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TRÓPICO DOS PECADOS – VAINFAS As visitações - tanto da igreja quanto do Santo Ofício – causavam um pânico generalizado, de modo ao simples saber que haveria uma dessas já amedrontava a população. Desse modo, as inquirições e visitações desfizeram amizades, quebraram laços familiares, entre outros pois estimulavam confissões e delações, sendo que muitos “acusavam para defender”. Nota-se, a partir de registros, um fato curioso: houveram apenas 78 confissões nesse período (enquanto Heitor Furtado estava por aqui), em contraste com 208 denúncias, o que revela o uso das delações como forma de intensificar as rixas pessoais e preconceitos. A falta de humanidade indígena e escrava evidenciava-se na falta de atenção que lhes era dada nesse momento: somavam apenas 20% das delações e delatavam pouco, também, por representar um risco desnecessário à esses indivíduos. Os maiores delatores desse período foram os homens brancos bem posicionados socialmente, casados e cristãos-velhos, enquanto os maiores denunciados eram os colonos não tão bem posicionados na sociedade, como trabalhadores manuais e servis, fenômeno demonstrado no seguinte trecho: Vulnerável às hierarquias, a Inquisição seria também penetrada por vasta gama de preconceitos gerados na sociedade e na cultura popular. O rastreamento das heresias ficaria, em múltiplos aspectos, limitado e cerceado de antemão. (pg. 236)
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