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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • ORIGEM: a palavra hermenêutica provém do grego, Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, deus da mitologia grega, considerado o intérprete da vontade divina. • CONCEITOS: • Levando-se em conta que a Hermenêutica pode ser definida como a arte da interpretação, deduz-se, obviamente, que hermenêutica é compreensão. A Hermenêutica Jurídica seria então a compreensão que daria o sentido à norma. • Assim, a interpretação tem caráter concreto, seguindo uma via preestabelecida, em caráter abstrato, pela hermenêutica. Pode-se dizer que a interpretação somente se dá em confronto com o caso concreto a ser analisado e decidido pelo judiciário. A hermenêutica, ao contrário é totalmente abstrata, isto é, não tem em mira qualquer caso a resolver. HERMENÊUTICA INTERPRETAÇÃO • Descobre e fixa os princípios que regem a interpretação. • É a teoria científica da arte de interpretar. • É teórica e visa estabelecer princípios, critérios, métodos, orientação geral. • É de cunho prático, aplica os ensinamentos da hermenêutica. • É aplicação da hermenêutica. • É a aplicação ao caso concreto de enunciados já estabelecidos pela ciência da hermenêutica. • É descobrir o sentido de determinada norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. • Consiste em desentranhar o sentido e o alcance das expressões jurídicas. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • O êxito da interpretação depende de um bom trabalho de técnica legislativa. • A tarefa do intérprete é menos complexa quando os textos são bem elaborados. • Interpretar: é o ato de explicar o sentido de alguma coisa; é revelar o significado de uma expressão verbal, artística ou constituída por um objeto, atitude ou gesto. • O trabalho do intérprete é decodificar e, percorre inversamente o caminho seguido pelo codificador. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • Interpretação do Direito: Representa revelar o seu sentido e alcance das expressões jurídicas. Revelar sentido: • É descobrir a finalidade da norma jurídica. É por a descoberto os valores consagrados pelo legislador. O que a norma visa tutelar. • Ex.: lei que concede férias anuais aos trabalhadores visa proteger e beneficiar a sua saúde física e mental. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • Fixar o alcance das normas jurídicas(significa delimitar seu campo de incidência): • É conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação. Ex. férias alcança apenas os trabalhadores assalariados. • Para cumprir o Direito é indispensável o seu conhecimento e este é obtido pela interpretação. • Interpretar o Direito é conhecê-lo, conhecer o Direito é interpretá-lo. Toda norma jurídica pode ser objeto de interpretação. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • Objeto da Interpretação: • Lei • Costume jurídico • Jurisprudência • PGD • Melhor dizer interpretação do direito em vez de interpretação da lei. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • A hermenêutica jurídica fornece princípios e regras aplicáveis: • regras jurídicas genéricas; • sentenças judiciais; • negócios jurídicos; • Todo subjetivismo deve ser evitado durante a interpretação, o trabalho do intérprete deve visar sempre à realização dos valores magistrais do Direito: justiça e segurança. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • Todo texto requer interpretação, ainda que bem redigido e claro. • Princípio: in claris cessat interpretatio • Pensavam os juristas antigos que um texto bem redigido e claro dispensava a tarefa do intérprete. • É um mal que a lei precise de uma interpretação. • As leis não devem estar sujeitas às chicanas jurídicas. • “O meu Código está perdido” (Napoleão Bonaparte) HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • VONTADE DO LEGISLADOR E A MENS LEGIS 1. Teoria Subjetiva • O fim da interpretação é chegar, através do enunciado da norma, à vontade de quem a elaborou ou de quem a provém e, no caso da lei, à vontade do legislador, que pode ser tanto um monarca ou um déspota absoluto (indivíduo extremamente ganancioso que não exita em destruir, denegrir, matar, em nome do poder pela vaidade e pelo dinheiro) como um parlamento. • Crítica: • Impede o processo de aperfeiçoamento da ordem jurídica. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • VONTADE DO LEGISLADOR E A MENS LEGIS 1. Teoria Subjetiva 2. Teoria Objetiva: • Leva o intérprete a pesquisar a vontade da lei. Busca o sentido objetivo dos textos jurídicos, que tem significado próprio, implícito em suas expressões. • A lei não seria produto de uma só vontade, mas resultado de um querer social. O legislador não cria a lei no seu intelecto; apropria-se das fórmulas que a organização sugere, para transfundi-las nos textos. • Decorre do elemento material da lei – abstratividade – quando o legislador elabora um texto normativo, não pode pressentir a infinidade de situações que serão alcançadas no futuro. • Busca-se determinar o sentido objetivo do texto; deve olhar menos para o passado do que para o presente, adaptar a norma à infinidade humana, sem inquirir da vontade inspiradora primitiva. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO: 1. Declarativa: • Quando dosa as palavras com a adequação aos significados que deseja imprimir na lei. • As palavras expressão, com medida exata, o espírito da lei. 2. Restritiva: • O legislador diz mais do que queria dizer, o intérprete elimina a amplitude das palavras. Ex. A lei diz descendente, quando na realidade queria dizer filho. 3. Extensiva: • Legislador diz menos do que queria. O intérprete alarga o campo de incidência da norma. • Ex1: fala filho quando queria dizer descendentes. • Ex.2: Art. 535, CPC: Cabem embargos de declaração quando: • I - houver, na sentença ou no acórdão (todos os tipos de decisões judiciais), obscuridade ou contradição. • Ex.3: Bigamia - Art. 235, CP - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de dois a seis anos. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • INTERPRETAÇÃO QUANTO A FONTE 1. AUTÊNTICA/LEGISLATIVA: emanada do próprio órgão competente para a edição do ato interpretado. • Retroage ao início de vigência do texto interpretado. • Ex. LC 118/2005: Art. 3º. Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1.º do art. 150 da referida Lei. • Art. 106, CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: • I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • INTERPRETAÇÃO QUANTO A FONTE: 1. AUTÊNTICA/LEGISLATIVA: 2. INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA • Realizada em obras científicas, pareceres. 3. JUDICIAL OU JURISPRUDENCIAL • É a de autoria de juízes e tribunais. Na exegese da norma o juiz deve apenas traduzir o sentido e o alcance nela contido, devendo dar aos textos interpretação atualizadora, vedado-lhe, porém, substituir o critério do legislador pelo seu próprio. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • VALOR E SIGNIFICADO DO ART.5º DA LINDB – DECRETO.-LEI Nº 4.657/1942. • Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. • Valor dos dispositivos que fixam normas sobre interpretação: 1ª Posição: • - valor apenas de aconselhamento. • - Trata-se de regra de interpretação ditada pela lei. • - Não passa de simples critério de orientação, sem impedir ao intérprete a procura de outros meios de interpretação. 2ª Posição: • - normas interpretativas possuem o mesmo nível das demais, que regulam diretamente fatos sociais. • - são obrigatórias e sujeitas à interpretação evolutiva de acordo com as condições sociais. • Significado: • A expressão fins sociais visa a eliminar a possibilidade de que meros caprichos pessoais possam surgir em detrimento da coletividade. • Quando houver conflito entre interesse individual e o social, este deve prevalecer. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS • O campo de estudo da hermenêutica jurídica alcança também os negócios jurídicos, como contratos, testamentos, etc. Contudo, os princípios exegéticos aplicáveis às leis não aproveitam os negócios jurídicos e vice-versa. • Interpretar negócio jurídico é revelar quais os elementos do suporte fático que entrarão no mundo jurídico e quais os efeitos que, em virtude disso, produzem. (Pontes de Miranda). HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • Na interpretação dos contratos – Teorias: • 1ª) OBJETIVA ou da DECLARAÇÃO • O contrato faz lei entre as partes, portanto, deve interpretar analogamente como se interpreta lei, não se levando em conta o pensamento dos contratantes. • 2ª) Teoria SUBJETIVA ou da VONTADE • O intérprete deve descobrir a intenção das partes. A interpretação literal é condenável. • Art. 112, CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. • Art. 113, CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. • Art. 1.899, CC: Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. • O elemento vontade é preeminente em relação ao elemento gramatical. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO 1 – Gramatical • Compõe-se da análise do valor semântico das palavras empregadas no texto, da sintaxe, da pontuação, etc. • Todo o esforço deve ser feito no sentido de se alcançar a máxima individualização da regra geral. • CRÍTICA: • Facilita abuso daqueles que se apegam à literalidade do texto, com prejuízo da mens legis (vontade da lei). • Saber as leis é conhecer-lhes, não as palavras, mas a força e o poder (norma). HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO: 1 – Gramatical 2 – Lógico • Por ser estrutura linguística que pressupõe vontade e raciocínio, o texto legislativo exige os subsídios da lógica para a sua compreensão. 2.1 – Lógica Interna • Limita-se ao estudo do texto (diferencia texto de norma). • Recorre ao emprego de regras lógicas que favorecem a dilucidação dos textos: Ex.: onde a lei não distingue, não devemos distinguir; as exceções são da mais estrita interpretação (interpretação quanto ao resultado – restritiva). 2.2 – Lógica Externa • Investiga as razões sociais que ditaram a formação dos comandos jurídicos. • Visa completar o sentido da lei, sem contrariá-la. • Guia-se na lição dos fatos, orienta-se pela observação dos acontecimentos que provocaram a formação do fenômeno jurídico. 2.3 – Lógica do Razoável • Visa combater o apego as fórmulas frias e matemáticas em favor de critérios flexíveis, mais favoráveis à justiça. • O Direito por ser obra humana, é circunstancial, dependendo das condições, das necessidades, sentidos e dos efeitos que se trata de produzir mediante uma lei. • Como sucedâneo formou os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO: 1 – Gramatical 2 – Lógico 3 - Sistemático • O trabalho da exegese tem de ser feito considerando-se todo o acervo normativo ligado ao assunto. • Entre as diferentes fontes normativas, não pode haver contradições. Deve haver unicidade do sistema jurídico. 4 – Histórico • O Direito atual, manifesto em leis, códigos e costumes, é um prolongamento do Direito antigo. • A evolução da ciência jurídica é através de conquistas graduais, que acompanham a evolução cultural registrada em cada época, nunca por salto. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO • ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO: 1 – Gramatical 2 – Lógico 3 – Sistemático 4 – Histórico 5 - Teleológico • Estudo dos fins colimados pela lei, quais interesses sociais que pretende proteger. São mutáveis. • É o fim que está implícito na mensagem da lei. HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO Caiu no X Exame Unificado da OAB – FGV: A hermenêutica aplicada ao direito formula diversos modos de interpretação das leis. A interpretação que leva em consideração principalmente os objetivos para os quais um diploma legal foi criado é chamada de a) interpretação restritiva, por levar em conta apenas os objetivos da lei, ignorando sua estrutura gramatical. b) interpretação extensiva, por aumentar o conteúdo de significado das sentenças com seus objetivos historicamente determinados. c) interpretação autêntica, pois apenas as finalidades da lei podem dar autenticidade à interpretação. d) interpretação teleológica, pois o sentido da lei deve ser considerado à luz de seus objetivos.
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