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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO PROJETO DE AERONAVE EM ESCALA REMOTAMENTE CONTROLADA POR IMAGEM CURITIBA 2007 LUIZ JORGE ALESSI JULIANO TOPOROSKI VALDINEI A. PEDROSO PROJETO DE AERONAVE EM ESCALA REMOTAMENTE CONTROLADA POR IMAGEM Trabalho apresentado como avaliação parcial na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, no curso de graduação em Engenharia Mecânica do Centro Universitário Positivo. Orientador: Prof. Dr. Fábio Alencar Schneider CURITIBA 2007 ii AGRADECIMENTOS A equipe agradece à instituição, aos seus professores, aos funcionários e ao nosso orientador pelos incentivos e ajuda durante todo o desenvolvimento deste trabalho. iii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. vi LISTA DE TABELAS............................................................................................ viii LISTA DE SÍMBOLOS........................................................................................... ix ÍNDICES SUBSCRITOS:.......................................................................................... ix SÍMBOLOS............................................................................................................... ix RESUMO ................................................................................................................ xii 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1 1.1 OBJETIVO ........................................................................................................... 1 1.2 ESCOPO DO TRABALHO .................................................................................. 2 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 3 1.4 PREMISSAS......................................................................................................... 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5 2.1 ANÁLISE DO PROBLEMA................................................................................. 5 2.2 HISTÓRICO ......................................................................................................... 5 2.3 ANÁLISE DAS FORMAS ATUAIS DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA.......... 7 3 FUNDAMENTAÇÃO............................................................................................ 9 3.1 METODOLOGIA DE PROJETO ......................................................................... 9 3.2 CONCEITOS INICIAIS.......................................................................................10 3.3 CONFIGURAÇÃO..............................................................................................12 3.3.1 Configuração Clássica ......................................................................................13 3.3.2 Asa Voadora.....................................................................................................13 3.3.3 Configuração Canard .......................................................................................13 3.4 SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE IMAGEM...................................................13 3.5 ESTIMATIVA DE MASSAS ..............................................................................14 3.5.1 Distribuição de massas (peso e centragem) .......................................................14 3.6 SUPERFÍCIE DE SUSTENTAÇÃO....................................................................14 3.7 ANÁLISE AERODINÂMICA.............................................................................15 3.7.1 Seleção do perfil ...............................................................................................18 iv 3.7.2 Resistências ......................................................................................................18 3.7.3 Curva polar da Aeronave ..................................................................................21 3.7.4 Equacionamento aerodinâmico .........................................................................21 3.8 SISTEMA PROPULSOR.....................................................................................22 3.9 PERFORMANCE ................................................................................................23 3.10 ANÁLISE DE ESTABILIDADE .......................................................................24 3.11 ANÁLISE ESTRUTURAL ................................................................................27 3.11.1 Regulamentação Aeronáutica .....................................................................27 3.11.2 Diagrama V-n e Cargas atuantes.................................................................28 3.11.3 Análise e resistência dos materiais..............................................................29 3.11.4 Análise dos esforços atuantes .....................................................................29 3.11.5 Aplicação dos fatores de carga e coeficiente de segurança..........................32 4 ANÁLISE PRELIMINAR....................................................................................33 4.1 CENÁRIO OPERACIONAL ...............................................................................33 4.2 REQUISITOS ......................................................................................................34 4.3 CONFIGURAÇÃO..............................................................................................35 4.3.1 Configuração da Célula da Aeronave................................................................35 4.3.2 Configuração do Sistema de Captação e Transmissão (a)..................................36 4.3.3 Configuração do Grupo moto propulsor (b) ......................................................38 4.3.4 Configuração do Sistema de Controle (c)..........................................................38 4.4 ANÁLISE INICIAL.............................................................................................39 4.4.1 Estimativa de massas ........................................................................................39 4.4.2 Análise inicial de performance..........................................................................40 4.4.3 Número de Reynolds típico da asa. ...................................................................41 4.5 ANÁLISE AERODINÂMICA.............................................................................41 4.6 RESISTÊNCIAS..................................................................................................43 4.6.1 Curva polar do avião.........................................................................................44 4.7 ANÁLISE DE PERFORMANCE ........................................................................44 4.7.1 Curvas de potência............................................................................................45 4.8 EQUILÍBRIO E ESTABILIDADE ......................................................................47 v 4.8.1 Estabilidade longitudinal ..................................................................................47 4.9 ANÁLISE ESTRUTURAL..................................................................................48 5 RESULTADOS .....................................................................................................495.1 TRANSMISSÃO .................................................................................................49 5.1.1 Distância...........................................................................................................49 5.1.2 Autonomia da bateria........................................................................................50 5.1.3 Interferência .....................................................................................................50 5.1.4 Melhorias – alterações ......................................................................................51 5.2 AERONAVE .......................................................................................................51 5.2.1 Sistema de imagem embarcado .........................................................................51 5.2.2 Aeronave como produto final............................................................................52 6 CONCLUSÃO.......................................................................................................55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................57 ANEXOS ..................................................................................................................59 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DO OBJETIVO ....................................................................................... 2 FIGURA 2 – 1917 SPERRY UAV.......................................................................................................... 6 FIGURA 3 – BAT 3 ................................................................................................................................ 6 FIGURA 4 – CATEGORIAS DE VANTS ............................................................................................. 6 FIGURA 5 – APV-3 ................................................................................................................................ 7 FIGURA 6 – CROPCAM........................................................................................................................ 7 FIGURA 7 – METODOLOGIA DO PROJETO..................................................................................... 9 FIGURA 8 – COMPARAÇÃO DE FASES E CUSTOS ...................................................................... 10 FIGURA 9 – FORÇAS NO PERFIL – CLARK Y, RE=400000, ALFA=5,0°..................................... 11 FIGURA 10 – FORÇAS ATUANTES NA AERONAVE.................................................................... 11 FIGURA 11 – MOVIMENTOS CARACTERÍSTICOS DA AERONAVE ......................................... 11 FIGURA 12 – ESQUEMA DE CONFIGURAÇÕES ........................................................................... 12 FIGURA 13 – REGIÕES DE DESPRENDIMENTO DA CAMADA.................................................. 15 FIGURA 14 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÃO DE ASPECTO ................................................ 15 FIGURA 15 – COMPARAÇÃO ENTRE FLUXOS 2D E 3D.............................................................. 16 FIGURA 16 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÃO DE ASPECTO ................................................ 17 FIGURA 17 – COMPARAÇÃO ENTRE COEFICIENTES DE SUSTENTAÇÃO BIDIMENSIONAIS E CORRIGIDOS. ........................................................................... 18 FIGURA 18 – TRANSIÇÃO DO ESCOAMENTO LAMINAR TURBULENTO, PRANDTL- GEBERS. ......................................................................................................................... 19 FIGURA 19 – EXEMPLO DE CURVA POLAR DE RESISTÊNCIA DA AERONAVE................... 21 FIGURA 20 – CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA PROPULSOR....................................................... 22 FIGURA 21 – FORÇAS ATUANTES NA AERONAVE.................................................................... 24 FIGURA 22 – CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DO CG..................................................................... 27 FIGURA 23 – DIAGRAMA V-N ......................................................................................................... 28 FIGURA 24 – ESFORÇOS ATUANTES NA ASA ............................................................................. 30 FIGURA 25 – CENÁRIO OPERACIONAL ........................................................................................ 33 FIGURA 26 – TEMPO DE MISSÃO ................................................................................................... 34 FIGURA 27 – TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE IMAGENS ........................................................ 36 FIGURA 28 – ESQUEMA DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO........................................................ 37 FIGURA 29 – DISPOSIÇÃO DOS SISTEMAS................................................................................... 38 FIGURA 30 – ELEMENOS E INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS ......................................................... 39 FIGURA 31 – ANÁLISE INICIAL DE PERFORMANCE.................................................................. 41 vii FIGURA 32 – PERFIL - ESTCC .......................................................................................................... 42 FIGURA 33 – CURVAS (CL.α) DO PERFIL ESTCC ......................................................................... 42 FIGURA 34 – CURVA POLAR DO AVIÃO....................................................................................... 44 FIGURA 35 – ETAPAS DA MISSÃO ................................................................................................. 45 FIGURA 36 – CURVA DE POTÊNCIA DO MOTOR HP-Z2113-20 ................................................. 46 FIGURA 37 – SISTEMA PROPULSOR .............................................................................................. 46 FIGURA 38 – CURVA DE ESTABILIDADE LONGITUDINAL ...................................................... 47 FIGURA 39 – ESFORÇO SOBRE A ASA........................................................................................... 48 FIGURA 40 – MEDIÇÃO DA INTERFERÊNCIA.............................................................................. 49 FIGURA 41 – ANÁLISE DE IMAGEM - INTERFERÊNCIA............................................................ 50 FIGURA 42 – IMAGEM DUPLICADA............................................................................................... 51 FIGURA 43 – AERONAVE E SISTEMA DE IMAGEM.................................................................... 52 FIGURA 44 – AQUISIÇÃO EM TELEVISÃO E COMPUTADOR ................................................... 52 FIGURA 45 – AERONAVE ................................................................................................................. 53 FIGURA 46 – DETALHES DA ERONAVE........................................................................................ 53 FIGURA 47 – AERONAVE E SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE IMAGEM ................................ 54 FIGURA 48 – TESTE DO SISTEMA NA PISTA DE ATLETISMO DO UNICENP......................... 54 viii LISTA DE TABELAS TABELA 1 – COMPARAÇÃO DOS DADOS DE NORMA .............................................................. 28 TABELA 2 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS................................................... 29 TABELA 3 – REQUISITOS DO PRODUTO....................................................................................... 35 TABELA 4 – ESCOLHA DA CONFIGURAÇÃO............................................................................... 36 TABELA 5 – ESTIMATIVA DE MASSAS.........................................................................................40 TABELA 6 – DADOS DO PERFIL ESTCC ........................................................................................ 42 TABELA 7 – DADOS DO PERFIL ESTCC – RE = 110000............................................................... 43 TABELA 8 – TABELA DE RESISTÊNCIAS...................................................................................... 43 ix LISTA DE SÍMBOLOS ÍNDICES SUBSCRITOS: w – Asa h – Estabilizador Horizontal v – Estabilizador Vertical SÍMBOLOS a0 Inclinação da curva Cl x α [rad -1] AR Relação de aspecto b Envergadura [m] cma Corda média aerodinâmica [m]. CL Coeficiente de sustentação Cl Coeficiente de sustentação de perfil CD Coeficiente de arrasto CDπ Coeficiente de arrasto parasita CDi Coeficiente de arrasto induzido Cd Coeficiente de arrasto de perfil CN Coeficiente de fora normal d Diâmetro [m] D Força de arrasto [N] e Coeficiente de Oswald E Empuxo [N] / Módulo de elasticidade [GPa] f Coeficiente de atrito de rolamento g Aceleração da gravidade [m/s²] G Peso total da aeronave [N] / Módulo de rigidez [GPa] hn Ponto neutro da aeronave [% cma] I Momento de inércia [mm4] J Momento polar de inércia [mm4] x l Comprimento característico [m] lh Distância entre CG ao centro aerodinâmico de referência do estabilizador horizontal (25% cmah) [m]. L Força de sustentação [N]. m Massa [kg] M Momento [N.m] MS Margem estática [% cma] n Fator de carga (“força g”) N Força normal [N] P Potência [W] q Pressão dinâmica [N/m²] Q Atrito de rolamento [N] r Raio [m] Re Número de Reynolds S Área característica [m²] T Torque [N.m] v Velocidade [m/s] vs Velocidade de estol [m/s] V Força cortante [N] Vh Volume de cauda w Carregamento sobre viga [N/m] x Comprimento de pista [m] α Ângulo de ataque [graus] δ Deflexão [m] ε Ângulo de downwash [graus] Γ Fluxo rotacional [rad -1. m/s] ηt Rendimento de cauda. µ Coeficiente de atrito da pista de decolagem ν Viscosidade cinemática [m²/s] xi θ Ângulo devido a momento torsor [rad] ρ Densidade [kg/m³] σ Tensão de flexão / compressão [MPa] τ Tensão de cisalhamento [MPa] xii RESUMO O desenvolvimento de veículos aéreos e suas aplicações remontam a um passado recente, sendo os primeiros exemplares aparecendo no início do século XX de maneira um tanto amadora e aventureira. Não pouco foi seu desenvolvimento até os dias atuais. Sistemas eletrônicos, redes de satélites e comunicações propiciaram a ampliação e a confiabilidade do controle destas aeronaves e uso em diversas aplicações como: transporte, vigilância, fotogrametria, estações meteorológicas e outros. O objetivo principal é o projeto de uma aeronave em escala, não tripulada, equipada com câmera para aquisição de imagem em vôo, sistema de transmissão de imagem para uma base de monitoramento em solo, sendo esta assistida por um operador humano. A interface homem-máquina é estabelecida no sentido de minimizar os esforços operacionais e dar confiabilidade. A obtenção de conhecimentos fundamentais de novas tecnologias aeronáuticas no campo de controle e vôo autônomo é a forma encontrada de apresentar o primeiro passo simples em direção ao domínio dos segmentos das aeronaves em escala remotamente controladas, utilizando-as como ferramentas de monitoramento aéreo. O trabalho fundamenta-se em etapas do projeto aeronáutico, análises e metodologias técnicas e regidas por processos de projeto. 1 1 INTRODUÇÃO A paixão e necessidade dos seres humanos pelo vôo, observação de pássaros, e recentemente pelas máquinas voadoras e a criatividade para suas aplicações, é vasta e se confunde com a própria história da civilização humana. Em Gênesis 8, v7, é relatado como Noé utilizou-se de um corvo e uma pomba para o reconhecimento aéreo e procura de terra firme após o dilúvio da Terra. Independente do imaginário e veracidade deste relato é algo documentado há muito tempo. A utilização e o desenvolvimento de veículos aéreos e suas aplicações remontam a um passado recente, sendo os primeiros exemplares aparecendo no início do século XX de maneira um tanto amadora e aventureira. Não pouco foi seu desenvolvimento até os dias atuais. Sistemas eletrônicos, redes de satélites e comunicações propiciaram a ampliação e a confiabilidade do controle destas aeronaves e uso em diversas aplicações. Transporte, vigilância, fotogrametria, estações meteorológicas, antenas de retransmissão de dados e o simples monitoramento aéreo carecido por Noé, são algumas das aplicações mais comumente encontradas. Apesar de sua popularização e tecnologia acessível, a agregação dos conhecimentos, materiais, técnicas e passos necessários ao desenvolvimento de uma aeronave não-tripulada constituem um fator chave, sendo conservados como segredo industrial pelas empresas e instituições que os desenvolvem. 1.1 OBJETIVO O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma aeronave em escala, rádio controlada por um operador humano, equipada com câmera para aquisição de imagem em vôo e sistema de transmissão para uma base de monitoramento em solo como ilustrado pela figura 1. 2 FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DO OBJETIVO 1. Micro - câmera embarcada 2. Transmissor de vídeo 3. Receptor de vídeo 4. Cpu para gravação de dados. 5. Monitor. Imagem de vôo. 6. Rádio - controle de comandos da aeronave. Controlado pelo piloto, assistindo imagem transmitida. 7. Rádio - controle (redundante). Controlado pelo piloto 2, vôo visual. 8. Receptor de comandos na aeronave. FONTE: OS AUTORES 1.2 ESCOPO DO TRABALHO Em PMBOK (2000), definiu-se como escopo a delimitação e declaração dos processos requeridos que estão contidos no desenvolvimento do trabalho e o que não faz parte do mesmo, para complementá-lo de forma bem sucedida. Para este projeto, definem-se como delimitações ao escopo, os itens: • Requisitos do produto: Estabelecer tabela com requisitos e restrições quanto às características e necessidades técnicas do projeto a fim de cumprir determinada missão. • Modelagem 3D de peças e acessórios em software específico. • Efetuar a aquisição de materiais e acessórios, buscando o apoio financeiro externo quando necessário. • Análise de otimização sistema moto - propulsor. • Teste do sistema de vídeo transmissão em solo. • Ensaios de materiais. • Construção de aeronave protótipo. 3 • Estudar o comportamento do sistema de vídeo transmissão em vôo. • Estabelecer envelope operacional do protótipo, em forma de manual, analisando as condições físicas, mecânicas e meteorológicas. Os fatores que não serão trabalhados pela equipe, são compostos pelos seguintes itens: • Sistema eletrônico de acompanhamento do protótipo em vôo (telemetria). • Instrumentação da aeronave com equipamentos relacionados a aplicações diversas. • Desenvolvimento de acessórios: Acessórios eletrônicos (servo-motor, motor, rádio controle, câmera, transmissor) serão utilizados modelos comerciais. • Aplicação comercial: Desenvolver plano ou modelo de aplicação comercial. • Homologação: Processo de aprovação jurídica para utilização comercial ou militar da aeronave e seus sistemas. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O capítulo 2 trata-se da revisão bibliográfica e está baseada emuma análise de projeto de VANT já conhecido no mundo, contendo um breve histórico de aeronaves não tripuladas desde seu aparecimento no passado até hoje. Neste capítulo é destacada a importância do estudo paramétrico para o desenvolvimento do projeto. O capítulo 3 descreve a fundamentação onde se engloba o projeto conceitual. São citadas as especificações da aeronave, contendo um banco de dados característicos particulares de um VANT. Também é mostrado o layout da aeronave e layout de alguns componentes que a compõe. O capítulo 4 apresenta o desenvolvimento do projeto, nesta etapa destaca-se o projeto preliminar. Apresenta estimativas em geral, avaliações aerodinâmicas, 4 requisitos de decolagem e aterrisagem, estimativas de performance, análise de carga e projeto estrutural. O capítulo 5 refere-se ao resultado e validação, este contém os resultados e as validações do projeto, será dada ênfase às comparações analíticas e experimentais a fim de eliminar todas as incertezas do projeto de um VANT. 1.4 PREMISSAS Desenvolver os conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias aeronáuticas no campo de controle e vôo autônomo. Apresentando passos importantes em direção a obtenção dos conhecimentos necessários ao segmento das aeronaves em escala remotamente controladas, utilizando-as como ferramentas de monitoramento aéreo. 5 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 ANÁLISE DO PROBLEMA O emprego de aeronaves em escala, para fins de monitoramento aéreo e ambiental é restrito aos profissionais altamente especializados e uso de equipamentos complexos e de alto custo. O controle e operação deste tipo de equipamento podem ser comparados aos diferentes níveis de automação industrial. Desde o nível um (chão de fábrica) ao nível cinco (gerenciamento geral). Neste caso, nível um corresponde ao controle visual com operação manual, semelhante a uma aeronave de Competição Aerodesign ou aeromodelo recreativo e nível cinco corresponde a um sistema autônomo de vôo. A automação do sistema de vôo é diretamente relacionada à aplicação da aeronave. Sistemas de controle para vôos de longo alcance e altitudes elevadas requerem instrumentação específica, sendo consideravelmente mais complexos. Este projeto visa estabelecer padrões de utilização e treinamento, analisando os passos subseqüentes ao primeiro nível de automação. A interface homem-máquina presente deverá ser trabalhada no sentido de minimizar os esforços operacionais e dar confiabilidade e segurança ao envelope operacional da aeronave. 2.2 HISTÓRICO Através da análise histórica do problema, observa-se que não houve alterações quanto à essência da definição e desenvolvimento de um VANT na prática. No entanto, foram profundas as agregações tecnológicas, fato que possibilitou maior gama de aplicações e confiabilidade ao produto. Conforme figura 2 e figura 3, têm-se duas épocas distintas que demonstram tal fenômeno. A figura 2 mostra um ensaio de lançamento do “Curtis/Sperry UAV” de 1917, aeronave considerada a pioneira da história dos VANTs. Na figura 3 é apresentado BAT 3 produzido pela MLB Company. 6 FIGURA 2 – 1917 SPERRY UAV FIGURA 3 – BAT 3 FONTE: GENERAL MOTORS INSTITUTE FONTE: MLB COMPANY A aplicação prática dos objetivos do projeto pode ser situada no estudo de casos atuais de resolução da operação e controle. A simplificação de controles almejada neste projeto encontra-se melhor adequada atualmente em uma categoria denominada “mini-VANT”, ou veículos aéreos não tripulados em miniatura que necessitam de operadores em terra para operar a aeronave. Tal categoria corresponde às aeronaves com envelope de vôo de até 6000 metros de altitude em relação ao nível do mar e autonomia de 0 km a 50 km. Pela figura 4 pode-se observar uma classificação adotada atualmente para os VANTs com alguns exemplos de aeronaves. FIGURA 4 – CATEGORIAS DE VANTS FONTE: MLB COMPANY 7 É proveniente mencionar que não há no momento uma legislação específica homologando a utilização dos VANTs, diferente ao que acontecem as aeronaves tripuladas em geral. Os exemplares existentes são utilizados por instituições militares, instituições de pesquisa operando com licenças especiais e uma reduzida parcela operando comercialmente com autorizações temporárias do órgão certificador de cada país. Este, além dos fatores já descritos no problema abordado neste projeto, também é um fator dificultante a utilização destas aeronaves. Entre os exemplares utilizados comercialmente, ou seja, aqueles que deixaram a condição científica e militar são justamente os VANTs de menor escala ou “mini- VANTs”. Como exemplos, têm-se na figura 5 e figura 6 os modelos APV-3 e Cropcam, respectivamente. O modelo APV-3 trata-se de um modelo utilizado no monitoramento de condições de geadas em vinhedos da Califórnia e o modelo Cropcam realiza fotos para acompanhamento de plantações. São aeronaves entre 2 metros e 3 metros de envergadura de asa, ambos controlados através de imagem e dispositivos eletrônicos de piloto automático. Também contam com sistema de posicionamento global (GPS). FIGURA 5 – APV-3 FIGURA 6 – CROPCAM FONTE: UAV COLLABORATIVE FONTE: CROPCAM LTD 2.3 ANÁLISE DAS FORMAS ATUAIS DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA Em face às soluções encontradas, em comparação, pode-se estabelecer uma análise frente à atual situação. Considerando formas de aplicação simples, como 8 monitoramento de plantações e análise atmosférica local, os sistemas atuais são excessivamente complexos e caros. Os meios tradicionais de monitoramento aéreo utilizam aeronaves tripuladas ou satélites. O custo de operação dessas aeronaves torna o seu uso proibitivo em pequenas e médias propriedades agrícolas, principalmente quando são necessárias imagens obtidas com uma periodicidade muito elevada ou em grande quantidade. A utilização de meios não convencionais para a obtenção dessas imagens aéreas pode minimizar de forma significativa o seu custo. O uso de aeronaves em escala reduzida apresenta muitas vantagens em relação à utilização de aeronaves convencionais, apesar de ter também suas desvantagens. Além de um custo muito baixo por imagem, essas aeronaves podem operar em condições impraticáveis para as aeronaves tripuladas. É certo que sistemas menos automatizados são mais restritos em autonomia, altitude, pois dependem do acompanhamento constante de pessoal. 9 3 FUNDAMENTAÇÃO Na presente etapa, apresenta-se a fundamentação teórica para o desenvolvimento deste trabalho. Baseando-se no problema definido e necessidades identificadas no item 2.1 análise do problema, estabelece-se uma metodologia de desenvolvimento de produto. 3.1 METODOLOGIA DE PROJETO O desenvolvimento do produto segue uma seqüência de etapas, onde são definidas as informações, fundamentação e etapas preliminares de desenvolvimento. Como mostra a figura 7, as seqüências de projeto estão conectadas aos diferentes níveis de evolução, sendo a primeira etapa de testes como verificadora das três etapas iniciais. FIGURA 7 – METODOLOGIA DO PROJETO FONTE: ADAPTADO DE ROSA (2006) Segundo ROSA (2006) e JENKINSON (2003) os processos ditos engenharia seqüencial ou engenharia simultânea são de grande utilidade no uso aeronáutico. Do mesmo modo, tal processo visa acelerar o desenvolvimento de um produto, atuando de maneira simultânea, prevendo dificuldades e evitando custos. Na figura 8 observa-se o curso das etapas de processo em relação aoaumento do custo. 10 3.2 CONCEITOS INICIAIS Um conceito inicial que formata as configurações de aeronaves, segundo ANDERSON (1984) é a circulação rotacional gerada pelo fluxo do fluido em torno de um perfil aerodinâmico. Esta circulação, em perfis aerodinâmicos, causa a formação de uma variação de pressão gerando a sustentação, o que explica a capacidade de vôo de uma aeronave. Como mostra a figura 9, a resultante da distribuição de pressão é variável em função do ângulo de incidência do perfil com o fluido, não ocorrendo de forma homogênea e sua resultante é aplicada em um ponto flutuante denominado de centro de pressão PC . Um conceito aplicado em ROSA (2006) é o centro aerodinâmico AC , no qual um ponto a 25% a partir do bordo de ataque do perfil é tomado como referência para as forças atuantes. O dispositivo denominado estabilizador horizontal possui a função não só de direcionamento longitudinal da aeronave, mas também de compensar o momento resultante da distribuição de pressão sobre o perfil da asa principal. FIGURA 8 – COMPARAÇÃO DE FASES E CUSTOS FONTE: ADAPTADO DE JENKINSON (2003) 11 FIGURA 9 – FORÇAS NO PERFIL – CLARK Y, RE=400000, ALFA=5,0°. FONTE: OS AUTORES As forças atuantes na aeronave como um todo são representadas na figura 10. Deste modo tem-se como relações principais para a condição de vôo nivelado da aeronave: Força de sustentação (L) = Peso total (G) e Arrasto (D) = Empuxo (E) para velocidade constante. FIGURA 10 – FORÇAS ATUANTES NA AERONAVE FONTE: ADAPTADO DE RODRIGUES (2007) Como relação aos movimentos da aeronave, tem-se por convenção a utilização de eixos de referência para sua aplicação. A figura 11 descreve estes movimentos. FIGURA 11 – MOVIMENTOS CARACTERÍSTICOS DA AERONAVE Eixo x – Rolagem Eixo y – Arfagem – Picar (descer) ou Cabrar (subir) Eixo z - Guinada FONTE: ADAPTADO DE ROSA (2006) 12 3.3 CONFIGURAÇÃO Um caminho para a configuração inicial de uma aeronave que é encontrado na literatura, é a análise histórica dos modelos e das configurações comuns existentes. Segundo BARROS (2001) “nenhum projetista, ou equipe de projeto, parte do nada, mas sim, do exame aprofundado do “estado da arte”, isto é, de todo universo de aeronaves existentes, anteriores e atuais na categoria daquelas que se iniciará o novo projeto”. A configuração de uma aeronave e seus sistemas é dividida em três grupos principais, Grupo moto-propulsor (motor e sistemas), Célula (estrutura, comandos, sistema de pouso, etc.) e Aviônicos (instrumentação). Tais partes são subdivididas em itens mais específicos a fim de organizar a identificação de seus componentes e padronizar mundialmente programas de manutenção. Segundo ROSA (2006), três situações básicas de disposição de superfícies de sustentação são apresentadas, como mostra a figura 12, junto às configurações estão representadas de forma simplificada as forças atuantes sobre a estrutura de cada modelo, o detalhamento de cada esquema é feito na seqüência do trabalho. Tais variações apresentam soluções diferentes para alocação de carga e acessórios, localização do grupo moto-propulsor, campo de visão, performance, aerodinâmica, estrutura e equilíbrio. Estas variações apresentam vantagens e desvantagens variáveis quando combinadas à necessidade de cada projeto, tornando-se estas os modeladores da aeronave. FIGURA 12 – ESQUEMA DE CONFIGURAÇÕES Clássico – Pull Asa voadora Canard FONTE: ADAPTADO ROSA (2006) 13 3.3.1 Configuração Clássica É a configuração mais encontrada nos modelos de aeronaves em uso. Também utilizada como base para os cálculos das referências sobre projeto aeronáutico. 3.3.2 Asa Voadora Por NICKEL e WOHLFAHRT (1990), a aeronave é dotada com perfil tipo reflexo, ou seja, as características geométricas do perfil são responsáveis por equilibrar as forças atuantes sobre o mesmo. Possui pouca resistência aerodinâmica resultando em boa autonomia. 3.3.3 Configuração Canard Pouco usual, necessita cuidados especiais quanto sua análise de estabilidade e estrutural. Tal fato, segundo NICOLAI (1984), devido ao estabilizador horizontal frontal, denominado canard, contribuir em até 20% da sustentação total da aeronave. O mesmo também deve apresentar seu ângulo de estol com valor inferior ao da asa principal, deste modo evita-se o efeito denominado de “flecha invertida” e garante-se a estabilidade em condições de perda de sustentação. 3.4 SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE IMAGEM A seleção do sistema para transmissão de imagem em tempo real de vôo, se dá através da adaptação de acessórios encontrados comercialmente. A especificação de aparelhos como câmera de vídeo, transmissor e receptor é obtida com base em soluções usuais de baixo custo relacionadas a monitoramento ou vigilância residencial. Tais equipamentos são dimensionados de acordo com a necessidade do projeto. 14 3.5 ESTIMATIVA DE MASSAS A partir da configuração adotada, em RAYMER (1999), é possível uma primeira estimativa da massa e disposição de seus componentes estruturais e acessórios. Esta primeira aproximação não requer precisão, pois pela mesma referência, indica-se que o processo de desenvolvimento é iterativo, sendo as considerações iniciais aprimoradas a cada passo. Então se tem pela equação (1): vazioaclcombustívet mmmm ++= arg (1) 3.5.1 Distribuição de massas (peso e centragem) Para a aeronave em questão, não se tem como objetivo o transporte de cargas, no entanto pode-se considerar uma margem para ajustes e eventuais trocas de acessórios sem afetar os limites do envelope de decolagem da aeronave, assim considera-se: vazioac mm %.10arg = . Feita a avaliação da massa de cada um dos componentes, pode-se proceder à determinação do centro de gravidade da aeronave vazia. Para tanto, calcula-se o momento de cada um dos componentes em relação a um ponto de referência. No presente caso, o ponto será adotado como sendo a interseção da linha de 25% da cma com a linha de solo. 3.6 SUPERFÍCIE DE SUSTENTAÇÃO A seleção de geometria das superfícies de sustentação responde as características quanto à expectativa de desempenho e utilização da aeronave. Em geral, a geometria de uma asa tem influência quanto ao momento torsor, arrasto induzido, coeficiente de sustentação e velocidade de estol. A figura 13 apresenta as regiões de início do desprendimento da camada limite em função das diferentes geometrias apresentadas. 15 FIGURA 13 – REGIÕES DE DESPRENDIMENTO DA CAMADA FONTE: ROSA (2006) Neste trabalho para seleção da geometria da asa (Sw) serão considerados: aspectos construtivos, limites geométricos impostos pelo cenário de operações e desempenho em velocidades próximas a velocidade de estol. Através dos valores geométricos estimados para asa, tem-se a relação de aspecto (AR) dada por: wR SbA / 2= , para asas com formato retangular ou trapezoidal. O valor de AR influi diretamente no comportamento de uma aeronave submetida a um escoamento tridimensional. Pela figura 14, observa-se que para um mesmo perfil, aeronaves com diferentes valores de AR, necessitam diferentes configurações de ângulo de vôo para atingir o mesmo valor de coeficiente de sustentação (CL). FIGURA 14 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÃO DE ASPECTO FONTE: ADAPTADO DE ROSKAM (1985) 3.7 ANÁLISE AERODINÂMICA Segundo ANDERSON (1984), considerações aerodinâmicas sobre a superfície de sustentaçãoprincipal podem ser divididas em duas partes. O método descrito, 16 desenvolvido por Ludwig Prandtl, divide-se entre o estudo da secção de uma asa - perfil - e as modificações aplicáveis para uma asa finita. Conforme apresentado em 3.2, o efeito rotacional provocado pelo perfil também gera uma componente descendente do fluxo do fluido na extremidade posterior da asa. Este efeito está relacionado a massa de ar defletida pelo perfil, formando o ângulo denominado de downwash (ε). Para uma asa finita, somado a este efeito, está a geração de vórtices de ponta de asa. Tal fenômeno é ocasionado pela diferença de pressão entre as superfícies superior e inferior da asa. Logo, o que para uma asa de envergadura infinita ou bidimensional (perfil) seria constante, a figura 15 mostra que a soma dos efeitos acarreta em acréscimo a componente descendente do fluxo. FIGURA 15 – COMPARAÇÃO ENTRE FLUXOS 2D E 3D FONTE: ADAPTADO DE ANDERSON (1984) E ROSA (2006) Para o caso particular de um perfil simétrico este efeito é inexistente, como mostra em detalhe a figura 16. A configuração deste tipo de perfil a zero grau de incidência com o fluido não gera fluxo rotacional e consequentemente, sustentação. A soma dos efeitos de downwash, denominada de downwash induzido, influencia diretamente no ângulo do fluxo sobre o perfil. A resultante das forças atuantes passa a ser inclinada gerando um ângulo de ataque induzido (αi). Tal parcela reduz a sustentação gerada em )( isenL α=′ e acrescenta ao arrasto uma parcela )cos( iL α=′′ , também denominada de arrasto induzido (Di). 17 Desta forma, a distribuição de sustentação em uma asa apresenta características próximas ao formato elíptico. FIGURA 16 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÃO DE ASPECTO FONTE: ADAPTADO DE DA ROSA (2006) As aproximações dos valores característicos do perfil para escoamento tridimensional são possíveis através de diversos métodos. Ainda por ANDERSON (1984) se tem a descrição detalhada do método de Prandtl, sendo este método recomendado para geometrias de valor de AR > 6,0. Também se sugere a utilização do método Vortex-Lattice, do mesmo modo elucidado. Segundo LOWRY (1957) um método semi-empírico é sugerido a partir de ensaios realizados em túnel de vento. Tal método é também discutido em RAYMER (1999) e simplificado por NICOLAI (2002). Deste modo, representado pela equação (2): )4(2( . 2 R Rl L L A AC C d dC ++ == αα α (2) Na figura 17, como exemplo, apresenta-se os valores de sustentação obtidos de AURORA (2006), para o perfil Eppler 423 modificado e asa com AR=6,7. 18 FIGURA 17 – COMPARAÇÃO ENTRE COEFICIENTES DE SUSTENTAÇÃO BIDIMENSIONAIS E CORRIGIDOS. 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 Alfa [°] Cl Cl Perfil CL Asa CL Linear FONTE: EQUIPE AURORA DE AERODESIGN (2006) 3.7.1 Seleção do perfil De acordo com os contornos que envolvem o projeto de uma aeronave em escala, adotam-se como critérios para seleção de um perfil: comparação entre coeficientes característicos, e aspectos construtivos. A partir da estimativa da geometria da asa, é possível determinar o valor do Número de Reynolds característico, conforme equação (3). ν xv ⋅ = ∞Re , ou ( xv ..68458Re ∞= ) para nível do mar. (3) 3.7.2 Resistências As resistências aerodinâmicas, segundo RAYMER (1999), dividem-se em forma e viscosa. A somatória destas resistências é inversamente proporcional ao 19 rendimento final da aeronave. Uma aproximação para a resistência própria a uma aeronave em escala é dada pela equação (4). ∑ +++= QCCCC ddidoD π (4) 3.7.2.1 Resistência de forma (Cd0) É o coeficiente de arrasto do perfil, em função da forma e viscosidade. É diretamente relacionado ao valor do Número de Reynolds (Re). Através deste fator de escala é possível analisar se um dado escoamento possui comportamento laminar ou turbulento, afetando diretamente o valor do coeficiente de atrito viscoso (Cf) inerente a camada limite do fluido. Conforme figura 18, NICOLAI (2002) apresenta os dados para análise do Número de Reynolds em função de Cf. FIGURA 18 – TRANSIÇÃO DO ESCOAMENTO LAMINAR TURBULENTO, PRANDTL-GEBERS. FONTE: NICOLAI (2002) 20 3.7.2.2 Resistência induzida (Cdi) Conforme visto em 3.5.1, a resistência induzida corresponde à parcela inerente a geração de sustentação pelo perfil. Em forma de coeficiente, o arrasto induzido é definido pela equação (5). eA C C R L Di .. 2 π = (5) O fator “e”, denominado Coeficiente de Oswald corresponde a diferença entre uma asa com geometria elíptica e uma não elíptica. Segundo RAYMER (1999), tal fator pode ser aproximado em e = 0,9 para a grande parte das aeronaves. 3.7.2.3 Resistência de atrito de rolagem (Q) É o atrito causado pelas forças de rolamento sobre o solo e atrito de escorregamento junto ao eixo da roda. Corresponde a uma das parcelas que afeta o desempenho da aeronave na decolagem, por ROSA (2006) esta força pode ser quantificada pela equação (7) ou expressa em forma de coeficiente pela equação (7). R d F Q z 2 ..µ = (6) ZF Q f = (7) Sendo Fz a força normal exercida sob cada roda, R o raio da roda e d o diâmetro do eixo. 21 3.7.3 Curva polar da Aeronave Através da somatória das resistências calculadas e do coeficiente de sustentação da asa, é possível estabelecer a curva polar da aeronave. Na figura 19 tem-se o exemplo das curvas polares de resistência induzida da asa (CDiw), resistência da aeronave (CD) e resistência da aeronave mais atrito com o solo (CD + f). FIGURA 19 – EXEMPLO DE CURVA POLAR DE RESISTÊNCIA DA AERONAVE 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 CD CL Cdiw CD CD + f FONTE: EQUIPE AURORA DE AERODESIGN (2006) 3.7.4 Equacionamento aerodinâmico Pelos conceitos de mecânica dos fluidos, NICOLAI (2002) explica que através da Equação de Bernoulli, a pressão dinâmica é dada pela equação (8): 2.. 2 1 Vq ρ= (8) 22 Deste modo, os valores nominais de arrasto da aeronave, sustentação e momento da asa, são dados respectivamente pela equação (9), equação (10) e equação (11). wd SqCD ..= (9) wL SqCL ..= (10) mawm cSqCM ...= (11) 3.8 SISTEMA PROPULSOR A configuração do sistema propulsor, do mesmo modo que a configuração da aeronave apresenta variações que se adaptam as necessidades do projeto. Na figura 20, está representada algumas soluções quanto à localização do sistema propulsor. FIGURA 20 – CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA PROPULSOR a) Configuração tratora convencional b) Configuração tratora superior c) Configuração Pusher superior d) Configuração ¾ Pusher e) Configuração Full Pusher FONTE: OS AUTORES A curva de potência do motor é encontrada através de ensaio em túnel de vento utilizando diversos tipos de hélice. Dados como empuxo estático, dinâmico, consumo e temperatura são frutos deste teste, geralmente fornecidos pelos fabricantes. A realização deste teste e projeto de hélice está fora do escopo deste trabalho. Para isto são utilizados valores comerciais tabelados. 23 3.9 PERFORMANCE A análise de performance da aeronave baseia-se nos dados fundamentados nos capítulos anteriores, definindo a curva de potência consumida e a potência disponibilizadapelo conjunto moto - propulsor. Para a condição de decolagem da aeronave, tem-se: L = G, ou, pelo capítulo 3.4, (L = mT.g). Para a aeronave estabelecer esta condição, deve apresentar uma componente denominada de velocidade de estol (vs), ou a velocidade em que a igualdade L = G passa a ser verdadeira. Pelas equações da cinemática, tem-se que a velocidade de estol é dada pela equação (12). wl s SC gm v .. ..22 ρ = (12) Portanto, a curva de potência consumida pela aeronave no instante da decolagem, é dada pela equação (13): [ ] svDWPcons .== (13) Do mesmo modo, é possível trabalhar com os conceitos de movimento retilíneo. Pela equação (14), tem-se: ).(.222 oo xxavv −+= (14) Aplicando as considerações listadas, define-se a equação (15). • v = vs e v0 = 0 • F = m.a • Empuxo líquido (EL) = Empuxo bruto (EB) – Arrasto total da aeronave (D) • F = Empuxo líquido (EL) 24 m Ex v Ls ..22 = (15) Desta maneira, é possível estabelecer o envelope de decolagem em função das características geométricas definidas, comprimento de pista disponível (x), massa da aeronave (m) e dados do motor (E) através da iteração da equação (14) e equação (15). 3.10 ANÁLISE DE ESTABILIDADE O equilíbrio de uma aeronave em vôo horizontal, com velocidade constante, está relacionado com as forças representadas na figura 21, tendo seu ponto de atuação definido pela equação (16). ,0 OGLLF IIIy =−+→=∑ ou ,0=−GL sendo III LLL += (16) Definido que a somatória das forças e momentos em relação ao centro de gravidade seja nula, temos a equação (17): 0.....0 . =++−+++−→=∑ pvvhhhhwwwwhwcg zEzDlLZDZDlLMMM (17) FIGURA 21 – FORÇAS ATUANTES NA AERONAVE FONTE: ADAPTADO DE ROSA (2006) 25 Como condição de estabilidade, trabalha-se com a condição definida pelo sinal da derivada do momento em relação ao ângulo de ataque, conforme equação (18). O objetivo desta operação é para que esta seja negativa e a aeronave apresente característica de gerar um momento em sentido contrário às perturbações longitudinais, de modo que este retorne as condições iniciais. Para isso, trabalha-se a equação (17) para que esta seja representada por coeficientes, aplicando as equações apresentadas em 3.6.5. Do mesmo modo, para se ter valores em função de porcentagem de cma, substitui-se lw = (h0 - h),. Assim tem-se a equação (19): .q.cS E.z ηt. .cS .zS .Cηt. .cS .zS .Cηt. .cS .lS .C.zC)h(hCCCC maw p maw vv Dv maw hh Dh maw hh LhwDw0LwmhmwM +++−+−++= (19) Desconsidera-se o arrasto, momento do estabilizador horizontal (Cmh) e efeito do empuxo (E). Transforma-se os coeficientes de sustentação da asa e estabilizador horizontal em função da inclinação de suas curvas polar CL .α, em 3.6.1, figura 17. A inclinação ou coeficiente angular é obtido pela equação (20), considerando os valores corrigidos por AR: ∆α[rad] ∆C a L= (20) Do mesmo modo, substituem-se os termos relacionados ao estabilizador horizontal pelo volume de cauda (Vh) equivalente a equação (21): maw hh h .cS .lS V = (21) ∂ ∂α CM < (18) 26 Valores de projeto para Vh, encontrados em ROSA (2006), indicam que este se encontra na faixa de 0,25 para um estabilizador de menor capacidade de comando e 0,55 para um com maior atuação. Logo, obtém-se a equação (22): ( ) 000 =⋅−−−−+= t.ηhVε)iα(αhahh).α(αw.amwCMαC (22) Derivando em função de α e considerando CMα = 0, define-se o ponto de giro ou de estabilidade neutra pela equação (23): ( ) 0.ηε).V(1ahhaC α C thh0wMα M =−−−⋅== ∂ ∂ (23) Neste ponto, aplica-se o conceito de margem estática (MS), apresentada pela equação (24), adotando h = hn, como o equivalente em porcentagem a distância do ponto neutro. on hhMS −= (24) Pelo valor de MS, a distância do centro de gravidade (h0) é deslocada propositalmente em relação ao ponto de giro da aeronave ou ponto neutro (hn), garantindo a condição inicial de derivada negativa de CMα. Valores encontrados em ROSA (2006), indicam que MS varia de 0,05, (5,0%) para menos estável a 0,20 (20%) para uma configuração mais estável. O comportamento da derivada de CM em função da margem estática é representado pela figura 22. 27 FIGURA 22 – CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DO CG FONTE: ADAPTADO DE ROSA (2006) 3.11 ANÁLISE ESTRUTURAL A análise estrutural da aeronave considerada é dividida nas seguintes partes: estimativa de cargas, análise de esforços atuantes, resistência dos materiais envolvidos e dimensionamento de componentes principais. 3.11.1 Regulamentação Aeronáutica O processo de homologação, ou aprovação jurídica para o uso comercial da aeronave é externo ao escopo deste projeto. No entanto, com a finalidade de garantir a confiabilidade do modelo o dimensionamento se faz necessário em harmonia com um regulamento aeronáutico padrão. Entre as normas em uso atualmente, não há um modelo que trate especificamente sobre aeronaves em escala rádio-controladas. Deste modo é utilizado um documento aproximado ao porte do modelo em questão. A Norma EASA CS-VLA (Certification Specifications - Very Light Aeroplanes) de 2003, selecionada, tem pela tabela 1 a comparação de especificações com um aeromodelo genérico semelhante ao proposto por este projeto, quando os requisitos não se mostram condizentes ao porte da aeronave, são adotadas estimativas coerentes. 28 TABELA 1 – COMPARAÇÃO DOS DADOS DE NORMA REQUISITOS Norma CS-VLA Aeromodelo Valor Adotado Máximo peso de decolagem 750 kg 25 kg máx. Norma Velocidade de estol 83 km/h mín. ~ 40 km/h Norma Motor mono mono Norma Tripulantes 2 - Aeromodelo Período de operação diurna diurna Norma Acrobático Não sim Norma Distância de decolagem 500 m máx. ~ 30 m Norma Altitude operacional - Visual (400m) Aeromodelo FONTE: ADAPTADO DE CS-VLA 3.11.2 Diagrama V-n e Cargas atuantes Os fatores de carga, ou fatores multiplicativos de manobra (“força g”) são em função das velocidades características de operação, ambos especificados pela norma. Tais fatores são aplicados diretamente ao dimensionamento estrutural da aeronave e representados através de um diagrama denominado V-n, mostrado na figura 23: Os fatores de carga devido a rajadas de vento, específicos a este projeto, são reduzidos, pois o vôo não é efetuado a grandes alturas, logo a velocidade padronizada de 15,24 m/s dificilmente se manifesta. Segundo DONELY (1940), para vôos abaixo de 1067 m, a velocidade de rajada não excede 7,62 m/s, com mais de 95% dos pontos abaixo de 6,10 m/s. FIGURA 23 – DIAGRAMA V-N FONTE: CS-VLA (2003) 29 3.11.3 Análise e resistência dos materiais Para o projeto aeronáutico materiais leves e resistentes são mais indicados. No caso de aeromodelos, materiais de uso freqüente são: madeira balsa, espuma de poliestireno expandido, alumínio, arames de aço, fibra de vidro, adesivo cianoacrilato, adesivo epóxi e outras madeiras especiais (caixeta, freijó, cedro). Na tabela 2, apresenta-se uma compilação das propriedades mecânicas dos materiais citados, de maneira a fornecer os dados necessários para seleção e aplicação no projeto estrutural. TABELA 2 – PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS Materiais ρ [g/cm³] E [GPa] σt [Mpa] σc [Mpa] τ[Mpa] 3Madeira Balsa (fibra paralela) 0,15 3,30 14,00 12,00 2,00 4Madeira Caixeta (Marupá) 0,40 7,26 64,04 33,05 6,96 5Madeira Cedro 0,53 9,8058,10 39,00 - 4Madeira Freijó 0,48 10,20 91,40 50,70 8,33 1Alumínio 7075-T6 2,77 68,94 572,26 - 2 503,00 1Aço Carbono 4310 7,99 206,84 1310,00 - 2 862,00 2Epóxi 1,30 2,41 27,60 - - 2Poliestireno OS 1,04 2,28 35,90 - - 2Nylon (dry) 1,15 2,00 94,50 - 55,20 2Fibra de vidro 2,58 72,50 3448,00 - - 1Fibra de vidro+epóxi, cura 120°C 1,82 22,06 434,37 420,58 - 2 Fibra de Carbono 2,00 230 3300,00 - - FONTES: 1- AIAA (2003) 2 - CALLISTER (1997) 3 - PACHECO (2006) 4 - IBAMA (2005) 5 - MORESCHI (2005) 3.11.4 Análise dos esforços atuantes Os cálculos de esforços atuantes na asa, empenagem, fuselagem e trem de pouso são feitos com base em conceitos de resistência dos materiais, complementados por considerações específicas da Norma discutida em 3.10.1 e sugestões obtidas em ROSA (2006). 30 A primeira parte a ser analisada é a asa. Para distribuição dos esforços ao longo da semi-envergadura é utilizado o método de Prandtl. Complementando os conceitos definidos em 3.6.1, segundo ANDERSON (1984), a distribuição elíptica de sustentação é dada por: πρ bV L o ∞∞ =Γ 4 (25) 2) 2 ()´( b y lVyL o −Γ= ∞∞ρ (26) Agrupando os esforços atuantes na asa, uma aproximação simplificada para o dimensionamento estrutural é admiti-los sobre a longarina principal, aplicando a fundamentação de vigas. A figura 24a relaciona as forças de arrasto (D), sustentação (L), peso próprio da asa (mW) e momento de perfil (M). Segundo OLIVEIRA (2003) os esforços podem ser simplificados em forma de coeficiente normal (CN) pela equação (27), demonstrado na figura 24b. CN = CL . cos α + CD . sen α (27) Deste modo, os fatores de carga são fixos em relação ao sistema de coordenadas definido inicialmente. FIGURA 24 – ESFORÇOS ATUANTES NA ASA FONTE: ADAPTADO DA ROSA (2006) 31 Deste modo, o esforço normal máximo (N) que a asa é submetida pode ser descrito pela equação (28). SwqCN N ..= (28) Para o caso do estabilizador horizontal, o esforço atuante é descrito pela equação (29) aplicando o coeficiente máximo de CLh, também gerando um momento torsor em relação ao engaste na longarina principal da asa, aproximado pela equação (30). h Sq Lh C h L ⋅⋅= (29) hhh LlM ⋅= (30) As solicitações consideradas neste projeto, para garantir a confiabilidade estrutural dos elementos da aeronave, são estabelecidas em forma de: tensão máxima, cisalhamento, limite do ângulo de torção e deflexão de viga. Segundo ROSA (2006), a máxima tensão de flexão para uma viga pode ser obtida pela equação (31), o cisalhamento pela equação (32). xxI cM ⋅ =σ (31) tI QV xx ⋅ ⋅ =τ (32) O ângulo de torsão, segundo SHIGLEY (2005), é obtido pela equação (33) e a deflexão de uma viga pela equação (34). JG lT ⋅ ⋅ =θ (33) xxEI wl 8 2 −=δ (34) 32 3.11.5 Aplicação dos fatores de carga e coeficiente de segurança Os fatores de carga, definidos em 3.10.2, através da norma CS-VLA, são multiplicativos diretos aos valores das solicitações considerando a situação crítica de carregamento. Também, pela norma, aplica-se o coeficiente de segurança CS = 1,5 sobre as propriedades mecânicas dos materiais. 33 4 ANÁLISE PRELIMINAR 4.1 CENÁRIO OPERACIONAL O cenário de operação proposto fornece os primeiros parâmetros de delimitação do produto. Segundo a figura 25, obtida através de software de livre distribuição pela internet e observações em campo, o cenário passível de operação, com menor número de obstáculos (árvores, postes, água), para uma aeronave em escala nas dependências do campus do Unicenp, compreende a pista de atletismo. FIGURA 25 – CENÁRIO OPERACIONAL FONTE: GOOGLE EARTH (2007) Do mesmo modo, a partir da figura 25, observa-se que internamente a área delimitada, a maior distância entre extremidades do perímetro compreende a 200m. Deste modo, a base operacional de controle de vôo é situada entre a média aproximada das diagonais principais do perímetro em um ponto que facilite a visualização do todo. A partir desta informação é possível o dimensionamento base dos acessórios eletrônicos de transmissão de imagem. 34 Aeromodelos comerciais que apresentam operação simplificada são categorizados como “treinadores”. Observados pelos autores em condições de vôo, estes apresentam baixas velocidades de operação, entre 8,0m/s e 14 m/s e alta sensibilidade aos comandos do piloto, visando facilitar o controle da aeronave. Tais características correspondem à necessidade deste projeto. De maneira que a aeronave apresente melhores condições de controle em circuito fechado, a velocidade de operação é delimitada inicialmente entre 6,0 m/s para decolagem e 8,0 m/s em vôo de cruzeiro. Dos aeromodelos treinadores supracitados, o tempo de operação médio para cada vôo é equivalente aos 10 minutos. Dentro desta aproximação, define-se o tempo para a missão de acordo com a figura 26. FIGURA 26 – TEMPO DE MISSÃO A – Decolagem = 30 segundos. B – Subida = 30 segundos. C – Cruzeiro = 8 minutos. D – Aproximação = 1 minuto. E – Pouso = 1 minuto. TOTAL = 11 minutos. FONTE: ADAPTADO DE JENKINSON (2003) A partir destes dados, justifica-se a fundamentação para uma aeronave de pequeno porte condizente com o cenário operacional proposto. 4.2 REQUISITOS Requisitos adicionais são considerados para atender a fundamentação do projeto e cumprimento do objetivo. Tais requisitos, listados na tabela 3, são definidos pela observação e aquisição de dados em campo do cenário operacional, aplicados diretamente no design inicial da aeronave. 35 TABELA 3 – REQUISITOS DO PRODUTO REQUISITOS COMENTÁRIO VALOR Altitude operacional Referente ao local de operação da aeronave e densidade atmosférica relativa. 1000 [m] Distância de decolagem máxima Distância suficiente para decolagem da pista de atletismo mais curva de escape. 10 [m] Alcance de transmissão de imagem Dentro do campo visual de vôo. 500 [m] Configuração da aeronave sem obstáculos para captação de imagem. Sem antenas, hélice ou outros componentes no campo de filmagem. Câmera na parte frontal da aeronave e configuração propulsora tipo pusher. Envergadura (b) máxima. Para evitar obstáculos e garantir controle dentro do cenário delimitado. 1,4 [m] Baixa velocidade (6,00 a 8,00) m/s Autonomia Por vôo 11 minutos FONTE: OS AUTORES 4.3 CONFIGURAÇÃO O estudo e seleção da configuração são divididos em quatro partes, três compatíveis a um aeromodelo comum e uma ao sistema de imagem. Estas são: Célula ou estrutura, grupo moto propulsor (GMP), controle (Aviônicos) e Sistema de captação e transmissão de imagem (SCTI), Tal seleção é realizada em ordem de modo a atender aos requisitos estabelecidos na tabela 1. 4.3.1 Configuração da Célula da Aeronave De acordo com as configurações propostas em 3.5 associadas aos objetivos do projeto, tem-se na tabela 4 , a justificativa de escolha adotada. 36 TABELA 4 – ESCOLHA DA CONFIGURAÇÃO Configurações Necessidades Clássica Asa voadora Canard Baixo Peso X Estabilidade X Confiabilidade de controles X Baixa Velocidade X X Elevada sustentação X Facilidade construtiva X X Confiabilidade histórica X Selecionada FONTE: OS AUTORES 4.3.2 Configuração do Sistema de Captação e Transmissão (a) Através das necessidadeslevantadas pelo cenário operacional e objetivo do projeto, o sistema de transmissão selecionado é composto, conforme a figura 27, de: transmissor (1), receptor (2), câmera (4), bateria (3). O transmissor (1), bateria (3) e câmera (4) são embarcados na aeronave. O receptor (2) compõe a estação em solo. FIGURA 27 – TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE IMAGENS FONTE: OS AUTORES Pela metodologia do projeto preliminar, definiu-se um sistema composto por mini – câmera (4), conforme figura 27, colorida modelo Sharp Color CCD de resolução (H)510 x (V)492 pixels, iluminação mínima de 0,7 Lux, com dimensão 37 (38x37x31), com alimentação 12Vcc e consumo médio de 100 miliampére, a um alcance de aproximadamente 300 metros em campo aberto, de modo a garantir a aplicação básica para o campo estabelecido de vôo. A resolução da câmera é importante devido à qualidade de imagem, quanto maior a resolução melhor será a qualidade. À câmera está ligado um transmissor (1), ver figura 27, com faixa de trabalho em 2,4 GHz, 4 canais e alcance estabelecido pelo fabricante de 1000 metros em campo aberto para uma potência de 2000 miliwatts, esta potência do transmissor quantifica o alcance de transmissão de sinal sem interferências e limitado à eletrônica do aparelho, por exemplo, antena. O sistema de recepção foi composto de um receptor (2), ver figura 27, de 4 canais que possibilita a conexão a um sistema de TV ou placa de captura de vídeo. A alimentação de todo o sistema é por uma bateria de Lithium- Polymer (3), recarregável, conforme figura 27, de 11,1 Vcc e 860mAh. A figura 28 ilustra o esquema de montagem do conjunto receptor e transmissor de imagem. Outros fatores de influencia na seleção do sistema de imagem são: custo, disponibilidade de aquisição no mercado, dimensões geométricas reduzidas e baixo peso. FIGURA 28 – ESQUEMA DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO FONTE: OS AUTORES O projeto da aeronave incluiu os detalhes de acoplamento dos instrumentos eletrônicos, visto principalmente a disposição da câmera de transmissão, esta foi 38 localizada na parte frontal da aeronave justamente para garantir um bom campo de visão, sem interferências de componentes externos. 4.3.3 Configuração do Grupo moto propulsor (b) De acordo com os critérios compatíveis com um aeromodelo de pequeno porte, selecionou-se um motor elétrico invés de um motor à combustão. A vantagem de se utilizar um motor elétrico é o baixo ruído que ele transfere à estrutura, apresentando maior portabilidade, pois dispensa material de campo (combustível, bomba, chave de ignição), favorecendo o correto funcionamento dos demais componentes integrados a aeronave. Como apresentado em 3.7, têm-se diversos modos de posicionamento do GMP. Para proporcionar um campo de visão sem obstáculos para a câmera, selecionou-se a configuração ¾ pusher. O GMP passa a ser composto por motor elétrico, hélice, circuito integrado para controle de velocidade (modelo comercial genérico) e bateria. 4.3.4 Configuração do Sistema de Controle (c) FIGURA 29 – DISPOSIÇÃO DOS SISTEMAS Configuração da aeronave: 1. Asa 2. Fuselagem 3. Sistema de pouso 4. Empenagens a. Sistema de Captação e Transmissão de Imagem b. Grupo moto propulsor (GMP) c. Sistema de controle (Aviônicos) FONTE: OS AUTORES 39 O sistema de controle de um aeromodelo é composto de servo-motores e receptor, sendo estes selecionados neste projeto como os atuadores das superfícies de comando. Pela figura 29, observa-se a disposição dos sistemas selecionados. A alimentação elétrica do sistema de controle se dá através da conexão do elemento speed control com o receptor de comando. A figura 30 denomina os acessórios que compõem o sistema propulsor e de controle para um aeromodelo elétrico. FIGURA 30 – ELEMENOS E INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS 1. Motor e hélice 2. Speed control – circuito integrado de controle PWM para motor cc. 3. Bateria 4. Receptor do rádio transmissor 5. Servos motores FONTE: OS AUTORES As superfícies de comando selecionadas para garantir os movimentos necessários em torno dos eixos de referência são: Ailerons para rolagem, profundor para arfagem e leme para guinada. A configuração ¾ pusher acarreta a necessidade da utilização de dupla estrutura de cauda para oferecer espaço a hélice. 4.4 ANÁLISE INICIAL 4.4.1 Estimativa de massas A estimativa de massa total da aeronave (mT) é o ponto de partida para o desenvolvimento preliminar da aeronave. Este dado influencia o dimensionamento da 40 área de asa, perfil e localização do sistema propulsor, velocidade de decolagem, resistências e outros parâmetros. A estimativa inicial de massas é realizada através da medição dos componentes, materiais e acessórios selecionados para o projeto, conforme tabela 5. TABELA 5 – ESTIMATIVA DE MASSAS Componente m [kg] Asa 0,250 Estabilizador 0,080 Leme x2 0,040 Carenagem 0,050 Trem de pouso traseiro 0,080 Bequilha 0,050 Célula Cabos e fiação 0,050 Bateria System 0,080 Câmera 0,035 SCTI Transmissor 0,040 Motor 0,050 Hélice 0,030 Speed control 0,020 Grupo Moto Propulsor Bateria Engine 0,120 Receptor 0,045 Servo Bequilha 0,009 Servo Leme 0,009 Aviônicos Servo Estabilizador 0,009 Total 1,087 FONTE: OS AUTORES 4.4.2 Análise inicial de performance Outras estimativas se fazem necessárias para amparar as análises preliminares. Através das equações que fundamentam a performance em 3.9, é realizada uma iteração visando encontrar o conjunto das variáveis envolvidas nas equações para atender a necessidade dos requisitos e objetivo do projeto conforme figura 31. 41 FIGURA 31 – ANÁLISE INICIAL DE PERFORMANCE FONTE: OS AUTORES 4.4.3 Número de Reynolds típico da asa. O valor típico de Reynolds para a asa, obtido pela equação apresentada em 3.6.2 faz uso dos seguintes dados, definidos em 4.5. • vs = 6,62 [m/s] • cma = 0,26 [m] • ν = 0,00001612 [m²/s] Logo, Re = 107000 4.5 ANÁLISE AERODINÂMICA Fundamentado nas definições em 3.2, igualmente considerando uma teoria aprofundada sobre perfis aerodinâmicos em ROSA (2006), através do software PROFILI, é possível a seleção e otimização de um perfil quanto à necessidades de atender um coeficiente de sustentação CL = 1,3 definido em 4.5. Através do banco de dados de perfis do software, seleciona-se o perfil Selig 1210 devido ao seu elevado valor de Cl e o perfil Eppler 423 pela sua viabilidade 42 construtiva. Com uma ferramenta de interpolação dos contornos, define-se uma combinação dos dois perfis mencionados resultando na variação denominada: ES TCC, indicado na figura 32. FIGURA 32 – PERFIL - ESTCC FONTE: OS AUTORES TABELA 6 – DADOS DO PERFIL ESTCC Dados Unidade [% de cma] Espessura 10,49 Ponto máximo de espessura 21,80 Cambagem 7,70 Ponto máximo de cambagem 47,70 Raio de bordo de ataque 1,24 FONTE: OS AUTORES FIGURA 33 – CURVAS (CL.α) DO PERFIL ESTCC 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 Alpha Cl Cl CL correção CL FONTE: OS AUTORES Observa-se através da figura 33 e dos dados ta tabela 7 que o perfil ESTCC possui um coeficiente de sustentação máximo Cl = 1,873, o que corrigido pela relação de aspecto é equivalente a CL = 1,302, atendendo assim ao requisito de projeto. 43 TABELA 7 – DADOS DO PERFIL ESTCC – Re = 110000 α [°] Cl Cd Cl corrogido = CL CL LinearCm -5,0 0,185 0,073 0,129 0,227 0,116 -4,0 0,220 0,060 0,153 0,302 0,152 -3,0 0,509 0,024 0,354 0,378 0,205 -2,0 0,680 0,018 0,472 0,453 0,216 -1,0 0,787 0,019 0,547 0,529 0,212 0,0 0,905 0,019 0,629 0,604 0,213 1,0 1,021 0,018 0,710 0,680 0,214 2,0 1,134 0,018 0,788 0,755 0,214 3,0 1,231 0,018 0,856 0,831 0,210 4,0 1,339 0,019 0,931 0,906 0,210 5,0 1,446 0,020 1,005 0,982 0,209 6,0 1,550 0,022 1,078 1,057 0,208 7,0 1,653 0,024 1,149 1,133 0,207 8,0 1,756 0,027 1,221 1,208 0,207 9,0 1,834 0,029 1,275 1,284 0,201 10,0 1,855 0,031 1,290 1,359 0,184 11,0 1,849 0,037 1,286 1,435 0,167 12,0 1,861 0,045 1,294 1,510 0,156 13,0 1,873 0,054 1,302 1,586 0,148 FONTE: OS AUTORES 4.6 RESISTÊNCIAS As resistências viscosas, induzida, forma e interferência, definidas em 3.7.2 apresentam a partir da tabela 8 a estimativa do arrasto total da aeronave. TABELA 8 – TABELA DE RESISTÊNCIAS Estabilizador Vertical Estabilizador Horizontal Fuselagem Tail boom Sistema de pouso Forma Forma Visc. Forma Visc. Forma Princ. Bequilha Viscoso Área de referência Sπ [m²] 0,0191 0,066 0,066 0,0128 0,2000 0,0315 0,0023 0,0011 0,0530 Cdπ 0,0103 0,0200 0,0103 0,2000 0,0022 0,0600 0,5000 0,5000 0,0022 (Sπ.Cdπ)/SW 0,0005 0,0036 0,0019 0,0070 0,0012 0,0052 0,0031 0,0015 0,0003 FONTE: OS AUTORES 44 4.6.1 Curva polar do avião A somatória dos valores obtidos pelo cálculo da resistência da aeronave (Cdπ), os valores característicos do perfil aerodinâmico (Cd) e o arrasto induzido da asa (CDiw) em função de CL, resulta na curva polar de resistência da aeronave. A figura 34 apresenta em partes, o efeito somatório das resistências. FIGURA 34 – CURVA POLAR DO AVIÃO Curva polar do Avião 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 0,000 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 CD CL Cdiw CD CD + f FONTE: OS AUTORES O ponto indicado na figura 34, curva (CD+f), corresponde a situação de menor arrasto da aeronave durante procedimento de decolagem, ou seja, o ponto que consome menor quantidade de energia. O valor de CD = 0,1331; CL = 0,416; correspondem ao ângulo α = -2,5 graus. Deste modo, o perfil configurado neste ângulo em relação a um eixo de referência paralelo ao solo, apresenta o melhor desempenho de decolagem. 4.7 ANÁLISE DE PERFORMANCE Duas etapas são definidas para a análise de performance da aeronave. A primeira é a definição da curva de potência consumida, obtida através dos dados da 45 curva polar, e por fim, a seleção do conjunto motor - hélice que atenda a solicitação de potência nas etapas de vôo da aeronave. 4.7.1 Curvas de potência Dos valores apresentados na tabela 7, pela equação (12) da velocidade de estol definida no capítulo 3.9, calculam-se os valores de vs em função de CL. Através de vs(CL) a potência consumida pela aeronave é obtida pela união das equações fundamentadas, transformando CD em força de atrito multiplicado por vs, resultando na equação (35). 3. 2 1 vSCP wDcons ⋅⋅⋅= ρ (35) Analisando três etapas da missão conforme figura 35: FIGURA 35 – ETAPAS DA MISSÃO Corrida Decolagem Cruzeiro v = 0,00 a 6,67 [m/s] v = vs = 6,67 [m/s] v = 1,2.vs = 8,00 [m/s] CL = 0,472 (α = -2,5) CL = 1,221 (α = 8,0) CL = 0,856 (α = 3,0) D + f = 3,24 [N] D = 3,86 [N] D = 3,36 [N] Pcons = 21,72 [W] Pcons = 25,76 [W] Pcons = 26, 73 [W] FONTE: OS AUTORES Ao mesmo tempo é analisado o empuxo bruto requerido pela soma do empuxo líquido e arrasto gerado na situação de solicitação máxima, ou seja, momento de decolagem. Deste modo: EB = EL + D, resultando em aproximadamente 9,0 [N]. 46 A figura 36 mostra a curva de potência do motor HP-Z2113-20 relacionando as curvas de potência disponível e consumida. Os dados foram obtidos através do fabricante do componente e de dados do projeto, para a potência consumida pelo sistema propulsor. FIGURA 36 – CURVA DE POTÊNCIA DO MOTOR HP-Z2113-20 0 25 50 75 100 125 150 175 200 5,00 7,00 9,00 11,00 13,00 15,00 v [m/s] P [W] P disp.[W] P consumida [W] FONTE: ADAPTADO DE MOTOCALC (2007) Na figura 37 tem-se o motor elétrico HP-Z2113-20, speed control e hélice selecionado para compor o sistema moto propulsor. FIGURA 37 – SISTEMA PROPULSOR FONTE: OS AUTORES 47 4.8 EQUILÍBRIO E ESTABILIDADE Está relacionado ao ângulo de ataque da aeronave e o momento causado em torno do eixo da mesma. Pela figura 38 nota-se que quando há variação do ângulo de ataque, a aeronave terá condição de gerar um momento contrário permanecendo em estado de equilíbrio. FIGURA 38 – CURVA DE ESTABILIDADE LONGITUDINAL -0,30 -0,20 -0,10 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 Alfa CM CMa CMa CM(a) Linear FONTE: OS AUTORES 4.8.1 Estabilidade longitudinal Observa-se quando é aumentado o ângulo de ataque há como resposta uma condição de momento negativo, em outra situação quando há um momento negativo faz com que o ângulo de ataque diminua e consequentemente em um aumento do momento em relação ao eixo. 48 4.9 ANÁLISE ESTRUTURAL Pela figura 39, observa-se que o ponto de maior solicitação para a asa é sua raiz. Logo, substituindo os termos correspondentes a resultante da força normal (N) aplicada no centróide da distribuição elíptica, tem-se: Ixx cyN ⋅⋅ = )( 31σ (36) FIGURA 39 – ESFORÇO SOBRE A ASA Item Material 1 - Tubo metálico 2 - Tubo em fibra de carbono 3 - Perfil em madeira balsa FONTE: OS AUTORES 49 5 RESULTADOS 5.1 TRANSMISSÃO 5.1.1 Distância Os resultados obtidos com a perda de inserção de vídeo foram significativos a partir do raio de 50m de captura em movimento. A estabilidade de sinal de vídeo assegura uma boa transferência de cor no mesmo raio. A antena utilizada de polarização vertical foi substituída no transmissor por outro similar, porem de 200 mm e o resultado permaneceram o mesmo. Desta forma, o objetivo de utilizar o equipamento para transmitir imagens em movimento foi parcialmente atingido, conforme figura 40. FIGURA 40 – MEDIÇÃO DA INTERFERÊNCIA Distância até a base (metros) 0 25 50 75 100 125 150 175 200 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1314 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 imagem 1 - sem inteferência imagem 2 - sem interferência imagem 3 - sem interferência imagem 4 - com interferência imagem 5 - com interferência FONTE: OS AUTORES Comparando várias distâncias até a base receptora de imagem é possível julgar qualitativamente as imagens recebidas. É possível observar pela figura 40 as distâncias de início de interferência e através da figura 41 tem-se as respectivas imagens coletadas para o respectivo ponto. 50 FIGURA 41 – ANÁLISE DE IMAGEM - INTERFERÊNCIA (imagem 1, imagem 2 e imagem 3) (imagem 4) a) Imagem normal b) Início da interferência (imagem 5) (imagem 5) c) Perda da localização c) Interferência total FONTE: OS AUTORES 5.1.2 Autonomia da bateria A bateria do transmissor apresentou uma autonomia acima de 50 minutos de uso, suficientes para realizar todos os testes de transmissão de imagem, este tempo foi cronometrado desde o início do teste. A bateria apresenta autonomia superior ao tempo estipulado para a missão conforme figura 26.
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