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GE Teoria da Literatura II 01

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Prévia do material em texto

Teoria da Literatura II
UNIDADE 1
1
TEORIA DA LITERATURA II
UNIDADE I
 Palavras do Professor
Olá, aluno (a) UNINASSAU! Tudo bem? Como estão os estudos? 
Voltamos a nos encontrar agora em Teoria da Literatura 2, uma disciplina muito importante para te deixar 
cada vez mais preparado (a) para ser um excelente profissional!
Espero que você antes de ler este guia, tenha lido da página 1 até a página 24 do seu livro de teoria da 
Literatura 2. 
Essa leitura é muito importante!
 
2
 Para início de conversa
Olha, vamos começar conversando um pouco sobre o que é literatura e qual a diferença de um texto 
literário para um não literário. Para isso, você vai ler com atenção o texto abaixo, que se refere à canção 
de Gilberto Gil, chamada Domingo no Parque:
“O rei da brincadeira 
Ê, José! 
O rei da confusão 
Ê, João! 
Um trabalhava na feira 
Ê, José! 
Outro na construção 
Ê, João!...
A semana passada 
No fim da semana 
João resolveu não brigar 
No domingo de tarde 
Saiu apressado 
E não foi prá Ribeira jogar 
Capoeira! 
Não foi prá lá 
Pra Ribeira, foi namorar...
O José como sempre 
No fim da semana 
Guardou a barraca e sumiu 
Foi fazer no domingo 
Um passeio no parque 
Lá perto da Boca do Rio...
Foi no parque 
Que ele avistou 
Juliana 
Foi que ele viu 
Foi que ele viu Juliana na roda 
com João 
Uma rosa e um sorvete na 
mão 
Juliana seu sonho, uma ilusão 
Juliana e o amigo João...
O espinho da rosa feriu Zé 
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!) 
E o sorvete gelou seu coração 
O sorvete e a rosa 
Ô, José! 
A rosa e o sorvete 
Ô, José! 
Foi dançando no peito 
Ô, José! 
Do José brincalhão 
Ô, José!...
O sorvete e a rosa 
Ô, José! 
A rosa e o sorvete 
Ô, José! 
Oi girando na mente 
Ô, José! 
Do José brincalhão 
Ô, José!...
Juliana girando 
Oi girando! 
Oi, na roda gigante 
Oi, girando! 
Oi, na roda gigante 
Oi, girando! 
O amigo João (João)...
O sorvete é morango 
É vermelho! 
Oi, girando e a rosa 
É vermelha! 
Oi girando, girando 
É vermelha! 
Oi, girando, girando...
Olha a faca! (Olha a faca!) 
Olha o sangue na mão 
Ê, José! 
Juliana no chão 
Ê, José! 
Outro corpo caído 
Ê, José! 
Seu amigo João 
Ê, José!...
Amanhã não tem feira 
Ê, José! 
Não tem mais construção 
Ê, João! 
Não tem mais brincadeira 
Ê, José! 
Não tem mais confusão 
Ê, João!...
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh! 
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh! 
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh! 
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh! 
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!...”
 
Gilberto Gil
3
Notou que o texto fala de assassinato, de briga, desavença por causa de amor? Note que lemos uma 
canção de Gilberto Gil, um texto literário, não há somente a intenção de narrar um fato ocorrido, mas de 
causar prazer, capacidade de reflexão. 
Há um jogo de palavras em que a forma que o fato é contado e a intenção do escritor é fundamental para 
afirmar que esse é um texto artístico, literário. 
Observe que Gilberto Gil faz várias construções para que isso aconteça, como por exemplo:
 
 Exemplo:
“Foi que ele viu/ Juliana na roda com João /Uma rosa e um sorvete na mão/o espinho da 
rosa feriu Zé/e o sorvete gelou seu coração.”
Não fosse um texto literário, um poema, o autor poderia simplesmente ter escrito: 
“Zé ficou com ciúme do encontro de Juliana com João. Mas Gil, maravilhosamente como 
sempre, vai usar metáforas (comparações indiretas, lembra?) para relacionar o gelado do 
sorvete à indignação de Zé, a rosa de Juliana ao sofrer de quem também a queria.”
Agora veja o texto, a seguir, que também tem sangue, assassinato e briga por causa de amor, intitulado 
Ciúmes: homem mata amante de mulher a tesouradas na Pajuçara.
“Idanildo confessou a autoria do crime e disse que fez tudo por ciúmes. Um crime passional 
aconteceu na noite deste domingo (6), na rua Geraldo Pereira Leite, bairro Pajuçara, em 
Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. A vítima foi Railson de Sousa, 35, morto com 
vários golpes de tesoura. Segundo a Polícia, o acusado de praticar o crime, Idanildo Junior 
Pereira da Silva, 23, descobriu que Railson estava mantendo um caso com a namorada dele 
e resolveu ir tomar satisfações. Houve uma briga entre os homens e, em seguida, o acusado 
desferiu várias tesouradas contra Railson. Uma mulher também saiu ferida da confusão. 
Minutos depois, os policiais do Ronda do Quarteirão realizaram a prisão de Idanildo, que 
confessou a autoria do crime e disse que fez tudo por ciúmes.”
Notou caro (a) aluno (a)? Neste texto a única preocupação que há na notícia do jornal - O Povo de Fortaleza 
- é o relato do fato, sem nenhuma outra intenção que não seja transmitir um caso acontecido.
Como você já deve ter lido nas páginas 4 a 7 do livro sugerido, no início do nosso guia, a literatura 
é a expressão de um povo e está combinada com sua história, seus valores, sua cultura. Na canção 
de Gilberto Gil há vários elementos culturais relacionados às festas do interior do nordeste (sorvete, 
roda gigante, rosa, passeio no domingo, capoeira). Também observamos a exposição, de forma poética, 
de uma realidade social: trabalhadores braçais (pedreiro e feirante) e o machismo que ocasiona crimes 
passionais. Para compreender uma sociedade há de se compreender a literatura que produz ao longo da 
história desta sociedade!
4
 
 Guarde essa ideia!
Mas, cuidado! Sempre tenha em mente que há diferentes formas de ver a literatura e o que pode ser 
considerado texto literário hoje poderia não ser considerado se fosse produzida há alguns séculos. Não 
há uma resposta clara e precisa que nos leve a “classificar” o texto literário. Estamos te fornecendo às 
pistas para você seguir o caminho... Aproveite!!
 Veja o vídeo!
Sobre isso será legal você assistir ao filme: “Sociedade dos Poetas Mortos”, disponível no Youtube, com 
duração de uma hora e cinquenta e um minutos, aproximadamente. Nele, são expostas duas concepções 
de literatura francamente opostas por dois professores de uma mesma escola.
Mas olha, já sabemos, e você já conferiu isso no seu livro, que ao longo da história várias correntes de 
estudos da literatura se cruzaram, colocando diferentes formas de estudar os textos literários. 
Tivemos correntes que defendiam o estudo unicamente do texto, da forma escrita sem fazer relação com 
seu contexto de uso e produção, já outras correntes defendiam que o texto é um produto histórico, fruto 
de um determinado contexto social e deve ser analisado à luz de diferentes fatores. 
Vamos compreender melhor isso lendo esse belo fragmento do romance Senhora, do escritor cearense 
José de Alencar:
“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha 
dos salões.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.
Era rica e formosa.
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se 
refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como 
brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu 
fulgor?”
5
Pela temática e pela linguagem já inferimos que estamos diante de um texto de outro período histórico, 
representante de outra conjuntura social. Tenha atenção ao fragmento:
“Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.”
Análise: Essa parte do texto nos leva a outra época em que as mulheres desejavam ardentemente um 
casamento e se mostravam à sociedade burguesa, em bailes. A sociedade que valorizava Aurélia por ser 
rica e formosa foi a que “pariu” a literatura do romantismo brasileiro, onde as mulheres são idealizadas, 
como você pode conferir no trecho: “raiou no céu fluminense uma nova estrela.”Seria possível então, analisar um texto literário somente relacionando-o a época em que o mesmo foi 
escrito? Outra observação: seria possível apenas afirmar de maneira esquemática, fria, que determinado 
texto é fruto daquela conjuntura histórica, daqueles desejos do autor e ponto final?
Claro que não, querido (a) aluno (a)! O que estamos falando é que temos que relacionar a estrutura do 
texto, suas particularidades, suas construções e ter em conta, ao mesmo tempo, que essa construção 
verbal, esses textos literários foram escritos em uma determina época, em uma conjuntura particular que 
pode (e geralmente vai) dialogar com as produções artísticas todas, não só com a literatura. Além disso, 
é preciso que você observe que os textos literários também estabelecem diálogos entre eles, de maneira 
implícita ou explícita.
Leia esse texto do autor paulistano Ferréz, extraído do livro “Deus Foi Almoçar” lançado em 2012:
“É madrugada, alguém leva outra pessoa para juntos não chegarem. Alguém lava pratos 
e deixa cair água dos olhos numa casa de aluguel. Alguém descobre que ninguém é dono 
de nada. É madrugada, alguém atravessa uma ponte em Madison. Estou sozinha agora, a 
pequena dorme, e finalmente estou sozinha agora.
Meu nome não é Francesca, e nem Moll Flanders, mas eu tenho alguns motivos pra viver 
também.
Ele chegou tarde, eu não vivo a relação como ele, eu não lavo louça como ele, nem faço 
café como ele, eu espero que ele pergunte, que adivinhe a mudança, que me faça sentir que 
estou aqui dentro dessa casa, que um dia foi um ninho.
Cruza a sala, ao banheiro ele chega. Mais atenção ao barbear do que ao se trocar, menos 
espaço entre o passado que o beijo que dará no futuro, em outra alguém, pois na chegada 
os lábios molhados viraram somente um pequeno olhar de soslaio, daqueles que a gente faz 
pra algum carteiro, quando não espera de fato correspondência.
Em algum lugar um rato está preso em uma cômoda, onde um pequeno espelho mostrou 
tantas vezes para uma menina, que o tempo é implacável com as pessoas.
6
A planta foi aguada, a terra revirada, o chão varrido, as panelas guardadas, a comida cozida, 
a teia arrancada, a cama arrumada, a janela lavada, a roupa passada, a vida guardada, o 
amor jogado, o carinho deixado de lado.
Se fosse um fotógrafo talvez me olhasse como algo que pudesse se assemelhar a uma 
imagem.
“Alguém joga 808 kilos de aço e plástico mais 75 kilos de carne contra um poste.”
O texto de Ferréz, a partir de seu título “Deus Foi Almoçar”, seria inimaginável na Idade Média, 
fortemente impregnada pelas ordens da Igreja, pois o autor correria o risco de ser assassinado. 
A sequência de fatos expostos no fragmento mostra imagens do cotidiano de uma relação amorosa 
contemporânea, bem como os elementos da nossa época são desfiados e várias referências intertextuais 
são feitas. 
Ler um texto é isso, querido (a) leitor (a). É através dele que recordamos ou fazemos conexões com textos 
que lemos, anteriormente. Ferréz faz essas referências quando se refere a Pontes de Madison e Moll 
Flanders. 
 Você sabia?
Você já leu ou conhece as referências citadas acima? Se sim, excelente, mas se não as conhece, você as 
conhecerá, agora:
Ø	AS PONTES DE MADISON: Os personagens criados por Robert James Waller em As Pontes 
de Madison continuam a impressionar pela verdade que transmitem de uma paixão ao mesmo 
tempo madura e sonhadora, vivida nas cinematográficas paisagens de Iowa.
Fotógrafo da National Geographic, Robert Kincaid corre mundo, solitário, tendo como único objetivo 
capturar as belas imagens de que vive. Em suas andanças, bate à porta da fazenda de Francesca. Em 
busca de informações sobre a região, ele encontra um amor que vai mudar completamente seus valores 
- e também o seu destino. 
Ø	MOLL FLANDERS - Moll Flanders é um romance do escritor inglês Daniel Defoe, escrito em 
1722. Defoe se envolveu na disputa política entre o Whig (British Whig Party) (liberais) e os Tory 
(da aristocracia). Com a ascensão ao governo de Robert Walpole, antigo partidário Whig, Defoe 
(e outros artistas) passaram a criticá-lo. A história de Defoe sobre uma prostituta, faz referências 
a esse momento da história inglesa. (Fonte:Wikipedia)
Para saber mais sobre a relação entre literatura, história e sociedade, vamos “beber” em nosso grande 
intelectual Antonio Cândido, que afirma no seu grande livro “Literatura e Sociedade” o seguinte:
???
7
“Surge uma pergunta: qual a influência exercida pelo meio social sobre a obra de arte? 
Digamos que ela deve ser imediatamente completada por outra. Qual a influência da obra de 
arte exercida sobre o meio?”
Então, caro (a) aluno (a) UNINASSAU, podemos afirmar que a obra de arte sofre influência e influencia o 
contexto social, é fruto, mas também é parte das problemáticas e dos fatos presentes em uma sociedade 
em determinado período histórico...
Você já deve ter ouvido falar do famoso livro Morte e Vida Severina, do escritor pernambucano João 
Cabral de Melo Neto. A temática abordada no livro em questão retrata uma sociedade desigual que 
marginaliza os retirantes nordestinos, SERVINDO como um veículo de mudança desse quadro social. 
Querido aluno (a)... está lembrado o que é gênero híbrido? Vamos ao dicionário para aprender um pouco 
mais:
Híbrido
“Proveniente do cruzamento de diferentes espécies. 
Um híbrido é o resultado do cruzamento entre duas espécies diferentes, em geral estéril, 
ou, agronomicamente falando, entre duas linhagens puras de uma mesma espécie.”
Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/
Normalmente dizemos na literatura que um texto é híbrido quando observamos no mesmo o cruzamento 
de gêneros textuais, quando não existe uma delimitação clara sobre diante de que gênero estamos 
DIANTE DESTA SITUAÇÃO.
Quer saber mais sobre texto híbrido, prezado (a) aluno (a), então leia com atenção o texto abaixo que 
mistura jornalismo e literatura, além de ser característico da Revista Piauí de onde foi extraído (Edição de 
Janeiro de 2015), escrita por Joseph Mitchell:
O bar do McSorley: A história de um clássico de Nova York 
“O McSorley’s ocupa o térreo de um prédio de tijolinhos vermelhos, é o número 15 da rua 
7, vizinho à Cooper Square, onde termina a Bowery. Foi inaugurado em 1854 e é o bar mais 
antigo de Nova York. Em seus 86 anos, teve quatro proprietários – um imigrante irlandês, seu 
filho, um policial aposentado, sua filha –, todos eles avessos a mudanças. Embora disponha 
de energia elétrica, o bar teima em ser iluminado por duas lâmpadas a gás – toda vez que 
alguém abre a porta, a luz oscila e projeta sombras no teto baixo, coberto de teias de aranha. 
Não há caixa registradora. As moedas são atiradas em tigelas – uma para as de 5 centavos, 
uma para as de 10, uma para as de 25 e uma para as de 50 –, e as notas são guardadas num 
cofre de madeira.
8
É um lugar modorrento; os atendentes nunca fazem um movimento a mais, os fregueses 
esvaziam as canecas lentamente, os três relógios de parede não entram em acordo há 
muitos anos. A clientela é variada. Incluem mecânicos das muitas oficinas das redondezas, 
vendedores das firmas da Cooper Square que abastecem restaurantes, motoristas de 
caminhão da loja Wanamaker’s, médicos que fazem residência no hospital Bellevue, 
estudantes da Cooper Union e balconistas dos sebos situados ao norte da Astor Place.
O esteio da freguesia, porém, consiste num grupo que está encolhendo a olhos vistos: são 
velhos rabugentos, na maioria irlandeses que bebem ali desde a adolescência e se sentem 
donos do pedaço. Alguns vivem de aposentadorias irrisórias e não têm ninguém no mundo; 
dormem em hotéis da Bowery e passam no McSorley’s praticamente todo o tempo em que 
estão acordados. São poucos os frequentadores que se lembram bem de John McSorley, o 
fundador, morto em 1910, aos 87 anos. Referem-se a ele como “o velhoJohn” e gostam de 
falar a seu respeito enquanto mordiscam o cachimbo, sentados nas cadeiras capengas que 
rodeiam a estufa bojuda responsável pelo aquecimento.
O velho John era excêntrico. Em geral afável, estava sujeito a crises de inexplicável mau 
humor, durante as quais se recusava a abrir a boca quando lhe dirigiam a palavra. Perdeu 
o cabelo ainda jovem e adotou umas costeletas desgrenhadas, patriarcais, antes de 
completar 40 anos. Restam inúmeras fotos dele, vê-se que esbanjava dignidade e modéstia. 
Decorou o bar ao estilo de um estabelecimento que conheceu em Omagh, sua cidade natal, 
no condado de Tyrone, na Irlanda, e o batizou de Old House at Home; por volta de 1908, a 
tabuleta caiu e, ao mandar fazer uma nova, ele mudou o nome para McSorley’s Old Ale 
House. Esse é o nome oficial, mas os fregueses só o chamam de McSorley’s. O velho John 
achava impossível que os homens pudessem beber em paz na presença de mulheres; nos 
fundos do bar há um belo reservado, mas durante muitos anos havia um aviso pregado na 
porta: “ATENÇÃO. NÃO DISPOMOS DE RESERVADO PARA SENHORAS.”
Perceba você, querido (a) aluno (a), que se trata de uma reportagem que não vai ter como objetivo apenas 
a documentação de fato (s), seu (s) relato (s) e a análise sobre os mesmos. A exploração de inúmeras 
peculiaridades, o uso predominante de adjetivos, a farta carga descritiva do texto anterior nos faz afirmar 
que esse texto, assim como os do autor americano Capote está “cruzando” reportagem com um relato 
literário. O texto é escrito em um “suporte” (revista) em que esperamos encontrar reportagens, a forma 
em que o texto é apresentado nos lembra uma reportagem, mas seu conteúdo é literário. 
 Acesse sua Biblioteca Virtual
Você pode aprender mais sobre o assunto no livro Jornalismo Literário de Felipe Pena, disponível 
em sua Biblioteca Virtual Pearson.
9
POEMA 
Olá, aluno (a), vamos estudar agora um pouco mais sobre poemas? O senso comum nos diz que para ser 
um poema tem que haver rimas e preferencialmente, os versos serem metrificados, como no texto abaixo:
RESPIRO TEU NOME
 
Respiro teu nome. 
que brisa tão pura 
súbito circula 
no meu coração. 
 
Respiro teu nome. 
repentinamente, 
de mim se desprende 
a voz da canção. 
 
Respiro teu nome. 
Que nome? Procuro... 
- Ah teu nome é tudo. 
E é tudo ilusão. 
 
Respiro teu nome. 
Sorte. Vida. Tempo. 
Meu contentamento 
é límpido e vão. 
 
Respiro teu nome. 
Mas teu nome passa. 
Alto é o sonho. Rasa, 
minha breve mão.
©CECíLIA MEIRELES 
in Canções, 1956
Você que deve ter percebido que os segundos e terceiros versos de todas as estrofes rimam e que os 
últimos versos de cada estrofe também. Se ler em voz alta vai perceber ainda mais que estes versos 
são metrificados (possuem o mesmo número de sílabas poéticas), no caso 5 sílabas cada um, o que vai 
conferir ao poema muita musicalidade.
Provavelmente, você deve saber que por muito tempo, no tempo das cantigas, o poema tinha um 
acompanhamento musical. 
Observe também que o amor e o lembrar do outro são abordados por Cecília Meireles de uma maneira 
doce, cheia de metáforas como: “Respiro teu nome”, em que o amor, a ilusão e a vontade de estar com o 
outro são coisas bastante“doces”.
10
Outros poemas também podem abordar o amor, embora com outra linha de pensamento como aqui, neste 
texto do grande poeta brasileiro Gregório de Matos, em que o amor está resumido aos seus aspectos 
físicos:
“O amor é finalmente 
um embaraço de pernas, 
uma união de barrigas, 
um breve tremor de artérias 
Uma confusão de bocas, 
uma batalha de veias, 
um reboliço de ancas, 
quem diz outra coisa é besta.”
 Gregório de Matos
O texto poético, assim compreendido, pode abordar vários aspectos de um tema, além de não precisar ser/
estar metrificado, nem conter rimas para ser considerado poema. Saiba que o que distinguia basicamente 
o texto classificado como poema, era a presença de versos, embora com a criação do poema concreto e 
de outras formas de fazer poético no século passado, isso foi um pouco questionado. 
 
 Guarde essa ideia!
Uma coisa fica clara: O poema deve despertar emoção no leitor, a voz do poema (que não é 
necessariamente a voz do seu autor) deve estar a serviço deste despertar. Leia o texto a seguir, que 
também fala de amor, do nosso grande poeta recifense Miró da Muribeca:
PRA ELA 1
Uma manhã assim de frio ameno,
Ao menos você ligasse
Nem que fosse para protestar
Contra a tarifa fixa
Mesmo que fosse pra dizer 
Que ainda vota em Lula.
Uma manhã assim, se você volta
Eu me dispo até as unhas, mudo as
Digitais.
E que dane-se se me pedem documentos.
Numa manhã assim
Uma blitz embaixo dos lençóis
Minha língua úmida fazendo tua calcinha
Chover
E a previsão do tempo prevendo uma 
Manhã ensolarada
 (Miró da Muribeca)
Veja que maneira bela de dizer que perde todas as referências perde a própria identidade com a pessoa 
amada:
“Eu me dispo às unhas, mudo as digitais.”
11
Observe que ao lado de amor existe uma série de referências à nossa vida no Brasil: votar em Lula, tarifa 
fixa de telefone. Todo esse lirismo: o lado de um amor carnal, intensamente sexual como fica afirmado em: 
“Minha língua úmida fazendo tua calcinha chover”, isso sem métrica e sem rima... Mas é poema!
PROSA 
O texto em prosa, geralmente apresentado como aquele escrito em parágrafos, é apresentado em 
vários gêneros literários como: o conto, o romance, a novela. Mas assim como não podemos afirmar 
que todo poema tem versos, alguns autores, como o português José Saramago, escrevem seus textos 
sem parágrafos, como você pode conferir no texto (trecho), a seguir, que é parte do seu Conto da Ilha 
Desconhecida:
“E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando 
finalmente se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher da limpeza, 
Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem, Que ilha desconhecida, 
perguntou o rei disfarçando o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos 
que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha 
desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te 
disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão 
as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu to 
pudesse dizer, então não seria desconhecida.”
Percebeu, prezado (a) aluno (a)? E aí? Você também deve ter notado que nos diálogos, José Saramago não 
usa travessões marcando as falas dos personagens com vírgulas, exigindo atenção do leitor e conferindo 
agilidade ao texto.
Vamos compreender direitinho agora as formas do narrador em um texto apresentar a fala dos personagens. 
Em um texto, o narrador pode apresentar essas falas através do discurso direto, do discurso indireto ou 
do discurso indireto livre. 
O discurso direto mostra as falas dos personagens tal como elas foram enunciadas. Para construir o 
discurso direto, usamos o travessão e certos verbos como: falar, dizer, responder, retrucar, indagar, 
declarar, exclamar.
 Exemplo:
Veja um exemplo de discurso direto no romance Vidas Secas, do escritor alagoano, Graciliano Ramos:
12
“Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, 
sentou-se no chão. 
- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.”
Já no discurso indireto, o narrador “conta” o que a personagem disse. Conhecemos suas palavras 
indiretamente. Passando a fala do pai, exposta acima para esse tipo de discurso, teríamos o seguinte 
enunciado:
 
“O paigritou-lhe que andasse, chamando-o de condenado do diabo. “ 
 
O discurso indireto livre. Acontece quando o narrador passa do discurso indireto para o direto sem usar 
nenhum verbo próprio do discurso direto ou travessão.
 Exemplo:
Por exemplo, numa outra passagem de Vidas Secas, o narrador usa o discurso indireto livre para 
caracterizar a personagem de seu Tomé: 
 
“Seu Tomé da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não 
sabia mandar: pedia. Esquisitice de um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava 
aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?”
 
Podemos observar que a última reflexão não é do narrador, e sim da personagem, pensando sobre a 
questão.
E aí aluno (a)? Aprendeu mais um pouco? Chegamos ao fim do primeiro guia de estudo da disciplina Teoria 
da Literatura 2. Como sei que você quer sempre saber mais recomendo a leitura do livro de Alfredo Bosi 
intitulado: Reflexões Sobre a Arte, que está disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
 Acesse o Ambiente Virtual
Lembre-se: ao final desta unidade, bem como nas próximas, você possui atividades (questionário e fórum) 
a serem realizadas. Tais atividades além de garantirem o seu aprendizado, elas têm caráter avaliativo! 
Até a unidade 2!
Em caso de dúvida(s), entre em contato com o seu tutor (a)! Ele (a) está sempre à disposição!

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