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MÓDULO 4 ED DIREITO ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS

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MÓDULO 4 - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES/ED UNIP – 3º P. DIREITO
EXERCÍCIO 3: Nos municípios, cabe a Lei Orgânica disciplinar a iniciativa popular, segundo os parâmetros estabelecidos pela Constituição, que estabelece:
	Resposta: B.
	Justificativa: Art. 29, XIII. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendido os princípios estabelecidos na Constituição, na Constituição do respectivo Estado;
Como são feitas as leis? Projeto Legislativo de Iniciativa Popular
A fim de possibilitar maior participação direta dos cidadãos nos temas e problemas comuns da vida em sociedade, o arranjo constitucional brasileiro desenhado no documento de 1988 confere-lhes a faculdade de atuar na elaboração das “leis” da República, apresentando projetos normativos por meio da chamada iniciativa legislativa popular.
Interesses comuns difundidos entre número significativo de indivíduos podem resultar na apresentação de projeto lei para vigorar em âmbito federal. O que caracteriza a iniciativa legislativa popular não é, em tese, propriamente o fato de o texto legal ter sido efetivamente discutido e elaborado por membros do povo, não ocupantes de cargo eletivo, mas sim a peculiaridade de o projeto vir a ser apresentado à Câmara dos Deputados de determinada maneira.
O que é preciso para que se possa apresentar um projeto de iniciativa popular?
Para que seja recebido pela Câmara dos Deputados e para que os devidos procedimentos de deliberação internos ao Congresso Nacional sejam acionados, o projeto de lei de iniciativa popular precisa ser assinado por pelo menos um por cento (1%) do número de eleitores do Brasil: este número seria, segundo os dados das eleições de 2012, de mais de um milhão e trezentos mil eleitores (1,3 milhão). 
Na prática, é difícil de conceber que 1,3 milhão de pessoas venham a se reunir, fisicamente ou por meios virtuais, para deliberar sobre a elaboração de um texto legal.  O projeto de iniciativa popular acaba, portanto, sendo qualificado pela reunião das assinaturas, que representa concordância de número constitucionalmente significativo – e necessário – de pessoas, capaz de colocar em movimento a máquina legislativa.
As assinaturas colhidas devem ser, em número considerável, provenientes de no mínimo cinco diferentes estados da federação: exige-se que pelo menos três décimos por cento (0,3%) dos eleitores de no mínimo cinco diferentes estados tenham assinado o projeto de lei que se pretende encaminhar à Câmara dos Deputados.
Basta recolher o número suficiente de assinaturas ou mais algum dado é necessário?
No recolhimento das assinaturas deve-se anotar o nome, o endereço e o número do título de eleitor das pessoas que assinarem o projeto de lei. Se obtidas todas as assinaturas necessárias, basta levar o projeto e as assinaturas para a Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados em Brasília, onde ele poderá ser protocolado.
Projetos de iniciativa popular podem versar sobre qualquer matéria?
Acerca do conteúdo a ser tratado pelo projeto, a lei impõe somente uma restrição: que não se trate de mais de um assunto por projeto de lei.
Há algum padrão de qualidade a ser observado?
Quaisquer falhas de técnica legislativa, de linguagem ou mesmo de construção de artigos e parágrafos que o projeto apresente, não devem constituir motivos para que seja rejeitado pela Câmara dos Deputados, que tem o dever não só de receber o projeto, como também de fazer as correções dessas impropriedades.
O Congresso Nacional é obrigado a converter em lei projeto de iniciativa popular?
Não. Após o recebimento do projeto de lei de iniciativa popular pela Câmara dos Deputados, devem-se seguir os mesmos trâmites processuais a serem observados na elaboração de qualquer lei, variando o procedimento em conformidade com o tipo de lei em questão – se ordinária ou complementar, por exemplo.
A iniciativa popular é restrita ao âmbito federal?
No âmbito estadual, há igualmente possibilidade de se apresentar projeto de lei a partir do recolhimento de assinaturas entre os cidadãos. A iniciativa popular nos estados é regida pelo documento constitucional de cada estado membro da federação e deverá ser apresentada na respectiva Assembléia Legislativa.
No Estado de São Paulo, por exemplo, são exigidos cinco décimos por cento (0,5%) de assinaturas de todo o eleitorado estadual para que o projeto seja analisado e votado pela Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP).
Em Minas Gerais, são exigidas dez mil (10.000) assinaturas, das quais no máximo duas mil e quinhentas poderão ser de eleitores de Belo Horizonte (capital do Estado).
E nos municípios?
A iniciativa popular também é possível no âmbito municipal e deve ter seu modo de funcionamento previsto na Lei Orgânica do Município. Em geral, a regra para apresentação de projeto de lei municipal nas capitais brasileiras exige a coleta de assinaturas de cinco por cento (5%) do eleitorado local. As assinaturas e o projeto devem, então, ser entregues na Câmara Municipal dos Vereadores da cidade em questão.
Como tem sido utilizado este instrumento no Brasil?
Há grandes dificuldades práticas no processamento de um projeto de lei de iniciativa popular. Frequentemente, as assinaturas apresentadas não são conferidas: a Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados admite ser inviável conferir mais de um milhão de assinaturas e números de títulos de eleitor. Assim, o que costuma acontecer é que ou o Poder Executivo ou algum deputado assume a iniciativa da lei, que então entra em processo de discussão na Câmara dos Deputados por via diversa da inicialmente imaginada, embora ainda seja mantida a “simbologia” da iniciativa popular.
Nos últimos vinte anos, em âmbito federal, alguns projetos de lei originados como projetos de iniciativa popular tiveram grande repercussão midiática. Basta lembrar do projeto de lei que culminou com a promulgação da lei 8.930/94, que caracterizou o homicídio qualificado como crime hediondo no Brasil, iniciativa popular que teve apoio da dramaturga Gloria Perez, após o assassinato de sua filha. Mais recentemente, discutiu-se amplamente o projeto de lei que resultou na Lei Complementar 135/10, conhecida como Lei da Ficha Limpa, que já teve sua constitucionalidade determinada pelo Supremo Tribunal Federal.
O primeiro projeto acabou sendo apresentado como de iniciativa do Poder Executivo, sendo encaminhado ao Congresso pelo então presidente Itamar Franco. No segundo, por sua vez, o projeto inicialmente concebido como de iniciativa popular foi assumido por um parlamentar, que o apresentou no Congresso por meio do projeto de lei complementar 518/09, que depois foi anexado a outro projeto que já existia desde 1993, proposto pelo presidente da República na época, e estava em tramitação desde então (Projeto de lei Complementar 168/93). Aquele projeto de iniciativa parlamenta que culminou em outro projeto de lei complementar (58/10), que reuniu todas as propostas a respeito do assunto que tramitavam no Congresso, e que foi o que, votado e aprovado, se tornou lei – a chamada Lei da Ficha Limpa.
Na prática, tais projetos são chamados de projetos de iniciativa popular por terem se originado no âmbito de movimentos sociais ou da agitação de órgãos de classe, sem que, de fato, tramitem, ou melhor, sem que sejam apresentados no Congresso Nacional efetivamente como projetos de iniciativa popular. Quando se costuma referir a tais projetos como projetos de iniciativa popular, portanto, o que se pretende realçar é o caráter simbólico da gestação destes projetos, que contam com apoio expresso de parcela significativa da população, não o modo pelo qual foram processados no legislativo.
Comissão de Legislação Participativa
Levando em consideração as dificuldades reais existentes no encaminhamento de um projeto de lei como projeto de iniciativa popular, foi criada, na Câmara dos Deputados,em 2001, a Comissão de Legislação Participativa, que se tornou novo mecanismo para a apresentação de propostas de iniciativa popular. Esta comissão “recebe propostas de associações e órgãos de classe, sindicatos e demais entidades organizadas da sociedade civil, exceto partidos políticos. Todas as sugestões apresentadas à comissão são examinadas e, se aprovadas, são transformadas em projetos de lei, que são encaminhados à Mesa Diretora da Câmara e passam a tramitar normalmente”.
 
Fontes:
Constituição do Estado de Minas Gerais
Constituição do Estado de São Paulo
Constituição Federal
Lei 9.709/98
Leis Orgânicas dos Municípios.
 Art. 29, inc. XIII da Constituição Federal de 88.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)

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