apoio para os pés. (adaptada)................................................ 
53 
Figura 14 – Posições assumidas pela coluna em três formas típicas da postura 
sentada (Roebuck, Kroemer e Thompson, 1975) ................................................... 
53 
Figura 15 – Comparação da avaliação de três cadeiras experimentais, que 
durante duas semanas foram testada por 66 empregados de escriório............... 
55 
Figura 16 – ambientes com adaptações realizadas pelos usuários (concurseiros) 57 
Figura 17 – ambientes com adaptações realizadas pelos usuários (concurseiros) 58 
Figura 18 – Ambiente home office........................................................................... 59 
Figura 19 – Ambiente home office........................................................................... 60 
Figura 20 – Mesa quadro........................................................................................... 61 
Figura 21 – Sequência de fechamento da mesa quadro (montagem)................... 62 
Figura 22 – Mesa escrivaninha Cerezo..................................................................... 62 
Figura 23 – Cadeira Status excutiva/dimensões...................................................... 63 
Figura 24 – Cadeira Status excutiva alta/dimensões................................................ 64 
Figura 25 – Cadeira Bot executiva alta/dimensões.................................................. 64 
Figura 26 – Apoio ergonômico para pés - dimensões (PxLxA): 39 x 26 x 10,5 cm 65 
Figura 27 – Apoios para leitura/livros....................................................................... 65 
Figura 28 – Postura adequada para visualização da tela com auxílio de um 
suporte 9ara notebook.............................................................................................. 
66 
Figura 29 – Divisória em acrílico para gaveta........................................................... 66 
Figura 30 – Organizador de materiais de escritório................................................ 67 
Figura 31 – Sub Gaveteiro 3GV – com suporte para pasta suspensa. Dimensões 
(PxLxA) 45x50x61 cm............................................................................................... 
67 
Figura 32 – Soluçao de painel informativo com manta de cortiça.......................... 68 
Figura 33 – Cortina romana...................................................................................... 68 
Figura 34 – Luminária para iluminação geral............................................................ 69 
Figura 35 – Luminárias para iluminação de tarefa................................................... 69 
Figura 36 – Luminárias para iluminação de efeito................................................... 70 
Figura 37 – Painel conceitual.................................................................................... 70 
Figura 38 – Parede revestida com manta de cortiça................................................ 71 
Figura 39 – Imagens referência para o conceito do projeto.................................... 72 
Figura 40 – Programa de necessidades do projeto de home office........................ 73 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS 
 
Talela 01 – Principais associações às cores........................................................ 34 – 35 
Tabela 02 – Índice de reflexão das cores........................................................... 37 
Tabela 03 – Carga estática e dores do corpo.................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO................................................................................... 11 
1.1. Apresentação................................................................................. 12 
1.2. Problemática/Justificativa............................................................. 12 
1.3. Objetivos........................................................................................ 15 
1.4. Questões metodológicas.............................................................. 16 
2. HOME OFFICE.................................................................................... 18 
2.2. “O escritório” na moradia............................................................. 19 
2.3. Concurseiros.................................................................................. 22 
3. VARIÁVEIS PROJETUAIS DO AMBIENTE........................................ 29 
3.1. Cor e iluminação ............................................................................ 30 
3.3. Ergonomia..................................................................................... 42 
4. PROPOSTA PROJETUAL................................................................. 56 
4.1. Referências projetuais................................................................... 57 
4.2. Análise de produtos e soluções estudadas.................................. 61 
4.3. Conceito para o projeto................................................................ 72 
4.4. Programa de trabalho................................................................... 73 
4.5. Diagnóstico e análise do ambiente.............................................. 74 
5. PLANTAS GRÁFICAS......................................................................... 76 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 85 
7. REFERÊNCIAS................................................................................... 88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
INTRODUÇÃO
12 
 
 
 
1.1. Apresentação 
O trabalho teórico/prático apresentado forma parte dos exercícios desenvolvidos na 
disciplina Prática Profissional em Decoração (EBA 019), do Curso Superior de Decoração, 
Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Tem como recorte principal o 
tema que envolve o chamado Home office, ambiente cada vez mais demandado nas 
residências e que atende basicamente a um setor da população em crescimento que 
realiza parte de suas atividades produtivas, sejam elas em caráter permanente ou não, no 
ambiente doméstico. Ocorrem outras tarefas mais sazonais que podem estar vinculadas a 
diversas ocupações e/ou serviços, tal como o caso das pessoas que se preparam para a 
realização de concursos públicos. Estesindivíduos são conhecidos como concurseiros, e é 
sobre estes que o presente trabalho aborda, focalizando as condicionantes de conforto 
como as variáveis fundamentais associadas ao bem estar e a produtividade em ambientes 
laborais. 
1.2. Problemática/Justificativa 
Há algum tempo o avanço das tecnologias vem provocando mudanças no mundo e 
transformando a forma como as pessoas se relacionam entre si, com o ambiente e 
também com as atividades que elas desenvolvem. A exemplo disso, a comunicação à 
distância permitida pela internet trouxe aos seus usuários novas maneiras de se 
relacionar com o tempo e o espaço. 
Diversos cursos, inclusive de graduações EAD – Educação A Distância, que se realizam 
pela internet com poucos encontros presenciais – foram possíveis graças a estes 
progressos tecnológicos. Seguindo esta linha, a experiência de ter seus conteúdos de 
estudo ao clique do mouse numa tela de computador tem sido para os alunos de cursos 
preparatórios para concursos online a chance de experienciar mais o conforto do lar e a 
comodidade da escolha do melhor horário ou a chance de conseguir fazê-lo, pelos 
mesmos motivos. 
Entrar no mundo dos concursos públicos e, portanto, dos concurseiros é verificar que 
existem muitas diferenças de comportamentos e hábitos – quando se trata da relação 
com os estudos, o tempo e o local onde todas essas variáveis interagem – entre estas 
13 
 
 
 
pessoas e estudantes “normais”. Muitas pessoas no Brasil se preparam para concursos, 
de todos os tipos, e o fazem sob circunstâncias físicas, sociais, emocionais, psicológicas 
diversas, assim como em locais de estudo muito diferentes. 
Esses estudantes encaram seus estudos como verdadeiros trabalhos. Anjos e Mendes 
(2015) concluíram em suas investigações sobre este público, que existe uma 
psicodinâmica do “não-trabalho”, pois apesar de não serem empregados e por 
conseguinte não existir uma organização formal do trabalho, os entrevistados da 
pesquisa tinham conduta “muito semelhante à de um trabalhador”, e descreveram: 
“É a busca de um objetivo, que é entrar para o serviço público a qualquer custo e 
tempo” – essa foi a primeira resposta à pergunta sobre o que significava ser 
concurseiro. A verbalização representa bem as outras respostas, que enfatizam 
o esforço; o desejo; os sacrifícios pessoais, familiares, de lazer, dos sonhos; a 
quantidade da dedicação. Todos os entrevistados se submetem a uma rotina 
diária de estudos que correspondem aproximadamente as 8 horas de jornada da 
maioria do funcionalismo público. (ANJOS; MENDES, 2015, p. 48) 
Desta forma, estas pessoas mantêm em seu ambiente doméstico um espaço que se 
destina a ser o seu ambiente de “trabalho”, seu escritório em casa. Geralmente esse 
espaço é improvisado, sem muito planejamento, atendo-se basicamente a equipamentos 
imprescindíveis para o estudo, como livros, computador, materiais de papelaria. 
A partir desta perspectiva denota-se a importância do planejamento do local onde essa 
vivência se concretiza. A preocupação com o conforto vai além de uma cadeira 
acolchoada. Ergonomia, conforto térmico e luminotécnico, saúde física e psicológica 
permeiam o uso deste ambiente e o percurso do seu usuário ao objetivo final que é 
passar no concurso desejado. 
A presente pesquisa se presta a buscar respostas quanto ao ambiente de estudos 
“montado” em casa, o qual trataremos aqui como Home office, já que se utiliza desse 
conceito para acontecer, um escritório em casa. Desta forma, o local – home office, e suas 
variáveis – serão o objeto da pontual atenção para o estudo, sendo consideradas 
principalmente, como acima dito, as condicionantes de conforto, sem contudo, deixar 
desconsiderar, é claro, outras como as sociais e psicológicas. 
14 
 
 
 
Na etapa do levantamento de referências sobre o tema, foi percebida a escassez de 
material produzido na área relacionadas a home office. Essas pesquisas geralmente são 
focadas em estações de trabalhos para profissionais das áreas de projeto como 
designers, arquitetos e engenheiros, por necessitarem de um espaço diferenciado para 
trabalhar. Grande parte das investigações pontua a carência de mobiliário que se 
adaptasse aos ambientes e/ou usuários dos home-offices de forma adequada. 
Os estudos essenciais para esta pesquisa trazem as particularidades supracitadas. A 
dissertação de mestrado de Roberta Franceschi (2006), A relação entre a moradia, 
profissional autônomo e mobiliário: diretrizes projetuais para estação de trabalho 
residencial ligada às atividades de projeto, analisa e expõe o comportamento laboral em 
home office de profissionais das áreas de arquitetura, design e engenharia, trazendo 
destes a avaliação de tal atuação. Já Alana Caneppele (2014) em sua monografia, Partitura 
Trio: Uma proposta do design de mobiliário para ambientes Home Offices, traz uma 
proposta de criação de móvel específico de home office para o mesmo público por 
considerar necessárias algumas características não contempladas pelo mercado 
moveleiro. 
Escassas também foram referências que se ocupassem de observar o local de estudo do 
público alvo. Os estudos utilizados como referência para esta pesquisa com a temática de 
concurseiros têm todos como propostas a análise social e/ou comportamental destes 
indivíduos como, por exemplo, os artigos A Psicodinâmica do não-Trabalho. Estudo de caso 
com concurseiros, de Felipe Anjos e Ana Mendes (2015) e Concurseiros e a busca por um 
emprego estável: reflexões sobre os motivos de ingresso no serviço público, de Priscila 
Albrecht e Edite Krawulski (2011) e a dissertação de mestrado de Bruno Nogueira (2015), 
CONCURSEIROS: Motivos e métodos para ingressar no serviço público. 
Portanto, o presente trabalho coloca-se como contribuição neste campo em 
desenvolvimento, para o conhecimento deste público e sua relação com seu local de 
estudo, aqui caracterizado como home office no que concerne as variáveis de conforto 
sob a perspectiva do design de ambientes. 
 
15 
 
 
 
1.3. Objetivos 
1.3.1. Objetivo Geral 
Estudar como condicionates de conforto podem ser utilizadas para o desenvolvimento de 
projeto de ambientes para estações de trabalho residencial – Home office – de 
concurseiros, almejando a melhoria da produtividade dos estudos e do bem estar dos 
usuários. 
1.3.2. Objetivos específicos 
- Pesquisar sobre o perfil do público alvo e informações que levam à relevância desta 
opção de estudo; 
- Identificar necessidades específicas para home offices de concurseiros a partir dos 
comportamentos e objetivos pessoais destes; 
- Levantar referências teórico/projetuais referente a utilização do home office com 
enfoque nos hábitos dos concurseiros, que possam contribuir para a elaboração da 
proposta; 
- Estudar variáveis projetuais consideradas de grande relevância para realização de um 
projeto de home office para os concurseiros; 
- Desenvolver uma proposta projetual de design de ambientes de um home office que 
atenda à demanda de necessidade de um concurseiro, com enfoque nas variáveis de 
conforto. 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
1.4. Questões metodológicas e estrutura do trabalho 
Esta pesquisa é de abordagem teórico-prática, exploratória, de caráter qualitativo, 
realizada a partir da leitura e análise de bibliografia sobre assuntos relacionados com a 
temática. Foi adotada a metodologia idealizada por Jenny Gibbs (2014) para o 
desenvolvimento da proposta de projeto de design de ambientes publicada em seu livro 
Design de Interiores. Guia útil para estudantes e profissionais. A autora indica que a 
realização de um projeto de ambientes deve ser dividida em quatro principais fases, que 
abrangemda coordenação ao gerenciamento de um projeto. 
A autora descreve o método composto das seguintes etapas: primeira fase, que versa 
sobre a elaboração do programa de necessidades, proposta de trabalho e aprovação do 
cliente; segunda fase, que pesquisa as informações que servirão de parâmetro para as 
soluções adotadas, diagnóstico, levantamento, análise do local e apresentação do projeto 
para o cliente; terceira fase, correspondente ao momento do projeto executivo, 
especificações de produtos que serão adotados, e orçamento definitivo; e por último a 
quarta fase, que trata da execução da obra. 
No que se refere à aplicação do método de Gibbs (2014), os aspectos relacionados ao 
gerenciamento do projeto – como orçamentos, contratos e execução de obras – não 
serão abordados, por se tratar pesquisa acadêmica. Sendo assim a quarta fase, bem como 
alguns tópicos das fases anteriores que referenciam o gerenciamento não serão descritos 
na presente investigação. 
A realização do levantamento do programa de necessidades e as informações base para a 
compreensão do público-alvo, referentes à primeira e segunda fases do projeto, foram 
exploradas no capítulo 2 que permeia a historicidade da casa e sua relação com o 
trabalho, como o ambiente home office se tornou um local de importância para o 
trabalhador contemporâneo e a investigação sobre o perfil dos estudantes concurseiros. 
O capítulo 3 traz um estudo das variáveis do projeto de design de ambientes 
consideradas relevantes para a compreensão e busca de soluções de problemas 
relacionados com ambiente home office e o público em questão. Por seguinte, o capítulo 
4 apresenta as diretrizes projetuais adotadas, sugestão de mobiliário e outros itens 
17 
 
 
 
auxiliares que se apresentam como solução para algumas questões despontadas, assim 
como a apresentação do projeto executivo com elaboração de proposta de um projeto 
de ambientes aplicando o que foi coletado e concluído com a abordagem teórica. Por 
último, o quinto capítulo finaliza a pesquisa discorrendo sobre as conclusões e possíveis 
desdobramentos da pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
“HOME OFFICE” 
19 
 
 
 
3.2 Moradia e trabalho 
Na Europa, até o século XVII, a casa era um lugar público e não privado. Abrigava 
grande número de pessoas, entre familiares, parentes, agregados e empregados 
que dividiam o mesmo espaço e muitas vezes a própria cama. (FRANCESCHI, 
2006, p.8) 
A relação do homem com a casa e o trabalho mudou muito desde a Idade Média. A casa 
do século XIV era abrigo, lugar de se alimentar, de lazer e também de trabalho; ela acolhia 
em poucos cômodos com raríssimos móveis – que eram utilizados de forma multiúso – 
todas as atividades da família, não se levando muito em conta a privacidade de cada 
componente. 
Figura 1 – Estrutura de uma casa medieval (Adaptação) 
 
Fonte: http://image.slidesharecdn.com/sociedademedieval-120506215033-phpapp01/95/sociedade-medieval-23-
728.jpg?cb=1336341421 
Rybczynski (1999) explica que o uso do mobiliário se dava conforme a necessidade das 
pessoas e da atividade a ser realizada no momento. Assim, uma mesa poderia ser 
utilizada para alimentação durante a manhã, como apoio para o trabalho durante o dia ou 
para jogos e lazer, e então ser desmontada à noite e retirada por completo daquele lugar 
para dar então espaço para o que era sala se transformasse em local de dormir. 
Durante o período do século XV, tarefas como a escrita, a leitura, a administração, o 
cálculo, a contabilidade, caracterizadas como “trabalho intelectual”, eram denominadas 
de “atividades de gabinete”, pois neste local encontrava-se a escrivaninha, um móvel 
20 
 
 
 
específico para estas tarefas. Autores contam que este mobiliário era de uso restrito de 
pessoas de posses e monges em suas celas, e teria sido o que deu origem ao termo 
escritório – scriptorium (FONSECA, 2004; FRANCESCHI, 2006). 
Figura 2 – Escriba trabalhando no scriptorium. Manuscrito francês, Biblioteca Nacional de Paris 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/1011894_2012_cap_2.pdf 
O progresso social provocou nas residências reformulações das relações interpessoais, e 
algumas preocupações antes inexistentes como a privacidade, a organização, a 
separação dos espaços, estética e conforto do mobiliário foram se tornando aspectos 
imprescindíveis, o que configurou uma nova relação com o espaço e atenção a novas 
necessidades dos usuários. Percebe-se então, que desde tempos remotos o mobiliário é 
um elemento que molda os ambientes e comportamentos. Franceschi explica que o 
móvel é algo que “auxilia na construção do espaço e no diálogo entre lugar e sujeito, o 
que provoca uma mudança na concepção do projeto” (FRANCESCHI, 2006, p. 6). 
Durante o período que antecede a Revolução Industrial, o trabalho realizado a partir da 
casa já não suportava mais a demanda desta nova sociedade. A produção tinha de ser 
maior e a quantidade de pessoas em atividade também. O burgo medieval se revelou 
como espaço de comércio que se dava para fora das casas, através de negociações entre 
os mercadores. Conforme foram se firmando estas práticas, houve a necessidade de 
21 
 
 
 
espaços específicos para atividades como a contabilidade, a administração, negociações e 
o controle da produção (FONSECA, 2004). 
Nesta dinâmica envolvida no tempo, surgem os barracões – locais em que a rotina era 
estritamente voltada para o artesanato de venda e escambo – que posteriormente se 
tornariam as fábricas. A partir daí o trabalho sai completamente da residência, se 
afastando do ambiente familiar – privado –, para criar espaços públicos, onde acontecem 
as interações sociais, econômicas e de comércio, com espaços destinados exclusivamente 
para os escritórios. 
Essa evasão laboral do lar se refere basicamente às atividades consideradas masculinas. A 
mulher, portanto, permanece na casa exercendo suas atividades domésticas 
(FRANCESCHI, 2006, p. 10). A ideia de trabalho era concebida principalmente pela ação 
física do homem, como as tarefas manuais executadas no campo e nos lares. Este 
pensamento sofreu diversas transformações a partir do século XVIII, quando grande 
parte do trabalho migra do âmbito rural para o urbano, consolidando a divisão de local de 
trabalho do domicílio, local de morar. 
Apesar de a separação entre trabalho e moradia ter se concretizado no final do 
século XVIII, a consolidação das fábricas tornou os escritórios em espaços 
importantes nas estruturas das empresas e da sociedade. Ocorreu um crescente 
aumento dos serviços administrativos tanto público como privado, as atividades 
tornaram-se mais complexas e apresentaram diferenciação hierárquica e 
funcional. (FRANCESCHI, 2006, p. 12) 
A nova sociedade econômica urbana e industrial, as novas preocupações com a disciplina, 
a eficiência e a produtividade tornam a racionalidade característica principal das 
atividades laborais, onde tudo tinha seu espaço, seu modo de fazer e seu tempo, 
preconizado pelos ideais Tayloristas1. Logo esta racionalidade saiu das fábricas para os 
escritórios e se disseminou por toda a sociedade, assim organizando, hierarquizando e 
configurando-a (FONSECA, 2004; FRANCESCHI, 2006). 
 
 
1
 Frederick Winslow Taylor (1856-1915) foi um engenheiro americano que desenvolveu a partir de 1890 a “abordagem 
científica do trabalho” que gerou um modelo baseado na eficiência da produçãoutilizando a racionalização do trabalho 
através de “métodos científicos”, estudando as tarefas, os movimentos, o tempo de realização do trabalhador, e 
padronizando-os. (Fonte: RENNÓ, 2015) 
22 
 
 
 
3.2 O “escritório” na moradia 
Após a teoria defendida por Taylor, vieram muitas outras com objetivos muito similares – 
eficiência e produtividade etc –, mas com abordagens e preocupações bem distintas. Um 
exemplo foi a “teoria das relações humanas” (1930), advinda de pesquisas com base na 
psicologia e em estudos realizados por Elton Mayo2, que buscou a melhoria da 
produtividade através “de uma atenção especial às pessoas” (RENNÓ, 2015, p. 7). 
Esta teoria tinha uma visão humanista sobre o local de trabalho e, a partir de estudos com 
ênfase nas pessoas e nos comportamentos dos trabalhadores, concluiu que a integração 
social e as situações emocionais tinham grande influência na dinâmica laboral. Desta 
forma, teorias extremamente racionalistas e despreocupadas com o aspecto humano, 
como a Taylorista, sofreram sérias críticas e demonstraram, a longo prazo, falhas quanto 
a meta de produtividade. 
O crescimento do ambiente corporativo, caracterizado por trabalhos intelectuais, 
administrativos e burocráticos, realizados em escritórios ganhou importância e aumentou 
o número de trabalhadores reunidos em um mesmo espaço. Esses locais precisaram ser 
repensados para se adaptar a novas realidades: mais pessoas, novas tecnologias, novos 
equipamentos, novas ideologias e novas profissões. 
Assim, como as teorias administrativas de trabalho e os ambientes de escritório sofreram 
adaptações, transformações e melhorias, as formas de trabalhar também. Desde os anos 
de 1990, com a propagação da informática e dos computadores pessoais, os trabalhos 
realizados a partir de ambientes não corporativos, realizados remotamente foram 
possíveis e cada vez mais desejáveis (OLIVEIRA, 1996; FONSECA, 2004; FRANCESCHI, 
2006). 
 
 
2
 Elton Mayo foi um psicólogo e sociólogo australiano que realizou uma pesquisa em uma fábrica dos Estados Unidos 
conhecida como a experiência de Hawthorne. Este estudo concluiu que, a fadiga, os acidentes e a desmotivação não 
ocorriam somente por fatores econômicos, baseados no salário ou no gerenciamento das tarefas, mas tinha direta 
relação com aspectos emocionais como, por exemplo, reconhecimento do seu trabalho e as relações sociais de 
aceitação de grupo e amizade. (Fonte: Wikipedia. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Elton_Mayo>) 
23 
 
 
 
Ao invés de trabalhar confinado no escritório, os funcionários podem trabalhar 
em casa, nas instalações de clientes ou parceiros ou de qualquer outro lugar. 
Pessoas trabalhando em home office vão representar 64% dos trabalhadores. O 
estilo móvel de trabalho é uma tendência global, e traz diversos benefícios para 
os funcionários e também para as empresas. (CANALTECH, 2012 apud 
CANEPPELE, 2014, p. 11) 
A escolha por este tipo de trabalho surgiu não só pela comodidade, mas da necessidade 
do trabalhador e das empresas. Caneppele (2014), Franceschi (2006) e Oliveira (1996) 
explicam que com o aumento de trabalhos terceirizados e pela demanda de empresas 
por contratos temporários, o estilo home work – em que o profissional trabalha de casa 
sob autogerência – se tornou uma solução interessante e cada vez mais frequente. Hoje, 
com a grande quantidade de profissionais autônomos, a ideia de trabalhar com um 
escritório em casa beira o banal. Caneppele (2014) enfatiza ainda que o “estilo de vida” 
home office possui vantagens inúmeras e: 
[…] incontestáveis para o funcionário, empresas e para a sociedade, como: 
redução do tempo de locomoção até o local de trabalho, maior proximidade 
com a família, flexibilidade no horário de trabalho; para a empresa, pode-se 
mencionar a redução dos custos de infraestrutura e maior concentração do 
profissional no trabalho com melhoria na qualidade e produtividade; e para a 
sociedade, redução dos níveis de poluição em função da redução na circulação 
de veículos. (Caneppele, 2014, p. 11) 
As adversidades encontradas no cotidiano das cidades com trânsito caótico, transportes 
públicos lotados etc, alimentam nas pessoas o desejo de permanecer em seus lares. 
Trabalho, comunicação e relacionamentos, cursos e compras podem, a qualquer 
momento, facilmente ser realizados através de uma incrível ferramenta e amplamente 
conhecida – a internet – reforçando a mudança de sociabilidade e como as pessoas lidam 
com o tempo e o espaço que ocupam, assim novamente a residência pode ser tida como 
um local onde a vida doméstica, o trabalho, o estudo e o lazer interagem continuamente 
(FRANCESCHI, 2006). 
Trazendo uma análise antropológica de como as novas tecnologias assumem o papel de 
destaque na sociedade atual, Franceschi (2006) cita uma entrevista com o filósofo Lévy 
Pierre: 
 
24 
 
 
 
O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento independente dos lugares 
geográficos (telecomunicação, telepresença) e da coincidência dos tempos 
(comunicação assíncrona) [...] Contudo, apenas as particularidades técnicas do 
ciberespaço permitem que os membros de um grupo humano (que podem ser 
tantos quanto se quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma 
memória comum, isto quase em tempo real, apesar da distribuição geográfica e 
da diferença de horários. O que nos conduz diretamente à virtualização das 
organizações que, com a ajuda das ferramentas da cibercultura, tornam-se cada 
vez menos dependentes de lugares determinados, de horários de trabalho fixos 
e de planejamentos a longo prazo. (LÉVY, 1999 apud FRANCESCHI, 2006, p. 48) 
Marina Sell Brik e André Brik (2012), idealizadores do site Gohome, especializado em 
divulgar informações sobre home office e treinar pessoas para trabalhar dessa forma, 
relembra em um de seus artigos, que a soma casa e escritório não é tão recente e pontua 
que atualmente esta adaptação deve ser bem planejada. 
Muitos profissionais e estudantes utilizam do local home office para a realização das suas 
atividades e passam por períodos em que as longas horas de leituras, estudos e escrita 
são companheiras, assim como são o cuidado com a qualidade de tal trabalho e os 
sentimentos e sensações que permeiam a execução destas tarefas. Esta pesquisa faz um 
recorte neste vasto contingente para destacar um tipo de estudante específico e sazonal 
que, não obstante, realiza suas tarefas intensa e extensamente: o concurseiro. 
Ao introduzir o tópico sobre o Scriptorium nos monastérios, onde os monges dedicavam 
longas horas realizando cópias de livros e documentos e decorando e encadernando os 
manuscritos, Porto (2012) transcreve um texto interessante datado do século XII sobre o 
penoso ofício da escrita praticada por longo período, que acaba por resumir a tarefa 
árdua, minuciosa e perfeccionista destes monges e que se faz valiosa para esta pesquisa, 
pois poderia figurar o vasto tempo dedicado às atividades intelectuais, por vezes árdua, 
para este tipo de estudante: 
Se não sabes o que é a escrita, poderás crer que a dificuldade é pequena, mas, se 
quiseres uma explicação detalhada, deixa-me dizer-te que o trabalho é penoso: 
embaralha a visão, encurva as costas, aperta os rins e deixa todo o corpo 
doendo. (…) Como o marinheiro que volta, enfim, ao porto, o escriba rejubila-se, 
ao chegar à última linha. De gratias semper. (COLOPHON DE SILOS BEATUS, 
século XII apud PORTO, 2012, p. 17) 
 
 
 
25 
 
 
 
2.3. Concurseiros 
Concurseira, concursanda, ou ainda concursista, é aquela pessoa que se estuda para a 
realização de uma prova de concurso e para ser aprovada. A busca pela aprovação nos, 
cada vez mais concorridos,concursos públicos faz com que estes candidatos precisem de 
uma preparação intensa e demorada. O professor de Língua Portuguesa Ernani Pimentel, 
e também presidente da ANPA – Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos, 
diferencia semanticamente o concurseiro do concursando: o concurseiro seria uma 
profissão, uma atuação permanente, devido ao sufixo -eiro utilizado, enquanto o 
concursando, pela utilização do sufixo -ando, denotaria uma etapa transitória. 
O conceito é importante, porém algumas coisas seguem mais popularmente aceitas e 
disseminadas, este é o caso da denominação concurseiro, termo usualmente utilizado 
quando se trata de pessoas que se preparam para concursos públicos. Esta também é a 
denominação adotada por autores voltados para a área dos concursos, assim como 
artigos científicos que se dedicam a estudar este público. Desta forma, concurseiros será 
a nomenclatura empregada nesta pesquisa para estes estudantes. 
Independente do valor semântico da denominação, o que a pessoa que estuda para 
concursos espera é que esta seja realmente uma fase temporária. A rotina de um 
estudante para concursos é intensa e solitária, horas são gastas em uma postura sentada, 
para leitura ou assistindo a aulas, sempre na tentativa da plena atenção para a captação e 
compreensão de diversas informações, determinadas por longos editais. Nogueira (2015) 
declara que o estudo para concursos “implica decisão a ser levada a sério caso se queira 
atingir o objetivo da aprovação. (...) muitas vezes demandando imenso esforço emocional 
e mental à preparação para as provas” (NOGUEIRA, 2015, p. 57). 
Sendo assim, essas pessoas desejam uma rápida conclusão deste processo. No entanto, já 
se sabe que hoje em dia a fase de estudos de um concurseiro pode ser muito demorada, a 
depender da complexidade do concurso que prestará. Estima-se que o tempo pode variar 
de seis meses a três anos de preparo. Não existem pesquisas completas divulgadas sobre 
a quantidade de pessoas que se preparam para concursos e qual seria o perfil econômico-
social delas; aparentemente é muito diverso e democrático. No entanto, segundo Dalbem 
26 
 
 
 
(2013) estima-se que 4000 candidatos concorrerão a uma vaga por ano em concursos 
públicos. Um dado interessante é que 54% dos candidatos são do sexo feminino 
(WENZEL, 2013). 
O concurso público no Brasil, da forma como conhecemos hoje, foi sendo lapidado desde 
a promulgação da Constituição de 1934, que estabelecia no artigo 170, parágrafo 2° um 
“processo imparcial para a nomeação de funcionários públicos” (DALBEM, 2013). 
Somente na Constituição de 1967 foi determinado que o concurso público fosse a forma 
obrigatória de ingresso para o cargo público, com a exceção dos cargos em comissão. A 
Constituição vigente, promulgada em 1988, trouxe no artigo 37 os princípios que regem a 
administração pública, estruturando e organizando as condutas da administração e seus 
agentes (Albrecht e Krawulski, 2011). 
Esta característica dada pela lei à forma de ingresso no serviço público, por meio de uma 
avaliação de provas e provas e títulos, através da imparcialidade e da meritocracia chama 
a atenção de muitos candidatos, assim como boa remuneração e a garantia da 
estabilidade dada pela Constituição Federal de 1988 que suscitam a ideia de segurança e 
boas condições de trabalho. 
Os concursos públicos e o vestibular possuem alguns aspectos análogos. O 
princípio norteador é o da impessoalidade e da necessidade de um recrutamento 
meritocrático. Como muitos querem entrar, mas não há vagas ou recursos 
suficientes, põe-se como necessária a maneira mais justa possível de se escolher 
quem que será beneficiado. No Brasil moderno, essa justiça está relacionada 
com a meritocracia – “que vença o melhor” – e é algo bastante aceito pelas 
pessoas. Outro aspecto é o receio tido pelas formas de admissão mais 
pessoalizadas, que já foram vigentes no Brasil até os anos 1930 (administração 
patrimonialista, cf. BRESSER-PEREIRA, 2007) e que continuam existindo, 
principalmente por meio dos cargos comissionados. (NOGUEIRA, 2015, p. 20) 
Alexandre Meirelles (2014), um autor de grande relevância que se dedica aos concursos, 
explica que existe sim uma fórmula mágica para passar em concursos, “é a famosa HBC, 
sigla para Hora-Bunda-Cadeira, que é o número de horas que você vai passar estudando” 
e alerta ao concurseiro que o período para se obter aprovação é quase sempre mais que 
um ano e que se “não souber se preparar corretamente para estudar várias horas por dia 
durante todo esse tempo, reduzirá suas chances de aprovação e poderá prejudicar sua 
saúde” (MEIRELLES, 2014, p. 30). 
27 
 
 
 
Os que se tornam concurseiros, indivíduos das mais diferentes formações 
(músicos, cientistas políticos, jornalistas, artistas, inter alia), inserem-se em um 
mundo extremamente competitivo, onde o tempo deve ser aproveitado ao 
máximo. O estudo é parte fundamental para a acumulação de conteúdos 
cobrados nos exames; os ganhadores costumam ser eficientes em absorver 
informações. (NOGUEIRA, 2015, p.29) 
Anjos e Mendes (2015) em um artigo, que buscava conhecer as relações psicodinâmicas 
do mundo dos concurseiros, avaliou a conduta de estudos destas pessoas como “não-
trabalho” pois apesar de não serem pagos como trabalhadores, elas promovem para sua 
rotina a organização laboral de tarefas e se submetem psicologicamente às mesmas 
cobranças de produtividade de acordo com aquilo que buscam, o aprendizado dos 
conteúdos. 
A rotina de estudos é rígida e exaustiva, e o aspirante ao cargo público 
deve sempre buscar superar suas metas já alcançadas. É preciso 
contemplar todo conteúdo previsto no edital e completar com exercícios 
e leituras adicionais. Cada um é responsável pelo seu próprio 
desempenho. (ANJOS; MENDES, 2015, p. 49) 
Muitos desses Concurseiros optam por estudar em casa para evitar gastos desnecessários 
de recursos e tempo de deslocamento, assim como para fugir de possíveis estresses no 
trânsito, permanecendo um longo período de tempo em seus “cantos de estudo”, aqui 
caracterizados como Home office. Essa possibilidade de permanecer no conforto do lar se 
dá pelos avanços tecnológicos da internet e a crescente oferta de cursos preparatórios 
online. Sobre isso Nogueira (2015) sugere que a movimentação econômica deste setor 
seja de R$30 bilhões ao ano e afirma que, 
A maior forma de customização existente atualmente é talvez por meio dos 
cursos virtuais, modalidade que vem avançando bastante com o 
desenvolvimento da Internet e o aprimoramento na transmissão de dados 
virtuais, que facilita o ensino a distância. Além dos cursos presenciais em sala de 
aula, há os cursos telepresenciais e os virtuais. Nos telepresenciais os alunos 
estão em sala de aula, porém o professor está em outro espaço físico, e sua 
imagem e som são transmitidos por meios eletrônicos, podendo ser apenas uma 
gravação ou então uma comunicação ao vivo por meio de softwares como Skype 
ou Google Hangout, o que permite a interação de alunos e professor. Já nos 
cursos virtuais, o concurseiro compra videoaulas, que podem ser vistas no site 
da empresa fornecedora, via streaming. O horário para vê-las é livre, com a 
possibilidade de visualizá-las no período da preferência do cliente. Elas também 
podem ser vistas mais de uma vez. (NOGUEIRA, 2015, p. 26) 
 
28 
 
 
 
O fato de um concurseiro ter a rotina de “somente estudar” ou “trabalhar e estudar” não 
diminui a preocupação com a qualidade do seu home office (ambiente de estudo), pois 
este será inevitavelmente utilizado e por muitas horas. Esta rotina vivida por estes 
estudantes são avaliadas por eles como desgastantes física e psicologicamente, segundo 
dados apresentados por Anjose Mendes (2015). Os autores pontuam problemas 
ergonômicos a partir das queixas dos concurseiros como dores na lombar e cervical, 
consequentes das longas horas dedicadas aos estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
VARIÁVEIS PROJETUAIS 
DO AMBIENTE 
30 
 
 
 
Conforme Bonsiepe (1992), “o design é o domínio no qual se estrutura a interação entre 
usuário e produto, para facilitar ações efetivas” (BONSIEPE, 1992 apud CANEPPELE, 2014, 
p. 16). Desta forma, trata-se de ampla disciplina que tem como propósito solucionar 
problemas diversos, e por este motivo tangencia áreas distintas do conhecimento 
formando múltiplas ramificações. O design de ambientes é uma destas vertentes; este 
lida com conhecimentos das artes, arquitetura, decoração, entre outros e se comporta 
como intermediador entre as relações indivíduo e espaço (SANTOS, 2015). 
[...] o resultado material da necessidade, de uma demanda, de um desejo do 
usuário, desta forma os quesitos agregados a este produto buscam satisfazer as 
necessidades do usuário, dentro de limitações econômicas, sociais e culturais, 
sempre buscando a melhora de sua utilidade, desempenho e estética 
incrementando o padrão de vida dos usuários em questão. (ARAGÃO, 2001 apud 
CANEPPELE, 2014, p. 13) 
A partir desta ideia, entende-se o ambiente projetado como um produto de design. Este 
deve garantir segurança e conforto, aspectos que devemos pensar além do sentido físico, 
mas no bem estar psicológico e emocional, que proporcionem um ambiente salutar e 
funcional ao indivíduo, oferecendo ferramentas mentais para melhoria da produtividade 
e eficiência em suas tarefas. Santos (2015) traz a importância do papel do designer como 
mediador dessa análise: 
O designer de ambientes deve criar soluções projetuais capazes de contribuir no 
entendimento do espaço como confortável, agradável e habitável, uma vez que 
“precisa-se de ambientes que permitam extravasar os sentimentos, emoções, 
pois não é possível continuarmos tão alienados no meio em que vivemos, sentir-
nos encurralados, enfurnados na nossa mente, em espaços anódinos”. 
(OKAMOTO, 1997 apud SANTOS, 2015, P.84) 
Este profissional, então, tem a capacidade de compreender as necessidades do cliente 
captando seu estilo e personalidade para, a partir de conhecimentos prévios, integrar 
estes pontos através de uma ambientação adequada. Logo, para desenvolver este 
ambiente o especialista deve obedecer aos princípios e variáveis do design de ambientes. 
Entende-se por princípios do design elementos fundamentais para a criação de espaços 
equilibrados e harmoniosos que atendam as necessidades do usuário, sendo eles o 
dimensionamento humano, escala e proporção e princípios de ordem (GIBBS, 2014). Este 
último diz respeito ao senso visual de ordenação do espaço: simetria, equilíbrio e ritmo. E 
31 
 
 
 
por variáveis básicas do design de ambientes infere-se o conforto térmico, acústico, 
lumínico, ergonomia e o planejamento do esquema cromático. 
Planejar um ambiente laboral requer alguns cuidados para proporcionar ao trabalhador 
os aspectos citados, e estes são zelados quando o ambiente é corporativo, assistido por 
profissionais especialistas de diversas áreas. No entanto, há constante negligência 
quando estes postos de trabalho são instalados na casa do trabalhador. Em se tratando 
de home office, largamente utilizado para realização de outras atividades não 
remuneradas – como local de estudo, por exemplo – a questão se agrava, e geralmente o 
descuido é consequência de cortes de custo, busca de agilidade na execução do projeto 
ou por dedicação excessiva a aspectos estéticos. Sobre isso Meel (2013) afirma que “a 
definição de um espaço de trabalho não envolve simplesmente custos ou um projeto 
interessante, mas também questões como produtividade, cultura, flexibilidade e o bem 
estar e a felicidade dos funcionários” (MEEL, 2013, p. 17). 
A ideia de propor para este lugar de estudo um home office – nomenclatura que quase 
sempre vem associada à ideia de um ambiente para um único uso, bonito e organizado – 
denota a importância de planejá-lo considerando alguns aspectos que comumente 
provocam problemas de saúde e falta de produtividade. Quando se trata de um home 
office, espaço dado à realização de atividades intelectuais por curtos, médios ou longos 
períodos, algumas características devem ser observadas. 
Robert Propst ao falar sobre os sistemas de móveis para escritórios enfatizou a 
importância de se reconhecer que as pessoas não apenas desempenham 
atividades, mas também, “moram” nos seus locais de trabalho, uma vez que 
passam a maior parte do seu tempo no ambiente de trabalho. O pesquisador 
considera fundamental saber como as pessoas percebem o seu local de trabalho 
e como fazem uso dele, para a criação de um mobiliário adequado às suas 
caraterísticas e às características do trabalho realizado. (FONSECA, 2004, 29) 
O desenvolvimento de um projeto de um ambiente residencial destinado à realização de 
atividades intelectuais requer atenção aos fundamentos do design. A presente 
investigação tem como propósito pesquisar este ambiente, dando destaque as variáveis 
do conforto luminotécnico, às escolhas cromáticas e à ergonomia, para pautar as 
soluções das necessidades e aspirações demandadas pelo usuário para este local. 
32 
 
 
 
Santos (2015) sugere que os aspectos cromáticos, quando utilizados de maneira 
planejada e consciente no desenvolvimento dos espaços, podem estreitar e requalificar 
as relações entre o ambiente e usuários através de sensações agradáveis. Levando-se em 
consideração que a visão é um processo dependente da luz, esta se faz tópico essencial 
para esta pesquisa. O bom desempenho da tarefa visual, e consequentemente o cuidado 
com aspectos como produtividade, bem-estar e a preservação da saúde do indivíduo, 
dependem de um planejamento que se dedique a propiciar condições ambientais 
adequadas de luz, seja ela natural ou artificial. 
O advento da ergonomia objetivou adaptar os ambientes de trabalho ao trabalhador, 
priorizando os aspectos de segurança, saúde física e mental e conforto, sendo a 
produtividade consequência deste processo. Através da reunião de profissionais como 
engenheiros, designers, médicos e psicólogos este campo de pesquisa desenvolveu um 
interesse que transpassa o cuidado precípuo com o ambiente, e se atém ao indivíduo 
usuário. 
3.1 Cor e iluminação 
A luz e a cor são elementos que possuem íntima relação, e já foram amplamente 
estudadas por diversos especialistas em experiências que demonstraram suas influências 
sobre aspectos como a saúde, o humor dos indivíduos e o rendimento das tarefas, 
propiciando reações psicológicas positivas, menor fadiga visual, melhoria da 
produtividade. Tais informações são corroboradas pelas pesquisas dos autores Egydio 
Pilotto Neto (1980), que traz um estudo sobre o uso das cores nos ambientes de trabalho, 
Itiro Iida (1995), que desenvolve ampla pesquisa sobre a ergonomia e Malcolm Innes 
(2014), que se debruça sobre a iluminação utilizada em design de ambientes. 
As cores estão presentes em todos os lugares, compondo e moldando-os através de suas 
características intrínsecas, e exercem sobre as pessoas variadas sensações. No entanto, 
estas não são percebidas por todos da mesma forma, pois a interpretação de uma cor é 
regida por múltiplos fatores inerentes ao individuo que a observa, tais como o sexo, a 
idade, a classe social, a cultura, as experiências já vividas etc. Santos (2015) explica que “a 
reação às cores podeser [...] uma atividade aprendida, já que pessoas ou acontecimentos 
33 
 
 
 
do passado podem fazer um indivíduo gostar ou não de certas cores”. (SANTOS, 2015, p. 
37) 
Há muito tempo, filósofos, artistas e psicólogos se interessam e estudam a influência das 
cores sobre os seres humanos. Em tempos remotos incumbiram a este elemento muitos 
usos e significados e acreditavam ter propriedades mágicas, religiosas e curativas, pois 
possuía a capacidade de estimular, relaxar, alegrar, revigorar, causar irritação e até 
desconforto físico, tendo sido usada, possivelmente, como instrumento de tortura pelos 
Astecas no México antigo (SANTOS, 2015). 
Não obstante às individualidades, a psicologia observou que as cores são capazes de 
provocar efeitos genéricos no comportamento humano a depender de suas 
características físicas relacionadas à luz, gerando impressões visuais como aproximação e 
afastamento de superfícies e percepções de calor ou frio. Assim, uma primeira divisão é 
atribuída a sensações: cores quentes – referentes ao vermelho, amarelo e laranja – e 
cores frias – formadas pelo azul, verde e cores adjacentes (PILOTTO NETO, 1938). 
Neste sentido, sensações subjetivas se confundem, a depender das propriedades físicas e 
da significação simbólica que as cores possuem. Santos (2015) afirma que a cultura tem 
forte influência sobre esse aspecto, assim como a geografia e o clima do local. As cores 
fazem parte de um espectro eletromagnético e Gibbs (2014) explica que “a vibração de 
cada uma delas tem seu próprio comprimento de onda, que produz diferentes reações 
físicas e emocionais em cada individuo” (GIBBS, 2014, p. 114). Sobre os diversos 
significados e emoções inerentes às cores, Santos (2015) faz uma ampla demonstração 
das principais associações culturais e materiais feitas deste elemento e as reações 
provocadas nos indivíduos (ver Tabela 01). 
 
 
 
 
34 
 
 
 
Talela 01 – Principais associações às cores 
 
 
 
 
35 
 
 
 
Fonte: SANTOS, 2015, p. 44-45. 
Assim, estas características, associações e simbolismos apresentados por Santos (2015) 
devem ser considerados no projeto do ambiente como influenciadores da personalidade 
do local e do usuário. Além destes aspectos estéticos e psicológicos que envolvem a 
relação ambiente, usuário e cor, este elemento assume papel relevante na influência da 
promoção da saúde, segurança e bem-estar dos indivíduos que utilizam espaços laborais 
– neste caso o home office. 
A escolha das características do esquema cromático depende de uma série de fatores 
como o tipo da tarefa a ser realizada, o espaço e a iluminação (PILOTTO NETO, 1980). 
Sobre a escolha cromática baseada nestes aspectos, Pilotto Neto (1980) traz algumas 
36 
 
 
 
sugestões de aplicações cromáticas de acordo com o local. O teto e forro destes locais 
devem ser pintados de cores claras, como o branco, pois assim a luz seria refletida e 
espalhada pelo local, aproveitando a iluminação natural e reduzindo a necessidade da luz 
artificial. O piso deve ser um pouco mais escuro que as cores do teto e das paredes, 
tentando encontrar um equilíbrio entre luz e sombra. 
O autor propõe que este equilíbrio seja orientado pelo exemplo da natureza – o chão 
relaciona-se com a terra, mais escura; as paredes seguem uma tonalidade com valores 
médios e a cor do firmamento, mais luminosa corresponde ao teto (PILOTTO NETO, 
1980). As cores das paredes do home office vão determinar além do estilo, a atmosfera 
deste ambiente. Este é um ponto em que o usuário deve se focar quando desvia seu olhar 
da tarefa, em momentos de distração ou descanso. Assim, é preciso atentar-se para as 
impressões que estas cores provocaram nestes estudantes. 
O clima também pode ser norteador desta escolha, já que as cores seriam capazes de 
proporcionar alívios às sensações térmicas sentidas, como por exemplo o azul 
proporcionar uma “sensação de frescor, puramente psicológica, apesar do calor 
reinante” ou “a sensação de frio [...] ser reduzida com o uso racional de cores quentes 
como amarelo, o laranja e o vermelho” (IIDA, 1995, p. 270). Sobre estas propriedades 
incumbidas às cores, Kroemer e Grandjean (2005) declaram que, 
De uma maneira geral, todas a cores escuras são opressivas e fatigantes: elas 
absorvem a luz e são difíceis de manter limpas. Todas as cores claras são 
vibrantes, alegres e amigáveis. Elas espalham mais luz e iluminam a sala e 
encorajam a limpeza. (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 307) 
As cores sugeridas para locais de trabalho são as de tons mais simples e suaves, 
proporcionando superfícies mais neutras, evitando pontos de distração (IIDA, 1995). É 
essencial, porém, avaliar a incidência da luz sobre elas, pois cores muito claras, 
aproximadas do branco ou com aspecto muito brilhante, refletem bastante luz, o que 
pode causar diminuição de visibilidade, distração visual e desconforto ao olho humano 
através do ofuscamento, que se dá pela sobrecarga visual devida a super exposição da 
retina à luz (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). 
 
37 
 
 
 
Tabela 02 – Índice de reflexão das cores 
Cor e material Reflexão em % 
Branco teórico 
Branco de cal 
Amarelo 
Amarelo-limão 
Verde-limão 
Amarelo-ouro 
Rosa 
Laranja 
Azul claro 
Azul-celeste 
Cinza-neutro 
Verde-oliva 
Verde médio 
Vermelho 
Azul turquesa 
Verde-garrafa 
Carmin 
Violeta 
Preto teórico 
100 
80 
70 
65 
60 
60 
60 
50 
50 
30 
30 
25 
20 
17 
15 
12 
10 
05 
00 
Fonte: PILOTTO NETO, 1980, p. 119. 
 
Portanto, este fenômeno reflexivo deve ser atentado na decisão dos esquemas 
cromáticos para este espaço laboral e seus arredores, podendo ser orientada pelo índice 
de reflexão (ver tabela 02) atribuído a cada cor (PILOTTO NETO, 1980; KROEMER; 
GRANDJEAN, 2005). Pilotto Neto discorre sobre a utilização cromática e este fenômeno 
reflexivo, assim como o aproveitamento da luz: 
38 
 
 
 
O emprego das cores com um coeficiente de reflexão elevado proporciona uma 
melhoria notável na utilização da luz. Em alguns casos, torna-se possível a 
obtenção do dobro do nível de iluminação, sem nenhuma modificação das 
luminárias e sem aumentar as potencia das lâmpadas. (PILOTTO NETO, 1980, p. 
118) 
Ponderando o fenômeno da reflexão justifica, então, que em um projeto de home office 
requeira atenção ao comportamento da luz natural e a escolha da luz artificial utilizada, 
visto que este fator estará subordinado ao esquema cromático adotado no espaço. 
Objetos em que as cores possuem altos índices de reflexão podem ocasionar o 
ofuscamento se indevidamente iluminados. 
Sobre o ofuscamento, o autor Itiro Iida (1995) coloca que existem dois tipos: o primeiro, 
resultante da presença de fortes fontes de luzes no campo visual, tendendo a provocar 
“cegueira”3, que pode ocorrer devido a instalação incorreta de luminárias, ou mesmo 
quando existem “janelas ou áreas excessivamente brilhantes em relação ao nível geral do 
ambiente” (IIDA, 1995, p. 256). O segundo tipo não provoca a “cegueira”, mas irritação e 
desconforto visual. Nesta situação, um objeto brilhante se destaca frente a um fundo 
escuro e provoca ações musculares contraditórias que ao dilatar o íris4 causam distração 
e outros prejuízos para visão. 
Para acabar com o ofuscamento, a medida mais eficiente é eliminar a fonte de 
brilho do campo visual. Quando isso não for possível porque a fonte, por 
exemplo, é a janela, pode-se mudar a posição do trabalhador de forma que essa 
janela fique de lado ou de costas para ele. Outras medidas possíveis são as 
seguintes: reduzir a fonte de brilho – subistituindo-se,por exemplo, uma 
lâmpada por um conjunto de lâmpadas de intensidades menores, ou colocando-
as longe dos olhos; atuar sobre o ambientes – aumentado a luminosidade geral 
do ambiente ou colocando anteparos entre a fonte de brilho e os olhos; reduzir 
o brilho refletido – usando-se lâmpadas de luz difusa ou eliminando-se 
superfícies refletoras no campo visual. (IIDA, 1995, p. 257-258) 
Ainda sobre os prejuízos causados à visão pelo ofuscamento, a fadiga visual influencia 
negativamente no bem-estar do usuário do espaço. Esta é ocasionada pelo 
“esgotamento dos pequenos músculos ligados ao globo ocular, responsáveis pela 
movimentação, fixação e focalização dos olhos” (IIDA, 1995, p. 258). Provoca 
 
3 A cegueira referida pelo autor trata-se de uma condição transitória em que o olho não consegue distinguir as imagens 
por de um bloqueio da visão. Removida a fonte de brilho o olho recupera as funções, se adaptando à nova situação. 
(IIDA, 1995). 
4 É um fino tecido muscular que tem, no centro, uma abertura circular ajustável chamada de pupila. (Fonte: Hospital de 
olhos de Blumenau. http://hob.med.br/como-funciona-o-olho-humano/) 
39 
 
 
 
desconforto e tensão, e em graus mais elevados, dor de cabeça, sensação de náusea, 
depressão, irritação e queda na produtividade. Pode ser provocada por má postura, 
necessidade de foco em objetos pequenos, pouco contraste, objetos em movimento e 
iluminação inadequada. 
Para evitar a fadiga visual faz-se necessário um cuidadoso planejamento da iluminação. 
Pilotto Neto (1980) e Kroemer e Grandjean (2005) reiteram que o planejamento 
adequado da iluminação deve ser baseada em dois fatores: quantitativos – baseado nos 
níveis de iluminamento (iluminância) –, e qualitativos, que dizem respeito à qualidade 
espectral, a direção do raio luminoso e o grau de difusão da luz. 
Em escritórios, ou áreas destinadas a atividades laborais, a quantidade de luz deve ser 
relativamente alta, para que todas as tarefas sejam desempenhadas de forma satisfatória 
e confortável. Segundo a NBR 5413 (1992) – Iluminância de Interiores – para a iluminação 
geral de uma área de trabalho em escritório faz-se necessário uma média de 500 à 1000 
lux de iluminância (essa variação dependerá da dimensão do local e esquema cromático 
adotado), sendo que níveis acima de 1.000 lux podem causar a fadiga visual. Este índice 
deve ter como parâmetro de cálculo a superfície do campo de trabalho, nesse caso na 
superfície da mesa. 
Os fatores qualitativos como sistema de iluminação, o tipo de lâmpada e o esquema 
cromático adotado são fundamentais para o equilíbrio de um projeto. Sobre o sistema de 
iluminação Iida (1995) divide em três tipos: geral, localizada e combinada (ver figura 03). 
A iluminação geral versa sobre uma luz difusa distribuída uniformemente sobre o 
ambientes; a localizada, concentra quantidade de luz maior, cerca de 50% a mais que a 
geral; já a combinada, trata-se da iluminação geral complementada por focos de luz 
direcionados (luminárias tipo abajour para iluminação de tarefa), com intensidades de 3 a 
10 vezes superior à primeira (IIDA, 1995). Considerando a necessidade de luz requerida 
pelo ambiente de home office, destas citadas, a iluminação combinada seria a mais 
adequada. 
 
40 
 
 
 
Figura 03 – Sistemas de iluminação típicos em área de trabalho 
 
Fonte: IIDA, 1995, p. 260. 
A posição em que estas fontes de luz se encontram também precisam ser consideradas. 
Elas devem estar posicionadas de maneira que a luz não incida diretamente sobre os 
olhos e também não provoque reflexão excessiva sobre alguma superfície para não gere 
o ofuscamento. Quanto a este aspecto, é importante também considerar o surgimento 
de sombras que atrapalhem a execução da tarefa. Iida (1995), Kroemer e Grandjean 
(2005) recomendam que a localização desta luminária seja 30˚ acima da linha de visão 
(horizonte), preferencialmente colocada atrás do estudante ou lateralmente (ver figuras 
04 e 05). 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
Figura 04 – O ângulo entre a direção horizontal da visão e uma linha de ligação olho-luminária deveria ser 
maior que 30°. 
 
Fonte: KROEMER GRADJEAN, 2005, p. 241 
Figura 05 – Disposição desfavorável das luminárias, à esquerda, e favorável à direita. Esquerda: a luz 
refletida vai na direção do olhar, de modo que é possível o ofuscamento por reflexo direto. Direita: a luz 
refletida não atinge o olho; por isso, são evitados ofuscamentos por reflexos. 
 
Fonte: KROEMER GRADJEAN, 2005, p. 241 
Diversos autores sugerem que, a depender da necessidade, se utilize mais de uma fonte 
luminosa com o intuito de uniformizar a disposição da luz e evitar possíveis áreas de 
sombra. Além da quantidade e da localização da fonte luminosa, também é relevante 
considerar o tipo de lâmpada especificada, assim como a temperatura de cor. No que se 
refere aos tipos de lâmpadas disponíveis no mercado para situações residenciais ou para 
escritórios, podemos citar as incandescentes, halógenas, fluorescentes e a tecnologia led. 
As incandescentes e as halógenas, fontes que produzem luz através do aquecimento do 
filamento, são as que possuem menor eficiência energética, pois a maior dessa energia é 
42 
 
 
 
transformada em calor e a menor em luz visível (INNES, 2014). Sendo assim, para 
ambientes de trabalho de longa permanência essas fontes de luz não são indicadas. 
A lâmpada florescente é classificada como luz de descarga, pois trata-se de “um processo 
completamente diferente do modo pelo qual as fontes incandescentes emitem luz. A 
excitação do gás pela eletricidade provoca colisões pelos seus átomos, e essas colisões 
resultam na liberação de energia na forma de luz ultravioleta ou visível” (INNES, 2014, p. 
50). Em questão a eficiência, este tipo consegue transformar toda a energia consumida 
em luz visível. A figura 06 compara a eficiência das lâmpadas incandescentes, halógenas e 
os diversos tipos de fluorescentes. 
Figura 06 – Tabela de eficiência energética – relação fluxo luminoso com potência consumida 
 
Fonte: Osram Brasil. 
Sobre a temperatura de cor, pontuada como um aspecto relevante, cabe esclarecer que 
se trata de uma grandeza fotométrica, medida pela grandeza K (kelvin). Se refere à cor da 
luz emitida pela lâmpada, percebida pelo olho humano quando comparada à luz natural: 
quanto mais próxima à luz emitida no inicio e no final do dia, mais baixa é essa 
temperatura, quanto mais próxima à luz do meio-dia, mais alta é a temperatura desta cor. 
43 
 
 
 
A luz do dia tem grande influência na produtividade humana; de maneira geral, nos 
horários próximos ao meio-dia, as pessoas tendem a estar em um estado de alerta e 
maior produtividade. Iida (1995) confirma esta colocação explicando que, “em 
determinados dias e horas o organismo se mostra mais apto ao trabalho. Nessas 
ocasiões, além do rendimento ser maior, há também menores riscos de acidente” (IIDA, 
1995, p. 273). Sendo assim, para ambientes de trabalho como os home office uma 
temperatura de cor elevada proporcionaria uma melhoria na qualidade do desempenho 
da tarefa. 
Dentre as tecnologias citadas, a mais recente é a LED (diodo emissor de luz). Esta possui 
uma grande eficiência energética, pois com menor consumo de energia consegue gerar 
grande quantidade de luz. Os LEDs são fontes de luz bastante eficientes no caso de 
aplicação em luminárias de tarefa (abajur), no entanto, para iluminação geral não se faz 
uma solução efetiva. Sobre isso Innes (2014) afirma: 
A eficiência dos LEDs têm aumentado a cada ano, mas talvez ainda leve algum 
tempo até que fontes de luz LED ultraeficientes,com desempenho superior às 
lâmpadas fluorescentes e de descarga deixem de ser protótipos de laboratório e 
se transformem em luminárias úteis e de uso comum. Assim, esta fonte de luz, 
com o consumo de energia e geração de calor relativamente baixos 
provavelmente se tornará a fonte de luz banca predominante na maioria dos 
espaços que exigem iluminação geral (INNES, 2014, p. 56). 
3.2 Ergonomia 
Ergonomia, neologismo formado pelos termos gregos ergo, que significa trabalho e 
nomos significa lei natural, foi proposto por um grupo de cientistas de diversas áreas para 
a criação de um “novo ramo de aplicação interdisciplinar de ciência” que garantisse a 
pesquisa e solução de sérios e recorrentes problemas encontrados nas áreas militares e 
industriais, após a II Guerra mundial. (IIDA, 1995) Assim, a ergonomia surge como uma 
proposta definida de ser: 
[...] o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e 
ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, 
fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. 
(ERGONOMICS RESEARCH SOCIETY apud IIDA, 1995, p.1). 
Esta é uma ciência ampla e complexa que tem interesse em múltiplas variáveis que 
permeiam o ambiente projetado e seu usuário, entre eles aspectos fisiológicos, 
44 
 
 
 
antropométricos³ (estudo das medidas do corpo humano) e psicológicos. Esta disciplina 
tem uma visão tão importante de como o ambiente deve se adaptar ao ser humano que 
saiu do ambiente laboral para de alguma forma entrar em outros ambientes sociais, mas 
isso ainda acontece de forma pouco cuidadosa, motivo o qual leva Panero e Zelnik (2012) 
questionarem “onde, então, o conceito de ‘projetar a partir do próprio homem’ poderia 
fazer mais sentido do que no campo da arquitetura e do design de interiores?” (PANERO; 
ZELNIK, 2012, p. 19). 
Para chegar às medidas ergonômicas adequadas, considera-se qual a atividade 
desenvolvida, usuário, equipamentos e ambiente, pois para a ergonomia é 
indispensável verificar o que é feito, quem faz, como e quanto de trabalho é 
realizado para se chegar às medidas necessárias e corretas do mobiliário, todos 
estes quesitos são importantes para a própria prevenção de desconfortos e 
lesões corporais. (CANEPPELE, 2014, p. 46) 
Entende-se que alguns fatores ergonômicos são objetos de estudo mais essenciais a um 
projeto de ambiente de home office. São eles: a antropometria, percepções visuais e 
posturais, aspectos subjetivos (conforto, segurança e fadiga), temperatura, iluminação, 
organização do trabalho e os sistemas de posto de trabalho e produção. Estas variáveis 
podem, nesta pesquisa, ser pensadas em níveis de importância quando se analisa o 
usuário do ambiente a ser planejado. 
Este usuário tem como comportamento de trabalho longas horas sentado, lendo em 
papeis ou telas (celular, ipad, kindle etc.) e olhando para a tela do computador. Desta 
forma, deve ser prioritariamente pensado na postura deste indivíduo e os móveis com os 
quais realizará as tarefas. Muitas são as queixas de dores por pessoas que precisam 
passar muito tempo na posição sentada. Em pesquisa realizada por Gradjean (1962), 57% 
das queixas estavam relacionadas a dores nas costas (KROEMER e GRANDJEAN, 2005, 
50). 
Conforme sinalizado na seção anterior, nesse momento serão pontuadas, à luz de Iida 
(1995) e Kroemer e Grandjean (2005), algumas considerações iniciais a respeito das 
atividades musculares, no que se refere aos conceitos do trabalho estático e dinâmico e 
suas implicações na realização das tarefas, as recomendações ergonômicas para 
dimensionamento dos locais de trabalho, atentadas prioritariamente em ações realizadas 
em posturas sentadas, assim como os aspectos subjetivos de conforto e segurança. Estas 
45 
 
 
 
serão concepções balizadoras para este trabalho, que darão subsídios para a análise das 
questões consideradas fundamentais. 
• Trabalho estático x trabalho dinâmico 
De acordo com Kroemer e Grandjean (2005) o trabalho muscular estático “caracteriza-se 
por um estado de contração prolongada da musculatura, o que geralmente implica um 
trabalho de manutenção de postura […] o músculo não altera seu comprimento e 
mantém-se em um estado de alta tensão, produzindo força durante todo o período de 
esforço” (KROEMER e GRANDJEAN, 2005, p. 15). 
Segundo os autores, comparado ao trabalho dinâmico leve, aquele provoca maior gasto 
energético, frequência cardíaca mais alta e requer maior tempo de repouso (descanso). 
Esses efeitos se dão pelo fato de haver menor irrigação sanguínea nos músculos (que 
estão em estado isométrico) e consequentemente menor presença de oxigênio para a 
produção de energética, o que deprime a eficiência muscular. Iida (1995) compara esse 
processo com o do trabalho dinâmico: momento em que o músculo é contraído e 
relaxado alternadamente, o que promove um bombeamento sanguíneo e faz o volume 
de sangue circular cerca de até 20 vezes mais, recendo mais oxigênio e aumentando a 
resistência à fadiga. 
Geralmente as atividades são caracterizadas de esforço misto – parcialmente estático, 
parcialmente dinâmico – como, por exemplo, uma atividade sentada de digitação em que 
o trabalho das pernas diminuem, mas os músculos das costas, dos ombros e dos braços 
realizam o trabalho estático para manter as mão sobre o teclado, enquanto os dedos 
realizam a parte dinâmica da atividade (ver figura 07). No entanto, como o componente 
estático é mais desgastante que o dinâmico, comumente deve-se dar maior atenção à sua 
execução (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). Outro exemplo dado por Kroemer e 
Grandjean (2005) é resultado de uma pesquisa realizada por Malhotra e Sengupta (1965) 
em que, 
 
 
46 
 
 
 
[...] os autores mostraram que os estudantes que carregavam a pasta escolar em 
uma das mãos tinham um gasto de energia superior a duas vezes do que quando 
carregavam a pasta nas costas. Este aumento do consumo de energia deve ser 
atribuído ao trabalho estático dos braços, ombros e costas. (KROEMER e 
GRANDJEAN, 2005, p 18) 
Figura 07 – Efeito do esforço muscular estático de três tipos de carregamento do material escolar no 
consumo de energia (medido pelo consumo de oxigênio) segundo Malhotra e Sengupta (1965) 
 
Fonte: KROEMER e GRANDJEAN, 2005, p 19. 
• A coluna vertebral 
A coluna é um dos pontos mais fracos do organismo. Ela se assemelha a um jogo de 
armar, que fica na posição vertical, sustentado por diversos músculos, que também são 
responsáveis pelos seus movimentos. Sendo uma peça muito delicada, está sujeita a 
diversas deformações. [...] Evidentemente, é melhor prevenir para que essas 
deformações não apareçam. Isso é feito com exercícios para fortalecer a musculatura, e 
evitando-se cargas pesadas ou posturas inadequadas, principalmente se estas forem 
prolongadas, sem permitirem mudanças frequentes. (IIDA, 1995, p. 67) 
A coluna vertebral é o sustentáculo do corpo. Tem como função proteger a medula 
espinhal (parte do sistema nervoso central) em seu interior, é responsável pelo 
movimento do tronco e pela sustentação e mobilidade da cabeça. Em contrapartida, 
possui estruturas frágeis e por este motivo é suscetível a problemas diversos causados 
por posturas inadequadas e por esforço excessivo. 
Essa estrutura é composta por quatro partes – cervical, torácica, lombar e cóccix – 
totalizando 33 vértebras sobrepostas que se estende da nuca à pelve (ver figura 08). 
Entre as vertebras existem discos cartilaginosos que se assemelham a almofadas, que dão 
mobilidade, nutrem e protegem a coluna por um mecanismo bombeamento de líquidos, 
47 
 
 
 
realizado pela compressão e descompressão dos discos (IIDA, 1995; KROEMER; 
GRANDJEAN,

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