Buscar

A eugenia nasceu na época em que a ciência triunfante

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

ABORTO EUGÊNICO
GONÇALVES, Vivian Sandriza. 
Associação Cultural e Educacional de Itapeva
Discente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
CAMPOS, Rute Helena Penteado. Associação Cultural e Educacional de Itapeva
Discente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
SOUZA, Michele Rodrigues de.
Associação Cultural e Educacional de Itapeva
Discente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
GARCIA, Maria Antônia Rocha Garcia.
Associação Cultural e Educacional de Itapeva
Discente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
RUSSI, Leonardo Mariosi. Associação Cultural e Educacional de Itapeva
Docente da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva
RESUMO
O referido trabalho visa apresentar o aborto eugênico, como e onde foi o seu surgimento, a legalização e posicionamento jurídico brasileiro. É um tipo de aborto preventivo executado em casos em que há suspeita de que a criança possa nascer com defeitos físicos, mentais ou anomalias, implicando em uma técnica artificial de seleção do ser humano. Aborto eugênico ou eugenésico é considerado aborto piedoso, praticado quando o feto é portador de anomalia grave e incurável. 
Palavra chave: Aborto Eugênico.
ABSTRACT
 This paper aims to present eugenic abortion, as and where it emerged, legalization and Brazilian legal positioning. It is a type of preventive abortion performed in cases where it is suspected that the child may be born with physical defects, mental or anomalies, implying in an artificial technique of selection of the human being. Eugenic or eugenic abortion is considered pious abortion, practiced when the fetus is suffering from severe and incurable anomaly.
Key words: Eugenic abortion.
Sumário
1 - Introdução
2 - Precedentes históricos sobre o aborto eugênico
3 - Aborto Eugênico
4 - Legalização do Aborto Eugênico
5 - O Posicionamento do Direito Brasileiro
6 - Projeto de Regulamentação do Aborto Eugênico
7- Conclusão
8 - Referências Bibliográficas
1-Introdução
Durante toda a história da humanidade, diversos povos eliminavam pessoas que nasciam com deficiência, com má-formação e também pessoas doentes. Em 1883 nasceu o termo eugenia, criado por Francis Galton e o definiu como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente. 
Com outras palavras ele estava dizendo que deveria ser aplicado o melhoramento genético na população humana. Há uma grande preocupação de que as técnicas usadas no melhoramento genético de plantas e animais sejam usadas nos homens. Muitos pesquisadores declaram que existe um severo problema ético na eugenia, como por exemplo, o abuso da discriminação, pois ela resulta em uma categorização de quem é apto e quem não é apto para a reprodução. Em diversos países foram propostas políticas de “higiene e profilaxia social”, com o objetivo de impedir a reprodução de pessoas que possuíam doenças consideradas hereditárias e, também, exterminar portadores de problemas físicos e mentais. Um exemplo extremo de eugenia foi na Alemanha Nazista, comandada por Adolf Hitler, onde os nazistas almejavam extinguir as “raças humanas” ditas inferiores, deixando apenas as “raças nórdicas” (arianos) que eram consideradas “raças superiores”, resultando no Holocausto. No Brasil, a Sociedade Paulista de Eugenia foi a primeira a ser fundada no ano de 1918. No 1° Congresso de Eugenismo, realizado na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1929, foi abordado o tema “O Problema Eugênico da Migração”. No Boletim de Eugenismo, foi proposto a exclusão das imigrações de pessoas não-brancas. No ano de 1931 foi criada a Comissão Central de Eugenismo com os seguintes objetivos: 
Manter o interesse dos estudos relacionados à questões eugênicas; 
Disseminar o ideal de regeneração física, psíquica e moral do homem;
Prestigiar e ajudar as iniciativas científicas ou humanitárias relacionadas à eugenia.
A eugenia nasceu na época em que a ciência triunfante revolucionava o mundo da técnica. No materialismo existia uma grande tentação de utilizar o homem como um material ou animal, que pode ser melhorado por meio de cruzamentos e de uma seleção “científica”.
2 - Precedentes históricos sobre o aborto eugênico
Durante a Primeira Guerra Mundial, o nome aborto eugênico foi mencionado em decorrência de mulheres vítimas de estupro e o aborto eugênico seria o modo para defender a raça de não multiplicar as doenças dos indivíduos. 
Na antiguidade já se discutia tal anomalia que se desenvolvia nos fetos, e nisso havia semelhanças com o aborto eugênico, no entanto segundo dados escritos na doutrina de Anelise Tessaro (Aborto Seletivo), na Grécia antiga, os bebês nascidos com algum tipo de defeito físico eram deixados no alto de uma montanha em decorrência dos problemas que poderiam vir a desenvolver no futuro, eram então abandonados e morriam por não existir um meio de corrigirem. Em Roma, os nascidos sem aparência humana eram jogados de penhascos, com a justificativa de não serem pessoas. 
No Brasil, os índios matavam os bebês com algum defeito físico e também os gêmeos, os ilegítimos e os adultos que portavam moléstias graves, no entanto com o cristianismo esses hábitos foram diminuídos, com o entendimento que a vida se iniciava no momento da concepção e então esse tipo de tratamento se identificou como homicídio.
3 - Aborto Eugênico
É um tipo de aborto preventivo executado em casos em que há suspeita de que a criança possa nascer com defeitos físicos, mentais ou anomalias, implicando em uma técnica artificial de seleção do ser humano.
Aborto eugênico ou eugenésico é considerado aborto piedoso, praticado quando o feto é portador de anomalia grave e incurável.
Hoje, a Medicina, com sua contínua evolução, permite identificar e diagnosticar, com precisão, as anomalias das quais o feto é portador. O diagnóstico destas anomalias é feito pela análise de células fetais, obtidas no líquido amniótico ou das células da placenta, e as anomalias anatômicas são diagnosticadas por ultra­sonografia.
“...Segundo o CFM, em sua Resolução Nº. 1.752/04, os anencéfalos são natimortos cerebrais, e por não possuírem o córtex, mas apenas o tronco encefálico, são inaplicáveis e desnecessários os critérios de morte encefálica". É significativa a concepção que tem o Conselho Federal de Medicina sobre os anencéfalos. Sigamos, ainda mais, na esteira dessas explicações: "E sendo o anencéfalo o resultado de um processo irreversível, de causa conhecida e sem qualquer possibilidade de sobrevida, por não possuir a parte vital do cérebro, é considerado desde o útero um feto morto cerebral.”¹
Assim, não obstante detectadas as anomalias consideradas graves e incuráveis, a mãe poderia optar em levar até o fim esta gestação, mesmo correndo o risco de ter sua saúde física e principalmente psíquica gravemente abalada.
4 - Legalização do Aborto Eugênico
Será que qualquer anomalia física ou mental poderia ser considerada motivo relevante ao aborto? Como diferenciar aquelas que dariam margem à realização do aborto? Pergunta­se, então: em que casos? Qual o grau da anomalia?
Quando detectada anencefalia, a ausência dos membros, a deformidade estética ou a ausência de um dedo?
O legislador deverá dizer expressamente e de maneira clara quais os tipos de anomalias que darão ensejo a tal providência. Se a previsão legal não especificar as anomalias, de conseqüências graves e irreversíveis, qualquer tipo de "defeito" poderá ser considerado anomalia e o aborto encarado como única, ou melhor solução encontrada pela sociedade para eliminar este ser; o que poderá significar prejuízo social.
Desta feita é de se enfatizar que o aborto eugênico
é aquele implementado para eliminar fetos com anomalias graves e irreversíveis, e não se presta para fazer nenhum tipo de "seleção".
¹https://juridicocerto.com/artigos/flaviohonorato/reflxoes-acerca-do-aborto-de-anencefalos-67
Indaga­se: o que deve ser o principal alvo de proteção é o direito da mulher, que não pode ser obrigada a levar até o fim uma gravidez comprometida, vindo a conceber um filho que sobreviverá por alguns minutos? Pode­se obrigar a mãe a viver esse tipo de trauma, uma vez que a gestação de um feto que não possui cérebro, ou o possui parcialmente (microcefalia), acarreta prejuízos à saúde da gestante, de ordem física e psicológica?
Estudos demonstram que o feto anencefálico sofre inúmeras convulsões, o que, além do sofrimento do próprio ser, pode ocasionar um desgaste emocional à mãe e ainda lhe causar danos à saúde. Esta mãe está condenada a uma gravidez complicada, e certamente, ao trauma de ter gerado um filho que não sobreviverá mais do que alguns dias.
Se realmente há um diagnóstico que atesta a anencefalia, nada mais justo que poupar mãe e filho de um sofrimento como este. É preciso considerar que, se o feto possui sensibilidade à dor e às emoções da mãe, certamente permitir que uma gestação como esta se complete é como castigar mãe e filho, cruelmente, por um ato que não cometeram.
O estudo de algumas jurisprudências nos mostra que os Juízes já estão considerando o direito da mãe de optar em completar a gestação ou não, como superior aos direitos do nascituro, e acabam autorizando a retirada do feto portador de anomalias, sem que sofram nenhum tipo de punição por este ato.
“Violação do direito à integridade física e psíquica:Em segundo lugar, a criminalização afeta a integridade física e psíquica da mulher. O direito à integridade psicofísica (CF/1988, art. 5º, caput e III) protege os indivíduos contra interferências indevidas e lesões aos seus corpos e mentes, relacionando-se, ainda, ao direito à saúde e à segurança. A integridade física é abalada porque é o corpo da mulher que sofrerá as transformações, riscos e consequências da gestação. Aquilo que pode ser uma bênção quando se cuide de uma gravidez desejada, transmuda-se em tormento quando indesejada. A integridade psíquica, por sua vez, é afetada pela assunção de uma obrigação para toda a vida, exigindo renúncia, dedicação e comprometimento profundo com outro ser. Também aqui, o que seria uma bênção se decorresse de vontade própria, pode se transformar em provação quando decorra de uma imposição heterônoma. Ter um filho por determinação do direito penal constitui grave violação à integridade física e psíquica de uma mulher.”²
5 - O Posicionamento do Direito Brasileiro
O Brasil se enquadra no conjunto de países cujas legislações permitem a prática do aborto em casos extremos.
Portanto, atualmente, o aborto é considerado um crime, com duas exceções: se a gravidez resulta de estupro ou quando coloca em risco a vida da gestante. Nestes dois casos o aborto torna­se legal, desde que realizado por um médico.
Alguns religiosos entendem que a expressão "aborto legal" para designar o seu consentimento em caso de estupro, é equivocada, estes defendem que não existe aborto legal, pois não é dado à mulher o direito de fazer o aborto, e sim de não ser punida por ele, seria apenas uma suspensão da pena por razões de política criminal. Considerando que o aborto não punível fosse um direito, este estaria ferindo a Constituição Federal (art. 5o caput), bem como o art. 5o em seu inciso XLV da mesma que diz: "Nenhuma pena passará da pessoa do condenado". Pois a criança não pode pagar com a vida o crime de estupro cometido pelo seu pai. 
Outros doutrinadores defendem que o aborto em caso de estupro é perfeitamente cabível, se não o fosse, a lei estaria condenando a mulher que sofreu uma violência desta proporção a conviver com as lembranças de uma experiência dolorosa e marcante, e ainda, ser ridicularizada ou exposta à outra, a violência social e moral promovida pela sociedade.
²HABEAS CORPUS 124.306 RIO DE JANEIRO, VOTO-VISTA O MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO.
Mesmo com todas as divergências, o que se vê é que a gestante tem respaldo legal para realizar o aborto no caso de estupro, ou quando sua gravidez lhe causar algum perigo, como dispõe o Código Penal vigente.
A decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 autorizou a interrupção de gestação com feto anencéfalo, esse decisão acrescentou nova modalidade que exclui a hipótese de crime de aborto, qual seja, quando se tratar de feto anencéfalo.
“Ainda, não se trata de uma obrigação ou dever da mulher de interromper a gestação. O STF apenas autoriza e faculta a prática da cessação da gestação, ao nuto de mulher grávida, em prol da sua dignidade e a fim de minorar seu sofrimento – de saber que o feto não terá viabilidade.”³
6 - Projeto de Regulamentação do Aborto Eugênico
Primeiramente, vale ressaltar que o aborto eugênico, como apontado, é aquele provocado devido a limitações físicas e/ou mentais do feto que não lhe permitam a vida extra­uterina.
O Anteprojeto de Lei propõe uma nova redação para o Código Penal, alterando o tipo ABORTO, previsto pelo art. 128.
Ninguém jamais pode negar o desejo de que todas as crianças nasçam saudáveis e perfeitas. Ninguém pode também menosprezar a aflição e as dificuldades dos pais de crianças malformadas. No entanto, isso por mais pungente que seja não autoriza ninguém, muito menos os que não vivem esse sofrimento, a retirar desses seres o direito à vida. O ser humano não pode ser julgado, na avaliação de sua existência, pela "plenitude de vida e independência sócio­econômica", nem muito menos pelo fulgor de uma inteligência privilegiada ou pela formosura de seus traços físicos, porque ele não foi proposto para torneios e disputas, mas para realizar o destino da criatura humana.
³https://juridicocerto.com/artigos/flaviohonorato/reflxoes-acerca-do-aborto-de-anencefalos-67
 E, como tal, não pode ser avaliado por quem quer seja, pois isso não é o resultado de uma simples convenção, senão um imperativo da própria natureza humana.
7- Conclusão
Pelo o exposto, ainda há de se discutir muito sobre o assunto, pois qual a garantia que um feto venha a falecer pelo simples fato de possuir uma anomalia, existem casos de bebes anencéfalos que chegarem até os seus 5 anos, poderia alguém tirar da mãe o prazer de ter esse ser tão especial ao seu lado. Por outro lado, nem a mãe tão pouco o bebê merecem esse tipo de sofrimento, por isso vai do desejo de cada mãe dar continuidade a uma gravidez com feto “anormal”, ou então cessar.
8 - Referências Bibliográficas
http://www.infoescola.com/genetica/eugenia/ - acesso 21/07/2017
http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/542/Aborto­Eugenico - acesso 21/06/2017
http://www.ambito­juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17194 - acesso 05/06/2017
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=2267&idAreaSel=4&seeArt=yes – acesso 05/06/2017
http://www.portalmedico.org.br/Regional/crmpb/artigos/Abt_eug.htm - acesso 05/06/2017
http://uj.novaprolink.com.br/doutrina/1180/aborto_eugenico_uma_questao_a_se_refletir - acesso 05/06/2017
https://juridicocerto.com/artigos/flaviohonorato/reflxoes-acerca-do-aborto-de-anencefalos-67 - acesso 27/09/2017
HABEAS CORPUS 124.306 RIO DE JANEIRO, VOTO-VISTA O MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando