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LASSANCE, M. C.; SPARTA, M. A orientação Profissional e as Transformações no Mundo do Trabalho - resumo informativo

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RESUMO INFORMATIVO
Rosemberg Jônatas Gomes de Sousa1
LASSANE, M. C.; SPARTA, M. A Orientação Profissional e as transformações no
mundo do trabalho. Revista Brasileira de Orientação Profissional, Ribeirão Preto,
SP, v. 4, n.1-2, p. 13-19, 2003.
A prática de Orientação Profissional nasceu na primeira década do século XX
na Europa com objetivo de identificar trabalhadores inaptos para certas tarefas e,
assim, evitar acidentes de trabalho. 
Nos primeiros registros da concepção de trabalho ele é tido como sofrimento
e castigo, e sua história é marcada pela escravidão na Antiguidade Clássica e
servidão na Idade Média, confundindo-se com a vida doméstica. A pessoa tinha sua
profissão determinada desde o nascimento ou por conveniência, ideia que se deu
até início do século XV.
Com o nascimento da sociedade capitalista e o advento da Idade Média, o
trabalho recebeu novos e positivos conceitos, a saber: trabalho como salvação,
trazido pela Reforma Religiosa, e trabalho como libertação, promovido pelo
Renascimento Cultural e o desenvolvimento das artes, ciência e possibilidade de
domínio da natureza. 
Verificam-se três momentos no desenvolvimento da sociedade industrial, a
saber:
• Primeira Revolução Industrial: invenção da máquina a vapor,
liberalismo econômico (Adam Smith), vida laboral separada da vida doméstica,
burguesia e proletariado, trabalho mecanizado e tarefas especializadas,
supervalorização da produção, longas horas de trabalho e trabalhadores sem
direitos ou garantia social.
• Segunda Revolução Industrial: ocorreu no final do século XIX, época
da descoberta da eletricidade. Marx e Engels apontaram a exploração do trabalho e
defenderam a ideia do desenvolvimento social por meio da luta de classes; crítica à
burguesa e lutas por direitos e garantias dos trabalhadores.
• Terceira Revolução Industrial: primeiras décadas do século XX,
desenvolvimento da automação, da organização do trabalho por Ford em linhas de
1 Acadêmico do curso de Psicologia da UNESP – Bauru. E-mail: rosemberg.psicologia@fc.unesp.br
montagem e do aumento da produção por Taylor, nascimento da sociedade
capitalista de produção e consumo em massa, e desenvolvimento de riquezas que
perdurou até 1960.
A Orientação Profissional nasce no contexto da Terceira Revolução Industrial,
vinculada à atividade industrial e com objetivo de aumento de produtividade e
eficiência dos trabalhadores que atuavam em tarefas específicas, segmentadas e
repetitivas. Influenciados pela Psicologia Diferencial e pela Psicometria até chegar
na Teoria do Traço e Fator, orientadores profissionais procuravam ajustar o homem à
ocupação industrial por meio de testes de aptidões, habilidades e interesses.
Sem levar em conta a autopercepção do sujeito quanto a sua satisfação com
o trabalho, o trabalho de orientadores profissionais objetivava a eficiência industrial e
baseava-se nas técnicas de ajustamento dos indivíduos às diversas ocupações do
mundo do trabalho da época.
A fase industrial perdurou do final do século XVIII até a primeira metade do
século XX. A partir daí, ocorreu uma transição para uma nova ordem chamada de
sociedade pós-industrial ou de acumulação flexível da contemporaneidade. Essa
transição se iniciou na Europa com a revalorização da criatividade e da emoção nos
campos da literatura, música, psicologia e física moderna, inclusive nas relações de
trabalho, nas quais a busca pela qualidade de vida começa a despontar.
Por influência da Terapia Centrada no Cliente de Carl Rogers e das Teorias
Evolutivas de Super e outros, a Orientação Profissional passou a ser menos diretiva
nos seus aconselhamentos, a valorar o papel do sujeito e suas escolhas centradas
na sua autorrealização, entendendo a eficiência como uma consequência natural de
uma escolha adequada. 
A estabilidade e previsibilidade da sociedade industrial foi substituída pela
instabilidade e imprevisibilidade do capitalismo pós-moderno que exige mais
flexibilidade e capacitação tecnológica do trabalhador. A globalização da economia, o
modelo enxuto de empresas, o individualismo e enfraquecimento das organizações
sindicais, dentre outros, caracterizam a sociedade capitalista atual com seu discurso
de qualidade de vida no trabalho, mas que ainda submete trabalhadores aos
modelos produtivos.
A Orientação Profissional é influenciada por essas mudanças e precisa se
instrumentalizar de teorias e técnicas a fim de que, pautando-se numa postura ética
e comprometida com ao desenvolvimento social, se torne um agente de mudanças e
não mero reprodutor social. A neutralidade é uma postura ideológica de passividade
e falta de crítica.
O jovem brasileiro de classe média que busca Orientação Profissional está a
procura de realização pessoal, prazer no trabalho e conforto material, além de um
curso superior que lhe proporcione estabilidade no emprego para toda a vida, rigidez
essa que não se encontra na sociedade pós-moderna.
A Orientação Profissional, na construção da sociedade pós-industrial, precisa
orientar esses jovens na busca de um curso superior que possa lhes ajudar a ter
uma postura ética de transformação social em vez de um pensamento individualista.
Quanto a formação e atuação do orientador profissional, ele precisa
fundamentar sua prática em teorias sólidas, conhecer bem o mundo do trabalho,
suas mudanças e incertezas, além de aceitar a posição política, ideológica e o
comprometimento social inerentes a esta atividade. 
O novo compromisso ideológico da Orientação Profissional é com o indivíduo
e suas escolhas, refletidas de maneira ética e socialmente comprometidas.
Palavras-chave: Escolha profissional. Formação de Psicólogo. Trabalho.

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