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MATERIAL DIDÁTICO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................3 UNIDADE 1 - PLANEJAMENTO PÚBLICO ............................................................................................5 UNIDADE 2 - EVOLUÇÃO CONCEITUAL DO ORÇAMENTO PÚBLICO .......................................... 16 UNIDADE 3 - OS OBJETIVOS E A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO PÚBLICO PARA ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA .......................................................................................................... 24 UNIDADE 4 - OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O ORÇAMENTO PÚBLICO ........................................ 30 UNIDADE 5 - PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO-PROGRAMA ....................................................... 36 UNIDADE 6 - OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO: PPA, LOA, LDO .................................. 39 UNIDADE 7 - CLASSIFICAÇÃO DE RECEITA E DESPESA PÚBLICA ............................................ 43 UNIDADE 8 - A LEI COMPLEMENTAR 101/00 - LRF ........................................................................ 61 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 69 Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 3 INTRODUÇÃO A importância do conhecimento tem sido observada através de séculos e em cada época. Os maiores vencedores sempre detiveram a educação e o conhecimento, como é possível constatar através dos egípcios, gregos, romanos, grandes navegadores, militares, entre outros. As transformações pelas quais o mundo vem passando, da era industrial para a era da informação e o avanço tecnológico, faz surgir a configuração de um novo cenário, de mudanças constantes e profundas transformações nos aspectos social, político, econômico e cultural. Essa nova realidade faz com que a vida de pessoas e empresas torne-se globalizada. Nesse contexto, controlar déficits e equilibrar as contas públicas são preocupações latentes por parte de todos os setores da sociedade. Em relação aos organismos públicos, a administração pública precisa, cada vez mais, pautar por uma gerência transparente e eficaz para satisfazer aos anseios da população, o que significa buscar o saneamento geral das finanças dos governos em todas as suas esferas. Como meios para que consigam o intento, temos o planejamento, controle e o orçamento público. O planejamento objetiva corrigir distorções administrativas, alterar condições indesejáveis para a coletividade, remover empecilhos institucionais e assegurar a viabilização de objetivos e metas que se pretendem alcançar. Quanto ao controle da execução orçamentária, a Constituição Federal de 1988 prevê, no art. 70, dois tipos de “fiscalização” sobre o orçamento: o controle interno e o controle externo. O controle interno é realizado pelos sistemas de Controle Interno de cada Poder. O orçamento, por sua vez, é um processo contínuo, dinâmico e flexível, que traduz, em termos financeiros, para determinado período, os planos e programas de trabalho, ajustando o ritmo de execução ao fluxo de recursos previstos, de modo a assegurar a contínua e oportuna liberação desses recursos. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 4 Esta apostila, que se trata de uma compilação, vem com o intuito de fornecer subsídios àqueles que trabalham na administração pública, mostrando um pouco de todo o processo que permeia o planejamento e o orçamento público e as implicações da Lei de Responsabilidade Fiscal que veio dar um norte ao país e contribuir para que a gestão pública seja, como falado, eficaz e transparente. Conceituaremos planejamento pela ótica de vários especialistas do assunto, falaremos de suas características, sua importância, os princípios e objetivos em termos governamental. Sobre o orçamento, analisaremos sua importância para a estabilização econômica, os princípios que o regem, o orçamento-programa, os instrumentos utilizados – Plano Plurianual (PPA), Lei Orçamentária Anual (LOA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – bem como o tratamento da Receita e Despesa pública e, evidentemente, análises mais profundas sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal que engloba todos os instrumentos falados acima. Desejamos a todos uma boa leitura e ressaltamos que ao final, são disponibilizadas várias referências bibliográficas complementares, as quais sugerimos que utilizem para aprofundamento da matéria. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 5 UNIDADE 1 - PLANEJAMENTO PÚBLICO Um dos instrumentos administrativos que mais notoriedade obtiveram nos últimos 30 anos, foi o planejamento. Seu emprego sistemático, nos programas militares, desde a Segunda Guerra Mundial, contribuiu para aperfeiçoá-lo e desenvolvê-lo sobremaneira, o que estimulou as empresas e outros setores do governo a incorporar suas técnicas. Já existia uma tendência para aproximar mais e mais o orçamento do planejamento e, para isso, na década de 1960, surgiu o PPBS – Planning, Programming and Budgeting System (Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento). Essa nova concepção que Giacomoni (2007) diz ser ambiciosa, integrava de forma sistemática: os diagnósticos, prognósticos, os objetivos, a análise de cursos alternativos, os programas e projetos com suas metas, os recursos a serem empregados, a indicação de custos, bem como os esquemas de avaliação e controle. O planejamento teria o papel mais saliente em todo o processo e isso seria possível devido ao estágio alcançado pelas modernas técnicas de informação que visam auxiliar a análise e a tomada de decisões. Entretanto, de acordo com Giacomoni (2007), surgiram problemas intransponíveis na trajetória de sua implantação que o levaram ao fracasso naquele momento, mas, felizmente não foi preciso retomar o modelo de orçamento tradicional, nem causou muitos estragos ao conceito moderno de orçamento. Dentre os problemas temos: crise econômica com a consequente escassez de recursos para novos empreendimentos, falta de técnicos especializados e até dificuldades políticas. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 6 1.1 - Conceitos e definições De acordo com Hoji (2003, p. 359): [...] o planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadasdentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados. Segundo Chiavenato (2000, p. 168) “o planejamento constitui a primeira função da administração. Antes de qualquer função administrativa ser executada, a administração precisa determinar os objetivos e os meios necessários para alcançá- los”. O planejamento administrativo significa decidir adiantadamente o que deve ser feito para alcançar determinado objetivo ou meta. Segundo Maximiano (1995, p. 197), “o processo de planejamento tem três finalidades principais: antecipação a situações previsíveis, predeterminação de acontecimentos e preservação da lógica entre eventos”. De acordo com Robbins (2002, p. 116): [...] planejamento compreende a definição das metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangente para integrar e coordenar atividades. Diz respeito, portanto, aos fins (o que será feito) e também aos meios (como será feito). Vejamos a definição de planejamento de Pereira (1999, p. 113): [...] processo de elaboração, execução e controle de um plano de desenvolvimento, a partir do qual fixam-se objetivos gerais e metas específicas, assim como a ordenação do elenco de decisões e providências indispensáveis para a consecução desses objetivos. Dessa forma, o plano de desenvolvimento poderá ser executado de maneira mais rápida, despendendo menos recursos e esforços. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 7 1.2 As dimensões do planejamento Também, de grande contribuição para este estudo é o entendimento dos aspectos básicos das cinco dimensões do planejamento segundo Steiner apud Oliveira (2001, p. 32), que permitem uma visão da amplitude do planejamento, as quais são: a primeira dimensão do planejamento corresponde ao assunto abordado, do que pode ser a produção, pesquisa, novos produtos, finanças, marketing, instalações, recursos humanos etc.; outra dimensão corresponde aos elementos do planejamento, entre os quais podem ser propósitos, objetivos, estratégias, políticas, programas, orçamento, normas e procedimentos, entre outros; uma outra dimensão corresponde à dimensão do tempo do planejamento, que pode ser, por exemplo, de longo, médio ou curto prazo; outra dimensão corresponde às unidades organizacionais, pelas quais o julgamento é elaborado, nesse caso, pode-se ter planejamento corporativo, de subsidiárias, de grupos funcionais, de divisões, de departamentos, de produtos etc.; uma quinta dimensão corresponde às características do planejamento que podem ser representadas por complexidade ou simplicidade, qualidade ou quantidade estratégica ou tática, confidencial ou público, formal ou informal, econômico ou caro. Segundo Giacomoni (2007), planejamento, programação e orçamento constituem os processos por meio dos quais os objetivos e os recursos, e suas inter- relações, são levados em conta visando à obtenção de um programa de ação, coerente e compreensivo para o governo como um todo. De acordo com Sousa, Batista e Andrade (2004) planejamento é a forma de programar e administrar o futuro, pensando nas consequências e adaptações à realidade e aos fatos físicos, orçamentários, financeiros e históricos que intervenham no decorrer de uma ação e que podem influenciar os resultados esperados. Tal Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 8 procedimento parte de premissas pré-definidas ou estimadas, as quais serão administradas mediante controles adequados, capazes de formalizar registros que buscam promover qualificação, quantificação, segurança, garantias, eficiência, eficácia, avaliação e, consequentemente, uma tomada de decisão mais acertada. Dessa maneira, pergunta-se: Mas, como planejar? Qual a ferramenta inicial do planejamento? Uma das resposta é que não se pode falar em planejamento sem controle. Essa correlação proporciona o acompanhamento da realização de fatos, que, agrupados, demonstram vantagens e desvantagens para qualquer ente ou administração pública, permitindo adaptações e ajustes, a fim de se obter resultados satisfatórios. Os autores, citados até o momento, ressaltam a íntima relação entre planejamento e controle, o que é verdade, pois não há sentido em estabelecer planos sem estabelecer formas de controlar a sua execução e, nos casos de desvios, executar ações de alinhamento ao objetivo e estabelecer os ajustes que a realidade for impondo ao longo do tempo. Assim, planejar deve ser uma constante e essa tarefa deve estar adequada à realidade e às necessidades da administração governamental. Tratando-se de administração pública, incluindo os órgãos das esferas federal, estadual e municipal, percebe-se uma exigência rotineira e constante de controles, relatórios e planejamento, por se tratar de administração dos direitos, deveres e obrigações dos bens de domínio público. O administrador público recebe a confiança de administrar, mediante o voto popular, e se subordina às penalidades da má administração, as quais são previstas em diversos instrumentos legais. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 9 Quadro 1 – Ambiente da Administração Pública Fonte: SOUZA, BATISTA E ANDRADE (2004). Fazendo uso do Planejamento, a Administração Pública passa a utilizar-se de métodos rotineiros e específicos, a fim de proporcionar ações que possam dar condições de se atingir determinados objetivos. Sousa, Batista e Andrade (2004) ressaltam que não se trata de pacotes de procedimentos padrões, pois cada entidade tem sua particularidade e cada uma terá seus procedimentos individualizados. De todo modo, o uso persistente e sistemático do planejamento contribui para desenvolvê-lo e aperfeiçoá-lo substancialmente, principalmente, se observarmos que a administração dos órgãos públicos atuava, digamos, “de qualquer maneira”, até pouco tempo atrás. Hoje, com o uso sistemático do planejamento, estão mais atentos às falhas e desvios, mesmo porque estão sujeitos a legislações rígidas, como veremos adiante. Observamos a importância do planejamento também nas organizações do setor privado, que utilizam com propriedade os seus benefícios e controles, elaborados de forma responsável e coerente, uma vez que é o futuro do negócio que está em jogo. Enumeramos abaixo algumas características relevantes ao planejamento: 1. Antecedência, onde o planejamento deve anteceder aos atos e fatos Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 10 previstos em seu plano de ação; 2. Diagnóstico de situação que deve dar um feedback dos atos e fatos planejados; 3. Identificação de necessidade que deve apontar os pontos que necessitam de mensuração e controle; 4. Definição de programase objetivos que os explicitarão e canalizarão esforços para cumpri-los; 5. Quantificação de metas e custos, onde traçará os objetivos e os custos dos mesmos; 6. Avaliação de resultados; e 7. Integração de todos os sistemas, influenciando a minimização de esforços e recursos e a maximização de resultados. Quando falamos acima de “legislação mais rígida”, estávamos nos reportando, principalmente, à Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar nº 101/2000, a qual ampliou a preocupação na tarefa de planejar, considerando que novas responsabilidades foram impostas aos gestores públicos. Para falarmos de responsabilidade → planejamento → administração precisamos entender algumas nuances entre gestão e administração. Vários autores inferem que gestão e administração são termos aplicados como sinônimos, entretanto, tem-se observado que todo gestor é administrador, mas nem todo administrador é gestor. Enquanto o conceito de administração para Ferreira (2004) é “conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim ordenar a estrutura e funcionamento de uma organização”, o conceito de gestão é mais amplo, pois, além de envolver a administração, está diretamente ligado aos projetos da entidade, como relevar a situação mercadológica e preocupar-se com seus funcionários, fornecedores, governo e população. Assim, a efetiva gestão proporciona o atingimento de resultados com grandes repercussões junto ao status quo da entidade e de todos seus envolvidos. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 11 Segundo Sousa, Batista e Andrade (2004), quanto aos administradores públicos, esses estão sob evidência, já que, além de serem mandatários do povo que os elegeram, estão sob regime de leis e normatizações que os obrigam a ser veementes planejadores de seus atos. 1.3 O planejamento governamental Para gerenciar a “coisa pública”, a própria legislação pública fornece instrumentos capazes de dar subsídios, ou seja, a Lei Orçamentária Anual (LOA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Plano Plurianual (PPA), definidos no artigo 165 da Constituição Federal (CF); o Plano Diretor, em cidades com mais de vinte mil habitantes, exaltado no artigo 182, §1º, da CF/88; e, ainda, o Estatuto da Cidade, conforme Lei nº 10.257/01; todos se apresentam como instrumentos governamentais que, ao mesmo tempo em que denotam e induzem a um planejamento real das condições das entidades públicas e de seus representantes, atendem às referidas exigências legais, dando todas as informações precisas e necessárias para a tomada de decisão. Os três primeiros instrumentos mencionados devem relacionar entre si de forma harmônica e eficaz. Essa harmonia deve refletir a coerência, a sistematização e a identidade de vontades presentes nas referidas normas legais e sua eficácia deve retratar os esforços para o atingimento de seus objetivos. Cada um deles será discutido em seus pormenores em capítulos adiante. Conforme Sousa, Batista e Andrade (2004), pode-se considerar o planejamento como uma forma de se direcionar energia, em busca de se atingir uma meta ou objetivo. Porém, pode-se definir, ainda, o nível de detalhamento de planejamento que se quer fazer. Considerando a precária aplicação do planejamento, sempre são criadas normas. Sob a luz da Constituição Federal de 1988, da Lei nº 4.320/64 e da Lei Complementar nº 101/00 (LRF), combinadas com as Portarias do Ministério do Orçamento e Gestão, verifica-se que essas ditam preceitos relativos ao orçamento público, realçando as exigências de controle e planejamento, inclusive quanto à forma de programação estabelecida através de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 12 diretrizes, programas, objetivos, ações, metas e prioridades da administração. Todas as tarefas do planejamento, se bem trabalhadas, repercutirão na execução orçamentária, na previsão de metas bimestrais de arrecadação, a programação financeira e o cronograma mensal de desembolso, além da fixação e reprogramação de cotas orçamentárias e financeiras com maior grau de assertividade. Assim, pode-se observar que o processo de planejamento é contínuo; ele não pára, e pode ser visualizado conforme o Quadro 2: Quadro 2 – Processo do Planejamento Fonte: Sousa, Batista e Andrade (2004) Enfim, o planejamento em uma administração pública é a programação do Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 13 futuro, garantindo-lhe propostas e adaptações à realidade econômica e social local, aos aspectos orçamentários e financeiros, levando em consideração os fatos históricos. Aliado ao cumprimento do planejamento, busca-se o atendimento à Lei de Responsabilidade Fiscal, no que tange ao equilíbrio das contas, à transparência, à responsabilidade e ao controle, sendo necessária uma mudança de cultura dos gestores. O Estado, ao contrário das empresas, não tem por objetivo obter lucro, mas sim, promover o bem-estar da sociedade. Sendo assim, o planejamento governamental difere do planejamento organizacional em alguns aspectos e pode ser classificado também em: nacional – define as diretrizes para o país; regional – limita-se a regiões do país com peculiaridades econômicas e sociais específicas; urbano – limita-se a âmbito municipal planejando o crescimento e desenvolvimento da cidade e; setorial – quando relaciona-se a determinados setores, como por exemplo, saúde, educação, transportes, energia, dentre outros. No Brasil, por tratar-se de um estado federativo, observa-se também o planejamento estadual, que pode ser dividido por micro-regiões dentro do mesmo estado. Nesse ponto, faz-se necessário ressaltar que o planejamento governamental deve prever três variáveis políticas que interferem diretamente na implementação dos planos, que segundo Matus (1993, p. 92), são: “o poder, a cooperação e a coordenação”. A estrutura do poder, quando não prevista na formulação, inviabiliza ou torna deficiente a execução do planejamento. Salienta-se, ainda, que os problemas sociais e econômicos não possuem como opção uma única solução correta e viável. Nesse sentido, o planejamento deve selecionar uma entre as alternativas possíveis, fazendo uso dos aspectos políticos do planejamento. A decisão governamental a respeito de como conduzir o orçamento da União e aplicar as verbas públicas, interessa à sociedade como um todo, prevalecendo, neste momento, os critérios técnicos. Por último, no que diz respeito ao seu insucesso ou desuso, em escala Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 14 mundial, evidenciam-se críticas, haja vista que a falta de planejamento é sinônimo de improvisação e despreparo. Segundo Souza (2009), embora seja verdadeiro que a experiência brasileira na década de 80 e o colapso das economias planificadas no início dos anos 90 indiquemo possível insucesso do planejamento governamental, o planejamento continua a ser um instrumento que pode ser útil ao governo e à nação. Constitui-se, na verdade, na indicação dos caminhos do desenvolvimento econômico, bem como na transparência da aplicação dos recursos públicos. O malogro brasileiro, na década de 80, esteve muito mais ligado às oscilações da economia de então do que às falhas no planejamento em si. Segundo Matus (1993, p.95), no que diz respeito ao planejamento federal, que passou a ser utilizado a partir da década de 30, os estados passaram a utilizá-lo como ferramenta de alocação de recursos públicos. Constituem particularidades do planejamento em âmbito estadual: [...] o efetivo controle de um reduzido número dentre as variáveis de maior gravitação na vida econômica local; uma capacidade pouco definida de influenciar decisões que, ditadas por outros centros de poder, profundamente afetam o comportamento das economias estaduais; e o menor peso e grau de diversificação institucional dos poderes públicos das unidades federadas, quando em comparação com a União. (SOUZA, 2009, p. 17). Do exposto, depreende-se que o processo de planejamento estadual fica restringido, haja vista que os governos locais não possuem autonomia de decisão suficiente para interferir na realidade econômica local. Também, na maior parte dos estados brasileiros, a expressiva dependência de recursos alheios, faz com que suas metas e objetivos referentes ao planejamento só consigam ser concretizadas regionalmente. O caso dos estados pertencentes à região Nordeste, exemplifica essa contingência. Segundo Souza (2009, p. 23), no âmbito local ou municipal, o planejamento urbano diz respeito à ocupação espacial da cidade, bem como da distribuição dos serviços públicos essenciais à população. Um exemplo de planejamento urbano é o Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 15 Plano Diretor de Brasília, que estabelece onde e como será o crescimento da cidade (onde haverá escolas, hospitais, prédios residenciais e comerciais, etc). A Constituição delega aos municípios a responsabilidade pelo planejamento urbano, ao determinar em seu art. 182: Art. 182 A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. No que tange às recentes mudanças no papel do Estado como principal agente condutor do processo de desenvolvimento econômico do país, o efeito mais imediato é a drástica redução no montante de recursos disponíveis para investimento na infraestrutura urbana. Nessas condições, o grande desafio das cidades passa a ser a mobilização de fontes alternativas de financiamento e a criação de novos arranjos institucionais que permitam compensar a crescente escassez de recursos Enfim, de acordo com Andrade (2002), o planejamento não é feito somente na ocasião da elaboração do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária. Durante a execução orçamentária, para garantir o equilíbrio das contas públicas, é necessário rever os planos iniciais e adequá-los à realidade, ou até mesmo replanejar. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 16 UNIDADE 2 - EVOLUÇÃO CONCEITUAL DO ORÇAMENTO PÚBLICO 2.1 Origens Fazendo uma retrospectiva histórica, Freitas (2003) nos mostra que o orçamento público remonta à Constituição inglesa, outorgada em 1217, pelo rei João Sem Terra, e que em seu artigo 12 estabelecia restrições para a criação de tributos, os quais deveriam ser aprovados pelo Conselho Comum do Reino. Uma vez que os integrantes do conselho não estavam preocupados com as despesas do rei, mas com os tributos que este lhes impusera, temos nesse momento, muito provavelmente, o início da luta pelo controle parlamentar das finanças públicas, quando os nobres entenderam que o poder ilimitado do rei deveria ser controlado. Haver um excedente econômico por parte do Estado e da moeda foi condição primordial para as primeiras práticas orçamentárias que coincidiram com o advento da monarquia absoluta – passagem do feudalismo para o capitalismo. De acordo com Pompeu e Tassigny (2005), a partir do século XIX, a maioria dos orçamentos públicos, praticados em todo mundo, apresentava a forma semelhante dos orçamentos tradicionais: fixava a receita e a despesa. No século XX, o orçamento passou a ser mais que uma simples previsão de receita ou estimativa de despesa. Transformou-se em um instrumento legal da administração pública que tinha como fim auxiliar o Poder Executivo nos processos de planejamento, programação, execução e controle de propostas orçamentárias de determinado exercício, em se tratando da gestão de finanças públicas. O orçamento sofreu muitas alterações ao longo do tempo. Hoje em dia, representa um método utilizado pela administração para coordenar despesas e receitas públicas imprimindo-lhes organização e controle. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 17 2.2 Conceituações Conceitualmente, podemos dizer que constitui um mecanismo fundamental de planejamento e gestão dos recursos públicos. Segundo Ferreira (2004) o verbo orçar possui uma multiplicidade de sentidos: avaliar, calcular, estimar, atingir e, por extensão, planejar, calcular, etc. Acredita-se que a palavra “orçar” venha do italiano orzare ou do latim ordior, os quais se referem ao ato de planejar, de calcular ações orçamentárias ou simplesmente fazer cálculos. Analisando na categoria de Orçamento Público, segundo Pompeu e Tassigny (2005), podemos conceituar como sendo o ato de planejar, ou ainda, a execução e a aproximação de diversos objetivos de diferentes políticas que devem ser orçadas e, posteriormente, efetivadas por meio da administração pública. Segundo Baleeiro (1984) o orçamento-público é: o ato pelo qual o Poder legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei. Numa definição mais simples, Bastos (1991) diz que “é uma peça jurídica, visto ser aprovado pelo legislativo para vigorar como lei dispondo sobre a atividade financeira do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas”. O orçamento é um processo contínuo, dinâmico e flexível, que traduz, em termos financeiros, para determinado período, os planos e programas de trabalho, ajustando o ritmo de execução ao fluxo de recursosprevistos, de modo a assegurar a contínua e oportuna liberação desses recursos. Na realidade, o orçamento é um instrumento de grande valia no apoio à gestão pública. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta gerencial, muitos administradores, especialmente aqueles que ainda não experimentaram a técnica orçamentária, ignoram seus benefícios. Ele não deixa de ser um meio de comunicação, ao corpo gerencial, dos Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 18 planos de direção da empresa e, sobretudo, harmonizam os objetivos das unidades que compõem a organização como um todo. O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um determinado exercício (geralmente um ano). O orçamento tem como finalidade última, de acordo com Bastos (1991): se tornar um instrumento de exercício da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei orçamentária. Não é possível deixar de expor o conceito ampliado de Giacomoni (1994) que caracteriza o orçamento público como “a resultante de uma multiplicidade de aspectos: jurídico, contábil, econômico, financeiro, administrativo, etc.”. 2.3 Os tipos, os aspectos e as funções do orçamento público Segundo Angélico (1995), o orçamento pode ser classificado segundo o seu tipo, seus aspectos e suas funções. O tipo seria a característica que determina a maneira pela qual o orçamento é elaborado, dependendo do regime político vigente; daí podemos dizer que os orçamentos variam segundo a forma de Governo e podem ser classificados em três tipos: Legislativo – é o orçamento cuja elaboração, votação e aprovação são da competência do Poder Legislativo, cabendo ao Executivo a sua execução. Esse tipo é utilizado em países parlamentaristas; Executivo – é o orçamento cuja elaboração, aprovação, execução e controle são da competência do Poder executivo. É utilizado em países onde impera o poder absoluto; Misto – é o orçamento elaborado e executado pelo Poder Executivo, cabendo Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 19 ao Poder Legislativo a sua votação e controle. Esse tipo é utilizado pelos países em que as funções legislativas são exercidas pelo Congresso ou Parlamento, sendo sancionado pelo Chefe do Poder Executivo. Esse é o tipo utilizado no Brasil. Segundo o mesmo autor, citado anteriormente, os aspectos do orçamento seriam: Aspecto econômico – é o resultado da evolução das características políticas do orçamento; Aspecto político – diz respeito à sua característica de Plano de Governo ou Programa de Ação do grupo ou facção partidária que detém o poder; Aspecto jurídico – é o que define a Lei orçamentária no conjunto de Leis do país; Aspecto financeiro – é caracterizado pelo fluxo monetário das entradas da receita e das saídas da despesa, meio efetivo e normal da execução orçamentária. Do ponto de vista econômico, o orçamento passou por duas fases distintas: a tradicional e a moderna. Na primeira predominava a concepção liberal, na qual a organização da atividade econômica era regulada pelas leis de mercado (oferta e procura) e o papel do Estado era limitado às funções de justiça, educação e segurança. O Estado liberal tinha como preocupação manter o equilíbrio e impedir o crescimento dos gastos, assim, o orçamento relacionava as receitas e despesas, tornando-se um eficaz instrumento de controle das contas públicas. Em relação às suas funções, na fase moderna (final do século XIX e início do século XX), resultante de mudanças do papel do Estado na economia, quando este passou a intervir no sistema econômico para impedir distorções e corrigir os desequilíbrios do sistema, vimos a ampliação do papel do Estado e a definição de três funções básicas: alocativa, distributiva e estabilizadora. A função alocativa está relacionada com as necessidades do Estado em atuar como promotor de ajustes na alocação de recursos resultantes da deficiência do sistema de preços de mercado, ou seja, onde a ação privada é desestimulada por causa do alto volume de recursos financeiros necessários, o Estado atua. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 20 A função distributiva resulta do reconhecimento da incapacidade do mercado como distribuidor de rendas. O Estado intervém para corrigir as falhas decorrentes do sistema de preços, buscando tirar de uns para melhorar a situação de outros. Nesse aspecto, o orçamento público funciona como um mecanismo essencial para viabilizar as políticas públicas de distribuição de renda. A função estabilizadora, também, só entrou em atividade a partir da crise da década de 30, e da mesma forma que a distributiva, teve o propósito de atenuar o impacto social e econômico de crises de inflação e desemprego, tendo como principal instrumento de ação, a política fiscal por meio do aumento ou redução dos gastos públicos e a política monetária que ajusta a oferta da moeda às necessidades do contexto econômico. Sob o enfoque político, é um instrumento pelo qual são legitimadas as propostas de gastos do grupo detentor do poder, refletindo as ações governamentais para solucionar os problemas e necessidades de determinado grupo social ou região. Administrativamente, é um autêntico objeto de planejamento, no qual se procura administrar e compatibilizar as ações governamentais, tendo em vista as demandas prioritárias de recursos disponíveis e a eficiência dos serviços prestados pelo Estado. Como instrumento financeiro, o orçamento sistematiza o fluxo de entradas e desembolsos do Poder Público, ou seja, as receitas que o Estado recolhe e a utilização dessas para pagamento dos compromissos assumidos. 2.4 O orçamento público no Brasil A necessidade de fortalecer os vínculos entre planejamento e orçamento tem sido observada no cenário brasileiro desde a implantação da Lei nº 4.320/64. Hoje em dia, ao contrário do que ocorria naqueles períodos de inflação alta, temos observado ações voltadas para a realização eficiente de políticas públicas onde a programação do orçamento não está direcionada somente para o controle de Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 21 gastos, mas para a avaliação de resultados. No período inflacionário, o orçamento era elaborado a preços correntes e, ao longo da execução, corrigiam-se as distorções de preços através de suplementações, pois os valores orçados já não correspondiam, quando do desembolso, ao montante necessário ao cumprimento da despesa. Não havia correspondência entre a realidade da execução orçamentária com a execução financeira das despesas, que acabavam sendo mensalmente corrigidas. Elaborações foram feitas, principalmente atravésda implantação do Plano Plurianual e da Lei de Diretrizes Orçamentárias, objetivando acompanhar a execução do orçamento, adequando a necessidade de realização das despesas à realidade. Dessa forma, o orçamento passou a ser peça estratégica para o controle financeiro, deixando compatíveis receitas e despesas em volume, dentro de um determinado período de tempo. 2.5 A lei 4.320/64 De acordo com Freitas (2003), a partir de várias iniciativas e estudos procedentes de diversas áreas, dentre elas, a Terceira Conferência de Técnicos em Contabilidade Pública e Assuntos Fazendários (1949) e o Manual das Nações Unidas, o Congresso Nacional aprovou, em 17 de março, de 1964, a Lei nº 4.320 que consolidou o modelo orçamentário padrão para os três níveis do governo brasileiro. Essa lei passou a ser um marco na legislação orçamentária brasileira, disciplinando as práticas orçamentárias através de: dispositivos da receita e da despesa; elaboração da proposta orçamentária: do exercício financeiro; dos créditos adicionais; Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 22 da execução orçamentária; dos fundos especiais; do controle da execução orçamentária; da contabilidade nos segmentos orçamentário, financeiro, patrimonial e industrial; dos balanços; das autarquias e outras entidade. Foram apresentados 115 artigos. E pelo previsto no art. 113, são verificadas as adequações necessárias ao longo dos anos, de acordo com os anexos da lei e por meio dos atos administrativos. Em 1967, com o Decreto nº 200, descentralizando a administração pública federal (a primeira tentativa de reforma gerencial no Brasil), dando maior autonomia às empresas estatais e fundações, definiu conjuntamente que o planejamento seria um dos princípios fundamentais para orientar as atividades do governo, enfatizando o orçamento-programa. Isso quer dizer que desde 1967, o governo já utilizava a classificação funcional-programática da despesa, por meio de funções, programas e subprogramas (subdividido em projetos e atividades). Segundo Freitas (2003), em 1974, a Portaria nº 9 ampliou a sua utilização para estados e municípios, o que nos leva a observar que essa classificação é uma grande iniciativa de aproximar o planejamento do orçamento, o que foi feito através do fornecimento de informações mais amplas sobre as programações de governo nas leis orçamentárias anuais e, ainda, uniformizando também, as terminologias entre União, estados, municípios e Distrito Federal. Há que se ressaltar que antes da Lei nº 4.320/64, o orçamento utilizado no Brasil era o orçamento tradicional, ou seja, era um documento clássico caracterizado ser um documento de previsão de receita e de autorização de despesas, estas classificadas segundo o objeto de gasto e distribuídas pelos diversos órgãos, para o período de um ano. Em sua elaboração, não se enfatizava, primordialmente, o Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 23 atendimento das necessidades da coletividade e da Administração; tampouco se destacavam os objetivos econômicos e sociais. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 24 UNIDADE 3 - OS OBJETIVOS E A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO PÚBLICO PARA ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA De acordo com a Constituição Federal de 1988, são objetivos a serem alcançados pela República Federativa do Brasil: Art. 3º [...] I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Percebe-se pelo exposto acima e após conceituarmos e analisarmos o que é orçamento, que seu objetivo maior evidentemente é o cidadão. Segundo Pompeu e Tassigny (2005), o instrumento orçamento público deve propiciar o desenvolvimento de uma sociedade democrática e participativa, na qual os cidadãos sentem-se partes integrantes do processo de gestão dos recursos público. Além do objetivo maior que é atender ao cidadão, temos outros objetivos de toda política orçamentária quais sejam: corrigir as falhas de mercado e as distorções, visando manter a estabilidade; melhorar a distribuição de renda e alocar os recursos com mais eficiência; regular o mercado e coibir abusos, reduzindo falhas de mercado e externalidades negativas (fatores adversos causados pela produção, como poluição, problemas urbanos, etc.). O Governo intervém de várias formas no mercado. Por intermédio da política Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 25 fiscal e da política monetária, por exemplo, é possível controlar preços, salários, inflação, impor choques na oferta ou restringir a demanda. Dentre os instrumentos e recursos utilizados pelo Governo para intervir na Economia, podemos citar: Política Fiscal – envolve a administração e a geração de receitas, além do cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento, utilizado para a alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia. É possível, com a política fiscal, aumentar a renda e o PIB e aquecer a economia, com uma melhor distribuição de renda. Política Regulatória – envolve o uso de medidas legais como decretos, leis, portarias, etc., expedidos como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser banidas, como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, poluição, entre outras. Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na decisão de produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se controlar a inflação, preços, restringir a demanda, entre outros. Desse modo, é fácil entender o Orçamento Público funcionando como um balizador na Economia. Se tivermos elevados investimentos governamentais no Orçamento, provavelmente, o número de empregos aumentará, assim como a renda agregada melhorará. Em compensação, um orçamento restrito em investimentos, provocará desemprego, desaceleração da economia, e decréscimo no produto interno bruto. Antes de passarmos a analisar a importância do orçamento enquanto ferramenta de controle da estabilidade econômica, vamos falar um pouco sobre o orçamento participativo e sua contribuição enquanto mecanismo de afirmação da cidadania. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 26 3.1 Orçamento participativo O orçamento participativo, segundo Pires (2001, p.13), representa “umamodalidade de participação popular que teve início e vem se consolidando num contexto específico do desenvolvimento socioeconômico e da vida política brasileira”. Para Scheider citado por Calife (2002, p.7): “O orçamento participativo abre avenidas para a participação de segmentos da sociedade anteriormente ignorados, acentuando a accountability do governo”. É necessário deixar claro que, conforme seus ideólogos, o orçamento participativo busca um conceito de democracia no qual, a conquista do governo, por meio do voto popular, não esgote a participação da sociedade, mas, ao contrário, permita iniciar um outro processo, gerando dois focos de poder democráticos: um, originário do voto; outro, originário de instituições diretas de participação. Segundo Pires (2001), o Orçamento Participativo é um instrumento que serve para alocar os recursos públicos de forma eficiente e eficaz. Recursos (receitas) que advêm primordialmente do poder do governo de tributar, devendo, pois, reverter tais recursos em benefícios coletivos (gasto público), sendo estes benefícios a materialização das demandas levantadas mediante as diferentes opiniões, interesses e desejos da comunidade. Dessa forma, o orçamento vem, gradativamente, assumindo dois papéis: o de instrumento e expressão da democracia, uma vez que a lei orçamentária está definida nos marcos do chamado Estado de Direito. De acordo com Genro citado por Calife (2002, p.8): A principal riqueza do Orçamento Participativo é a democratização da relação do Estado com a sociedade. Esta experiência rompe com a visão tradicional da política, em que o cidadão encera a sua participação política no ato de votar, e os governantes eleitos podem fazer o que bem entendem, por meio de políticas tecnocráticas ou populistas e clientelistas. O cidadão deixa de ser um simples coadjuvante para ser protagonista ativo da gestão pública. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 27 De acordo com Souza (2002), ele surge como uma iniciativa de elaborar o orçamento público levando-se em conta a participação real e efetiva da população, tendo como objetivo, concretizar de forma mais direta e cotidiana o contato entre os cidadãos e o governo, de forma a possibilitar que esse considere os interesses e as concepções político-sociais no processo decisório. Portanto, o que está em jogo nesse processo é o estimulo à crescente participação da população, em geral, e dos setores mais carentes, em especial. Enfim, o orçamento participativo constitui-se num mecanismo relativamente simples, porém eficaz, porque contempla uma prática governamental transparente e que promove o exercício da democracia. 3.2 A estabilização econômica O papel do orçamento público foi reforçado e deixou de ser um instrumento de controle financeiro ao atuar no processo de reformulação do Estado, o que podemos comprovar com a estabilidade da economia e com a redução do déficit público. O orçamento público é um instrumento de planejamento das ações governamentais e dele constam todas as receitas passíveis de serem arrecadadas num determinado exercício e sua destinação, pelas ações explicitadas nos diversos projetos e atividades. Segundo Fontenele (2007), em períodos de crise, em que os recursos se tornam mais escassos e as despesas maiores, e não havendo a desculpa dos altos índices de inflação, fica mais evidente o tamanho do déficit público. Ao mesmo tempo em que se recorre a iniciativas que promovam o aumento da arrecadação, exige-se, de outro lado, que o processo decisório de alocação desses recursos seja aperfeiçoado, para que todas as prioridades sejam atendidas e não haja descontinuidade nas ações de prestação de serviços básicos. O estabelecimento de limites de gasto leva os órgãos executores da política governamental a racionalizarem suas despesas, minimizando custos, através da redução de quantitativos físicos ou financeiros, negociando preços mais atrativos, Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 28 enfim, toda uma reformulação da visão na consecução do gasto. Desse modo, segundo Fontenele (2007), além de instrumento de planejamento na formulação das ações de políticas públicas, o orçamento passa a ser ferramenta para a ação gerencial do Estado, visto que introduz novos conceitos e indicadores que permitem avaliar a eficácia e a efetividade da prestação dos serviços públicos. Não há, portanto, como se pensar em planejamento sem se aperfeiçoarem os orçamentos para que eles reproduzam fielmente os planos de governo e as políticas públicas. Para tanto, é necessário ter em vista uma efetiva cobrança de resultados pela sociedade das ações desenvolvidas pelos governos, as quais devem ser aferidas em termos de benefícios que lhe foram prestados, sem esquecer, é claro, da importância de promover a responsabilização dos "gerentes do poder" em caso de má gestão na realização dos gastos. O destaque que se tem dado para os indicadores pretende chamar a atenção para o fato de que o momento não concebe mais dissociar o planejamento financeiro das respectivas metas físicas. Não é possível empregar recursos em algo que não reverta benefícios, ou, o que é pior, que reverta benefícios em favor apenas dos detentores do poder. Essa mudança de modelo de planejamento, orçamento e gestão exige maior responsabilidade e racionalidade no processo de alocação dos recursos, impondo um novo padrão de cultura na administração pública, pautada em transformações qualitativas que passam, é claro, pela modernização da máquina governamental e da legislação correlata. Assim, de acordo com Fontenele (2007), o processo de mudança não se refere apenas à revisão do processo orçamentário e financeiro, mas, principalmente, à adoção de um código de boas condutas dos administradores públicos, que com suas ações revertam benefícios em favor da população, propiciando não só o equacionamento da questão fiscal, como também a elevação no nível de satisfação da sociedade quanto ao atendimento de suas necessidades. Para continuar mantendo uma estabilidade econômica garantindo o equilíbrio Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 29 das contas públicas e o atendimento das necessidades sociais básicas, enumeramos os seguintes instrumentos que foram adotados pelo governo. 1. Lei Complementar nº 101/00 (Lei da Responsabilidade na Gestão Fiscal) - que estabeleceu limites para as despesas de pessoal; 2. O acompanhamento sistemático das despesas de Pessoal e Encargos Sociais que foi aperfeiçoado, assegurando-se com essa medida que os gastos com admissão e benefícios de pessoal não assumam montantes incompatíveis com a arrecadação; 3. No âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias é estabelecido valor mínimo para aplicação na área da saúde; 4. Dispositivo Constitucional determina a aplicação mínima de 25% da receita tributária na área da educação; 5. Foram estabelecidos parâmetros disciplinadores do gasto com os Poderes Legislativo e Judiciário; Espera-se com a adoção desses instrumentos, maior eficiência na gestão das políticaspúblicas e possibilidade de se ajustar o dispêndio às necessidades de retomada dos investimentos em áreas, hoje, carentes de expansão e modernização, em particular de elevado interesse social. Para que tais medidas sejam positivas e efetivas, é preciso que haja um orçamento executável e, muito importante, a cooperação entre o Poder Executivo e Poder legislativo que é de vital importância para que a política caminhe nesse sentido, o que nos mostrará a sensibilidade de ambos à necessidade de fortalecer os mecanismos de controle das finanças públicas. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 30 UNIDADE 4 - OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O ORÇAMENTO PÚBLICO Existem princípios básicos que devem ser seguidos na elaboração e execução do orçamento, os quais estão definidos na Constituição Federal de 1988, na Lei nº 4.320/64, no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Esses princípios constituem-se em características específicas que as leis orçamentárias têm e que as tornam distintas das demais e dos outros atos praticados pelo governo. Isso leva a uma maior facilidade no controle de sua execução. A Lei nº 4.320/64 em seu art. 2º, determina a obediência aos princípios da unidade, da universalidade e anualidade, ou seja, estabelece os fundamentos da transparência orçamentária, "A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade". Antes de falarmos um pouco sobre cada um dos princípios, é preciso lembrar que o orçamento é dividido em duas partes ou seções separadas – Receitas e Despesas – tanto no aspecto jurídico como no aspecto contábil. Em matéria de despesa pública, as Previsões contidas no orçamento, sejam as iniciais ou a ele incorporadas em virtude de créditos adicionais abertos durante o exercício, destacam um caráter limitativo e imperativo, inibindo e proibindo a administração de efetuar gastos além dos créditos concedidos. Quanto à receita pública, ao estimar as receitas prováveis de cada fonte, o legislador não pretende limitar as faculdades de arrecadação do poder público. O objetivo de cálculo dos recursos é fundamentar o montante dos gastos e, por via de consequência, chegar ao nivelamento entre Receitas e Despesas. Entretanto, ao contrário das Despesas, tal previsão não constitui um limite, chegando ao qual a arrecadação deva ser suspensa. Dado o seu caráter de documento legislativo que autoriza e limita a ação do Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 31 Poder Público, o orçamento deve incluir todas as receitas e todas as despesas, pois essa é a condição essencial para que o controle do Poder Legislativo seja efetivo. Reservamos um capítulo para discorrer sobre as receitas e despesas. Esses princípios básicos objetivam assegurar o cumprimento dos fins a que se propõe o orçamento e podem ser resumidos em dois aspectos: gerais e específicos. 4.1 Princípio da Unidade Segundo Giambiagi e Além (2000): Pelo princípio da unidade, o orçamento deve ser uno, ou seja, todas as despesas e receitas de uma pessoa jurídica de direito público devem estar contidas numa única proposta orçamentária. Esse princípio tem como base a necessidade de centralização de gastos e receitas em uma só lei. Parágrafo 5º - art. 165 – “a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público”. Isso quer dizer que só existe um Orçamento para cada ente federativo (no Brasil, existe um Orçamento para a União, um para cada Estado e um para cada Município). Cada ente deve possuir o seu Orçamento, fundamentado em uma política orçamentária e estruturado uniformemente. Não há múltiplos orçamentos em uma mesma esfera. O fato do Orçamento Geral da União possuir três peças, como o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento não representa afronta ao princípio da unidade, pois o Orçamento é único, válido para os três Poderes. O que há é apenas volumes diferentes, segundo áreas de atuação do Governo. Ao adotar esse princípio, evita-se as manobras que visam à ocultação de despesas em contas especiais. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 32 4.2 Princípio da Universalidade O Orçamento deve agregar todas as receitas e despesas de toda a administração direta e indireta dos Poderes para a manutenção dos serviços públicos. A Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, ou seja, nenhuma instituição pública que recebe recursos orçamentários ou gerencie recursos federais pode ficar fora do Orçamento. O objetivo principal desse princípio, segundo Giambiagi e Além (2000): é permitir um controle da atividade econômica do Estado. Não podem existir receitas e despesas que não configurem na lei orçamentária anual. Muitos autores aliam a esse princípio a premissa de que as receitas e despesas devem constar na lei orçamentária pelos seus totais brutos, sem quaisquer deduções. Tal premissa é denominada princípio do orçamento bruto. Dessa forma, quando um ente público tem a competência de arrecadar determinado tributo e repassar para outro ente público, deverá incluir a receita tributária pelo valor total sem dedução. 4.3 Princípio da Anualidade/Periodicidade O Orçamento cobre um período limitado. No Brasil, esse período corresponde ao ano ou exercício financeiro, de 01/01 a 31/12. A lei orçamentária deve ser atualizada todos os anos. Sua vigência se fundamenta, principalmente, nas seguintes razões: a previsão orçamentária não pode ter uma existência ilimitada, sob pena de ficar fora do alcance da capacidade humana; sendo periódico o orçamento, há um maior controle quanto à sua execução; o contribuinte está mais protegido, uma vez que se pode fazer uma revisão da carga tributária e adaptá-la às necessidades do Estado, que, como se sabe, variam Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 33 no tempo e no espaço. 4.4 Princípio da Legalidade O Orçamento é objeto de uma lei específica (Lei ordinária no Brasil), e como tal, deve cumprir o rito legislativo próprio, com o cumprimento de todos os quesitos, inclusive seu sancionamento e publicação pelo Presidente da República ou Congresso Nacional. Segundo Giambiagi e Além (2000), no caso específico das receitas, esse princípio refere-se às limitações e vedações ao poder de tributar do Estado. 4.5 Princípio da Exclusividade O Orçamento só versa sobre matéria orçamentária, podendo conter autorização para abertura de créditos suplementares e operações de crédito, ainda que por antecipação da receita. Mas não pode, o texto da lei, estabelecerinstituição de tributo, nem qualquer outra determinação que fuja às finalidades específicas da previsão de receita e fixação de despesa. 4.6 Princípio da Especificação ou discriminação ou especialização São vedadas autorizações globais no Orçamento. As despesas devem ser especificadas no Orçamento, no mínimo, por modalidade de aplicação. De acordo com Silva (2002, p.53), “a regra da especificação vincula-se com a classificação das receitas e despesas, sendo que as primeiras obedecem a critérios estabelecidos no Código Tributário e as segundas, a critérios econômicos financeiros e institucionais”. 4.7 Princípio da Publicidade O Orçamento de um país deve ser sempre divulgado quando aprovado e transformado em lei. No Brasil, o Orçamento Federal é publicado no Diário Oficial da Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 34 União. 4.8 Princípio do Equilíbrio As despesas autorizadas no Orçamento devem ser, sempre que possível, iguais às receitas previstas. Não pode haver um desequilíbrio acentuado nos gastos. 4.9 Princípio do Orçamento-Bruto A receita e despesa constante no Orçamento, exceto os descontos constitucionais (exemplo, transferências constitucionais), devem aparecer no Orçamento pelo valor total ou valor bruto, sem deduções de nenhuma espécie. 4.10 Princípio da Não-afetação ou não-vinculação É vedada a vinculação dos impostos a órgão, fundo ou despesa, exceto as próprias transferências constitucionais para manutenção e desenvolvimento do ensino (FPE, FPM, etc.) e as garantias às operações de crédito por antecipação da receita. Em outras palavras, nesse princípio, observa-se que não pode haver mutilação das verbas públicas. O Estado deve ter disponibilidade da massa de dinheiro arrecadado, destinando-o a quem quiser, dentro dos parâmetros que ele próprio elege como objetivos preferenciais. Ele deve ter responsabilidade para agir. 4.11 Princípio da Programação, tipicidade e atipicidade Durante a fase de consolidação da proposta de Orçamento, geralmente, seguem-se determinadas classificações orçamentárias existentes. Há uma tabela de classificação funcional de despesas, por exemplo, que classifica a despesa em funções, subfunções, programas e ações. Há outra tabela de classificação da despesa por fontes de recursos e outra por unidade orçamentária, por exemplo. No processo de programação da despesa no Orçamento, em primeiro lugar é preciso Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 35 identificar a função a que pertence a despesa (se é uma despesa classificável na função Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, Transportes, ou qualquer outra). A função é o nível mais elevado de agregação de despesas, representando quase que uma área de atuação do Governo. As diferentes funções se dividem em subfunções que, por sua vez, comportam diferentes programas de Governo, compostos por ações (projetos, atividades ou operações especiais) a realizar no exercício. Programar uma despesa é classificar a despesa de maneira a ficar evidenciado onde será utilizado o recurso (em qual função, subfunção, programa ou ação do Governo). Porém, no processo de programação, pode ocorrer de um programa não se vincular à sua respectiva subfunção da tabela de classificação funcional, ou uma subfunção não se vincular à sua função típica, constante da tabela de classificação funcional, ou seja, em termos práticos, nem sempre se programa a despesa respeitando-se a classificação funcional existente nas tabelas orçamentárias. Quando um programa é vinculado a uma subfunção que não aquela correspondente à da tabela de classificação, dizemos que ocorreu atipicidade na programação da despesa, ou seja, não há uma classificação típica. O mesmo acontece quando uma despesa classificada no Orçamento em uma subfunção está vinculada a outra função que não a função correspondente, segundo a tabela de classificação orçamentária. A tabela de classificação funcional da despesa por funções e subfunções está consignada no livro “Manual Técnico de Orçamento” publicado pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Essa classificação será explicada com mais detalhes no capítulo adiante. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 36 UNIDADE 5 - PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO- PROGRAMA Planejamento, programação e orçamento formam um sistema integrado de gerência inteligente. De acordo com Lopes (1990), o planejamento público é um “método coerente e compreensivo de formação e implementação de diretrizes, através de um controle central de vastas redes de órgãos e instituições interdependentes, viabilizados por conhecimentos científicos e metodológicos”. O planejamento é entendido como um processo racional para definir os objetivos e determinar os meios para alcançá-lo, devendo logicamente ser anterior à realização do empreendimento, ou seja, precede a elaboração orçamentária e tem como objetivo a seleção nacional das alternativas para a ação governamental em compatibilidade com os meios disponíveis, pois se houvesse uma quantidade ilimitada de recursos, não haveria em princípio, necessidade de planejamento. Deve obedecer às seguintes características: diagnóstico da situação existente; identificação das necessidades de bens e serviços; definição clara dos objetivos para a ação; discriminação e quantificação de metas e seus custos; avaliação dos resultados obtidos; trabalho integrado. O processo de planejamento é desenvolvido nos seguintes níveis que integram e sincronizam os planos: Diretriz – conjunto de critérios de ação e de decisão que deve disciplinar e orientar os diversos aspectos envolvidos no processo de planejamento. Trata- se de um nível mais abstrato onde ocorre a formulação geral do objetivo. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 37 Objetivo – indica os resultados que a administração pretende alcançar com a realização das ações governamentais. Metas – é a especificação e a quantificação física dos objetivos estabelecidos. Programa – corresponde às ações que resultam em serviços prestados à comunidade, passíveis de quantificação. O Orçamento-Programa deve, pois, ser entendido como uma etapa do planejamento e compreende os seguintes aspectos: instrumento de ação administrativa para execução dos planos de longo, médio e curto prazos; previsão das receitas e fixação das despesas com o objetivo de atender às necessidades coletivas definidas no programa de Ação do Governo; instrumento de aferição e controle da autoridade e da responsabilidade dos órgãos e agentes da administração orçamentária e financeira, permitindo, igualmente, avaliar a execução dos programas de trabalho do Governo. Nesse sentido, de componente de um sistema integrado de gerência, o orçamento-programa é entendido como uma dasetapas do planejamento e foi adotado na esfera federal pela Lei nº 4.320/64. Segundo Silva (2002), identificam-se na elaboração de um orçamento- programa, algumas fases nítidas e necessárias, quais sejam: 1. Determinação da situação – identificação dos problemas existentes. 2. Diagnóstico da situação – identificação das causas que concorrem para o aparecimento dos problemas. 3. Apresentação das soluções – identificação das alternativas viáveis para solucionar os problemas. 4. Estabelecimento das prioridades – ordenamento das soluções encontradas. 5. Definição dos objetivos – estabelecimento do que se pretende fazer e o Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 38 que se conseguirá com isso. 6. Determinação das tarefas – identificação das ações necessárias para atingir os objetivos. 7. Determinação dos recursos – arrolamento dos meios (recursos humanos, materiais, técnicos, institucionais e serviços de terceiros) necessários. 8. determinação dos meios financeiros – expressão monetária dos recursos alocados. O orçamento-programa contribui para o planejamento governamental, pois é capaz de expressar com maior veracidade as responsabilidades do Governo para com a sociedade, visto que o orçamento deve indicar com clareza os objetivos perseguidos pela nação da qual o governo é intérprete. Assim, podemos constatar que é princípio fundamental do Estado moderno que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário devem organizar e exercer suas atividades com planejamento permanente, atendendo às peculiaridades locais e aos princípios técnicos convenientes ao desenvolvimento econômico e social. Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 39 UNIDADE 6 - OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO: PPA, LOA, LDO O atual processo orçamentário brasileiro foi definido pela Constituição Federal de 1988, nos incisos I a III do art. 165, sendo necessários três instrumentos básicos para elaboração da proposta orçamentária e que consagram o orçamento-programa no Brasil. 6.1 Lei do Plano Plurianual – PPA O Plano Plurianual – PPA – tem por finalidade abranger as ações relacionadas ao objetivo da administração pública para determinado período. Ele é publicado a cada quatro anos em forma de lei ordinária e deve ser enviado ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto do primeiro ano de cada mandato presidencial. Sua execução tem início no segundo mandato presidencial e é finalizado no primeiro ano do próximo mandato, assim, cobre o lapso de tempo entre o 2º ano de um mandato presidencial ao primeiro ano do mandato subsequente. O parágrafo 1º do art. 165 da CF/88 dispõe que o PPA: “estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos processos de duração contínua”. Segundo o art. 174 da CF/88, o PPA é um instrumento normatizador do planejamento de médio prazo e de definição das macro-orientações do Governo Federal para a ação nacional em cada período de quatro anos, sendo estas determinantes (mandatórias) para o setor público e indicativas para o setor privado. Na realidade, o poder executivo ordena suas ações com a finalidade de atingir seus objetivos e metas usando o Plano Plurianual. Os investimentos cuja execução seja levada a efeito por períodos superiores a um exercício financeiro, só poderão ser iniciados se previamente incluídos no PPA Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 40 ou se nele incluídos por autorização legal. A não observância desse preceito caracteriza crime de responsabilidade. 6.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO A lei de Diretrizes Orçamentárias, de acordo com o parágrafo 2º do art. 195, da CF/88, compreenderá: as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. É uma lei ordinária que vale para somente um exercício e estabelece assim, de forma antecipada, as diretrizes, as prioridades de gastos e as normas e parâmetros que devem orientar a elaboração do projeto de lei orçamentária para o exercício seguinte. As prioridades e metas definidas pela LDO para os programas e ações são apresentadas em anexo ao texto legal, constituindo-se num detalhamento anual de metas estabelecidas no PPA e que foram selecionadas para constar do projeto de lei orçamentária de cada exercício. A LDO é delineada para fazer a articulação e o ajustamento conjuntural do PPA com o orçamento. As Leis de Diretrizes Orçamentárias e os orçamentos anuais têm de ser compatíveis com o que dispõe o PPA, bem como todos os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição ou quaisquer outros instituídos durante um período de governo. Nenhum investimento cuja execução ultrapassar um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA ou sem lei que autorize tal inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. As emendas parlamentares à LDO e ao orçamento, somente serão apreciadas pela comissão mista pertinente do Congresso Nacional se compatíveis com a lei do PPA Site: www.ucamprominas.com.br E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas 41 (artigos 165, 166 e 167 da Constituição Federal). Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a LDO passou também a conter dois anexos de extrema importância para orientar o governo e a sociedade sobre a condução da política fiscal. Trata-se do Anexo de Metas Fiscais, onde são estabelecidos os resultados primários esperados para os próximos exercícios, e que dão uma dimensão da austeridade dessa política; e o Anexo de Riscos Fiscais, onde são enumerados os chamados passivos contingentes, ou seja, aquelas dívidas que ainda não estão contabilizadas como tal, mas que, por decisão judicial, poderão vir a aumentar a dívida pública. Segundo Bastos et al. (2004), cabe apontar que as normas de direito financeiro, baixadas pela Lei nº 4.320/64, são ainda as que estabelecem as regras básicas de elaboração, execução e controle dos planos e orçamentos. Porém, face, principalmente, aos novos comandos orçamentários introduzidos pela Constituição de 88, essa lei ficou desatualizada. Assim, conforme Bastos et al. (2004), mediante a ausência da lei complementar prevista no § 9º do art. 165 da CF, que viria a substituir a referida lei, a LDO tem exercido também o papel de suprir as lacunas e imperfeições legais sobre a matéria, atuando de forma a compatibilizar as normas infraconstitucionais com as disposições contidas no texto da Lei Maior. 6.3 Lei Orçamentária Anual – LOA A Lei Orçamentária Anual (LOA) é igualmente uma lei ordinária de iniciativa
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