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É 'naturalquenOspreocupemoscom um futurosegurono to- canteà energia,poiselaproporCiona"serviçosessenciais"àvida humana- calorparaaquecimento,paracozinhar:e paraatividades manufatureiras,ou forçaparao transportee parao trabalhome- cânico.Atualmente,a energianecessáriaa essesserviçosprovém decombustíveis- petróleo,gás,carvão,fontesnuçleares,madeira e outrasfontesprimárias(solar,eólica ou hidráulica)- quenão têmutilidadeatéseremconvertidosnos'serviçosde energiade que precisamos,por meio de máquinasou de outrostipos de equipamentos,comofogões,turbinase motores.Emmuitospaíses de todo o mundo,desperdiça-segrandequantidadede energia primáriadevidoao planejamentoou ao funcionamentoineficien- tes do equipamentousadoparaconvertera energianosserviços necessários,emborafelizmentejá se tenhamaisconsciênciada necessidadedeconservara energiae usá-Iacomeficiência. As atuaisfontesprimáriasde energiasão quasetodasnão-re- nováveis:gás natural,petróleo,carvão,turfa e energianuclear convencional.Há tambémfontesrenováveis,comomadeira,ve- getais,estercà,quedasd'água,fontesgeotermais,energiasolar, eólica, dasmarése dasondas,alémda força muscularanimale humana.Os reatoresnuclearesque produzemcombus"tíveIpró- prio, e àsvezesos reatoresa fusão,incluem-setambémnessaca- tegoria.Teoricamente,todasasdiversasfontesdeenergiapodem contribuirparaa futuracombinaçãoenergéticaa serutilizadaem todoo mundo.Mas cadaumatemseuscustos,benefíciose riscos econômicos,sanitáriose ambientais- fatoresqueintcraf,cmati- vamentecomoutrasprioridadesgovernamentaisc glohai~.(~pre- ciso fazeropções,massabendoque a escolhade uniaestrat6gia energéticadeterminaráinevitavelmentea escolhade limaestrat6- giaambiental. Os atuaispadrõesdeusodeenergia,e suasaltcra(:(lCs,j;í estflo ditandoos padrõesparao próximoséculo.Abordan~II11IS" q\les·· 186 Váriasunidadessãoutilizadasparamedira produçãoe o consumode energiaemtermosfísicos.As u.r:idadesusadas nestecapítulosãoo kilowatt(kW); o gigawatt(GW), que equivalea I milhãode kilowatts;e o terawatt(TW), que equivalea I bilhãodekilowatts.Umkilowatt- mil wattsde potência_ emitidocontinuamenteduranteum anoé 1kW- ano.O consumode IkW-anopor anoequivaleà energiali- beradapelacombustãode 1.050quilos- aproximadamente umatonelada- decarvãoaoano.Portanto,ITW-anoé igual a cercàde I bilhãodetoneladasdecarvão.No texto,TW- anos/ano~parececomoTW. tãodo pontode vistadasustentabilid'ade,cujoselementos-chave a seremconciliadossão: ( o aumentodossuprimentosdeenergiaemquantidadessuficicntes paraatenderàsnecessidadeshumanas(o quesignificaajustar-sea ummínimode 3%decrescimentoderendaper capitanospaíses emdesenvolvimento); @ medidasquevisemà conservaçãoe aorendimentoenergético, demodoaminimizaro desperdícioderecursosprimários; o saúdepública,reconhecendoos riscosà segurançainerentesàs fontesenergéticas; Q proteçãodebiosferaeprevençãodeformasmaislocalizadasde poluição. ' O períodoquese iniciadeveserconsideradode transiçãode umaera em que a energiafoi usadade modonão-sustentável. Ainda não se encontrouumaformaaceitapor todosparaseche- " gara umfuturoenerg6ticoseguroe sustentável.Não acreditamos .quea comunidadeinternacionaljá tenhaencaradoessesdilemas de umaperspectivaglobale conscientedaurgênciacomquede- vemsertratados. 7.1 ENERGIA, ECONOMIA E MEIO AMBIENTE O aumentodademandadeenergiadecorrentedaindustrifilização, daurbanizaçãoe damelhoriadascondiçõessociais.levoua uma distribuiçãoglobalextremamentedesigualdoconsumod~energia primária.!Naseconomiasindustriaisdemercado,porexemplo,o consumode energiaper capitasuperaemmaisde 80 vezeso da 187 ~;}':;~"<I:.~~~:~~~~i:.~.~.,~L:;,2L:~2~-.,~; ,~,"':-"'~~:-=-o,--"-.:.·~=·~'~~:==~:'_~:--'"n~",- ' ...",:",_-"";~_'.,_.:." ,.~ ..' Tabela7.1 Consumoglobaldeenergiaprimáriaper capita, 1984 Classificaçãodo PNBperConsumoPopulaçãoConsumo BancoMundial capitadeenergiaemmeadostotal segundoo PNB (dólares(kWperde1984(rW) de1984) capita)1(milhões) RendaBaixa 2600,412.3900,99 Áfricasubsaariana 2100,082580,02 Rendamédia 1.250-1,071.1881,27 Médiabaixa 7400,576910,39 Médiaalta 1.9501,764970,87 Áfricasubsaariana 6800,251480,04 Exportadoresdepetróleo derendaalta 11.2505,17190,10 Economiasindustriais demercado 11.4307,017335,14 Economiasde planejamentocentralizadodoLesteeuropeu -6,273892,44 Mundo -2,1124.7189,94 Fonte: baseadoem:BancoMundial.Relatóriosobreo desenvolvimento mundial1986.RiodeJaneiro,FundaçãoGetulioVargas,1986. 1kWpercapitaékW.:.anos/anopercapita. 2 O consumomédio·deenergiaponderadopelapopulação(kWI capita) paraastrêsprimeirascategoriasprincipaisé 0,654eparaascategorias economiasindustriaisdemercadoeLesteeuropeué6,76. África subsaariana:(Ver tabela7.1.)E cercadeumquartodapo- pulaçãomundialconsometrês quartosda energiaprimáriado mundo. Em 1980,o consumoglobal de energiaficou em tornodos 10TW.2(Ver box 7.1.) Se o consumoper capitapermanecesse nosníveisatuais,por voltade2025umapopulaçãoglobaldc 8,2 bilhões de habitantes3necessitariade aproximadalllcIllc14TW (maisde 4TW nos paísesem desenvolvimentoe l11:tisdl: 9 TW nos'paísesindustrializados),um aumentode 4(Yf,J l'11I Ida\~floa 1980.Mas se o consumode energiaper capita sc li 11ili)J( ni{,asse 188 emtodo o mundonos níveis atuaisdos paísesindustriâ1izados, por volta de 2025 a mesmapopulaçãoglobal necessitariade aproximadamente55TW. É improvávelquequalquerdosdois casosse mostrerealista, masdãoumaidéiaaproximadada fãixaemquepodese situaro consumode energiafuturo,pelomenoshipoteticamente.Podem- se concebermuitosoutroscenáriosintermediários,entreelesal- gunsquea<;Imitemumabaseenergéticamelhorparao mundoem desenvolvimento.Se, por exemplo,o consumomédiodeenergia naseconomiasderendabaixae médiatriplicassee dobrasse,res- pectivamente,e seo consumonospaísesderendaaltaexportado- resdePetróleoe industrializados- come semeconomiade mer- cado- permanecesseo mesmode hoje,os dois gruposestariam consumindoaproximadamenteasmesmasquantidadesdeenergia. As categoriasderendabaixae médianecessitariamde 10,5TWe as trêscategorias"altas" consumiriam9,3TW- o quetotalizaria 20TW,admitindo-sequea energiaprimáriaestivessesendousada nosmesmosníveis.derendimentodehoje. Qual a praticidadedessescenários?Os analistasde questões referentesa energiarealizarammuitosestudosacercadas pers- pectivasda energiaglobalnos anos2020e 2030.4Tais estudos nãofazemprognósticosquantoàs necessidadesfuturasde ener- gia, masexaminamcomovários fatorestécnicos,econômicose ambientaispodeminteragircoma ofertae a procura.Dois desses estudossãoexaminadosno box 7.2,emborasedisponhade uma sériemuitomaiordecenários~variandodé5TW a 63TW. De modogeral,os cenáriosmaisbaixos(14,4TWpor voltade 2030,511,2TWpor voltade 20206e 5,2TWpor voltade 20307) exigemuma revoluçãono rendimentoen~rgético.Os cenários mais altos (18,8TWpor volta de 2025,824,7TW por volta de 20209e 35,2TWpor voltade 203010)agravamos problemasde poluiçãoambientalque o mundovem enfrentandodesdea II GuerraMundial. As implicaçõesde um consumoelevadode energiano futuro são inquietantes.Um estudorecentedo Banco Mundial indica que,no período1980-95,umcrescimentoanualde4,1% nocon- sumode energia- maisou menoscomparávelao'casoAno box 7.2 - exigiriauminvestimentomédioanualde cercade US$130 bilhões(emdólaresem 1982)apenasnospaísesem desenvolvi- mento.Isso implicariaa duplicaçãoda parcelade investimentos emenergiaemtermosdeprodutointernobrutoagregado~l1Cerca demetadedessemontanteteriadeprovirdedivisase açmtrame- tade,de gastosinternoscom energianospaísesemdesenvolvi- mento. 189 Box 7.2 Dois cenáriosenergéticos CasoA - cenárioalto Por volta do ano2030,um consumode 35TW significaria produzir1,6vezmaispetróleo,3,4 vezesmaisgásnaturale quase5 vezesmaiscarvãoqueem 1980.Esse aumentono consumodecombustíveisfósseisimplicacolocaremopera- çãoo equivalentea umnovooleodutodo Alascaacadaum ou dois anos.A capacidadenuclearteriade seraumentada 30 vezesem relaçãoaos níveis de 1980- o queequivale à instalaçãodeumanovausinanuclearquegerasselGW de eletricidadea cada dois ou guatro dias. Este cenáriode 35TW aindaestábemabaixoda perspectivade 55TW,que pressupõequetodosospaísestenhamchegadoaosníveisde consumodeenergiaper capitaapresentadoshojepelospaí- sesindustlializados. CasoB - cenáriobaixo Tomandoo cenáriode 11,2TWcomo umexemplobastante otimistade umaestratégiavigorosade conservação,a de- mandade energia,em 2020, nos países industrializadose emdesenvolvimentoé fixada,respectivamente,em3,9TWe 7,3TW,emcomparaçãocomos 7TWe 3,3TW de 1980.Isto significariaumaeconomiade 3,ITW nos paísesindustriali- zadospor volta de 2020 e uma necessidadeadicionalde 4TW nospaísesemdesenvolvimento.Mesmoqueos países Os riscose incertezasambientaisdecorrentesde umconsumo elevadodeenergiano futurotambémsãoinquietantese dãomar- gemareservas.Quatrosedestacam: fi> a sériaprobabilidadede alteraçãoclimáti~adevidoao "efeito estufa"de gasesemitidosna atmosfera,sendoo maisimportante deles o dióxido de carbono (C02) produzido pela queimade combustíveisfósseis;12 o a poluiçãodo ar urbanopelasindústrias,devidoa poluentesat- mosféricosgeradospelaqueimadecombustíveisfósseis;13 e acidificaçãodomeioambientedevidoàsmesmascausas;14e o o riscode acidentesemreatoresnucleares,os problemasdc de- posiçãodosrejeitose dadesativaçãodosreatoresapósseutempo de vida útil, e os perigosda contaminaçãoassocÜ,c!osao usoda energianuclear. Além desses,outrosérioproblemaé a escassezCHIa vezmaior de lenhanos paísesemdesenvolvimento.A se lllal1(CI' essaten- dência,por volta do ano 2000cerca de 2,4 hilhÚcsde pessoas poderão.estarvivendoemáreasquasedesprovidas(k 1lI:ldl,ira.15 190 emdesenvolvimentoconseguissemadquiriro recursoprimá- rio liberado,aindaapresentariamum déficit de 0,9TW no . suprimentode energiaprimária.Tal déficit provavelmente' serámuitomaior(talvezduasou trêsvezesmaior),devido ao altonível derendimentoqueestecenáriorequer,e quea maioriados governosprovavelmentenãoconseguiráalcan- çar. Em 1980,foi assinaladoo seguintecolapsode forneci- mentoprimário:petióleo,4,2TW; carvão,2,4; gás, 1,7; fontesrenováveis,1,7;e energianuclear,0,2. A questãoé saberqual a origemdo déficitde fornecimentode energia primária.Essecálculoaproximadoserveparailustrarqueo almejadocrescimentomédiode cercade30%per capitano consumoprimárionos paísesem desenvolvimentoainda .exigiráquantidadesconsideráveisde suprimentodeenergia primáriamesmoquese adotemsistemasde uso de energia deextremorendimento. Fontes:ocenáriode35TW foitiradode:EnergySystcmsGrollp 01' thelntemationallnstituteforAppliedSystemsAnalysis.Energyin a finiteworld;aglobalsystemsanalysis.Cambridge,Mass.,BaJlil)- ger,1981;todososoutroscálculossãodeGoldembergJ. eta!ü.An end-useorientedglobalenergystrategy.AnnualReviewof Energy, 10, 1985. Essasreservassãoválidasatémesmoquandoo usodeenergia é menor.Um estudoquepropôsapenasa metadedo consumode energi<;\do casoA (box7.2)chamoue:;;pecialatençãoparaosris- cos.de·um aquecimentoglobalpor CO2.16°estudoindicaque umamisturarealistadecombustíveis-emessência,umconsumo quatrovezesmaiordecarvão,duasvezesmaiorde"gáse 1,4vez maiordepetróleo- poderiacausarumaquecimentàglobalsigni- ficativo na..décadade 2020.Atualmente,não existetecnologia capazde impediras emissõesde CO2 decorrentesda queimade combustíveisfósseis.°consumoelevadode carvãotambémau- mentariaas emissõesde óxidosde enxofree de nitrogênio,que em grandepartesetransformamem.ácidosna atmosfera.Alguns paísesestãohoje exigindoa adoçãQ,detecnologiasparaeliminar estasemissõesemtodasas instalações:r:~brisnovase atf mesmo emalgumasmaisvelhas,masessastecnologiaspodemaumentaro custo dos investimentosem 15-25%.17Se os paísesl1ãoestão preparadosparaincorrernessesgastos,esseprocedimentotórna- se aindamais impraticável,uma limitaçãoque se aplicamuito .191 "-"", 7T:T'~:'~~:"':I:i'."~j'Ltijtk~~i.:L..~.c.~.:",-'·:;-:tL:~:,:,:,~~~~j~~.~,_.~..:..:.:..,;1~~ . ,",' ~..;.:.•..•...,,,;.. ,:.:S.;,:..;.."":- ",~:::t. ".. ' ,",'.h.'~_"I~_'''~~:~''_'~~~~_~:':_~"~~_~h I ' "Em te/mosbemsimples,a energiaéa unidadefundamentaldo .mundofísico. Assim seTulo,não sepodepensaremdesenvolvi- mentosemalteraçõesna extensãoe.na naturezadosfluxos de energia.E por elaser tãofundmnental,todasessasalteraçõesde fluxos têmimplicaçõesambientais.E essasimplicaçõessãopro- fundas.Isto querdizerqueasopçõesemquestõesdeenergianão são simples.São semprecomplexas.E todasenvolvemcompen- sações.Contudo,algumasopçõese algumascompensaçõespa- recemsemsombradedúvidaTnelhoresqueoutras,nosentidode queoferecemTnaisdesenvolviTnentoe Tne11,osdanosao meioam- biente." DavidBrooks AmigosdaTerra AudiênciapúblicadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986. -~:-;-':~'~" mais aos elevadosconsumosfuturosde energiaquedependem maisde combustíveisfósseis.Dificilmentesechegaráa umaqua- se duplicaçãodo consumoglobaldeenergiaprimáriasemterde enfrentarváriosembaraçoseconômicos,sociaise ambientais. I Isso tomaaindamaisdesejávelumfuturocommenorconsumo deenergia,emqueo crescimentodoprodutointernobruto(PIB) nãosofracontençõese emqueo investimentosedirijapatao de- senvolvimentoe a ofertadeequipamentosdeusofinaldeelevado rendimentoepoupadoresdecombustível,e não,comoagora,para a obtençãodemaisfontessupridorasdeenergiaprimária.Assim, os serviçosenergéticosde quea sociedadeprecisapoderiamser fornecidoscomumaproduçãomuitomenorde energiaprimária. O casoB do box.7.2 levqemcontaumaquedade50%no con- sumodeenergiaprimáriaper capitanospaísesindustrializadose um aumentode 30% nos paísesemdesenvolvimento.18·Empre- gandoastecnologiase os processosdemaiorrendimentoenergé- tico hoje disponíveisem todosos setoresda economia,pode-se chegara taxasdecrescimentoanualdo PIB per capitaglobalde aproximadamente3%. Essecrescimentoequipara-sepelo menos ao que esterelatórioconsiderao mínimoparaum desenvolvi- mentorazoável.Mas talprocedimentoexigiriaenornlCSmudanças estruturaisparapermitira entradano mercadode tccIlologi.asefi- cientes,e é poucoprovávelquea maioriadosgovernosconsiga atingirplenamenteesteobjetivonospróximos40 anos. O pontoimportantecomrelaçãoa essesfuturoscomconsumo menor·e maiorrendimentoenergéticonão é se scr;íotot<llmcnte atingidosdentrodoscronogramaspropostos.Sãonecesdriasmu- 192 'í dançaspolíticase institucionaisbásicasparaqueo investimento potencialsejareestruturadono sentidodessameta. A Comissãoacreditaqueo mundodo séculoXXI nãodispõe de nenhumaoutraopçãorealista.As idéiasqueservimmdebase a essescenáriosde consumomaisbaixonãosão fantasiosas.O rendimentoenergéticomostrou-seeficazem funçãodos custos. Em muitospaísesindustrializados,a energiaprimárianecessária paraproduzirumaunidadede PIE caiuemumquartoou atéem um terçonos último'"13anos,devidoemgrandeparteà imple- mentaçãode medidasvisandoa um usomaiseficienteda ener- giâ..19Se bemadministradas,essasmedidaspermitirãoqueasna- çõe~industrializadasestabilizemseuconsumodeenergiaprimária já na viradado séculoe tambémqueos paísesemdesenvolvi- mentoatinjamníveismaisaltosde crescimentocomníveisde in- vestimento,endividamentoexternoe danosambientaismuitome- nores.Nas primeirasdécadasdo séculoXXI, porém,essasmedi- das não terãofeito diminuir a necessidadeglobal de novos e maioressuprimentosdeenergia. 7.2 COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS: O DILEMA CONSTANTE Muitosprognósticosacercada recuperaçãoderecursose reservas petrolíferoslevama crerque,nasprimeirasdécadasdo próximo século,a produçãode petróleos~estabilizaráe a partirde então declinarágradualmenteduranteumperíododeofertasreduzidase preçosmaisaltos.As reservasdegásdeverãodurarmaisde 200 anose as decarvãocercade 3 mil anos,àstaxasatuaisdecon- sumo.Baseadosnessasestimativas,muitosanalistasestãocon- vencidosde que o mundodeveriaimplementarimediatamente umavigorosapolíticadeconservaçãodopetróleo. Em termosde risco de poluição,o gásé o combustívelmais limpo,com grandevantagemsobreo segundo- o petróleo- e sobreo terceiro- o carvão-, quejá poluibemmais.Mas todos apresentamtrêsproblemasinterligadosdepoluiçãoatmosférica:o aquecimentoglobal,20a polui~ãourbano-industrialdo ar21e a acidificaçãodo meioambiente.2Algunsdospaísesindustrializa- dosmaisricospodemtercapacidadeeconômicaparaenfrentares- sasameaças,o quenãoocorrecoma maioriadospaísesemde- senvolvimento. Essesproblemasestãosetornandocadavez maiscomuns,so- bretudonasregiõestropicaise subtropicais,masa soeieqadeain- da nãoapreendeuplenamentesuasrepercussõeseconômicas,so- ciaisepolíticas.À exceçãodo C02, ospoluentesdo arpodemser eliminadosdosprocessosdequeimadecombustíveisfósseisáum custogeralmenteinferiorao dosdanoscausadospelapOluição.23 193 ~ _-,,,Ji~c;- ".__•..:.,~2i.':;'d\..';.;;.·:;:'· ;"'-~--,::",';;,:;;,:,:~:;,~·:u:'>,:,:,s;:.~~~~~;;.;;;,-,-x,...:=,~·-"""'''''''''''''''''''''~'------------------------ ~ -F~'F _ . ',:' di/IUI /lIIlIg/lIilra~lJo queproduzamais impactosglobaisso- />J'I' {/,\' ,\'{){'i,·t!m!cshumanase sobreo ambientenaturaldo queo (fdro estl(fá.Os indíciosnãosãomuitoclaros, mastalvezjá es- t<iall/ospresenciandoalgunsexemplos,senãoefeitosdefato des- sefenômenonaAfrica. Os impactospotenciaisextremosdo aquecimentodevidoao 4cito estufapodemsercatastróficos.Temosmotivosparajulgar quejá é muitotardepara começara tecerconsideraçõespolíti- cas. Despertara consciênciadopúblico, conseguirapoiopara as políticasnacionaisefinalmentedesenvolveresforçosmultila- ter"aispara desaceleraro ritmode crescimentodasemissõessão processosdeimplantaçãodemorada. A questãodo efeitoestufaé umaoportunidadee umdesafio;e não é de surpreenderqueconstituamais umaimportanterazão para queseadotemestratégiasdedesenvolvimentosustentável." IrvingMintzer InstitutodeRecursosMundiais. AudiênciapúblicadaCMMAD, OS,lo,24-25dejunhode1985. Entretanto,o riscodeaquecimentoglobaltornaproblemáticauma dependênciamaciçadecombustíveisf6sseisno futuro. 7.2.1Lidando coma mudançaclimática A queimade combustíveisf6sseise, em menorgrau,a perdade coberturavegetal,sobretudode florestas,devidoao crescimento urbano-industrial,aumentao acúmulode C02 na atmosfera.A concentraçãopré-industrialeradecercade 280partesdedióxido de carbonopor 1 milhãode partesde ar por volume.Essa con- centraçãochegoua 340em 1980e prevê-sequedobrepara560 demeadosparao fIm dopr6ximoséculo.24Outrosgasestambém contribuembastanteparaesse"efeitoestufa", pormeiodoquala 'radiaçãosolarficapresanasproximidadesdo solo,esquentandoo globoterrestree alterandoo clima. Ap6s analisaremos indíciosmaisrecentesdo efeitoestufa,em outubrode 1985,numareuniãorealizadaem Villach, Áustria,e promovidapela OrganizaçãoMeteorológicaMundial (OMM), peloProgramadasNaçõesUnidasparao Meio Ambiente(PNU- MA) e pelo Conselho Internacional de Uniões Científicas (cruC), cientistasde29 paísesindustrializadose emdesenvolvi- mentoconcluíramquea mudançaclimáticadeveserconsiderada uma"probabilidadeplausívele grave".Concluíramtambémque: "Hoje, vêmsendotomadasmuitasdecisõeseconômicase sociais 194 importantessobreC ..) as principaisatividadesrela(iv;l~;i'l 1',('~:I:iD dosrecursoshídricos,comoirrigaçãoe energiahidld(;llie:1 111['- didasparaatenuarassecas- usod~terrasagricllltÚvl~i~:plallos estruturaise projetosde engenhariacosteira- e pl:lIWj:lIlll'lIfD energético- todasbaseadasnapremissadequeosdadoscliII1;'ili" coselopassado,semmodificações,constituemurnaoril:n{;I(;:io~;e- guraparao futuro.Essajá nãoé umapremissaválida."2~i Os cientistascalculam.que,mantidasas tendênciasatuais,a ~oncentraçãbdeCO2 e deoutrosga$escausadoresdoefcitoestu- fa na atmos.feraequivaleria,possivelmentejá nadécadade 2030, ao dobrodosníveisde C02 da erapré-industrial,o quepoderia ocasionarUmaumentodastemperaturasmédiasglobais"maiordo que qualqueroutrojá verificadomi. hist6riada humanidade".26 Os,atuaisestUdosdemodelose "experiências"indicamparauma duplicaçãodeC02>umaelevaçãodastemperaturasmédiasdasu- perfícieterrestrel::mt()rnode 1,5°Ce4,5°C,sendoo aquecimento maispronunciadoduranteo invernonas.latitudesmaisaltasdei quenoequador.. Uma sériapreocupaçãoé queuma,elevaçãoda temperatura globalde 1,5-4,5°C,associadaa umaqaecimentotalvezduasou trêsvezesmaiornosp610s,façao níveldo marsubirentre25 a 140centúnetros.27Um aumentomaiorinundariaascidadescos- teirase as áreasagrícolassituadaseril,nívelmaisbaixQ,e muitos paísespoderiamsofrergravesdesequilíbriosem suasestruturas econômicas,sociaise políticas.Issotambémdesacelerariaa "má- quina térmicaatmosférica",queé reguladapelasdiferençasde temperaturaentreos p6los e o equaclor,influenciandoassim.os regimespluviais.28Segundoos especialistas,as fronteirasagrí-, colase florestaisse deslocarãoparalatitudesmaisaltas,sendo praticamentedesconhecidosos efeitosde oceanosmaisquentes sobreecossistemasmarinhos,zonaspesqueirase cadeiasalimen- tares. Não há comoprovarqueissoviráa ocorreratéquereahnente ocorra.A questãoimportanteé saberquegraudecertezaos go- vernosexigemparaconcordaremtomarprovidências.Se espera- rem atéquesignificativasalteraçõesclimáticasfiquempatentes, podeser tardedemaisparaquesejamtomadasmedidasefetivas contJ;aa inérciaquejá estaráinstaladano sistemaglobal.A de- morainfindávelinerenteà negociaçãode qualqueracordointer- nacionalsobrequestõescomplexasconcernentesa toda~as na- çõeslevoualgunsespecialistasa concluirquejá édemasiadotar- de.29Dadasascomplexidadese asincertezasquea questãoen- volve,é indispensávelqueo processocomeceagora.Necessita-se deumaestratégiaqueeombine: 195 Cll um melhoracompanhamentoe avaliação:dosfenômenosque estãoocorrendo; c maispesquisas,parase conhecermelhoras origens,os meca- nismose osefeitosdosfenômenos; o o estabelecimentodepolíticasque·derivemdeumacordointer- nacional,paraa reduçãodosgasesquecausampoluição; Cll a adoçãodas estratégiasnecessáriasparaminimizaros dados e lidar comasalteraçõesclimáticase coma elevaçãodoníveldo mar. Nenhumanaçãodispõedo poderpolíticoou econômicopara combater·sozinhaa alteraçãoclimática.Por isso,a declaraçãode Villach recomendouqueaestratégiaemquatropontosaquicitada fosse promovidapelos govemose pela comunidadecientífica atravésdaOMM, do PNUMA e do cruc- apoiada,senecessá- rio, porumaconvençãogloba1.30 Enquantose preparamessasestratégias,podeme devemser adotadasmedidasde políticamaisimediatas.As maisurgentes sãoasnecessáriasparao aumentoea ampliaçãodoquejá secon- seguiuno tocanteao rendimentoenergéticoe paraorientara combinaçãoenergéticano sentidç>decomponentesrenováveis.A produçãode dióxido de carbonoem todoo mundopoderiaser bastantereduzidapor meiode medidasquevisassemao rendi- mentoenergéticosemquehouvessequalquerreduçãonoritmodo crescimentodo PIB.31Tais medidasserviriamtambémparadimi- nuir outras'emissõesdegases,reduzindoassima acidificaçãóe a poluiçãourbano-industrialdo ar.Os combustíveisgasososprodu- zemmenosdióxidode carbonopor unidadedeproduçãoenergé- tica do queo petróleoou o carvão;por isso, seriaconveniente estimularseuuso, sobretudona cozinhae emoutrasatividades domésticas. Acredita-sequeoutrosgases,quenãoo dióxidode carbono, sejamresponsáveispor cercadeum terçodo atualaquecimento global,e calcula-sequeporvoltade2030aelessedeverámetade dessepràblema.32Alguns deles,especialmenteosclorofluorcar- bonos- usadoscomoaerossóis,comoprodutosquímicosderefri- geraçãoe na fabricaçãodeplásticos- sãomaisfáceisdecontro- lar queo CO2. Emboranãoserelacionemdiretamentecoma pro- duçãode energia,essesgasesterãoinfluênciadecisivasobreas políticasquevisamao controledasemissõesde diÔxidode car- bono. Além de seusefeitossobreo clima,os c1orof1uOfcarbol1ossão emgrfu.departeresponsáveispelosdanoscausadosaooz(mioes- tratosféricoda Terra.33A indústriaquímicadeveriaesforçar-se ao máximoparaencontrarsubstitutosparaessesgases,e os go- vernosdeveriamexigir o usode tais substitutosI:io 10)'.0 fossem ;~ encontrados(assimcomocertasnaçõesjá proibiramo usodesses produtosquímicosemformadeaerossol).Os governosdeveriam ratificara convençãojá existentesobreo ozônio.e estabelecer protocolosparaa limitaçãodasemissõesde clorofluorcarbonos, alémdesistematicamentecontrolare relatarsuaimplemeótação. Ainda é necessáriotrabalharmuitonocampodaformulaçãode políticas.E isso deveserfeitoaomesmotempoquese intensifi- cam.aspesquisasparaminoraras incertezascientíficasqueainda subsistem.As naçõesprecisamurgentementeformularmedidas conjuntasde controle'paratodosos produtosquímicosqueagri- demo meioambientee sãoliberadosnaatmosferapelaaçãohu- mana,.eme-specialosquepodeminfluenciaro equilíbriodaradia- ção na terra.Os governosdeveriaminiciarconversaçõesvisando a umaconvençãosobreesseassunto. Casonãosejapossívelimplementarlogou!TIaconvençãosobre políticasde contençãode produtosquímic?s,os governosdeve- riamtraçarestratégiase planosdecontingenciavisandoà adapta- ção às alteraçõesclimáticas.Em ambosos casos,a OMM, o PNUMA, o cruc e a OrganizaçãoMundialda Saúde,al6mele outrosimportantesorganismosnacionaise internacionais,deve- riam serencorajadosa coordenare acelerarseusprogramasque visamà formulaçãodeumaestratégiabemintegradadepesquisa, acompanhamentoe avaliaçãodosprováveisefeitossobreo clima, a saúqee o meioambientecausadospor todososprodutosquími- cos queagridemo meioambient~e sãoliberadosnaatmosferaem' grandesquantidades. 7.2.2 Reduzindoa poluiçãourbano-industryaIdo ar Nos últimos30anos,devidoaocrescimentogeneralizadoe acele- radoocorridono mundo,houvegrandesaumentosnoconsumode combustíveisparaaquecimentoe refrigeração,transpàrtemotori- zado,atividadesindustriaise geraçãodeenergiaelétrica.No fim dosanos60,a preocupaçãocomos efeitosda crescentepoluição do ar levouà adoçãodemedidascorretivas,entreas quaiscrité- rios e padrõesde qualidadedo ar, e tecnologiasde controlede poluenteseficazesemfunçãodos custos.Essasmedidasreduzi- ram bastanteas emissõesde algunsdos principaispoluentese limparamo ar de muitascidades.Apesardisso,a poluiçãodo ar já atingiuníveis alarmantesnascidadesde váriospaísesindus- trializadose recém-industrializados,e tambémnasdamaiQriados paísesem desenvolvimento,sendohoje algumasdelasas áreas urbanasmaispoluídasdomundo. Dentreas emissõesde combustívelfóssilquemaispreocupam em termosde poluiçãourbana- liberadaspor fontesmóveisou 197 11,\;1.'1 \",1;111O tlit'í.\id" ti,· I'II.\oIH'. OU (;.\ldo,'1 d,' lIirIO}~('IIÍ1I," 111I>lll'iXldode ":III111l10,v{ifio,'1\'OIlIIH).';{IISOll'J\I,ko~; voliÍf,'w, I'ill :liI'; I' outra:;p;tllf,',dwó ';II,"P"",';:IS110i1L Tudo i~;~;opod(' III('JIIIII<III a ~;a.-i(k11111111111;'(' \l 111<'10,1I11hí('"II',causaudo plohk.IlIi1'; [('::1'11iI flÍrios cadavez maisgraves,alguIlspo1encialmeIl1cr:,lni,;, ["ln:, essespolucntespodemser mantidosdentrode cer10slillliks de mudoa sepro1egera saúdehumanae o meiomnbiente,c lodosIlS governosdeveriamtomarmedidasparachegara níveisaceil:1vcis dequalidadedoar. Os governospod9mestabelecere fazercumprirmetase objeti- vosdequalidadedoar,níveisaceitáveisdedescargadepoluentes naatmosferae critériose padrõesde emissão,comoalgunsjá fa- zemcomsucesso.As organizaçõesregionaisdc::vemapoiaressas iniciativas.As agênciasmultilateraise bilateraisdeassistênciaao desenvolvimentoe os bancosde desenvolvimentodeveriamin- centivaros governosa exigiro usodastecnologiasdemaiorren- dimentoenergéticosempreque indústriase serviçosde energia planejassemerguernovasinstalaçõesou ampliarasjá existentes. 7.2.3Danosdecorrentesdaampladisseminação dapoluiçãodoar No.sanos70, asmedidastomadaspormuitospaísesindustrializa- dosparacontro.larapoluiçãourbanae industrialdo ar (porexem- plo, chaminésmaisaltas)melhorarambastantea qualidadedoar nascidadesondeforamadotadas.No entanto,involuntariamente, lançaramquantidadescadavez maioresde poluentespara além dasfronteirasnacionais,atingindooutrospaísesda Euro.pae'da Américado Norte, o.quecontribuiuparaa acidificaçãode am- bientesdistantese gerounovosproblemasde po.luição.Isso evi- 'denciou-seemdanosmaioresa lagos,solose comunidadesvege- taise animais.34O,fatodealgumasregiõesnãoteremconseguido controlara poluiçãocausadapor automóveisagravouaindamais o problema. Assim, a poluiçãoatmosférica- antesconsideradaapenasum problemaurbano-industriallocalizadorelativo à saúdedas pes- soas- agoraé vistacomoumaquestãomuitomaiscomplexa,que englobaconstruções,ecossistemase talvez até mesmoa saúde públicaemvastasregiões.Enquantosedeslocamnaatmosfera,as emissõesde óxidosde enxofree nitrogênioe de hidrocarbonos voláteisco.nvertem-seemácidossulfúricoe nítrico, t:msaisamo- níacose emozônio.Essassubstânciascaemno solo, ;\svezesa muitascentenasou milharesdequilômetrosde seuslocaisdeori- gem,soba formade partículasou entãode chuva,neve,geada, nevo.eiroe orvalho.Há poucosestudossobreos custosst'ício-eco.- 198 'I "11"'0.//I'Ii',\'I{/ li 11111('('0.1'.\';.\'11'''/(/qlll' rd.\'II' .1'''''t!l'li'!I,ÚWlt!O.l' /'oll'/i\,ol',\'{/!!I!Jil'1ll(/;.\',I' SI'I'.\'SI/.\'('olldiçi)I'.I'SIÚl{/111'r/U/{/S,o .I'is" It''''il (/I"tlll(/SI' {/!rcrando.l~'lima t([rt<fil!!lllilo dUfcll para os (Tl'logisllI.I'preverquaisscrÜoessasalterações,pois ossistemas .\'11(J ex/remalllcntecomplexos. As causasdiretaspara a mortede umaárvorepodemestar muitodistantesdapressãoinicial quemantinhao equiltôriode todoo sistema.Umavezestacausapodeser o ozônio;outra,o C02, ouaindao envenenamentopor alumínio.Posso exemplificarcomumaanalogia:numperíododefome, nãosãomuitasaspessoasquemorremdiretamentedeinanição; elas morremde disenteria,ou de váriasdoençasinfecciosas.E numasituaçãoassim,nãoadiantamuitodar remédiosemvezde comida.Isto querdizerque,emtal situação,é necessán'oreme- ter-seàspressõesprimárias.sobreo ecossistema." Alf Johnels MuseuSuecodeHistóriaNatural AudiênciapúblicadaCMMAD,Oslo,24-25dejunhode1985. nômicosdessesfenômenos,maso.Sexistentesdemonstramque sãobastantealtose vêmaumentandorapidamente.35Essassubs- tânciasdanificama vegetação,contribuemparaa poluiçãodater- ra e da águae corroemedifícios,estruturasmetálicase veículos, causandoprejuízosdebilhõesdedólaresanuais. A o.corrênciade danosfo.icomprovada;primeiramentena Es- candinávianos anos60. MilharesdelagosdaEuropa,sobretudo no sul daEscandinávia,36e váriascentenasna AméricadoNor- te37registraramum aumentoco.nstantedos níveis de acidez,a pontode suaspopulaçõesnaturaisdepeixesdiminuíremou desa- parecerem:.Essesmesmosácidospenetraramno soloe noslençóis d'águasubterrâneos,aumentandoÇl,corrosãodosencanamentosde águapotáveln,aEscandinávia.38 As provas'circunstanciaisqueindicamsernecessárioagirnas fontesde'precipitaçãoácidaacumulam-setão rapidamenteque cientistase,governosdispõemde pouco tempopara avaliá-Ias cientificamente.Alguns dosmaioresqanosdequesetemnotícia verificaram-se'naEuropaCentral,quevem,reçebendoatualmente maisde um gramade enxofreemcadametroquadradode solo por ano- pelomenQScincovezesmaisqueo teornatural.3913m 1970haviapoucosindíciosde dano.sa árvoresna Eurppa.Em 1982,a RepúblicaFederalda Alemanhainformouqueas folhas de determinadasáreasflorestaisemtodoo paísapresentavamda- nos visíveis, chegandoem 1983a 34% e elevando-seem 1985 para50%.40ASuécia constatoudanosentrepequenose modera- 199 ~III, .~,!I!.j",J."-"''''_'_'' -_,:.-:.:..••.., .••.: .••;,.-..••:....••,-_-,••.:..•••:.:.- ••,~-_-_-..;..:::...........•••• -.._.••_, ••,;..•••_••_••,••_ ••'' ••_ ••_••_--_ ••_'"__ "'_"'_-" ••,:.......••,••,"--- __-~=~~.._..,~""="""'.",.."..",'T.""""""==_,.-"',"..,_••":_'",.:.~"";,,,",,:~"'r~ •••••••• ----------~. ~ dosem30%de suasflorestas,e váriosinformesdeoutrospaíses do lestee do oesteeuropeussão tambémbastanteinquietantes. Estima-seque 14% de todaa áreaflorestaleuropéiajá estejam afetados.41 As provasnãosãocabais,masmuitosinformesmostramque os solosdecertasregiõeseuropéiasestãosetomandoácidosnas camadasqueabrigamas raízesdasárvores,42especialmenteos solospobresemnutrientes,comoos do sul daSuécia.43Não se conhecequaisos verdadeirosmecanismoscausadoresdosdanos, mâstodasas teoriasapresentamumelementodepoluiçãodo ar. Os danosàsraízes44e os danosàsfolhaspareceminteragir,afe- tandoa capacidadedas árvorestantoparaextrairáguado solo quantopararetê-IaemsuafoIl1agem,tomando-asespecialmente vulneráveisa períodosde secae a outrostiposdepressão.A Eu- ropapodeestarexperimentandoumasériamudançanosentidode umaacidificaçãoirreversível,queparaserreparadaexigiriacus- tosacimado alcancedaeconomia.45(Ver box7.3.)Emborahaja muitasmaneirasde reduziras emissõesde enxofre,nitrogênioe hidrocarbono,é improvávelqueumaúnicaestratégiade controle de poluentessejaeficaz paralidar coma reduçãodasflorestas. Seráprecisoadotarumconjuntodeestratégiase tecnologiasinte- gradasa fim demelhorara qualidadedo ar,e cadaumconcebido paracadaregião. Estãocomeçandoa surgirindíciosdepoluiçãodo are acidifi- caçãono Japão e tambémem paísesrecém~industrializadosda Ásia, África e AméricaLatina.Chinae RepúblicadaCoréiapa- recemespecialmentevulneráveis,assimcomoBrasil, Colômbia, Equadore Venezuela.Sabe-setão poucoacercados prováveis níveisdeenxofree nitrogênionosmeiosambientesdessasregiões e acercada capacidadede neutraIizaçãode ácidosdos solosde lagose,florestastropicais,quese deveriaconcebersemdemora uniamploprogramadepesquisa.46 Nos lugares'ondea acidificaçãoconstituiameaçareal ou po- tencial, os governosdeveriamfazer o levantamentodas áreas propensasa esserisco, avaliaros danossofridospelasflorestas anualmentee o empobrecimentodo solo a cadacincoanos,se- gundoprotocolosfirmadosregionalmente,e divulgaros resulta- dos obtidos.Deveriamtambémdar apoio ao monitoramcntoda poluiçãoalém-fronteiras,queestásendoexecutadopor agências regionaise, ondeessasagênciasnãoexistissem,criartlIllaouen- carregardatarefaqualquerórgãoregionaladequado.Os governos de muitasregiõespoderiamtirargrandeproveitodeacordospara evitara poluiçãodo ar além-fronteirase os enOrIncsdallosa sllas baseseconômicasquea Europaea Américado Norl(~csl:inso- frendo.Mesmoquesejadifícil provarascallsasexalast!CSS('sda- 'l Box7.3Quantocustamosdanoseocontrole dapoluiçãodoar I,l) É muitodifícil quantificaros custosdocontrolededanos, sobretudoporqueessescustosdependemmuitodaestratégia de controleadotada.No entanto,no lestedosEUA,çaIcu- lou-sequeparafazercairpelametadeasemissõesdedióxi- do de enxofredas-fontesexistentesserianecessáriogastar US$5 bilhõespor ano,aumentandoem2-3%as atuaistari- fas de energiaelétrica.Se incluirmosnessecálculoos óxi- dos de nitrogênio,os custosadicionaispodemchegara US$6 bilhõesaoano.Só osdanoscausadosporcorrosãode materiaistêmumcustoestimadóde US$7 bilhõespor ano em17estadosdolestedosEUA. Q As.estimativasdoscustosanuaisdegarantirumaredução de 55 a 65% nasemissõesremanescentesde enxofrenos paísesda ComunidadeEconômicaEuropéiaentre 1980e 2000variamdeUS$4,6bilhõesa US$6,7bilhões(dólares de 1982)porano.O controledecaldeirasestacionáriaspara reduzir,osníveis de nitrogênioemapenas10%ao anopor voltade~2000custariaentreUS$l00 mil e US$400mil (clÔ- laresde 1982).Estascifrasrepresentamumaumentodecer- ca de 6% no preçoda energiaelétricaao consumidor.Se- gundoestudos,os custosdosdanoscausadospor perdasde materiaise de peixessãode US$3 bilhõesanuais,e o dos danoscausadosa lavouras,florestase à saúdepodesersu- periora US$lO bilhõesaoano.As'tecnologiasparareduzir sensivelmenteos óxidosde nitrogênioe os hidrocarbonos dos gasesde escapamentode automóveisjá estãodisponí- veis e sãorotineiramenteusadasnosEUA e no Japão,mas nãonaEuropa. 9 No Japão,estudosde laboratórioindicamquea poluição do ar e a chuvaácidapodemcausarumareduçãode até 30%nassafrasdetrigoe arroz.. Fontes:US Congress,OfficeofTechnologyAssessment.Acid rain" and transportedair pollutants:imp1icationsfor publicpolicy.Wa- shington,D.C.,US GovernmentPrintingOffice,1985;US Envi- ronmenta1ProtectionAgency.Acid depositionassessment.Washin- gton,D.C.,1985;Torrens,LM. Acid.rainandairpoIlution:apro- blemofindustrialization1985.ElaboradoparaaCMMAD;Mande1- baum,P. Acid rain - economicassessment.New York, P)enum Press,1985;Hashimoto,M. Nationalairqualitymanagementpolicy of Japan1985.(Elaboradoparaa CMMAD.);OECD.TheS,late of theenvironment.Paris,1985. 200 201 ~c,i:- ._.~'o.:.-...:;~,.J_•..u,1.;;':.-;""L.]~:.D",k~:,@:~01.:.~:::-;:-:5~~~i.::.'~L;:';~~~;'~~--" '..;.:";;"-':;,--,-~...._~. _.-_ ..._'- ...,.•...~•...•. ,."""- ~- __o_.' , nos,asestratégiasparareduzi-Ios.são,por certo,economicamente viÚveis.Essasestratégiaspoderiamserconsideradasumamedida dl: segurançabarataemcomparaçãocom os enormesdanospo- tenciaisqueevitam. 7.3ENERGIA NUCLEAR: PROBLEMAS NÃO-RESOLVIDOS 7.3.10 átomopacífico Nos anosquese seguiramà II GuerraMundial, a tecnologianu- clear,quesobo domíniomilitarhavialevadoà produçãodasar- masatômicas,foi reformuladapelostécnicoscivis paraservira fins "energéticos"pacíficos.Váriosbenefícioseramevidentesna época. Tambémera evidenteque nenhumafonte de energiaseria completamentedesprovidaderiscos.Haviao perigodeumaguer-. ra nuclear,da disseminaçãodas armasatômicase do terrorismo nuclear.Mas umaintensacooperaçãointernacionale à negocia- ção de váriosacordoslevarama crer que taisperigospoderiam ser evitados.Por exemplo,no Tratadosobrea Não-proliferação de ArmasNucleares,cujo textofinal ficou prontoem 1969,os governossignatáriosque dispunhamde armase tecnologianu- clearesc'omprometiam-sea promovere empreendero desarma- mentonucleare tambémajudaros paísessignatáriosnão-detento- res dessatecnologiaa desenvolverema energianuclear,masex':' clusivamenteparafins pacíficos.Outrosproblemas- comoriscos de radiação,segurançadosreatorese eliminaçãodos rejeitosnu- cleares- foramconsideradosmuitoimportantes,porémpassíveis decontrole,casoseempreendeSSemos esforços'necessários. E hoje,apósquasequatrodécadasde grandeesforçotecnoló- gico parapromovero desenvolvimentonuclear,a energia-nuclear tomou-seamplamenteutilizada.Cercade 30 governosusamrea- toresnuclearesparageraraproximadamente15%detodaaeletri- cidadeconsumidano mundo.Mas asexpectativasde queestase- ria umafonte-chaveparaassegurarumaofertailimitadade ener- gia de baixocustonãose concretizaram.Contudo,duranteesse períododeexperiênciapráticadeconstmçãoc colocaçãoemfun- cionamentode reatoresnucleares,a naturezados cUstos,riscose benefíciostornou-semuito mais evidentee tamb6mobjetode grandescontrovérsias. 7.3.2A compreensãocadavezmaiordasquestões1I\1l:It'an~s A possibilidadede disseminaçãodas armasnucleares(: 1II11:l das 202 q .0<:. ameaçasmaissériasà paz mundial.Evitarsuaproliferaçãoé do interessede todasas nações.Portanto,todasdeveriamcontribuir paraa criaçãodeumsistemaviáveldenão-proliferaçãQ.Os.Esta- dosdetentoresd~armasnuclearesdevemcumpriro compromisso assumidodereduzirsevnúmeroe porfim eliminá-Iasdeseusar- senais,-torriahdo~assemimportânciaem suasestratégias.E os Estadosquenãopossuemarmasnuclearesdevemcolaborar,pro- porcionando'garantiassegurasdequenãoestãoprocurandocapa- citaçãonessatecnologia. A maioriaciosesquemasde não-proliferaçãodeterminauma separaçãoinstitucionaIentreusosmilitarese civis daenergianu- Clear.Mas paraos paísescomplenoacessoa todo o ciclo dQ combustívelnuclear,na verdadenãohá separaçãotécnica.Ne~ todosos Estadospraticama necessária'separaçãoadministrativabemdefinidaentreacessocivil e militar.Tambémé necessáriaa cooperaçãoentreos fornecedorese compradoresde instalaçõese materiaisnuclearescivis e a AgênciaInternacionalde Energia Atômica(AIEA), a fimdeoferecergarantiasconfiáveisdequeos programascom finalidadescivis não serãodesviadosparafins militares,sobretudonospaísesquenãoabremtodosos seuspro- gramasnuclearesà inspeçãodaAIEA. Por isso,semprepermane- ceo perigodaproliferaçãodearmasnuclyares. 7.3.2.1Custos Os custosdeconstruçãoe a economiarelativadasestaçõesgera- dorasde eletricidade- movidasa energianuclear,carvão,petró- leo ou gás- sãocondicionados,aolongodavidaútil deumausi- na,pelosseguintesfatores: e o custodosempréstimosparafinanciaraconstruçãpdausina; o o impactodainflação; , o a duraçãodoperíododeplanejamento,licenciamentoe constru- ção; O o custodocombustívele damanutenção; o os custosde medidaspreventivasparaassegurarumfunciona- mentoseguro; o os custosda eliminaçãode rejeitos(contençãoda poluiçãoda terra,do ar e da água)e os custosdadesativaçãono fim davida útil. Todosessesfatoresvariamenormementedependendodosdife- tentescontextosinstitucionais,legaise financeirosdosdiferentes países.Por isso, generalizaçõese comparaçõesno tocantea cus- tos sãoinúteise enganadoras.De qualquerforma,emtel,TIlosde usinasnucleares,os custosassociadosa váriosdessesfatoresau- mentarammaisrapidamentenosúltimos5-10anos,demodoque 203 I I i I- "Os riscosqueos usospac(ficosda energianuclear,inclusivea energiaelétricanuclear, representampara a saúdesão muito pequenossecomparadosaosbeneficiosproporcionadospelo uso da radiaçãonuclearpara diagnósticoe tratamentomédico. A aplicaçãosegurada tecnologiada radiaçãonuclearpode trazermuitosbenefíciosno tocanteà limpezadomeioambientee ao aumentoda ofertadealimentosemtodoomundo,pois elimi- na qdesperdício. A exceçãodeumfatorecentee bemconhecido,a cooperação internacional'queassinalouo desenvolvimentoda tecnologiada energianuclearéumexcelenteexemplodecomolidar compro- blemasambientaise éticoscomunscausadospelo desenvolvi- mentodeoutrastecnologias.', . lanWilson Vice-PresidentedaAssociaçãoNuclearCanadense AudiênciapúblicadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986 a claravantagemanterioremrelaçãoaoscustosda energianu- clearsobrea vidaútil dausinafoi muitoreduzidaoumesmode- sapareceu.47As nações deveriam,portanto,examinarmuito atentamenteasC0J1paraçÕesdecustosa fim detiraremo máximo proveitodaestratégiaenergéticaadotada. 7.3.2.2Riscospara a saúdeeo meioambiente As usinasnuclearessãoregidaspor códigosdesegurançamuito rígidos, de modoque, sob condiçõesoperacionaisoficialmente aprovadas,o perigode radiaçãoparao pessoalquetrabalhano reatore parao públicoemgeralsejamínimo.Mas umacidente numreatornuclearpodeemcertoscasos- extremamenteraros- sersérioo bastantepara-causara liberaçãoc!e'substfmciasradiati- vasoDependendodo níveldeexposição,aspessoasficamsujeitas aoriscodecontrairváriasformasdecânceroudeapresentaralte- raçõesdematerialgenéticoquepodemacarretardefeitoshereditá- nos. Desde1928a ComissãoInternacionaldeProteçãoRadiológica (CIPR) vemfazendorecomendaçõesacercadosníveiseledosa- gemde radiaçãoacimados quaisa exposiçãoé inaceitável.Tais níveis foramestabelecidosparafuncionáriosqueseexpÜempor forçado própriotrabalhoe parao públicoemgeral.Os códigos denominadosPadrõesde SegurançaNuclear(PSN) dai\IEA fo- ramestabelecidosem1975a fimdereduzirasdifercI}(,:asdesegu- rançaentreos Estados-membros.Nenhumgovernocsl;Ísujl:il.Oa 204 I 1 \ j I II :G ~ qualquerdos sistemas.Se ocorrerumacidente,cabea cadago- verno a responsabilidadede decidirquenível de contaminação radioativatomarápastagens,'águapotável,leite,carne,ovos,le- gumese peixesproibidosaoconsumoanimalou hurríanõ. - Diferentespaíses- e atéautoridadeslocaisde ummesmopaís _ adotamdiferentescritérios.Algunsnãoadotamnenhum,apesar da CIPR e dosPSN. Os Estadoscompadrõesmaisrigorososche- gam.adestruirgrandesquantidadesde alimentosou a deixarde importaralimentosdeumpaísvizinhocujoscritériossãomaisli- berais.Isto provocasérioscontratemposparaos agricuHores,que podemnão recebercompensaçãoalgumapor suasperdas- além de causarproblemascomerciaise tensõespolíticasentreEstados. Tudo isso se verificouapóso desastredeTchemobil,quandofi- couclaramentedemonstradaanecessidadedeestabelecercritérios de contaminaçãomaisuniformes,pelomenosemnívelregional,e acordosdecompensação. 7.3.2.3Riscosdeacidentesnucleares A segurançanuclearvoltouàsmanchetesdosjornaisap6sos aci- dentesde ThreeMile Island(Harrisburg,EUA e de Tchernobil, URSS). Em 1975,a Comissãode RegulamentaçãoNucleardos EUA fizera estimativasde probabilidadedo risco de umafalha numcomponenteocasionarumaliberaçãoradiativanosreatoresa águaleve usadosno Ocidente.48A categoriade liberaçãomais gravepor falhade retençãofoi situadaemtomode 1para1mi- lhão de anosde funcionamentode umreator.As análisesposte- rioresaosacidentesde Harrisburge deTchemobil- umtipo de reatortotalmentediferente- mostraramque,emambosos casos, a causaprincipalhaviasido erro humano.Os acidentesocorre-- ryun,respectivamente,apóscercade 2 mil e 4 mil anos-reator.49 E praticamenteimpossívelestimarprobabilisticamentea freqüên- cia daocorrênciadetaisacidentes.Contudo,as análisesdisponí- veis indicamque,emborao risco de·umacidentepor liberação I;adiativasejapequeno,nãopodede formaalgumadeixarde ser levadoemcontanoatualestágiooperacionaldosreatores. Os estudosacercadeprecipitaçãoradiativarealizadosap6sos prime"irostestesde armasatômicasnaatmosferatomamperfeita- menteprevisíveisosefeitosregionaisdeumacidenteparaa saúde e o meioambiente;e estesefeitosforamconfumadosna.prática. ap6so acidentedeTchemobil.O quenãosepoderiaprevercom segurançaantesdeTchemobileramos efeitoslocaisde t'tmaci- dentedessetipo.Agorajá setemumavisãomuitomaisclara,de- vido àsexperiênciaslá realizadasdepoisqueumreatorexplodiu,. em26 de abrilde 1986,ap6sasnormasoficiaisde segurançate- 205 ,'~_ 1 .,\:;:,~~~,E'~~~1i~Ú:,:Jj~:'I1~~~i;·:2;:E"k:~f;.:L:3~~Lj~""":..0~~.::,....:."":.:':~...c--..:~.-~ remsido váriasvezesinfringidas,causandoo pior acidentenu- clearjamaisocorrido.Devidoa esseacidente,todoumdistritote- ve depassarporumaverdadeira"operaçãodeguerra",sendone- cessárioestabelecerumaamplaoperaçãomilitar paraconteros danos. 7.3.2.4Deposiçãoderejeitosradiativos Os programascivis de energianuclearde todoo mundojá gera- rammuitosmilharesdetoneladasdecombustíveljá utilizadoe de rejeitosaltamenteradiativos.Muitos governosadotaramprogra- masde largaescalaparaestabelecermeiosdeisolaressesrejeitos dabiosferaduranteasváriascentenasdemilharesdeanosemque permanecerãoperigosamenteradiativos. Mas o problemade deposiçãodos rejeitosnuclearescontinua sem solução.A tecnologiarelativaa esseproblemaatingiuum alto nível de sofisticação,50porém ainda não foi plenamente testadaou utilizada,econtinuahavendoproblemasquantoaoque fazercomos rejeitos.Há umapreocupaçãoespecialquantoa um futurodespejonooceanoou àdeposiçãoderejeitascontaminados no territóriode paísespequenosou pobresincapazesde impor salvaguardasrigorosas.Deveria ficar estabelecidocom clareza quetodosos paísesquegeramrejeitosnuclearesos depositariam emseusprópriosterritóriosou segundoacordosrigidamentemo- nitoradosentreEstados. 7.3.3A situaçãointernacionalna atualidade Nos últimos.25 anos,umaconscientizaçãocadavez maior dos prOblemasaqui.esboçadosprovocouumavastagamade reações por partedeespecialistas,do públicoc dos govcrnos.Muitoses- pecialistasachamque aindahá muitoque se aprendercom os problemasvividos atéagora.Sustentamquese.aopiniãopública lhespermitirresolverosproblemasdedesativaç.ãoc deposiçãode rejeitasnucleares,c seo custodosfinanciamentospermanecerra- zoavelmenteabaixodo pico de 1980-82,na faltade novasfontes energéticasalternativasviáveis,nãohápor quea energianuclear não despontarcomoumafontepromissoranos anos90. No ex- tremooposto,muitosespecialistasopinamqueháproblGlIlasde- maissemsoluçãoe quesãomuitososriscosparaquea sociedade pensenumfuturonuclear.As reaçõesdo públicotambL=111variam. Em algunspaíses,há poucareaçãopopular;em outros,parece haverumaltograudeansiedade,quese manifestanosre:;ulla(\os antinuclearesdaspesquisasdeopiniãoou emgrandescampanhas antinucleares.. 206 J ~ W '1.~. ~1101 Iâ~ ~~ I, i,' ~, "~ ;", tr j. ,,1, i'f:~'. Dessa forma,enquantoalgunspaísesaindanão dispõemde energia:nuclear,os reatoresjá fornecemcercade 15%detodaa eletricidadegerada.A produçãototalde eletricidadedo mundo, por suavez,equivalea cercade 15%daofertaglobaldêenergia primária.Aproximadamenteumquartodospaísesdo mundopos- suemreatores.Em 1986,h'lVia366funcionandoe outros140em planejamento,5lsendoque 10governosdetinhamcercade 90% de toda a capacidadeinstalada(maisde 5GW (e)). Destes,oito possuemumacapacidadetotalsuperiora 9GW (e)52,e geraram em 1985as seguintespercentagensde energiaelétrica:França, 65; Suécia,42; RepúblicaFederalda Alemanha,31; Japão,23; Reino Unido, 19; EUA, 16;Canadá,13;URSS, 10. Segundoa AIEA, em1985havia55reatoresdepesquisanomundo,33deles empaísesemdesenvolvimento.53 Contudo,restapoucadúvidadequeasdificuldadesjá mencio- nadascontribuíramde um modoou de outroparao atrasodos planosnuclearesfuturos- e,emalgunspaíses,paraa interrupção das atividadesnucleares.Na Europaocidentale na Américado Norte,quedetêmhojequase75%daatualcapacidademundial,as fontesnuclearesrespondemporcercade1,1mterçodaenergiaCJue as previsõesfeitashá 10 anosindicavam~'·Àexceçãoda França, do Japão, da URSS e de váriosoutrospaísesdo Lesteeuropeu quedecidiramlevaravanteseusprogramasnucleares,emmuitos outrospaísesas perspectivasde encomenda,construçãoe licen- ciamentodenovoSreatoresnãoparecemnaá~boas.Na verdade, entre1972e 1986,asantigasprojeçõesglobaISdacapacidadees- timadaparao ano2000foramrevistase reduzidaspor umfator de quasesete.Mesmo assim,o crescimentoanualde cercade 15%quea enérgianuclearapresentounosúltimos20 anosainda é impressionante.54 Depoisde":rchernobil,houvesignificativasmudançashapolí- tica nuclearde algunsgovernos.Vários deles- especialmente China, RepúblicaFederalda Alemanha,França,Japão, Polônia, Reino Unido, EUA e URSS - mantiveramou reafirmaramsuas políticaspró-nucleares.Outros,queadotavampolíticas"não-nu- c}eares"ou haviaminterrompidoseuprocessonuclear(Austrália, Austria,Dinamarca,Luxemburgo,NovaZelândia,Noruega,Sué- cia _ e a Irlanda,comumaposiçãoextra-oficialantinuclear),re- ceberama adesãodasFilipinase daGrécia.Enquantoisso,Fin- lândia,Holanda,Itália, Iugosláviae Suíçaestãoreexaminandoa segurançanucleare os argumentosantinucleares,ou aqotaram leis quevinculamtodoe qualquercrescimentofuturodoemprego de energianucleare exportaçõese importaçõesde tecnol9giade reatoresa umasoluçãosatisfatóriaparao problemadadeposição dos rejeitasradiativos.Váriospaísesdemonstraram-sepreoeupa~ 207 "A avaliaçãodasconseqüênciaspráticaspodebasear-sehojeTIa experiênciaprática.As conseqüênciasdeTchern.obillevaramos especialistassoviéticosa questionaremmaisumavezsenãose- ria prematuroo desenvolvimentodaenergianuclearemescala industrial.Acasoelenãoseriafatalparanossacivilização,para o ecossistemadenossoplaneta?Numplanetacomoonosso,tão rico emtodotipodefontesenergéticas,estaquestãopodeser discutidaeombastantecalma. Temosumaopçãoreal !)esse campo,tantono nívelestatale governamental,eomononível dosindivíduosedosprofissionais. Devemosnosempenhara fundoparaapeifeiçoaraprópria teenologia,paracriareelaborarrigorosospadrõesenormasde qualidadee desegurançatecnológica.Devemosnosesforçarpa- ra criarcentrosantiacidentese centrosdestinadosa compensar asperdassofridaspelomeioambiente.Seriabemmaisnatural atentarparaa melhoriado,níveldesegurançaindustrialea so- luçãodoproblemadasrelaçõesdo.homemcoma máquina'do queconcentraros esforçosnumúnicoelementoda estrutura energétieadomundo.Issobeneficiariatodaahumanidade." V.A. Legasov MembrodaAcademiadeCiênciasda URSS AudiênciapúblicadaCMMAD,Moscou,8dedezembrode1986 dos o bastantepararealizarreferendasa fim de conhecera opi- niãopúblicacomrelaçãoàenergianuclear. 7.3.4 Conclus~serecomendações As reaçõesdessespaísesindicamque,enquantocontinuama re- ver e a atualizartodosos dadosdisponíveis,os governostcndem a assumirtrêsposiçõespossíveis: (')permanecerforado círculonucleare desenvolveroutrasfontes deenergia; G considerarsuaatualcapacidadede energianuclearnecessáIja duranteumdeterminadopenodode transiçãoparafontesalterna- tivasdeenergiamaisseguras; c adotare desenvolvera energianuclear,naconvicçãodequeos problemase riscosdelesdecorrentespodeme devemserresolvi- dos num nível de segurançaaceitávelnaeionale internacional- mente. Os debatesda Comissãotambémre'f1etiramessesmesmos pontosdevista,tendênciaseposições. 208 I I II '1 I I Mas sejaqualfor apolíticaadotada,o importante'é quesedêa máximaprioridadeà promoçãodepráticasqueconduzamaoren- dimentoenergéticoem todosos setoresligadosà energiae de programasdepesquisa,desenvolvimentoedemonstraçãoparaum usoseguroe não-atentatórioao meioambientedetodasasfontes supridorasdeenergia,especialmenteasrenováveis. Devido à possibilidadede.efeitosalém-fronteiras,é essencial queos governoscooperemno sentidodeestabelecercódigosin- ternacionalmenteaceitosde funcionamentoqueincluamos com- ponentestécnicos,econômicos,sociais(incluindoaspectosliga- dos à saúdee ao meioambiente)e políticosda energianuclear. De modoespecial,deve-sechegara umconsensointernacionalno tocanteaosseguintesitensespecíficos: (l) totalratificação,porpartedosgovernos,dasconvençõesacerca de "NotificaçãoImediatade AcidentesNucleares"(inclusivea criaçãode tImsistemade supervisãoe monitoraçãoadequado)e acerca da' "Assistênciaem Caso de Acidentes'Nuclearesou EmergênciaRadiológica", da formarecentementecstabcIccicla pelaAIEA; .... ' tl.l treinamento'p'arà'enfrentaremergências- para contençãode acidentese descontarninaçãoe limpezaa longoprazodas [ircas, pessoaseecossistemasafetados; o a remoçãoparaalém-fronteirasdetodososmateriaisradiativos, inclusivecombustíveis,combustíveisjá utilizadose outrosrejei- tos,atravésdo mar,daterraoudoar; $ umcódigodepráticasrelativasa obrigaçõesecompensações; o padrõesde treinamentode operadorese licenciaplentointerna- cional; , li) códigode práticasparao fu~cionamentodereatores,inclusive padrõesmínimosdesegurança; (l) a comunicaçãodeliberaçõesrotineirase acidentaiseminstala- çõesnucleares; li) padrõesmínimosdeproteçãoradiol6gica,eficazese acordados internacionalmente;' . li) critériosassentidosde seleçãode locaisparaa instalaçãoçIe usinas,e consultase notificaçõesanterioresà montagemde.todas asgrandesinstalaçõescivisligadasàenergianuclear; li) padrõesparadepósitosderejeitos; Q padrõesparadescontaminaçãoe desativaçãodereatoresnuclea- rescujavidaútil seesgotou; Q problemasdeGorrentesdo desenvolvimentode emb~ações movidasàenergianuclear. Por muitasrazões- entreelas,emespecial,o fatodeospaíses detentoresde armasnuclearesnão.chegarema acordoquantoao desarmamento-, o Tratadode Não-proliferaçãorevelou-seum 209 · ":::L:L ~:~C~~'~~_~~...~:..:i0~iJ.;:~::,:;s:;:jci:{d'iá~2:[46:;;ih)l8i2.iliG:,.~~::<,'--:,:..:;,."'::'--'<':~:,:X2}~::,"·~~·1.LL~:~':~~;:L~t:::L'~~:..~~~:~~±±::~':::;:Et~:~~,~~-, instrumentoinadequadoparaevitara proliferaçãode armasnu~ cleares,que aindaconstituisériaameaçaà paz mundial.Reco- mendamos,portanto,veementementea instauraçãode umregime internacionaleficazqueabarquetodasasdimensõesdoproblema. Tantoos Estadosquedispõemde armasnuclearesquantoos que nãodispõemdeveriamcomprometer-sea acatarsalvaguardas,em conformidadecC!!llosestatutosdaAIEA. Além disso, é necessáriauma açãonormativainternacional, queincluaa inspeçãodosreatoresemâmbitomundial.Essaação nadateria a ver como papelda AIEA de promoçãode energia nuclear. A geraçãodeenergianuclears6sejustificacomsoluçõescon- fiáveisparaos problemas'atéagoranãoresolvidosqueacarreta. Deve-sedar a máximaprioridadeà pesquisae ao desenvolvi- mentode alternativasviáveisdo pontode vistaambientale eco- - nômico,alémde meiosde aumentara segurançada energiami- clear. 7.4 COMBUSTÍVEIS VEGETAIS: UM RECURSO QUE SE ESGOTA Setentapor centodoshabitantesdos países{1mdesenvolvimento consomemlenhae,dependendodadisponibilidade,queimamalgo emtornode ummínimoabsolutodecercade 350kga 2.900kgde lenhasecaporano-'em média,aproximadamente700kgporpes- soa.55 As reservasruraisde combustívelvegetalpareçemestar poucoa poucochegandoao fim emmuitospaísesemdesenvol- vimento,sobretudona África subsaariana.56Ao mesmotempo,o rápidocrescimentoda agricultura,o ritmo~amigraçãoparaasci- dadese O' númerocrescentede pessoasque ingressamno setor monetárioda economiapressionammaisdo quenuncaa basede biomassa57e fazemaumentara demandade comvustíveiscomer- ciais:desdelenhae carvãovegetal,atéquerosene,propanolíqui- do, gáse eletricidade.Paraenfrentaressasituação,os governos de muitospaísesemdesenvolvimentos6 têmcomoopçãoorgani- zar imediatamentesua agriculturaa fim de produzir grandes quantidadesdelenhae deoutroscombustíveisvegetais. A coletadelenhavemsendomaisrápidado quesuacapacida- dederenovaçãoemmuitospaísesemdesenvolvimentoqueainda dependempredominantementedabiomassa- madeira,carvãove- getal,estercoe resíduosagrícolas- paracozinhm,aquecersuas casase atéparailuminação.As estimativasdaOrganizaçãoparaa Alimentaçãoe a Agriculturaindicamque,em 1980,cercade 1,3 bilhãodepessoasvivia emáreasdeficitáriasemJcnha.5XSe essa coletaexcessiva- induzidapelo tamanhodapopnlaçflo~prosse- 210 l- i guir no ritmoatual,por voltado ano2000talvezcercade2,4bi- lhõesdepessoasestejamvivendoemáreasonde"há extremaes- cassezdemadeira,ou éprecisoobtê-Iaemoutros.lugares':.Esses números:re~elamumasituaçãomuitodifícil paraos sereshuma- nos.Não se dispõededadosprecisossobreaofertadelenhapor- quegrande,partedo produtonãoécomercializadae simcoletada pelosconsumidores,principalmentemulherese crianças.Masnão hádúvidacÍequemilhõesempenham-searduamenteemencontrar combustíveissubstitutos,e estenúmerovemaumentando. A criseda lenhae o desflorestamento- emboraligados- não constituemo mesmoproblema.Os combustíveisvegetaisquese destinamao consumourbanoe industrialgeralmenteprovêmdas florestas,masapenasumapequenaproporçãodoconsumidopelos pobresruraisprovémde florestas.E mesmonestecaso,os habi- tantesdospóvoadosruraisraramentederrubamárvores;amaioria apanhagalhosmortoscaídosouoscortamdasárvores.59 Quandoa lenhaé escassa,aspessoascostumameconomizá-Ia; quandojá nãohá lenhadisp(;'nível,oshabitantesdocamposevê- emforçadose queimaroutroscombustíveis,comoestercodeva- ca, talose cascasdevegetaiseervasdaninhas.EmgeralissonfÍo causanenhumprejuízo,desdequesejamusadosrefugostaisco·· mo talosde algodão.Mas a queimade estercoe de certosresÍ- duosagrícolaspodeemalgunscasostirardosoloosnutrientesele queestenecessita.Por vezes,períodosagudosdeescassezpodem provocara reduçãodo númeroderefeiçõesquentesouencurtaro tempodecozimento,o queaumentaasubnutrição. Muitos habitantesurbanosdependemde lenha,que em sua maioriaé comprada.Recentemente,devidoao aumentodospre- ços dos combustíveisvegetais,as famíliaspobresviram-seobri- gadasa gastarproporçõescadavezmaioresde suarendacomle- nha.Em Adis Abebae Maputo,asfamíliasdestinama issodeum terçoà metadede suasrendas.60Muito setemfeitonosúltimos 10anosparafabricarfogõeseficientesemtermosdecombustível, e alg1Çlnsdosnovosmodelosconsomem30-50%menoscombustí- vel. Ás áreasurbanasdeveriamtermaisacessoaessesfogões,as- sim comoa panelasde aluoúnioe panelasde pressão,quetam- bémconsomemmuitomenoscombustível. O carvãovegetalé umcombustívelmaisadequadoe maislim- po quea lenha,e suafumaçacausamenosirritaçãoaosolhose distúrbiosrespirat6riosqueafumaçadalenha.61Porém;osméto- dosusuaisdeobtê-lodesperdiçamenormesquantidadesçlemadei- ra. Os índicesde desflorestamentona periferiadecidadespode- riam ser bastantereduzidosse fossemempregadastécnicasde obtençãode carvãomaiseficientes,comofomosde tijolo ou de metal. 211 ,.. ::..; ..~.. ::,.: ,..•--,- .. :_~ ..•.~..-.~~,"" 1..:""_...0....::::......:~:.....~,:;;,0::;:.:-=:.:;:s-::;;E~,;.:;;~~~u.;;..~~:..;.:·,..:·,""-"" li ' "A lenhae o carvãovegetalsão,econtinuarãosendo,asprinci- paisfontesde energiapara a grandemaioriadosquevivemnas zonasruraisdospafsesemdesenvolvimento.A derrubadadeár- voresnas terrassemi-áridas e úmidasdospafsesafricanosre- sulta em grandeparte das necessidadesde energiacada vez maioresdepopulaçõescadavezmaiores,tantoruraisconwur- banas.As conseqüênciasmais visfveissão a desertificação,a erosãodo solo e a deterioraçãodo meioambientedenwdoge- ral. Sãomuitasas razõespara taisdesacertos,masumadascau- sasfundamentaisé semdúvidao fato dese dar aterIçãoapenas às árvpres,e não às pessoas.A silviculturadeveampliarseus horizontes:para alémdasárvores- para aspessoasquedevem explorá-Ias." RutgerEngelhard CentroparaEnergiaeDesenvolvimentonaÁfricadoInstitutoBeijer AudiênciapúblicadaCMMAD,Nair6bi,23desetembrode1986 A exploraçãocomercialda silviculturararamenteé eficazno tocanteao fornecimentode lenhaàs áreasrurais,mascontribui parao atendimentodasnecessidadesurbanase industriais.A sil- viculturacomercial,ou, emmaiorescala,os cultivosdestinadosà geraçãode energia,podemserempreendimentosviáveis.Os cin- turõesverdesemtornode grandesáreasurbanastambémpodem fornecercombustíveisvegetaisparao consumourbano;alémdis- so, zonasverdesurbanasdessetipo trazemoutrosbenefíciosao meio ambiente.Algumassiderúrgicasde paísesem desenvolvi- mentotêm como.baseo carvãovegetalproduzidoda madeira oriundadessasplantaçõesdestinadasà geraçãodeenergia.Infe- lizmente,a maioriaaindarecorreà madeiradasflorestasnativas, semreflorestá-Ias.Freqüentemente,sobretudonos estágiosini- ciais, sãonecessáriosincentivosfiscaise tributáriosparadarim- pulsoa projetosdeplantiode árvores.Mais tarde,taisincentivos podemservinculadosao sucessodo empreendimentoe eventual- menteretirados.As áreasurbanastambémoferecemboaspers- pectivasparao aumentoda ofertadefontesalternativaseleener- gia,comoeletricidade,gáspropanolíquido,querosenee carvão. Mas estasestratégiassãoineficazesparaa maioriadaspessoas do campo,especialmenteas pobres,que coletama lenhaque usam.Paraelasa madeiraéum"bemlivre" atéquea últimattr- voredisponívelsejaderrubada.As áreasruraisexigemestratégias completamentediferentes.Dadaa necessidadebásicadecombus- tível doméstico,e o númeroreduzidode substitutosdisponíveis, 212 parecequea únicasaídaa curtoe a médioprazosparao proble- ma é tratara lenhacomoalimento,e plantarárvorescomouma culturade subsistência.A melhorformadefazerissoé empregar váriastécnicasagroflorestais,algl)masdasquaissão-usadas,de fato,hámuitasgerações.(Ver o capítulo5.) Na maioriadasáreasrurais,porém,o simplesplantiode.mais árvoresnãoresolvenecessariamenteo problema.Em algunsdis- tritoscomárvoresemabundância,nãohá lenhadisponívelpara os que dela necessitam.As árvorespodempertencera apenas umaspoucaspessoas.Ou a tradiçãotalvezvedeàsmulhereso de- sempenhode qualquerpapelnaeconomiafinanceira,impedindo- as de comprarou vendermadeira.62As comunidadesenvolvidas têmde criarsoluçõeslocaisparaessesproblemas.Masessespro- blemaslocalizadosindicamqueos governose asorganizaçõesde assistênciae dedesenvolvimentoquedesejammelhorara situação da lenhanos paísesemdesenvolvimentoterãode se empenhar muitoparacompreendero papelqueeladesempenhanasáreasru- rais e as relaçõessociaisquedeterminamsuaproduçãoe consu- mo. 7.5 ENERGIA RENOVÁVEL: O POTENCIAL INEXPLORADO Em .teoria,as fontesde energiarenovávelpoderiamfornecerde 10 a 13TWpor ano- o equivalenteao atualconsumoglobalde energia.63Hoje fornecemcercade2TW por ano,maisou menos 21% da energiaconsumidaemtodoo mundo,dosquais15%são biomassae 6% energiahidrelétrica.Contudo,em.suamaioria,a biomassaapresenta-sesoba fornladelenhae resíduosagrícolaseanimais.Comoj<isesalientou,a lenhajá nãopodeserconsidera- da umrecurso"renovável"emmuitasáreas,porqueos índicesde consumosuperamaproduçãosustentável. . Emboraa dependênciamundialde todasestasfontesvenha aumentandoemmaisde 10%ao anodesdefins da décadade70, ainda levaráalgumtempoaté queelasconstituamumaporção substancialdaofertaenergéticadomundo.Os sistemasdeenergia renovávelaindase encontramnumestágiode desenvolvimento relativamenteprimitivo.Mas oferecemaomundofontesde ener- gia primáriapotencialmenteenormes,sempresustentáveise, de algumaforina,à disposiçãode todasasnaçõesdaTerra;Porém, para que esse.potencialse tornerealidade,seránecess;llioum compromissofirmee constantea fim depromovera pesquisae o desenvolvlinento. Quandosepensaemmadeiracomofontedeenergiarenovável, costuma-sepensarem árvorese arbustosque crescemnatural- 213 I~R,,I. :'~_=~i"!:'.'.'"~:",":"''"''iC-:'':\.(i':;''!''~'.T-·;',r,\,i;;;-,i;:,.~F.'i'j:.i',:::t{J..:;::;· ~~'{,{~[!;,,\·.[;~::3-~~~:·~;Z~,~;;::·':.r.E";-:J"'~::,;i,;::':;:'Z:.•::''='=_:::;;:l;::'='~::':::;:',=_::: =;.:...=: ;;..::c::,.--='=,...:.=:.:...::,::::c~.::c_::'==~,-_;,::-~::""'::':_""':,._:::":::,""'_~-::..:==_o:-=.,;.;=..;:;"', ==,,=..A=,.""",,,,,,"_,,,.,,,,_ ..,,,~,,•..."""_7._--- .- I ' IIWlIlce sãoaproveitadosparao consumodomésticolocal. Mas a IlIadciraestásetomandoumaimportantematéria-prima,plantada 1"''lH'l'ialmenteparaprocessosavançadosde conversãoenergética (Ullruempaísesindustrializadoscomoemdesenvolvimento- vi- ~.i1l1dn:\ produçãodecalor,eletricidadee à produçãopotencialde (llllruscombustíveis,gasosose líquidos. 1\ energiahidrelétrica- que,entreas fontesrenováveis,vem 11l}',oapósa madeira- expande-sequase4% ao ano. Embora ITIl(cn:lSdemilharesdemegawattsdeenergiahidrelétricatenham sido utilizadosno mundo,o potencialremanescenteé enorme.64 I':rn paísesem desenvolvimentofronteiriços,a cooperaçãoentre naçi'ícsno tocanteaodesenvolvimentoda energiahidrelétricapo- deriarevolucionaro potencialdaoferta,sobretudonaÁfrica. O uso de energiasolaré pequenono mundo,masjá começa n ter lugarimportantenospadrõesdeconsumode energiade al- 1'.ullspaíses.O aquecimentodomésticoe da águapor meio da ellergiasolaré comumem muitaspartesda Austrália,Grécia e OricnteMédio. Váriospaísesdo Lesteeuropeue emdesenvolvi- Illcntopossuemativosprogramasdeenergiasolar;nos EUA e no .Iapflo,as vendasde equipamentosde energiasolaratingemcen- tenasde milhõesde dólaresanuais.Com o avançoconstantedas tecnologiasde energiasolar térmicae elétricanessespaíses,é provávelquesuacontribuiçãoaumentesubstancialmente.O custo do equipamentofotovoItaieocaiu de cercade US$500-600por picowattparaUS$5 e estáse aproximandode US$I-2, nível em que~odecompetircomaproduçãodeenergiaelétricaconvencio-nal. 5 Mas mesmoa US$5 por picowatt,forneceenergiaelétrica paralugaresremotosaumcustomuitomaisbaixodequesefosse precisoinstalarnovaslinhasdetransmissão. A energiaeólicavemsendousadahá séculos- principalmente parabombearágua.Nos últimostemposseuuso vemapresentan- do rápidocrescimentoemregiõescomoa Califórnia e a Escandi- návia.Nessesdoiscasossãousadasturbinasmovidasa ventopa- ra gerarenergiaelétricaparaasredeslocais.Os custosdaenergia elétricageradapelo vento- a princípiobeneficiadacomgrandes incentivosfiscais - caíramdrasticamentena Califórnia nos últi- mos cinco anose talvez,numprazode 10 anos,estafontede ene~iase tomecompetitivaemrelaçãoa outrasfontessuprido-ras. êi Muitos paísestêmprogramasbem-sucedidos,porémpe- quenos,de energiaeólica,maso potencialinexploradoaindaé muitogrande. O programadeálcoolcombustíveldo Brasil produziucercade 10bilhõesde litrosdeetanola partirda cana-de-açúcarem1984 e substituiucercade 60% da gasolinade queo país neccssita- ria.67O custofoi estimadoemcercade US$50-60 por barril de 214 gasolinasubstituída.Quandoseretiramos subsídiose seemprega umataxacambialreal,essecustomostra-secompetitivoemtela- ção aos preçosdo petróleode 1981.Considerando-seas atuais cotaçõesmaisbaixasdo petróleo,o programatorna-'Seantieco- nônúco;porém,ajudao paísa pouparmoedaforte,alémdepro- porcionaroutrosbenefícios,comoo desenvolvimentorural,a ge- raçãodeempregos,o aumentodaauto-suficiênciaeumavulnera- bilidademenoràscrisesnosmercadosmundiaisdepetróleo. O usodeenergiageotérrnica,geradaporfontestermaissubter- râneasnaturais~vemaumentandoemmaisde 15%ao anotanto nos paísesemdesenvolvimentocomonosindustrializados.A ex- periênciaadquiridanos últimosdecêniospoderiaservirde base paraurnagrandeexpansãodacapacidadegeotérmica.68Por outro lado, as tecnologiasde geraçãode calor de baixa intensidade atravésde bombasdecaloroupormeiodereservatóriossolarese gradientestermaisoceânicossão promissoras,'masaindas'een- contram,em suamaioria,no estágiode pesquisae desenvolvi- mento.,. Todasess'asfo"ntesdeenergianãodeixamde apresentarriscos à saúdee ao meioambiente.Emboracausemproblemas- dcsdt: os maistriviaisatéos maissérios-, asreaçõ~sdo públicoa elas não são necessariamenteproporcionaisao dano causado.Por exemplo,algumasdas dificuldadesmaiscomunscom rclaçãoà energiasolar são, um tantosurpreendentemente,os ferimentos decorrentesde quedasde telhadosdurantea manutençãotérmica solare o inconvenientedo brilhodo sol nassuperfíciesdevidro. Umamodernaturbinamovidaa vento,porsuavez,podeserbas- tanteincômodaemtermossonorosparaaspessoasquevivemem suasproxiinidades.No entanto,'essesproblemasaparentemente banaisemgeralprovocamfortesreaçõespopulares. Masessassãoquestõessecundáriasse comparadasà destruição do ecossistemaeminstalaçocs'hidrelétricasou à transferênciade famíliasdasáreasa sereminundadas,e tambémaosriscosparaa saúdedecorrentesdosgasestóxicosemanadosdavegetaçãoe dos solossubmersosapodrecidos,ou decorrentesdedoençastransmi- tidas pela água,como a esquistossomose.As represastambém atuamcomoumabarreiraàmigraçãodospeixese muitasvezes'ao deslocamentodosanimaisterrestres.Mas talvezo problemamais gravesejao risco de suasparedesse rompereme arrastaremou inundaremos assentamentoshumanossituadosa jusante- apro- ximadamenteumavezpor anoemalgumpontodo mun10·O ris- co épequeno,masnadatemdeinsignificante. Um dos problemascrônicosmaiscomunsé a irritflÇãodos olhose dospulmõescausadapelafumaçaprovenientedaqueima da madeiranos paísesem desenvolvimento.Quandoos rejeitos 215 ..•..••••,_J.:""~~.~"-.;""': .._~ .•'~_":' __'':''~'' '..~_~:,~.:...S;~...•:':.:';'~~.;:.;;;.;~~-::'=:~..:i'::~====-":;:L-.';;l;:,.;._.c,.__~ ~;;;:,.c."~",, .•..••...;_::-.~- "Ao optarmospelosrecursosa seremutilizados,nãodevemos encararcegamenteosrecursosenergéticosrenováveis,nãode- vemosperdero sensodasmedidas,nãodevemosoptarvisando apenasao meioambientedepe! si. Em vezdisso,deveríamos desenvolvere utilizartodososrecursosdisponíveis,inclusiveas fontesdeenergiarenováveis,nwnesforçode longoprazoque requerumempenhocontínuoeconstantequenãopodeficarsu- jeitoaflutuaçãeseconômicasdecurtoprazo,afimdequen6s, na lndonésia,consigamosumatransiçãobem-sucedidae bem organizadaparawnaestmturamaisdiversificadaeequilibrada desuprimentodeenergiaeparawnsistemadeofertadeenergia ecologicamenteviável,queé o objetivofinal denossaspolíti- cas." Depoimentodeumparticipante AudiênciapúblicadaCMMAD, Jacarta,26demarçode1~8~ agrícolassãoqueimados,os resíduosdepesticidasinaladosjunto com a poeit:aou a fumaçada matériaagrícolapodemconstituir umproblemaparaa saúde.Os biocombustíveislíquidosmodernos tambémapresentamseusprópriosriscos.Além deocuparemboas terrasagrícolas,competindocomas culturasalimentícias,geram grandesquantidadesdeefluentesresiduaisorgânicos"quequando nãosãousadoscomofertilizantespodemcontaminarseriamentea água.Tais combustíveis,emespecialo metanol,podemdarori- gema outrosprodutoscombustíveiscausadoresde initaçõesou tóxicos.Todos essese muitosoutrosproblemas,gravesou não, aumentarãoà medidaqueos sistemasdeenergiarenovávelsede- senvolverem. A maioriadossistemasde energiarenovávelfuncionamelhor empequenaoumédiaescala,sendoideaisparaaplicaçõesruraisesuburbanas.Costumamsertambémmão-de-obraintensivos,o que constituiriamaisumbenefícioondeháexcedentedemão-de-obra. São menossuscetíveisdo queos combustíveisfósseisa flutua- çõesviolentasdepreçose acustosemdivisas.A maioriadospaí- sespossuialgunsrecursosrenováveise seuusopodeajudá-Iosna buscadaauto-suficiência. A necessidadedeumafirmetransiçãoparaumacombinaçãode fontesenergéticasmaisamplae maissustentáveljá começaa ser aceita.As fontesde energiarenováveispoderiamcontribuirbas- tantepara isso, sobretudomediantetecnologiasnovasc mais avançadas,masseudesenvolvimentodependerá,acurtoprazo,da reduçãoou daeliminaçãodecertasrestriçõeseconômicasc insti- 216 f·:,. tucionaisa seuuso,que,'emmuitospaíses,sãocolossais.Os ele- vados subsídiosdisfarçadospara combustíveisconvencionais, embutidosna legishiçãoe nosprogramasenergéticosdamaioria dospaíses,constituemumentraveàsfontesrenováveis"notocante a pesquisae desenvolvimento,licençasparadeposição,isenções fiscais e subsídios-diretosaos preçosao consumidor.Os países deveriamprocederaoexamegeraldetodosos subsídiose outras ,formasde incentivoa váriasfontesde energiae eliminaros que nãotivessemumaclarajustificativa. Emboraa situaçãoestejamudandorapidamenteemalgumasju- risdições,na maioriadelasos serviçospúblicosde eletricidade detêmummonopóliodasfontessupridorasquelhes permiteim- por políticasde preçosquediscriminamoutrosfornecedores,ge- ralmentebs'pequenos.69Em certospaíses,o relaxamentodesse controle,que levouessesserviçosa aceitar:ema energiagerada por indústrias,sistemasmenorese particulares,criou oportunida- desparaO desenvolvimentodasfontesrenováveis.Além disso,o fato de essesserviçosseremlevadosa !ldotarumaabordagemde uso final no planejamento,financiaIT).ento,desenvolvimentoe co- mercializaçãoda energiapodedarensejoa umaamplagamade medidaspoupadorasdeenergiae a fontesrenováveis. É precisodar maiorprioridadeàs fontesdeenergiarcnovávcI nos programasenergéticosnacionais.Os projetosde pesquisa, desenvolvimentoe demonstraçãodeveriamdispordosrecursosfi- nanceirosnecessáriosparagarantirsua'rápidaexecução:Se, de um potencialde aproximadamenteIOTW, fossemaproveitados pelomenos3 a 4TW, issofariaurnadiferençafundamentalparaa ofertadeenergiaprimáriafutura,sobretudonospaísesemdesen- volvimento,ondehá condiçõesparaqueasfontesde,energiare- nováveissejambem-sucedidas.Os desafiostecnoló'gicosapre- sentadospelas fontesenergéticasrenováveissão mínimos"em comparaçãocomo desafiodecriarestruturassociaise institucio- naisqueinsiramessasfontesnossistemassupridoresdeenergia. A Comissãoacreditaquedeveriaserfeitotodoo esforçopos- sível paradesenvolvero potencialdeenergiarenovável,quede- veráconstituira basedaestruturaenergéticadomundonoséculo XXI. E sesequiserqueessepotencialsejaplenamenteaproveita- do, é precisoumesforçoconjuntomuitomaior.Porém,umgrande programade desenvolvimentodeenergiarenovávelenvolvecus- toselevadose altorisco,principalmenteindústriasdebiomassae energiasolarde grandeporte.Os paísesemdesenvolvimentosó dispõemde recursosparafinanciarumapequenaparceladesses custos,emboravenhama sergrandesconsumidorese talvezaté exportadores.Seránecessária,portanto,assistênciafinanceirae técnicaemlargaescala. 217 i! ;";':,)~:.X&~~li':~;Uitt:~l,~ikb:SÚ~~:'Ú~ii..::,;:,-..-,'/'~f:~S'~,TI:'·'-/'·~~~:.::.:~;~~.,LLs,~~..::~'~:~~:':~:'~::=i'.xd:r:~;r:=·~~~_~;,",~,~,,·.'~. 7.6 RENDIMENTO ENERGÉTICO: MANTENDO O ÍMPETO Com basena análiseexposta,a Comissãoacreditaqueo rendi- mentoenergéticodeveriaconstituiro pontocentraldaspolíticas energéticasnacionaisquevisamao desenvolvimentosustentável. Desdeo primeirochoquedospreçosdo petróleo,nosanos70,já houveganhosimpressionantesderendimentoenergético.Nos úl- .timos 13 anos,muitospaísesindustrializadosapresentaram,em seucrescimento,umaquedasignificativano itemenergiadevido a aumentosde rendimentoenergéticode emmédia1,7%ao ano' entre1973e 1983.70E estasolução- o rendimentoenergético- custamenos,por pouparos suprimentosadicionaisde energia pJ;imárianecessáriosparapôr em funcionamentoo equipamento tradicional. A eficiênciaem funçãodos custosdo "rendimento"comoa "fonte" deenergiamaisbenéficaemtermosambientaisé maisdo que sabida.O consumode energiapor unidadede produçãoa partirdos processose tecnologiasde maiorrendimentositua-se entreumterçoe menosdametadedo dosequipamentostradicio- naisdisponíveis.71 . Isto se aplicaa equipamentosparacozinhar,iluminar,refrige- rar, aquecere refrescarambientes- necessidadesquese tornam cadavezmaisprementesnamaioriadospaísese pressionambas- tanteos sistemasde suprimentoexistentes.Tambémseaplicaaos sistemasdecultivoe irrigaçãoagrícolas,a automóveise amuitos processoseequipamentosindustriais. Dadaa grandedisparidadede consumode.energiaper captta entrepaísesemdesenvolvimentoedesenvolvidosemgeral,é evi- denteque a necessidadede pouparenergiaé potencialmente muitomaiornospaísesindustrializadosdo quenosemdesenvol- vimento.Contudo,o rendimentoenergéticoé importantesejaon- defor. Umafábricadecimento,umautomóvelou umabombade irrigaçãodeumpaíspobreemnadadiferemde seusequivalentes do mundorico. Em ambos,há aproximadamenteasmesmaspos- sibilidadesdereduziro consumodeenergiaou a demandamáxi- made energiadessesdispositivos,semperdadeproduçãoou de bem-estar.Mas os paísespobresganharãomuitomaiscomessa redução. A mulherquecozinhanumapanelade barroao ar livre con- sometalvezoitovezesmaisenergiadoqueumavizinhamaisrica quecozinhanumfogãoa gáse empanelasde alumínio.O pobre queiluminasuacasacomlamparinasaqueroseneobtémumquin- ze avosda luz geradapor umalâmpadaelétricade lOOW, lllas consomea mesmaenergia.Estesexemplosilustramo trágicopa- "Temosdernzidarnossaatitudeemrelaçãoaosbensdeconsunw nospaísesçlesenvolvidose temosdéfazerprogressostecnológi- cosquenospermitamlevaravanteodesenvolvimentoeconômico consumindomenosenergia.Temosdenosquestionarsepodemos solucionarosproblemasdo sUbdesenvolvimentosemconsumira enormequantidadedeenergiaconsumidapor essespaíses. A idéiade queospaísesemdesenvolvimentoconsomemmuito pouca energiaé incorreta.Achamosqueospaísesmaispobres têmumproblemadiferente;seuproblemaé o usoinefzcientede energia.Os paísesmédios,comoo Brasil, usamfontesde com- bustívelmaismodernase de maior rendimento.A grandeespe- rançapara essespaísesé queofuturonãosejaconstnddotendo por baseas tecnologiasdopassado,mastecnologiasadiantadas. Isso lhespermitiráumgrandeavançoemrelaçãoaospaísesjá desenvolvidos. JoséGoldembcrg PresidentedaCompanhiaEnergéticadeSãoPaulo AudiênciapúblicadaCMMAD,Brasília,30deoutubroele19R5 radoxodapobreza.Parao pobre,aescassezdedinheiroconstitui umalimitaçãomaiordo quea escassezdeenergia.Eles sãofor- çadosa usarcombustíveis"livres" e equipamentosineficientes porquenãopossuemdinheironemeconomiasparacomprarcom- bustíveiscomrendimentoenergéticoe dispositivosde uso final. Portanto,emtermoscoletivos,pagammuitomaisporunidadede serviçodeenergiasuprida. Na maioriados casos,os investimentosemtecnologiasmais aperfeiçoadasde usofinal sãoeconômicos,a longoprazo,porque diminuema necessidadede suprimentode energia.O custode aperfeiçoaros equipamentosdeusofinal é comfreqüênciamuito menorque o custode aumentara capacidadede suprimentode energiaprimária.No Brasil,porexemplo,ficoudemonstradoque, comuminvestimentototalatualizadodeUS$4bilhõesemtecno- logiasde uso final demaiorrendimento(como'geladeiras,ilumi- naçãode rua ou motoresde maiorrendimento),seriapossível adiara instalaçãode outros21GW de capacidadedesuprim~nto de energiaelétrica,o quecorrespondeaumapoupançaatualizada de capitalparanovasfontessupridorasdeUS$19bilhõe~no pe- ríodo 1986-2000.72 . Nos paísesindustrializadoshá muitosexemplosdeprÇlgramas bem-sucedidosquevisamaorendimentoenergético.Entreos vá- -, riosmétodosempregadoscomsucessoparatomaraspessoasmais 219 consciej1tesquantoa isso estão:campanhasde esclarecimento atravésde meiosdecomunicaçãodemassa,publicaçõestécnicas e escolas;demonstraçõesdepráticase
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