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Direito Empresarial Prof. Renato Negretti Cruz e-mail: renatonegretticruz@gmail.com fev. 2018 Teoria Geral do Direito Empresarial – Parte 2 DISTINÇÕES CONCEITUAIS IMPORTANTES ENTRE: EMPRESA X EMPRESÁRIO (ATIVIDADE) (INDIVIDUAL/SOC. EMPRESÁRIA/EIRELI) EMPRESÁRIO X SÓCIOS OU ADMINISTRADORES EMPRESAX ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 2 MAS O QUE É “EMPRESA”? Conceito jurídico econômico: Bulgarelli: “Empresa é a atividade econômica organizada de produção e (ou) circulação de bens e (ou) serviços para o mercado, exercida pelo empresário em caráter profissional através de um complexo de bens” Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 3 MAS, AFINAL, O QUE(M) É EMPRESÁRIO? Código Civil: “Art. 966. Considera-se empresário quem exercer profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. DISTINÇÃO ENTRE EMPRESA X EMPRESÁRIO Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 4 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO EMPRESÁRIO Profissionalismo: - Habitualidade - Pessoalidade - Monopólio da informação Atividade econômica organizada: - sistematiza os “bens de produção” Finalidade: - produção ou circulação de bens ou serviços Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 5 EMPRESÁRIO X SÓCIO X ADMINISTRADOR O “Empresário” pode ser tanto Pessoa física (empresário individual) Pessoa jurídica (sociedade empresária OU empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI) OBS: Como PJ, entender por “empresário” a própria sociedade ou a EIRELI! Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 6 CONDIÇÕES PARA SER EMPRESÁRIO INDIVIDUAL Capacidade civil: arts. 1°a 5° e 972 a 980 do Código Civil - Requisito: maioridade civil e gozo dos direitos civis e políticos OBS: Os menores de idade emancipados entre 16 e 18 anos ou independentes economicamente ou casados são considerados capazes! OBS: tais pessoas podem ser apenas sócio-cotista (Ltda.), sócio-acionista (S.A.) ou comanditário de sociedades empresária. Portanto, não podem ser sócios-administradores, simples administradores ou titulares de EIRELI! militares da ativa funcionários públicos juízes e promotores médicos em relação a farmácias e laboratórios estrangeiros não residentes no país cônsules remunerados corretores e leiloeiros falidos não reabilitados Condenados por crimes listados no art. 1.011 do Código Civil Pessoas impedidas por lei de exercer a empresa como empresário: Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 7 CÓDIGO CIVIL CAPÍTULO II — DA CAPACIDADE “Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. (…) Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.” Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 8 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Definição legal; direito à renovação compulsória de locação não residencial e suas exceções Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Definição legal - Art. 1142 do Código Civil: O estabelecimento como “conjunto organizado de bens corpóreos e incorpóreos (bens de industriais e o ponto) para o exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária” OBS1: O direito garante o valor agregado de sua organização ou seja o fundo de comércio ou fundo de empresa (sinônimos: goodwill of a trade ou aviamento). OBS2: A transferência desse direito, a venda apenas do estabelecimento, se dá pelo contrato de trespasse (art. 1.144 do Código Civil) OBS3: O fundo de comércio é também protegido pelos art. 51 a 57 da Lei n. 8.245/91, que tratam da locação de imóveis para fins comerciais/empresariais! Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 10 Regra geral para o exercício do direito à renovação compulsória de locação não residencial Art. 51 da Lei n. 8.245/91: “Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. (...) § 4º O direito à renovação do contrato estende-se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis com fim lucrativo, regularmente constituída, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo. § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.” Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 11 Exceções ao direito à renovação compulsória prevista no citado art. 51 da Lei n. 8.245/91 Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center, prevalecerão as condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta lei. (...) Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.744, 19 de dezembro de 2012) Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 12 NOME EMPRESARIAL Conceito; função; espécies; proteção jurídica e distinção entre Nome empresarial e Marca Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 NOME EMPRESARIAL � Conceito: é a designação utilizada pelo empresário (individual ou sociedade empresária) para se identificar, enquanto sujeito de direito exercente de uma atividade econômica � Funções: Tradicional ou mercadológica: referência no mercado de consumo - identificação do sujeito (comerciante) em relação aos seus “clientes” Moderna: referência no meio empresarial, relacionada à reputação do empresário entre fornecedores e financiadores 14 Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 ESPÉCIES DE NOME EMPRESARIAL � Firma (contém como base ao menos o sobrenome obrigatoriamente) � Denominação (contém como base um “elemento fantasia” e a indicação do objeto social) Individual (ex.: “Bruno de Almeida Cruz”; “B. de A. Cruz Lanchonete” ou “Cruz – Lanches”; “J. A. Cardoso Comércio de Alimentos em Geral EIRELI”) Coletiva (“razão social”) (ex. sócios Ricardo Ferreira e José da Silva Filho: “Ricardo Ferreira e José da Silva Filho Ltda.”; “R. Ferreira & J. Silva FilhoLtda.” ou “Ferreira & Silva Filho Ltda.” ou “Ferreira & Cia. Comércio de Antiguidades Ltda.) (Ex: “Antiquários Bruno Rocha Sociedade Anônima” ou “Via Varejo S/A”; “Companhia Siderúrgica Nacional”; “Maxmix Comercial Ltda.”; “FGL Transportes EIRELI”; 2.0 Hoteis Palmas SPE Ltda.; Michael Kors do Brasil Comércio de assessórios e vestuário Ltda.) 15 Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 FIRMA X DENOMINAÇÃO (DIFERENÇAS QUANTO À ESTRUTURA E À FORMA) Tem por base um nome civil (ex.: “B. Rocha” ou “Rocha” ou “Rocha e Pereira”) Essa forma de nome é obrigatória para os empresários individuais e facultativa para sociedades e para a EIRELI OBS1: Admite a menção ou não ao ramo da atividade (ex.: “Rocha” ou “Rocha – Antiguidades”) Pode ter por base qualquer expressão lingüística (ex.: “Rocha e Pereira S/A” ou RP – Antiguidades Ltda.) Essa forma de nome é obrigatória para as sociedades anônimas OBS2: “elemento fantasia” é chamada a expressão escolhida pelos sócios diferente do nome civil OBS3: Apenas a Firma serve de assinatura do empresário! 16 Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 Art. 34 da Lei n. 8.934/1994: “O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.” Princípio da Veracidade: Código Civil: “Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1o (...). § 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.” “Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.” Exceção: Se tal nome fizer parte da denominação das Sociedades Anônimas (Art. 1.160 § único e art. 3º § 1o da Lei das S/As) 17 � Princípios para a formação do nome empresarial Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 Princípio da novidade (garante o uso exclusivo do nome) Código Civil: “Art. 1158. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.” “Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.” 18 Continuação: Princípios para a formação do nome empresarial Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 Arts. 1.155 a 1168 do Código Civil Arts. 33, 34, 35, inciso V, 59, 60, § 1º da Lei n. 8.934/1994 (Dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências) Arts. 53, III - alíneas “d” e “e”, VI, 61 e 62 do Decreto n. 1.800/1996 (Regulamenta a Lei nº 8.934/1994) IN/DREI n. 15, de 05 de dezembro de 2013 (Dispõe sobre a formação do nome empresarial e sua proteção e dá outras providências) 19 � Base normativa da formação e proteção do nome empresarial Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 “Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações. Art. 35. Não podem ser arquivados: (...) V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente; (...) Art. 59. Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perderá a proteção do seu nome empresarial. Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à Junta Comercial que deseja manter-se em funcionamento. § 1º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a Junta Comercial o cancelamento do registro, com a perda automática da proteção ao nomeempresarial.” 20 Aspectos importantes acerca do Nome Empresarial na Lei n. 8.934/94 Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 � Espécies de marca segundo o art. 123 da Lei n. 9.279/96: I - marca de produto ou serviço; II - marca de certificação; III - marca coletiva. � Formas de Proteção e o Princípio da Especificidade: “o direito de exclusividade de uso de marca, decorrente do seu registro no INPI [Instituto Nacional da Propriedade Industrial], é limitado à classe para a qual é deferido, não sendo possível a sua irradiação para outras classes de atividades” (STJ - RESP 142.954/SP) Exceções:Marca de Alto Renome e Marca Notoriamente Conhecida � Prazo de vigência e proteção: � 10 anos da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais; OBS: “Art. 143 - Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento: I - o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos (...)”. 21 MARCA COMO PROPRIEDADE INDUSTRIAL Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 NOME EMPRESARIAL X MARCA Identifica o sujeito de direito: empresário (pessoa física ou jurídica) � Proteção jurídica: Decorre do registro na Junta Comercial (Lei n.º 8.934/94) Limite territorial: estadual (exceto se pedir proteção em outras Juntas Comerciais) Proteção independente do ramo de atividade econômica do empresário Prazo de proteção indeterminado (exceto nos casos de inatividade) Identifica direta ou indiretamente produtos ou serviços � Proteção jurídica: Decorre do registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI (Lei n.º 9.279/96) Limite territorial: nacional Proteção limitada ao princípio da especificidade (segmento dos produtos ou serviços) Prazo de proteção: 10 anos, renovável por iguais períodos com o pedido de prorrogação 22 Teoria Geral do Dir. Empresarial – Parte 2 CONTATOS Prof. Renato Negretti Cruz e-mail: renatonegretticruz@gmail.com
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