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A CONSTITUIÇÃO DE 1988 MÓDULO 2.

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MÓDULO 2 – A CONSTITUIÇÃO DE 1988
2. Origem
Instalada a Assembleia Nacional Constituinte em 01.02.87. Não havia um projeto prévio já elaborado, assim não havia diretrizes fundamentais. Dessa forma os trabalhos foram desenvolvidos da seguinte maneira:
- Formaram 24 subcomissões
- 8 Comissões temáticas com Anteprojetos à Comissão de Sistematização - Projeto ‘Cabral’ (5.615 emendas);
- Fase de apresentação de novas emendas: Projeto com 20.790 emendas de plenário e 122 populares;
- Novo Substitutivo (‘Cabral 1’) c/ 374 artigos;
-  Início das votações pela Comissão de Sistematização;
- Surge o CENTRÃO – grupo de parlamentares interpartidários contrário aos critérios regimentais, que excluía o grosso dos parlamentares do efetivo processo decisório.
- 27.01.88 – Reúne-se o plenário para dar início às votações;
- Julho/88 – Início do segundo turno das votações;
- Outubro/88 – Promulgação.
2.1 Resultado dos trabalhos
A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de “Constituição Cidadã”, foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que organiza o Estado brasileiro.
Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direitos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos governantes.
Após o fim do Regime Militar, em todos os segmentos da sociedade, era unânime a necessidade de uma nova Carta, pois a anterior havia sido promulgada em 1967, em plena Ditadura Militar, além de ter sido modificada várias vezes com emendas arbitrarias (por exemplo, AI-5).
Dessa forma, em 1º de fevereiro de 1987, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, composta por 559 congressistas (senadores e deputados federais, eleitos no ano anterior), e presidida pelo deputado Ulysses Guimarães, do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Representando um avanço em direção à democracia, a sociedade, em seus diversos setores, foi estimulada a contribuir por meio de propostas. As propostas formuladas por cidadãos brasileiros só seriam válidas se representadas por alguma entidade (associação, sindicatos, etc.) e se fosse assinada por, no mínimo, trinta mil pessoas. Os setores da sociedade, compostos por grupos que procuravam defender seus interesses, fizeram pressão por meio de lobbies (grupo de pressão, que exercem influência).
Em relação às Constituições anteriores, a Constituição de 1988 representa um avanço. As modificações mais significativas foram:
 - Direito de voto para os analfabetos;
- Voto facultativo para jovens entre 16 e 18 anos;
- Redução do mandato do presidente de 5 para 4 anos;
- Eleições em dois turnos (para os cargos de presidente, governadores e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes);
 - Os direitos trabalhistas passaram a ser aplicados, além de aos trabalhadores urbanos e rurais, também aos domésticos;
- Direito a greve;
- Liberdade sindical;
- Diminuição da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais;
- Licença maternidade de 120 dias (sendo atualmente discutida a ampliação).
- Licença paternidade de 5 dias;
- Abono de férias;
- Décimo terceiro salário para os aposentados;
- Seguro desemprego;
- Férias remuneradas com acréscimo de 1/3 do salário.
Modificações no texto da Constituição só podem ser realizadas por meio de Emenda Constitucional, sendo que as condições para uma emenda modificar a Carta estão previstas na própria Constituição, em seu artigo 60.
2.2 Divisão da constituição
Nossa Constituição Federal de 1988 tem 3 partes:
a) Preâmbulo – define os pressupostos, a orientação e os valores do sistema.
b) Parte Dogmática – é um texto articulado da Constituição que dispõe sobre os direitos subjetivos públicos, políticos, civis, econômicos e sociais.
c) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – é o repositório de normas integrativas entre duas ordens constitucionais. Integra a velha ordem à nova ordem constitucional.
2.3       Preâmbulo Constitucional e ADCT
A Constituição Federal de 1988 está organizada em um preâmbulo, que antecede o texto principal, o texto principal, que é constituído por títulos, capítulos, seções, subseções, e estes por artigos, incisos, parágrafos e alíneas, e, ao final, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT.
Costumeiramente, nossas constituições têm sido iniciadas por um preâmbulo, que é um pequeno trecho de texto que contém diretrizes gerais quanto à origem e informações sobre os valores que guiaram a elaboração da mesma.
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que o preâmbulo não tem valor normativo por si mesmo, ou seja, não se pode invocar o seu texto para conceder ou exigir direitos, pois sua relevância é indireta, e, por não fazer parte do bloco de constitucionalidade, não provoca inconstitucionalidade.
Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT é parte integrante da Constituição Federal e que se encontra localizado no seu final.
A função do ADCT é trazer alguma regra que excepciona o texto principal, normas que tendem a ter vigência temporária ou regras de transição entre a antiga constituição e a nova, como ocorreram com o artigo 34 do ADCT, que determinou a continuidade da vigência das normas constitucionais anteriores relativas ao Sistema Tributário por quatro meses após a promulgação da nova constituição.
 
2.4 Dos Princípios Constitucionais Fundamentais.
Princípios são verdades fundantes, convencionadas ou identificadas de um sistema, que tem a função de dar coesão a este. São enunciações normativas genéricas, mais abstratas, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação quer para sua integração, quer ainda para elaboração de novas normas.
Os artigos 1º a 4º da Constituição Federal são as normas mais básicas que estruturam tudo o que vem a seguir. É a partir dessas premissas que toda a constituição é organizada.
2.4.1 Princípios Fundamentais do artigo 1º:
Os princípios do artigo 1º estabelecem as premissas básicas de organização do Estado: a forma de Estado, a forma de Governo e o sistema político.
a) Forma de Estado:
A forma de estado aponta a maneira como o poder está distribuído territorialmente. Se há apenas um único centro de poder, que é exercido sobre todo o território nacional, temos um Estado Unitário. Se há vários centros de poder, que são exercidos ao mesmo tempo sobre parcelas coincidentes do território, temos a Forma de Estado Federada.
A Constituição Federal de 1988 adotou a forma federativa, pois expressamente estabelece no artigo primeiro ao nomear o Estado de “República Federativa do Brasil”. Tal assertiva é confirmada novamente no artigo 18 da Constituição.
A Federação brasileira é formada pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, todos autônomos. Observe-se que o Estado brasileiro não é a União, que é apenas um ente que compõe a federação brasileira. O estado brasileiro é formado pelos quatro entes: União, Estados, Distrito Federal e municípios, todos integram a República Federativa do Brasil.
A forma federativa de estado tem sua origem nas 13 colônias inglesas na América, que formaram primeiramente uma confederação (que se organiza através de um tratado entre estados independentes e soberanos) e depois uma federação (que se organiza através de uma Constituição).
São características de uma federação:
- A união de vários Estados faz nascer um novo Estado e, concomitantemente, aqueles que aderiram à federação perdem a condição de Estados para se tronarem membros da federação;
- A base jurídica do Estado Federal é uma Constituição, não um tratado.
- Na federação não existe direito de secessão (de separação). É, inclusive, cláusula pétrea da Constituição Federal de 1988, no artigo 60, § 4º, inciso I, não podendo sofrer emenda constitucional;
- Só o Estado Federal tem soberania, os entes que compõem a Federação tem autonomia. Veremos a distinção quando tratarmos da organização do estado brasileiro mais à frente;
- NoEstado Federal as atribuições da União e das unidades federadas são fixadas na Constituição, por meio de uma distribuição de competências;
- A cada esfera de competências se atribui renda própria (tributos);
- O poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas;
- Os cidadãos do Estado que adere à federação adquirem a cidadania do estado Federal e perdem a anterior;
- Existência de um órgão para dirimir conflitos constitucionais, geralmente um Tribunal Supremo.
- Instrumentos de intervenção para manutenção do pacto (como a intervenção federal e estadual).
b) Forma de Governo:
República: é forma institucional de governo, caracterizada pela responsabilidade, temporariedade e eletividade de quem exerce o governo, e pela necessária prestação de contas e publicidade dos atos do Estado, pois a Coisa (o Estado) é do povo; quem governa, governa para o povo, exerce um mandato, cuida do que não é seu, mas de outrem.
A forma de governo diz respeito a como se exerce o poder, quem pode exercer e a relação do povo com quem exerce o poder e como se dá a instituição do poder.
A república contrasta com a monarquia, pois nesta, o rei ou imperador, não se responsabiliza por seus atos. O poder é exercido de maneira perpétua, não há mandado, e se transmite de forma hereditária, e não por eleição. O povo não escolhe seus governantes.
c) Sistema político:
De acordo com o artigo 1º da Constituição Federal, o Brasil é um Estado Democrático de Direito, o que significa dizer que há uma primazia pela lei e a Constituição, pela preservação das liberdades e igualdade de direitos, não é somente legalidade, é direito democrático, significando que democracia qualifica o Estado e, por conseguinte, permeia o Direito produzido por este Estado.
O parágrafo único do artigo 1º afirma, peremptoriamente: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, ou seja, somos um Estado democrático, no qual a titularidade do poder se encontra no povo, que pode exercê-lo diretamente ou, como é mais comum, por intermédio de representantes eleitos.
d) Soberania:
A soberania consiste em um poder incontrastável na ordem interna, de estabelecer comportamentos obrigatórios, incondicionais ao quais todos tem que se submeter.
Soberania é um poder que se manifesta internamente, no território do Estado. Já, independência se manifesta na ordem externa ou nas relações com os demais Estados estrangeiros.
A independência é uma relação de igualdade no tratamento entre os diversos Estados, já que nenhum deve se submeter ao outro. Na ordem internacional os Estados se relacionam em condições de igualdade, assumindo compromissos e obrigações recíprocas, não podendo, de forma normal, um submeter o outro.
e) Cidadania:
Cidadão é o titular de direitos, aquele que está apto a participar da vida política e da promoção de meios para realizar esses direitos.
O cidadão tratado neste dispositivo se difere daquele tratado no artigo 14 da Constituição Federal (eleitor).
No artigo primeiro, tem-se uma condição, um status mais amplo. Não é apenas o direito de votar e ser votado, é mais. Compreende-se, aqui, o direito de, mesmo que não seja eleitor, exigir certos direitos e lutar por eles, como o respeito à liberdade, a intimidade, à probidade administrativa, como pode acontecer com um menor de 16 anos, que, mesmo não podendo votar, pode participar de um evento público pedindo a saída de um administrador corrupto.
Cidadania aqui tem o sentido de respeito do Estado pelo povo.
f) Dignidade da pessoa humana:
O ser humano tem um valor em si mesmo, que está a exigir certas realizações. Não é apenas evitar o tratamento desumano, mas, também dar acesso à vida, saúde, educação, cultura, e outros direitos sociais para que o cidadão consiga existir com um mínimo de realização pessoal e felicidade. Engloba em si, todos os direitos individuais e coletivos e é o fundamento de validade de todos os demais direitos do cidadão que se encontram na Constituição.
g) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa:
São valores antagônicos, mas que devem ser conciliados para assegurar a todos existência digna.
O trabalho é um valor e um direito consagrado no texto constitucional que tem por objetivo permitir ao cidadão o acesso aos bens econômicos da vida. É pelo trabalho que o ser humano se desenvolve e produz, para si e para a sociedade, os bens que irão satisfazer os mais diversos interesses coletivos e individuais. Logo, não pode ser objeto de exploração.
A livre iniciativa aponta a opção político-econômica do Estado.
A economia de mercado, o liberalismo econômico está fundado na livre iniciativa, ou seja, os meios de produção são privados e os particulares são livres para desenvolver qualquer atividade econômica a fim de promoverem a sua riqueza.
Todavia, esta busca pela riqueza não pode se basear na exploração do trabalho, pois, de acordo com o artigo 170 da Constituição Federal, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Assim, o desenvolvimento econômico deve promover desenvolvimento social.
h) Pluralismo político:
Significa a coexistência de pluralidade de concepções religiosas, ideológicas, de cores, raças e origens.
 O princípio do pluralismo aponta para a existência de uma sociedade reconhecidamente desigual, sobre vários aspectos, e, por isso, mesmo, não se admite uma única forma de pensar, sobre que aspecto seja. Se vivem aqui pessoas das mais diversas origens, todo tem direito e liberdade de viver e pensar de acordo com a sua procedência.
Assim, não se admite partido político único, sindicato único, religião oficial, etc.
2.4.2    Princípios do artigo 2º - separação de poderes, funções
O artigo 2º da Constituição Federal consagra o princípio da separação e poderes, o qual não pode ser tocado por emenda constitucional, de acordo com o artigo 60, § 4º, inciso III.
Trata-se de uma viga mestra do sistema político da República Federativa do Brasil, e uma garantia para os cidadãos de que não haverá órgão ou pessoa que concentre poderes e, assim, se torne um senhor absoluto, um ditador.
No passado remoto das sociedades, a concentração e poderes em uma única pessoa não eram visto necessariamente como ruim, pois, isso concorria para uma melhor unificação e solidificação dessa sociedade. Com o passar dos anos, percebeu-se que a concentração de poderes era um mal para a sociedade, para os cidadãos, que viam sua liberdade e seus bens espoliados pela vontade de uma só pessoa, que era quem fazia as leis, que aplicava as leis e também que julgava os conflitos decorrentes do descumprimento das leis.
A partir de estudos de Aristóteles, ficou identificado que o poder político se manifestava de três formas: produzir leis que impõem obrigações aos cidadãos (função legislativa), determinar ou fazer executar essas leis de ofício (função executiva) e determinar o cumprimento da lei quando existente um conflito (função judiciária).
Com Montesquieu, em seu livro “O Espírito das Leis”, consagrou-se definitivamente a doutrina da separação e poderes como fórmula política contra o arbítrio e o desrespeito aos direitos dos cidadãos.
Não obstante o poder seja único, indecomponível, pode-se dizer que ele se manifesta, então, nessas três funções, legislar, executar as leis de ofício e julgar os conflitos decorrentes da aplicação da lei quando provocado.
Diz a Constituição Federal que os poderes são independentes e harmônicos.
Independência significa não interferência de um poder do outro, o que se consegue delimitando na Constituição o que compete a cada um fazer, e, harmonia tem o significado de cortesia no tratamento.
Todavia, essa separação de poderes não é tão inflexível assim.
Dizemos que, quando o Poder Legislativo elabora uma lei, ele está exercendo sua função típica, que é legislar. Todavia, quando está julgando, por exemplo, o Presidente da República,no crime de responsabilidade, está exercendo uma função que não é própria dele, mas do Poder Judiciário. Neste caso, o Poder Legislativo está exercendo uma função atípica.
Isso acontece com todos os poderes. Podemos afirmar que isso não fere a cláusula de indelegabilidade do poder, pois foi o próprio constituinte originário quem assim estabeleceu.
 Importante, por fim, observar que, mais recentemente a teoria da tripartição de poderes, com sua afirmação de independência entre poderes, ganhou outros contornos com a inclusão da teoria dos freios e contrapesos.
Por essa teoria, os poderes devem agir dentro do seu núcleo de atribuições sem avançar sobre as dos outros poderes, e devem agir em colaboração na busca dos fins do Estado.
Caso um dos poderes venha a abusar do exercício do seu poder ou interferir indevidamente nas atribuições dos outros, a Constituição estabelece certos mecanismos de contenção que visam coibir esses excessos e abusos.
São vários os mecanismos de controle estabelecidos na Constituição, tais como, o julgamento do Presidente da República, pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (art. 86 da CF), a declaração de inconstitucionalidade das leis feitas pelo Supremo Tribunal Federal, a sustação pelo Congresso Nacional dos atos do Presidente da República que exorbitem do poder regulamentar ou da delegação legislativa (art. 49, V da CF/88), a nomeação dos ministros do Supremo Tribunal Federal pelo Presidente da República (art. 101, parágrafo único da CF/88), entre outros.
2.4.3 Objetivos fundamentais (art. 3º)
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil se constituem nas finalidades para as quais o Estado Brasileiro foi criado.
De uma maneira geral, dizemos que o Estado foi criado para se alcançar o bem comum, que é a satisfação das necessidades essenciais de uma dada sociedade, tornando-a segura, estável e feliz.
Sob este prisma, o artigo 3º da Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o Estado Brasileiro busca:
a) construir uma sociedade livre, justa e solidária:
É o absoluto esposamento dos ideais da Revolução Francesa, no sentido de que a liberdade, a justiça e a solidariedade ou fraternidade devem permear as ações do Estado e dos cidadãos, não se admitindo qualquer forma de obstáculo ao alcance desses princípios.
A solidariedade permite, por exemplo, que o Estado cobre mais tributos de quem tem maior capacidade econômica para financiar programas sociais dirigidas à população mais carente que não tem como se manter.
b) garantir o desenvolvimento nacional:
A sociedade se desenvolve, cresce populacionalmente e o Estado deve estar atento a essas modificações sociais para garantir o desenvolvimento econômico que assegure, no futuro, a existência digna de seus cidadãos.
Esse princípio justifica e exige a existência de leis que estabeleçam planos econômicos ou diretrizes para a economia, como aquelas citadas no artigo 174 da Constituição Federal.
Assim, o Estado deve planejar, por exemplo, o consumo de energia elétrica para garantir o abastecimento das indústrias e residências, evitando-se apagões ou impossibilidade da indústria se desenvolver por falta de energia disponível.
c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais:
 A pobreza é um dos fatores que promovem a marginalização e a profunda desigualdade econômica e social, impedindo o acesso à saúde, educação, moradia, entre os direitos fundamentais.
Com a erradicação da pobreza teremos uma sociedade mais justa, menos desigual e mais desenvolvida.
Para atingir esse objetivo, foi criado o Fundo de Erradicação da Pobreza, por meio da Emenda Constitucional nº31/2000, depois prorrogado por tempo indeterminado pela Emenda Constitucional nº 67/2010 com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse sociais voltados para melhoria da qualidade de vida.
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação:
Como visto anteriormente, somo uma sociedade plural, caracterizada por origens diversas. Não temos uma cor, religião, cultura única, mas bastante diferentes.
Na busca pela realização plena dessa sociedade brasileira, não se admitirá qualquer forma de preconceito que possa impedir o acesso de maneira igual, aos bens da vida, a qualquer cidadão.
Não importa o sexo, coro, origem, se dos estados do norte ou do sul, todos são brasileiros e merecem tratamento digno, sem discriminação.
Foi com fundamento neste princípio que o Supremo Tribunal Federal pôde reconhecer à união estável e à união homoafetiva, os mesmos efeitos do casamento.
2.4.4    Princípios das relações internacionais (art. 4º)
O artigo 4º estabelece os princípios que devem orientar o Brasil quando se relacionar com outros Estados na ordem internacional, por exemplo, quando for realizar um tratado internacional, quando for tratar nos organismos internacionais sobre guerras, terrorismo, entre outras questões.
a) Independência nacional:
Significa dizer que o Brasil não se submete à vontade externa, pois, internamente, exerce a sua soberania, que é o poder máximo, incontrastável de decidir.
b) Prevalência dos Direitos Humanos:
Nas relações em que o Estado Brasileiro participar, não poderá existir atentado contra os direitos humanos e, em uma situação de conflito, se manifestará pelas prerrogativas da condição de ser humano, não se admitindo transigir sobre esse pressuposto.
c) Autodeterminação dos povos:
O Brasil reconhece que o povo dos demais Estados é quem deve determinar a sua peculiar maneira de se organizar e viver, respeitando, assim, os demais povos que compõem a comunidade internacional.
d) Igualdade entre os Estados:
Nas relações internacionais, todos os Estados se relacionam em condição de igualdade, não se admitindo, por conta do poder econômico uma relação de prevalência de um Estado sobre o outro, não se admite sujeição econômica.
e) Defesa da paz:
É um princípio que deve nortear as relações do Brasil com outros Estados e bem como orientar a sua ordem interna a sempre buscar a paz.
Assim, não se admite que o Brasil busque desenfreadamente desenvolver uma corrida armamentista e o enfretamento contínuo mediante ações bélicas com outros Estados, salvo se for para sua própria defesa.
f) Solução pacífica dos conflitos:
Intimamente ligado ao princípio acima, indica que o Brasil não deve orientar a sua conduta pela solução bélica, mas, antes, buscar alcançar a solução dos conflitos entre as nações por meios diplomáticos.
g) Repúdio ao terrorismo e ao racismo:
O terrorismo, como forma de fazer prevalecer a opinião política, religiosa ou filosófica, não é admitida pelo Brasil. Em face do que já foi acima exposto, deve-se sempre privilegiar as tratativas amistosas em busca da solução de conflitos. Em face disso, o artigo 5º, XLIII, da CF/88, estabelece que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática do terrorismo, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Igualmente o racismo não coaduna com os demais princípios internos da República Federativa do Brasil, que é uma sociedade pluralista, de maneira que o artigo 5º da CF/88, em seu inciso XLII, estabelece que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
h) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade:
Vivemos em uma grande comunidade internacional, que, a par de suas diferenças, se completam e devem contribuir, mutuamente, para o seu desenvolvimento.
Muitas das necessidades de um Estado já foram resolvidas por outros e, a comunhão de objetivos e de soluções pode minimizar as dificuldades porque passam outros Estados.
i) Concessão de asilo político:
O asilo político é o acolhimentode um estrangeiro por outro Estado, que não o seu, em função de perseguição política, delitos de opinião ou crimes relacionados com a segurança do Estado.
Não se admite o asilo político quando o estrangeiro busca o acolhimento por ter cometido crime comum, os quais encontram reprimenda em caráter geral em todos os demais Estados.
A concessão do asilo político é uma decisão de natureza política e discricionária do Estado.
j) Integração dos Povos da América Latina:
Os Estados que compõem a América Latina têm muitas coisas em comum em face da sua origem, de sua colonização realizada de forma exclusivamente exploradora.  Assim, muitos dos problemas enfrentados pelos Estados que a compõem, são iguais, e a busca por soluções de desenvolvimento é comum.
A formação de uma comunidade latino-americana facilitará o intercâmbio de informações, tecnologias, língua, costumes e desenvolvimento econômico e social.
Dessa forma, o Brasil participou ativamente para a criação do MERCOSUL, Mercado Comum do Sul, formado incialmente por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, em 26 de março de 1991, por meio do Tratado de Assunção.

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