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Aula 09 Obras Hídricas p/ TCE-PE (Auditor de Obras Públicas) Professor: Marcus Campiteli Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 14 AULA 9: APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO SUMÁRIO PÁGINA CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 1 1. INTRODUÇÃO 2 2. ARRANJO DAS ESTRUTURAS 7 3. CIRCUITO HIDRÁULICO DE GERAÇÃO 9 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 14 Olá pessoal, apresentamos para vocês o assunto Aproveitamento Hidrelétrico. Na aula anterior, vimos boa parte das estruturas integrantes de um aproveitamento hidrelétrico, no caso das barragens, cabendo dar continuidade a este assunto nesta aula. Não encontrei questões anteriores sobre esse assunto. Mas na aula anterior foram apresentadas questões que podem ser consideradas correlatas ao aproveitamento hidrelétrico. Vale a pena focar as partes negritadas. Bons estudos ! Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 14 APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO 1 ± Introdução Denomina-se aproveitamento hidrelétrico a um empreendimento construído no leito de um rio com fins de geração de energia elétrica pela transformação de energia potencial hidráulica a partir da movimentação de turbinas. O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. Isto pode se dar: - de forma natural, quando o desnível está concentrado numa cachoeira; - através de uma barragem, quando pequenos desníveis são concentrados na altura da barragem; - através de desvio do rio de seu leito natural, concentrando-se os pequenos desníveis nesse desvio. Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes: barragem; sistemas de captação e adução de água; casa de força; sistema de restituição de água ao leito natural do rio. Cada parte se constitui em um conjunto de obras e instalações projetadas harmoniosamente para operar, com eficiência, em conjunto. Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 14 A água captada no lago formado pela barragem é conduzida até a casa de força através de canais, túneis e/ou condutos metálicos. Após passar pela turbina hidráulica, na casa de força, a água é restituída ao leito natural do rio, através do canal de fuga. Dessa forma, a potência hidráulica é transformada em potência mecânica quando a água passa pela turbina, fazendo com que esta gire, e, no gerador - que também gira acoplado mecanicamente à turbina - a potência mecânica é transformada em potência elétrica. A energia assim gerada é levada através de cabos ou barras condutoras dos terminais do gerador até o transformador elevador, onde tem sua tensão (voltagem) elevada para adequada condução, através de linhas de transmissão, até os centros de consumo. Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 14 Daí, através de transformadores abaixadores, a energia tem sua tensão levada a níveis adequados para utilização pelos consumidores. O Sistema Elétrico Brasileiro é um sistema com forte predominância de geração hidrelétrica. A capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional ± SIN é de 82,1 GW, sendo que a parcela hidrelétrica, de 69,8 GW, ou seja, representa 85% do total. O Brasil tem um dos maiores potenciais hidrelétricos do mundo, estimado em cerca de 260 GW. Existem 3 (três) tipos de usinas hidrelétricas, que são classificadas de acordo com a sua capacidade de geração de energia: - Microusina Hidrelétrica: pequenas usinas hidrelétricas que geram menos de 1 megawatt (MW); - PCH - Pequena Central Hidrelétrica: geram entre 1MW e 30MW, com área do reservatório até 13 Km2; - UHE - Usina Hidrelétrica (também AHE - Aproveitamento Hidrelétrico): geram mais de 30MW e/ou reservatório com mais de 13 Km2. De forma simplificada, a produção de energia hidráulica é proporcional ao produto entre vazão e altura de queda. A figura a seguir apresenta de forma esquemática a equação de produção de uma usina: Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 14 Fonte: CARDINOT et al. (2007) Onde: - Q = vazão (m3/s) - HI = queda líquida (m) - P = potência instalada (kW) k = 10-3�J�dž�Ǐ Sendo: - g = aceleração da gravidade (9,81 m/s2) - dž� rendimento do conjunto turbina/gerador (pu) - Ǐ� �SHVR�HVSHFtILFR�GD�iJXD����3 kg/m3) As etapas de estudos e projetos para implantação de um aproveitamento hidrelétrico compreendem: a estimativa do potencial hidrelétrico, os estudo de inventário hidrelétrico, os estudos de viabilidade, o projeto básico e o projeto executivo. a) Estimativa do Potencial Hidrelétrico Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 14 É a etapa dos estudos em que se procede à análise preliminar das características da bacia hidrográfica, especialmente quanto aos aspectos topográficos, hidrológicos, geológicos e ambientais, no sentido de verificar a vocação da bacia para geração de energia elétrica. Essa análise, exclusivamente pautada nos dados disponíveis, permite efetuar uma primeira avaliação do potencial, definir prioridades, prazos e os custos dos estudos da etapa seguinte. b) Estudos de Inventário Hidrelétrico É a etapa em que se determina o potencial hidrelétrico da bacia hidrográfica e se estabelece a melhor divisão de queda, mediante a identificação dos aproveitamentos que, no seu conjunto, propiciem o máximo de energia, ao menor custo e com o mínimo impacto ao meio ambiente. Essa análise é efetuada com base em dados secundários, complementados com essenciais informações de campo, e pautada em estudos básicos hidrometeorológicos, energéticos, geológicos, ambientais e outros usos de água. Dessa análise resultará um conjunto de aproveitamentos, suas principais características, estimativas de custo, índices custo-benefício e índices ambientais. c) Estudos de Viabilidade É a etapa em que se define a concepção global de um dado aproveitamento, da divisão de queda selecionada na etapa anterior, visando sua otimização técnico-econômica e ambiental e a obtenção de seus benefícios e custos associados. Essa concepção compreende o dimensionamento do aproveitamento, as obras de infraestrutura local e regional Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 14 necessárias à sua implantação, o reservatório, a área de influência, os outros usos da água e as ações socioambientais correspondentes. d) Projeto Básico É a etapa em que o aproveitamento concebido nos Estudos de Viabilidade, é detalhado de modo a definir, com maior precisão, ascaracterísticas técnicas do projeto, as especificações técnicas das obras civis e equipamentos eletromecânicos, bem como programas socioambientais . e) Projeto Executivo É a etapa em que se processa a elaboração dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos equipamentos eletromecânicos, necessários à execução da obra e à montagem dos equipamentos. Nesta etapa são tomadas todas as medidas pertinentes à implantação do reservatório. 2 ± ARRANJO DAS ESTRUTURAS O arranjo das estruturas, em qualquer aproveitamento hidrelétrico, é condicionado, basicamente, pelos aspectos topográficos, geológicos e geotécnicos do sítio. Além desses, destaca- se que as características ambientais do local são também importantes na definição do arranjo geral do aproveitamento. Em função desses aspectos, tem-se, basicamente, dois tipos de arranjo: com queda natural e sem queda natural, os quais são descritos a seguir. 2.1 - Locais com Queda Natural Localizada Nesses locais, o arranjo, quase sempre, contempla um barramento, a montante da queda, contendo vertedouro e tomada Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 14 G¶iJXD�� $� FDVD� GH� IRUoD� ILFD�� QRUPDOPHQWH�� SRVLFLRQDGD� ORQJH� GR� barramento. O circuito hidráulico de adução, em uma das ombreiras, é composto por dois trechos, sendo um de baixa pressão e outro de alta pressão. O trecho de baixa pressão, em função dos aspectos topográficos e geológico-geotécnicos locais, é constituído por canal ou conduto. O trecho de alta pressão é constituído por condutos forçados. Entre esses dois trechos prevê-se, em função do desnível, do tipo e comprimento da adução, uma câmara de carga e/ou chaminé de equilíbrio. Na jusante dos condutos forçados posicionam-se a casa de força e o canal de fuga. 2.2 ± Locais sem Queda Natural Localizada Nesses locais, onde o desnível é criado pela própria barragem, tem-se, normalmente, um arranjo compacto com as estruturas alinhadas e com a casa de força localizada no pé da barragem. $�DGXomR�p� IHLWD�DWUDYpV�GH�XPD�HVWUXWXUD�GH� WRPDGD�G¶iJXD�� convencional, incorporada ao barramento e à casa de força. O tipo de barragem, de terra, enrocamento ou de concreto, varia em função dos aspectos topográficos, geológicos e geotécnicos. 3RU� H[HPSOR�� QRV� YDOHV�PXLWR� HQFDL[DGRV�� HP� ³9´�� GHYHP�VHU� utilizadas barragens de concreto. Em planícies amplas, com relevo suavemente ondulado, são utilizadas barragens de terra, mistas ou Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 14 de enrocamento, em função da disponibilidade de materiais de construção e das condições de fundação em cada local. Nos locais onde o capeamento de solo é espesso, as barragens são de terra, normalmente com seção homogênea. Se o capeamento é pouco espesso, pode-se utilizar uma barragem com seção mista ou de enrocamento, em função do balanceamento de materiais - disponibilidade de rocha, seja das escavações obrigatórias ou de pedreiras. 3 - Circuito Hidráulico de Geração Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 14 Fonte: < www.laifi.com> 3.1 - Canal de Adução O canal será dimensionado para o engolimento máximo das máquinas, considerando o reservatório em seu nível mínimo operacional. A velocidade máxima será da ordem de 2,5 m/s para canais escavados em rocha ou revestidos em concreto, e de 1,0 m/s para canais escavados em solo. 3.2 - Tomada d'Água A tomada de água será projetada de forma a estabelecer uma aceleração progressiva e gradual do escoamento do reservatório à adução, evitando-se os fenômenos de separação do escoamento e minimizando-se as perdas de carga. Para tomadas com carga menor que 30 m.c.a., a velocidade adotada na seção bruta das grades será de 1,0 a 1,5 m/s. Para tomadas com carga maior que 30 m.c.a., a Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 14 velocidade adotada será de 1,5 a 2,5 m/s. Na seção das comportas, a velocidade máxima não deverá ultrapassar a 6 m/s. A aresta superior do portal de entrada da tomada de água deverá se situar pelo menos 2,0 m abaixo do nível de água mínimo normal do reservatório. O duto de ventilação será dimensionado para uma vazão de ar igual ao engolimento máximo da turbina, admitindo-se uma velocidade máxima de 60 m/s. Para comportas tipo vagão com vedação a montante, o espaço livre do nicho da comporta poderá substituir o duto de ventilação. Será verificada a sobrelevação do nível de água provocada pela rejeição de carga no duto de ventilação e nos nichos das comportas, que não deverá oferecer riscos à operação. A perda de carga na tomada de água inclui a perda de carga nas grades, contínua ao longo da entrada até a seção da comporta e nas ranhuras da comporta, sendo calculada por: h = (Ke + Kg + Kr).(v2/2.g) Onde: - ht = perda de carga na tomada de água, em m; - v = velocidade onde será determinada a perda de carga, em m/s; - g = aceleração da gravidade, em m/s2; - Ke = coeficiente de perda de carga na entrada, entre o portal de entrada e a seção das comportas; - Kg = coeficiente de perda de carga nas grades; Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 14 - Kr = coeficiente de perda de carga nas ranhuras das comportas. 3.3 - Conduto Adutor O túnel adutor será dimensionado para o engolimento máximo das máquinas. A velocidade máxima do escoamento será da ordem de 2,5 m/s para túneis não revestidos, de 3,0 m/s para túneis revestidos com concreto projetado e de 4,5 m/s para túneis revestidos com concreto estrutural. A perda de carga total ao longo do conduto adutor, desde a tomada de água até o início dos condutos forçados ou até a chaminé de equilíbrio, inclui as perdas localizadas e as perdas contínuas. 3.4 - Conduto Forçado Limitam-se as velocidades máximas a 7 m/s em condutos revestidos de concreto e 8 m/s em condutos de aço. As perdas de carga contínuas, devido às forças de inércia ao longo dos condutos forçados, serão calculadas através da fórmula de Darcy-Weisbach: hf = f.(L/D).(v2/2.g) Onde: - hf = perda de carga contínua, em m; - f = coeficiente universal de perda de carga; - L = comprimento do conduto forçado, em m; - D = diâmetro do conduto forçado, em m; - v = velocidade média do escoamento no conduto, em m/s. Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 14 3.5 - Canal de Fuga Em geral, admite-se uma velocidade máxima em torno de 2 m/s. A influência das oscilações do nível de água decorrentes do escoamento do vertedouro deverá ser observada em modelo reduzido. 3.6 - Chaminé de Equilíbrio A utilização de chaminés de equilíbrio está ligada ao problema da redução do golpe de aríetenos condutos forçados e às exigências da regulação de frequência dos grupos. Os dois problemas são tanto mais agudos quanto maior o comprimento dos condutos forçados com relação à queda da usina. BIBLIOGRAFIA - BAPTISTA, Márcio Benedito & COELHO, Márcia Maria Lara Pinto. Fundamento da Engenharia Hidráulica. 3a Ed. Belo Horizonte. Editora UFMG: 2010. - CARDINOT, Flávio Corga; SAMPAIO, Lilian L.; REZENDE, Paulo Fernando V. S.; DOMINGUES, Paulo Cesar M.. A Geração do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte. Comitê Brasileiro de Barragens. XXVII Seminário Nacional de Grandes Barragens. Belém ± PA. 2007. - ELETROBRAS. Critério de Projeto Civil de Usinas Hidrelétricas. 2003. - ELETROBRAS. Manuais. Sitio: < http://www.eletrobras.com/elb/ data/Pages/LUMISF99678B3PTBRIE.htm>, acessado em 05/06/2015. Obras Hídricas ʹ TCE-PE/2017 Teoria e Questões Prof. Marcus Campiteli ʹ Aula 9 Prof. Marcus V. Campiteli www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 14 - FURNAS. Como Funciona uma Usina Hidrelétrica. Sitio: < http://www.furnas.com.br/hotsites/sistemafurnas/usina_hidr_funcion a.asp>, acessado em 05/06/2015.
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