Buscar

AULA 6 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA I

Prévia do material em texto

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
1. Competência Tributária. Conceito e Noções Gerais. 
A expressão competência tributária delineia a titularidade plena/perfeita/completa que certo ente da federação tem/possui sobre certos tributos, foi concedida/instituída pelo Constituinte, que outorga a certo Ente Político da Administração. Reflete a autonomia do ente federativo em matéria tributária, exteriorizando o acervo de tributos que se põem sobre a sua propriedade. Ser competente significa ter titularidade plena sobre alguns/certos tributos, titularidade esta outorgado pelo constituinte quando da organização do sistema tributário nacional. 
Quando no exercício do magistério, costumo afirmar em minha aulas que a grande herança que o povo constituinte deixa em favor de seu Estado constituído, é o poder de tributar. Esse, como estudado no início desse escrito, é a ferramenta que propicia a captação dos recursos que custeiam toda a atividade fim do Estado de Direito. E avanço ensinando que no próprio ato de constituição desse Estado de Direito constituído o povo constituidor teve a nobre virtude de organizar um procedimento distributivo do exercício desse poder, fracionando sua executoriedade e legitimando cada um dos quatro entes que integram a estrutura organizacional política e administrativa do Estado Federado a utilizarem uma parcela desse poder. O constituinte proclama um verdadeiro “inventário” constitucional, convocando os quatro herdeiros necessários (somente os Entes Políticos possui a titularidade completa, a competência tributária plena: União, Estados, Distrito Federal e Municípios => podem construir leis, legislar) e desenvolve a partilha dessa herança chamada poder de tributar, outorgando a cada um dos co-irmãos um quinhão desse poder. Dentro deste quinhão estão os tributos que cada ente poderá utilizar para buscar os recursos financeiros próprios, com os quais custearão as despesas decorrentes das ações administrativas aplicadas no exercício de suas autogovernabilidades. E, a este quinhão resultante do fracionamento constitucional da executoriedade do poder de tributar é o que se pode chamar por competência tributária, ou seja, a titularidade plena que cada ente ostenta sobre certos tributos, titularidade está fixada pelo constituinte quando da organização do sistema tributário nacional, sede do citado inventário constitucional realizado. 
Prosseguindo na análise do instituto, é de bom grado reconhecer que tal procedimento constituinte se caracterizou pela técnica. Na organização do sistema tributário o constituinte teve a zelosa atenção de delimitar quais tributos pertenceriam a cada um dos quatro entes federativos, desenvolvendo detalhado processo de distribuição, pautado em critérios amplamente técnicos, sempre antenados em preservar a viabilidade do federalismo, bem como, edificados sob uma lógica de adequação entre a necessidade (ou não) de certo ente da federação precisar usar determinado tributo para que ele alcance sua finalidade dentro do sistema. Ou seja, a distribuição das competências é feita dentro da chamada adequação necessidade x finalidade, o que implica em compreender que o constituinte analisa se é necessário ou não que o ente seja titular daquele específico tributo, para que o mesmo alcance sua proposta fim dentro do ordenamento. Nessa linha de pensar, justificável a competência exclusiva da União para os empréstimos compulsórios, bem como a competência comum a todos os entes para a instituição de taxas e contribuições de melhoria. Não é necessário que todos os entes utilizem os empréstimos compulsórios para que eles alcancem o fim que deles se espera, qual seja, captar recursos financeiros destinados ao custeio de situações emergenciais, como uma guerra externa ou uma calamidade pública; para tal intento, basta que a União institua esse tributo, legisle, fiscalize e arrecade; uma lei apenas, uma máquina apenas, não é necessário onerar todo mundo, bem como não há qualquer discriminação aos demais entes, já que a receita arrecadada não é destinada a ente algum, ficando integralmente afetada ao custeio da despesa emergencial; é técnico que a competência seja exclusiva da União, não sendo necessário que os demais entes utilizem esse tributo para que ele alcance sua finalidade. Quanto às taxas e contribuições de melhoria, o raciocínio é exatamente oposto: os quatro entes precisam estar aparelhados no direito de manusear tais tributos, já que a finalidade dos mesmos é implementar a justiça retributiva, sempre que essa se revelar necessária, com o plus finalístico de que na contribuição de melhoria ainda se galga a vedação do enriquecimento sem causa. Em todas as esferas de autonomia (federal, estadual, distrital e municipal) pode ser necessário aplicar a lógica da retributividade, daí que os quatro entes precisam ter o comum direito de instituírem e arrecadarem os tributos em comento. Qualquer deles pode exercer o poder de polícia, pode disponibilizar serviços públicos específicos e divisíveis bem como e ainda realizarem obras públicas propiciadoras de valorizações nos imóveis privados; por todo o já estudado no tópico das espécies tributárias, aprendeu-se que sempre que isso ocorre é necessário cobrar a taxa de polícia, a taxa de serviço e a contribuição de melhoria, respectivamente, para corrigir a imperfeição no uso dos recursos arrecadados com impostos e assim aplicar a justiça retributiva. Daí ser técnico que a competência para instituir tais tributos seja realmente comum aos quatro entes federativos. 
Logo, dentro dessa evolução na compreensão do instituto, pode se afirmar que a competência tributária é o instituto jurídico que aponta a titularidade plena que certo ente da federação tem sobre certos tributos, titularidade está estabelecida pelo legislador constituinte de modo técnico/pensado/canalizado fixado/constituído pelo Constituinte, aonde se buscou assegurar a cada um dos entes federativos a quantidade de tributos que se entendeu como justa, necessária e suficiente, focando-se a viabilidade da auto-governabilidade de cada um, propiciando-se a efetividade do federalismo e ainda alcançando o salutar resultado de que cada tributo estaria possibilitado de cumprir o seu papel, pois sempre estaria entregue a cada um dos entes que precisariam lhe utilizar para que sua finalidade fosse alcançada. 
É utilizada para indicar a titularidade plena que certos Entes possuem sobre determinado conjunto de tributos.
É a titularidade que um Ente possui que foi concedida pelo Constituinte, ao qual legitima o titular ao gozo de todas as principais prerrogativas sobre aqueles determinados tributos que recaem sob sua titularidade.
É uma titularidade PLENA.
- Somente os quatro Entes Políticos dentro da Federação (União, Estados, DF e Municípios) é quem possuem Competência Tributária.
- Essa titularidade plena envolve o somatório das principais prerrogativas, aptidões, capacidades que o Ente vai poder desempenhar sob seu tributo. Passando a ideia de Legislar nos seus tributos.
- A CF é quem institui a Competência Tributária de cada Ente Federativo.
- Qual a diferença entre Competência Tributária e Poder de Tributária
Poder de Tributar é mais Amplo. O povo brasileiro outorga que o Estado o exerça. E quando exerce o poder de tributar para cobrar: impostos, taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimos Compulsórios e Contribuições Especiais (abrange todos os tributos). Não se preocupa em dizer qual é o tributo cobrado de cada Ente.
Competência Tributária é mais restrita. É uma delimitação do Poder de Tributar. É uma demarcação da executoriedade do Poder (fração que se entrega a certo Ente para exercer sua autonomia dentro da Federação tributando para arrecadar).
- A Constituinte faz uma divisão da executoriedade do Poder de Tributário, legitimando cada um dos Entes no exercício da parcela que ele constituinte entende que deve ficar sob a titularidade de cada um dos Entes. 
- Autonomia do Ente Federativopara usar uma fração de certos tributos.
Competência tributária é a demarcação legitimidade para a executoriedade do poder de tributar (divisão da titularidade que cada Ente recebeu).
TILULARIDADE PLENA:
- Consiste que o Ente Federativo passa a ter uma propriedade completa, perfeita sobre aqueles tributos. Tendo ele o direito de gozar, reaver e dispor sobre certos bens de suas prerrogativas, das faculdades que o direito de propriedade concede ao titular em razão do objeto.
- Caso eventualmente surjam conflitos de competência:
 A Constituinte determinou que a solução para tais conflitos fossem apresentadas por fontes normativas infraconstitucionais.
 Cabendo ao Legislador infraconstitucional apresentar as normas que solucionam os eventuais conflitos de competência. 
 Todavia, por se tratar de tema de profundo relevo, podendo colocar em cheque/risco o equilíbrio do convívio dos Entes, a constituinte exige que a Lei a ser feita sejam aprovadas por Leis Complementares (cabe a LC apresentar as leis que resolvem conflitos de competência), por uma lei rígida (quórum de maioria absoluta). Não pode ser feito por medidas provisórias. Afasta a possibilidade de Lei Ordinária e Lei Delegada de legislar. O Constituinte é quem fixa a competência de seus Entes.
Previsto no art. 146, I da CF: Cabe à lei complementar: dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
Art. 62, CF: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: III – reservada a lei complementar.
LEI NACIONAL DO ISS – LC 112/03
ART. 3º DA LC 116/03: Art. 3o O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local: I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1o do art. 1o desta Lei Complementar.
Conflito de Competência
*MODALIDADES/PERFIS de Casos Comuns que cabem Conflito de Competência:
BIS IN IDEN: é a situação em que um mesmo Ente Federativo, tributa duas ou mais vezes um único fato gerador de relação tributária. Ocorrem erros, e faz a tributação repetida. Ocorre um excesso de competência/autonomia, a Fazenda Pública tributa o contribuinte duas vezes ou mais no mesmo fato gerador. O fato só gera uma única responsabilidade tributária, devendo-se pagar apenas uma vez. Ex.: cobrar IPTU duas vezes no mesmo ano.
- A REGRA É A VEDAÇÃO DO BIS IN IDEM , VEDAÇÃO DA BITRIBUTAÇÃO!
- Cabendo o contribuinte impugnar a segunda cobrança em via administrativa ou instaurar o PAD (Processo Administrativo Disciplinar) ou optar pela via judicial - Ajuizando uma Ação Ordinária pedindo uma anulação com o feitio de reparação econômica. Da cobrança com Ação Anulatória requerendo na inicial a Tutela Antecipada. Desde que no prazo de 120 dias (desde que cumpridos os requisito da tempestividade, executividade e desnecessidade de dilação probatória), impetrar um Mandado de Segurança (desde que não seja necessária a dilação probatória). Ele pode fazer a defesa através de Embargos do Executado ou de uma EPE (Execução de Pré-Executividade) nos autos da execução fiscal, não precisa da garantia, faz a defesa.
SÚMULA 393, STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.
ART. 15 DO DECRETO LEI: O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados. STATUS DE LC. CABE O ITRN E NÃO O IPTU EM PROPRIEDADES RURAIS.
BITRIBUTAÇÃO: hipótese fática, em que dois Entes distintos tributam o mesmo fato gerador. Indubitavelmente se flagra um conflito de competência.
- A regra é a vedação da Bitributação.
- Ou paga uma e faz a impugnação de outro, através de uma Ação Anulatória ou de um Mandado de Segurança;
- Ou vai a juízo e ajuíza uma Ação Consignatória colocando os dois entes que bitributaram no polo passivo (Art. 164, III, CTN).
ART. 164, III, CTN: A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
EXCEÇÃO:
Situações em que cabe Bis In Idem ou Bitributação:
Quanto à possibilidade de uma hipótese de ocorrência de Guerra Externa, já acontecendo ou na eminência de iniciar que o Brasil venha a participar, a possibilidade da UNIÃO, pode instituir Impostos Extraordinários (Medida Provisória do Chefe Do Executivo) nas mesmas situações que incidem Impostos Ordinários, já compreendidos ou na competência da União. Esses Impostos seriam fontes que possibilitaria ao Governo Federal, a captação de recursos no momento da Guerra para custear a caríssima atividade bélica (esses Impostos podem ser instituídos por Lei Ordinária). Ex.: a União pode cobrar o IPTU para Guerra; IPVA para Guerra. A BITRIBUTAÇÃO É VÁLIDA, NESTE CASO!
Art. 154, II, CF: na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
OBS.: Na BITRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL, uma operação internacional em regra de compra e venda sendo tributado em dois países diferentes é a Bitributação que se dá em único contrato, em um único negócio jurídico no campo do comércio internacional (ELA É CABÍVEL/VÁLIDA).
- É válida, mas ela é nociva, ela afeta a Globalização da Economia.
- Ex.: Imagine que uma exportadora remete bens brasileiros pra o estrangeiro, se submente a incidência do Imposto de Exportação (cobra o IE). Quando esses bens chegam ao destinatário, aquele outro país de destino tem o direito de tributar a entrada daqueles bens cobrando Imposto de Importação (cobra o II). 
A Regra é a bitributação nas Relações Internacionais. Na dupla tributação internacional, que é válida, que é lícita, apesar dos efeitos nocivos que ela gera para os propósitos econômicos da humanidade. Tem duas bitributações, sobre dois fatos geradores distintos, que ocorrem em âmbitos espaciais diferentes, gerando relações jurídicas obrigacionais diferentes e independentes uma da outra, desenvolvendo sujeitos completamente diferentes e sendo regidas por normas legais de leis diferentes. 
Os países buscam fazer acordo estabelecendo as regras para a bitributação (cada país aplica internamente ao seu país) e tratados internacionais em que se fixam as políticas internacionais, tarifárias.
- É um fenômeno lícito, que é fruto do livre exercício de soberania e jurisdição de cada país. Ainda que existam mecanismos para excluídas, ou ainda que se houvesse se cobre em apenas um deles.
- Quando a Empresa exporta e a uma empresa adquire, terá a bitributação, só que ocorrem duas condutas diferentes num único contrato. Existem duas operações diferentes num único negócio jurídico.
- Ocorre a bitributação de fatos típicos diferentes.
Como afastar uma Bitributação Internacional? Tem 3 caminhos:
1º Caminho: É o caminho da eliminação total da tributação internacional, não vai ter nem a unitributação nem a bitributação, não vai ter nenhuma/nada.
Ex.: na venda de remédios, não se cobrará imposto na importação do país exportador e nem impostos de exportação no país de entrada do remédio. É combatida a bitributação com a eliminação da carga tributária internacional.
 
2º Caminho: O país importador abre mão de um direitode tributar para que o país que exportador tribute.
3º Caminho: O país exportador abre mão da tributação para que o país importador tribute.
NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS AS OPERAÇÕES INTERNACIONAIS SÃO GUIADAS POR UMA FRASE/BROCADO, QUE DIZ: “EXPORTAMOS PRODUTOS, IMPORTAMOS TRIBUTOS”.
CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA
“COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA”
Tecnicidade da Instituição:
- As Competências Tributárias são fixadas de modo técnico. 
- Cada norma que é colocada na CF fixando certo tributo para certo Ente é colocada na ideia de preservar o equilíbrio federativo, bem como provocar um equilíbrio entre a necessidade e a suficiência na relação entre o Ente Federativo e o Contribuinte.
- A fixação das Competências é feita de forma técnica com base numa preocupação salutar de que se gere uma quantidade de tributos de cada Ente com base na noção de que é preciso garantir o equilíbrio na federação.
- Do mesmo modo o constituinte se preocupar com o equilíbrio na relação entre o ente federativo e o contribuinte. Em que ele tem que ponderar a necessidade com a suficiência. Para que não gere um massacre contra o administrado.
- Quando se fala da tecnicidade da há uma preocupação grande em assegurar o equilíbrio na Federação, e um não massacre a dignidade dos seres humanos (não-confisco).
Limitabilidade:
- Devendo fixar competência de modo a garantir o equilíbrio da federação, e na distribuição dos tributos de cada ente, garantindo o poder de arrecada o que lhe é necessário, não se pode ir além do que é suficiente para garantir o necessário.
Incaducabilidade / Imprescritibilidade:
Rigidez da Titularidade:
- SUB-CARACTERÍSTICAS:
Facultatividade do Exercício X Compulsoriedade do Exercício

Continue navegando