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Aula 02 PARASITO

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AULA DIGITADA PARASITO – 2
O Ascaris lumbricoides fêmea é capaz de eliminar cerca de 200 mil ovos. Vocês vão ver que quase todos os parasitas eliminam cerca de 3 mil, 5 mil, sempre um número grande de ovos porque nem todos, somente 30 ou 40% vão conseguir continuar a espécie. Muitos dos parasitas não precisam do macho para reprodução. Referente aos tipos de reprodução que não precisam do macho, temos:
Partenogênese
Hermafroditismo – tênias, por exemplo. Cada proglote de uma tênia tem órgãos reprodutores masculinos e femininos e é capaz de se auto reproduzir. 
Esquizogonia – malária/toxoplasma/isospora?
Os parasitas apresentam também capacidade de resistência à agressão ao hospedeiro. Vocês sabem que tudo que é estranho ao nosso organismo, o nosso sistema imune reconhece que aquilo é estranho (vírus, bactéria, parasita, fungo), o que chamamos de antígeno. O sistema imune reconhece o antígeno e vai tentar se defender produzindo imunoglobulinas que são proteínas de defesa. O parasita também é um corpo estranho penetrando no nosso organismo, se o organismo reconhece que ele é estranho, ataca-o; porém o parasita apresenta um sistema de defesa que reage à agressão. O Ascaris lumbricoides, por exemplo, produz uma enzima chamada antiquinase que neutraliza a ação do suco gástrico. 
Existem parasitas que tem tropismos, que sobrevivem sobre o solo (geotropismo negativo), dentro do solo (geotropismo positivo), termohidrotropismo (para agua aquecida). São diferentes formas de adaptação deles, conforme vamos falando, vocês vao ver a particularidade de cada um. 
Alguns fatores interferem na distribuição de parasitoses, como clima, relevo, temperatura, umidade, vegetação. Nós aqui no brasil temos doenças que são endêmicas na região sul, mas não na região nordeste, assim como lá existem doenças que são endêmicas para eles, mas não para nós da região sul. 
Naturais: condições ambientais, presença de um hospedeiro apropriado (por exemplo, o Esquistossoma mansoni precisa de um hospedeiro intermediário um caramujo do gênero Biomphalaria, o qual existe na região nordeste e não na região sul.), migração humana (portadores de uma região, a qual tem uma doença endêmica própria, levam a doença para outra região.). 
Nós temos os vetores, e essas migrações interferem na distribuição por causa dos vetores (da malária, das leishmanioses, da filariose). Não chegamos a ter uma epidemia de malária pois não temos os vetores, mas com essas migrações se um mosquito do gênero Anopheles (vetor) chega a picar alguém portador do Plasmodium, a fêmea do gênero Anopheles (porque são as fêmeas que são as perigosas) carregará esse agente etiológico no seu organismo, e ao picar outra pessoa não portadora da doença (malária), a contaminará. 
Ocasionais: maior densidade populacional, hábitos religiosos (indianos – praticamente 0% de incidência de pessoas com Taenia saginata, pois tem a vaca como animal sagrado; já os judeus tem praticamente 0% de incidência de Taenia solium, pois não comem carne de porco.), deficiência de princípios higiênicos (má lavagem de mãos, por exemplo), baixas condições de vida, ignorância, serviços de engenharia sanitária deficiente, alimentação inadequada.
Outros fatores são necessários para existência da doença parasitária:
Inerentes ao hospedeiro: idade (crianças de 0-5 anos são os maiores alvos de doenças parasitárias), nutrição (criança que é bem nutrida, bem cuidada, se ela tiver Ascaris, será uma infestação leve [2 a 4 parasitas] podendo ser assintomática, e normalmente, monoparasitada – com apenas uma espécie de parasita; em compensação se pegarmos uma criança com sistema imune deficiente, desnutrida, provavelmente terá uma infestação média [20 a 30 parasitas] para maciça [mais de 100 parasitas], poliparasitada – com mais de uma espécie de parasita.), resposta imune, intercorrência de outras doenças, hábitos de higiene...
Inerentes ao parasita: número de exemplares (a quantidade de parasitas que você vai albergar interfere na intensidade da doença), tamanho (se você pegar uma criança com uma infestação leve, bem nutrida e, provavelmente, monoparasitada os parasitas estarão em menor quantidade, porém com maior tamanho, pois não tem tanta competitividade; já uma criança desnutrida, com uma infestação média para maciça, poliparasitada, os parasitas estarão em maior quantidade, com tamanho menor, pois tem grande competitividade.), localização (intestino delgado, grosso), virulência (quanto mais virulenta a cepa daquele parasita, mais dano ao organismo o parasita causa), metabolismo.
Ação dos parasitas sobre o hospedeiro:
Ação mecânica e obstrutiva: infecção média a maciça que impede a passagem pela luz do intestino, por exemplo. 
Ação espoliativa: absorção de nutrientes, sangue do hospedeiro. 
Ação irritativa: ventosas de cestódios ou lábios de Ascaris lumbricoides na mucosa intestinal
Ação traumática: alguns parasitas que migram pelo corpo (cutânea e pulmonar de larvas de Ancylostomideo, hepática de Fasciola hepatica jovem, rompimento de hemácias por Plasmodium sp).
Ação tóxica: alguns parasitas eliminam metabólitos que prejudicam o hospedeiro (o ovo do Schistosoma mansoni tem uma larva chamada miracídio que elimina substâncias tóxicas para o nosso organismo).
Ação enzimática: alguns parasitas eliminam enzimas que prejudicam o hospedeiro (na penetração cutânea, pelas cercárias do S. mansoni, na obtenção de alimentos pela Entamoeba hystolitica, formando úlceras no intestino.)
Anóxia: todos aqueles parasitas que consomem O2 produzem anóxia. Um exemplo é o Plasmodium que consome oxigênio da hemoglobina, causando anemia e destruindo as hemácias. 
Mecanismos de transmissão dos parasitas:
Contato pessoal direto
Via oral (água e alimentos contaminados, mãos sujas...)
Solos contaminados com larvas
Vetores e hospedeiros intermediários 
Cutânea 
Sexual – Trichomonas vaginalis, por exemplo
Sanguínea – Trypanosoma cruzi, Leishmania sp, Plasmodium sp.
Congênita – Toxoplasmose, Doença de Chagas
Acidentes laboratoriais.
Localização do parasita:
Endoparasitas: localizam-se dentro de nós, em ductos internos, tecidos profundos.
Ectoparasitas: localizam-se na pele, na mucosa.
Enteroparasitas: localizam-se no trato gastrointestinal
Citoparasitas: localizam-se dentro das células
Histoparasitas: localizam-se dentro dos tecidos
Hemoparasitas: localizam-se no sangue circulante.
Mecanismos de defesa do hospedeiro. Claro que o parasita é um antígeno, é um corpo estranho, então o nosso sistema imune vai reconhece-lo como estranho. Existem alguns mecanismos de defesa do hospedeiro.
Fatores Genéticos: pessoas com anemia falciforme, por exemplo, possuem maior resistência à malária porque tem as suas hemácias em forma de foice, o que dificulta a penetração do Plasmodium.
Alimentação: o parasita sobrevive apenas se o hospedeiro fornecer a dieta necessária. Por exemplo, o Balantidium coli alimenta-se de amido, então para matar esse protozoário, o médico corta o amido da dieta do hospedeiro o qual passa por uma dieta láctea, matando o parasita por inanição.
Ação do suco gástrico: o suco gástrico tem pH próximo a 2, por essa razão, destrói larvas e ovos de parasitas os quais não resistem a esse pH ácido. 
Pele: barreira mecânica. Se a pele estiver íntegra, o Trypanosoma cruzi não penetra na pele, mas como quando o barbeiro pica, defeca e urina sob a pele de uma pessoa e ela coça, e machuca a pele, o protozoário adentra o organismo hospedeiro. 
* Endemia: incidência constante da doença em relação à determinada área. Região nordeste – endêmica em esquistossomose. 
* Epidemia: ocorrência de casos que ultrapassam a incidência normal. 
* Pandemia: ocorrência de uma epidemia em vários países.
* Monoxênico: não precisa de um hospedeiro intermediário no seu ciclo biológico, somente do hospedeiro definitivo. Apresenta alto potencial biótico. Ex.: Ascaris lumbricoides (vive no solo).
* Heteroxênico: precisa de um hospedeiro intermediário. Ex.: Taenia solium (porco) e Taenia saginata (boi).
Protozoários
intestinais – Giardia lamblia
O primeiro protozoário que vamos falar será o Giardia o qual pertence ao reino Protozoa, ao filo Sarcomastigophora, a ordem dos Diplomonadidas, a família Hexamitidae, ao gênero Giardia e a espécie Giardia lamblia.
Giardia lamblia é um protozoário intestinal patogênico que causa uma infecção chamada Giardíase/Giardose/Lamblíase, a terminação correta para a nomenclatura da doença seria Giardose, porém por “soar” melhor pro nosso ouvido é aceito Giardíase. Essa doença vai causar aquelas ações patogênicas que eu falei agora, ações traumáticas ao organismo, espoliativas, irritativas na mucosa do intestino, ocasionando um quadro de enterite benigna, geralmente (depende da cepa ou da quantidade de cistos ingeridos). Foi Anton em 1681, um pesquisador que descobriu, por meio de suas próprias fezes, Giardia. 
Então assim, em alguns livros vocês podem encontrar algumas sinonímias, não necessariamente Giardia lamblia, pode ser que você encontre Giardia duodenalis, Giardia intestinalis ou Lamblia intestinalis, mas é tudo o mesmo protozoário. Esse protozoário tem uma distribuição cosmopolita então ele é encontrado em muitos países, geralmente de clima temperado e tropical. A incidência aumenta muito nas crianças até a puberdade, depois em nós adultos vai caindo a taxa de incidência de Giardíase. Vocês vão ver com Ana que temos a imunidade absoluta (quando você tem uma vez aquela doença mas nunca mais vai ter – catapora, por exemplo) e a relativa (você vai ter a doença, mas isso não quer dizer que você nunca mais vai ter, talvez você tenha a doença de novo, porém com menor intensidade do que a primeira vez). Quando você adquire Giardíase quando criança, você desenvolve uma imunidade relativa, então poderá ter de novo quando adulto, porém de forma mais amena. Temos muitos casos de Giardíase por ano no mundo, no Brasil chega entorno de 4 a 30%. Além do homem, existem alguns animais domésticos, como cão e gato, que podem ser reservatórios de Giardia. Ainda não se consegue diferenciar, morfologicamente, um cisto de Giardia de um humano e de um rato. Na água, os cistos de Giardia podem conservar sua vitalidade durante dois meses ou mais. Os protozoários podem eliminar duas espécies morfológicas diferentes: trofozoíto e cisto. Os trofozoítos localizam-se no duodeno, jejuno, vesícula biliares e nas evacuações liquidas. E o cisto é encontrado no duodeno e nas fezes formadas e consegue sobreviver por meses. 
Trofozoíto – apresenta uma forma piriforme (em forma de pera), com simetria bilateral, ducto suctorial (ventosa), com dois núcleos, axonema (semelhante a nossa coluna vertebral), corpos basais e 4 pares de flagelos. 
Cisto – oval, 2 a 4 núcleos, axonema, fibrilas, corpos parabasais, com membrana externa bem destacada do citoplasma. 
Quando eu elimino trofozoíto e quando que eu elimino cisto? O homem que é portador de giardíase ele vai ter lá no seu intestino os trofozoítos de Giardia se multiplicando por divisões binarias sucessivas, formando um tapete (atapetamento) de Giardia na parede do intestino, principalmente duodeno. O que que acontece, esse trofozoíto lá no ciclo ele se destaca na mucosa, e na luz do intestino ele sofre o encistamento, e ai ele larga os cistos nas fezes. O cisto é considerado a forma de resistência do protozoário, ele resiste por mais tempo. O trofozoíto é a forma proliferativa, vegetativa; esse trofozoíto não consegue sobreviver muito tempo e se degenera em 30 minutos. Quando que a gente encontra o trofozoíto? Porque o normal é a gente eliminar cistos que é a forma de resistência, então eliminamos trofozoítos de Giardia em evacuações líquidas. Durante a diarreia, o peristaltismo intestinal está rápido, acelerado então o trofozoito ele se destaca da mucosa intestinal, cai na luz do intestino, o certo seria ele se encistar e eliminar nas fezes formadas cisto, mas como o peristaltismo está rápido não dá tempo dele se encistar porque o movimento está rápido, e você elimina então as fezes diarreicas com trofozoíto. Mas o trofozoito é a forma vegetativa e se degenera rapidamente. Quando chega nos laboratórios, fezes diarreicas elas devem ser as primeiras a serem analisadas, fezes pastosas podem ser analisadas depois de 24 horas, se forem refrigeradas. 
trofozoítos tem também uma face côncava e uma face convexa. Quando a face côncava adere no intestino ele fica preso pela ventosa (disco ventral).
A transmissão da Giardia ocorre por ingestão de cistos maduros (tetranucleados, os quais são os infectantes) através de água e alimentos contaminados mão à mão, ambientes coletivos, homossexuais e animais domésticos (discutível, OMS considerar zoonose). O cisto de Giardia resiste ao tratamento com cloro na água. Existem filtros que retêm cistos de Giardia, porém por serem muito caros a maioria das empresas de tratamento de água não tem esses filtros. A água só será contaminada com cistos de Giardia se durante sua passagem houver contato com fezes contaminadas. O ciclo biológico da Giardia é monoxemico, ou seja, não precisa de um hospedeiro intermediário. 
* Incidência: quando você está relatando apenas casos novos. 
* Prevalência: casos antigos e casos novos.

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