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RESENHA CRÍTICA POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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Luana Russana Ferreira Rezende. 
POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
RESENHA CRÍTICA
Pozo & Crespo começam o texto explorando os objetivos que o ensino da química propõe, como citado: que ensinar química, é ensinar o aluno a compreender, interpretar, analisar o mundo em que vive a partir de suas propriedades e transformações. Posteriormente, os autores tomam como base para dissertar sobre a seguinte questão: porque é tão difícil aprender química (?) e dificuldades que os alunos têm, principalmente porque a disciplina detém de um alto nível de abstração, e para que os alunos superem estas limitações é preciso existir mudanças em 3 dimensões: ontológica (como os alunos classificam as coisas, o ser e a existência), epistemológica (lógica de como o aluno organiza suas teorias) e conceitual ( aquilo que a mente concebe ou entende, ou seja, um símbolo mental). Em outras palavras, indicam algumas limitações presentes no ensino de ciências como, por exemplo, a incompreensão pelos alunos de que a ciência é uma construção social, o preparo do estudante para uma série posterior e o acúmulo de conteúdos que não se relacionam e levam o estudante a ter uma visão fragmentada do conhecimento.
Os autores acreditam que as concepções alternativas são originadas de forma natural, com intuito de entendimento das situações cotidianas, sendo também conceituada por ele, como concepções espontâneas, o que é denominado de realismo ingênuo. Tais concepções surgem quando indivíduos passam por situações que vão de encontro a suas expectativas sobre um problema e precisam substituir as concepções por algo mais sofisticado, pela interpretação da realidade, o que foi denominado de construtivismo/relativismo. Porém, os alunos do ensino médio estão na posição intermediária, denominada de realismo interpretativo, originadas a partir de dois fatores: crença de causa -efeito (acreditar que o que visualizamos fisicamente é efeito de como as partículas interagem, como é o comportamento dos átomos e moléculas) e as defasagens nas representações alternativas por parte dos professores.
Ainda sobre limitações, Pozo & Crespo observam que é uma tendência entre os alunos interpretar o mundo microscópico em termos macroscópicos baseadas em senso comum, muito corriqueira é a limitação do aluno em memorizar uma lista de dados que deve ser reproduzida no momento da avaliação, principalmente quando lhe é colocado para interpretar fenômenos que não é possível de observar a olho nu, como por exemplo interpretar os mecanismos explicativos das mudanças dos estados físicos da matéria resumidamente em evaporação da água, ou a fusão do gelo. Dessa forma, a aprendizagem adquire um caráter de “tudo ou nada”, ou seja, simplesmente memorizar. Essa prática avaliativa não permite que esse momento converta‐se em aprendizagem, o educando não tem a oportunidade de utilizar diferentes estratégias de raciocínio ou de tomar decisões.
No decorrer da leitura é muito relevante uma observação feita pelos os autores, em que as concepções alternativas sobre determinados conceitos não só são percebidas em alunos do ensino fundamental e médio, mas em pessoas com um nível de instrução mais elevado. Essas limitações são fortemente percebidas em conteúdo mais abstratos, como a descontinuidade da matéria e a ideia de vazia, que independentemente do nível de instrução, a aceitação dessas ideias ainda é relacionada ao senso comum e ao macroscópico. E eles ainda ressaltam que: “essas concepções são praticamente imunes à instrução científica tal como é ministrada normalmente, por mais intensa e contínua que seja”. É comum perceber essas limitações em disciplinas específicas dos cursos de licenciatura em química por exemplo, uma vez que espera que o aluno possua concepções cientificamente aceitas, porém, os discentes apresentam diversas dificuldades quando se trata de conteúdo mais aprofundados, que por mais que estejam imersos cotidianamente nas teorias, nas explicações de forma microscópicas, tendem a se posicionar com explicações superficiais e em nível macroscópico, e até mesmo se prendem a relacionar todas as explicações mais abstratas ao estados físico da matéria, principalmente em disciplinas como físico-química (que requer uma reflexão em nível microscópico), o que resulta em altos índices de reprovações.
Outro ponto importante abordado no texto são as dificuldades provenientes da base. Pozo & Crespo afirmam que para poder compreender os diferentes fenômenos da natureza, as mudanças e as transformações que a matéria experimenta, os estudantes precisam aceitar informações estruturais, como por exemplo: energia, massa, estrutura atômica, para que consigam construir novos esquemas quando expostos a mudanças que ocorrem na matéria, como por exemplo: combustão, equilíbrio química, dissolução e etc. É justamente essas limitações nos conhecimentos prévios dos alunos que desencadeiam uma série de obstáculos para os alunos acomodarem novas informações e fazerem com que elas tenham significado. 
. Os autores justificam que as concepções alternativas dos alunos se dão pelo fato de que eles tendem a organizarem suas teorias em torno de esquemas simples e fáceis de utilizar, na qual, apresenta algumas falhas, como por exemplo a falta de quantificação de alguns fenômenos, pois é fundamental que os alunos tenha domínios básicos de matemática para que possa compreender o significado e nas interpretações de reações química, e quando se é cobrado que utilizem seus conhecimentos no contexto escolar, geralmente são respostas induzidas intuitivamente, similar ao que recorremos em nosso cotidiano.
Esta leitura é essencial para todos os professores e futuros professores, pois faz uma análise aprofundada das dificuldades dos estudantes em aprender a química a partir de uma perspectiva psicológica e ao mesmo tempo didática, entendendo não só que ambas as perspectivas são complementares, mas que elas se exigem mutuamente, e que é necessário os professores conheçam as limitações do aluno, bem como suas concepções e contexto escolar, para a partir disso utilizarem de uma boa organização no currículo e nas estratégias de ensino para amenizar as concepções alternativas criadas durante o processo de ensino e aprendizagem.

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