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D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 2º Horário. Direito Societário / Elementos Essenciais da Sociedade / Pluralidade de Sócios / Contribuição dos Sócios / Fim Econômico / Partilha Obrigatória dos Resultados / Affectio Societatis / Responsabilidade dos Sócios / Responsabilidade Ilimitada / Responsabilidade Limitada / Desconsideração da Personalidade Jurídica / Teoria Maior da Desconsideração / Teoria Maior / Teoria Menor 1º Horário. Sociedades Não-Personificadas / Sociedade em Comum / Sociedade em Comum vs. Sociedade Irregular / Responsabilidade dos Sócios / Observações / Sociedade em Conta de Participação / Sociedades Personificadas / Sociedade Simples Pura / Responsabilidade dos Sócios / Integralização do Capital 2º Horário 1. Direito Societário 1.1. Elementos Essenciais da Sociedade 1.1.1. Pluralidade de Sócios Trata-se de tema já abordado na aula passada. 1.1.2. Contribuição dos Sócios Como dispõe o art. 981 do CC, a contribuição dos sócios é obrigatória e pode ocorrer por meio de bens ou serviços. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Destaca-se que somente dois tipos societários admitem a contribuição serviçal dos sócios, quais sejam a sociedade simples pura e a cooperativa; nas demais, a contribuição tem que ser patrimonial. A contribuição patrimonial pode ocorrer por qualquer espécie de bem suscetível de avaliação pecuniária, por bens imateriais (como marcas, patentes e créditos) ou materiais, bem como por bens móveis ou imóveis. Nesse sentido, dispõe o D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br art. 1.055, §2º do CC acerca das limitadas e o art. 7º da Lei 6.404 sobre as sociedades anônimas. Art. 1.055, § 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços. Lei 6.404, Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. No que tange à contribuição com bens, gira grande preocupação com relação ao superdimensionamento do valor do bem. Na sociedade limitada, enquanto não integralizado o capital social, todos os sócios respondem solidariamente pelo montante faltante. Assim, tendo-se bem com valor inferior ao que deve ter sido integralizado, o capital mostra-se juridicamente, mas não materialmente, integralizado, pois não houve de fato a transferência do valor à sociedade. Diante disso, atribui-se responsabilidade aos sócios como se o capital não tivesse sido integralizado, sendo esta solidária até o montante faltante. Dessa forma, o art. 1.055, §1º do CC determina a responsabilidade dos sócios da limitada pela exata estimação dos bens. Art. 1.055, § 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. Vê-se que a avaliação dos bens da sociedade limitada convalesce no curso de 5 anos, momento a partir do qual nada mais pode ser exigido dos sócios. Ressalte-se ainda que essa disposição vale tanto no caso de constituição da sociedade quanto no caso de eventual aumento de capital. Deve ficar claro que a responsabilidade dos sócios da limitada não se transforma em ilimitada nem na falta de integralização, afinal os sócios são responsabilizados apenas pela quantia faltante. Finalmente, a responsabilidade dos sócios da sociedade limitada é objetiva, independente de dolo ou culpa. Por outro lado, na sociedade anônima, os bens devem ser formalmente avaliados. Essa avaliação é feita por três peritos ou uma pessoa jurídica especializada, a fim de reduzir o risco dos sócios. Lei 6.404, Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens incorporar- se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. § 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia. § 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o subscritor. § 5º Aplica-se à assembléia referida neste artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 115. § 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham incorrido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária. Diversamente do que se nota nas sociedades limitadas, a responsabilidade pela estimação dos bens nas sociedades anônimas depende da verificação da culpa. Além do mais, no caso das sociedades anônimas, tem-se o prazo de 1 ano para discutir a avaliação dos bens, ação que pode ser proposta contra os avaliadores ou o sócio integralizante, nos termos do art. 287, I, “a” da Lei 6.404. Lei 6.404, Art. 287. Prescreve: I - em, 1 (um) ano: a) a ação contra peritos e subscritores do capital, para deles haver reparação civilpela avaliação de bens, contado o prazo da publicação da ata da assembléia-geral que aprovar o laudo; A integralização de capital de bens tem efeito de compra e venda, o que significa dizer que o sócio integralizante responde pelos vícios da coisa como se fosse vendedor. Porém, apesar dos efeitos de compra e venda, a integralização com imóvel dispensa escritura pública. Ressalta-se ainda que a integralização de capital por transferência de bens para a sociedade não enseja o pagamento de ITBI, por força de imunidade tributária do art. 156, §2º, I da CRFB. Insta observar que essa imunidade se aplica também à desincorporação do bem social, no caso de retirada do sócio, mas, para tanto, exige-se que o bem retorne ao mesmo sócio que o detinha anteriormente. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br CRFB, Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; Ainda haverá imunidade no caso de fusão, incorporação e cisão de sociedades. Porém, a Constituição exige que a atividade não seja preponderantemente imobiliária, conforme bem explicita os arts. 36 e 37 do CTN. CTN, Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos. Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. § 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo. § 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição. § 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante. Também se pode integralizar capital com a transferência de domínio útil de imóvel foreiro, caso em que o laudêmio será devido, conforme jurisprudência do STJ. O art. 296 do CC, pelo qual o cedente não responde pela solvência do crédito cedido, não se aplica ao Direito Empresarial no caso de integralização do capital por crédito. O sócio responde pela integralização, não sendo admissível qualquer estipulação que afaste essa responsabilidade. Nesse sentido, tem-se o art. 10, parágrafo único da Lei 6.404 e art. 1.005, parte final do CC. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Lei 6.404, Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com bens para a formação do capital social será idêntica à do vendedor. Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédito, o subscritor ou acionista responderá pela solvência do devedor. Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito. 1.1.3. Fim Econômico Não existe sociedade que não possua fim econômico, nos termos do art. 981 do CC. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 1.1.4. Partilha Obrigatória dos Resultados A partilha obrigatória está prevista na parte final do art. 981 do CC, bem como no art. 1.008. Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. Além do mais, essa participação dos sócios se dará na proporção de suas quotas, salvo estipulação em contrário, conforme art. 1.007 do CC. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas. Nota-se que nada impede que haja distribuição de lucros em proporção diversa das quotas. Isso é muito comum aos sócios que exercem administração de sociedade e pretendem receber remuneração por essa função. Tal se mostra útil a fim de afastar a incidência tributária, pois nãoincide tributo sobre lucro, enquanto sobre o pro labore haveria a incidência. Finalmente, destaca-se que o sócio serviçal participa na média dos demais. 1.1.5. Affectio Societatis A affectio societatis apresenta fundamento constitucional no art. 5º, XX e baseia-se na livre associação. Nesse sentido, ninguém é obrigado a se associar a alguém ou manter-se associado. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Desse modo, na falta de affectio societatis, pode-se findar a sociedade como um todo ou apenas em relação a determinado sócio. Quanto à composição, podem-se classificar as sociedades em: a. Sociedade de Pessoas: simples pura, nome coletivo, comandita simples e cooperativa, caso em que importa o intuito personae. b. Sociedade de Capital: sociedade anônima e comandita por ações, sendo de relevo o intuitu pecuniae. c. Sociedade Mista: é o caso da limitada, em que importa tanto o intuito personae como o intuito pecuniae. Tanto a doutrina majoritária como o STJ entendem que não existe affectio societatis em todas as sociedades, na medida em que não se encontra presente nas sociedades de capital. Por outro lado, o STJ também entende que na sociedade anônima de capital fechado, especialmente naquelas de formação familiar pode haver a presença da affectio societatis. Vide Informativo 487 do STJ. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br SOCIEDADE ANÔNIMA. CAPITAL FECHADO. DISSOLUÇÃO PARCIAL. POSSIBILIDADE. Trata-se, na origem, de ação para dissolver parcialmente sociedade anônima com a apuração de haveres ou a exclusão dos acionistas ora recorridos. Na espécie, a sociedade anônima apresenta estrutura de sociedade familiar, na qual as ações permanecem em poder dos membros de uma mesma família, não sendo, portanto, negociadas no mercado de capitais. O instituto da dissolução parcial é, a princípio, voltado às sociedades contratuais e personalíssimas, contudo deve-se observar que atualmente, a complexa realidade das relações negociais potencializa a extensão daquele instituto às sociedades “circunstancialmente” anônimas. A jurisprudência deste Superior Tribunal é que, para a exclusão judicial do sócio, não basta a alegação de quebra da affectio societatis, mas a demonstração de justa causa, ou seja, dos motivos que ocasionaram essa quebra. No caso, a sentença, ao apreciar o conjunto fático-probatório, consignou uma série de fatos a configurar a justa causa: o recorrente reeleito pela assembleia geral para o cargo de diretor não pode exercê-lo nem sequer conferir livros e documentos sociais em razão de óbice imposto pelos recorridos, a não distribuição de dividendos aos recorrentes e os recorridos exercerem a diretoria de forma ilegítima, são os únicos a perceber rendimentos mensais. Daí, ante a caracterização do justo motivo, deve-se concluir pela exclusão dos recorridos da sociedade anônima com estrutura de sociedade familiar. Precedentes citados: EREsp 111.294-PR, DJ 10/9/2007, e REsp 1.129.222-PR, DJe 1º/8/2011. REsp 917.531-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/11/2011. Deve-se ater que a relevância da matéria diz respeito à quebra da affectio, que pode ter como consequência a retirada ou a exclusão do sócio. Sobre a matéria, o CJF tem entendimento no sentido de que, sociedade limitada e na sociedade anônima de capital fechado, admite-se a resolução da sociedade em relação a um sócio em razão da quebra da affectio societatis. O STJ tem inclusive entendimento no sentido de que a mera quebra da affectio societatis não justifica por si só a exclusão do sócio, sendo necessário o cometimento de uma justa grave. Vide Informativo 479 do STJ. EXCLUSÃO. SÓCIO. QUEBRA. AFFECTIO SOCIETATIS. A Turma negou provimento ao recurso especial por entender que, no pedido de dissolução parcial de sociedade por cotas de responsabilidade limitada, a alegação de quebra da affectio societatis não é suficiente para a exclusão de sócios. De acordo com a Min. Relatora, deve ser demonstrada a justa causa, ou seja, os motivos que ocasionaram essa quebra, comprovando-se o inadimplemento do dever de colaboração social e especificando-se os atos que teriam prejudicado a consecução do fim social da sociedade empresária. REsp 1.129.222-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/6/2011. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1.2. Responsabilidade dos Sócios A responsabilidade dos sócios pode ser de dois tipos: limitada ou ilimitada. Além do mais, o que define a responsabilidade do sócio é o tipo societário escolhido. 1.2.1. Responsabilidade Ilimitada Sendo ilimitada a responsabilidade, o que não for suportado pela sociedade será suportado pelos sócios, respeitando-se o benefício de ordem. Dependendo do tipo societário, a responsabilidade ilimitada será fracionada ou solidária entre os sócios. Na sociedade simples pura, tem-se a responsabilidade fracionada como regra, conforme art. 1.023 do CC. Já, a sociedade em nome coletivo a responsabilidade é solidária, nos termos do art. 1.039 do CC; porém, como destaca o parágrafo único deste, pode haver estipulação de cláusula de fracionamento. Nota-se que a limitação de responsabilidade entre os sócios se dá de modo inverso entre estes tipos societários. Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. 1.2.2. Responsabilidade Limitada Sendo limitada a responsabilidade, os sócios respondem apenas pelo valor de suas quotas ou pelo valor de emissão de suas ações. Observação: Vale se ater que, nas sociedades por ações, o valor de relevo se refere ao de emissão das ações, e não ao valor de mercado.1 Importa saber que o valor nominal é obtido através da divisão do capital social pelo número de ações; por outrolado, o valor de emissão corresponde ao valor estipulado unilateralmente pela sociedade que emite as ações, o qual pode ser maior ou igual ao valor nominal. Caso o 1 A troca de expressões costuma ser usada como pegadinha em provas. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br valor de emissão seja maior que o nominal, tem-se uma diferença chamada ágio, destinada à reserva de capital. Em sentido oposto, o valor de emissão não pode ser menor que o valor nominal, afinal o capital social não lograria integralização. Se o capital não estiver integralizado, todos os sócios respondem solidariamente no caso da sociedade limitada, mas na sociedade anônima não há essa solidariedade, sendo que cada sócio responde por sua quota parte. 1.2.3. Desconsideração da Personalidade Jurídica Diante do mau uso da sociedade pelos seus sócios, a personalidade jurídica da sociedade pode ser desconsiderada. Ressalte-se que desconsideração não se confunde com despersonificação (expressão equivocada), pois o efeito aqui é relativo, na medida em que a personalidade é afastada apenas de modo momentâneo. 1.2.3.1. Teoria Maior Trata-se da regra geral da desconsideração, a qual está prevista no art. 50 do CC. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Exigem-se três pressupostos cumulativos a fim de desconsiderar a personalidade com base na Teoria Maior: a. Ausência de bens sociais suficientes: em respeito ao benefício de ordem. b. Abuso da personalidade jurídica: se dá pelo desvio da finalidade ou pela confusão patrimonial. O primeiro se caracteriza com o desvinculação do objeto social. Exemplo: Associação sem fins lucrativos desenvolve atividade com fim de obter lucro. Na confusão patrimonial, o sócio usa a sociedade em seu benefício, não respeitando a dicotomia social entre ele e a sociedade. Exemplo: Paga-se salário de sua empregada doméstica com os rendimentos da sociedade. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br c. Requerimento da parte interessada ou do Ministério Público quando a ele couber intervir no processo: não cabe desconsideração de ofício pelo juiz. 1.2.3.2. Teoria Menor A Teoria Menor tem aplicação exclusiva e excepcional nas relações de consumo (art. 28, §5º do CDC), nos dano ambiental (art. 4º da Lei 9.605/98) e nas relações de emprego (não existe previsão legal). CDC, Art. 28, § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Lei 9.605, Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Sua nomenclatura se deve justamente ao fato de se sujeitar a menores exigências; a Teoria Menor exige apenas a inexistência de bens suficientes para que se proceda à desconsideração da personalidade jurídica da sociedade. Dessa forma, não se exige que qualquer parte faça requerimento, podendo o juiz ex officio desconsiderar a personalidade, por se tratar de norma de ordem pública. Aqui, tampouco se exige abuso, na medida em que o STJ entende que tal se dá pelo mero dano ao consumidor, ao meio ambiente ou ao empregado, independentemente de qualquer falha ou dolo por parte da sociedade. 1º Horário 1.3. Sociedades Não-Personificadas O Código Civil nos oferece duas sociedades sem personalidade jurídica, sendo elas: sociedade em comum e sociedade em conta de participação. 1.3.1. Sociedade em Comum Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br O art. 986 do CC prescreve que a sociedade em comum é aquela ainda não registrada, embora devesse estar. Daí se extrai o porquê dessa sociedade chamar-se sociedade em comum. Enquanto não houver o registro, não há personalidade e falta autonomia patrimonial à sociedade, motivo pelo qual os bens, dívidas e direitos inerentes ao negócio pertencem em comum aos sócios, ou seja, sob a forma de condomínio. Esse condomínio é referido pela lei como patrimônio especial, como bem dispõe o art. 988 do CC. Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. Não necessariamente a partilha dos bens e dívidas deve ocorrer de modo idêntico entre os sócios, afinal a proporção se dará no montante estipulado pelos participantes. Nota-se que a regulamentação dada pelo Código Civil às sociedades em comum é bem concisa (arts. 986 a 990), razão por que deve haver a aplicação subsidiária das normas das sociedades simples. 1.3.1.1. Sociedade em Comum vs. Sociedade Irregular Não se pode afirmar que a sociedade em comum é uma sociedade irregular, o que se pode concluir através de uma interpretação sistemática do Código Civil. Nenhuma atividade empresária pode ser exercida antes do registro; se o for, será considerada irregular, a despeito de isso não interferir na empresariedade, já que quanto a isso, o registro tem efeito meramente declaratório. Uma vez firmado o contrato social, a sociedade deve ser levada a registro no prazo de 30 dias (art. 998 do CC), antes do qual não se legitima o exercício da atividade (art. 967 do CC). Nesse período, a sociedade não pode ser considerada irregular, estando a regularidade, entretanto,condicionada ao registro tempestivo. No mesmo período, podem ser praticados atos internos voltados para o próprio estabelecimento dos negócios, como, por exemplo, o aluguel de imóveis, a contratação de profissionais (exemplo: advogado, contador, etc.) e a compra de equipamentos. Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede. § 1o O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e, se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o da D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br respectiva procuração, bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente. § 2o Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua para todas as sociedades inscritas. Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Como se vê, a sociedade pode firmar atos preparatórios, desde que se utilize do termo “em organização”, o que visa conferir responsabilidade ao fato de a sociedade ainda não estar registrada. Em sentido oposto, a sociedade será considerada irregular se de fato exercer a atividade antes do registro, tendo em vista que lhe faltará CNPJ, inscrições estaduais ou municipais, nota fiscal e até meio de registrar seus empregados. A responsabilidade dos sócios, enquanto não há o registro, é pessoal, ilimitada e entre eles solidária, mas, considerando o efeito ex tunc do registro tempestivo, atendidas a condição, as obrigações contraídas serão consideradas da sociedade e não dos sócios. Por fim, destaca-se que, para que esse efeito ex tunc possa servir em prol da sociedade, é preciso que a outra parte contratante tenha ciência de que está firmando negócio jurídico com sociedade em fase de constituição e não com uma pessoa física. Do contrário, haverá a responsabilização pessoal do sócio, por força do princípio da confiança. 1.3.1.2. Responsabilidade dos Sócios A responsabilidade dos sócios é ilimitada perante terceiros e solidária entre os sócios, nos termos do art. 990 do CC. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Embora a sociedade em comum não tenha patrimônio próprio, resta presente o benefício de ordem, que se dá em relação ao patrimônio especial. Frisa-se que os bens executados pertencem aos próprios sócios e não à sociedade, mas, em face de eventual expropriação, há bens que compõem o patrimônio especial e preferem a execução, por estarem afetados à sociedade.2 2 Trata-se de tema de grande incidência em provas do CESPE. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Porém, nem todos os sócios gozam do benefício de ordem. Não será abarcado por essa benesse aquele sócio que tiver diretamente contratado, podendo haver a execução de seus bens particulares antes dos da sociedade nesse caso. 1.3.1.3. Observações a. O CJF já esboçou entendimento no sentido de que as normas da sociedade em comum abarcam as sociedades de fato e as irregulares. Assim, a sociedade em comum pode ser: (i) regular; (ii) irregular (contrato sem registro tempestivo) ; (iii) de fato (há relação societária, mas sem contrato escrito). b. O CJF diz que as normas da sociedade em comum aplicam-se não só no caso de irregularidade originária, como também havendo irregularidade superveniente. Irregularidade superveniente se dá quando a sociedade deveria ter procedido à averbação no registro, mas não o fez, caso em que a responsabilidade dos sócios é ilimitada e solidária. A alteração de qualquer dos elementos que devam constar no contrato social (art. 997) enseja o dever de averbação, conforme art. 999 do CC. Nesse caso, deve haver a comunicação ao órgão competente, que se sujeita ao prazo de 30 dias e possui efeito ex tunc, conforme parágrafos 1º e 2º do art. 1.151 do CC. Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime. Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será averbada, cumprindo-se as formalidades previstas no artigo antecedente. Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. Art. 1.151, § 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somenteproduzirá efeito a partir da data de sua concessão. c. Não se aplicam as normas da sociedade em comum às sociedades anônimas, pois, enquanto estas estiverem em fase de constituição, serão regidas pela Lei 6.404, por força do art. 986. Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. Aliás, fica bem claro que o objetivo do legislador, ao inserir a sociedade em comum no Código Civil foi o de regulamentar uma sociedade em fase de constituição e não uma sociedade irregular. d. As empresas públicas podem adotar qualquer tipo societário, inclusive um tipo sui generis. Entretanto, independentemente do tipo societário, a sistemática aplicada a elas é a das sociedades anônimas, o que afasta os dispositivos referentes às sociedades em comum. e. Não se aplica a desconsideração da personalidade jurídica aos sócios da sociedade em comum, pois falta personalidade à sociedade. 1.3.2. Sociedade em Conta de Participação A sociedade em conta de participação encontra-se disciplinada pelos arts. 991 a 996 do CC. Nesse tipo societário, tomam parte dois tipos de sócios: a. Sócio Ostensivo: quem exerce a atividade econômica, fazendo-o inclusive em nome próprio. b. Sócio Participante ou Oculto: consiste em um investidor. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Tanto a categoria do sócio ostensivo como a do sócio participante pode ser ocupada por apenas uma ou por mais de uma pessoa, que pode ser física ou jurídica. Esse tipo societário é muito comum nos investimentos que envolvam apart- hotéis. Uma sociedade (sócio ostensivo) será responsável por edificar e administrar o apart-hotel, sendo ela quem venderá quotas aos sócios participantes, os quais serão os reais detentores de cada um dos apartamentos. Na sociedade em conta de participação, o lucro não pertence totalmente ao sócio ostensivo, devendo ser repartido com os sócios participantes. O diferencial desse tipo societário é justamente a repartição de lucro entre os sócios sem que haja tributação, afinal sobre lucro não incide tributo. 1.3.2.1. Responsabilidade dos Sócios Os sócios da sociedade em conta de participação possuem benefícios diversos, motivo pelo qual devem ser tratados de modo diferente, até por força da isonomia: a. Sócio Ostensivo: responsabilidade ilimitada, pois assume a obrigação em nome próprio. Como a administração cabe ao sócio ostensivo, o risco da atividade recai justamente sobre ele. Havendo mais de um sócio ostensivo, a responsabilidade será ilimitada em relação à obrigação social e solidária entre eles. b. Sócio Participante: responsabilidade limitada ao investimento realizado. O art. 1.162 do CC diz que a sociedade em conta de participação não pode adotar firma ou denominação, afinal o sócio ostensivo opera em nome próprio, o que afasta o uso de qualquer nome empresarial. Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Nesse sentido, o sócio oculto não responde de qualquer forma perante terceiros na sociedade em conta de participação. Além disso, o sócio oculto não tem qualquer ingerência decisória ou executiva sobre os negócios, mas tem direito à repartição de lucros e à prestação de contas. Até porque, se exercer ato de ingerência na sociedade, o sócio oculto passa a ser considerado ostensivo. A sociedade em conta de participação não tem personalidade jurídica nem nunca vai ter, ainda que venha a ser registrada, conforme art. 992 e 993 do CC. Tal a D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br difere da sociedade em comum, na medida em que esta pode adquirir personalidade com o registro. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. O legislador optou pela ausência de formalidade na constituição da sociedade em conta de participação, admitindo-se inclusive que o contrato social seja firmado de modo verbal, como se infere do art. 992 do CC. Finalmente, observe-se que a sociedade em comum representa um tipo regular, em plena consonância com nosso ordenamento jurídico. 1.4. Sociedades Personificadas 1.4.1. Sociedade Simples Pura Esse tipo societário vem previsto nos arts. 997 a 1.038 do CC. A mais importante função da sociedade simples pura é servir de regência subsidiária aos demais tipos societários, com exceção das sociedades por ações. Isso porque, as sociedades anônimas estão regidas por lei especial, sendo por ela exauridas; e a comandita por ações é regida pelo Código Civil, com aplicação subsidiária da Lei 6.404. É por isso que, doutrinariamente, diz-se que as normas da sociedade simples servem como norma geral para o direito societária. 1.4.1.1. Responsabilidade dos Sócios Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária. A responsabilidade dos sócios da sociedade simples é ilimitada e fracionada. Assim, os sócios respondem pelos débitos da sociedade, mas tal será limitada à D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br participação do sócio na sociedade. A ressalva a este fracionamento se dá quanto à opção pela cláusula de responsabilidade solidária. Exemplo: “A”, “B”e “C” são sócios nos percentuais de 10%, 40% e 50%, respectivamente. Diante de dívida de 9 milhões, o valor deve ser integralmente saldado pelos sócios, mas cada sócio responderá por seu percentual de participação. “A” responderá apenas por 10% desse montante, que corresponde a 900 mil, enquanto “B” responderá por 40% e “C” por 50%. Ressalte-se que, aqui, também se mostra presente o benefício de ordem, conforme art. 1.024 do CC e 596 do CPC. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. CPC, Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade. § 1o Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da sociedade, sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito. § 2o Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo anterior. Deve ficar bem claro que, diante da insolvência de um dos sócios, o credor não pode executar um sócio por dívida do outro, afinal a responsabilidade é fracionada. No exemplo acima, “A” só pode ser executado por 900 mil, não podendo ser responsabilizado por valores devidos por “B” ou “C”, ainda que a dívida da sociedade seja no valor de 9 milhões. 1.4.1.2. Integralização do Capital A sociedade simples pura tem o seu capital divido em quotas, mas os sócios podem participar com bens ou serviços. No caso de integralização de capital com bens, o sócio integralizante responde pelos vícios da coisa, conforme art. 1.005 do CC. Art. 1.005. O sócio que, a título de quota social, transmitir domínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir crédito. Por outro lado, no caso de integralização do crédito, o sócio integralizante responde pela solvência do crédito, conforme art. 1.005, parte final. D. Empresarial Data: 02/12/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Já, no caso de integralização por serviços, exige-se dedicação exclusiva. Do contrário, o sócio pode perder o direito de receber os lucros ou até mesmo ser excluído da sociedade, como dispõe o art. 1.006 do CC. Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído. O art. 1.007 do CC determina como o sócio participa dos lucros e das perdas, que se dará na proporção de suas quotas. Porém, o sócio que contribui com serviços não possui percentual algum, afinal não ingressou com qualquer quantitativo em dinheiro, motivo pelo qual deve participar na média dos demais sócios. Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas. Exemplo: Tendo-se quatro sócios, o sócio que participou com serviço terá direito a 25% dos lucros da sociedade; 75% do lucro será repartido entre os três sócios na proporção de suas quotas, que poderá ser de 10%, 40% ou 50%, como no exemplo acima. Exemplo: Tendo-se dois sócios, o sócio de serviço receberá 50% e outro com 50%.
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