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FACULDADE DOM ALBERTO
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO 
PROFa. Dra. Janaína Machado Sturza
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO
Profa. Dra. Janaína Machado Sturza
PLANO INTEGRAL
PROBLEMAS 1 AO 30
Semestre 2017/02
APRESENTAÇÃO
A construção de um material didático próprio e autoral é resultado da proposta assumida pela Faculdade Dom Alberto de implementação de uma metodologia de ensino capaz de traduzir as atuais exigências do mercado de trabalho.
 A metodologia da aprendizagem baseada em problemas (ABP) é o fio condutor das ações didático-institucionais que estão traduzidas dentro deste material que toma forma e corpo.
Os conhecimentos desenvolvidos pelo docente, dentro desta metodologia de ensino, são meios ou caminhos para a construção de competências e perfis profissionais necessários a inserção dos acadêmicos no mundo do trabalho. A lógica do problema orienta e traduz objetivos de ensino pertinentes, contextualizados, possibilitando a aplicação prática por parte do acadêmico.
A sistematização desta metodologia está orientada na seleção adequada de problemas prioritários e complexos que induzem a busca por conhecimentos, competências, perfis e soluções capazes de traduzir o referencial teórico de cada disciplina em objetos de aplicação. Capacita-se o estudante a uma formação condizente com as reais necessidades do mercado de trabalho.
A produção deste manual representa a consolidação da metodologia através de um trabalho continuo de aprimoramento didático e pedagógico por todos os envolvidos no processo.
Editora Dom Alberto
SUMÁRIO
MACROPROBLEMA 1: Maria de Lourdes procura João da Silva para ser seu advogado em um processo de pedido de alimentos. Para tanto, em um primeiro momento João escuta toda a história da pretensa cliente, inclusive suas lamúrias. Em um segundo momento, João tenta acalmar Maria, já que a mesma está em prantos de choro, quase em descontrole emocional. Quando tudo parece ter se acalmado, João orienta juridicamente sua cliente, a qual lhe outorga uma procuração para que, à partir de então, João passe a representá-la. Nesse caso, qual a forma de conhecimento utilizada por João? A aplicação do direito enquanto norma, nesse caso, é um fenômeno social e universal?
Problema 01 Como ocorrem os diferentes processos de aquisição do conhecimento?
Problema 02 Do que trata a epistemologia jurídica?
Problema 03 Qual a definição de direito e sua posição no quadro das ciências?
Problema 04 Quais as características do surgimento do direito como fenômeno social e universal?
MACROPROBLEMA 2: Caio, Tício e Mévio são exploradores de cavernas. Os três saem para mais uma de suas aventuras quando, inexplicavelmente, ficam presos em uma caverna. Passaram-se dois dias e então, presos, sem comunicação, comida e água se veem desesperados. Começa então um grande conflito e na busca pela sobrevivência um deles sugere que se faça um sorteio para sacrificar um dos três, o qual servirá de alimento para os demais. Pergunto: é possível tal conflito? Esse conflito é baseado no direito natural ou no direito positivo? Ou em ambos? Como essa situação poderia ser resolvida?
Problema 05 É possível diferenciar a Dogmática Jurídica e os conflitos jurídicos da humanidade?
Problema 06 Como ocorre a construção sistemática do direito natural e do direito positivo?
MACROPROBLEMA 3: A Lei Maria da Penha foi pensada e construída para proteger a mulher da violência masculina intrafamiliar. Todavia, com as novas configurações familiares, faz-se necessário pensar também na violência ocorrida entre casais homoafetivos. Nesses casos, em específico, como ocorre a proteção jurídica? É possível aplicar tal lei em casais constituídos por dois homens ou então por duas mulheres? Existe uma lacuna e/ou uma antinomia na lei? É possível utilizarmos a analogia?
Problema 07 Como ocorre a aplicação e integração do direito?
Problema 08 É possível estabelecer uma diferenciação entre a Analogia, os Costumes e os Princípios Gerais do Direito?
MACROPROBLEMA 4: O homem, desde os primórdios, sempre tentou se organizar para viver e conviver em sociedade. Cada sociedade, em seu tempo, com suas características peculiares ao período histórico, ditou suas normas (ainda que rudimentares). Seria possível, mesmo que em períodos remotos, viver em uma sociedade sem normas? Direito e norma são sinônimos ou não? Como podemos fazer essa vinculação entre direito e norma?
Problema 09 Como compreender a norma jurídica de forma ampla?
Problema 10 Como estabelecer parâmetros de compreensão acerca da norma através das características do Direito?
MACROPROBLEMA 5: M. F. C., menina, menor, sofre de uma síndrome rara. Seus pais, no intuito de buscar a sua cura, encontraram um medicamento fabricado nos Estados Unidos que pode amenizar seu sofrimento, sem, no entanto, garantir a cura. Todavia, tal medicamento é derivado da maconha e isso impossibilita sua importação. Os pais, porém, passaram a importá-lo de maneira ilegal. Isso é moral? É imoral? Tudo que é ilegal é imoral?
Problema 11 Qual a distinção entre Norma Moral e Jurídica?
MACROPROBLEMA 6: Laércio Dias Gomes, 22 anos, deseja se casar com M. L. B., 16 anos e nove meses. Isso é possível, levando-se em consideração a idade da pretensa noiva? Tal situação se caracteriza através do direito objetivo ou subjetivo? Quais os elementos que integram essa relação jurídica? Esse caso pertence ao direito público ou privado?
Problema 12 É possível estabelecer diferenças entre direito objetivo e direito subjetivo?
Problema 13 É possível estabelecer diferenças entre direito público e direito privado?
MACROPROBLEMA 7: Rosalinda da Rosa, juíza de direito, está aflita diante de um caso inédito que chegou à sua comarca. Para resolvê-lo, ela deverá buscar subsídios jurídicos nas fontes do direito. Quais seriam elas? Em quais circunstâncias é possível usar cada uma delas? Por fim, é possível integrar todas elas em uma mesma sentença?
Problema 14 Qual o entendimento acerca das fontes do direito?
Problema 15 Como ocorre a divisão entre as fontes do direito, a partir do entendimento de classificação?
MACROPROBLEMA 8: No contexto jurídico atual as demandas sociais e seus respectivos conflitos estão cada vez mais constantes e crescentes. Para dar respostas à tais demandas o direito, em algumas situações, através do poder legislativo, precisa criar, alterar e até mesmo revogar leis. Isso é possível? Em caso positivo, como isso ocorre? Existe formalidade legal para tais procedimentos?
Problema 16 Qual a importância da Lei complementar nº 95/1998 no contexto jurídico?
Problema 17 Como ocorre a aplicação da lei complementar nº 95/1998 na elaboração, estruturação e alteração das demais lei?
MACROPROBLEMA 9: Atualmente vive-se um período de grande insegurança social, política e econômica. Por conta deste contexto, as demandas jurídicas aumentam consideravelmente e o Direito, através do poder judiciário, busca resolver todos os litígios provenientes da sociedade. Nesse sentido, então, surgem alguns questionamentos: como funciona o PJ? Quais suas possibilidades e seus limites de atuação?
Problema 18 Quais as características essenciais do poder judiciário brasileiro?
Problema 19 Quais as funções essenciais à justiça no ordenamento jurídico brasileiro?
Problema 20 Quais as funções do poder judiciário no Brasil?
Problema 21 Quais as características dos órgãos que compõe o poder judiciário no Brasil?
Problema 22 Qual a importância do sistema judiciário para a promoção da segurança jurídica?
Problema 23 Como estabelecer as características do sistema judiciário a partir do direito comparado?
MACROPROBLEMA 10: A então denominada Lei de Introdução ao Código Civil, a conhecida LICC/1942, era anexa ao CC de 1916, sem, entretanto, fazer parte dele no que se refere à legislação material civil. Todavia, em 2003entrou em vigor o novo CC e em 2010 a LICC teve seu nome alterado para Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Isso é possível? Existe relação entre a revogação do CC de 1916 (e entrada em vigor do CC de 2002) com a alteração do nome da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) para Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB)?
Problema 24 Como conhecer a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a partir da alteração (do nome) da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC)?
Problema 25 Qual o conteúdo e a função da Lei 12376/2010?
Problema 26 Como ocorre a vigência da norma segundo a Lei 12376/2010?
Problema 27 Quais os critérios à solução de conflitos de lei no tempo e no espaço?
MACROPROBLEMA 11: O Direito vem tentando se aproximar cada vez do sujeito e da sociedade e, por conta disso, tanto o Direito quanto a sociedade criam e recriam alternativas de aproximação e resolução célere de conflitos e/ou litígios. Nesse sentido, então, surge o denominado Direito Alternativo. Logo, é possível afirmar-se que o Direito Alternativo é um mecanismo advindo do judiciário? Ainda, o Direito Alternativo é um mecanismo eficaz de resolução de conflitos e/ou litígios?
Problema 28 Como compreender o direito alternativo em âmbito geral?
Problema 29 Qual a origem do Direito Alternativo?
Problema 30 Quais as especificidades e acepções do Direito Alternativo?
PLANO DE AULA INTEGRAL
MACROPROBLEMA 1:
Maria de Lourdes procura João da Silva para ser seu advogado em um processo de pedido de alimentos. Para tanto, em um primeiro momento João escuta toda a história da pretensa cliente, inclusive suas lamúrias. Em um segundo momento, João tenta acalmar Maria, já que a mesma está em prantos de choro, quase em descontrole emocional. Quando tudo parece ter se acalmado, João orienta juridicamente sua cliente, a qual lhe outorga uma procuração para que, à partir de então, João passe a representá-la. Nesse caso, qual a forma de conhecimento utilizada por João? A aplicação do direito enquanto norma, nesse caso, é um fenômeno social e universal?
PROBLEMA
Como ocorrem os diferentes processos de aquisição do conhecimento?
CONHECIMENTOS
O Conhecimento Empírico, o Conhecimento Filosófico, o Conhecimento teológico e o Conhecimento Científico.
Tendo em vista que o conhecimento lato sensu é uma relação entre sujeito e objeto que, de forma sinérgica, relacionam-se na construção do saber, se pode afirmar que o sujeito cognoscente é sujeito apenas enquanto há objeto a apreender e o objeto é somente objeto quando for apreendido pelo sujeito, dessa forma podemos concluir que todo o conhecimento envolve três elementos: o “eu” que conhece; a atividade ou ato que se desprende desse “eu” e o objeto a ser atingido.
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.
Entre todos os animais, os seres humanos são os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento, capazes de aplicar o que aprende, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos.
Existem diferentes tipos de conhecimentos: 
- Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum): É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas.
Exemplo: A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.
Conhecimento Filosófico: É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.
Exemplo: "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche)
Conhecimento Teológico: Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.
Exemplo: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc.
Conhecimento Científico:É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o Conhecimento Científico: É racional e objetivo.
- Atém-se aos fatos.
- Transcende aos fatos.
- É analítico.
- Requer exatidão e clareza.
- É comunicável.
- É verificável.
- Depende de investigação metódica.
- Busca e aplica leis.
- É explicativo.
- Pode fazer predições.
- É aberto.
- É útil (GALLIANO, 1979, p. 24-30).
Exemplo: Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos batráquios.
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. Assim, pois, existem diferentes tipos de conhecimentos. Nesse sentido, analise as afirmações abaixo. 
Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum): É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas. 
Conhecimento Filosófico: É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos objetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites informais da ciência. 
Conhecimento Teológico: Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo.
Conhecimento Científico: É o conhecimento irracional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. 
Estão corretas apenas:
I e III
I, II e IV 
II e III
III e IV
 II e IV 
2. Tendo em vista que o conhecimento lato sensu é uma relação entre sujeito e objeto que, de forma sinérgica, relacionam-se na construção do saber, se pode afirmar que o sujeito cognoscente é sujeito apenas enquanto há objeto a apreender e o objeto é somente objeto quando for apreendido pelo sujeito, dessa forma podemos concluir que todo o conhecimento envolve três elementos. Quais são estes elementos? Quais são os tipos de conhecimento? Discorra sobre eles:
o “eu” que conhece; a atividade ou ato que se desprende desse “eu” e o objeto a ser atingido. Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum): É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas
Conhecimento Filosófico: É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência
Conhecimento Teológico: Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo Conhecimento Científico:É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o Conhecimento Científico: É racional e objetivo________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
A) PROBLEMA
Do que trata a epistemologia jurídica?
B) CONHECIMENTO
O conhecimento da epistemologia jurídica.
Para se compreender a Epistemologia Jurídica, antes, é necessário o entendimento da Epistemologia de forma geral. Neste caso, veja-se:
Epistemologia. [Do gr. epistéme, ciência; conhecimento, + logia.]. Substantivo feminino. Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações [Cf. teoria do conhecimento e metodologia]�.
Desta forma, é possível se sintetizar afirmando que epistemologia é a área da ciência que se preocupa com a discussão dos fundamentos das diversas ciências contemporâneas. A epistemologia jurídica é, portanto, o ramo que se preocupa com os fundamentos mesmos da ciência social aplicada que se denomina Direito. Trata-se de forma dinâmica, pois “a epistemologia jurídica é um espaço permanentemente em construção, cujos limites, paradoxalmente, quanto mais se determinam e objetivam, mais produzem lacunas e vazios, sendo, assim, um lugar crítico à procura de seu objeto”�. 
Sendo assim, constituem temas de Epistemologia do Direito: 
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
1.A epistemologia jurídica é um campo aberto para construção de uma visão crítica do Direito, haja visto todas as anuancis que a mesma possui intrinsecamente vinculadas a sua gênese. Dessa forma, se questiona o quê a mesma pode contribuir para a discussão do Direito nos tempos atuais. Disserte:
A epistemologia é a ciência da ciência que proporciona uma reflexão dinheiro no espaço 
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É possível sintetizar afirmando que epistemologia é a área da ciência que se preocupa com a discussão dos fundamentos das diversas ciências contemporâneas. Logo, é CORRETO afirmar:
A epistemologia jurídica é o ramo que se preocupa com os fundamentos da ciência exata aplicada que se denomina Filosofia.
Trata-se de forma dinâmica, pois a epistemologia jurídica é um espaço permanentemente em desconstrução.
A epistemologia, cujos limites, paradoxalmente, se determinam e objetivam, produzem lacunas e vazios, sendo um lugar crítico à procura de seu objeto.
A epistemologia é a ciência criativa que busca explicações dogmáticas para a ciência exata.
A epistemologia trata, de forma estática, toda e qualquer reflexão proveniente da ciência biológica.
D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
A) PROBLEMA
Qual a definição de direito e sua posição no quadro das ciências?
B) CONHECIMENTO
Definição de direito, bem como sua posição no quadro das ciências.
Etimologicamente “direito” vem do latim directum que significa direção reta sem desvio. Assim, contém a idéia de direção a ser seguida, ou seja, pode ser concebido como “diretriz da sociedade, criada e mantida pelos próprios membros do grupo”. 
Assim, Direito é forma pela qual as pessoas criam, mantém e extinguem as relações sociais, de forma a organizar a sociedade. Seguindo, ainda é possível se distinguir três sentidos para o vocábulo direito:
Posição no quadro das ciências
O direito ocupa posição dentro do quadro das ciências sociais. Isto, pois trata e regula os fenômenos dentro da sociedade ou aqueles que a influenciam diretamente. Desta maneira, pode-se definir ciência do direito: “conhecimentos, metodicamente considerados, resultante do estudo ordenado das normas jurídicas com o propósito de apreender o significado objetivo das mesmas e de construir o sistema jurídico, bem como de descobrir as suas raízes sociais e históricas”�. 
Natureza do objeto
O objeto da ciência jurídica é a complexidade das relações sociais entre e interpessoais. Isto é: a ciência jurídica é todo o complexo sistema social que envolve os variados aspectos da vida em sociedade e em comunidade. 
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
1.A ciência jurídica desempenha uma fundamental importância na construção do conhecimento humano e social, vinculando a ampliação, repetição e disseminação do Direito pelo tempo. Nessa esteira, a melhor forma de conceituação do que seja ciência jurídica é:
a) Um ramo do conhecimento humano dotado de objeto, sistematização e metodologia próprios vinculados a área jurídica.
b) Um dos ramos do conhecimento filosófico, dotado de consciência e metodologia jurídicas próprias.
c) Um ramo do estudo da sociedade, vinculada a ideia de conhecimento empírico. 
d) Um dos ramos das ciências teológicas, calcados na ideia e sistematização do direito positivo e natural.
e) Um ramo da ciência positiva, com método, sistematização e objeto próprios.
2. Etimologicamente “direito” vem do latim directum que significa direção reta sem desvio. Assim, contém a idéia de direção a ser seguida, ou seja, pode ser concebido como “diretriz da sociedade, criada e mantida pelos próprios membros do grupo”. Assim, Direito é forma pela qual as pessoas criam, mantém e extinguem as relações sociais, de forma a organizar a sociedade. Partindo-se deste contexto, discorra sobre a posição no quadro das ciências e sobre a natureza do objeto:
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
A) PROBLEMA
Quais as características do surgimento do direito como fenômeno social e universal?
B) CONHECIMENTO
As características e o surgimento do direito como fenômeno social e universal.
Quando se fala em grupos de pessoas, é possível se averiguar, instantaneamente, dois fatores:a) uma complexidade de situações envolvendo os membros do grupo;
b) a necessidade de se resolver estas situações da melhor e mais pacífica forma. 
Assim, é possível se afirmar que, dentro da sociedade, existe a necessidade inevitável de se regrar as relações inter e entre-humanas. Também que, para isso, é necessária uma ciência que abarque tais normas sociais e os demais valores humanos. Deste modo nasce do o Direito. E ele, então, como sendo produto das necessidades sociais, ou melhor, dos fenômenos sociais, com o objetivo, genérico, de abranger o maior número de fatos e atos humanos dentro dos grupos sociais.
Características
É imperativo se apontar dois motivos principais para o Direito ser considerado como um “fenômeno social e universal”:
a) social: pelo fato de ser construído pelas pessoas a partir de seus ideais de convívio social para reger a sociedade; 
b) universal: é uma previsão genérica que tem a possibilidade de comportar um grande número de situações sociais, ou, em outras palavras, apresenta-se para a universalidade de situações humanas.
Surgimento
As ciências sociais modernas surgiram no momento em que as pessoas sentiram a necessidade de organizar o convívio em sociedade, pois não há maneira das pessoas viverem isoladamente [“nenhum homem é uma ilha em si mesmo”]. 
Desta forma, pela razão de precisar se relacionar uns com os outros, os humanos sentiram a falta de normas capazes de melhorar sua condição de vida e atracar possíveis abusos praticados por tiranos. 
Assim, em suma, o direito nasceu da necessidade que as pessoas sentiram de ter regras para conviver umas com as outras. Aos poucos, foram percebendo que se não houvesse normas não seria possível viver em grupos, pois sempre prevaleceria a vontade de quem tivesse mais força para impor aos outros. O direito, portanto, é antes de tudo, a forma que as pessoas elegeram para regular a vida em comunidade. 
Breve histórico
Ao longo da história da humanidade, apareceram variadas forma de regramento social, como exemplo, os milenares Código de Hamurabi [1700 a. C., criado pelo imperador da Suméria, com o seu nome e que protegia a propriedade, a família, o trabalho e a vida humana]; o Código de Manu [séc. II a. C., escrito em sânscrito, é a legislação do mundo indiano e do sistema de castas]. Ainda, na Roma antiga, a Lei das XII Tábuas [450 d. C.].
Direito como ciência social aplicada (?)
É absolutamente pacífico entre os jus-historiadores que o Direito se inclui entre as chamadas ciências sociais aplicadas. Isto se justifica pelo fato de que ele tem seu objeto de estudo – normas jurídicas – ligado diretamente a sua finalidade de pacificação social. Ainda, por utilizar métodos de investigação científica de abordagem e de procedimento também aplicáveis às demais ciências sociais. 
Diversas disciplinas jurídicas
O direito nasceu como formas normativas gerais. Contudo, para melhor regular a vida em sociedade, ele foi, aos poucos, especializando-se em diversas áreas, tais como: civil, processual, penal, comercial, trabalho, tributário, etc. 
Esta especialização se deve ao objeto exclusivo estudado dentro daquele ramo jurídico, como por exemplo: 
a) no direito previdenciário o objeto são as normas relativas ao custeio e aos benefícios da previdência social; 
b) no direito ambiental o objeto são as normas e relações entre a ação humana e a conservação dos recursos ambientais. 
Introdução ao estudo do direito
Esta é a disciplina que fornecerá aos “jus-estudantes” as noções básicas e os princípios fundamentais para a compreensão da criação, aplicação, interpretação e extinção do direito e da ciência jurídica como um todo. 
Desta forma aborda os aspectos sociológicos, filosóficos e técnicos do direito, através da epistemologia jurídica, da dogmática, dos sistemas jurídicos, da teoria da norma jurídica, das fontes do direito, dos princípios, dos costumes, da jurisprudência e da doutrina. 
Sendo assim, ressalta-se que a importância desta matéria se aloca na visão geral que ela proporciona do universo jurídico, formando alicerces para incorporação dos conhecimentos pontuais dos ramos específicos. 
DIREITO COMO FENÔMENO SOCIAL E GLOBAL
O direito tem sua razão de existência na complexa situação social do mundo atual. Isto se justifica pelo fato de que, todos os dias, surgem novas possibilidades advindas pela tecnologia e pelo próprio avanço de todas as demais ciências que envolvem o convívio humano. 
Deste modo, cabe ao direito também abranger e adotar as novidades, para atingir sua finalidade de regulamentação e organização social até o bem comum. 
Diz-se social pelo fato de estipular normatividade social. Global por que atinge a globalidade de situações ocorridas dentro das esferas de atuação humana. 
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
1.O direito tem sua razão de existência na complexa situação social do mundo atual. Nesse sentido, portanto, é correto afirmar que o Direito é um fenômeno social? Porquê? Fundamente:
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2. As ciências sociais modernas surgiram no momento em que as pessoas sentiram a necessidade de organizar o convívio em sociedade, pois não há maneira das pessoas viverem isoladamente. Seguindo esta afirmação, assinale abaixo a alternativa CORRETA:
I) Pela razão de precisar se relacionar uns com os outros, os humanos sentiram a falta de normas capazes de melhorar sua condição de vida e atracar possíveis abusos praticados por tiranos. 
II) O direito nasceu da necessidade que as pessoas sentiram de ter regras para conviver umas com as outras. 
III) Aos poucos, foram percebendo que se não houvesse normas não seria possível viver em grupos, pois sempre prevaleceria a vontade de quem tivesse mais força para impor aos outros. 
IV)O direito, portanto, é antes de tudo, a forma que as pessoas elegeram para desregular a vida primitiva. 
Estão corretas apenas:
I e III
I, II e IV 
I, II e III
II, III e IV
II e IV 
D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
MACROPROBLEMA 2:
Caio, Tício e Mévio são exploradores de cavernas. Os três saem para mais uma de suas aventuras quando, inexplicavelmente, ficam presos em uma caverna. Passaram-se dois dias e então, presos, sem comunicação, comida e água se veem desesperados. Começa então um grande conflito e na busca pela sobrevivência um deles sugere que se faça um sorteio para sacrificar um dos três, o qual servirá de alimento para os demais. Pergunto: é possível tal conflito? Esse conflito é baseado no direito natural ou no direito positivo? Ou em ambos? Como essa situação poderia ser resolvida?
A) PROBLEMA
É possível diferenciara Dogmática Jurídica e os conflitos jurídicos da humanidade?
B) CONHECIMENTO
A Dogmática Jurídica e os conflitos jurídicos da humanidade.
DOGMÁTICA JURÍDICA: SIMPLIFICAÇÃO E COMPLEXIDADE
Dogma significa algo que não se coloca em dúvida.
Se o conteúdo do dogma é verdadeiro, ou não, isso é uma questão secundária. A função do dogma é pacificar uma questão, dar estabilidade a um sistema de pensamento, de crença, a fim de viabilizar certos comportamentos e conceitos. Existem, assim, vários tipos de dogmas: dogmas religiosos, científicos, políticos, familiares, sociais, jurídicos, econômicos e outros.
Dogma, etimologicamente, tem sua raiz no grego dokéo, "julgar, aparentar", e do latim docere, ensinar, significando "ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa, e por extensão de qualquer doutrina ou sistema" (cf. Antonio Geraldo da Cunha, no Dicionário, Etimológico, Nova Fronteira). Ou seja, dogma é algo que não mais se questiona, que está aceito como verdadeiro.
A Dogmática Jurídica é justamente a parte do Direito que lida com as certezas, com os pressupostos e premissas inquestionáveis colocados pelas normas jurídicas positivadas. Exemplos bem simples e corriqueiros são os prazos processuais (10,15 dias... de prazo para recorrer, para contestar) e o prazo de prescrição das ações. Se a lei estabelece não se questiona. O que poderia ser questionado é se o prazo é razoável ou não e aí mudar-se-ia a lei. Mas, enquanto o prazo for aquele da lei, sua obediência é dogma. Outro dogma é a validade da sentença transitada em julgado, que é sempre tida como verdadeira.
A Dogmática Jurídica é um modo de viabilizar decisões, simplificando a complexidade, diminuindo o questionamento social e estabilizando a sociedade. O princípio da maioria, por exemplo, quando estabelecido por lei acaba com a discussão: o que a maioria decide é válido, isto é um dogma. A decisão neutraliza o dissenso, ou seja, os que têm opinião contrária devem se conformar com a decisão da maioria. Só que esse dogma da maioria é expressão de uma racionalidade formal que não convence a minoria, que vai contra os desejos da minoria, e a maioria, por si só, não tem força de eliminar o ressentimento dos dissidentes. A racionalidade do dogma cria insatisfações nos contrários, pois não respeita as diferenças de cada um, impõe soluções coletivas a contragosto, contrafaticamente. Produz é certo, o efeito de estabilização do sistema, mas à custa do artifício da solução racional. 
Quando há muito descontentamento são feitas novas leis, são estabelecidos novos dogmas, sem os quais não há possibilidade do sistema operar. Assim: "O Direito positivo institucionaliza a mudança, que passa a ser entendida como superior à permanência, e as penadas do legislador começam a produzir códigos e regulamentos que, posteriormente, serão revogados e de novo restabelecidos, num processo sem fim". (Ferraz, 1980, 200).
Num mundo moderno leigo, sem valores religiosos, morais e éticos estáveis, dominado pela organização constitucional do Estado, sem fundamentos filosóficos permanentes, sem ideologia definida, a verdade passa a ser secundária e a verossimilhança passa a ser essencial. Não mais interessa ao Direito a legitimidade histórica, tradicional, carismática, mas sim, basicamente, a legitimidade racional das decisões. Dessa forma "a Dogmática põe a verdade entre parênteses e se preocupa mais com o verossimilhante, isto é, não exclui a verdade, mas ressalta como fundamental a versão da verdade (e da falsidade)." (Ferraz, 1980, 183). O que interessa mais é o conjunto das provas que são trazidas para o mundo jurídico, para o devido processo legal, pois o "que não está nos autos não está no mundo". A verdade corresponderá, juridicamente, à prova dos autos, reduzindo-se, assim, a questão controversa ao que for decidido. O conflito pode não desaparecer entre as partes, mas, juridicamente, termina. "A verdade é que a decisão jurídica, a lei, a norma consuetudinária, a decisão do Juiz etc. impede a continuação de um conflito. Ela não o termina através de uma solução, mas o soluciona pondo-lhe um fim. Pôr um fim não quer dizer eliminar a incompatibilidade primitiva, mas trazê-la para uma situação onde ela não pode mais ser retornada ou levada adiante". (Ferraz, 1980, 167).
Ora, impedir que um conflito continue é um modo artificial de lidar com o conflito, pois ele é reprimido, obrigando os litigantes a se conformarem com a decisão. A frustração das partes não é levada em conta, a Justiça da decisão é secundária. Esse é o efeito da Dogmática Jurídica: limitar os conflitos a regras e princípios formais, sem a preocupação essencial com o conteúdo verdadeiro ou não do decidido. É uma simplificação da complexidade, em nome da decidibilidade.
Porém, vivemos num mundo complexo. "Complexus significa o que foi tecido junto; de fato há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto do conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si (Morin, 2000,38). Encarar a complexidade melhora a análise das particularidades, mas a recíproca não parece ser verdadeira. Quem analisa um pedaço do todo nem sempre acaba tendo uma visão do todo." Quanto mais poderosa é a inteligência geral, maior é a sua faculdade de tratar problemas especiais "(Morin, 2000,39). Só que a Ciência e o Direito estão optando pela especialização, fechando as questões dentro da redoma da Dogmática e se esquecendo que o problema real continua, apesar de tudo. A simplificação dogmática corresponde ao empobrecimento da função jurídica, a redução da virtude da Justiça ao legalismo positivista. É esse modelo que está em crise e precisa ser superado por um modelo holístico, que no dizer de Pierre Weil;" É uma visão em que todo indivíduo, a sociedade e a natureza formam um todo indissociável, interdependente em constante movimento. É uma visão na qual, paradoxalmente, não só as partes de cada sistema se encontram no todo, mas em que os princípios e leis que rege o todo se encontram em toda parte "(Weil, 1991, 52). Dessa forma se restabelece o contexto do conhecimento complexo, em contraposição à simplificação, cujo reducionismo mutila o todo.
É necessário encarar a complexidade dos conflitos como totalidades sociais, emocionais, sociológicas, econômicas e afins, sem reduzi-los ao mundo do processo. É preciso reconhecer a insuficiência da Dogmática Jurídica para resolver os conflitos através de uma simplificação procedimental artificial que não mais satisfaz nem o Estado, nem a sociedade, nem os cidadãos.
A DOGMÁTICA JURÍDICA E OS CONFLITOS JURÍDICOS DA HUMANIDADE
Na história social da humanidade parece prevalecer mais o conflito do que o consenso. A vida sempre gerou conflitos entre as pessoas, e hoje se sabe, comprovadamente, até da pessoa consigo mesma, conflitos interiores. Sobretudo a psicanálise, a partir do século XIX, em especial com a obra de Freud sobre "A interpretação dos Sonhos" (1900) passou a se ocupar da análise e solução dos conflitos, o que antes era objeto da preocupação de filósofos, políticos e de outros profissionais.
No Direito o conflito tem sido tratado como algo a ser eliminado pois representa, quase sempre, uma ameaça à ordem. Mas, o que é o conflito?
Conflito significa, no seu sentido etimológico, luta, combate, colisão, discussão. Afinal o que é a guerra senão um conflito armado de grandes proporções entre grupos, entre nações? O que espanta num conflito é seu potencial destrutivo da convivência social. O conflito se desenvolve por diversos motivos: pelas incompatibilidades sentimentais, ideológicas, racionais, cognitivas, étnicas, religiosas, familiares e afins. Normalmente, por representar incompatibilidades pouco saudáveis, precisa ser resolvido, mas pode também funcionar como fator de transformação das relaçõeshumanas. O conflito tem também uma carga positiva, não é só um mal. No entanto: "O conceito jurídico do conflito, como litígio, representa uma visão negativa do mesmo. Os juristas pensam que o conflito é algo que tem de ser evitado. Eles o redefinem, pensando-o como litígio, como controvérsia. Uma controvérsia que por outro lado, se reduz as questões de direito ou patrimônio. Jamais os juristas pensam o conflito em termos de satisfação. Falta no direito uma teoria do conflito que nos mostre como o conflito pode ser entendido como uma forma de produzir com o outro, a diferença, ou seja, inscrever a diferença no tempo como produção do novo. O conflito como uma forma de inclusão do outro na produção do novo: o conflito como outridade que permita administrar, com o outro, o diferente para produzir a diferença" (Warat, 2001, 81,82).
Assim, parece existir um potencial positivo no conflito, desde que o conflito não seja encarado de forma apenas lógica e racional, para culpar ou inocentar os litigantes. O conflito exibe um lado externo, aparente, mas tem também seu lado oculto, que precisa ser descoberto, caso a caso. Nenhum conflito é simples. Todo conflito tem componentes oriundos das mais diferentes causas e circunstâncias e merece ser avaliado como um todo.
O conflito, para ser bem examinado, precisaria ser encarado como um fato, nem bom nem ruim, sem interferência de pré-julgamentos ou valores. Acontece que, no sistema jurídico, os conflitos são vistos através das normas e nunca em estado puro. Ao invés de fatos o direito positivo acaba trabalhando com artefatos, fatos trazidos para dentro do sistema de forma pré-determinada, selecionados de acordo com sua relevância diante da norma jurídica.
Para o Direito um fato não tem que ser algo existente, mas algo a que se atribui existência (real ou hipotética, tanto faz), como resultado e às vezes como ponto de partida para certas operações jurídicas e com vistas a lograr certos efeitos jurídicos. O fato em direito não é um fato, mas sim um artefato". (Garcia, 1992, 48). Tanto que o sistema jurídico distingue questões de fato e questões de direito, a indicar que existe uma dicotomia, uma distinção entre fato e norma. Não são quaisquer fatos que entram para o sistema jurídico, mas apenas aqueles que são relevantes para a decisão de um conflito. Portanto, há uma seletividade e a própria norma jurídica indica como escolher certos fatos. O fato jurídico não é o fato histórico, o acontecimento em si, mas o fato que o direito aceita como tal. A relevância é dada por abstração. Os fatos são valorados pelo sistema, o que resulta num conflito entre os fatos e as normas. A Dogmática Jurídica exige que assim seja, para que o sistema possa funcionar com segurança a partir de fatos escolhidos objetivamente. Cria-se, assim, o mal estar do julgamento jurídico. As decisões agradam uns e desagradam outros, num interminável jogo de ganhar/perder, de caráter binário.
Ante a insuficiência desse modelo binário de solucionar conflitos, desenvolveram-se, várias concepções na Teoria Geral e na Filosofia do Direito, procurando trazer a experiência concreta para dentro do sistema, procurando respeitar mais a realidade e não a versão processual da realidade. Um exemplo importante é a Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale (Reale, 1980), que justamente ressalta o caráter ternário do Direito (Fato, Valor e Norma) em contraposição ao binário (Fato-Norma) cristalizado no axioma latino "da mihi factum dabo tibi jus" (dá-me o fato, dou-te o direito). Para o tridimensionalismo o Direito há de pesar, axiologicamente, os fatos. Não se transita dos fatos ao Direito, automaticamente. A avaliação é ato de interpretação que impõe não uma lógica linear, mas uma prudência, variável, flexível, caso a caso. De qualquer modo, esse tipo de análise está limitado pela norma positiva e, portanto, sofre uma limitação, uma simplificação de antemão posta. Por mais que se dê importância aos fatos, os fatos jurídicos são avaliados dentro de um sistema pré-existente.
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
1.A dogmática jurídica detém fundamental importância no cotidiano jurídico, haja visto que é a mesma que permite aos operadores do direito utilizarem adequadamente as normas jurídicas de um determinado ordenamento jurídico. Dessa forma, pode-se entender a dogmática jurídica como:
a) A Dogmática Jurídica é a parte do Direito que lida apenas com a interpretação das leis e tem como sua principal crítica a do jurista Julius Herman von Kirchmann que delimitou que “bastariam três palavras retificadoras do legislador e bibliotecas inteiras se transformariam em papel sem valor”.
b) A Dogmática Jurídica é a parte do Direito que lida com as decisões judiciais. Através das decisões judiciais que o Juiz aplica as leis e viabiliza a aplicação do direito natural no caso concreto.
c) A Dogmática Jurídica é justamente a parte do Direito que lida com as certezas, com os pressupostos e premissas inquestionáveis colocados pelas normas jurídicas positivadas. Exemplos bem simples e corriqueiros são os prazos processuais (10,15 dias... de prazo para recorrer, para contestar) e o prazo de prescrição das ações. Se a lei estabelece não se questiona.
d) A Dogmática Jurídica é a parte do Direito que lida com as incertezas, haja visto que seus pressupostos fundacionais remontam a ideia da interpretação do Juiz ao caso concreto chegando a uma solução que se torna norma entre as partes, a qual, passa a ser incontestável.
e) A Dogmática Jurídica é a parte do Direito que lida com as certezas, principalmente com a certeza de que o processo terá um fim com uma sentença judicial, baseada única e exclusivamente em normas jurídicas
2.Dogma significa algo que não se coloca em dúvida. Se o conteúdo do dogma é verdadeiro, ou não, isso é uma questão secundária. A função do dogma é pacificar uma questão, dar estabilidade a um sistema de pensamento, de crença, a fim de viabilizar certos comportamentos e conceitos. Existem, assim, vários tipos de dogmas: dogmas religiosos, científicos, políticos, familiares, sociais, jurídicos, econômicos e outros. Partindo-se desta afirmação, discorra sobre a dogmática jurídica: Dogmatica Juridica é justamente a parte do Direito que lida com as certezas, com os pressupostos e premissas inquestionáveis colocados pelas normas jurídicas positivadas.
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D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
A) PROBLEMA
Em função deste contexto, como ocorre a construção sistemática do direito natural e do direito positivo?
B) CONHECIMENTO
A construção sistemática do direito natural e do direito positivo.
FUNDAMENTOS DO DIREITO NATURAL
          
O direito natural é considerado como base no mais íntimo da natureza humana. Há pensamentos de que existe um direito natural permanente e eternamente válido, independente de legislação, de convenção ou qualquer outro expediente imaginado pelo homem. Este pensamento já nasce numa perspectiva universal, pois a idéia de Direito Natural surge da procura de determinados princípios gerais que sejam válidos para os povos em todos os tempos. 
          A noção objetiva do Direito Natural pode ser encontrada muito bem figurada no texto de São Paulo: 
          "quando os gentios, que nãotêm lei, cumprem naturalmente o que a lei manda, embora não tenham lei, servem de lei a si mesmos; mostram que a lei está escrita em seus corações". 
          O direito natural é considerado o critério que se designa o justo. A fundamentação dele dá-se pela observação de conformidade entre regras jurídicas de diferentes povos, que induziu a postular uma justiça superior. 
          Na forma de explicação ao direito, era a razão, porém, esta, não bastava para que o homem alcançasse esta vida; o fundamental eram as leis infundidas por Deus no coração do homem, às quais ele teria liberdade para seguir ou não. O recurso para conhecê-las é o amor, não a razão, conceito este provindo do pensamento de Tomás Antonio Gonzaga. 
          No entanto, este princípio sofre restrições, as leis naturais não tinham como intimidar o homem com castigos reais: era apenas no plano da moral que ele podia sofrer alguma pressão para seguí-las. Por isso, para que não existisse a possibilidade de os homens viverem apenas seguindo suas paixões, Deus teria aprovado a criação das sociedades humanas. Daí que, ainda que todos fossem por natureza iguais, esta mesma natureza teria obrigado Deus a infundir diferenças entre os homens: uns seriam governantes, outros governados. Os governantes teriam o direito e o papel de fazer, desta vez através de castigos efetivos, cumprir os preceitos estipulados por Deus. 
          O direito natural, nestes termos, não podia mais ser interpretado de acordo com um anterior estado de liberdade; ele devia ser cumprido no presente estágio da sujeição civil. Isto não significava que o direito civil pudesse, em qualquer circunstância, ser superior ao natural; o direito natural é que, dadas as características da humanidade, acabou circunscrito à esfera de atuação do civil. 
          Estes princípios compõem a base da argumentação do Tratado de Direito Natural, de Tomás Antonio Gonzaga. O direito natural, e portanto Deus, é o que organiza as relações sociais e fornece um fundamento para as ações humanas. Tanto o governante quanto o povo, dentro de suas atribuições, devem orientar-se por Ele. 
          As regras do direito natural de nada adiantariam se o homem não tivesse a faculdade de escolher se queria obedecê-las. A liberdade dada por Deus para que se possa merecer o prêmio ou o castigo é tão importante quanto o reconhecimento de existência deste. Sem liberdade, não haveria moral, muito menos possibilidade de agir conforme alguma noção de bem. 
          Para poder exercer esta faculdade, o homem foi dotado de consciência, ou o raciocínio acerca da moralidade das ações. É ela quem dirige as ações voluntárias. As ações movidas pela consciência podem ser boas, se conformes à lei natural, ou más, se contrárias a ela. Como são feitas com "deliberação da alma", são morais, livres, e podem ser julgadas. Apesar de nem todas as ações más poderem ser imputadas a seu autor, porque ele pode ter agido sem conhecer as possíveis conseqüências de seu ato, a ignorância é considerada uma inimiga do entendimento, sendo obrigação do homem vencê-la. Assim como esta, muitas são as obrigações do homem: elas provém da conveniência ou do medo, mas também fazem com que o homem acabe guiando-se pela moral. 
          A sociedade foi formada por um pacto definitivo e insolúvel, a partir do qual as resoluções devem ser obedecidas, a obrigação de obedecer a lei vem da superioridade de quem manda, não do consentimento do súdito; ao mesmo tempo, é a congregação de cidadãos que decide, através de decretos, a constituição do governo e a eleição das pessoas que exercerão o poder. 
          Apesar disto, a sociedade civil é necessária para que os homens gozem de uma vida segura e tranqüila. Os homens em estado de natureza seriam todos iguais; mas como, neste caso, a convivência seria impossível, pois estariam todos sujeitos ao domínio das paixões, Deus teria instituído a sociedade civil. Daí vem a inferência de que todo poder que um homem exerce sobre outro provém apenas de Deus; é ele quem legitima o poder e o mandato do governante, já que o povo, embora tenha o direito de escolher seu soberano, não tem o poder de destitui-lo, mesmo se considerar que este encontra-se contrário à sociedade. 
          Assim, a finalidade da sociedade civil é todos os homens a respeitarem a lei natural, mas também possibilitar que vivam de acordo com o seu desejo, como eles desejam tudo o que contribui para sua felicidade, e como não se pode viver feliz fora da sociedade, esta é uma necessidade humana. 
          Posto que não seja mandada por Direito Natural, a lei civil, é contudo sumamente útil e necessária, para se guardarem não só os preceitos naturais que dizem respeito à paz e felicidade, mas também para se cumprirem as obrigações que temos para com Deus, porque nem a religião pode estar sem uma sociedade cristã, nem esta sociedade cristã sem uma concórdia entre os homens, nem esta concórdia se poderá conseguir sem ser por meio de uma sociedade. 
          As leis naturais estão sempre de acordo com a justiça, enquanto que nem sempre as civis estarão de acordo com ela, já que podem ser feitas por legisladores oposicionista aos interesses sociais. 
          Antes de Hugo Grotius, o direito natural podia ser dividido genericamente em duas correntes: uma considerava que a ordem natural era gravada por Deus na natureza e dela fluía por via da razão natural; a outra acreditava na ordem natural como aquilo que fôra por Deus ordenado e o que fôra organizado pelo homem a partir dali. Ambos partem da idéia de que os direitos inalienáveis do homem provém de essência religiosa. Grotius é considerado o ponto inicial da laicização; cristão, mas também imbuído de cultura humanista, ele considera a própria lei natural como um fundamento jurídico superior, e por isso universal. 
          Neste ponto, sua questão é: o fundamento jurídico universal modifica-se ao longo do tempo ou não? Grotius volta-se para o estudo da natureza humana e chega à conclusão de que este fundamento jurídico é uma forma histórica, e que a fonte da lei é a sociedade. Assim, o conceito de justiça deve ser definido de acordo com a capacidade humana de exercício da sociabilidade. 
          Ao estabelecer esta noção, Grotius reporta-se não só à religião, mas também à política. É contra o Estado de Hobbes que ele enfatiza a necessidade de definição da esfera do jurídico em face do Estado. Apenas independente da religião e do poder é que o direito poderia permanecer fiel à formulação ideal de justiça que o sustenta. 
          Posteriormente a Grotius tem-se Putendorf , teórico do direito natural que considera: 
          "Há uma íntima relação entre o direito natural e a aritmética: os princípios de direito natural são de evidência perfeita, como axiomas da matemática; por isso, é fundamental estabelecer princípios para a dedução do direito natural". 
           Ao afirmar que estes princípios podem ser retirados tanto da experiência empírica quanto da tradição, Pufendorf contribui para aprofundar o movimento de secularização do direito. 
          O objetivo principal dele era descobrir os fundamentos do direito. Para ele, no universo múltiplo do direito, havia um princípio único, a lei natural de Deus. Porque divina, esta lei seria imutável, enquanto as outras leis, advindas das organizações jurídicas humanas, variariam de acordo com as condições temporais do espaço. 
          Neste sentido, considera que a lei natural que se impõe ao gênero humano é uma lei de obrigação, que só pode ser imputada a seres morais, dotados de razão. Assim, só o homem pode ser sujeito de direito; o imperativo da lei natural é, portanto, que a obrigação seja mantida pelos homens. Esta obrigação pode ser traduzida na observância do princípio de sociabilidade, todas os sistemas humanos de direito e as obrigações daí decorrentes devem estar assentes na idéia de que o homem é um ser social. 
          A fonte do direito natural é a naturezahumana, a ordem natural das coisas. A sua compreensão é alcançada pela conjugação da experiência e da razão; não emana de uma revelação. É uma ordem condicionada pela dimensão social do homem. O seu papel é o de preservar as condições sociais necessárias para que o homem se constitua, viabilize-se de acordo com suas potências construtivas. Esse direito não é normativo, mas apenas reúne princípios fundamentais sem qualquer compromisso ou vinculação com determinada ordem política. 
FUNDAMENTOS DO DIREITO POSITIVO
          O direito positivo tem por base o ordenamento jurídico, o qual será determinado nas suas características. O direito positivo determina o direito como um fato e não como um valor, tem uma abordagem valorativa do direito. Faz-se necessário salientar que o positivismo jurídico nasce de um esforço onde se procura transformar o estudo do direito numa verdadeira e adequada ciência que viesse a ter as mesmas características das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais. 
          Toda ciência tem como característica fundamental a distinção entre juízos de fato e juízos de valor e na rigorosa exclusão destes últimos do campo científico, consistindo a ciência somente em juízos de fato. O movido dessa distinção e dessa exclusão reside na natureza diversa desses dois tipos de juízo: o juízo de fato representa uma tomada de conhecimento da realidade, visto que a formulação de tal juízo tem apenas a finalidade de informar, de comunicar a um outro a constatação; o juízo de valor representa, ao contrário, uma tomada de posição frente à realidade, visto que sua formulação possui a finalidade não de informar, mas de influir sobre o outro, ou seja, de fazer com que o outro realize uma escolha igual à minha e, eventualmente, siga certas prescrições minhas. 
          O positivista, de acordo com o positivismo jurídico de Norberto Bobbio tem a característica de atitude científica frente ao direito, considerando que ele estuda o direito tal qual é, não tal qual deveria ser. 
          Essa atitude contrapõe o positivismo jurídico ao jusnaturalismo, que sustenta que deve fazer parte do estudo do direito real também a sua valoração com base no direito ideal, pelo que na definição do direito se deve introduzir uma qualificação, que discrimine o direito tal qual é segundo um critério estabelecido do ponto de vista do direito tal qual deve ser. 
          Para se entender essa distinção entre o positivismo e o jusnaturalismo deve-se analisar a questão da validade do direito e do valor do direito, entendida a primeira como fazendo parte do ordenamento jurídico real e existindo dentro de uma sociedade, enquanto a segunda indica a qualidade de tal norma, onde se verifica que a mesma está conforme ao direito ideal. 
          A respeito do problema da validade do direito encontra um adicional doutrinário, a corrente jurídica contemporânea, que pode ser considerada pertencente ao positivismo jurídico entendido em sentido genérico, embora se diferencie do positivismo em sentido estrito, sustenta que é insuficiente a definição do direito baseada no requisito único da validade, sendo necessário, pelo contrário, introduzir também o requisito da eficácia. O direito, observa essa escola, é uma realidade social, uma realidade de fato, e sua função é ser aplicado: logo, uma norma que não seja aplicada, isto é, que não seja eficaz, não é consequentemente, direito. 
          A doutrina desta corrente, que é conhecida com o nome de escola realista do direito, pode ser resumida da seguinte maneira, é direito o conjunto de regras que são efetivamente seguidas numa determinada sociedade. 
          Falando de eficácia, os realistas se referem ao comportamento dos juízes, daqueles que devem fazer respeitar as regras de conduta impostas aos cidadãos. Normas jurídicas são, pois, aquelas que os juízes aplicam no exercício de suas funções, vale dizer no dirimir as controvérsias. A definição realista do direito não faz consequentemente tanta referência ao legislador que estabelece a norma, mas sobretudo ao juiz que a aplica; naturalmente no aplicar as normas legislativas é possível que o juiz lhes modifique o conteúdo, e portanto é possível uma divergência, uma defasagem entre o ordenamento do legislador e o dos juízes. 
          Como o positivismo e o realismo definem o direito de forma anti-ideológica, sem qualquer referência a valores, pode ser chamada essa definição de formalista, levando em consideração que o direito é definido apenas em sua estrutura formal prescindindo completamente de seu conteúdo. 
          O direito positivo tem em seu fundamento a teoria da coatividade do direito, onde, as normas são feitas valer por meio da força. O positivismo jurídico vê no elemento coação uma das essencialidades típicas do direito. Esta concepção foi teorizada no século XVII por Hobbes, na formação do Estado moderno. Não se sabe precisar o nascimento da definição coercitiva do direito, porém a tradição indica Thomasius que fez a distinção entre o direito perfeito e direito imperfeito, para posteriormente ser reservada a Kant a teorização dessa concepção como sendo a coação o elemento característico e essencial ao direito. Coube a Jhering, no entanto, a celebração mais importante desta concepção ao considerar o direito, coação e Estado elementos indissoluvelmente ligados. 
          Todas essas teorias desenvolvidas são consideradas clássicas, frente a teoria moderna que Kelsen considera a sanção não mais como um meio para realizar a norma jurídica, mas como um elemento essencial da estrutura de tal norma . Dentro dessa nova concepção da teoria da coação o direito passa a ser visto como "um conjunto de regras que têm por objeto a regulamentação do exercício da força numa sociedade". Para tanto sua análise passa a ser feita tendo em vista quatro pontos fundamentais: quem deve usar a força; quando o grupo monopolizador pode usar a força; como a força deve ser exercida e quanto de força deve ser exercido. 
          As fontes do direito não são vistas assim pelo positivismo jurídico como fatos ou atos aos quais um determinado ordenamento jurídico atribui a competência ou a capacidade de produzir normas jurídicas. As fontes do direito têm a ver com a validade da norma tendo em vista a raiz de onde provém, pois a norma só é válida se for produzida por uma fonte autorizada. 
          No positivismo jurídico é baseado no princípio da prevalência de uma determinada fonte do direito, no caso a lei, sobre todas as demais fontes. O ordenamento jurídico deve ser complexo e hierarquizado, sendo o primeiro reconhecido pela existência de várias fontes, enquanto o segundo as normas guardam características de valores diferentes. 
          O imperativismo da norma jurídica é proclamado como a concepção que considera o Estado como única fonte do direito e determina a lei como a única expressão do poder normativo do Estado: basta, realmente, abandonar a perspectiva legalista-estatal para que esta teoria não exista mais. Assim não se pode configurar como comando a norma consuetudinária, porque o comando é a manifestação de uma vontade determinada e pessoal, enquanto o costume é uma manifestação espontânea de convicção jurídica. Do mesmo modo o esquema imperativista é inútil, se considerarmos, em lugar do ordenamento estatal, o internacional. Este último se exprime, não só mediante costumes, mas também por meio de tratados que fundam relações bi ou plurilaterais. Ora, os tratados são expressão de vontade determinante e pessoal, mas falta neles um outro elemento característico do comando, a relação de subordinação, visto que as relações internacionais são estabelecidas em base de igualdade. 
          A norma não é mais considerada dentro de uma estrutura isoladamente, mas um conjunto de normas jurídicas vigentes numa sociedade. Comina essa idéia com a teoria da coerência e da completitude do ordenamento jurídico. 
          Enquanto algumas teorias como a coercitiva e a imperativista dodireito surgiram antes do positivismo, a teoria do ordenamento jurídico é criação deste movimento, que visualiza a norma não em seu aspecto singular ou como um acerto de normas singulares, mas como constituído por um conjunto sistemático de todas as normas. 
          Os jusnaturalistas concebem o direito constituído de um sistema unitário porque suas normas podem ser deduzidas de um procedimento lógico uma da outra até que se chegue a uma norma totalmente geral e que constitui um postulado moral auto-evidente, quanto os juspositivistas têm a unidade do direito num outro sentido, qual seja, porque elas são postas "pela mesma autoridade, podendo assim todas serem reconduzidas à mesma fonte originária constituída pelo poder legitimado para criar o direito. 
          Dentro dessa concepção as normas jurídicas devem guardar coerência e completitude, pois os positivistas negam as antinomias das normas. 
          O positivismo só aceita a teoria da interpretação mecanicista, valendo apenas o elemento declarativo sobre o produtivo ou criativo do direito. Na atividade relativa ao direito, pode-se distinguir dois momentos: o momento ativo ou criativo do direito e o momento teórico ou cognoscitivo do próprio direito; o primeiro momento encontra a sua manifestação mais típica na legislação, o segundo na ciência jurídica. Esta pode ser definida como a atividade cognoscitiva do direito visando à sua aplicação. 
          O positivismo vê a natureza cognoscitiva da jurisprudência puramente declarativa ou reprodutiva de um direito pré-existente, enquanto os jusnaturalistas vêem essa atividade como criativa ou produtiva. 
          O juspositivismo só enxerga quatro métodos de interpretação, todos eles considerados meios de interpretação textual, a saber: léxico ou gramatical; teleológico ou lógico; sistemático e histórico. O positivismo concebe a ciência do direito como construtiva e dedutiva, tendo recebido o nome usual de dogmática do direito, consistente na elaboração de conceitos jurídicos fundamentais extraídos da base do próprio ordenamento jurídico sem que estejam sujeitos a revisão ou discussão. 
          A ambição do positivismo jurídico é assumir uma atitude neutra diante do direito, para estudá-lo assim como é, e não como deveria ser: isto é, ser uma teoria e não uma ideologia. Pois bem, podemos dizer que ele não conseguiu ser integralmente fiel a esse seu propósito, pois, na realidade, ele parece não só um certo modo de entender o direito(de destacar-lhe os caracteres constitutivos), como também um certo modo de querer o direito; parece, portanto, não somente uma teoria, mas também uma ideologia, características estas provindas da teoria de Norberto Bobbio. 
          Os aspectos ideológicos estão predominantes no pensamento de Bentham que não se limita a descrever o direito tal qual é, mas sim criticá-lo, impondo suas concepções ético-políticas. Ainda podem ser encontradas essas características na escola da exegese que veio a ser acusada de fetichismo pela lei. 
C) RESOLUÇÃO DE QUESTÕES
1.Em regra o Direito deveria refletir a sociedade e não moldar a sociedade. Nesse sentido, muito se viu durante os tempos na construção de diversas ordens jurídicas. Como você entende o processo de relação entre direito entendido como norma jurídica e a sua relação com a sociedade?É necessário se ter normas jurídicas para se ter uma relção estável com o seu próximo e assim se tendo uma sociedade mais organizada
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2.O positivismo só aceita a teoria da interpretação mecanicista, valendo apenas o elemento declarativo sobre o produtivo ou criativo do direito. Portanto:
Na atividade relativa ao direito, pode-se distinguir dois momentos: o momento ativo ou criativo do direito e o momento teórico ou cognoscitivo do próprio direito; o primeiro momento encontra a sua manifestação mais típica na legislação, o segundo na ciência jurídica. Esta pode ser definida como a atividade cognoscitiva do direito visando à sua aplicação.
PORQUE
O positivismo vê a natureza cognoscitiva da jurisprudência puramente declarativa ou reprodutiva de um direito pré-existente, enquanto os jusnaturalistas vêem essa atividade como criativa ou produtiva.
Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa.
A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira.
As asserções I e II são proposições falsas.
D) REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do direito. São Paulo: Saraiva, 2006.
FERRAZ Jr., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Atlas, 2003.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
PALAIA, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Saraiva, 2005.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito, 2003.
MACROPROBLEMA 3:
A Lei Maria da Penha foi pensada e construída para proteger a mulher da violência masculina intrafamiliar. Todavia, com as novas configurações familiares, faz-se necessário pensar também na violência ocorrida entre casais homoafetivos. Nesses casos, em específico, como ocorre a proteção jurídica? É possível aplicar tal lei em casais constituídos por dois homens ou então por duas mulheres? Existe uma lacuna e/ou uma antinomia na lei? É possível utilizarmos a analogia?
A) PROBLEMA
Como ocorre a aplicação e integração do direito?
B) CONHECIMENTO
As lacunas jurídicas e as antinomias.
APLICAÇÃO DO DIREITO
O Poder Judiciário surge como um poder autônomo depois da Revolução Francesa. Antes, era um simples órgão do poder único existente, o poder do rei ou do monarca. 
Em nome dele, as Controvérsias eram julgadas e as sentenças expressavam oficialmente sua vontade, que encarnava a vontade divina. 
Com o advento da Revolução, a origem divina invocada pelo Estado Monárquico foi renegada, foram separados os poderes, e a lei, posta pelo parlamento, passou a ser a fonte principal do direito.
No início, acreditava-se que a lei — entendida como expressão da vontade geral do povo — seria obra perfeita, sem lacunas ou contradições, e o seu texto não se prestaria a leituras divergentes.
Nessas condições, o juiz cumpriria uma tarefa simples: não seria mais do que “a boca que pronuncia a vontade da lei” — um simples funcionário, portanto.
Em conseqüência, a legitimação social das decisões judiciais decorria direta e imediatamente da legitimidade da lei. 
A evolução da vida social, no entanto, mostrou em seguida que a obra do legislador real — resultando do embate político dos grupos sociais representados no parlamento e padecendo das limitações humanas — não tinha os atributos anunciados, cabendo ao julgador, ao aplicá-la no caso concreto, uma tarefa de interpretação que implicava, na prática, “reconstruir a vontade posta no conjunto dos textos produzidos pelo parlamento que eram capazes de incidir no caso concreto”. 
O trabalho do juiz evidenciou-se muito mais complexo do que o previsto inicialmente.
O seu grau de liberdade se ampliou cada vez mais, não só na escolha da norma a aplicar, no emaranhado crescente de normas do sistema, como também na leitura dos textos, que foram se tornando mais abstratos e ambíguos na medida em que a realidade a ser disciplinada se tornava mais complexa. 
Hoje se sabe e reconhece que, nasmúltiplas escolhas que o juiz faz, influem decisivamente o seu próprio sistema de valores, as suas convicções sobre o mundo e a sociedade, ainda que ele não tenha consciência disso no ato de julgar. 
A solução encontrada para garantir essa legitimação foi estabelecer a ficção de que o juiz revela, no ato de julgar, não a vontade do legislador real, mas a vontade da lei, que deve ser “descoberta” através de múltiplas operações mentais. 
Vontade que se deve supor unívoca, sem contradições, perfeitamente ordenada e completa, isto é, capaz de produzir um ordenamento isento de lacunas. 
Instaura-se, assim, um legislador imaginário, que seria dotado de uma vontade plenamente racional.
A vontade perfeita desse ser imaginário, que estava imperfeitamente expressa nas normas postas pelo legislador real, seria revelada gradativamente nos raciocínios lógicos desenvolvidos pelo juiz. 
Ficava assim assegurado que a sentença seria a vontade da lei no caso concreto, como repete hoje a ciência jurídica e ensinam todas as faculdades de direito do País. 
Não a vontade encontrada diretamente na literalidade dos textos produzidos pelo legislador real, mas aquela que está “atrás” e “acima” do texto da lei. 
Realizadas essas considerações preliminares, podemos concluir que o momento de aplicação da norma é característico do direito positivo, pois as normas positivas existem, fundamentalmente para serem aplicadas por um órgão competente, juiz, tribunal, etc., que é o intermediário entre a norma e a vida fática, já que a norma é abstrata, referindo-se a uma série de casos indefinidos. 
É necessário, pois, ter em mente que no ato de julgar o juiz é um sujeito atuante, que interpreta a lei a partir das suas concepções de mundo e dos valores que assume; 
Um sujeito que faz opções, que escolhe a norma a aplicar, quando duas ou mais normas têm incidência sobre um fato; 
Que escolhe entre as leituras possíveis de uma mesma norma; 
Que elege o princípio prevalente quando dois ou mais princípios concorrem sobre os mesmos fatos e, assim procedendo, afasta uma norma para dizer que outra está incidindo; 
Mas há casos, que apesar de todas as tentativas, o magistrado não encontra norma que seja aplicável a dado, deparando-se, pois, frente à existência de lacunas jurídicas, que serão analisadas adiante. 
LACUNAS ( é um espaço aberto 
Como dito, está-se diante de uma lacuna quando o sistema jurídico parece não dar uma resposta.
Diz-se que existe lacuna quando surge uma situação nova, não regulada pelo ordenamento jurídico;
Para Kelsen, tudo o que não está proibido está permitido, não existindo, portanto lacunas;
Diniz, não só admite a sua existência como diz, que existem três modalidades: 
Lacuna normativa – quando se tiver ausência de norma sobre determinado caso;(situaçoes muitos novas ou recentes 
Lacuna Ontológica – se houver norma, mas esta não mais corresponder aos fatos sociais;(existe uma norma mas nao condiz com a realidade e não se aplica mais 
Lacuna Axiológica – quando a solução a ser dada não é a solução justa. (
Ao lado das lacunas, existe, ainda a antinomia, ou seja, a possibilidade de corrigir o direito incorreto. 
ANTINOMIA, é, pois, o conflito entre duas normas, dois princípios ou de uma norma e um princípio geral de direito em sua aplicação prática a um caso particular. 
Portanto, estamos diante das antinomias, exemplificativamente, sempre que:
que as normas forem incompatíveis;
quando uma permite determinada conduta e a outra proíbe ou vice-versa;
quando uma faculta e a outra obriga;
quando uma norma outorga um direito e outra não o faz.
Assim, o ordenamento jurídico vislumbra a unidade, e por isso é hierárquico, formando um sistema, ameaçado pela abundância de normas (antinomia) ou por ausência delas (lacunas). 
A coerência do ordenamento pressupõe mecanismos para a superação de antinomias e de lacunas.
Requisitos para a existência de uma antinomia, segundo Bobbio
Devem pertencer ao mesmo ordenamento;
 Devem pertencer ao mesmo domínio jurídico, isto é: 
possuírem Validade Temporal (é proibido fumar das cinco às sete não é incompatível com é permitido fumar das sete às nove);
Validade Espacial (é proibido fumar na sala de cinema não é incompatível com é permitido fumar na sala de espera);
Validade Pessoal: (é proibido aos menores de dezoito anos fumar não é incompatível com é permito aos adultos fumar);
Validade Material: (é proibido fumar cigarros não é incompatível com é permitido fumar charutos). 
Critérios para resolver ‘antinomias’
Como critérios para resolver antinomias Bobbio invoca aspectos: 
 cronológicos -lei posterior derroga anterior;
 hierárquicos- lei superior derroga inferior;
 de especialidade- lei especial derroga geral ou, por último;
 o princípio da interpretação mais favorável - a lex favorabilis sobrepõe-se sobre a lex odiosa.
Critérios mais novos
Critério da constitucionalidade;
Critério principiológico. 
Classificação das antinomias
Pode-se classificá-las quanto ao:
critério de solução; 
ao conteúdo; 
ao âmbito; 
extensão da contradição .
Critério de Solução:
Subdivide-se em:
 antinomia aparente, em que os critérios para solução estão no próprio ordenamento, então, como o próprio nome diz: é apenas aparente; 
em antinomias reais, que na ordem jurídica não apresentam soluções para resolvê-las. Aconselhável nesse caso eliminar essas normas conflitantes, através da produção de outra .
Critério de conteúdo:
Corresponde a antinomia própria - quando uma conduta aparece lícita e ilícita, ou seja, têm duas normas tratando da questão.Uma veda e a outra permite tal conduta. Diniz cita o exemplo do Código Militar que prescreve obediência incondicionada às ordens de um superior e o Código Penal proíbe a prática de certos atos como matar, privar alguém de liberdade, etc.
Critério do âmbito:
Entre as normas de direito interno. Entender-se-á por direito interno, normas de um mesmo país; 
Relativas a normas do direito internacional; 
Conflito surgido em razão de normas de direito interno-internacional - que surge entre norma de direito interno e direito internacional. 
Critério da extensão:
Total-total, se uma das normas não puder ser aplicada em nenhuma circunstância sem entrar em conflito com a outra norma; 
Total-parcial toda aplicação da norma conflitiva com a outra norma, porém, o campo conflitante é menor; 
Parcial-parcial, quando duas normas tiverem um campo de atuação e em parte não conflitam .
No que tange às lacunas, Bobbio lembra o dogma da completude (tão caro ao positivismo jurídico de cunho francês e fetichista):
 ao juiz não é dado julgar, alegando inexistência de normas.
Ante a dinamicidade do direito é preciso, pois, admitir a existência de lacunas. 
O direito é lacunoso porque é impossível a regulamentação normativa de todo o comportamento humano, mas suas lacunas são provisórias, já que o próprio dinamismo do direito apresenta soluções que serviriam de base para qualquer decisão, seja ela do juiz, seja ela do legislador.
Logo, o sistema jurídico é complementável. 
É preciso, pois, preencher a lacuna...
Trata-se do processo de integração da norma. Art. 4º da LINDB (LICC). 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
O processo de integração é autorizado pelo mencionado art. 4º, que autoriza o juiz, impedido de furtar-se de uma decisão, a possibilidade de integrar ou preencher uma lacuna, de forma que se possa chegar a solução adequada. 
INTEGRAÇÃO DO DIREITO
Ressalte-se que o Direito não tem lacunas. O ordenamento jurídico é que as tem, e o intérprete tem de recorrer aos meios de integração previstos para supri-las. 
Entende-se o ordenamento como pleno, não sendo lícito ao aplicador abster-se de fazer incidir em determinado fato jurídico uma certa norma, sob a alegação de omissão do ordenamento.

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