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DRENAGEM SUPERFICIAL O sistema de drenagem superficial tem por objetivo a captação ou interceptação e remoção das águas precipitadas, sobre as estradas e áreas adjacentes, que escoam superficialmente. A água superficial é a água que resta de uma chuva após serem deduzidas as perdas por evaporação e por infiltração. As águas superficiais devem ser removidas ou conduzidas para fora do corpo estradal, ou para locais apropriados de deságue seguro, para evitar a sua acumulação na estrada, bem como visando proporcionar estabilidade aos maciços de terra que constituem a infraestrutura e não causar erosão nos terrenos marginais. O sistema de drenagem superficial se compõe dos seguintes dispositivos: valeta de proteção de corte valeta de proteção de aterro sarjeta de corte sarjeta e meio-fio de aterro sarjeta de canteiro central e de banquetas transposição de segmentos de sarjetas saída e descida d’água em talude dissipador de energia bueiro de greide caixa coletora bacia de captação e vala de derivação DRENAGEM PARA TRANSPOSIÇÃO DE TALVEGUES Tem por objetivo permitir a passagem das águas que escoam pelo terreno natural, não as interceptando, de um lado para outro do corpo estradal projetado. Assim, estes dispositivos de drenagem, isolados ou em conjunto, são estruturas projetadas para conduzir as águas dos córregos, bacias e açudes interceptados pela estrada. Podem ser separados em dois tipos: Pontes ou Obras de Arte Especiais-OAE Bueiros ou Obras de Arte Correntes-OAC DRENAGEM PROFUNDA OU SUBTERRÂNEA O sistema de drenagem profunda objetiva interceptar fluxos das águas subterrâneas e rebaixar o lençol freático, em cortes em solo ou rocha, captando e escoando as águas, de forma a impedir a deterioração progressiva do suporte das camadas dos terraplenos e pavimentos. Os drenos variam conforme seus elementos constituintes bem como suas classificações. Os drenos mais utilizados são dos seguintes tipos: dreno contínuos e descontínuo dreno cego colchão drenante dreno a céu aberto dreno em “espinha de peixe” dreno subhorizontal. VALETA DE PROTEÇÃO DE CORTE Também denominada de Valeta de Coroamento, consiste em dispositivo destinado a interceptar e conduzir as águas precipitadas sobre as áreas adjacentes e que escoam a montante dos cortes, visando impedir que estas atinjam o corpo estradal. Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto, solo-cimento ou o próprio solo compactado. Normalmente são construídas paralelamente as cristas dos cortes a uma distância mínima de 3,0m da linha de off-sets, com seção transversal trapezoidal ou triangular, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica. Na escolha do tipo de seção deve-se observar que as seções triangulares criam plano preferencial de escoamento d'água, por isso são pouco recomendadas para grandes vazões. Por motivo de facilidade de execução, a seção a adotar nos cortes em rocha deverá ser retangular. As valetas com forma trapezoidal são mais recomendáveis por apresentarem maior eficiência hidráulica. As valetas de proteção de cortes podem ser trapezoidais, retangulares ou triangulares. Os revestimentos da valeta de corte deverão ser escolhidos de acordo com a velocidade do escoamento (tabela 31 do Apêndice B) e conforme a natureza do material do solo. Em princípio, convém sempre revestir as valetas, sendo isso obrigatório quando elas forem abertas em terreno permeável, para evitar que a infiltração provoque instabilidade no talude do corte. Atenção especial deve ser dado ao revestimento da valeta triangular, pois, pela própria forma da seção, há uma tendência mais acentuada à erosão e infiltração. Os tipos de revestimentos mais recomendados são: • Concreto; • Alvenaria de tijolo ou pedra; • Pedra arrumada; • Vegetação. VALETA DE PROTEÇÃO DE CORTE VALETA DE PROTEÇÃO DE CORTE VALETA DE PROTEÇÃO DE ATERRO A semelhança da valeta de corte, esta consiste em dispositivo destinado a interceptar e conduzir as águas precipitadas sobre as áreas adjacentes e que escoam a montante dos aterros, visando impedir que estas atinjam o corpo estradal (pé do aterro), direcionando-as aos bueiros. Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto, solo-cimento ou o próprio solo compactado. Normalmente são construídas paralelamente ao pé do talude de aterro, a uma distância mínima de 1,0m da linha de off-sets, com seção transversal trapezoidal ou triangular, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica. VALETA DE PROTEÇÃO DE ATERRO Representação gráfica de dois exemplos de valeta de proteção de corte revestida em concreto e em grama. SARJETA DE CORTE As sarjetas de corte são dispositivos de drenagem construídos lateralmente as pistas de rolamento, destinados a captar e conduzir longitudinalmente as águas precipitadas sobre a pista de rolamento e áreas laterais a rodovia para os bueiros, saídas dos cortes ou talvegues naturais. Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto ou solo-cimento. Normalmente são construídas junto aos acostamentos, com seção transversal triangular, semicircular ou trapezoidal, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica. SARJETA DE CORTE SARJETA E MEIO-FIO DE ATERRO As sarjetas e meio-fios de aterro são dispositivos destinados a conduzir longitudinalmente as águas precipitadas sobre a pista de rolamento para os bueiros de greide ou saídas d’água, impedindo que escoem pelo talude do aterro, provocando pontos de erosão. As sarjetas podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto ou solo-cimento, normalmente construídas em seção transversal triangular ou trapezoidal, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica, em aterros com altura superior a 3m, em interseções e no bordo interno de curvas horizontais. Os meio-fios, de diferentes seções transversais, são pré-moldados em concreto e também podem ter a função de limitar a área da plataforma, principalmente onde se torna necessária a orientação de tráfego, como canteiro central ou interseções, complementando de forma importante a função de orientação da drenagem superficial e da segurança da via. SARJETA E MEIO-FIO DE ATERRO SARJETA DE CANTEIRO CENTRAL E DE BANQUETA As sarjetas de canteiro central são dispositivos destinados a captar e conduzir longitudinalmente, entre as pistas opostas de uma rodovia de pista dupla, as águas precipitadas sobre as pistas de rolamento e área central da rodovia, para caixas coletoras e bueiros de greide. As de banquetas são sarjetas implantadas em taludes de corte ou aterro cuja altura requeira o banqueteamento. Podem ser revestidas de grama, pedra arrumada, pedra argamassada, concreto ou solo-cimento. Normalmente são construídas com seção transversal triangular ou trapezoidal, moldadas “in loco” de forma manual e/ou mecânica. SARJETA DE CANTEIRO CENTRAL E DE BANQUETA TRANSPOSIÇÃO DE SEGMENTOS DE SARJETAS São dispositivos destinados a dar acesso a propriedades ou vias laterais (secundárias) a rodovia, permitindo a passagem dos veículos sobre sarjetas, sem causar danos ao dispositivo ou a interrupção do fluxo canalizado. Distinguem-se dois tipos básicos : tubos de concreto, tipo de encaixe macho e fêmea, envolvidos por berço e cobertura de concreto simples; laje de grelha de concreto armado, pré-moldada. SAÍDA E DESCIDA D’ÁGUA EM TALUDEAs descidas d’água para taludes de cortes são dispositivos destinados a conduzir através dos taludes de cortes as águas de talvegues interceptados pela rodovia, sendo que a descarga se faz normalmente em caixas coletoras de bueiros de greide ou, excepcionalmente, na própria sarjeta de corte. As descidas d’água em taludes de aterros são dispositivos locados nos pontos mais baixos, destinados a conduzir através dos taludes de aterros as águas de plataforma coletadas por sarjetas ou meio-fios de aterros e os fluxos de bueiros de greide que descarregam no talude de aterro, normalmente são complementadas por dissipadores de energia. As descidas d’água podem ser rápidas (lisas) ou em degraus. Ambas as descidas são moldadas “in loco”, em concreto simples ou armado, pedra argamassada ou em calha metálica corrugada, com seção transversal retangular ou trapezoidal. As saídas d’água são dispositivos em concreto simples, moldado “in loco”, destinados a receber as águas da plataforma coletadas pelas sarjetas e meio-fios, nos extremos de comprimentos críticos, conduzindo-as às descidas d’água em taludes de aterros, sem quebrar a continuidade do fluxo d’água. DISSIPADOR DE ENERGIA Dissipadores de energia são dispositivos que têm a função de reduzir a energia de fluxos d’água concentrados por outros dispositivos de drenagem, promovendo a redução de velocidade de escoamento, minimizando os efeitos erosivos quando da disposição final junto ao terreno natural. Construído “in loco”, em concreto e pedra de mão (0,10 a 0,15cm) arrumada, assentada sobre uma caixa escavada no terreno, com as paredes e fundo revestidos em concreto, situada a frente e sob a extremidade de outro dispositivo de drenagem; na falta de pedra de mão, ou por opção, pode-se executar o concreto denteado. Também podem ser associados a descidas d’água em degraus. BUEIRO DE GREIDE Consiste numa linha de tubos de concreto, normalmente armado, com diâmetro de 0,80m, apoiado num berço de concreto magro, quase a superfície da plataforma de terraplenagem, com objetivo de propiciar adequadas condições de deságue das águas coletadas por dispositivos de drenagem superficial cuja vazão admissível tenha sido atingida ou drenar pontos baixos. São localizados em seções mistas, passagens de corte para aterro, pontos mais baixos dos aterros e transposições de pistas quando necessário. BUEIRO DE GREIDE CAIXA COLETORA São dispositivos de concreto simples ou de alvenaria de tijolos, utilizáveis nas extremidades dos bueiros de greide para a captação e transferência das águas provenientes de sarjetas (caixa coletora de sarjeta) ou em substituição a boca de montante de bueiros de grota (caixa coletora de talvegue). Os poços de inspeção são caixas destinadas a permitir a conexão de canalizações com alinhamentos, dimensões e declividades diferentes que se interceptam em um ponto; também são utilizados em segmentos de canalizações muito longos, de modo a facilitar as tarefas de manutenção e limpeza. CAIXA COLETORA DIMENSIONAMENTO HIDRÁULICO Para proceder ao dimensionamento hidráulico das valetas, há necessidade de estimar a descarga de contribuição, utilizando-se o método racional, onde a área de drenagem é limitada pela própria valeta e pela linha do divisor de águas da vertente a montante. onde: Q = descarga de contribuição em m3/s; c = coeficiente de escoamento, adimensional, fixado de acordo com o complexo solo-cobertura vegetal e declividade do terreno (tabela 39 do Apêndice C); i = intensidade de precipitação, em cm/h para a chuva de projeto, fixada no estudo hidrológico; A = área de contribuição, em m2, determinada através de levantamentos topográficos, aerofotogramétricos ou expeditos. Fixada a vazão de contribuição, passa-se ao dimensionamento hidráulico propriamente dito através da fórmula de Manning e da equação da continuidade. onde: V = velocidade de escoamento, em m/s; i = declividade longitudinal da valeta, em m/m; n = coeficiente de rugosidade de Manning, adimensional, função do tipo de revestimento adotado, (tabelas 27 e 28 do Apêndice B); R = raio hidráulico, em m; Q = vazão admissível na valeta, em m3/s; A = área molhada, em m2. Q = A ⋅ V (Equação da continuidade) A sequência de cálculo a seguir para o projeto da valeta será como abaixo descrito: fixa-se o tipo de seção a ser adotada, geralmente a largura em caso de valetas retangulares, a largura e a inclinação das paredes laterais nas trapezoidais ou a inclinação das paredes laterais em caso de seção triangular, deixando a altura h a determinar; determina-se a declividade da valeta; fixa-se a velocidade máxima admissível (v), tendo em vista o tipo de revestimento escolhido e consequentemente o valor do coeficiente de rugosidade n (tabela 34 do Apêndice B); Através de tentativas, dá-se valores para a altura (h), recalculando-se os respectivos elementos hidráulicos da seção, tais como: perímetro molhado, raio hidráulico e área molhada, e aplicando a fórmula de Manning e a equação de continuidade, determina-se a velocidade e a descarga admissível da valeta; a comparação entre a descarga afluente e a vazão admissível orientará a necessidade ou não do aumento da altura h; a comparação entre a velocidade de escoamento e a velocidade admissível orientará a necessidade ou não de alterar o revestimento previsto; verifica-se o regime do fluxo através do cálculo da altura crítica cujas fórmulas a empregar para as diversas seções são: onde: h = altura crítica, em m; Q = vazão de projeto na valeta em m3/s; B = base da valeta, em m; z = inclinação da parede da valeta (relação da horizontal para a vertical); h = altura do fluxo, em m; v = velocidade do escoamento, em m/s; g = aceleração da gravidade m/s2; Se h < hc o regime do fluxo é supercrítico h > hc o regime do fluxo é subcrítico h = hc o regime do fluxo é crítico A altura do fluxo na valeta, na situação de projeto, dentro de uma faixa de 10%da altura crítica deve ser evitada. Determina-se o bordo livre da valeta, que é a distância vertical do topo da valeta à superfície da água na condição do projeto, de acordo com as seguintes fórmulas e indicações: Para valetas em terra com capacidade até 0,3m3/s; f =0,2⋅h f = folga (bordo livre), em cm; h = profundidade da valeta, em cm. • Para valetas em terra com capacidade de 0,3 a 10,0 m3/s f = 46×h Para valetas revestidas pode ser usada a seguinte tabela:
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