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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS 
Barney Bichara 
Direito Administrativo 
Aula 02 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Se o regime jurídico administrativo é um conjunto de princípio e regras que dá identidade ao direito administrativo, 
faz-se necessário o estudo dos princípios que o compõem. E, acerca do tema, inexiste uniformidade na doutrina. 
Hely Lopes Meirelles, por exemplo, identificava a impessoalidade com a finalidade, expressões sinônimas. Asseverava 
que, muito antes da CF, a impessoalidade era tratada como finalidade. No mesmo sentido, o princípio do interesse 
público é sinônimo do princípio da supremacia do interesse público. 
Celso Antônio Bandeira de Mello os categoriza como princípios constitucionais do Direito Administrativo brasileiro, 
indicando a existência de princípios expressos e implícitos. Para o autor, o princípio da finalidade se liga ao princípio 
da legalidade, isto é, a Administração faz o que a lei manda, e quando a lei descreve o comportamento a ser adotado, 
aponta a sua finalidade. Descumprir a finalidade da lei significa descumprir a própria lei. Portanto, ora encontramos a 
finalidade atrelada à impessoalidade, conforme defendido por Hely Lopes Meirelles, ora à legalidade. 
Celso Antônio ainda aborda princípios não indicados por outros autores, como o princípio do controle judicial dos atos 
administrativos e princípio da responsabilidade do Estado por atos administrativos. 
 
HELY LOPES MEIRELLES 
1. Legalidade 
2. Moralidade 
3. Impessoalidade ou Finalidade 
4. Razoabilidade e Proporcionalidade 
5. Publicidade 
6. Eficiência 
7. Segurança Jurídica 
8. Motivação 
9. Ampla defesa e contraditório 
10. Interesse Público ou supremacia do interesse público 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO - PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCITOS 
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO 
1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado 
2. Princípio da legalidade 
3. Princípio da finalidade 
4. Princípio da razoabilidade 
5. Princípio da proporcionalidade 
6. Princípio da motivação 
7. Princípio da impessoalidade 
8. Princípio da Publicidade 
9. Princípio do devido processo legal e ampla defesa 
 
 
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10. Princípio da moralidade administrativa 
11. Princípio do controle judicial dos atos administrativos 
12. Princípio da responsabilidade do Estado por atos administrativos 
13. Princípio da eficiência 
14. Princípio da segurança jurídica 
 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
JOSE DOS SANTOS CARVALHO FILHO 
1. Princípios Expressos 
A. Princípios da legalidade 
B. Princípios da Impessoalidade 
C. Princípios da Moralidade 
D. Princípios da Publicidade 
E. Princípios da Eficiência 
2. Princípios Reconhecidos 
A. Princípio da supremacia do interesse público 
B. Princípio da autotutela 
C. Princípio da indisponibilidade 
D. Princípio da continuidade dos serviços públicos 
E. Princípio da segurança jurídica (proteção a confiança) 
F. Princípio da precaução 
3. Princípios da Razoabilidade 
4. Princípios da Proporcionalidade 
 
José dos Santos Carvalho Filho os denomina princípios administrativos, classificando em 1. Expressos (art. 37, caput, 
da CF), 2. Reconhecidos, 3. Da razoabilidade e 4. Da proporcionalidade. Note-se que, embora tenha se referido apenas 
aos princípios do artigo 37, caput, da CF, eis que dedicados à Administração Pública, são expressos os princípios 
positivados no direito posto. 
 
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO 
1. Legalidade 
2. Supremacia do interesse público 
3. Impessoalidade 
4. Presunção de legitimidade ou veracidade 
5. Especialidade 
6. Controle ou tutela 
7. Autotuela 
8. Hierarquia 
9. Continuidade do serviço público 
10. Publicidade 
11. Moralidade administrativa 
12. Razoabilidade e proporcionalidade 
13. Motivação 
14. Eficiência 
15. Segurança Jurídica, proteção a confiança e boa fé 
 
Maria Sylvia limita-se a apresentar um rol de princípios da Administração Pública. Aqui, adotaremos seus conceitos. 
 
1º Legalidade 
A CF trata da legalidade em dois pontos, no artigo 5º, dirigida ao cidadão - autonomia da vontade -, outro dirigido à 
Administração, contida no artigo 37, caput - a Administração cumpre a lei, não tem vontade -. 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
I - atuação conforme a lei e o Direito; 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
 
 
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Traz esse inciso I o conceito de legalidade, para alguns legalidade em sentido amplo ou juridicidade. Isto é, não apenas 
a lei deve ser cumprida, mas todos os demais regramentos e princípios que integram o ordenamento jurídico. 
 
2º Impessoalidade 
 
Constituição Federal, Art. 37, § 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, 
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; 
(...) 
 
O ato praticado pelo agente público não se reveste de pessoalidade. O Estado, enquanto pessoa jurídica, não tem 
ânimo próprio, dependendo de pessoas naturais para ver declarada sua vontade. E o ato do agente é imputado ao 
órgão que integra o Estado. Segundo a teoria do órgão idealizada por Otto Gierke, o Estado é pessoa jurídica, sujeito 
de direitos e obrigações, formado internamente por órgãos, cujas atribuições são fixadas pela lei, mas executadas 
pelo agente público e, por fim, imputadas ao órgão. Assim, o ato do agente é impessoal. 
O agente não pode se promover a partir da realização de atos, programas, obras ou serviços, pois pertencem ao 
Estado, limitando-se o agente a executá-los. Pela mesma razão não será responsabilizado objetivamente pelos atos 
praticados em nome do Estado que causarem danos a outrem. 
Note que a Lei n. 9.784/1999, no artigo 2º, inciso III, fala em objetividade no atendimento do interesse público no 
sentido da finalidade, isto é, da impessoalidade. Ninguém deve ser preferido, tampouco preterido. 
 
3º Moralidade 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; 
(...) 
 
A moralidade administrativa consiste em observar a ética, o decoro e a honestidade. A moralidade integra o 
patrimônio público, na medida em que este não se reduz a bens e valores de natureza meramente econômica. E, 
justamente por integraro patrimônio público, merece tutela/proteção estatal. Ex.: ação civil de improbidade 
administrativa por ofensa aos princípios da Administração Pública. 
 
 
4º Publicidade 
 
Constituição Federal, Art. 5º (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (...) 
 
Lei 12.527/2011 - hipóteses de sigilo. 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
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(...) 
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; 
(...) 
 
Conclui-se que o cidadão tem o direito de pedir, e o Estado, de informar. 
 
A divulgação oficial, pela internet, jornal, outros meios de comunicação, caracteriza-se como condição de eficácia dos 
atos administrativos. Não obstante, nada substitui a publicação oficial, cuja prática representa a certeza de que a 
Administração cumpriu o dever de informar. 
 
5º Eficiência 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 19/1998 
 
Celso Antônio Bandeira de Mello o denomina princípio da boa administração; mínimo que se pode esperar da 
Administração, não sendo suficiente o mero cumprimento da lei. 
O modelo burocrático de gerir a coisa pública, focado na forma, no procedimento e na legalidade estrita, revelou-se 
ineficiente, levando à reforma da administração, cujo mote foi a eficiência - rompimento do modelo burocrático para 
implementação do modelo gerencial -. Em outros termos, legalidade, forma e procedimento são meios para a 
realização de um fim - o interesse público -, e não fins em si mesmos, sendo o escopo principal da EC 19/1998 a 
eficiência. 
Celso Antônio lembra que o cumprimento da lei não pode ser preterido em busca da eficiência, tampouco os demais 
princípios integrantes do ordenamento jurídico. 
 
4º Especialidade 
 
Lei 6404/1976, Art. 237. A companhia de economia mista somente poderá explorar os empreendimentos ou exercer 
as atividades previstas na lei que autorizou a sua constituição (Embora se aplique apenas às sociedades anônimas, 
traduz expressão do princípio da especialidade). 
 
Cada pessoa da Administração Pública indireta criada pelo Estado só pode atuar dentro da área definida em sua lei de 
criação. Ex.: Correios (EBCT) somente podem executar serviço postal, Banco do Brasil deve limitar-se ao setor 
financeiro. 
 
5º Controle ou Tutela 
 
DL 200/67 
Art. 4º A Administração Federal compreende:(...) 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de 
competência estiver enquadrada sua principal atividade. 
Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: 
(...) V - Controle. 
 
Significa dizer que o Estado, a partir da Administração Direta, controla as pessoas jurídicas da Administração Indireta, 
sem qualquer subordinação, mas apenas vinculação. Não há dependência ou autotutela, mas 
tutela/vinculação/controle/supervisão. Na Administração federal, esse princípio denomina-se supervisão ministerial. 
Ex.: por meio do Ministério de Minas e Energia, a União supervisiona a Petrobras; por meio do Ministério da Fazenda, 
a União supervisiona a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. 
 
6º Autotutela 
 
Lei 9.784/1999, Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e 
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 
 
Poder de revisão para anular o ato ilegal ou rever o ato inconveniente. Súmula n. 473 do STF. 
 
7º Hierarquia 
 
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Lei 9.784/1999, Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar 
parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente 
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou 
territorial. 
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos 
respectivos presidentes. 
(...) 
Lei 9.784/1999, Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, 
a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. 
 
A Professora Maria Sylvia coloca a hierarquia como princípio do Direito Administrativo, eis que própria/característica 
da função administrativa. Acrescenta que legalidade e hierarquia realizam a finalidade pública, vez que a ordem parte 
de cima, sendo executada pelos diversos níveis, até chegar na ponta. Portanto, a hierarquia e os poderes hierárquicos 
caracterizam a atividade administrativa. 
Delegar significa transferir para outro o exercício de uma competência, dentro ou fora da relação hierárquica. Avocar 
corresponde ao chamamento de uma competência realizado pelo superior, para si, em relação ao subordinado 
necessariamente. 
 
8º Continuidade dos Serviços Públicos ou Permanência 
 
Lei 8.987/1995, Art. 6º. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno 
atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. 
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, 
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. 
(...) 
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após 
prévio aviso, quando: 
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, 
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 
 
O serviço público não pode ser interrompido, salvo as exceções previstas na lei. Observe-se que a inadimplência do 
Poder Público é passível de interrupção do serviço, desde que não afete serviços essenciais, sob pena de a população 
sofrer a punição. 
 
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SOBRE PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário, desde que 
precedido de notificação. 
AgRg no AREsp 412822/RJ 
AgRg no REsp 1090405/RO 
AgRg no Ag 1270130/RJ 
AREsp 473348/MG 
AREsp 335531/PE 
AREsp 452420/SP 
AREsp 149611/SP 
AREsp 088590/RJ 
 
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das 
instalações, desde que precedido de notificação. 
AgRg no REsp 1090405/RO 
REsp 1298735/RS 
AgRg no REsp 1184594/MT 
AgRg no Ag 1048299/RJ 
AgRg no Ag 780147/RS 
AREsp 149611/SP 
 
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física 
do usuário. 
REsp 853392/RS 
AREsp 452420/SP 
 
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É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito 
público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços 
indispensáveis à população. 
AgRg no AgRg no AREsp 152296/AP 
AgRg no Ag 1270130/RJ 
AgRg na SS 001764/PB 
EAREsp 281559/AP 
REsp 992040/RN 
AREsp 276036/MA 
 
É ilegítimo ocorte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma 
vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde. 
AgRg no Ag 1329795/CE 
AgRg no REsp 1142903/AL 
REsp 734440/RN 
AREsp 183983/SP 
 
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer de 
débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do 
consumo. 
AgRg no AREsp 484166/RS 
AgRg no REsp 1351546/MG 
AgRg no AREsp 462325/RJ 
REsp 1222882/RS 
AgRg no AgRg no AREsp 152296/AP 
AgRg no AREsp 412849/RJ 
AgRg no AREsp 360181/PE 
AgRg no AREsp 345638/PE 
AgRg no REsp 1261303/RS 
AREsp 270291/SP 
 
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da 
natureza pessoal da dívida. 
AgRg no AREsp 196374/SP 
AgRg no AREsp 416393/RJ 
AgRg no REsp 1381468/RN 
REsp 1442585/SP 
AREsp 438643/RJ 
AREsp 364203/RS 
AREsp 175965/SP 
 
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito 
e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos 
morais. 
REsp 811690/RR 
AREsp 452420/SP 
 
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no 
hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária. 
AgRg no AREsp 346561/PE 
AgRg no AREsp 370812/PE 
AgRg no AREsp 368993/PE 
AgRg no AREsp 358735/SP 
AgRg no AREsp 332891/PE 
AREsp 265927/SP 
AREsp 321645/RS 
AREsp 357000/SP 
AREsp 408395/SP 
 
O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre 
outra unidade de consumo do usuário inadimplente. 
REsp 662214/RS 
REsp 1379083/RS 
 
9º Razoabilidade e Proporcionalidade 
 
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Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
(...) 
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior 
àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; 
(...) 
 
Embora alguns tratem razoabilidade e proporcionalidade como expressões sinônimas, elas não se confundem. 
Proporcionalidade é um aspecto/uma dimensão da razoabilidade, posto que não há conduta razoável que não seja 
proporcional. Proporcionalidade é inerente à razoabilidade, mas a ela não se resume. Razoável é a conduta que se 
orienta por padrões de bom senso, equilíbrio, temperança. 
 
10º Motivação 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: (...) 
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; 
Lei 9.784/1999, Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos 
jurídicos, quando: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e 
relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. 
§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com 
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante 
do ato. 
§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os 
fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. 
§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou 
de termo escrito. 
 
Anote-se que a Lei n. 9.784/99 tem aplicação no âmbito federal, cabendo aos Estados e Municípios editar suas próprias 
leis. No referido diploma, a União estabelece oito hipóteses nas quais a motivação é obrigatória, sob pena de 
ilegalidade. 
 
11º Segurança Jurídica, proteção à confiança e boa fé 
 
Lei 9.784/1999, Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: 
(...) 
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se 
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. 
(...) 
 
A proteção da confiança, a lealdade, a boa-fé, a não surpresa, são desdobramentos de uma mesma ideia maior, a 
segurança jurídica. O Estado existe para assegurar a previsibilidade, a proteção da confiança, devendo atuar de acordo 
com essas premissas. E, se a Administração faz o que a lei manda (princípio da legalidade), a lei em muitas ocasiões 
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precisa ser interpretada para ser aplicada, bem como revista a interpretação porque a sociedade muda. Não obstante, 
não é permitido aplicar nova interpretação legal a fatos pretéritos, sob pena de flagrante violação da segurança 
jurídica. 
 
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, 
da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou 
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na 
administração pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF. [Súmula vinculante 13] 
 
Nepotismo - prática comum na história do País, consistente na nomeação de parentes para cargos públicos de livre 
nomeação - cargos em comissão e funções de confiança -. E, nos termos da Súmula Vinculante 13, o nepotismo viola 
a Constituição, até o terceiro grau de parentesco. Com o nepotismo, violam-se os princípios da Administração Pública, 
notadamente a moralidade, a impessoalidade e a eficiência - o critério que leva à nomeação do parente não diz 
respeito a sua capacidade -. 
 
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua 
verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida. [Súmula 
636] 
 
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não 
se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos 
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. [Súmula 473] AUTOTUTELA 
 
A Administração Pública podedeclarar a nulidade dos seus próprios atos. [Súmula 346] AUTOTUTELA 
 
Possibilidade de um ato administrativo, caso evidenciada a violação direta ao texto constitucional, ser anulado pela 
Administração Pública quando decorrido o prazo decadencial previsto na Lei 9.784/1999 [RE 817338 Tema 839 da 
repercussão geral] 
 
Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor anterior e a 
gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e corrigir as falhas (exs.: 
apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento contra o antigo gestor etc.), 
neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União. Assim, 
segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções às 
administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores. Segundo o Min. Luiz Fux, “não 
se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito democraticamente e não foi responsável diretamente pelas 
dificuldades financeiras que acarretaram a inscrição combatida” [STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 10/5/2016] 
 
Obs.: aplica-se ao Direito Administrativo o princípio da intranscendência subjetiva das sanções. 
 
"O Supremo Tribunal já assentou que diante de indícios de ilegalidade, a Administração deve exercer seu poder-
dever de anular seus próprios atos, sem que isso importe em contrariedade ao princípio da segurança jurídica. 
Nesse sentido, as súmulas 346 e 473 deste Supremo Tribunal: 'A administração pública pode declarar a nulidade 
dos seus próprios atos' (Súmula 346).'A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios 
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial' (Súmula 
473)." [AO 1483, Relatora Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgamento em 20.5.2014, DJe de 3.6.2014] 
 
Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já decorreram 
efeitos concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular processo administrativo. 2. Ordem de revisão de 
contagem de tempo de serviço, de cancelamento de quinquênios e de devolução de valores tidos por 
indevidamente recebidos apenas pode ser imposta ao servidor depois de submetida a questão ao devido processo 
administrativo, em que se mostra de obrigatória observância o respeito ao princípio do contraditório e da ampla 
defesa. (...) O recorrente pretendeu ver reconhecida a legalidade de seu agir, com respaldo no verbete da Súmula 
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nº 473 desta Suprema Corte, editada ainda no ano de 1969, sob a égide, portanto, da Constituição anterior. (...) A 
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, foi erigido à condição de garantia constitucional do cidadão, 
quer se encontre na posição de litigante, num processo judicial, quer seja um mero interessado, em um processo 
administrativo, o direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes. Ou seja, a 
partir de então, qualquer ato da Administração Pública que tiver o condão de repercutir sobre a esfera de interesses 
do cidadão deverá ser precedido de prévio procedimento em que se assegure ao interessado o efetivo exercício do 
direito ao contraditório e à ampla defesa. Mostra-se, então, necessário, proceder-se à compatibilização entre o 
comando exarado pela aludida súmula e o direito ao exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, garantidos 
ao cidadão pela norma do art. 5º, inciso LV, de nossa vigente Constituição Federal." [RE 594296, Relator Ministro 
Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgamento em 21.9.2011, DJe de 13.2.2012, com repercussão geral - tema 138] 
 
No impeachment, todas as votações devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos 
representantes e legitimação do processo. No silêncio da Constituição, da Lei 1.079/1950 e do Regimento Interno 
sobre a forma de votação, não é admissível que o Presidente da Câmara dos Deputados possa, por decisão 
unipessoal e discricionária, estender hipótese inespecífica de votação secreta prevista no RI/CD, por analogia, à 
eleição para a Comissão Especial de impeachment. Em uma democracia, a regra é a publicidade das votações. O 
escrutínio secreto somente pode ter lugar em hipóteses excepcionais e especificamente previstas. Além disso, o 
sigilo do escrutínio é incompatível com a natureza e a gravidade do processo por crime de responsabilidade. Em 
processo de tamanha magnitude, que pode levar o Presidente a ser afastado e perder o mandato, é preciso garantir 
o maior grau de transparência e publicidade possível. Nesse caso, não se pode invocar como justificativa para o 
voto secreto a necessidade de garantir a liberdade e independência dos congressistas, afastando a possibilidade de 
ingerências indevidas. Se a votação secreta pode ser capaz de afastar determinadas pressões, ao mesmo tempo, 
ela enfraquece o controle popular sobre os representantes, em violação aos princípios democrático, representativo 
e republicano. Por fim, a votação aberta (simbólica) foi adotada para a composição da Comissão Especial no 
processo de impeachment de Collor, de modo que a manutenção do mesmo rito seguido em 1992 contribui para a 
segurança jurídica e a previsibilidade do procedimento. [ADPF 378 MC, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 16-12-
2015, P, DJE de 8-3-2016] 
 
A norma depreendida do art. 37, caput, da CF/88 para a definição de nepotismo – em especial os princípios da 
moralidade, da impessoalidade e da eficiência – não tem o condão de diferenciar as pessoas tão somente em razão 
de relação de matrimônio, união estável ou parentesco com servidor efetivo do poder público, seja para as 
selecionar para o exercício de cargos de direção, chefia ou assessoramento no âmbito da Administração Pública, 
seja para excluir sua aptidão para o desempenho dessas funções. [MS 28.485, rel. min. Dias Toffoli, j. 1-11-2014, 1ª 
T, DJE de 4-12-2014.] = Rcl 18.564, rel. p/ o ac. min. Dias Toffoli, j. 23-2-2016, 2ª T, DJE de 3-8-2016 
 
Os cargos políticos são caracterizados não apenas por serem de livre nomeação ou exoneração, fundadas na fidúcia, 
mas também por seus titulares serem detentores de um munus governamental decorrente da Constituição Federal, 
não estando os seus ocupantes enquadrados na classificação de agentes administrativos. Em hipóteses que atinjam 
ocupantes de cargos políticos, a configuração do nepotismo deve ser analisado caso a caso, a fim de se verificar 
eventual "troca de favores" ou fraude a lei. Decisão judicial que anula ato de nomeação para cargo político apenas 
com fundamento na relação de parentesco estabelecida entre o nomeado e o chefe do Poder Executivo, em todas 
as esferas da federação, diverge do entendimento da Suprema Corte consubstanciado na Súmula Vinculante 13. 
[Rcl 7.590, rel. min. Dias Toffoli, j. 30-9-2014, 1ª T, DJE de 14-11-2014.] 
 
 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. CONCEITO 
São prerrogativas que a ordem jurídica reconhece em favor da Administração Pública como instrumentos para 
garantir a supremacia do interesse público e a preservação do bem comum. 
 
Pode-se dizer que quem quer os fins oferece os meios necessários. Os poderes constitucionais possuem natureza 
orgânica, pois são órgãos - Executivo, Legislativo e Judiciário - que compõem a estrutura interna do Estado; já os 
poderes administrativos são instrumentais, vez que são instrumentos colocados à disposição pela ordem jurídica em 
favor da Administração, para que se garanta a supremacia dos interesses públicos e realize o bem comum, 
submetendo o indivíduoà coletividade. 
 
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2. FUNDAMENTO 
Princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. 
 
A doutrina classifica o interesse público em duas categorias: primário (bem comum) e secundário (interesse do Estado 
enquanto pessoa jurídica na realização do bem comum). 
O Estado, enquanto pessoa jurídica, é sujeito de direitos e obrigações, logo possui interesses próprios, como qualquer 
outro sujeito de direitos. 
Questiona-se: O interesse secundário é legítimo, legal? Sim, quando instrumento para o atingimento do interesse 
primário/bem comum. Não pode o interesse do Estado enquanto pessoa jurídica ser um fim em si mesmo. Ex.: 
indústria da multa para veículos com finalidade arrecadatória, não de punição e educação - finalidades estas previstas pela 
lei -. Observe-se que o tributo tem função arrecadatória, a multa se presta à punição e à educação. 
 
3. USO E ABUSO DE PODER 
Art. 78 do CTN: 
(...) 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão 
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei 
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
 
Se os poderes públicos são manejados pela Administração de acordo com a lei e o direito, temos o exercício regular. 
Diversamente, se em desconformidade com a legalidade, temos arbitrariedade e, consequentemente, abuso. 
Uso corresponde ao exercício regular de um poder. Abuso ao exercício ilegal, arbitrário de um poder. 
O artigo 78 do CTN conceitua poder de polícia, mas a regra instituída no parágrafo único pode ser estendida a todos 
os poderes, para considerar o uso legal, regular. 
 
A. Excesso de Poder 
Art. 2º da Lei 4.717/1965 
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. 
 
Ocorre sempre que a autoridade exorbita de suas atribuições legais, agindo além de sua competência. Logo, o ato é 
caracterizado por incompetência. 
 
B. Desvio de Poder ou Desvio de Finalidade 
Art. 2º da Lei 4.717/1965 
(...) 
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita 
ou implicitamente, na regra de competência. 
 
4. MODALIDADES 
A. Poder Vinculado e Poder Discricionário. 
B. Poder Disciplinar 
C. Poder Hierárquico 
D. Poder Regulamentar 
E. Poder de Polícia 
 
5. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO 
A. Poder Vinculado: A lei NÃO reconhece a Administração Pública liberdade para decidir. 
B. Poder Discricionário: A lei RECONHECE a Administração Pública liberdade para decidir, a partir de critérios de 
oportunidade e conveniência (MÉRITO) 
 
Obs.: Maria Sylvia não reconhece essa classificação, entendendo inexistir como independentes os poderes vinculado 
e discricionário. Vinculação e discricionariedade existem, sim, como características de outros poderes. Quando a 
Administração faz o que a lei manda, sem oportunidade para decidir, há uma restrição, uma limitação, não um poder. 
 
6. PODER DISCIPLINAR 
A. Conceito: 
É o poder da Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades em relação àqueles sujeitos a 
disciplina interna da Administração, servidores públicos ou não. 
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Ex.: aluno de uma universidade pública possui vinculo de sujeição especial à autoridade interna da administração. 
 
B. Principal característica: 
Discricionariedade (MODO) 
 
Genericamente, pode-se dizer que a Administração atua de forma discricionária no exercício do poder disciplinar. Na 
apuração de infrações, tem a Administração o dever de investigar, sendo vinculado nesse aspecto. Da mesma forma, 
a aplicação da penalidade é vinculada quando fixada uma única espécie pela lei aplicável ao caso; se mais de uma 
penalidade tem previsão na lei, há discricionariedade na atuação da Administração. 
 
A discricionariedade como principal característica do poder disciplinar não está na escolha entre agir e não agir, pois 
como qualquer outro poder, é também um dever. A discricionariedade está, sim, no modo de agir, sempre que a lei 
estabelece mais de uma forma de atuação. 
 
C. Meios de exercício do Poder Disciplinar em face de SERVIDORES PÚBLICOS: 
 
Atenção: o poder disciplinar alcança servidores e não servidores, mas esse tópico tratará apenas dos servidores. 
 
a) Sindicância Inquisitória e Sindicância Contraditória 
Art. 145 da Lei 8.112/1990 
Da sindicância - contraditória - poderá resultar: 
I - arquivamento do processo; 
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias - penalidades leves -; 
III - instauração de processo disciplinar. 
 
Inquisitória é a sindicância que visa apenas investigar, não se fazendo necessário o exercício do direito de defesa. Ex.: 
sindicância patrimonial no âmbito da CGU quando verificado que o servidor público dá sinais exteriores de condição 
financeira incompatível com a renda. Ao final, ocorre arquivamento, com ou sem elementos de irregularidades, uma 
vez que foi cumprida a finalidade investigativa, mas deve haver o encaminhamento de peças para instauração do 
procedimento legal. 
 
Contraditória visa apurar falta considerada leve pela legislação, com o respeito ao devido processo legal previsto 
constitucionalmente. 
 
b) Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) 
Lei 8.112/1990, Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de 
suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição 
de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar 
 
c) Verdade Sabida 
Na verdade sabida, a autoridade competente para punir toma conhecimento direto e imediato do fato e aplica 
punição. Porém, mostra-se incompatível com o devido processo previsto constitucionalmente. 
 
ADI 2120 / AM - AMAZONAS 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE TRABALHADORES POLICIAIS CIVIS 
(COBRAPOL) – ENTIDADE SINDICAL INVESTIDA DE LEGIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM” PARA INSTAURAÇÃO DE 
CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – PERTINÊNCIA TEMÁTICA – 
CONFIGURAÇÃO – ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS QUE PREVÊEM PUNIÇÃO DISCIPLINAR 
ANTECIPADA DE SERVIDOR POLICIAL CIVIL – CRITÉRIO DA VERDADE SABIDA – ILEGITIMIDADE – NECESSIDADE DE 
RESPEITO À GARANTIA DO “DUE PROCESS OF LAW” NOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS DE CARÁTER 
DISCIPLINAR – DIREITO DE DEFESA – RECONHECIMENTO DA INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DA LEI 
AMAZONENSE Nº 2.271/94 (ART. 43, §§ 2º a 6º) – AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE. 
 – Nenhuma penalidade poderá ser imposta, mesmo no campo do direito administrativo, sem que se ofereça ao 
imputado a possibilidade de se defender previamente. A preterição do direito de defesa torna írrito e nulo o ato 
punitivo. Nemo inauditus damnari debet. O direito constitucional à ampla (e prévia) defesa, sob o domínio da 
Constituição de 1988 (art. 5º, LV), tem como precípuo destinatário o acusado, qualquer acusado, ainda que em sede 
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meramente administrativa. O Supremo Tribunal Federal, ao proclamar a imprescindibilidade da observância desse 
postulado, essencial e inerente ao due process of law, tem advertido que o exercício do direito de defesa há de ser 
assegurado, previamente, em todos aqueles procedimentos – notadamente os de caráter administrativo-disciplinar 
– em que seja possível a imposição de medida de índole punitiva. Mesmo a imposição de sanções disciplinares pelo 
denominado critério da verdade sabida, ainda que concernentes a ilícitos funcionais desvestidos de maior 
gravidade, não dispensa a préviaaudiência do servidor público interessado, sob pena de vulneração da cláusula 
constitucional garantidora do direito de defesa. A ordem normativa consubstanciada na Constituição brasileira é 
hostil a punições administrativas, imponíveis em caráter sumário ou não, que não tenham sido precedidas da 
possibilidade de o servidor público exercer, em plenitude, o direito de defesa. A exigência de observância do devido 
processo legal destina-se a garantir a pessoa contra a ação arbitrária do Estado, colocando-a sob a imediata 
proteção da Constituição e das leis da República. 
Doutrina. Precedentes. 
– Revela-se incompatível com o sistema de garantias processuais instituído pela Constituição da República (CF, art. 
5º, LV) o diploma normativo que, mediante inversão da fórmula ritual e com apoio no critério da verdade sabida, 
culmina por autorizar, fora do contexto das medidas meramente cautelares, a própria punição antecipada do 
servidor público, ainda que a este venha a ser assegurado, em momento ulterior, o exercício do direito de defesa. 
Doutrina. Precedentes. 
 
Súmula 343 do STJ: É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar. 
 
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
Constituição. 
 
STJ: É possível a instauração de processo administrativo com base em denúncia anônima. 
AgRg no REsp 1307503/RR 
RMS 038010/RJ, 
EDcl no MS 015517/DF 
RMS 030510/RJ, 
REsp 867666/DF, 
REsp 1271165/PR 
MS 013122/DF, 
 
STJ: Instaurado o competente processo administrativo disciplinar, fica superado o exame de eventuais 
irregularidades ocorridas durante a sindicância. 
RMS 037871/SC 
MC 021602/ES 
 
STJ: O excesso de prazo para conclusão do processo administrativo disciplinar não conduz à sua nulidade 
automática, devendo, para tanto, ser demonstrado o prejuízo para a defesa. 
MS 019823/DF 
MS 016031/DF 
MS 016192/DF 
MS 015768/DF 
MS 015825/DF 
RMS 029290/MG 
MS 013340/DF 
 
STJ: A autoridade administrativa pode aplicar a pena de demissão quando em processo administrativo disciplinar é 
apurada a prática de ato de improbidade por servidor público, tendo em vista a independência das instâncias civil, 
penal e administrativa. 
EDcl no MS 017873/DF 
MS 015848/DF 
MS 016418/DF 
AREsp 147269/DF 
MS 017151/DF 
 
STJ: A decretação de nulidade no processo administrativo depende da demonstração do efetivo prejuízo para as 
partes, à luz do princípio pas de nullité sans grief. 
AgRg no REsp 1186672/DF 
REsp 1225426/SC 
MS 019823/DF 
MS 017518/DF 
MS 015859/DF 
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MS 017333/DF 
MS 017485/DF 
AREsp 321531/PE 
 
STJ: O termo inicial do prazo prescricional em processo administrativo disciplinar começa a correr da data em que 
o fato se tornou conhecido pela Administração, conforme prevê o art. 142, § 1º, da Lei 8.112/90. 
EDcl no MS 017873/DF 
MS 015859/DF 
MS 019533/DF 
AgRg no REsp 1306133/DF 
HC 016093/DF 
MS 016075/DF 
MS 015825/DF 
REsp 1145173/PR 
 
STJ: O prazo da prescrição no âmbito administrativo disciplinar, havendo sentença penal condenatória, deve ser 
computado pela pena em concreto aplicada na esfera penal. 
RMS 032285/RS, 
MS 014320/DF 
MS 010078/DF 
 
STJ: É possível haver discrepância entre a penalidade sugerida pela comissão disciplinar e a aplicada pela autoridade 
julgadora desde que a conclusão lançada no relatório final não guarde sintonia com as provas dos autos e a sanção 
imposta esteja devidamente motivada. 
MS 017479/DF 
MS 015826/DF 
RMS 028169/PE 
MS 014212/DF 
RMS 033599/RJ 
Ag 1393818/SP 
 
STJ: Quando o fato objeto da ação punitiva da administração também constituir crime e enquanto não houver 
sentença penal condenatória transitada em julgado, a prescrição do poder disciplinar reger-se-á pelo prazo previsto 
na lei penal para pena cominada em abstrato. 
EDcl no RMS 021641/SP 
MS 016075/DF 
MS 016567/DF 
AgRg no REsp 1243282/SP 
REsp 1243282/SP 
 
STJ: A portaria de instauração do processo disciplinar prescinde de minuciosa descrição dos fatos imputados, sendo 
certo que a exposição pormenorizada dos acontecimentos se mostra necessária somente quando do indiciamento 
do servidor. 
MS 017053/DF 
MS 019823/DF 
RMS 034473/MS 
MS 016582/DF 
EDcl no MS 014703/DF 
MS 015787/DF 
MS 015832/DF 
MS 013518/DF 
 
STJ: O prazo prescricional interrompido com a abertura do Processo Administrativo Disciplinar - PAD voltará a correr 
por inteiro após 140 dias, uma vez que esse é o prazo legal para o encerramento do procedimento. 
MS 015859/DF 
AgRg no MS 019488/DF 
MS 016093/DF 
MS 014159/DF 
MS 015230/DF 
REsp 1191346/CE 
 
STJ: No Processo Administrativo Disciplinar PAD, a alteração da capitulação legal imputada ao acusado não enseja 
nulidade, uma vez que o indiciado se defende dos fatos nele descritos e não dos enquadramentos legais. 
MS 015905/DF 
MS 017370/DF 
EDcl no MS 015837/DF 
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MS 012677/DF 
MS 014045/DF 
RMS 021409/GO 
REsp 1335821/SP 
 
O Processo Administrativo Disciplinar - PAD deve ser conduzido por Comissão composta de servidores estáveis no 
serviço público, sendo prescindível a estabilidade no cargo que atualmente ocupam. 
MS 017583/DF 
AgRg no REsp 1317278/PE 
RMS 024503/DF 
 
STJ: O Processo Administrativo Disciplinar - PAD deve ser conduzido por Comissão composta de servidores estáveis 
no atual cargo que ocupam, e não apenas no serviço público. 
RMS 035905/MG 
AgRg no REsp 1317278/PE 
MS 016557/DF 
 
STJ: Da revisão do Processo Administrativo Disciplinar - PAD não poderá resultar agravamento da sanção aplicada, 
em virtude da proibição do bis in idem e do reformatio in pejus. 
MS 017370/DF 
MS 010950/DF 
AgRg no MS 015463/DF 
 
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790

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