Buscar

Pecuária orgânica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Conversão e Otimização da exploração Agro-pecuária
Conversão e Otimização da exploração Agro-pecuária
Mestrado em Agricultura Biológica
	Conversão e Otimização da exploração Agro-pecuária
Docentes: 
Justina Franco
Isabel Diniz
Luiza Cmabel
Discentes:
Paulo César Cordeiro Pereira nº 21629009
Warley Rodrigues dos Santos nº 21629002
Conversão e Otimi
zação da Fazenda Santos
2018
Índice
Introdução	4
1. A REGIÃO E A FAZENDA	6
A REGIÃO	7
História	7
Demografia	7
Economia	8
Setor primário	8
Setores secundário e terciário	8
Geografia	9
Hidrografia	9
Clima	10
Temperatura	10
Precipitação	11
Horas de sol	11
Ecologia	12
Preservação ambiental	13
A EXPLORAÇÃO	14
A fazenda	14
Parque de máquinas	17
As pastagens	18
Maneio da pastagem	18
O gado	19
2. SITUAÇÃO ATUAL	20
PARTE VEGETAL	21
O capim Braquiária Decumbens	21
Caraterísticas gerais	21
Necessidades culturais e resistências	21
Sementeira e consociação	22
Produção e valor nutricional	23
Maneio e problemas	24
Fertilização	25
Outros alimentos (Suplementação)	25
Cana-de-açúcar	25
Sal proteinado (Sal lara 90)	26
PARTE ANIMAL	27
O bovino Nelore	28
Aparência	28
Performance produtiva e reprodutiva	28
Carcaça e Carne	29
Alimentação	30
Encabeçamento e rotação de parques	30
PARTE ECONÓMICA	31
3. CONVERSÃO BIOLÓGICA	34
A conversão biológica	34
Legislação da produção biológica	34
Sistema de controlo	35
Proibições	36
Plano de gestão da exploração	36
PARTE VEGETAL BIOLÓGICA	37
Período de conversão	37
A consociação nas pastagens	38
Estilosante Campo Grande	38
Caraterísticas gerais	39
Necessidades culturais e resistências	39
Sementeira e consociação	41
Produção e valor nutricional	42
Maneio e problemas da consociação	42
Fertilidade do solo	43
Mobilização ao solo	43
Análises do solo	44
Rega	45
Sanidade vegetal	45
PARTE ANIMAL BIOLÓGICA	46
Período de conversão	46
Escolha dos animais	47
Encabeçamento	47
Nutrição animal	49
Suplementação nutricional	50
Sanidade animal	51
Bem-estar animal	52
PARTE ECONÓMICA BIOLÓGICA	53
Vantagens económicas da produção biológica	55
Comparação dos 2 sistemas	55
Conclusão	56
Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sistema Participativo)	57
Organismos de Avaliaçao da Conformidade Orgânica pela Certificação por Auditoria	57
Bibliografia	57
Introdução
A Agricultura Biológica é um sistema global de gestão das explorações agrícolas e de
produção de géneros alimentícios que combina práticas respeitadoras do ambiente, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos naturais e a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar animal. 
A agricultura biológica, de que a pecuária biológica é parte integrante, é uma forma de produção que permite a obtenção de produtos de qualidade num sistema de produção em que é privilegiado o bem-estar animal e o equilíbrio entre o animal e o meio ambiente em que está integrado. O fundamento principal da pecuária biológica é a garantia das condições de criação animal próximas das condições que os animais teriam se vivessem em liberdade, no seu ambiente natural, para que possam manifestarem o seu comportamento espontâneo, tendo em conta a evolução sofrida pelas espécies ao longo da história, que faz dos actuais animais diferentes dos seus ancestrais de vida selvagem. Estas condições visam promover uma produção animal ética, respeitando o equilíbrio anatómico e fisiológico base da homeostasia, tendo sempre em conta a qualidade do produto final.
Deste modo, atendendo à cadeia alimentar e a sustentabilidade.
Sendo a Produção Animal Biológica parte integrante da Produção Pecuária, a Produção Animal Biológica é um modo de produção e não é um Sistema de Produção. Por este facto, é obrigado a reger-se, como um todo, pelas normas e exigências legislativas referentes a produção animal a nível nacional, comunitário e internacional, e ainda respeitar os aspectos particulares referentes à legislação específica da Agricultura Biológica, na produção animal biológica o bem estar animal, como o maneio, a alimentação, a higiene e a sanidade, são os principais aspectos que diferenciam a exploração biológica da exploração convencional. O consumidor relaciona cada vez mais estes factores com a melhoria da qualidade do produto final e com o respeito pelo meio ambiente.
Por curiosidade, a produção biológica no Brasil é bem diversificada. Segundo o levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a agropecuária biológica no Brasil ocupa uma área cultivada estimada em 800 mil hectares, com cerca de 15 mil produtores. Há uma estimativa de que 5 milhões de hectares de áreas com extrativismo que poderiam ser considerados biológicas (Revista Rural, 2018).
O plano de conversão foi elaborado tomando em consideração os seguintes aspetos:
Vegetal: 
Esquema das pastagens, a sua ocupação cultural e variedades; 
Técnicas de cultivo, plano de fertilização, plano de gestão da água e técnicas de rega;
Proteção do solo e das plantas;
Animal:
Efetivos pecuários;
Instalações pecuárias, bem-estar animal, maneio animal e alimentação animal
Profilaxia e saúde animal;
Gestão de efluentes;
Económica:
Preços da produção no sistema convencional
Preços da produção no sistema Biológico
Comparação com os dois sistemas
A propriedade no qual se refere este trabalho, basicamente não adota práticas que desrespeita o meio ambiente e a saúde e bem estar do animais, no entanto, também desconhece práticas que possam melhorar o seu método de produção e que venha a atender um nicho de mercado, na qual consomem produtos de origem biológica. Visa-se com este, elaborar um plano de coversão que venha ser satisfatória para todos os envolventes, desde o dentro da porteira, até o consumidor final.
 
1. A REGIÃO E A FAZENDA
A REGIÃO
Vista panorâmica da cidade de Teófilo Otoni
	
Figura 1 – Cidade de Teófilo Otoni, estado Minas Gerais, Brasil
A fazenda Santos está situado na região sudeste do Brasil, na zona interior do estado de Minas Gerais, mais propriamente de lugar de São Benedito, distrito de Topázio e município e comarca de Teófilo Otoni (Figura 1).
Antes de iniciar-nos a caracterização da fazenda Santos, damos a conhecer a região onde está localizada a exploração.
Coordenadas G.P.S da fazenda: -17.606407-41.608
História
O município de Teofólio Otoni é pertencente ao Vale do Mucuri, e foi uma das primeiras regiões a ser explorada no estado de Minas Gerais. Começou a ser desbravada no decorrer século XVI, em expedições que visavam encontrar ouro e diamantes. Em 1853, por objetivo de Theophilo Benedicto Ottoni, a região começou a ser povoada, tendo recebido o nome do seu fundador. Com o passar do tempo o município descobriu a sua vocação económica para a exploração de pedras preciosas, sendo considerada hoje a “Capital Mundial das Pedras Preciosas” (Prefeitura de Teófilo Otoni, 2010).
Demografia
A sua população foi estimada em 141 934 habitantes em julho de 2017, sendo então o 18º mais populoso do estado. O seu Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,701, considerado alto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IBGE, 2017).
Economia
	O produto interno bruto (PIB) de Teófilo Otoni é um dos maiores da região, destacando-se na área de prestação de serviços. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), relativos a 2010, o PIB do município era de 319264 mil euros (1 281 417 mil reais), dos quais 113 053 mil eram de impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes. O PIB per capita é de 23690,70 euros (R$ 9 510,79) (IBGE, 2017).
Setor primário
A agricultura é o setor menos relevante da economia de Teófilo Otoni. De todo o PIB da cidade, 14017 mil euros (R$ 56 263 mil) é o valor adicionado bruto da agropecuária. Segundo o IBGE, em 2011, o município contava com cerca de 172 749 bovinos, 4 760 equinos, 147 bubalinos, 80 asininos, 1 570 muares, 14 850suínos, 48 caprinos, 1 780 ovinos e 170 coelhos. Havia 107 500 aves, dentre estas 68 200 eram galos, frangas, frangos e pintinhos, 36 500 galinhas, sendo que destas foram produzidas 390 mil dúzias de ovos de galinha, e 2 800 codornas, que geraram 26 mil dúzias de ovos. 38 900 vacas foram ordenhadas, das quais foram produzidos 31 850 mil litros de leite (IBGE, 2017).
Na lavoura temporária são produzidos principalmente a cana-de-açúcar (63 mil toneladas produzidas e 900 hectares cultivados), a mandioca (12 mil toneladas produzidas e 800 hectares plantados) e o feijão (390 toneladas rendidas e 850 hectares cultivados), além do abacaxi, do arroz, do milho e do tomate. Já na lavoura permanente destacam-se a banana (3 128 toneladas produzidas e 184 hectares colhidos), a laranja (2 160 toneladas produzidas e 120 hectares colhidos) e a tangerina (1 600 toneladas produzidas e 160 hectares colhidos), sendo cultivados ainda café e coco (IBGE, 2017)
Setores secundário e terciário
No setor secundário, a indústria é o segundo setor mais relevante para a economia do município. O 55501 euros (R$ 762 mil) do PIB municipal são do valor adicionado bruto da indústria. As principais indústrias da cidade estão ligadas à agroindústria, ao setor alimentício e principalmente ao setor de extração e transformação de minerais e pedras preciosas. Em 2000, segundo o IBGE, 8 106 pessoas trabalhavam no setor industrial em Teófilo Otoni (IBGE, 2017).
O setor terciário é o mais relevante para a economia municipal. Em 2010, 221578 mil euros (R$889 339 mil) do PIB de Teófilo Otoni eram do valor adicionado bruto do setor terciário, destacando-se na área do comércio. Segundo o IBGE, no ano de 2000, 10 205 habitantes trabalhavam no setor comercial e 22 704 pessoas ocupavam-se no setor de serviços (IBGE, 2017)
Geografia
	
Fazenda Santos
Figura 2 – Geografia de Teófilo Otoni (A = localização da Fazenda Santos)
O município de Teófilo Otoni ocupa uma área de 3 242,27 km², sendo que 19,62 km² estão em perímetro urbano (Garcia, 2017).
O relevo do município de Teófilo Otoni é predominantemente montanhoso. Aproximadamente 60 % do território é coberto por morros e montanhas, enquanto em cerca de 30 % há o predomínio de terrenos ondulados, e os 10 % restantes são lugares planos. A altitude máxima encontra-se na divisa com o município de Novo Oriente de Minas, que chega aos 1 138 metros, enquanto que a altitude mínima está na foz do Córrego São Julião, com 366 metros (Garcia, 2017).
O solo é rico em gemas (pedras preciosas), sendo possível encontrar diversas variedades como águas marinhas, topázios, ametistas, crisoberilos e turmalinas. Em termos agrícolas, o solo é pobre, arenoso e com elevada acidez (Garcia, 2017).
Hidrografia
O território de Teófilo Otoni é banhado por vários pequenos rios e córregos, sendo os principais o Rio Todos os Santos, o Rio Santo Antônio, o Rio Marambaia, o Ribeirão Poton e o Córrego São Julião. A cidade faz parte da bacia do Rio Mucuri, que se estende por outros 16 municípios e está incluída na bacia agrupada do Atlântico Leste (Garcia, 2017).
Clima
O clima teófilo-otonense é caracterizado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), como tropical quente e semi-húmido; ou tropical com estação seca (tipo Aw), segundo a Köppen-Geiger (Wikipédia, 2017).
Seguem-se os meses referentes às estações existentes no clima tropical:
Estação Chuvosa – Outubro a Março
Estação Seca – Abril a Setembro
Figura 3 - Clima e precipitação de Teófilo Otoni (INMET, 2017)
Temperatura
A região de Teófilo Otoni tem temperatura média anual de 23 °C, com Invernos secos e amenos e Verões chuvosos com temperaturas elevadas. Durante o ano, a temperatura média varia 5,8 °C, com variação máxima e mínima de 11,9 °C. O mês mais quente é Fevereiro com temperatura média de 25,3 °C, sendo a média máxima de 32,3 °C e a mínima de 19,9 °C. O mês mais frio é Julho, de média 19,4 °C, sendo 26,6 °C e 14,1 °C as médias máxima e mínima, respetivamente. Na estação chuvosa, entre Outubro e Março, a temperatura média é de 21,2 °C e com média máxima de 28,1 °C e média mínima de 15,9 °C. Na estação seca entre Abril e Setembro, a temperatura é mais alta, com médias de 24,6 °C, 30,9 °C e 19,4 °C, para a anual, a máxima e a mínima, respetivamente (INMET, 2017). 
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017), desde 1961, a menor temperatura registrada em Teófilo Otoni foi de 1,9 °C em 23 de Abril de 1993, e a maior atingiu 41,3 °C em 31 de Outubro de 2012.
Precipitação
Figura 4 - Precipitação de Teófilo Otoni (INMET, 2017)
Em Teófilo Otoni a precipitação média é de 959,1 milímetros anuais. O mês mais seco é Agosto, quando ocorrem apenas 17,8 mm. O mês mais chuvoso é Dezembro, a média fica em 182,8 mm. A diferença de precipitação entre o mês mais seco e mais chuvoso é de 165 mm. Nos últimos anos, entretanto, os dias quentes e secos durante o Inverno têm sido cada vez mais frequentes, não raro ultrapassando a marca dos 30 °C, especialmente entre Julho e Setembro (Estação seca). Por exemplo, em Agosto de 2004, a precipitação de chuva em Teófilo Otoni não passou dos 0 mm (INMET, 2017)
	
Figura 5 – Maiores acumulados de precipitações em 24 hores em Teófilo Otoni
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017),desde 1961, o maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 246,4 mm em 4 de Fevereiro de 2002. Outros grandes acumulados foram 150,3 mm em 2 de Novembro de 1975, 120,7 mm em 2 de Novembro de 2004, 120,1 mm em 27 de Outubro de 2004, 116,4 mm em 29 de Novembro de 2012, 108,1 mm em 17 de Março de 1964, 102,7 mm em 22 de Março de 1981 e 102,1 mm em 9 de Dezembro de 2006. O menor índice de humidade relativa do ar foi de 15%, registrado em 30 de agosto de 1963. 
Horas de sol
Figura 6 - Horas de Sol em Teófilo Otoni (INMET, 2017)
Em Teófilo Otoni o mês que apresenta mais horas de sol é Janeiro, com mais de 200 horas. O mês mais escuro acontece em Novembro, com aproximadamente 137 horas. Entre estes dois meses existe uma diferença de 63,5 horas. O acumulo de horas durante o ano é de 2 mil.
Ecologia
	
	
	Figura 7 – Cerrado (à esquerda) e Mata Atlântica (à direita)
A vegetação predominante no município de Teófilo Otoni é o cerrado, tendo ainda alguns trechos de mata atlântica (Figura 7). Maior parte da Mata Atlântica nativa foi severamente devastada nos últimos 50 anos; inicialmente com o ciclo exploratório da madeira, depois para dar lugar às plantações de café e por último para ceder espaço à agricultura moderna, às pastagens para o gado, ou mesmo desmatada e mais tarde reflorestada. Ainda assim, Teófilo Otoni possui uma das maiores coberturas vegetais nativa do bioma da mata Atlântica no estado de Minas Gerais. Da flora destaca-se o jacarandá, braúna, ipê, arco, sucupira, jatobá, jequitibá, angicos, cedro, tamburi, perobas, arco branco e amarelo e o custódio (Figura 15) (Garcia, 2017). 
	
Jacarandá
	
Ipê amarelo
	
Jequitibá
	Figura 16 – Alguma da flora existente no habitat da região
De fauna, a floresta pode conter: capivara, tatu, paca, seriema, macaco barbado, arancuã, tucano, mutum, jacu, caititu, onça pintada e suçuarana e perdizes (Figura 16) (Garcia, 2017). 
	
Tatú
	
Onça Sussuana
	
Teiú
	Figura 17 – Alguma fauna existentes no habitat da região
Preservação ambiental
Para combater o desmatamento e a devastação de áreas verdes, foram criados programas como as Áreas de Preservação Ambiental (APAs), que são faixas de vegetação existentes com objetivo de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população. Uma das principais APAs é a do Alto do Mucuri, criada em 31 de dezembro de 2011 com área total de 325 148,883 hectares, englobando Teófilo Otoni. Esta APA visa a conservação dos remanescentes de mata atlântica e cerrado; também com foco em preservar a fauna e flora das margens de trechosdo Rio Todos os Santos entre Poté e Teófilo Otoni (IEF, 2013).
A EXPLORAÇÃO
Entrada da fazenda Santos
Entramos agora na fazenda Santos com uma descrição global da exploração. Salientamos que a caraterização técnica e mais pormenorizada da pastagem e do gado será apresentada no capítulo seguinte “Situação atual”, respetivamente nos subcapítulos “parte vegetal” e “parte animal”, havendo também o subcapítulo “parte económica” sobre a situação financeira da exploração. Depois, no capítulo “conversão biológica”, que tratará igualmente os mesmos subcapítulos, abordará-se as alterações efetuadas na fazenda para a converter em agricultura biológica.
A fazenda
	
Figura 8 - Delimitação da área da exploração
A fazenda Santos é dedicada aos bovinos de carne em regime extensivo, alimentados exclusivamente de pastagens melhoradas com capim, também fazendo cana-de-açúcar para suplementar os animais nos períodos de menor abundância de pastagem. Dos 62,5 hectares, mais de metade da área é pastagem, estando esta divida em 5 partes. Na figura 8 está delimitada a área total da exploração, e as respetivas parcelas de pastagem. Realçamos a floresta em meio à produção, uma vez que a preservação do bioma da Mata Atlântica é preconizada na propriedade. A área da exploração tem 28,75 ha de floresta, em que 18 ha estão abrangidas na Reserva Particular do Património Natural (RPPN). Estas áreas apresentam grande importância para a conservação da biodiversidade, que refletem com efeitos positivos à agricultura.
	
	
Figura 9 – Casa de habitação do proprietário
Dentro da fazenda, na parte central da propriedade, está a casa de habitação do proprietário, destinada apenas para familiares e amigos. A propriedade não possui casa de habitação para trabalhadores, já que os mesmos vivem na região e deslocam-se diariamente.
	
Figura 10 – Arrecadação
Mais junto das pastagens existe uma arrecadação destinada a guardar os produtos necessários à produção, como os produtos fitossanitários, medicamentos veterinários, sal mineral, sementes e também as ferramentas agrícolas. Está construída de forma a obter boas condições de temperatura, com telhado colonial o que reduz a temperatura interior da casa no verão.
	
	
	Figura 11 – Manga de tratamento (esquerda) e pormenor do tronco de contenção (direita)
Relativo aos animais, a fazenda possui uma manga de contenção que serve para efetuar os tratamentos veterinários. As mangas estão dimensionadas aos bovinos Nelore. A manga possui um tronco de contenção próprio para mobilização dos animais no momento do seu trato, impedindo o animal de se mexer, e facilitando a intervenção que está a ser realizada e reduzindo possíveis acidentes de trabalho. Tem resistência suficiente para conter animais de diferentes portes. Os tratos sanitários mais comuns são a administração de vacinas e o tratamento às carraças. . O estábulo serve para reunir os animais e efetuar os seu trato, como vacinas, trato dos carrapatos, também verificar a contagem dos animais a ver se correspondem ao nº de animais aquando à sua entrada. 
	
Figura 12 – Rampa de embarque e desembarque 
A manga também serve de encaminhamento para o embarque e desembarque dos animais aquando da sua comercialização (Figura 11). O embarcadouro tem as medidas recomendadas para os animais, de forma que a entrada ou saída se faça em fila, um animal após o outro, para evitar problemas de maneio que muitas vezes provocam stress aos animais, ou mesmo que se magoem. A rampa do embarcadouro corresponde à altura da gaiola do camião, para que os animais não se deparem com obstáculos, degraus, criando problemas a subir ou descer do camião. Possui ainda uma balança para o controlo do peso e dos ganhos médios diários, aquando da compra e depois na venda dos animais. 
	
Figura 13 – Balança
Toda a manga está construída para os animais não se magoarem, em um formato circular, sem quinas, para não causar ferimentos, facilintando também o maneio. No parque de ajuntamento do gado, os postes metálicos arredondados e é utilizado arame liso galvanizado. Ambos materiais que não causam ferimentos, e que tornam resistente a benfeitoria. A área onde os animais são tratados é coberta.
	
Figura 14 – Tanque de armazenamento de água
Existe na propriedade um tanque de água com capacidade de armazenamento de 60,000 litros. Está localizada em um ponto alto da propriedade permitindo uma maior pressão da água até o seu destino. Está destinada para consumo humano, irrigação, e aos animais. A água é proveniente de uma nascente localizada na reserva florestal pertencente à propriedade.
	
Figura 15 – Cercas de arame liso
Sobre os parques, as cercas da propriedade são feitas com estacas de madeira e tem o cuidado de delimitas com a utilização de arame liso galvanizado nas zonas onde corresponde a divisão das parcelas para evitar o ferimento dos animais, como acontece com a utilização de arame farpado. Esta situação beneficia o gado em relação ao bem-estar animal. O espaçamento entre os mourões e estacas na utilização de arame liso é maior quando comparado com a utilização de arame farpado. O arame liso também permite maior facilidade de manuseio.
Parque de máquinas
A fazenda não possui maquinaria agrícola. As máquinas agrícolas quando necessárias na fazenda são cedidas pela prefeitura local a todos os produtores rurais da região, como encargos para o produtor fica apenas o gasóleo gasto. Em último caso, contrata-se uma empresa prestadora de serviços, pagando determinado valor consoante as horas/maquinas feitas na propriedade. . As máquinas usadas são tratores de pequeno porte com grade para mobilização das pastagem de forma a recuperá-las aquando à sua necessidade. 
As pastagens
	
Figura 18 – Pastagem de B. decumbens recomendada à zona plana 
A planta escolhida para a formação da pastagem é o capim Brachiaria decumbens cultivar Basilisk. Enquadra-se na categoria dos capins menos exigentes em fertilidade do solo, embora produza mais em solos mais férteis. Algo interessante deste capim é que a boa consociação com outras plantas, opção que será feita na conversão da fazenda para a agricultura biológica, com a introdução de uma leguminosa, opção essa que beneficiará a biodiversidade da pastagem, o aumento da fertilidade do solo e o enriquecimento nutricional da alimentação animal.
A cana-de-açúcar é outra das plantas produzidas na exploração, mas como forragem. Serve como suplemento nutricional à dieta dos animais. É forragem é considerada um volumoso energético, por apresentar uma alta concentração de sacarose, auxiliando os ganhos médios diários de peso na estação seca, altura em que existe menos disponibilidade de pastagens. 
Maneio da pastagem
Começando com as fertilizações ao solo, são raramente feitas, acontecem apenas quando necessidade da recuperação da pastagem degradada. A presença do gado nas pastagens cria um bom equilibro entre a planta e os animais. Quando são observadas necessidades, é feita a adubação ou a calagem e são usados adubos de síntese química.
Das necessidades hídricas, as condições climatéricas apresentam-se favoráveis ao desenvolvimento da pastagem, principalmente na estação da chuva, com elevada pluviosidade e altas temperaturas. A necessidades de regar a pastagem só acontece na estação seca sendo feita por aspersão, com água armazenada num tanque e proveniente da nascente existe na exploração.
	
Figura 19 – Limpeza da pastagem
O combate às infestantes é feita manualmente. Começa nas cercas, tirando toda vegetação permanente das extremas, para impossibilitar a passagem de fogo de uma possível queimada (acontecimento vulgar no Brasil). Depois é efetuada a limpeza das pastagens dos parques, arrancando as infestantes que venha competir com a plantas das pastagens. O trabalho de limpeza das pastagens é realizado antes das chuvas, no período da seca, isso para que na época das chuvas o máximo de desenvolvimento das gramíneas das pastagens,em a competição das infestantes.
O gado
	
Figura 20 – Bovinos em pastoreio na fazenda
Os bovinos são da raça Nelore e são bem-adaptados à engorda em pastagem. São comprados ainda vitelos com 6 a 7 arrobas (entre 90 a 110 kg) e todos machos – porque apresentam crescimentos maiores que as fêmeas, mais peso e mais músculo. Os animais entram na propriedade para serem submetidos a um processo de engorda, normalmente durante 28 meses, com alimentação em pastoreio de gramíneas (capim Brachiaria decumbens) e algum suplemento mineral (sal). Procura-se fornecer aos animais pastagem de capim com qualidade, como também cuidados de saúde como a desparasitação e vacinas obrigatória, sem uso de algum tipo de anabolizante. Os animais vivem em sistema de pastoreio rotacionado, para oferecer maior disponibilidade de alimentos verdes, reduzindo assim o seu tempo no processo de engorda. Na figura 19 podemos ver os animais nos últimos dias de pastoreio, devido à braquiária ter atingido a altura mínima, para evitar a degradação da pastagem por sobrepastoreio. Ao atingirem o peso ideal de venda, os animais são vendidos com aproximadamente 40 arrobas (600 kg), podendo ser maior ou menor o peso do animal conforme a necessidade de mercado.
2. SITUAÇÃO ATUAL
PARTE VEGETAL
Pastagem de Brachiiaria decucunbens
A fazenda faz recurso a pastagens melhoradas para alimentação do gado. A planta utilizada é o capim Brachiaria decumbens, uma gramínea com elevada permanência na pastagem, estando disponível durante todo o ano para a alimentação dos animais. É o capim que melhor se adapta às condições edafoclimáticas da exploração. Também é fornecido cana-de-açúcar e sal como suplementação.
O capim Braquiária Decumbens
Caraterísticas gerais
A Braquiária Decumbens tem o seu nome relacionado à sua forma de crescimento decumbente. É uma gramínea de ciclo vegetativo perene, podendo durar até mais de 10 anos em pastos bem maneados.
Tabela 1 - Caraterísticas gerias da Braquiária Decumbens
	Nome científico
	Brachiaria decumbens Stapf
	Nome comum
	Braquiarinha; Decumbens
	Cultivar
	Basilisk
	Família
	Gramínea
	Ciclo vegetativo
	Perene
	Forma de crescimento
	Decumbente 
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.)
Necessidades culturais e resistências
A Brachiaria decumbens é a mais rústica das braquiárias. Adapta-se em todos os tipos de solo e regiões do Brasil, e é muito utilizada em áreas de cerrado (Ornela, s.d.). Adapta-se muito bem a solos ácidos e de média a baixa fertilidades, mas nada impede que seja usada em solos de fertilidade mais elevada, pois é altamente responsiva a fertilização. Requer uma precipitação anual em torno de 1000 mm (Paso Ita, A-s.d.). Por ter um sistema radicular bem profundo, permite boa proteção contra a erosão do solo e resiste muito bem à seca. Apresenta média resistência ao frio (baixa resistência a geadas), boa tolerância a sombreamento e baixa tolerância a solos encharcados. Tolera pisoteio e pastoreio intenso e continuado. A sua agressividade de crescimento contribui para manter as pastagens livres de infestantes, garantindo um boa cobertura de solo. É altamente suscetível à cigarrinha das pastagens (Paso Ita, A-s.d.; Ornela, s.d.). 
Tabela 2 – Necessidade culturais da Braquiária Decumbens
	Solo
	Todo tipo de solos do Brasil
	Fertilidade do solo
	Média a baixa
	Altitude 
	Até 2000 m 
	Necessidades hídricas
	1000 mm/ano
	Temperatura ótima
	
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.; Ornela, s.d.)
Tabela 3 – Resistências da Braquiária Decumbens
	Erosão do solo
	Boa
	Acidez do solo
	Muito alta
	Seca
	Alta
	Encharcamento
	Baixa
	Frio 
	Média (baixa caso de geadas)
	Sombreamento
	Boa
	Pisoteio
	Boa
	Plantas Invasoras
	Alta
	Praga de cigarrinhas
	Muito baixa
	Doenças foliares
	Alta
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.; Ornela, s.d.)
Sementeira e consociação
A Brachiaria decumbens é indicada para pastoreio direto ou para fenação, mas não para ensilagem. Na sua instalação é recomendado (Paso Ita, A-s.d.):
A lanço: no período normal, compreendido entre os meses de Outubro e Fevereiro, recomenda-se 400 sementes/ha. A partir daí, aumentar para 450 a 500 sementes/ha;
Em linha: no período normal, recomenda-se 300 sementes/ha. A partir daí, aumentar para 400 sementes/ha. 
Profundidade: Incorporar as sementes a 2 cm de profundidade. Essa incorporação pode ser feita após a distribuição das sementes em toda área com o uso de grade niveladora fechada ou apenas usar um rolo compactador. Pode-se ainda, optar pela combinação das duas técnicas, o que, em geral, apresenta resultados superiores.
Faz consociação muitíssimo bem com a Estilosante Campo Grande – será utilizada na conversão para agricultura biológica – o Calopogônio e o Guandu. No caso de consociação, deve-se reduzir cerca de 20% a quantidade de sementes da gramínea a fim de diminuir a competição entre plantas e, dessa forma, favorecer a leguminosa.
Tabela 4 - Sementeira e consociação da Braquiária Decumbens
	Data da sementeira
	Outubro a Fevereiro (Estação chuvosa)
	A lanço 
	400 sementes/ha (5 kg)
	Em linha
	300 sementes/ha (3,8 kg)
	Entre linha
	
	Profundidade
	2 cm
	Maquinaria recomendada
	Semeador e rolo compactador
	Preparo do solo
	Destorroado e nivelado
	Consociações
	Leucena; Calopogônio; F. Guandu; Estilosante Campo Grande;
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.; Ornela, s.d.)
Produção e valor nutricional
A Brachiaria decumbens tem boa palatabilidade e digestibilidade. A espécie estabelece-se rapidamente, em torno dos 90 dias, cobrindo nesse tempo 30 a 45% da área. Mesmo sobre pastoreio intensivo tem boa produtividade anual de matéria seca com 10 toneladas por hectare e com 9% de proteína bruta. A composição química da planta é apresentada na tabela 6.
Tabela 5 - Produção e valor nutricional da Braquiária Decumbens
	Matéria Verde
	45 t/ha/ano
	Matéria Seca
	10 t/ha/ano
	Proteína Bruta na MS
	9 % 
	Digestibilidade 
	55 % in vitro
	Palatabilidade
	Boa
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.)
Existem algumas gramíneas mais produtivas que a Brachiaria. decumbens, porém sua facilidade no manejo em relação as outras espécies, a torna uma boa opção por exemplo em casos onde não exista um acompanhamento perfeito de manejo, como parcelamento das pastagens, adubação e suplementação, para o ajuste de taxa de lotação. 
A braquiarinha também é uma boa opção devido ao seu menor porte, pois permite o consórcio com uma forrageira leguminosa como estilosantes, pois a altura do dossel é menor, permitindo o fornecimento de luz para a leguminosa.
Devemos lembrar também que é na época das chuvas que as gramíneas tropicais têm sua máxima produção, caindo vertiginosamente na época seca, sendo que a pastagem consumida na seca é predominantemente excesso do produzido nas águas.
Tabela 6 - Composição química da Braquiária Decumbens
(Brcorte 3, 2018)
Maneio e problemas
A Brachiaria decumbens no período normal de sementeira, apresenta tempo de formação em torno de 90 dias e o primeiro pastoreio pode ser feito nessa fase. Nesse momento, a planta apresenta altura em torno de 80 cm. A planta tem grande facilidade e rapidez de cobertura de solo. O gado deve ser retirado quando esta estiver com altura em torno de 30 cm (Paso Ita, A-s.d.).
Pode ocasionar problemas de fotossensibilização nos animais, provocada pelo fungo Phithomyces chartarum, caso o manejo não seja adequado. Recomenda-se, portanto, não deixar formar muita massa em decomposição, pois essa é uma condição favorável ao fungo causador desse problema. Tal situação pode ser evitada, mantendo-se a pastagem sempre nas alturas de pastejo recomendadas, tanto na entrada quanto na saída do gado nos piquetes (Paso Ita, A-s.d.).
Tabela 7 – Maneio e problemas da Braquiária Decumbens
	Tempo de formação
	90 dias
	Altura máxima
	1 m
	Primeiro pastoreio80 cm de altura
	Retirada do gado
	30 cm de altura
	Problemas
	Fotossensibilização nos animais (fungo Phithomyces chartarum)
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.)
Fertilização
A braquiária decumbens é mais tolerantes a acidez do solo, frequentemente, a aplicação de calcário é recomendada apenas para suprir os baixos teores de cálcio e magnésio. 
Pode-se utilizer o esterco de bovino como adubo pois este melhora as características químicas do solo e contribuiu para o aumento dos teores de cálcio, magnésio, fósforo e matéria orgânica e diminuição da acidez. Outro coisa que pode ser feita é a calagem, pois libera o fósforo disponível. O esterco dos bovinos favorece a melhoria na química e na física do solo, tornando-o mais fofo e produtivo. Desta maneira, o solo é trabalhado, ficando mais arejado, com o PH neutro, apropriado para diversas culturas. (ARAUJO, et al., 2011).
 Como ja foi dito anteriormente neste documento, o uso da estilosantes que é rica em proteína e executa uma função importante de transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo, é uma leguminosa que contribuirá com a fertilização do solo (Embrapa (gadode corte), 2000).
O esteco dos bovinos já disponível na pastagem conjuntamente com a estilosante, fará a fetilização do solo de forma natural. Havendo necessidade, uma gradagem e calagem poderão contribuir para melhoria do mesmo.
 São permitidos o uso de calcário e o gesso para a correção da acidez dos solos. Como fontes de fósforo e potássio, são permitidos o uso de termofosfato, fosfato de rocha natural, termopotássio, pó de rocha e o uso restrito de sulfato de potássio.
Outros alimentos (Suplementação)
	Para suprimir as necessidades alimentares dos animais, a fazenda faz a produção de cana-de-açúcar que serve de suplementação energética, principalmente na estação seca, e sal, para a suplementação mineral, durante todo o ano.
Cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é utilizada na propriedade de para suplementação dos animais, pois é uma importante fonte energética para os bovinos durante a estação seca, quanto a disponibilidade de forragem no pasto está menos disponível e há défice de energia. É usada como uma forma de resolver problemas relacionados à baixa disponibilidade de matéria seca da pastagem. O custo desta produção é muito baixo, o que contribui para continuar com a produção na propriedade. É um alimento bem aceite e consumido pelos animais com cerca de 6% de peso vivo de matéria fresca por dia (Embrapa, 1997). Na tabela 8 apresentamos a composição química da planta.
Tabela 8 - Composição química da Cana-de-açúcar
(Brcorte 3, 2018)
A cana-de-açúcar é picada de forma a reduzir o comprimento da fibra e melhorar o consumo do animal. A colheita é feita manualmente e triturada próxima do local onde o alimento é fornecido. Vale ressaltar que a cana-de-açúcar é fornecida logo após ser triturada, isto porque se passado muito tempo de fornecer o alimento os animais, corre o risco de fermentar estimulando o teor de álcool. Na prática convencional costuma-se acrescentar ureia para não correr este risco, porém a ureia não poderá ser utilizada na produção biológica. 
Sal proteinado (Sal lara 90)
INDICAÇÃO DO PRODUTO: 
Sal lara mineral proteinado é um produto indicado como Suplemento Mineral para Bovinos em fase de cria, recria, engorda e bovinos de leite em todas as estações do ano. Sua função é a correção das eficiências nutricionais diárias do rebanho. Produto pronto para uso, deve ser dado em cocho, não podendo ser servido no chão, lugares com humidade; deve ser servido em lugares totalmente secos e arejados, o cocho deve ser coberto e com boa disponibilidade de água e forragem verde. Este produto é exclusivo para alimentação de bovinos. Sua composição básica é: Cálcio, Fósforo, Sódio, Vitaminas A, D3 e E, e Proteínas Brutas.
(Sal Lara)
PARTE ANIMAL
Bovinos da raça Nelore	
	A raça Nelore é bastante utilizada no Brasil. A razão da escolha destes animais é sua adaptabilidade às condições climáticas e ao sistema de pastoreio e pelas caraterísticas direcionadas à produção de carne, pela capacidade de aproveitamento/digestibilidade das pastagens e pelos ganhos de peso obtidos. A fazenda Santos só faz a engorda desta raça com destino à produção de carne. 
O bovino Nelore
Aparência
	
Figura 21 – Bovino Nelore 
Os animais Nelore apresentam estado geral sadio e vigoroso e é uma raça de grande porte. A ossatura é leve, robusta e forte, com musculatura compacta e bem distribuída. A masculinidade e a feminilidade são acentuadas. O temperamento é ativo e dócil. Apresentam pelagem branca ou cinza-clara, sendo que os machos apresentam o pescoço e o cupim (garrote) normalmente mais escuros. Os pêlos são claros, curtos, densos e medulados. A cabeça tem formato de ataúde, com a cara estreita, arcadas orbitárias não salientes e perfil ligeiramente convexo. As orelhas são curtas. A raça pode ser dividida em animais que apresentam chifres e mochos. Os chifres são de cor escura, firmes e curtos. O pescoço é musculoso e possui barbela que começa debaixo do maxilar inferior e se estende até o umbigo, sendo mais abundante e pregueada nos machos. O peito dos animais é largo e com boa cobertura muscular. Outra característica dos zebuínos é o cupim. Ele tem papel fisiológico fundamental, servindo com reserva de energia em situações emergenciais. Nos machos, deve ser bem desenvolvido, apoiando-se sobre a cernelha. Nas fêmeas, deve ser reduzido. A região dorso-lombar é larga e reta, com boa cobertura muscular. A garupa é comprida, larga, ligeiramente inclinada, no mesmo nível e unida ao lombo, sem saliências ou depressões e com boa cobertura de gordura. A cauda é inserida harmoniosamente, estendendo-se até os jarretes e vassoura preta. O tórax é amplo, largo e profundo. As costelas são compridas e largas, bem arqueadas, afastadas e com espaços intercostais revestidas de músculos e sem depressão atrás das espáduas. Membros anteriores e posteriores devem apresentar comprimento médio, com ossatura forte e músculos bem desenvolvidos. As coxas e pernas são largas, com boa cobertura muscular. As pernas devem ser bem aprumadas e afastadas. Os cascos devem ser pretos e bem conformados. (ACNB, s.d.).
Tabela 10 – Aparência do Nelore
	Aparência
	Sadio e vigoroso; Robusto e forte; Musculatura compacta e bem distribuída;
	Temperamento
	Ativo e dócil
	Pelagem
	Brancas ou cinza-clara
	Diferenças sexo
	Acentuadas
Performance produtiva e reprodutiva
O Nelore adaptou-se muito bem às condições tropicais brasileiras, por possuir excelente capacidade de aproveitar alimentos grosseiros (ACNB, s.d.). Outra característica é a resistência natural a parasitas, devido às características de seus pêlos, que impedem ou dificultam a penetração de pequenos insetos na superfície da pele ou que aí tentam se fixar. A pele escura, fina e resistente, dificulta a ação de insetos sugadores, além de produzir secreção oleosa repelente, que se intensifica quando os animais estão expostos ao calor.
O Nelore é muito resistente ao calor devido à sua superfície corporal ser maior em relação ao corpo e por possuir maior número de glândulas sudoríparas. As características de seus pêlos também facilitam o processo de troca com o ambiente. Além disso, o trato digestivo é 10% menor em relação aos europeus. Portanto seu metabolismo é mais baixo e gera menor quantidade de calor. Os machos e as fêmeas apresentam elevada longevidade reprodutiva (ACNB, s.d.).
Touros Nelore possuem instinto muito forte de proteção de seu harém de matrizes. As vacas apresentam facilidade de parto, por terem garupa com boa angulosidade, boa abertura pélvica e, principalmente, por produzir bezerros pequenos, o que elimina a incidência de distocia. Outras características das fêmeas são a excelente habilidade materna, oferecendo condições de desenvolvimento aos bezerros até o desmame; instinto de proteção ao bezerro; rusticidade;e baixo custo de manutenção (ACNB, s.d.).
Os bezerros Nelore são espertos. Logo após o parto, já procuram as mães para fazer a mamada do colostro, que lhes fornece imunidade nos primeiros 30 dias de vida (ACNB, s.d.).
Carcaça e Carne
Possui altíssimo rendimento de carcaça atendendo as expectativas da indústria frigorífica, além de ser muito valorizado no mercado de compra e venda tanto para pequenos, médios e grandes produtores.
O Nelore é a raça, no Brasil, que possui a carcaça mais próxima dos padrões exigidos pelo mercado, por apresentar porte médio, ossatura fina, leve, porosa e menor proporção de cabeça, patas e vísceras, conferido excelente rendimento nos processos industriais (ACNB, s.d.). 
A precocidade de terminação garante nas carcaças Nelore distribuição homogénea da cobertura de gordura, sendo esta carcaça muito valorizada no mercado. Além disso, a cobertura evita que, durante o resfriamento, ocorra o encurtamento das fibras pelo frio. A padronização das carcaças Nelore otimiza a estrutura industrial e agrega valor aos cortes (ACNB, s.d.)..
Constata-se atualmente a crescente tendência dos consumidores, em todo o mundo, em dar preferência por carnes magras. A carne Nelore tem como principais características sabor e o baixo teor de gordura de marmoreio (ACNB, s.d.).
Alimentação
Os animais tem livre acesso a água de boa qualidade. A mesma procede de uma nascente dentro da propriedade, que é depois armazenada na caixa d’agua e por tubulações direcionada aos animais nos parques onde os mesmo se encontram. Alimenta-se das pastagens existentes, (brachiaria decumbens), sal para bovinos e cana de açucar triturada e fornecida ao cocho dos animais.
 
Tabela 2 – Necessidade culturais da Braquiária Decumbens
	Ganho de peso
	300 a 400 g/UA/dia
	Produtividade anual
	350 Kg PV/ha/ano
	Encabeçamento
	3 a 4
	
	
	
	
(Agrobyte, s.d.; Paso Ita, A-s.d.; Paso Ita, B-s.d.; Ornela, s.d.) (Agrobyte, s.d.).
Encabeçamento e rotação de parques
Atualmente, dos 150 animais tem uma média de 4,8 (5) animais por ha divididos por 31,25 ha de pastagem em sistema de pastejo rotacional. Na conversão pretende-se manter a mesma quantidade de animais, pois tanto no sistema convencional como no biológico, não se excede o valor limite de carga animal por ha.
Atualmente sao 24 ua por ha. Os parques tem 6,25 ha, 62.5 mil metros quadrados.
O sistema de pastagem rotacional caracteriza-se pela mudança periódica e frequente dos animais de um piquete para outro, objetivando dar período de descanso para as forragens.
Componentes do Sistema de pastejo:
A – dias de pastejo;
B – dias de descanso;
As rotações são feitas entre 5 a 12 dias com períodos de descanso de cada parque que variam de 28 a 56 dias.
PARTE ECONÓMICA
No Brasil o animais são vendidos por preço de arroba, sendo que 1 arroba corresponde a 15 kg. O preço da arroba do animal está relacionado com a oferta de animais disponível no mercado e com a cotação do dólar no fecho do dia útil anterior, e está relacionada com o peso da carcaça do animal, ou seja, a carne e osso, descartando assim as vísceras, o couro e o sebo. Os animais são sempre vendidos por peso da carcaça. O peso da carcaça corresponde aproximadamente a 50% do peso vivo do animal, podendo variar consoante a raça, idade, sexo e o estado corporal. Assim, por exemplo, a venda de um animal de 540 kg de peso vivo irá corresponder a 18 arrobas (270 Kg) (Perguntas frequentes, Gado de corte, 2012). 
Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA, 2018), o preço da arroba do boi gordo na data de 16/02/2018, no estado de São Paulo, está em 146,76 reais, aproximadamente 41,00 euros, conforme a cotação do euro em relação ao real (Tabela 4). Embora os valores possam variar entre estados, tomaremos para cálculos o valor apresentado aqui.
Tabela 11 - Preço médios da arroba do boi gordo
	
(IEA, 2018)
	
Na imagem a seguinte, apresentamos os cálculos da produção pecuária praticada na atualidade. São feitos os cálculos da compra de 150 bezerros para engorda. Estes, entram na propriedade com mais ou menos 4 meses e pesando aproximadamente 105 kg. Com um ganho médio diário de 0.580 g/dia, no final de 24 meses, data em que eram vendidos para abate. Os animais ficavam com peso de 600 kg.
Ganho médio diário (GMD) = kg
Arredondando o peso vivo do animal, teremos 600 kg (40 arrobas), é descontando 50% representante das vísceras do animal, ficando com 300 kg de peso de carcaça, (20 arrobas). O cálculo é feito sobre o preço da arroba atual, ou seja, a cada 15 kg de carcaça, tem um valor de 146,76 reais ou 41,23 euros. Assim vendia-se cada bovino por um montante de 838,62 euros, este valor vezes 150 bovinos alcançaremos um valor bruto de 125.794,29 euros. 
Fazendo uma depreciação dos lucros e com todas as despesas da propriedade, alcançaremos valores rentáveis como demonstrado na tabela, no entanto, não estaríamos produzindo de maneira sustentável, respeitando o meio ambiente, a saúde dos animais, do solo e do homem na produção de alimentos saudáveis.
3. CONVERSÃO BIOLÓGICA
A conversão biológica
A conversão da exploração para a agricultura biológica servirá para progredir a sustentabilidade da fazenda Santos, minimizando o impacto da produção agrícola no ambiente, promovendo a conservação dos recursos naturais e contribuindo para a melhoria dos ecossistemas agrícolas e da biodiversidade, ao mesmo tempo, promovendo o bem-estar dos animais e as suas necessidades comportamentais. A agricultura biológica é assim um modo de produção respeitador do equilíbrio natural do meio e, por outro lado, assume-se como uma oportunidade para o produtor agrícola pela produção diferenciada, com maior valor acrescentado e que apresentam uma procura crescente por parte dos consumidores.
Deste modo, a fazenda utilizada sistemas integrados de produção vegetal e animal, favorecendo a circulação de nutrientes dentro da própria unidade de exploração. Os estrumes provenientes da produção animal são utilizados para fornecer nutrientes à produção vegetal e a produção de pastagens pode constitui-se como fonte de alimentação animal.
Legislação da produção biológica
Para a conversão da fazenda brasileira, aplicaram-se as regras europeias, uma vez que, o trabalho apresentado teve como interesse a aquisição de maiores conhecimentos sobre a legislação da agricultura biológica europeia. Porém, as regras tomadas a nível europeu não interferem com legislação brasileira, já que a mesma é baseada e está em consonância com a legislação europeia:
Regulamento (CE) n.º 834/2007 de 28 de junho de 2007 estabelece os requisitos de base no que respeita à produção, à rotulagem e ao controlo dos produtos biológicos. Este regulamento estabelece o quadro jurídico aplicável à produção, distribuição, controlo e rotulagem dos produtos biológicos que podem ser produzidos e comercializados na União Europeia (EU);
Regulamento (CE) n.º 889/2008 de 5 de Setembro são estabelecidas as normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007, para a produção vegetal e animal, desde o cultivo da terra e manutenção dos animais até à transformação, rotulagem e distribuição de alimentos biológicos, assim como para o sistema de controlo.
A produção biológica no Brasil é está regulamentada através da Lei nº 10.831/2003 de 23 de Dezembro e pelo Decreto nº 6.323/2007 de 27 de dezembro. 
Sistema de controlo
Quando inicia a atividade biológica, a exploração, é obrigado a aderir a sistema de controlo do modo de produção biológico, contratualizando um organismo de controlo e certificação, por exemplo a EcoCert , para controlo ao processo de produção, verificando o cumprimento das regras aplicáveis, para que o produtos (os animais), possam ser comercializados como biológicos. O organismo faz, pelo menos, uma vez por ano, verificação presencial do cumprimento. 
São requeridos nas instalações registos, de existência e financeiros, que permitam identificar:
Animal:
Ovendedores, o comprador e as quantidades de animais biológicos e não biológicos que entraram e saem da exploração – inclusive as perdas de animais e respetiva justificação;
Tipo de alimentação, incluindo os complementos alimentares, proporção dos diversos constituintes da ração;
Prevenção de doenças, tratamentos ou assistência veterinária, indicando data, diagnóstico, posologia, natureza do produto, os animais tratados e o intervalo de segurança;
Medidas concretas (ex: plano de espalhamento de estrume).
Vegetal (e outros fatores de produção):
O fornecedor ou vendedor, a natureza/tipo e as quantidades dos produtos biológicos ou não biológicos (ex: sementes, fertilizantes) armazenados ou usados, identificando: 
No uso de fertilizantes, as parcelas em causa; 
No uso de produtos fitofarmacêuticos, a justificação e o método de tratamento;
Económica:
A contabilidade documental, demonstrando consistência entre fatores de produção utilizados e os produtos obtidos (balanço de massas). 
Se a fazenda gerir várias unidades de produção animal, as unidades que produzem animais de criação não biológica ou produtos de origem animal não biológicos estão igualmente sujeitas aos requisitos gerais e específicos de controlo.
 	
Proibições
	A fazenda precisa de ter cuidado ao comprar ou adquirir produtos que não estejam consoante as regras da produção biológica, propriamente, organismos geneticamente modificados utilizados nos alimentos para os animais, produtos fitofarmacêuticos, fertilizantes, corretivos dos solos, sementes ou mesmo nos animais; e também radiações ionizantes utlizadas nos alimentos para animais, ou nas matérias-primas neles utilizadas. Na produção animal, é comercialização de animais biológicas sem que estes tivessem acesso à terra (pastagens). Transplantes de embrião também são proibidos.
Plano de gestão da exploração
A totalidade da exploração Santos será convertida e gerida em conformidade com a legislação europeia relativa à produção biológica. O sistema de criação dos animais em modo biológico continuará a basear-se na utilização máxima do pastoreio, alimentados com a vegetação herbácea existentes, que será consociada com uma leguminosa. Quando operar em modo biológico, reforçar a sua utilização em recursos renováveis dentro do seu sistema de produção nas quais se destacam: 
Fertilização ao solo:
A produção de bovinos na pastagem fornece as matérias orgânicas e nutrientes necessários às terras cultivadas, contribuindo assim para a melhoria dos solos e o desenvolvimento da agricultura sustentável;
Nas pastagens, a consociação das gramíneas com leguminosa, irá melhorar a fertilidade do solo em azoto e aumentar a matéria orgânica, e beneficiará os animais com alimentos mais proteicos, reduzido os insumos necessárias à alimentação. 
Preservação ambiental:
Na produção animal é feita com encabeçamento proporcional às capacidades do solo, em sistemas de rotacional adequado às capacidades das pastagens;
A alimentação dos animais é obtida na própria exploração, com os animais ao ar livre, equilibrando o ecossistema animal-solo-planta. 
A consociação das pastagens, traz benefícios à conservação do solo e beneficia os organismos existentes no sistema agrícola com o aumento da biodiversidade.
.
PARTE VEGETAL BIOLÓGICA
Pastagem de Brachiiaria decucunbens com Styloshante spp cv. Campo Grande
Os principais princípios biológicos para a produção vegetal na fazenda serão:
Cultivo de pastagens adequadas ao solo, alimentadas essencialmente através do ecossistema solo, preservando a sua fertilidade natural, estabilidade e biodiversidade, bem como o uso de práticas contrárias às da compactação e erosão do solo. 
Reciclagem dos subprodutos (estrume) de origem animal como fatore de produção na produção de pastagens;
Minimização da utilização de recursos não renováveis e de fatores de produção externos à exploração (fertilizantes, corretivos de solo e produtos fitofarmacêuticos). 
Preservação da fitossanidade através de medidas preventivas, tais como a escolha de espécies e variedades adequadas resistentes aos parasitas e às doenças, métodos mecânicos e físicos e a proteção dos predadores naturais dos parasitas;
Período de conversão
Para que as pastagens sejam consideradas biológicas, as regras de produção biológica devem ser aplicadas nas parcelas durante o período de conversão mínimo de 3 anos. 
Se a conversão for feita simultaneamente em toda a unidade de produção, incluindo os animais e as pastagens e/ou quaisquer terras da exploração utilizadas para alimentação dos animais, o período pode ser reduzido para 24 meses. 
As áreas de pastagem poderão ter período de conversão reduzido para 12 meses se, em período de pelo menos três anos anteriores (a ser provado com documentação e análises), não se utilizou nenhuma substância proibida pelas diretrizes da agricultura biológica.
Após a conversão, a obtenção de sementes ou material de propagação vegetativa, só pode ser introduzida ou utilizada se produzida segundo as regras estabelecidas para a agricultura biológica durante, pelo menos 1 geração ou, no caso de culturas perenes, durante 2 ciclos vegetativos.
Quando não existe sementes e material de propagação vegetativa biológica disponíveis no mercado, recorre-se ao órgão responsável pela emissão do certificado biológico para autorizar a utilização sementes e material de propagação não biológico na produção biológica.
A consociação nas pastagens 
A principal estratégia para a conversão da fazenda em agricultura biológica foi enriquecer a pastagem atual da gramínia Braquiária Decumbens com a consociação da leguminosa Estilosante Campo Grande (cruzamento entre Styloshante capitata e Styloshante macrocephala) devido às características que são apresentadas seguidamente.
Estilosante Campo Grande
	
Figura 22 – Estilosante Campo grande consociada com Braquária
A leguminosa Estilosante Campo Grande foi obtida após vários anos de cruzamentos e seleção, possuindo uma grande produção de sementes e boa capacidade de ressemeadura natural, fatores estes limitantes à persistência desta em pastagens consociadas com gramíneas. Também é resistência à antracnose, minimizando assim a ocorrência de problemas sanitários no decorrer da cultura.
A consociação com Estilosante Campo Grande contribui para que as pastagens apresentem maior capacidade produtiva e disponibilidade de alimento com maior valor nutritivo, devido a ser uma planta rica em proteína. Enriquece o solo em matéria orgânica com teor de azoto superior às pastagens em monocultivo, devido à fixação do azoto no solo, o que estimula o crescimento das gramíneas. Assim, reduz os investimentos em insumos agrícolas, contribuindo para a redução dos impactos ambientais (GARCIA, et al., 2008).
	Resumidamente, as vantagens do uso da Estilosante Campo Grande na fazenda serão:
Para as pastagens:
Aumento da fertilizado do solo, através da fixação de azoto;
Alta produtividade de sementes, para a permanência da pastagem;
Boa capacidade de persistência em consociação com Brachiaria decumbens;
Para os animais:
Planta com alto teor proteico, importante na alimentação animal;
Boa digestibilidade (Embrapa (gadode corte), 2000).
Caraterísticas gerais
Tabela 1 - Caraterísticas gerais da Estilosante Campo Grande
	Nome científico
	Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala
	Nome comum
	Estilosantes Campo Grande
	Cultivar
	Campo Grande
	Família
	Leguminosa
	Ciclo vegetativo
	Perene
	Forma de crescimento
	 Arbustivo, semi-ereto
( (Grupo pasto forte), (VILELA)
Necessidades culturais e resistências
Requer solos secos e leves (com até 30% de argila), apresentando grande adaptação a solos arenosos e de baixa fertilidade, como é o caso do solo do cerrado. Adapta-se bem ao clima tropical.
Tabela 2 – Necessidade culturais da Estilosante Campo Grande
	Solo
	Até 30 % argila
	Fertilidade do solo
	Média 
	Altitude 
	_
	Necessidades hídricas
	900mm/anoTemperatura ótima
	_
(Grupo pasto forte) (VILELA)
Tabela 3 – Resistências da Estilosante Campo Grande
	Erosão do solo
	_
	Acidez do solo
	_
	Seca
	baixa
	Encharcamento
	_
	Frio 
	Baixa
	Sombreamento
	_
	Pisoteio
	_
	Plantas Invasoras
	_
	Praga de cigarrinhas
	tolerantes
	Doenças foliares
	tolerante
(Grupo pasto forte), (VILELA)
A leguminosa requer aplicações mínimas de calcário, fósforo (P), potássio (K) e zinco (Zn)
CAlAGEM E ADUBAÇÃO
 O estilos antes Campo Grande, segundo pesquisas feitas,mostrou-se muito bem adaptado à acidez dos solos dos Cerrados, podendo crescer e produzir forragem e sementes em solos cuja saturação por bases esteja entre 30% e 35%, na camada de ° a 20 cm de profundidade. Observou-se, que essa leguminosa pode suportar saturação de alumínio de até 35 % sem prejuízos para a produção. Saturação por bases acima de 45 %, sem a aplicação correta de micronutrientes, pode ocasionar quedas expressivas nos teores de zinco e ferro e, em menor grau, de cobre e manganês nas lâminas foliares da planta. 
As exigências de fertilidade do solo do estilos antes Campo Grande podem ser consideradas baixas. Os níveis de fósforo disponível no solo: pelo extrator Mehlich-l, de acordo com a textura do solo, na camada de 0 a 20 cm de profundidade e as respectivas doses de P,O, recomendadas são apresentadas na Tabela 1.
No caso do extrator do fósforo disponível ser a resina. os resultados da análise de solo. na camada de O a 20 cm de profundidade. podem ser interpretados de acordo com a Tabela 2 .
As doses de P O recomendadas. em kg/ha. seguem as mesmas da Tabela 1. Dentre as plan~a~ forrageiras . as gramíneas têm uma demanda maior e são mais eficientes na absorcão de potássio do solo. se comparadas às leguminosas. Assim. o estilosantes Campo Grande. plant~do em pastagem consorciada com gramíneas. deve ser monitorado para a adubação potássica. A adubação com potássio pode seguir a recomendação. de acordo com a Tabela 3 .
Quando possível, a adubação potássica em solos arenosos (menores que 15% de argila) deve ser dividida, de preferência, em duas aplicações na implantação da pastagem. sendo um terço com a dose no plantio e outros dois terços da dose quando as plantas tiverem 30 a 40 dias de germinadas. Outros nutrientes importantes. como o enxofre, e os micronutrientes zinco, cobre, ferro, manganês, boro e molibdênio devem ser aplicados de forma a evitar possíveis problemas de deficiências ao longo do desenvolvimento das plantas, principalmente em áreas de pastagem de longa exploração e que já expressavam sintomas de degradação. O gesso pode ser utilizado como fonte de S, nas doses de 250 a 350 kg/ha, de forma a garantir 40 a 50 kg/ha de S, aproximadamente. Se a fonte de fósforo for o superfosfato simples, o gesso pode ser dispensado para essa finalidade. No caso dos micronutrientes, fontes compostas como o FTE, podem fornecer todos os elementos descritos, se incorporados à fórmula dos adubos fosfatados e potássicos. em composições que forneçam pelo menos 1,5 a 2,0 kg/ha de Zn e Cu. As fontes de adubos fosfatados devem ser aquelas que contenham, preferencialmente, fontes solúveis, como o superfosfato triplo e superfosfato simples. Os fosfatos naturais reativos, tais como: Arad, Carolina do Norte, Daui, Gafsa etc., que possuem eficiência agronômica próxima das fontes solúveis (80% a 85% no primeiro anol. também podem ser empregados na implantação do estilos antes Campo Grande. desde que observadas algumas práticas importantes. como a incorporação ao solo como forma de maximizar a resposta. Aplicações superficiais. sem incorporação ao solo. não são recomendadas.
Sementeira e consociação
Tem boa capacidade de persistência em consociação com a Brachiaria decumbens, já que esta última tem uma capacidade de crescimento e de cobertura de solo muito grande. 
Não é recomendado que a leguminosa esteja em maior abundância no pasto em relação à gramínea, por criar problemas de digestibilidade nos animais. Como tal, esta não deve estar mais que 40% da área da pastagem consociada.
Tabela 4 - Sementeira e consociação da Estilosante Campo Grande
	Data da sementeira
	durante a estação chuvosa
	Modo de plantio
	a lanço ou em linha, através do plantio direto ou preparo do solo pelo método convencional
	Em linha
	-
	Entre linha
	-
	Profundidade
	1,0 a 2,0 cm
	Maquinaria recomendada
	-
	Preparo do solo
	-
	Consociações
	Rhodes, Panicum, Buffel e alguma Brachiaria
 ( (Grupo pasto forte), (VILELA)
Produção e valor nutricional
boa digestibilidade, possibilitando maior ganho de peso nos animais.
Embora não possua qualquer substância tóxica para o gado, não deve ser fornecida como alimento exclusiva por mais de trinta dias, nem cobrir mais que 40% da área da pastagem consorciada.
Tabela 5 - Produção e valor nutricional da Estilosante Campo Grande
	Matéria Verde
	_
	Matéria Seca
	17 toneladas MS/ha/ano
	Proteína Bruta na MS
	19% durante o crescimento vegetativo
	Digestibilidade 
	Boa
	Palatabilidade
	Satisfatória
 ( (Grupo pasto forte), (VILELA)
Tabela 13 - Composição químico-bromatológica e digestibilidade da Estilosante Campo Grande
(Silva, 2012)
Maneio e problemas da consociação
No maneio da pastagem em consociação devem ser considerados alguns aspetos de maneio. O pastoreio deve ser conduzido no sentido de controlar o crescimento excessivo da gramínea, para não prejudicar o crescimento da leguminosa. Importante observar no maneio que, no período de outubro a dezembro, quando houver a emergência e o estabelecimento de novas plantas, os pastoreios devem ser mais intensos, de forma a deixar espaço para as novas plantas da leguminosa, já que a principal forma de mantê-las na pastagem é via ressementeira natural, pois as plantas do estilosantes Campo Grande são anuais ou bianuais. Entretanto, mais para o final do período de chuvas e durante o outono, o pastoreio deverá ser mais leve, para favorecer a produção de sementes e deixar uma maior oferta de forragem para o período seco.
A maneira mais viável de recuperação de uma pastagem degradada de brachiaria decumbens, em solos arenosos, é a introdução de uma leguminosa para que esta Incorpore nitrogênio ao sistema .
Tabela 5 – Maneio e problemas da Estilosante Campo Grande
	
	Brachiaria decumbens
	Estilosante Campo Grande
	Tempo de formação
	90 dias
	180 dias
	Altura máxima
	1 m
	crescimento livre até 1,5 m
	Primeiro pastoreio
	80 cm de altura
	_
	Retirada do gado
	30 cm de altura
	_
	Problemas
	90 dias
	_
 ( (Grupo pasto forte), (VILELA) (VILELA)
Fertilidade do solo
	A produção vegetal biológica deverá contribuir para manter e aumentar a fertilidade dos solos e impedir a sua erosão. Nesta condição, as pastagens atuais de gramíneas serão consociadas com uma leguminosa, de forma a reforçar a biodiversidade da pastagem que que servirá para aumentar a fertilidade do solo, bem como impedir a sua erosão. Já a produção animal, em liberdade na pastagem, constituí um elemento fundamental para fertilidade do solo, na medida em que, os seus dejetos fornecem as matérias orgânicas e os nutrientes necessárias à alimentação das plantas utilizadas da pastagem. Porém, para evitar a poluição ambiental dos recursos naturais, tais como o solo e a água, está estabelecido um limite máximo de animais a utilizar por hectare (encabeçamento), em função dos níveis de azoto excretado pelos animais, não podendo exceder 170 Kg/ha/ano de azoto na superfície agrícola utilizada.
Mobilização ao solo
	A prática de mobilização do solo e reforçam esse conceito, uma vez que a são raras as mobilizações feitas ao solo. Na propriedade pouco se faz mobilização do solo, pois existe bastante cobertura vegetal, mais precisamente de pastagem. Quando se faz moobilização do solo, recorre-se ao uso de maquinas agrícolas disponibilizada pela prefeitura da cidade, faz-se uma pequena gradagem ao solo e incorporaali calcário para correção da acidez do mesmo. Na região existe bastante montanhas, dificultando o uso de máquinas agrícolas, sendo estas, pouco usadas na propriedade.
	
Análises do solo
Qualquer plano de fertilização ou corretivo de solo utilizado nas pastagens serão realizadas tendo por base os resultados das análises do solo e pelas necessidades nutritivas das plantas. Neste ponto de situação, não possível obter uma análise de solo da propriedade em questão. Assim sujere-se abaixo, um plano de correção do solo utilizando esterco bovino já disponível na pastagem pelos animais e calgem do mesmo para correção de acidez.
	Os fertilizantes e os corretivos do solo só serão utilizados em caso de necessidade e, se compatíveis com os princípios da produção biológica. 
No que respeita à braquiária decumbens, esta é bastante tolerante a acidez do solo. A aplicação de calcário é recomendada apenas para suprir os baixos teores de cálcio e magnésio.
Pode-se utilizer o esterco de bovino como adubo pois este melhora as características químicas do solo e contribuiu para o aumento dos teores de cálcio, magnésio, fósforo e matéria orgânica e diminuição da acidez. Outro coisa que pode ser feita é a calagem, pois libera o fósforo disponível. O esterco dos bovinos favorece a melhoria na química e na física do solo, tornando-o mais fofo e produtivo. Desta maneira, o solo é trabalhado, ficando mais arejado, com o PH neutro, apropriado para diversas culturas. (ARAUJO, et al., 2011).
 Como ja foi dito anteriormente neste documento, o uso da estilosantes que é rica em proteína e executa uma função importante de transformar o nitrogênio encontrado na atmosfera e fixá-lo biologicamente no solo, é uma leguminosa que contribuirá com a fertilização do solo (Embrapa (gadode corte), 2000).
A utilização de uma pastagem consorciada, por causa do maior teor de proteína, quando comparado à gramínea solteira, tem como objetivo elevar a produção por área, por seus efeitos positivos sobre a produção animal.
O esteco dos bovinos já disponível na pastagem conjuntamente com a estilosante, fará a fetilização do solo de forma natural. Havendo necessidade, uma gradagem e calagem poderão contribuir para melhoria do mesmo.
Na agricultura biológica é permitido o uso de calcário e o gesso para a correção da acidez dos solos. Como fontes de fósforo e potássio, são permitidos o uso de termofosfato, fosfato de rocha natural, termopotássio, pó de rocha e o uso restrito de sulfato de potássio
A utilização de produtos não biológicos só é requerida em casos de excecional necessidade, e autorizada em condições bem definidas.
Rega 
A agricultura é um dos principais consumidores deste recurso e a sustentabilidade do setor depende da preservação deste fator. Para uma gestão eficiente da água usada nas pastagens, é necessário conhecimento das caraterísticas do solo (infiltração e retenção), das necessidades hídricas da cultura em cada fase do ciclo vegetativo, das condições atmosféricas e dos sistemas de rega a adotar. Importa ter consciência que as regas mal efetuadas são particularmente suscetíveis ao arrastamento de nitratos para as camadas mais profundas do solo, inacessível às plantas. Por outro lado, quando bem aplicada, a rega cria boas condições de humidade no solo associadas a temperaturas favoráveis, promovendo a mineralização da matéria orgânica do solo e consequente produção de nitratos.
Na fazenda, as práticas culturais adotadas nas pastagens (poucas mobilizações ao solo, consociação de gramíneas e leguminosas e animais na pastagem), favorecem o aumento do teor e da estabilidade da matéria orgânica no solo, a melhoria da sua estrutura e o aumento da retenção de água. A propriedade possui um sistem de rega por aspersão, água oriunda de nascente da própria propriedade. A rega é feita nos dias de pouca pluviosidade e quando os animais desocupam uma parcela; assim, os animais fazem um pastejo rotacionado, e ao retornar a parcela inicial, está já foi recuperada, por haver sido regado e sem animais na mesma.
Sanidade vegetal
A utilização de produtos fitofarmacêuticos pode ter consequências prejudiciais para o ambiente ou resultar na presença de resíduos nos produtos agrícolas, é fortemente restringida pela agricultura biológica. A fazenda dá preferência à aplicação de medidas preventivas no controlo das pragas, doenças e infestantes. As formas de prevenção assentam-se na escolha de espécies e variedades adaptadas à região, uma área extensa de floresta na proteção dos predadores naturais, e nas técnicas de cultivo. 
As gramíneas Brachiaria decumbens e humidícula e a leguminosa Estilosante Campo Grande são bem-adaptada aos solos e clima da fazenda, apresentado resistência às pragas e doenças da região, conduzindo a que haja reduzidas necessidades de tratamentos fitossanitários.
Os produtos fitofarmacêuticos só serão utilizados em caso de necessidade, perante ameaça comprovada para a cultura, e se compatíveis com os princípios da produção biológica.
Podem ser utilizados na produção biológica apenas os produtos referidos no anexo II do Regulamento (CE) n.º 889/2008 de 5 de Setembro.
Também é permitida a utilização de Cobre como fungicida, sob a forma de hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, sulfato (tribásico) de cobre, óxido de cuproso, octanoato de cobre, até 6 Kg de cobre/ha/ano. No caso das culturas perenes, como é o caso da exploração, o limite do ser excedido num determinado ano, desde que a quantidade média em 5 anos não exceda esse valor. No entato a propriedade não faz uso deste protudo.
PARTE ANIMAL BIOLÓGICA
Bovino da raça Nelore
Na produção animal, os principais princípios da agricultura biológica seguidos na fazenda serão:
Sistema de produção animal ligado e adequada ao solo, com a utilização dos estrumes na nutrição das pastagens, de forma a manter a fertilidade, estabilidade e biodiversidade, bem como evitar a compactação e erosão do solo;
Escolha de raças adequadas às condições edafoclimática da região;
Alimentação animal proveniente da própria exploração. Com exceção do sal proteinado;
Minimização da utilização de recursos não renováveis e de fatores de produção externos à exploração (alimentos compostos, medicamentos veterinários). 
Preservação da saúde animal, através da estimulação das defesas imunológicas naturais do animal, bem como da escolha de raças e de práticas de criação adequadas;
Garantir elevado nível de bem-estar dos animais, respeitando as necessidades próprias de cada espécie;
Período de conversão
	No caso de serem introduzidos na exploração bovinos de criação não biológica, para que os produtos animais possam ser vendidos como produtos biológicos, as regras de produção biológica têm de ser aplicadas há, pelo menos, 12 meses, e em qualquer caso, pelo menos três quartos do seu tempo de vida. Reforça-se que esta situação assume um carácter transitório, excecional e limitado ao mínimo, ficando estabelecido o período de tempo e as medidas de exploração necessárias e adotadas para converter toda a gestão da exploração à produção biológica. (REG(CE)nº889/2008 – artigo 38º).
Os animais obtidos durante o período de conversão não podem ser comercializados com as indicações referentes à produção biológica na sua rotulagem e publicidade.
Após conversão da exploração, os animais devem ser originários de unidades de produção biológica. Quando animais biológicos não estão disponíveis no mercado, pode-se recorrer ao organismo de controlo e certificação para autorizar a utilização de animais convencionais na produção biológica.
Escolha dos animais
A escolha da raça dos bovinos tem em conta a capacidade de adaptação dos animais às condições locais, a sua vitalidade e a sua resistência às doenças ou a problemas sanitários, bem como aos indicadores zootécnicos de produtividade. Embora o bovino Nelore não seja uma raça autóctone, apresenta-se com elevada rusticidade e bem-adaptado às condições edafoclimática da região, conduzindo a poucos problemas de produçãoe poucas utilizações de fatores de produção, bons resultados de produção em pastagem, e por isso, mantendo-se a escolha desta raça para a produção animal, para garantir a produtividade no sistema biológico.
Encabeçamento
	O encabeçamento e as condições de alojamento devem garantir que sejam satisfeitas as necessidades comportamentais dos animais. Na fazenda, as condições climáticas da região permitem os animais viverem ao ar livre, sem a preocupação de prever alojamento. Relativo à pastagem, o encabeçamento tem como a preocupação evitar a poluição ambiental dos recursos naturais, tais como o solo e a água, impedindo também a degradação da pastagem (sobrepastoreia), a compactação e erosão do solo.
	Na agricultura biológica está estabelecido um limite máximo para o encabeçamento, que está relacionado com o teor de azoto do estrume dos animais, não podendo ultrapassar os 170 kg de azoto por ano e por hectare da superfície agrícola. (REG(CE)nº889/2008 – artigo 15º).
	
Cálculo do encabeçamento
Para determinar o encabeçamento adequado, foi consultado o anexo IV do Regulamento (CE) n.º 889/2008, que estipula o número de animais por hectare (Tabela 7).
Tabela 14 - Número máximo de animais por hectare
Com estes valores foi feita a média ponderal. Como os vitelos chegam à exploração com, no máximo, 4 meses de idade (CN=5) e são engordados até mais de ano de idade (CN=3,3), ou seja, ficam na exploração durante 22 meses e são vendidos com 1 ano e 10 meses de idade. Com estes valores foi feita a média ponderal, conseguindo ter um efetivo total de 175 animais, considerando a superfície agrícola das pastagens e da parcela dedicada à cana-de-açúcar, representando num total 35 hectares. Porém, preferimos seguir o mesmo número de animais que a exploração está acostumada a trabalhar, ou seja as 150 cabeças. Desta forma conseguimos obter uma carga animal de 4 cabeças por hectare, correspondendo aos valores recomendados para as pastagens.
	
Nutrição animal
	O sistema de criação dos animais em modo biológico continua a basear-se na utilização do pastoreio, alimentados com a vegetação herbácea existentes, a gramínea será consociada com uma leguminosa. Estilosante campo grande
De acordo com a disponibilidade das pastagens nas diferentes estações do ano, principalmente com maior escassez na estação seca, continuará a ser fornecido a cana-de-açúcar, provenientes da própria exploração. Apenas o suplemente de sal proteico não provém da exploração, e com a conversão terá que provir de produções biológicas.
O suplemento protéico-mineral (sal proteinado) deve ser constituído por alimentos protéicos naturais (farelo de soja, de algodão, girassol, colza, etc), não se admitindo o uso de nitrogênio não protéico, comum nos proteinados comerciais. Com isso, o teor médio de proteína do suplemento protéico mineral de uso orgânico estará em torno de 25-30%, bem menor que os 40-50% encontrados nos proteinados convencionais. Por essa razão, os pastos a serem vedados no sistema de produção orgânico devem conter leguminosas a fim de se aumentar a ingestão de MS total e PB e provocar bom desempenho animal (HADDAD, et al., 2000).
A alimentação do bovinos produzidos em modo de produção biológico será feita utilizando a Brachiaria Decumbens consociada com a Stylosantes spp cv. Campo Grande. A suplementação animal será feita utilizando a cana de açucar (Saccharum officinarum) como forragem verde triturada e sal proteinado utilizado como fonte mineral, isto porquê o cloreto de sódio está pouco disponível nas forragens para as necessidades fisiológicas dos animais. 
As recomendações devem ser adaptadas caso a caso, e o bom-senso deve prevalecer. Assim, neste momento, apontar genericamente não é o mais indicado. O importante é termos consciência de todos os fatores que envolvem a nutrição de bovinos de corte e manipula-los de forma a otimizar o consumo da dieta. Estes fatores podem envolver as limitações relativas ao alimento (concentração energética; disponibilidade; odor, sabor, textura, temperatura, entre outros) ao animal (por exemplo: individualidade; genótipo / raça; peso vivo; idade; nível nutricional anterior) e ao manejo e/ou ao ambiente (clima/temperatura; condições de fornecimento das rações; sistema de produção e manejo; a espécie forrageira pastejada, dentre outros...).
Importante frisar que precisamos avaliar todos os fatores observando os preceitos de um bom balanceamento da dieta, o que deve ser feito sempre por profissional habilitado e que esteja em contato com a propriedade.
O conjunto de alimentação dada aos animais (ração) é adaptada às suas necessidades fisiológicas. Na tabela 15 está especificado a exigência nutricional de bezerro com peso médio de 302,5 kg e um ganho médio diário de 0,600kg, consultada do programa Brcorte 3 criado pela Embrapa.
Tabela 15 – Exigências nutricionais e digestibilidade do Nelore
 
Suplementação nutricional
A fim de assegurar os requisitos nutricionais básicos dos animais, são dados aos animais sais enriquecidos em proteína. Sal Mineral Lara 90 misturado com sal comum. O sal lara contém cálcio, fósforo, sódio, vitaminas A, D3 e E, e Proteínas Brutas. Os aditivos usados na suplementação da alimentação animal, tem constar no anexo VI do Regulamento (CE) n.º 889/2008 e se forem respeitadas as restrições previstas no mesmo.
Na suplementação nutricional dos animais, não são utilizados promotores de crescimento nem aminoácidos sintéticos.	
Sanidade animal
A raça Nelore foi selecionada de modo a evitar doenças ou problemas específicos associados, sendo uma raça bem-adaptada à região da fazenda, apresentado grande resistência a doenças, o que permite reduzir o número de tratamentos veterinários. Ainda assim, apesar do sistema ser biológico, continuam a ser dadas todas as vacinas obrigatórias estipuladas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA) – simular à legislação portuguesa. 
Nos outros casos, a gestão da saúde do animal baseia-se na prevenção de doenças. O controlo das doenças é feito através de:
Homeopatia – sistema terapêutico em que se tratam doenças com substâncias dadas em doses muito pequenas capazes de produzir em indivíduos sãos sintomas semelhantes de indivíduos doentes, no sentido de fortalecê-lo (as substâncias tem que constar no anexo V do Regulamento (CE) n.º 889/2008); e
Alopatia – sistema terapêutico que trata as doenças por meios contrários a elas. Os medicamentos alopáticos utilizados não podem ser de síntese química.
No entanto, em caso de doença ou lesão de um animal que exija tratamento imediato, e quando não existe outra forma de solução, a utilização de medicamentos alopáticos de síntese química, incluído antibióticos, pode ser utilizada, mas em condições estritas, e sob a responsabilidade de um médico veterinário. 
Na utilização de medicamentos alopáticos de síntese química ou antibióticos, existe a restrição da comercialização do animal como biológico, com a imposição do dobro do intervalo de segurança prescrita no medicamento (artigo 11.º da Diretiva 2001/82/CE). 
Se forem administrados mais de 3 tratamentos com medicamentos alopáticos de síntese química ou antibióticos no prazo de 12 meses, os animais tratados não podem ser vendidos sob a designação de produto biológico, tendo que serem submetidos aos períodos de conversão de 12 meses ou ¾ do seu tempo de vida.
Seguem-se alguns dos métodos para o controlo de doenças incidentes na exploração:
Endoparasitas – utiliza-se o “nim”, uma planta indiana que funciona como um desparasitante (anti-helmíntico) natural. A partir da planta é produzida uma massa, resultado da trituração das sementes da planta, que é colocada junto com o sal mineral, para ser efetuado o tratamento.
Mosca-do-chifre – utiliza-se a essência de alho, espalhando-a sobre o gado e afugentando a praga.
Carraças - A torta de neem é muito eficiente no combate e controle do carrapato, agindo em todas as fases

Continue navegando