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1 Juliana Gisler Dalmolin VIABILIDADE ECONÔMICA E FUNCIONAL DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO BAIRRO SIMON BOLÍVAR EM CONJUNTO COM O SISTEMA VILA PROGRESSO NO MUNICÍPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO - RS. Projeto de Pesquisa em Abastecimento de Água Universidade da Região da Campanha - URCAMP Centro de Ciências Exatas e Ambientais Curso de Engenharia Civil Orientador: Prof. Me. Eng. Civil Regina Cadore Coorientador: Eng. Mecânico Leandro do Espírito Santo Soares Santana do Livramento, RS 2016 2 RESUMO VIABILIDADE ECONÔMICA E FUNCIONAL DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA DO BAIRRO SIMON BOLÍVAR EM CONJUNTO COM O SISTEMA VILA PROGRESSO NO MUNICÍPIO DE SANTANA DO LIVRAMENTO - RS. AUTORA: Juliana Gisler Dalmolin ORIENTADOR: Regina Cera Cadore A procura por alternativas que visem a redução de gastos com as perdas de água e o custo com energia elétrica é uma das grandes preocupações que as empresas de saneamento enfrentam, buscando com isso controlar este tipo de desperdício e evitar mais prejuízos. A despesa com energia elétrica é o segundo maior custo para essas operadoras, estando atribuído aos sistemas de bombeamento o consumo equivalente a 95% do gasto destas empresas com energia elétrica. O alto valor gasto com energia elétrica pelas empresas de saneamento desperta o interesse em reduzir os custos de recalque e distribuição de água nos sistemas, repensando-se a possibilidade da associação de sistemas já existentes, gerando economia direta em energia elétrica e diminuindo custos com manutenções. Este estudo tende compreender a viabilidade da fusão do sistema do bairro Simon Bolívar em conjunto com o sistema da Vila Progresso, no município de Santana do Livramento/RS, visando um sistema único, mais eficiente e econômico. O mesmo se faz necessária pelos altos custos que o Departamento de Água e Esgotos apresenta com energia elétrica proveniente dos seus sistemas de captação e distribuição. O objetivo deste trabalho é atender a demanda de consumo de água da população do bairro Simon Bolívar e Vila Progresso; verificar a viabilidade de adaptação estrutural e custos para o novo sistema; estabelecer um comparativo da situação atual com o estudo proposto e reduzir os gastos do DAE na captação e distribuição de água. A metodologia utilizada consistiu na avaliação da capacidade de produção de cada poço estudado, através de teste prático de vazão, obtendo-se o volume de água produzido por cada sistema; da avaliação de bombeamento de cada poço, através da coleta de dados por manômetro digital com memória que verificou o tempo de funcionamento das bombas; de avaliação planialtimétrica dos bairros, conferindo as diferentes alturas de cotas, para garantir a pressão mínima necessária nos pontos mais altos do bairro Simon Bolívar; e avaliação orçamentária do projeto da nova adutora que fará a ligação entre os dois sistemas. Com base nos resultados obtidos neste estudo, verificou-se que não existe a possibilidade de implementação da ideia inicial, pois, o poço do sistema Vila Progresso possui uma capacidade de produção muito baixa para abastecimento de ambos os sistemas, mesmo quando considera-se com um reservatório de maior capacidade. Para que o poço atualmente utilizado na Vila Progresso pudesse sustentar os dois sistemas o tempo de captação deste ultrapassaria as 24 horas diárias. Entretanto, é louvável a ideia de agrupar sistemas próximos visando melhor controle e economia. Palavras-chaves: Abastecimento de Água. Energia Elétrica. Associação de Sistemas. 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Composição média das DEX. ..................................................................................... 8 Figura 2: Serviço de Abastecimento de Água nos municípios brasileiros. .............................. 11 Figura 3: Tipos de Lençol - Captação Subterrânea. ................................................................. 12 Figura 4: Tipos de Reservatórios. ............................................................................................. 14 Figura 5: Redes ramificadas. .................................................................................................... 15 Figura 6: Rede malhada. ........................................................................................................... 15 Figura 7: Croqui do Sistema Progresso. ................................................................................... 17 Figura 8: Croqui do Sistema Simon Bolívar. ........................................................................... 17 Figura 9: Vista do Sistema SBO-01. ........................................................................................ 18 Figura 10: Vista do Sistema PRO-01. ...................................................................................... 19 Figura 11: Exemplos de dados de pressão criados durante o bombeamento dos poços dos sistemas adquiridos por manômetro digital com memória. ...................................................... 21 Figura 12: Mapa das Adutoras.................................................................................................. 27 Figura 13: Traçado da Adutora ................................................................................................. 27 4 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Serviço de Abastecimento de Água nos municípios brasileiros. .............................. 10 Tabela 2: Ligação de Água SBO-01. ........................................................................................ 18 Tabela 3: Ligação de Água PRO-01. ........................................................................................ 19 Tabela 4: Teste de Vazão - Sistema Vila Progresso ................................................................. 23 Tabela 5: Teste de Vazão - Sistema Simon Bolívar ................................................................. 23 Tabela 6: Horas de bombeamento - Sistema SBO-01 .............................................................. 24 Tabela 7: Horas de bombeamento - Sistema PRO-01 .............................................................. 25 Tabela 8: Descrição do Serviço da Obra .................................................................................. 29 Tabela 9: Contas de Energia Elétrica do Sistema SBO-01 ....................................................... 30 Tabela 10: Contas de Energia Elétrica do Sistema PRO-01 ..................................................... 31 Tabela 11: Consumo com tratamento de água nos Sistemas SBO-01 e PRO-01 ..................... 31 C 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA .................................................................................. 7 1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 7 1.3 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 8 1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................................... 8 1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................9 2.1 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA ................................................................................... 9 2.2 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – S.A.A. .................................................. 9 2.3 CAPTAÇÃO DE ÁGUA .................................................................................................... 11 2.4 ADUÇÃO ........................................................................................................................... 12 2.5 RESERVATÓRIO DE ÁGUA ........................................................................................... 13 2.6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO .............................................................................................. 14 2.7 DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO – DAE ........................................................ 15 3 APRESENTAÇÃO DOS SISTEMAS E NOVA PROPOSTA ........................................ 17 3.1 SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA VILA PROGRESSO E SIMON BOLÍVAR .......... 17 3.2 LIGAÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO (LAE) ...................................................................... 18 3.3 PROPOSTA DO NOVO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ...................... 19 4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 21 4.1 METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................................... 21 4.1.1 Avaliação da capacidade de produção de água do poço pro-01 e sbo-01 ................. 21 4.2 METODOLOGIA DE VIABILIDADE ............................................................................. 22 4.2.1 Avaliação planialtimétrica ............................................................................................ 22 4.2.2 Avaliação orçamentária ................................................................................................ 22 5 RESULTADOS .................................................................................................................... 23 5.1 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA DO POÇO ................ 23 5.1.1 Teste de vazão do poço sbo-01 e poço pro-01 .............................................................. 23 5.1.2 Teste de bombeamento do poço sbo-01 e poço pro-01 ............................................... 24 5.2 AVALIAÇÃO PLANIALTIMÉTRICA............................................................................. 26 5.3 AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA ................................................................................... 26 6 5.3.1 Projeto da adutora ......................................................................................................... 26 5.3.2 Custos com energia elétrica e tratamento de água ..................................................... 30 5.3.3 Avaliação final de custos ............................................................................................... 32 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 33 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 34 7 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 1.1 INTRODUÇÃO Uma das grandes preocupações que as empresas de saneamento enfrentam é com as perdas de água e o custo com a energia elétrica. Numerosas são as tentativas de controlar este tipo de desperdício e evitar mais prejuízos. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 2014, os gastos que as companhias de abastecimento de água têm com energia elétrica atingiu um montante de R$ 3,47 bilhões no ano de 2014. Sendo este o segundo maior item de custo para a maioria destas operadoras. Só as empresas de saneamento do setor público brasileiro representam hoje um consumo de energia elétrica de 30,79% no país. O maior gasto deste consumo está atribuído aos sistemas de bombeamento, estando este por volta de 95% do gasto destas empresas com energia elétrica. As empresas de abastecimento de água têm um grande gasto com despesas de exploração (DEX), valores estes que abrangem todo o custeio com as despesas correntes ao longo do seu trabalho diário para manter o abastecimento de água nas cidades brasileiras. Este estudo visa compreender a viabilidade da fusão de dois sistemas já existentes, o sistema do bairro Simon Bolívar em conjunto com o sistema da Vila Progresso, no município de Santana do Livramento/RS, visando um sistema único, mais eficiente e econômico. 1.2 JUSTIFICATIVA O alto valor gasto com energia elétrica pelas empresas de saneamento desperta o interesse em reduzir os custos de recalque e distribuição de água nos sistemas. Neste contexto se repensam os sistemas existentes que, por vezes podem ser associados, gerando economia direta em energia elétrica e diminuindo custos com manutenções. Segundo dados do Diagnóstico dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgoto – 2014 (SNIS) o gasto com energia elétrica chega a 11,2% das despesas de exploração de uma prestadora de serviços participante do SNIS em 2014, conforme Figura 1. A pesquisa consistirá em um estudo de viabilidade econômica na captação e manutenção de alguns sistemas de abastecimento de água na cidade de Santana do Livramento. A mesma se faz necessária pelos altos custos que o Departamento de Água e Esgotos apresenta com energia elétrica proveniente dos seus sistemas de captação e distribuição. Ao analisar a associação entre sistemas próximos, busca-se economizar através 8 da redução de pontos de captação, do desligamento de sistemas de recalque e preferindo-se a utilização de reservatórios elevados, aproveitando a força da gravidade na distribuição de água para a população. Figura 1: Composição média das DEX. Fonte: SNIS, 2014. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Analisar a viabilidade econômica e funcional do sistema de captação e manutenção do abastecimento de água do bairro Simon Bolívar em conjunto com o sistema de fornecimento de água da Vila Progresso, no município de Santana do Livramento – RS. 1.3.2 Objetivos específicos a) Atender a demanda de consumo de água da população do bairro Simon Bolívar e Vila Progresso; b) Verificar a viabilidade de adaptação estrutural e custos; c) Estabelecer um comparativo da situação atual com o estudo proposto; d) Reduzir os gastos do Departamento de Água e Esgoto – DAE na captação e distribuição de água com o bairro Simon Bolívar. 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA A primeira cidade brasileira, segundo Netto (1984), a ter um sistema de abastecimento de água foi o Rio de Janeiro, com seu primeiro poço escavado por Estácio de Sá em 1561. Porém a adução para a cidade só ocorreu em 1673. Em 1723 foi construído o primeiro aqueduto que captava a água do Rio Carioca, sendo denominado de Arcos Novos e hoje conhecido como “Arcos da Lapa”. Inaugurado em 1750, a água era distribuída através de chafarizes públicos onde os escravos recolhiam e transportavam para as residências. Em 1876 foi implantado o primeiro sistema de abastecimento de água encanada na cidade do Rio de Janeiro. A chegada do sistema de abastecimento de água no Rio Grande do Sul se deu ainda no século 19, na cidade de Porto Alegre, em 1861 e, no município de Santana do Livramento, o sistema de abastecimento de água foi inaugurado no ano de 1931. 2.2 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA – S.A.A. Um sistema de abastecimento de água consiste na captação da água da natureza, na melhora da sua qualidade e encaminhamento até aglomerados urbanos para que esta possa ser utilizada pela população,conforme suas necessidades. É constituído por um conjunto de redes, instalações (captação, sistema de bombeamento, reservatório) e serviços que tem por finalidade produzir e distribuir água em quantidade e qualidade compatíveis à demanda de uso de cada população. Existem dois princípios para que o fornecimento de água seja satisfatório: qualidade e quantidade. Na quantidade para atender todas as necessidades de consumo e na qualidade para acatar as finalidades para o qual é destinada. Segundo Vilas-Boas (2008), o objetivo de um sistema de abastecimento de água é funcionar ininterruptamente para fornecer água potável, e com isso alcançar as seguintes expectativas: a) Aprimorar as condições sanitárias (limpeza pública e doméstica); b) Crescimento turístico, industrial e comercial; c) Desenvolver as práticas esportivas e de lazer; d) Controlar e manter a prevenção de doenças; e) Contribuição para o aumento do número de parques, áreas ajardinadas, etc. 10 Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2008), o Brasil conta com um total de 5.564 municípios, distribuídos nas cinco regiões, e destes 5.531 contam com serviço de abastecimento de água conforme mostra a Tabela 1 e a Figura 2. Grandes Regiões e Unidades da Federação Municípios Com serviço de abastecimento de água por rede geral de distribuição Total Total Brasil 5 564 5 531 Norte 449 442 Rondônia 52 48 Acre 22 22 Amazonas 62 62 Roraima 15 15 Pará 143 140 Amapá 16 16 Tocantins 139 139 Nordeste 1 793 1 772 Maranhão 217 215 Piauí 223 218 Ceará 184 184 Rio Grande do Norte 167 167 Paraíba 223 212 Pernambuco 185 185 Alagoas 102 102 Sergipe 75 75 Bahia 417 414 Sudeste 1 668 1 668 Minas Gerais 853 853 Espírito Santo 78 78 Rio de Janeiro 92 92 São Paulo 645 645 Sul 1 188 1 185 Paraná 399 399 Santa Catarina 293 292 Rio Grande do Sul 496 494 Centro-Oeste 466 464 Mato Grosso do Sul 78 78 Mato Grosso 141 139 Goiás 246 246 Distrito Federal 1 1 Tabela 1: Serviço de Abastecimento de Água nos municípios brasileiros. Fonte: IBGE, 2008. 11 Figura 2: Serviço de Abastecimento de Água nos municípios brasileiros. Fonte: IBGE, 2008. 2.3 CAPTAÇÃO DE ÁGUA Captação é a retirada de água de um manancial através de uma estrutura construída e destiná-la a um sistema de abastecimento. Existem dois tipos de fontes de abastecimento de água que são utilizados para a captação: as superficiais, conhecidas como rios, lagos, etc. e os lençóis que representam as subterrâneas. Segundo Vilas-Boas (2008), as condições locais, topográficas e hidrológicas influenciam no tipo de captação e, no caso de águas subterrâneas, as condições hidrogeológicas devem também ser levadas em consideração. Todas as etapas subsequentes à captação de água irão depender do constante e bom funcionamento que um sistema deve apresentar. Para que isso aconteça é necessária uma análise e planejamento que preveja as condições de captação em quantidade suficiente, a qualquer época do ano, e que também garanta a qualidade da água captada. Segundo Tsutiya (2006), a captação superficial é originária de um curso de água natural, existindo também a captação de água do mar e posterior dessalinização, porém esta é menos usual pelo seu alto custo de produção. Para uma boa captação superficial certas condições deverão ser analisadas: quantidade e qualidade da água, garantia de funcionamento, viabilidade econômica das instalações e localização. A captação subterrânea é originária de lençóis, podendo ser freático ou cativo (Figura 3). Designa-se freático por estar assentado sobre uma camada impermeável de subsolo e submetido à pressão atmosférica, sua captação é executada por galerias filtrantes, drenos, fontes ou poços freáticos. Enquanto que o lençol cativo está confinado entre duas camadas impermeáveis de crosta terrestre e submetido a uma pressão maior que a pressão atmosférica e sua captação é realizada por meio de poços artesianos. 12 Figura 3: Tipos de Lençol - Captação Subterrânea. Fonte: Nóbrega Júnior, 2011. 2.4 ADUÇÃO Segundo Vilas-Boas (2008) a adução é o transporte de água do ponto de captação para a Estação de Tratamento de Água (ETA) e desta até os reservatórios. Na primeira é feito o transporte da água bruta e na segunda à condução de água tratada. As canalizações dos sistemas de abastecimento, que encaminham as águas captadas para os pontos que antecedem a rede de distribuição, são chamadas de adutoras. Essas tubulações são de importância vital para o abastecimento de cidades, pois interligam captação, estação de tratamento e reservatórios, mas não distribuem a água aos consumidores. Qualquer interrupção que venham a sofrer afetará diretamente o abastecimento da população. As adutoras podem ser classificadas em: a) Adutora por gravidade: conduz a água de uma cota mais alta para uma cota mais baixa; b) Adutora por recalque: encaminha a água de um ponto a outro com cota mais elevada por estações elevatórias; c) Adutora mista: compõem as duas anteriores. 13 Para um bom dimensionamento de adutoras, determinados pontos devem ser conhecidos e analisados, pois seu escoamento deve ter um regime permanente e uniforme. São eles: horizonte de projeto (vida útil da obra, evolução da demanda, custo de energia), vazão de adução e período de funcionamento. Os materiais empregados nas canalizações de aduções são conhecidos como: tubulação (canalização construída de tubos), conexões (peças que ligam os tubos e permitem mudança de direção, derivação e alteração de diâmetro) e peças especiais (tem finalidades específicas tais como, controle de vazão, controle de pressão, etc.). 2.5 RESERVATÓRIO DE ÁGUA Segundo Tsutiya (2006), os reservatórios são construções que servem tanto para acumulação como para passagem de água. Devem ser localizados em pontos estratégicos do sistema de modo a suprir o que segue: a) Garantir a quantidade de água (demanda de equilíbrio); b) Regularizar a vazão (variações de consumo); c) Garantir altura manométrica; d) Manter constantes as condições de pressão; e) Atender as demandas de emergência e de combate a incêndio. Um reservatório se faz necessário num sistema de abastecimento com a função de armazenar água e, com isso, garantir o fornecimento em qualquer situação de funcionamento do sistema de captação. Este estando bem dimensionado garante o abastecimento de água mesmo nas horas de maior consumo, onde a vazão de captação é menor que a vazão de consumo ou em casos de pane do sistema de captação. Os reservatórios (Figura 4) podem ser classificados: a) Quanto ao terreno: Enterrado: completamente inserido no terreno; Semienterrado ou semiapoiado: uma parte inserida abaixo do nível do terreno e outra acima; Apoiado: fundo do reservatório apoiado no terreno; Elevado: apoiado em estrutura de elevação; 14 Stand Pipe: reservatório elevado com a estrutura de elevação embutida de modo a manter uma continuidade no perímetro da secção transversal da edificação. b) Quanto à localização no sistema: Montante: antes da rede de distribuição; Jusante: após a rede de distribuição. Figura 4: Tipos de Reservatórios. Fonte: UFCG, Notas de Aula, 2016 - Modificada. 2.6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO Segundo Heller (2010), o conjunto de tubulações e peças acessórias instaladas ao longo de logradouros públicos é denominado de rede de distribuição e tem por finalidade fornecer água potávelem qualidade e quantidade suficiente que atenda um regime contínuo de abastecimento de água com pressão adequada a todos os tipos de consumidores e em diferentes localidades. A rede de distribuição é a fase final de um sistema público de abastecimento e possui difícil acesso para o caso de sua manutenção, pois são enterradas sob as vias públicas. Existem dois tipos de condutos na rede: os principais e os secundários. As redes principais, também chamadas de troncos ou mestres, são tubulações de maior diâmetro, abastecidas por um reservatório ou diretamente da adutora, e são responsáveis por alimentar os condutos secundários. Os condutos secundários são tubulações menores que fazem a ligação do 15 abastecimento de água com os pontos de consumo. Quanto a sua classificação as redes de distribuição podem ser: a) Rede Ramificada: tubulação tronco que se ramifica para ambos os lados (várias derivações). Exemplos: espinha de peixe e grelha (Figura 5). Figura 5: Redes ramificadas. Fonte: Autor. b) Rede Malhada: tubulação principal que formam anéis (circuitos), pois o escoamento acontece por mais de um caminho (Figura 6). Figura 6: Rede malhada. Fonte: Autor. 2.7 DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO – DAE O Departamento de Água e Esgotos de Santana do Livramento foi criado através do Decreto Lei nº 23, de 23 de setembro de 1969. Trata-se de uma Autarquia Municipal, possui sede e foro na cidade de Santana do Livramento, no Estado do Rio Grande do Sul. Possui personalidade jurídica própria, dispõe de autonomia econômico-financeira e administrativa dentro dos limites da lei. 16 Tem por objetivo principal estudar, projetar e executar, direta ou indiretamente, todos os assuntos relacionados ao abastecimento de água potável e a coleta de esgoto sanitário do município. É também de sua exclusividade operar, manter, conservar e explorar os serviços de água potável e esgoto sanitário. Cabe ao DAE lançar, fiscalizar e arrecadar as taxas e tarifas referentes aos serviços de abastecimento de água e esgoto sanitário. Administrar seus bens, defender os cursos de água e exercer quaisquer outras atividades relacionadas com o sistema público de esgoto sanitário e de abastecimento de água. 17 3 APRESENTAÇÃO DOS SISTEMAS E NOVA PROPOSTA 3.1 SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA VILA PROGRESSO E SIMON BOLÍVAR O Sistema Vila Progresso (Figura 7), localizado na Rua Victor Vargas nº 10, bairro Km 5, possui um poço de captação de água com uma bomba submersa instalada, modelo JVP, 08 estágios e de 3,5 cv, com capacidade teórica de 6 m³/h em 85 m.c.a.. Essa bomba recalca água para um reservatório elevado com capacidade de 25 m³ com acionamento controlado por boia eletromagnética e distribuição na rede por gravidade. Figura 7: Croqui do Sistema Progresso. Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico, 2011. O Sistema Simon Bolívar (Figura 8), localizado na Rua Maria A. Saraiva nº 300, bairro Simon Bolívar, possui um poço de captação de água com uma bomba submersa instalada, modelo JVP, 9 estágios e de 9 cv, com capacidade teórica de 20 m³/h em 83 m.c.a.. Essa bomba recalca água para um reservatório apoiado com capacidade de 300 m³, em nível inferior a rede de distribuição e para a distribuição possui uma estação de pressurização da rede por uma bomba mancalizada, modelo FAL 50-40-16, montada em um motor elétrico Weg de 6 cv, de alta rotação, com capacidade de 16 m³/h em 45 m.c.a.. Figura 8: Croqui do Sistema Simon Bolívar. Fonte: Plano Municipal de Saneamento Básico, 2011. 18 3.2 LIGAÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO (LAE) O volume total de água consumido pela população de cada bairro é calculado em relação ao número total de ligações de água e esgoto (LAE). Dados obtidos dos arquivos do DAE mostram que o bairro Simon Bolívar (Figura 9) tem um total de 381 ligações de água (Tabela 2) e a Vila Progresso (Figura 10) tem um total de 314 ligações de água (Tabela 3). Entre os dois sistemas, Simon Bolívar (SBO-01) e Vila Progresso (PRO-01), há um total de 695 ligações de água, que consomem em média 15 m³/mês por LAE, totalizando um consumo de aproximadamente 10.450 m³ de água ao mês. RUA LAE Maria Aldina Saraiva Juvenal 02 Aristeu Custódio 33 José Áureo Brum Dubal 39 Miguel Angelo M. de Castro 114 N Simon Bolívar 03 Nicolau da Silva 61 Pascoalina Rosadilla 64 Prazedo Izidro 15 Simon Bolívar – Rua A 02 Thiago Bravo Bolívar 33 Trav. Thiago Bravo Bolívar 01 Zeferino P. dos Santos 14 TOTAL 381 Tabela 2: Ligação de Água SBO-01. Fonte: DAE, 2016. Figura 9: Vista do Sistema SBO-01. Fonte: Google Earth, acessado em 14/06/2016. 19 RUA LAE BR 158 – KM 5 56 Cel. Alvaro T Delanoy 08 Claudinor C. Nunes 39 Dr. Dilermando C. Brisolla 49 Estrada das Tropas (Heitor Martini) 73 Gastão Castro Gisler 22 Generoso Flores 07 Hugo Costa Duarte 17 João F. de Mello 01 João Remedi 05 Romildo Strapasson 30 Victor Vargas 07 TOTAL 314 Tabela 3: Ligação de Água PRO-01. Fonte: DAE, 2016. Figura 10: Vista do Sistema PRO-01. Fonte: Google Earth, acessado em 14/06/2016. 3.3 PROPOSTA DO NOVO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA O estudo realizado tem a finalidade de avaliar o desligamento do poço de captação (SBO-01) e, se possível, também o sistema de recalque existente no bairro Simon Bolívar, visando a redução de custos para o Departamento de Água e Esgoto, com a redução de gastos com a captação, o tratamento, a distribuição e a manutenção do sistema. 20 A proposta principal é avaliar a possibilidade do poço de captação (PRO-01) da Vila Progresso, próximo ao bairro Simon Bolívar, abastecer os dois locais, total ou parcialmente por gravidade. Tal análise busca a ligação entre os dois sistemas através da construção de um novo trecho de adutora e colocação de um novo reservatório, com maior capacidade, para abastecer as redes já existentes. 21 4 METODOLOGIA Inicialmente, realizou-se estudo de viabilidade, tanto em relação à produção dos poços para determinar o volume consumido nos dois bairros, quanto em relação aos custos de viabilidade econômica da obra. 4.1 METODOLOGIA DE PESQUISA 4.1.1 Avaliação da capacidade de produção de água do poço PRO-01 e SBO-01 Para a avaliação da capacidade de produção de cada sistema de abastecimento foi feito o teste de vazão prático, realizado baseado segundo a NBR 12244/1992 – Construção de poço para captação de água subterrânea, que consiste na determinação da vazão explotável do poço. Para o cálculo do tempo médio de uso dos poços instalaram-se manômetros de leitura de pressão com memória integrada (Figura 11). Este instrumento faz a leitura da pressão na tubulação em curtos espaços de tempo pré-determinados e armazena esses dados. Assim, determina-se a quantidade de horas que a bomba esteve funcionando no decorrer de vários dias. Com a vazão e o tempo de captação de cada poço utilizado, ter-se-á o consumo médio de cada sistema. 6.2 METODOLOGIA DE VIABILIDADE Figura 11: Exemplos de dados de pressão criados durante o bombeamento dos poços dos sistemas adquiridos por manômetro digital com memória. Fonte: Autor, 2016. 22 4.2 METODOLOGIA DE VIABILIDADE 4.2.1 Avaliação Planialtimétrica Através do estudo planialtimétrico, da leitura de mapas, da avaliação topográfica do local é possível verificar a viabilidade em razão das diferenças de cotas das alturas geométricas. Esta diferença deverá garantir a pressão mínima necessária nos pontos mais altos do bairro Simon Bolívar. 4.2.2 Avaliação OrçamentáriaCom os dados coletados na avaliação planialtimétrica realizou-se o projeto da adutora que fará a ligação entre os dois sistemas, verificando o diâmetro econômico das tubulações e demonstrando o quantitativo e orçamento gasto para tal execução. Analisado o valor gasto com as contas de energia elétrica dos dois sistemas, no período de um ano, fez-se um comparativo entre os custos médios e através desse levantamento tem-se uma previsão de economia real para o DAE. E comparando o custo da obra com a previsão de economia obter-se-á o tempo de retorno desse investimento. 23 5 RESULTADOS 5.1 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO DE ÁGUA DO POÇO 5.1.1 Teste de vazão do poço SBO-01 e poço PRO-01 Para o teste de vazão utilizou-se um recipiente de 350 litros aferido e dentro dele foi lançado a água que provinha diretamente do poço e cronometrando o tempo que este reservatório demorou para ser completamente preenchido. Com esses dados determina-se a vazão do poço. No dia 21 de outubro de 2016, as 10:30 horas, foi realizado teste de vazão prático no poço do sistema Vila Progresso. Chegou-se, então, a uma vazão média de 9,58 m³/h, conforme mostra a tabela abaixo (Tabela 4). Teste de Vazão - Vila Progresso Teste Volume Tempo Vazão (litros) (segundos) (l/seg) (l/h) 1 350 131,04 2,67 9,62 2 350 131,08 2,67 9,61 3 350 133,12 2,63 9,47 4 350 131,08 2,67 9,61 Média 9,58 Tabela 4: Teste de Vazão - Sistema Vila Progresso Fonte: Autor, 2016. No dia 08 de novembro de 2016, as 10:30 horas, foi realizado teste de vazão prático no poço do sistema Simon Bolívar. Resultando numa vazão média de 23,59 m³/h, conforme mostra a tabela abaixo (Tabela 5). Teste de Vazão - Simon Bolívar Teste Volume Tempo Vazão (litros) (segundos) (l/seg) (l/h) 1 350 53,06 6,60 23,75 2 350 53,34 6,56 23,62 3 350 53,55 6,54 23,53 4 350 53,75 6,51 23,44 Média 23,59 Tabela 5: Teste de Vazão - Sistema Simon Bolívar Fonte: Autor, 2016. 24 5.1.2 Teste de bombeamento do poço SBO-01 e poço PRO-01 Durante o período de 11 de outubro de 2016 a 08 de novembro de 2016 instalou-se manômetro digital com memória em ambos os sistemas para verificar o tempo de funcionamento das bombas de cada poço, SBO-01 e PRO-01. Considerando apenas os dias inteiros, do 12 de outubro a 08 de novembro de 2016, o sistema Simon Bolívar nos mostra que seu funcionamento é de aproximadamente 17 horas e 30 minutos de bomba ligada e 6 horas e 13 minutos de bomba desligada (Tabela 6). Horas de Bombeamento - Sistema Simon Bolívar Dia Inteiro Ligada Desligada Temperatura Condições Máx Min Climáticas Quarta 12/10 17:33:00 6:22:00 24° 17° Nublado Quinta 13/10 18:14:00 4:42:00 - - - Sexta 14/10 16:26:00 7:18:00 29° 17° Parc.Nub. Sábado 15/10 16:32:00 7:18:00 24° 19° Chuva Domingo 16/10 18:32:00 5:22:00 27° 19° Chuva Segunda 17/10 16:24:00 6:16:00 23° 14° Chuva Terça 18/10 16:06:00 7:42:00 18° 16° Chuva Quarta 19/10 18:20:00 5:24:00 22° 14° Chuva Quinta 20/10 18:06:00 5:38:00 20° 11° Nublado Sexta 21/10 21:12:00 2:36:00 - - - Sábado 22/10 18:14:00 5:36:00 23° 13° Ensolarado Domingo 23/10 18:12:00 5:40:00 27° 16° Ensolarado Segunda 24/10 18:34:00 5:07:00 27° 18° Nublado Terça 25/10 18:24:00 5:26:00 24° 19° Panc.Chuvas leves Quarta 26/10 17:58:00 5:52:00 23° 12° Chuva Quinta 27/10 17:36:00 6:06:00 18° 7° Nublado Sexta 28/10 17:58:00 5:52:00 19° 7° Parc.Nub. Sábado 29/10 17:52:00 5:58:00 23° 10° Ensolarado Domingo 30/10 17:58:00 5:52:00 27° 14° Ensolarado Segunda 31/10 17:06:00 6:44:00 31° 19° Parc.Nub. Terça 01/11 13:48:00 9:48:00 25° 11° Chuva Quarta 02/11 17:20:00 6:30:00 18° 7° Ensolarado Quinta 03/11 16:34:00 7:14:00 23° 11° Ensolarado Sexta 04/11 15:44:00 7:56:00 28° 14° Ensolarado Sábado 05/11 17:16:00 6:34:00 30° 14° Ensolarado Domingo 06/11 17:16:00 6:34:00 32° 18° Ensolarado Segunda 07/11 17:26:00 6:24:00 32° 19° Ensolarado Terça 08/11 TESTE DE BOMBEAMENTO 28 Média 17:30:24 6:13:00 Tabela 6: Horas de bombeamento - Sistema SBO-01 Fonte: Autor, 2016. 25 Para o sistema Vila Progresso, considerando o mesmo período anterior, do 12 de outubro a 08 de novembro de 2016, constata-se que seu funcionamento é de aproximadamente 18 horas e 19 minutos de bomba ligada e 5 horas e 8 minutos de bomba desligada (Tabela 7). Horas de Bombeamento - Sistema Vila Progresso Dia Inteiro Ligada Desligada Temperatura Condições Máx Min Climáticas Quarta 12/10 19:17:25 4:34:35 24° 17° Nublado Quinta 13/10 14:38:00 8:34:25 - - - Sexta 14/10 14:44:00 8:31:00 29° 17° Parc.Nub. Sábado 15/10 9:48:00 13:30:00 24° 19° Chuva Domingo 16/10 11:14:00 12:04:00 27° 19° Chuva Segunda 17/10 DADOS PERDIDOS DURANTE A COLETA Terça 18/10 Quarta 19/10 Quinta 20/10 18:36:00 4:48:00 20° 11° Nublado Sexta 21/10 TESTE DE BOMBEAMENTO Sábado 22/10 21:16:00 2:26:00 23° 13° Ensolarado Domingo 23/10 19:22:00 4:14:00 27° 16° Ensolarado Segunda 24/10 17:54:00 5:20:00 27° 18° Nublado Terça 25/10 18:42:00 4:42:00 24° 19° Panc.Chuvas Leves Quarta 26/10 19:00:00 4:28:00 23° 12° Chuva Quinta 27/10 18:52:00 4:26:00 18° 7° Nublado Sexta 28/10 19:52:00 3:44:00 19° 7° Parc.Nub. Sábado 29/10 20:34:00 3:04:00 23° 10° Ensolarado Domingo 30/10 22:14:00 1:32:00 27° 14° Ensolarado Segunda 31/10 20:32:00 3:06:00 31° 19° Parc.Nub. Terça 01/11 16:12:00 6:46:00 25° 11° Chuva Quarta 02/11 19:50:00 3:46:00 18° 7° Ensolarado Quinta 03/11 20:10:00 3:22:00 23° 11° Ensolarado Sexta 04/11 20:10:00 3:18:00 28° 14° Ensolarado Sábado 05/11 20:24:00 3:14:00 30° 14° Ensolarado Domingo 06/11 21:06:00 2:36:00 32° 18° Ensolarado Segunda 07/11 21:14:00 2:28:00 32° 19° Ensolarado Terça 08/11 14:10:00 8:58:00 29° 18° Nublado 28 Média 18:19:39 5:08:50 Tabela 7: Horas de bombeamento - Sistema PRO-01 Fonte: Autor, 2016. Analisando os resultados percebe-se que o poço do sistema Vila Progresso produz em média apenas 9,58 m³/h e o tempo de funcionamento do poço é de 18 horas e 19 minutos tendo ele uma capacidade de produção diária de 175,47 m³/dia. Já o poço do sistema Simon Bolívar produz em média 23,59 m³/h e o tempo de funcionamento do poço é de 17 horas e 30 minutos obtendo uma capacidade de produção diária de 412,83 m³/dia. Com estes resultados 26 verifica-se que o poço da Vila Progresso não tem condições de abastecer ambos os bairros, mesmo que este permaneça em funcionamento pelas 24 horas do dia. Nota-se também que estes sistemas estão perto de sua capacidade máxima de produção já que, por norma, indica-se um descanso de 2 a 4 horas diárias no bombeamento de cada poço. 5.2 AVALIAÇÃO PLANIALTIMÉTRICA O bairro Simon Bolívar é abastecido de água através do sistema SBO-01, que compreende a captação por poço artesiano, reservatório e bombeamento da água para a rede de distribuição. Sua captação está localizada na rua Maria Aldina Saraiva, nº 300, estando o poço instalado na cota 187 metros de altitude e o reservatório do tipo apoiado com capacidade de 300 m³, localizado na rua Miguel A. M. de Castro, nº 282, localizado na mesma cota segundo o mapa pesquisado. A Vila Progresso é abastecida de água através do sistema PRO-01, que compreende a captação por poço artesiano e reservatório que distribui a água por gravidade. A captação da Vila Progresso está localizada na rua Vitor Vargas, nº 10, estando o poço instalado na cota 203 metros de altitude com o reservatório do tipo elevado com capacidade de 25 m³ que está a uma altura de 12 metros. Segundo os levantamentos topográficos foi verificado que a ligação de água que encontra-se na cota maiselevada no bairro Simon Bolívar está na altura de 200 metros. Ocasionando uma diferença de altura entre o reservatório da Vila Progresso e este ponto de abastecimento de água do bairro Simon Bolívar de 15 metros, 3 metros de diferença entre cotas planialtimétrica mais 12 metros da altura da estrutura do reservatório. Consegue-se definir com isso que existe a possibilidade de manter uma pressão de abastecimento constante e ideal inclusive nas partes mais altas do bairro Simon Bolívar. 5.3 AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA 5.3.1 Projeto da Adutora Em uma análise aos mapas de adutoras e redes de distribuição do bairro Simon Bolívar e Vila Progresso (Figura 12), apurou-se que o melhor trecho para traçar a nova adutora, que ligará estes bairros, terá início na Rua Heitor Martim na Vila Progresso e irá se conectar com a adutora do bairro Simon Bolívar na Rua Maria Aldina Saraiva. 27 Esta tubulação de aproximadamente 390 metros de comprimento terá início em uma tubulação de diâmetro 85mm de PVC na Vila Progresso e conectará a uma tubulação já instalada no bairro Simon Bolívar de 110mm de PVC (Figura 13). O projeto será executado com uma tubulação de diâmetro de 85mm, tendo por componentes 65 tubos de 85mm de PVC PBA marrom, 3 registros de 85mm, 1 luva de 85mm, 1 redução de 110mm para 85mm. Conforme descrição de serviço para o projeto do novo trecho da adutora o total da obra é de R$ 81.545,58 (Tabela 8). Figura 12: Mapa das Adutoras Fonte: DAE, 2016. Figura 13: Traçado da Adutora Fonte: Autor/Google Earth, 2016. 28 Serviço Código Descrição do Serviço Unidade Quant 742153/SINAPI Modulo tipo: rede de água, com fornecimento e assentamento de tubo PVC PBA, p/ rede agua je, DN 75/DE 85 mm compreendendo: locação, cadastramento de interferências, escavação e reaterro compactado de vala, exceto rocha, até 1,50 m. m 390 Composição de Preço Código Descrição da Composição Unid Quant Custo Unit. Custo Total Custo Final 12611/SINAPI Tubo PVC PBA, classe 20, JE, DN 75/DE 85 mm, Rede Água (NBR 5647) M 1,1 25,11 27,62 10.772,19 05811/SINAPI Caminhão basculante 6 m3, peso bruto total 16.000 kg, carga útil máxima 13.071 kg, distância entre eixos 4,80 m, potência 230 cv inclusive caçamba metálica - chp diurno. af_06/2014 chp 0,0075 130,96 0,98 383,06 88253/SINAPI Auxiliar de topógrafo com encargos complementares H 0,008 28,43 0,23 88,70 88267/SINAPI Encanador ou bombeiro hidráulico com encargos complementares H 0,07 17,69 1,24 482,94 88316/SINAPI Servente com encargos complementares H 0,5296 14,3 7,57 2.953,58 91277/SINAPI Placa vibratória reversível com motor 4 tempos a gasolina, força centrífuga de 25 kn (2500 kgf), potência 5,5 cv - chp diurno. af_08/2015 Chp 0,0275 6,26 0,17 67,14 92145/SINAPI Caminhonete cabine simples com motor 1.6 flex, câmbio manual, potência 101/104 cv, 2 portas - chp diurno. Chp 0,01 81,56 0,82 318,08 29 af_11/2015 05680/SINAPI Retroescavadeir a sobre rodas com carregadeira, tração 4x2, potência líq. 79 hp, caçamba carreg. cap. mín. 1 m3, caçamba retro cap. 0,20 m3, peso operacional mín. 6.570 kg, profundidade escavação máx. 4,37 m - chp diurno. af_06/2014 Chp 0,0023 91,59 0,21 82,16 05631/SINAPI Escavadeira hidráulica sobre esteiras, caçamba 0,80 m3, peso operacional 17 t, potencia bruta 111 hp - chp diurno. af_06/2014 Chp 0,0134 142,21 1,91 743,19 73692/SINAPI Lastro de areia média – Serviço H 0,3 12,4 3,72 1.450,80 73692/SINAPI Lastro de areia média – Material m³ 0,15 61,5 9,23 3.597,75 83770/SINAPI Escoramento de valas de madeira m² 1 114,88 114,88 44.803,20 73877/2/SINAPI Escoramento de valas pranchões metálicos m² 1 37,08 37,08 14.461,20 73610/SINAPI Sinalização de trânsito – Noturna M 1 1,39 1,39 542,10 73888/2/SINAPI Assentamento tubo PVC com junta elástica DN 75 mm M 1 2,05 2,05 799,50 Totais Equipamento Material Mão-de- Obra Enc. Social Terceiros Valor Total Valor Final 5,48 188,81 14,81 0 0 209,09 81.545,58 Tabela 8: Descrição do Serviço da Obra Fonte: Autor, 2016. 30 5.3.2 Custos com Energia Elétrica e Tratamento de Água Para a avaliação dos custos de energia elétrica com a captação e bombeamento de água dos sistemas SBO-01 e PRO-01 foram analisados os gastos com as contas de energia elétrica no período de um ano (de julho/2015 a agosto/2016) para ambos os casos. Tais consumos chegam a um montante de 77.847 kWh/ano para a captação e bombeamento da água do bairro Simon Bolívar (Tabela 9) e 17.007 kWh/ano para a captação da água da Vila Progresso (Tabela 10). Para tal análise foi considerado o valor do kWh atualizado, de R$ 0,456782, resultando em R$ 2.963,26 de média mensal para o bairro Simon Bolívar, neste valor está incluso captação e bombeamento para o abastecimento da rede, e R$ 647,37 de média mensal para a captação do abastecimento de água da Vila Progresso. Outros gastos também foram levados em consideração, como o tratamento utilizado para melhorar a qualidade da água captada. Os custos mensais com esse tratamento é o equivalente a R$ 868,53 para o SBO-01 e de R$ 966,93 para o PRO-01 (Tabela 11). O gasto do gerador de cloro no sistema SBO-01 com energia elétrica está incluso nas próprias contas de energia elétrica do sistema. Os custos com equipe técnica e combustível são consideradas idênticas para ambos os sistemas, pois suas distâncias até o DAE são praticamente as mesmas. CAPTAÇÃO - SISTEMA SIMON BOLÍVAR BOMBEAMENTO - SISTEMA SIMON BOLÍVAR HISTÓRICO DE CONSUMO HISTÓRICO DE CONSUMO PERÍODO PERÍODO DE CONSUMO CONSUMO PERÍODO PERÍODO DE CONSUMO CONSUMO (KWh) (KWh) ago/16 21/07/2016 22/08/2016 5.256 ago/16 11/07/2016 11/08/2016 2.819 jul/16 21/06/2016 21/07/2016 5.051 jul/16 09/06/2016 11/07/2016 2.933 jun/16 20/05/2016 21/06/2016 5.179 jun/16 11/05/2016 09/06/2016 2.621 mai/16 20/04/2016 20/05/2016 4.416 mai/16 11/04/2016 11/05/2016 2.164 abr/16 22/03/2016 20/04/2016 3.793 abr/16 10/03/2016 11/04/2016 2.207 mar/16 22/02/2016 22/03/2016 4.069 mar/16 11/02/2016 10/03/2016 1.993 fev/16 21/01/2016 22/02/2016 4.386 fev/16 12/01/2016 11/02/2016 2.054 jan/16 21/12/2015 21/01/2016 4.002 jan/16 09/12/2015 12/01/2016 2.285 dez/15 20/11/2015 21/12/2015 3.641 dez/15 10/11/2015 09/12/2015 1.925 nov/15 21/10/2015 20/11/2015 3.454 nov/15 09/10/2015 10/11/2015 2.134 out/15 21/09/2015 21/10/2015 3.539 out/15 10/09/2015 09/10/2015 1.882 set/15 20/08/2015 21/09/2015 4.075 set/15 11/08/2015 10/09/2015 1.969 Total dos últimos 12 meses 50.861 Total dos últimos 12 meses 26.986 Total 77.847 Média dos últimos 12 meses 4.238 Média dos últimos 12 meses 2.249 Total da Média 6.487 Tabela 9: Contas de Energia Elétrica do Sistema SBO-01 Fonte: Autor, DAE 2016. 31 CAPTAÇÃO - VILA PROGRESSO HISTÓRICO DE CONSUMO PERÍODO PERÍODO DE CONSUMO CONSUMO (KWh) ago/16 22/07/2016 23/08/2016 1.518 jul/16 26/06/2016 22/07/2016 1.353 jun/16 23/05/2016 22/06/2016 1.279 mai/16 25/04/2016 23/05/2016 1.124 abr/16 23/03/2016 25/04/2016 1.306 mar/16 23/02/2016 23/03/2016 1.621 fev/16 22/01/2016 23/02/2016 1.831 jan/16 21/12/2015 22/01/2016 1.325 dez/15 23/11/2015 21/12/2015 1.566 nov/15 22/10/2015 23/11/2015 1.568 out/15 22/09/2015 22/10/20151.279 set/15 21/08/2015 22/09/2015 1.237 Total dos últimos 12 meses 17.007 Média dos últimos 12 meses 1.417 Tabela 10: Contas de Energia Elétrica do Sistema PRO-01 Fonte: Autor, DAE 2016. Consumo no tratamento e controle da água SIMON BOLÍVAR VILA PROGRESSO Quantidade Valor (R$) Valor/Ano Quantidade Valor (R$) Valor/Ano Insumos para o tratamento Hipoclorito de sódio 60 litros 125,40 1.504,80 Sal Grosso 50 kg 27,00 324,00 Material de Laboratório Substrato definido - Colilert 30 und 172,50 2.070,00 30 und 172,50 2.070,00 Substrato heterotróficas 6 und 175,20 2.102,40 6 und 175,20 2.102,40 Sacos estéreis 30 und 39,00 468,00 30 und 39,00 468,00 Reagente DPD -Cloro livre 30 und 22,50 270,00 30 und 22,50 270,00 Outros 100,00 1.200,00 100,00 1.200,00 Análises contratadas Portaria MS 2914 - 2xano 3988/ano 332,33 3.988,00 3988/ano 332,33 3.988,00 Portaria RS 320 - 2xano TOTAL 868,53 10.422,40 966,93 11.603,20 Energia elétrica Bomba dosadora Gerador de Cloro 4,5 Kwh.dia Coleta Depriciação veículo Combustível Hora Homem Tabela 11: Consumo com tratamento de água nos Sistemas SBO-01 e PRO-01 Fonte: Autor, DAE 2016. 32 Assim, o custo total que o Departamento de Água e Esgoto tem com o bairro Simon Bolívar chega a um montante de R$ 3.831,79 por mês, estes custos são referentes ao gasto com as contas de energia elétrica e tratamento da água. 5.3.3 Avaliação Final de Custos Sabendo que os custos com energia elétrica e tratamento são da ordem de R$ 3.831,79 /mês para o Bairro Simon Bolívar e que o valor estimado para a execução do projeto do novo trecho de adutora é de R$ 81.545,58, então, pode-se concluir que o valor investido teria seu tempo de retorno em 22 meses. Deve-se frisar que não é levado em conta o aumento de consumo de energia elétrica e tratamento de água no sistema Vila Progresso, pois o poço da Vila Progresso não tem capacidade de sustentar os dois sistemas mesmo que trabalhasse por 24 horas/dia. 33 6 CONCLUSÃO Em suma verifica-se que não existe a possibilidade de implementação da ideia inicial, pois, o poço do sistema Vila Progresso possui uma capacidade de produção muito baixa para abastecimento de ambos os sistemas, mesmo quando considera-se com um reservatório de maior capacidade. Para que o poço atualmente utilizado na Vila Progresso pudesse sustentar os dois sistemas o tempo de captação deste ultrapassaria as 24 horas diárias. Entretanto, é louvável a ideia de agrupar sistemas próximos visando melhor controle e economia e deve-se estudar várias outras alternativas que tornariam viáveis esse tipo de união de sistemas. A construção de um novo poço, com maior capacidade de produção de água na Vila Progresso e a inversão da ideia inicial, sendo ao invés da Vila Progresso abastecer o bairro Simon Bolívar, este último abastecer ambos, são alternativas a serem melhor estudadas para a concretização deste objetivo. Economicamente, mesmo que a longo prazo, pode ser viável a agrupação desses dois sistemas, mesmo recorrendo a soluções como a construção de um novo poço com maior capacidade. Pois a união desses dois sistemas traria economia direta em tratamento, equipe técnica e deslocamento nessa situação e a eliminação do bombeamento constante de água para a rede de distribuição do bairro Simon Bolívar. 34 REFERÊNCIAS ANDRADE, João Bosco de. Sistema de Abastecimento de Água: Notas de aula – Saneamento Básico. Colaboração: Acadêmica Fernanda PoschRios. Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Curso de Engenharia Civil. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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