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Caderno Oficial Titulos de Crédito

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Títulos de Crédito
Prof. Assafim
Provas
1ª Avaliação: 05 de dezembro de 2012
2ª Avaliação: 06 de fevereiro de 2013
	2ª chamada: 18 de fevereiro de 2013
	Vista de prova: 20 de fevereiro de 2013
Bibliografia:
Fábio Ulhoa – Volume 1
Rubens Requião
Conteúdo Programático:
1.	Métodos
a.	Função socioeconômica (art. 421 CC);
b.	Formação progressiva (estudo histórico);
c.	Conteúdo da cártula;
d.	Fundamento da obrigação documental, aplicação legal;
e.	Título de Crédito impróprio;
f.	Classificação de títulos (ao portador, nominativos e à ordem);
2.	Teoria Geral da Letra de Câmbio
a.	Noções Gerais: Conceito, caracteres e histórico (carta com ordem de pagamento, técnica criada pelos templários que garante o câmbio com a segurança ao portador);
b.	Criação da Letra de Câmbio;
c.	Aceitação;
d.	Circulação;
e.	Pagamento.
3.	Nota Promissória
4.	Cheque
a.	Conceito
b.	Cheque Pós datado
c.	Sustação
d.	Cheque sem fundos
5.	Duplicata Mercantil
6.	Outros títulos: criatividade negocial mercantil
Ver filme: Inseder Job (colapso da crise de 2008)
O desenvolvimento de qualquer setor depende de crédito. Pode ser, por exemplo, pelo BNDES, bancos, ou por relações privadas.
CHEQUE
Os autores e a jurisprudência não estão em consenso se o cheque é um título de crédito próprio, impróprio, ou meio de pagamento. Mas, o cheque tem lei específica.
Aula de 24 de outubro de 2012
Conceito e Características
	Conceito de Vivand: Título de crédito é o documento necessário para o exercício de direito literal e autônomo nele mencionado.
Os princípios aplicados à letra de câmbio também se aplicam aos demais títulos de crédito. O regime mercantil aplicado as obrigações cambiais é o de título de créditos.
	Conceito aperfeiçoado (Rodrigo Uria): Na técnica jurídica moderna, denominam-se títulos de crédito (ou títulos de valores) uma série de documentos que, sendo distintos por seu conteúdo e forma, tendo nascido em diversas épocas, e estando dotado de diferentes caracteres, oferecem, entretanto, a nota comum de incorporar uma promessa unilateral de realizar determinada prestação a favor de quem se apresente como o legítimo detentor do documento.
Só terá legitimidade para negociar o título de credito, conforme o princípio da cartularidade, aquele que portar o documento.
	Cada elemento do conceito irá gerar um princípio:
	Elemento
	Princípio
	Documento 
Documento material, obrigações intangível materializada em um título.
	Princípio da cartularidade
Sem a cartula não há exercício do direito.
	Interpretação literal
	Princípio da literalidade
	Direito Autônomo
	Princípio da autonomia
Teoria Geral do Direito Cambial
A confiança(prestígio) é a base da relação intersubjetiva, entre um ou mais sujeitos, conforme a estrutura do documento. O direito protege essa confiança que permite que o título circule com maior segurança e certeza que qualquer documento em regime civil. O título de crédito é o principal instrumento para a circulação. 
Um título documenta uma obrigação cambial entre as partes. Mesmo uma sociedade civil, pode executar um título de crédito, e neste caso, o devedor primeiro paga a nota promissória e depois essa é discutida, ao contrário dos contratos em regime civil.
O título se refere a obrigações creditícias e, por isso, é um direito autônomo. Aquele que adquire o título de crédito não poderá reclamar pelo objeto do contrato original, antes de pagar o título, o único elemento que exonera o devedor é a má-fé.
A forma mais segura para o banco realizar empréstimo é conjugar um contrato com um título de crédito, que ainda permite a criação de um mercado de circulação: factoring. Não é interessante para as instituições financeira se restringir ao direito civil.
Sujeitos da Cártula
A estrutura da nota promissória envolve duas posições jurídicas: o subscritor e o portador ou beneficiário.
No caso da letra de câmbio, existem três posições jurídicas que são as seguintes: o sacador emite a cártula e entrega ao portador, que se trata de ordem dada a outra pessoa que é o sacado, se o sacado prolatar o aceite da letra de câmbio, ele se torna o aceitante, se este não aceita, ele não fica obrigado a pagar a letra de câmbio.
Aula do dia 29 de outubro de 2012.
O título de crédito é, a princípio, a estrutura básica é a tripartidica (três posições jurídicas). Este título é materializado no documento para pleno exercício dos direitos que dele decorre, conforme o princípio da cartularidade. Os aspectos dos direitos devem estar previstos na cártula, como o princípio da literalidade. Por fim, o princípio da autonomia com relação aos negocio fundamentais entende-se que certos vícios não alcançam o título de crédito .
Função dos Títulos de Crédito
1ª Função: Servir a melhor circulação de bens.
O título de crédito é instrumento para alavancar a realização de negócios, pois sua circulação é mais rápida e segura. Não à toa não se pode falar em desenvolvimento, sem crédito, através da atuação de bancos de fomento, como BNDES por linhas de crédito.
2ª Função: Instrumento da prática mercantil.
O título de crédito passou a ser exigido para a celebração do contrato.
3ª função: Atua com importância equiparável ao contrato.
Momento do Nascimento
Quando os contratos passaram a ser insuficientes para atender as demandas e exigências mercantis, principalmente os contratos de troca de moeda – contratos de câmbio.
Os títulos de crédito demonstraram que circulam com mais eficiência, por sua facilidade, agilidade e segura circulação e certeza destes documentos, tano para a circulação de direitos como para circulação de coisas materiais. O objetivo era mobilizar crédito no ritmo demandado pela crescente agilidade do comércio.
A circulação de direitos
A antiga insegurança dos direitos circulantes, em razão da iliquidez .
Aqueles que receberam o título de crédito, ou seja, aqueles que compram e passaram o título de crédito para outro sujeito é codevedor daquele que está em posse do documento. Sendo assim, os riscos são dissolvidos e ainda que um dos sujeitos da cadeia seja insolvente, dificilmente todos os detentores anteriores também seriam, então aquele que possui o título esta melhor protegido. 
O fundamento tradicional da cessão era um tanto lento e inseguro, em função da necessidade de notificar a transferência ao devedor. Em outras palavras, no regime civil toda vez que o título fosse cedido, o devedor deveria ser notificado. E também, inseguro, em função da obrigação do cedente em responder pela legitimidade do crédito e pela personalidade com que realiza a cessão. Eram elementos típicos do antigo direito civil.
Com relação as coisas materiais 
Substitui com vantagem a tradição material da coisa; e assim facilita extraordinariamente a circulação de bens.
Ex.: O contrato de compra e venda só se conclui coma tradição é um contrato real, mas se a obrigação pode ser documentada em título de crédito, a tradição é substituída com vantagem, tornando mais ágil e seguro o contrato.
Intángivel com coisa
Na coisa o exercício de um direito depende de um direito positivo de uso, para o exercício da propriedade decorre da posse. A coisa é material corpóreo. A solução técnica para uma solução técnica somente será tutela por um direito negativo de exclusão para garantir a patente. O usucapião só cabe quando o bem material se trata de uma coisa.
Troca de valor futuro por valor presente
O título de crédito permite realizar a função mais importante do crédito que é a antecipação dos recebíveis. O contexto do crédito está envolvido no âmbito global e nas políticas nacionais. A troca de valor futuro por valor presente é característica de mútuo e factoring.
Ex.: A Embraer tem pedidos firmes, mas os aviões vão demorar 24 meses para montagem das aeronaves e o pagamento somente irá se realizar no momento da entrega do bem. Para que o produto brasileiro tenha preço competitível, o BNDES pratica juros menores para adiantar os valores futuros para o pagamento das despesasdo presente. 
Ao contrário, a mercadoria que tem valor presente pode ser trocada por um título de crédito, que é o documento de valor futuro.
A riqueza tende a fazer-se representada por títulos
Tais títulos estão sujeitos à transmissão sucessiva de mão em mão em com eles, os créditos ou direitos incorporados no documento.
Formação Progressiva do Conceito
Os três pontos de identidade que unem todos os títulos são os seguintes, segundo juristas alemães do século XIX: 
(i)	Função comum de facilitar a circulação;
(ii)	Características uniformes, ou seja, existem as mesmas posições jurídicas;
(iii)	Teoria jurídica uniforme.
Aula do dia 31 de outubro de 2012.
“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado”.
I – Formação progressiva do conceito
1.Aspecto que diferenciam os Títulos de Crédito dos demais documentos:
a) Relações creditícias somente;
b) Facilidade da cobrança do crédito em juízo; e
c) Necessidade-facilidade na circulação.
O título de crédito é o documento que evidencia uma relação nele inscrita. Mas ele não é o único documento regulado pelo direito. Existem outros, como a escritura da uma compra e venda.
Mas existem características que diferenciam os títulos de crédito de outros documentos, quais sejam a sua facilidade de sua cobrança em juízo, 
O título de crédito só documenta relações creditícias, ou seja, ele diz que uma pessoa é credora da outra. Mas essa característica apenas é insuficiente. Existem outros documentos que também evidenciam uma relação creditícia, como uma apólice de seguro.
A facilidade da cobrança do crédito em juízo quer dizer que ele é um título executivo extrajudicial (artigo 585) e, por isso, não há necessidade de ingressar com um processo de conhecimento ou monitória antes, será proposta apenas a execução. Mas apenas ela também não é suficiente para caracteriza-los, porque existem outros documentos considerados títulos executivos extrajudiciais.
Essa característica tem relação direta com o objetivo do título de crédito que é sua circulação.
O regime cambial é aquele que tem vantagens para o credor em detrimento do devedor. Basta estar na posse do título de crédito para ter direito a ele. Isso o diferencia do regime civil.
Geralmente, o título de crédito participa de uma relação chamada transação bancária. O que importa nos títulos de créditos é o que está escrito neles. Não importa quem é o devedor, quem é o credor, qual a natureza da relação deles. O regime cambial permite essa circulação do título de crédito. 
2.	Princípios do Direito Cambial
Esses princípios são retirados do conceito.
 
a)	Cartularidade
A cartularidade é o título propriamente dito, o documento. O título de crédito é um documento necessário, ou seja, pressupõe a posse para exercer o direito mencionado.
Só quem exibe a cártula pode pleitear a satisfação do direito escrito nela.
Na petição inicial de uma execução de um título de crédito é obrigatória a exibição do documento originário. Não adianta a apresentação de uma copia autenticada, porque eu posso não estar na posse dele e a execução pode ser fraudulenta.
O objetivo desse princípio é a certeza de quem está portando esse título tem o direito dele. No regime cambial importa a posse do título de crédito, evitando o enriquecimento sem causa.
Quando o título é pago, o devedor deve exigir o retorno do título a ele, escrito nele que a quitação foi dada, evitando uma nova cobrança. O devedor apenas terá o direito de regresso contra os co-autores se essa devolução for feita.
A exceção desse princípio no Direito Brasileiro é a duplicata. É possível exercer o direito contidos na duplicata sem a posse dela. A duplicada pode ser exercida sem apresenta-la, ou mesmo sem a posse dele, pois contem informações nesse documento que o singulariza.
Em razão da cartularridade, o título de crédito pode ser diferenciado dos demais, afinal ele é um documento dispositivo, isto é, exige a posse do documento para exercer o direito. (pegar complemento no caderno)
b)	Literalidade 
Só produz efeitos jurídicos cambias os atos lançados no título.
Ex.: A quitação de títulos deve ser feita na própria cártula e não em ato apartado, para que a apresentação do título seja suficiente.
Benefícios ao devedor: a quitação na própria cártula irá bloquear a tentativa de outro sujeito que qui 
Benefícios ao credor: poderá exigir de todas as pessoas com quem negociar exatamente o que está escrito na cártula.
Exceção: Na duplicata a quitação pode ser dada em título apartada ao legítimo portador do título (artigo 9, p 1ª da lei das duplicatas)
c)	Autonomia
Princípio mais importante e que dá maior singularidade ao direito cambial.
Ninguém precisa documentar a relação decorrente do título de crédito. Mas, isto pode ser feito.
Sendo três relações de obrigação civil – relação creditícia que independe da relação civil. Não pode ser alegado questões de direito civil para não pagar o crédito mercantil, a não ser que seja comprovável a má-fé. No direito cambial só poderá ser discutido o título nos casos de prescrição do título, falcificação, fraude, etc. O credor pode exercer o direito creditíocio mesmo que tenha perdido ou o título tenha extraviado.
c.1) Abstração
Sub Quando título circula, este se abstrai da relação jurídica que deu origem a ele. Circulará de forma autônoma.
c.2) Inoponibilidade de exceções pessoais contra 3º de boa-fé
Não se pode alegar, em razão de embargos, fatos ou validades da relação jurídica original, mas apenas a relação estritamente cambial com o credor. SÓ PODE ALEGAR RAZÕES EM RELAÇÃO ESTRITAMENTE CAMBIAL
Ex.: rescisão da compra e venda civil (artigo 445, CC) – se as partes estão de boa-fé, não gerará nenhum tipo de efeito por algum vício no objeto da compra e venda. Esta hipótese amplia a questão de embragos.
3. Natureza da Obrigação Cambial
A obrigação cambial não é solidária, pois a solidariedade passiva do regime civil, pelo artigo 264 CC, é regida de forma diversa do regime cambial. No regime cambial pode-se também exigir a totalidade da dívida de qualquer devedor, mas há uma hierarquia do endosso (transferência do título), e os sujeitos que endossaram um título são codevedores.
Apesar do credor poder cobrar de qualquer endossatário, mas há uma hierarquia no direto de regresso. Os devedores anteriores respondem ao regresso dos posteriores. Então, nem todos têm direito de regresso, o sujeito originário da relação jurídica, que primeiramente tinha posse do título, como o aceitante da letra de câmbio e o subscritor da nota promissória.
Não será cobrado em ação de regresso apenas a cota parte, pode-se cobrar o crédito total.
4. Classificação (Fabio Ulhoa)
4.1) Quanto ao modelo:
	- Vinculares:
		Aquele que segue um padrão exigido por lei. 
Ex.: cheque e nota promissória.
	- Livres:
		Aquele que tem forma livre. Pode dispor à vontade dos requisitos dispostos em lei para 
Ex.: nota promissória e letra de câmbio.
4.2) Quanto à Estrutura:
	- Ordem de Pagamento;
	Dá origem a três situações jurídicas diferentes: o sacador (aquele que ordenou a realização do pagamento), o sacado (aquele que a ordem será destinada) e o tomador (beneficiário da ordem). No caso do cheque, aquele que assina é o sacador, o banco é o sacado e quem recebe o cheque é o tomador.
	Ex.: cheque, duplicata e letra de câmbio
	- Promessa de Pagamento.
	Só gera duas relações jurídicas: a do promitente e o beneficiário. 
	Ex.: nota promissória. É o compromisso do promitente de pagar futuramente ao beneficiário
4.3) Quanto às hipóteses de Emissão
	- Causais:
	Só podem ser emitidos nas hipóteses previstas em lei.
	Ex.: Duplicata mercantil, que só pode ser emitida em razão de uma compra e venda mercantil.
	- Limitados:
	São limitados pela lei.
	Ex.: letra de câmbio que não pode ser usadoem certos casos previsto em lei, como aqueles reservados à duplicata mercantil.
	- Abstratos ou Não causais:
	Podem ser emitidos em qualquer circunstância.
	Ex.: nota promissórioe cheque
4.4) Quanto à Circulação 
	- Ao Portador:
	Aquele que porta o título, a cártula não define quem é o titular do crédito, não segue o regime cambial do endosso. É transferido por mera tradição.
	- Nominativos à ordem:
	É preciso escrever na cártula a transmissão, conforme o princípio da literalidade, os títulos contem o nome da pessoa que é titular deste. Típicos do direito mercantil.
	- Nominativos não à ordem:
	Identificam o titular do credito, mas não estão regidos pelo regime cambial, pois são transferidos por cessão civil de direito. É regido pelo regime civil.
	Ex.: contratos
	 
FIM DA MATÉRIA PARA P1.
LETRA DE CÂMBIO
I.	SAQUE
1.	Ordem de pagamento
Quanto à estrutura, a letra de câmbio é ordem de pagamento, na medida em que possui três posições jurídicas distintas: sacador, sacado e tomador.
Uma ordem de pagamento é dada pelo sacador em direção ao sacado, que deverá efetuar o pagamento, e o tomador é o beneficiário desse pagamento.
É possível que uma pessoa ocupe, concomitantemente, mais de uma posição. Obs.: O próprio sacador poderá sacar e também poderá fazê-lo por ordem de terceiro.
2.	Conceito de saque
O saque é o ato de criação do título de crédito, sendo, por meio dele, que o sacador dá nascimento à letra de câmbio.
3.	Ausência de distinção entre emissão e criação
Anteriormente, observe-se que havia distinção entre a emissão e a criação, de modo que esta era a própria confecção da cártula; enquanto a emissão era a transferência da cártula. Com a internalização da LUG, a doutrina e a jurisprudência acabou por afastar essa dubialidade, na medida em que prejudicava o portador de boa-fé. 
Em síntese:
A distinção entre criação (confecção e/ou posição de assinatura) e emissão (tradição ao tomador) tinha o objetivo de prevenir a entrega contra a vontade do sacador – emitente.
II.	REQUISITOS
A consequência de ausência de todos os requisitos é a não produção dos efeitos cambiais. Nessa hipótese, o escrito servirá tão-somente de meio de prova para tutela de direitos no âmbito civil.
Art. 1º da LUG:
1.	Palavra letra
2.	Mandato puro para pagamento (ordem de pagamento)
3.	Nome daquele que deve pagar (sacado)
4.	Época do pagamento (vencimento)s
5.	Lugar em que se deve efetuar o pagamento
6.	Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (tomador)
7.	Data e do lugar onde a letra é passada (saque)
8.	Assinatura de quem passa a letra (sacador)
Não obstante o regime da letra de câmbio seja geral para todos os títulos, os requisitos da nota promissória são distintos em razão da sua estrutura de promessa de pagamento. Assim, os requisitos da nota promissória são os seguintes:
Art. 75 da LUG:
1.	Denominação nota promissória
2.	Promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada
3.	Época do pagamento (vencimento)
4.	Lugar do pagamento
5.	Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (subscritor)
6.	Data e lugar de onde a nota promissória será paga (saque)
7.	Assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor)
Art. 888 do Código Civil: A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
Convém ressaltar que a aplicação do Código Civil é quase que suplementar.
O artigo acima transcrito prevê o inverso do princípio da autonomia.
III.	CLÁUSULA CAMBIÁRIA
1.	Funções
a)	Identificação do título de crédito que se pretende gerar
A cártula deve constar letra de câmbio ou nota promissória no topo da cártula no anverso.
A expressão letra (que a literatura consagrou mediante a expressão letra de câmbio) dispensa a menção da chamada “cláusula à ordem”; presume-se a existência da cláusula e, consequentemente, a transferibilidade mediante endosso.
b)	Título é incondicional
A obrigação materializada no título é incondicional, tratando-se de pressuposto necessário à circulação do crédito.
Nesse sentido, não pode haver condição suspensiva à circulação, pois a incondicionalidade é uma característica marcante da letra de câmbio e da nota promissória. Na hipótese de haver condição suspensiva, o título de crédito, ainda que conste a expressão letra de câmbio ou nota promissória, não será, de fato, uma letra de câmbio ou uma nota promissória. Frise-se, inclusive, que, quando isso ocorrer, a transmissibilidade do título não ocorrerá por meio de endosso, mas por meio de cessão civil.
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 2012.
LETRA DE CÂMBIO
Continuação
IV.	CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA
Para incidência da correção monetária e juros, é preciso que tenha transcorrido a data de vencimento. A partir de então, ambos poderão correr até o efetivo pagamento (art. 5º da LU);
O título à vista é aquele que omite o prazo de vencimento, assim ele já é líquido e válido na data da apresentação.
O título a certo termo da vista é aquele que não tem uma data fixa na cártula, mas determina que a partir da vista, será contado o prazo para o pagamento. 
V.	IDENTIFICAÇÃO DO TOMADOR
A letra e a nota promissória nascem, em regra, como títulos nominativos em preto. Estes identificam o nome e a qualificação do tomador e a falta dele gera carência de efeito cambial. O saque deve ser nominativo em preto. A não identificação do tomador não produz efeito de letra de câmbio.
Pode um título de crédito tornar-se ao portador, mediante endosso em branco (sem o nome do próximo portador), após o saque. Ele nasce nominativo à ordem, mas com o endosso em branco, torna-se ao portador;
Não há vedação legal para a hipótese de inclusão de cláusula não à ordem no momento do saque, com o fim de se evitar a circulação no regime cambiário. Nesse caso o título circulará por cessão civil de créditos.
VI.	ASSINATURA DO SACADOR
A constituição do crédito cambiária ocorre por meio dessa manifestação de vontade do sacador, senão nada feito.
VII.	SAQUE
1.	Data
É a data da criação da letra.
2.	Lugar do saque ou lugar indicado ao lado do nome do sacador
Dentro do regime cambial, sem isso não é uma letra de câmbio;
3.	Data de pagamento
Na falta de data de pagamento, o título passa a ser considerado à vista.
VIII.	CLÁUSULA MANDATO
Segundo a lei uniforme, todos os atos cambiários podem ser realizados por outrem mediante outorga de poderes.
Nesse sentido, a cláusula mandato é aquela mediante a qual o mutuário (devedor) constitui o mutuante (credor) poderes para emitir título (nota promissória) em nome do primeiro e a seu próprio favor.
O professor critica essa concepção de Fabio Ulhôa, uma vez que para ele não existe título antes do saque, por isso não poderia haver uma manifestação de vontade antes disso.
Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2013.
LETRA DE CÂMBIO
Continuação
VIII.	CLÁUSULA MANDATO (cont.)
1.	Vedação da cláusula mandato na nota promissória
A nota promissória emitida por cláusula-mandato é vedada, com base na súmula 60 do STJ e o art. 51 do STJ. Na Lei Uniforme de Genebra, a cláusula-mandato é cabível. Porém, em virtude do conflito de interesses, nos casos concretos, ela é vedada. A pessoa que recebeu os poderes atua em razão própria, contra a pessoa que outorgou os poderes. Assim havendo conflitos de interesses e má-fé, o título deve ser considerado nulo.
2.	Necessidade de que conste na cártula
A cláusula-mandato é considerada como um ato cambial, pela Lei Uniforme Genebra. Desse modo, para ela ser válida, ela deve ser lançada na cártula. A cláusula-mandato (que outorga poderes para o saque) não poderá ser lançada na cártula, porque ela ainda não existe. O saque antecipado não tem previsão na LUG.
Então, essa cláusula-mandato da LUG não seria possível no caso de saque. A única possibilidade que a LUG estabelece para atos futuros ou atos cambiais antecipados é a situação do aval. 
IX.	ACEITE
1.	Consequências do não aceite
O aceite não é obrigatório, mas facultativo, sendo uma ordem é dada pelo sacador ao sacado. Com efeito, o aceite é uma manifestação de vontade. A disciplina está no artigo25 da LUG.
2.	Aceite prolatado fora da cártula
O aceite prolatado fora da cártula poderá ter algum efeito civil, mas não cambial. O artigo 29 da LUG determina que esse aceite dado fora da cártula só irá alcançar quem tomou conhecimento dele, terceiro e codevedores não. Essa disposição se assemelha a previsão do contrato ad probationem.
Conforme o artigo 29 da LUG, a declaração de vontade prolatada em documento autônomo vale tão somente para a parte que o recebeu, de acordo com o princípio da cartularidade.
O aceitante, antes da restituição do título, pode voltar a atrás na sua manifestação de vontade, riscando o aceite prolatado. Assim, antes da circulação do título, ele poderá mudar de ideia, já que com a tradição da cártula, terceiros de boa-fé serão envolvidos e o aceite não poderá ser desconsiderado.
3.	Recusa do aceite
O que ocorre é a antecipação do vencimento, o desprestígio da ordem.
O não aceite pode significar o vencimento antecipado que favorece esse portador de título não privilegiado, mas tem um requisito que é o protesto por não-aceite, permitindo a execução diretamente contra aquele que sacou o título.
4.	Aceite parcial ou Recusa parcial do aceite
O sacador dá uma ordem a um sacado. O portador apresenta o título ao sacado e esse diz que pagará apenas metade do valor estabelecido no título. Ou seja, o aceite prolatado é parcial. Qual a consequência?
Não tendo a quitação é um desprestígio. Na verdade, mesmo havendo o aceite parcial, ocorrerá um desprestigio da ordem, podendo ocorrer um vencimento antecipado e o credor poderá executar o título contra o sacador.
E esse valor parcialmente aceito gerará um direito de regresso. O sacador terá o direito de regresso em face do sacado. 
Mas porque o portador não executa metade do valor em face do sacado e a outra metade ao sacador? Em virtude da economia processual, é melhor impetrar apenas uma ação e não duas. O sacado que busque o seu direito de regresso posteriormente.
Espécies
a)	Aceite limitativo:
É aquele que implica na redução do valor da obrigação assumida. O aceite limitativo, por limitar o valor, implica vencimento antecipado;
b)	Aceite modificativo
É aquele que implica na mudança das condições de pagamento. Não há que se falar em vencimento antecipado no caso de aceite modificativo, que é a manifestação de vontade que altera as condições de pagamento e não o valor.
Assim, no caso de vencimento antecipado, o sacador responde pela totalidade do título perante o tomador, porém poderá cobrar em regresso do aceitante parcial.
A ordem é sempre incondicional, por isso não é cabível a imposição de condições. Nesse caso, também, caberá o vencimento antecipado, acarretando o desprestígio da ordem.
Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2013.
X.	ENDOSSO
Endosso é um ato cambial, sujeito, portanto, à disciplina mercantil, cujo objetivo é facilitar a circulação É um ato de transferência que resguarda o tomador de algumas hipóteses, como a insolvência do devedor originário.
Efeitos: Vincula o endossante à cadeia de devedores.
Não se admite no caso de cláusula não à ordem.
Responsabilidade do endossante: Cláusula sem garantia: Admitida, tão-somente, por endosso.
Classificação: (i) Endosso em preto; (ii) Endosso em branco.
1.	Endosso impróprio
Busca legitimar a posse da cártula que determinada pessoa exerce.
Endosso mandato
É o ato cambial apropriado para outorgar, à outra pessoa, a tarefa de proceder atos cambiais em nome do credor, como, v.g., a cobrança.
Endosso caução
Possibilita a concessão de uma garantia pignoratícia.
É um ato cambial adequado para constituição do penhor sobre o título (art. 1.431 do CC).
Rio de Janeiro, 16 de janeiro de 2013.
X.	ENDOSSO (cont.)
1.	Endosso impróprio (cont.)
Faculdades do endossatário
Todas as atividades podem ser praticadas pelo endossatário, salvo a transferência. Pode-se, contudo, restringir essas faculdades desde que isso esteja expresso na cártula.
O endossatário caucionado pode protestar e cobrar judicialmente a letra de câmbio, não obstante as exceções pessoais devam ser opostas contra o endossante caucionário.
As exceções pessoais são opostas contra o endossante caucionário. Isso, todavia, não significa que o endossatário não tenha legitimidade passiva para receber uma citação ou para responder em nome do endossante. Na verdade, ele deverá estar no polo passivo.
Relação entre Empresários e Bancos
Obs.: Cobrança é o ato de recuperação recebível iniciados em razão da mora; Faturamento é como se fosse a primeira cobrança, isto é, quando ainda não há mora e você informa o valor a ser pago pelo devedor.
Três modalidades de endosso:
a)	“Desconto” para recebimento antecipado do crédito: Endosso próprio (ou traslativo) – A cártula será transferida e se receberá uma parte do valor. A vantagem para o devedor é que ele se livra o risco, não obstante permaneça como codevedor;
b)	Serviço de cobrança de título: Endosso impróprio por mandato;
c)	Empréstimo bancário mediante concessão de garantia: Endosso impróprio por caução.
2.	Endosso e Cessão Civil
Endosso é um ato de transferência de título à ordem. Exceção: endosso com cláusula não à ordem, o que não impede a circulação do crédito, mas há mudança no regime jurídico, deixando de ser cambial e passando a ser civil. A vantagem disso é que o devedor não responderá pela insolvência do novo devedor.
Em síntese: Enquanto o endossante responde pela solvência do devedor, o cedente responde, tão-somente, pela existência do crédito, de modo que a diferença é a seguinte: O devedor não pode alegar contra o endossatário de boa-fé exceções pessoais, mas poderá fazê-lo contra o cessionário.
Exercício:
A vende um determinado bem a B, que o revende para C para documentar a alteração, B saca letra de câmbio em favor de A contra C e A aceita. Em caso de insolvência de C, poderá A acionar B para reclamar o pagamento da obrigação? E em caso de vício oculto do bem? Cabe oposição de exceções pessoais?
Resposta:
Na relação cambial, A é o portador, B é o sacador e C é o sacado e aceitante. Observe-se que o aceitante (C) jamais possui direito de regresso. Assim, se tentarmos executar C e notarmos que ele está insolvente, não poderemos entrar com ação cambial contra B, apenas civil.
Na relação civil, A é o vendedor e B é o comprador. Ainda que C seja insolvente, portanto, essa insolvência não faz diferença, pois ele não participa da relação jurídica entre A e B. Com efeito, apenas B terá que arcar com esse ônus.
Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 2013.
X.	ENDOSSO (cont.)
3.	Implicações do Plano Collor para a disciplina dos Títulos de Crédito
Com a forte inflação de 1989, alterou-se a disciplina dos títulos de crédito a fim de evitar o endosso em branco. Nessa conjuntura, foram editadas a medida provisória n.º 165/1990 e a lei n.º 8.021/1990.
Passou a haver, portanto, vedação a documentos de representação creditícia ao portador: obrigação de identificar o titular.
Anteriormente, porém, exigia-se que a nota promissória e a letra de câmbio fossem nominativas em preto.
Observa-se que o foco dessa mudança legislativa é limitar a circulação do crédito, pois se vedava apenas o endosso, de modo que o crédito poderia permanecer circulando por meio de cessão civil.
Evidencia-se, assim, que essas novas normas entraram em rota de colisão com a LUG, pois se criava a proibição de emitir títulos ao portador e títulos nominativos endossáveis (art. 2º, II). A outra obrigação (art. 1º) era a identificação do titular.
Essas disposições trariam o fim da cláusula ordem e, portanto, o fim da Convenção de Genebra. O entendimento, todavia, foi que uma legislação interna não teria o condão de revogar o próprio tratado, razão pela qual essa situação, que violava frontalmente a LUG, ocasionou a seguinte discussão: deve-se preservar a lei interna recentemente criada ou a LUG? Ambas não poderiam conviver harmoniosamente.
Passou-se a entender, nesse sentido, que a nova legislação alcançaria somente os títulos impróprios deinvestimento, não os próprios, regulados pela LUG, a fim de que os bancos não criassem uma nova moeda.
Súmula 387 do STF.
XI.	AVAL
Aval é um ato cambial mediante o qual o avalista compromete-se a pagar título de crédito nas mesmas condições que um devedor desse título avalizado.
1.	Aval antecipado
É possível o aval antecipado, isto é, antes do endosso.
Art. 14 do decreto n.º 2.044/1908: Se a assinatura estiver ao lado do nome do credor e este, a partir da transmissão, passe a ocupar o papel de endossante, o aval poderá ser lançado antes do endosso. É uma interpretação extensiva do artigo em pauta, uma vez que este é omisso quanto a esse aspecto.
Não se deve, contudo, confundir com aval antes do saque.
Rio de Janeiro, 23 de janeiro de 2013.
XI.	AVAL (cont.)
2.	Características
	Autonomia;
	Equivalência.
A existência, a validade e a eficácia não estão condicionadas à obrigação avalizada. Exemplo: avalizado incapaz. A existência de uma obrigação não afeta a existência da obrigação avalizada, v.g.
Direitos que beneficiam o avalizado não se estendem ao avalista. Exemplo: concordata preventiva; o avalista deve pagar na data do vencimento.
Não cabe exceções pessoais do avalizado senão suas próprias exceções.
O fundamento da equivalência está no artigo 32 da LUG que estabelece: “o avalista é devedor do título da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada”; Trata-se, portanto, de apenas mais uma posição na cadeia de regresso.
O avalista pode pagar valor maior do que aquela que poderia obter um regresso contra o avalizado. Exemplo: concordata remissória.
A assinatura do avalista pode vir no verso, como no anverso, podendo ser escrita por meio da expressão por aval ou por aval de alguém.
No caso da letra de câmbio, se o avalista não for indicado e o aval for em branco, o sacador será o avalista.
3.	Avais simultâneos (ou coaval)
Trata-se de um único aval, mas duas pessoas ocupam a mesma posição.
O devedor cambial pode ter sua obrigação garantida por mais de um avalista.
Solidariedade (regresso cambial)
Na hipótese de coaval, o regresso cambial volta ao regime tradicional de solidariedade, de modo que, se o crédito for recebido de um coavalista, este terá direito de regresso contra o outro coavalista apenas da quota-parte deste.
Em síntese: se a letra é executada em valor integral pelo credor ao endossante, este goza de direito de regresso integral contra o aceitante, o sacador ou os respectivos avalistas. Assim, a solidariedade entre devedores que ocupam a mesma posição é diferente, ocorrendo somente em situações excepcionais, isto é, quando mais de uma pessoa ocupa a mesma posição jurídica.
Assim, observa-se que não somente no coaval se retorna à solidariedade característica no direito civil, mas, também, em qualquer outra situação em que duas ou mais pessoas ocupem a mesma posição jurídica (v.g., dois sacadores em uma mesma letra de câmbio, de modo que um poderá cobrar do outro a quota-parte deste).
Com efeito, a mesma solidariedade pode existir entre coendossantes, coaceitantes e coavalistas.
4.	Comparação entre aval e fiança
	AVAL
	FIANÇA
	Ato cambial;
	Ato civil;
	Autônomo em relação à obrigação avalizada (não afeta a exigibilidade da obrigação do avalista);
	Acessória em relação à obrigação principal (é extinta quando esta for extinta);
	Inoponibilidade de exceções pessoais;
	Oponibilidade de exceções pessoais;
	Não há benefício de ordem (credor pode optar por executar o avalista ou o devedor avalizado).
	Há benefício de ordem (deve-se executar o crédito primeiramente contra o devedor afiançado).
5.	Aval e Garantias Fora da Cártula
Sabe-se que, a princípio, não seria possível garantias fora da cártula, em homenagem ao princípio da cartularidade.
Observa-se, contudo, que, frequentemente, nos contratos de mútuo, ao invés de colocar uma cláusula de fiança, coloca-se um aval.
Frise-se, porém, que não cabe aval para assegurar obrigação do regime civil, razão pela qual os bancos passaram a incluir cláusula de fiança.
Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 2013.
5.	Aval e Garantias Fora da Cártula (cont.)
Não se perde o regime cambial quando não houver inscrição em registro público ou outras formalidades. Basta que haja a comprovação de que o devedor tinha conhecimento daquela dívida.
Os bancos passaram a utilizar o aval extracartular, o qual era lançado no contrato, não na cártula, com o nome de aval e com a cláusula mandato. Esta era incluída justamente porque permitia a emissão de um título de crédito em nome do mutuário quando ele estivesse em mora.
Com efeito, foi criada a cédula de crédito bancário para criar um aval extracartular que não seria possível antes do saque no âmbito do título de crédito. Observa-se que os bancos objetivam a celebração de um contrato de mútuo em regime civil e, simultaneamente, obter a garantia fidejussória em regime cambial.

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