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Cinema Arte e Indústria

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Cinema, Arte e Indústria:
 Este breve texto visa aproximá-los da temática proposta para gravação do Acervo Filosófico em parceria com o Cinema de Buteco. Aqui, transmitirei alguns tópicos e referências sobre o assunto. Para tal, usei como base o livro "O Cinema, Arte e Indústria" (1979) de Carlos Barbáchano. Nosso problema nesta pauta é tentar identificar uma possível definição do que é o cinema, qual o seu significado e seu objetivo. Para isso, precisamos nos distanciar de qualquer princípio provindo do senso comum, e buscarmos indagar e destrinchar inúmeros componentes que formulam a temática. Partamos diretamente da desconstrução da pergunta que postulamos como título de nossa reflexão: O que é o cinema? É arte? É indústria? Ou ambas as coisas simultaneamente? 
 O ideal para que possamos fazer especulações sobre a temática, é que separemos os três elementos reflexivos para que possamos tentar considerá-los individualmente. Então, comecemos: existe certa complexidade para definir objetivamente o que é arte. Para se ter uma ideia, há milênios que a Filosofia tenta fazer isso. Ou seja, aqui já temos um problema consideravelmente grande. Mas farei algumas breves pontuações filosóficas que resumem quatro funções/definições sobre a arte e que pode ajudar a dar alguns nós nas suas cabeças (a minha já possui muitos).
1. A arte teria função pragmática, ou seja, ela seria criada para fins específicos. Na Idade Média, por exemplo, o Catolicismo utilizou-a seu serviço. Na referida época, vitrais eram produzidos para transmitir ensinamentos, preceitos e histórias bíblicas para a população dos feudos que era analfabeta. Neste caso, em relação ao cinema, poderíamos considerar, por exemplo, filmes de cunho político e/ou social. Aqui, não se prioriza e tampouco importam os valores/aspectos estéticos da obra. 
2. A arte pode ser meramente naturalista, voltando-se apenas para o objeto retratado. Aqui, o que vale é mais o conteúdo do que a forma propriamente dita. Portanto, neste caso, os aspectos técnicos são pouco relevantes, pois o que realmente importa é a transmissão de um conteúdo. 
3. Para muitos pensadores, quando um objeto está subordinado a uma finalidade, ele perde seu valor artístico. Por exemplo: artesanato ou design não podem ser considerados obras de arte, pois por mais que possuam configurações artísticas, são construídos sem espontaneidade, e suas configurações são determinadas pelo fim que possuem. Portanto: arte é diferente de utilidade. Além disso, até pouco antes do século XX (quando começou o período do Modernismo), a arte estava atrelada ao conceito de belo, e este era o principal ponto de partida para produção de uma obra, sendo que por sua vez, o belo relacionava-se ao ordenamento, harmonia e equilíbrio. Até então, para ser artista, era preciso ter talento. Porém, com a eclosão das Vanguardas Europeias, este conceito tradicional que ligava a arte ao belo sofreu uma ruptura, e produção de uma obra libertou-se de conceitos postulados: um quadrado pintado numa tela branca poderia ser considerado arte. 
4. Por fim, menciono aqui o formalismo, isto é, uma perspectiva teórica na qual a forma prevalece sobre o conteúdo. Neste sentido, o foco são os elementos componentes e suas respectivas relações, que culminam na maneira como uma obra é apresentada. No caso de um filme, por exemplo, podemos pensar, no visual, no som, na montagem, fotografia, etc. 
 Quando se fala em indústria, fala-se e consideram-se essencialmente fatores como: investimento, propaganda, patrocínio e renda. Sabemos que há homens e mulheres que vivem diretamente do cinema, e isso diz respeito aos diretores, atores, diretores de arte, empregados de estúdios e etc. Seus sustentos dependem do lucro provindo do cinema, neste caso, lembremos que aqui encontra-se até mesmo um diretor tipicamente “cult”. Eu mesma já vi um personagem de filme do Godard bebendo Coca-Cola. "O distribuidor e o proprietário de uma sala de exibição procuram o máximo êxito de bilheteria. Uma película é manipulada desde os estúdios age ao écran como um produto que deve ser bem vendido, do mesmo modo que um automóvel ou qualquer eletrodoméstico". (1979, p.19).
 Abaixo, uma pergunta feita a Truffaut durante a realização de uma entrevista. Em seguida, duas menções pertinentes referentes a dois grandes diretores de cinema: 
 P: "O cinema pressupõe, para a sua difusão, toda uma organização, salas, uma infra-estrutura... Isso implica uma produção regular, suscetível de assegurar rendimentos regulares. Devido a isso, poder-se-ia pretender que existe um cinema comercial que se opõe ao cinema artístico. Qual é a sua posição a esse respeito?
 R: Sempre neguei esse ponto, sempre recusei a ideia de que a realização de um filme exige ou supõe mais concessões do que a literatura (...) evidentemente, na produção de filmes há a considerar a importância dos capitais investidos e também a ideia de criação coletiva. 
 Posteriormente, Truffaut comenta que a Nouvelle Vague, embora tenha diminuído o custo de investimento para construção fílmica, ainda assim exigia aplicação financeira considerável. Se para um filme qualquer rodado em estúdio, visitava-se cerca de 200/300 milhões de francos, durante a eclosão da Nouvelle Vague, o custo era de aproximadamente 100 milhões. 
Certa vez, quando perguntara a Alfred Hitchcock "quando os cineastas escapariam às poderosas imposições comerciais que condicionam o acabamento de uma película", o cineasta respondeu: "só no momento em que um filme não custasse mais do que esferográfica e uma folha de papel". 
Jean-Luc Godard é reconhecido como um dos maiores diretores de cinema da história. Geralmente é associado ao "cinema artístico", mas recentemente  passou a defender a ideia de um cinema "econômico e coletivo".

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