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Desafio Profissional 2017 3 SEMESTRE

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Universidade Anhanguera – UNIDERP Centro de Educação a Distância
Curso: Serviço Social 
Disciplina: Fundamentos Históricos e Teório-Metodológicos do Serviço Social II
Psicologia e Serviço Social I
A Organização Social no Brasil
Antropologia Aplicada ao Serviço Social
Direito e Legislações 
DESAFIO PROFISSIONAL
EQUIPE:
ACARAÚ – CE
2017
FABIANA GOMES DA SILVA GERALDO
O CENÁRIO CONTEMPORÂNEO DO BRASIL FRENTE AS REFORMAS E OS DISCURSOS INTOLERANTES
DESAFIO PROFISSIONAL
Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Serviço Social como parte dos requisitos da Universidade Anhanguera, sob a orientação da Tutora Maria Emanuelle Ribeiro Mendes.
ACARAÚ – CE
2017
SUMARIO
Introdução ....................................................................................................................4
Os Discursos Intolerantes, de Ódio e Preconceito no Cenário Brasileiro Contemporâneo.............................................................................................................5
A Reforma Trabalhista e Previdenciária Brasileira e suas Peculiaridades ..................8
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e o Rompimento do Conservadorismo .......................................................................................................13
A Prática do Assistente Social perante as Demandas da Sociedade Moderna..........16
Conclusão...................................................................................................................18
Referências Bibliográficas..........................................................................................19
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por principal objetivo, a pesquisa e análise das formas de enfrentamento da questão social na atualidade, e como tal enfrentamento reflete na prática profissional do Assistente Social perante a sociedade.
Como alunos do curso de Serviço Social, discorreremos sobre a História do Serviço Social no Brasil, o direito e as legislações que estão vigentes, além das lutas pela igualdade social e combate ao preconceito, destacando atuação do Assistente Social nos cenários nacional e internacional da atualidade.
O Brasil hoje caminha a um intenso processo de mudanças e um avanço significativo ao desenvolvimento econômico, social, político e cultural, tornando assim, mais intensa também as relações sociais peculiares ao sistema capitalista.
Com o desenvolvimento, surgiram discursos e atos eivados de intolerância, ódio, reducionista e preconceituosos no meio social, atingindo a classe trabalhadora, e neste cenário surgem os movimentos de Reconceituação do Serviço Social e o rompimento do conservadorismo, causando uma transformação na prática do serviço social.
OS DISCURSOS INTOLERANTES, DE ÓDIO E PRECONCEITO NO CENÁRIO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Como reflexão sobre os discursos de intolerância e ódio que envolve o preconceito no Brasil, a Sociologia e na Literatura, por vezes tratou o brasileiro como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece na realidade social contemporânea.
É muito comum, no Brasil, se estabelecer confusão entre os termos racismo, discriminação e preconceito.
O termo “racismo”, geralmente, expressa o conjunto de teorias e crenças que pregam uma hierarquia entre as raças, entre as etnias, ou ainda uma atitude de hostilidade em relação a determinadas categorias de pessoas. Pode ser classificado como um fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana.
A “discriminação”, por sua vez, expressa a quebra do princípio da igualdade, como distinção, exclusão, restrição ou preferência, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas.
Já o “preconceito” indica opinião ou sentimento, favorável ou desfavorável, concebido sem exame crítico, ou ainda atitude, sentimento ou parecer insensato, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio, conduzindo geralmente à intolerância.
Diante da atual globalização e modernização social, transfiguram-se notórios crescentes atos de manifestações sociais que refletem ações de caráter negativo, objetivando através de práticas opressoras inferiorizar indivíduos da mesma sociedade através de seus princípios culturais, éticos e morais.
As redes sociais por exemplo, tornou-se uma forma de expor os anseios de cada indivíduo, criando um espaço discursos intolerantes, de ódio, reducionistas e preconceituosos, como ocorreu com cantora Preta Gil, que por ser mulher e negra, foi atingida por discursos de racismo e preconceito.
Dentre os comentários feitos via instagram, frases como "Achei que macaca vivia apenas na floresta ou no zoológico" e "Volta pra jaula, sua macaca", entre outros com termos de baixo calão.
A cantora baiana destacou que “Fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha pagina no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me denegrir ou magoar."[1: Disponível em: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/07/preta-gil-denuncia-ataques-racistas-ate-quando.html. Acesso e 30/05/2017]
De fato, o país brasileiro é marcado por esta situação há décadas. Demonstrada desde o período colonial, na qual o território dominado por colonizadores que através do seu poder de superioridade, preconceito e violência sob a população nativa, obtiveram o seu objetivo final de obtenção de lucro. Ao longo dos anos, apesar do avanço moral e ético da população, fazem-se perceptíveis casos de repressão causada pelo ódio social.
A história nos mostrou como os negros sofreram no passado com a escravidão e o preconceito. Separados dos brancos, os negros não eram respeitados e a discriminação não era algo raro. Mas com o tempo, o ser humano percebeu como tal atitude é completamente desnecessária e o racismo virou algo proibido por lei, tendo pena inafiançável.
Mesmo diante da legislação mais rigorosa, indivíduos insistem em praticar o discurso de ódio, e nessa perspectiva, diversas exibições de ódio são idealizadas enfatizando-se: a intolerância sexual, religiosa, cultural, motivando aos indivíduos as manifestações de preconceito e racismo, promovendo agressão física, moral e ética contra os princípios das vitimas dessa situação.
Nesse contexto, ainda torna-se nítido uma crescente parcela da população brasileira, que apresentam e promovem condutas de discriminação diante a sociedade. Diante disso, faz-se necessário que as instituições governamentais intensifiquem suas leis a fim de realizar as devidas providencias contra os praticantes de posturas intolerantes.
Torna-se imprescindível a atuação dos meios midiáticos na promoção de campanhas, publicidades e propagandas com o intuito de conscientização social de igualdade entre a população brasileira. 
É necessário que haja a criação de ONGs de apoio às vitimas de intolerância social, objetivando incentivar esses indivíduos a denunciar os casos de violência. Faz-se mister ainda, que as instituições escolares juntamente com a composição familiar, desenvolvam atividades lúdicas de conscientização para a formação de jovens e adultos que exponham suas opiniões e criticas sobre a problemáticas sociais, visando melhorias ao invés de novos casos de intolerância causados pelo ódio de superioridade da população brasileira.A REFORMA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA BRASILEIRA E SUAS PECULIARIDADES
As mudanças ocorridas no ramo do trabalho, trouxe impactos nos diversos campos profissionais e têm constituído pauta central do debate contemporâneo, com reformas na legislação que afetam diretamente a classe trabalhadora.
A reestruturação do capital globalizado, que no Brasil intensificou-se nas últimas décadas do século XX, provocou mudanças qualitativas na organização e na gestão da força de trabalho e na relação de classes, interferindo fortemente nos trabalhos profissionaisdas diversas categorias, suas áreas de intervenção e seus suportes de conhecimento e de implementação, conforme José Paulo Netto (1996)[2: NETTO, J. P. Transformações societárias e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano XVII, n. 50, 1996.]
Ainda, conforme Netto, o problema teórico-analítico reside em explicitar e compreender como, na particularidade prático-social de cada profissão, traduz-se o impacto das transformações societárias, determinando as mediações que conectam as profissões particulares àquelas transformações. 
A análise do impacto dessas transformações no âmbito do exercício profissional agrega um complexo de determinações e mediações essenciais para elucidar seu significado no processo de produção e reprodução das relações sociais, configurado “enquanto exercício profissional especializado que se realiza por meio do trabalho assalariado alienado” (Iamamoto, 2007, p. 214; grifos do original). 
A mundialização do capital, sob a superioridade das finanças, redimensiona o trabalho e a sociabilidade na sociedade contemporânea. Trata-se de um período caracterizado pela crise do modelo de expansão do capital e pelo processo de reestruturação produtiva como tentativa de resposta.[3: ANTUNES. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999, p. 35-36]
Suas manifestações iniciam-se nos primeiros anos da década de 1970, e se estenderam pelos na os seguintes e aprofunda-se até os tempos atuais. No Brasil, esse processo intensifica-se no início dos anos 1990, como resultado da integração do país ao mercado globalizado, no estágio de acumulação flexível do capital.
A crise de acumulação do capital caracteriza-se como crise endêmica e crônica, com a perspectiva de uma profunda crise estrutural. Sua expressão fenomênica é a crise do modelo de acumulação fordista-keynesiano e a consequente reestruturação do capital, cujos impactos não se restringem à esfera produtiva, incidindo fortemente sobre o conjunto da vida social. Essa nova dinâmica do capital obscurece como nunca o universo do trabalho, atestando o caráter radical da alienação.
As mudanças no mundo do trabalho têm alterado as relações entre Estado e sociedade, redefinindo o papel dos Estados nacionais e alterando os parâmetros de constituição de seu sistema de proteção social, com ampla e profunda repercussão na órbita das políticas públicas, com suas conhecidas diretrizes de focalização, descentralização, desfinanciamento e regressão dos direitos sociais.
Nas novas condições sócio históricas de crise do padrão de acumulação do capital, a intensificação da tendência decrescente da taxa de lucro exige como resposta do capital o aceleramento do crescimento e o predomínio do capital constante sobre a capital variável.
Com as tendências modificativas, altera-se significativamente a composição orgânica do capital, expressando mais profundamente a totalidade das contradições da ordem burguesa. O capitalismo monopolista, para enfrentar suas contradições imanentes, em um contínuo crescimento de prevalência do trabalho morto sobre o trabalho vivo, recorre a um padrão de acumulação flexível, que, conforme Netto (1996), implica necessariamente um correspondente modo de regulação social.
A visibilidade das transformações que perpassam os processos sociais de produção e reprodução social vai ocorrendo de maneira progressiva. O capital se vê compelido a encontrar alternativas para a crise que o ameaça na segunda metade da década de 1970, mais precisamente quando explodiu a primeira recessão generalizada da economia capitalista internacional desde a Segunda Guerra Mundial. 
Esse foi um período de intensas transformações no modo de produção e reprodução social, que se estende até os tempos atuais, e metamorfoseia as relações no mundo do trabalho (Antunes, 1998). As transformações do capitalismo global, que culminaram no processo de reestruturação do capital, caracterizado pela introdução de novas tecnologias na produção, e pela precarização das relações de trabalho, intensifica a substituição de trabalho vivo por trabalho morto e desencadearam o desemprego estrutural. 
As novas dimensões e expressões do mundo do trabalho na sociedade capitalista contemporânea têm sido caracterizadas por um múltiplo e contraditório processo de desconstrução da classe proletária fabril, o que chamou Antunes (1998) de “desproletarização do trabalho industrial”.
Ocorre uma expressiva diminuição da classe operária industrial tradicional, notadamente a partir dos anos 1980 e 1990, acompanhada de uma acentuada mudança em seu perfil, da crescente subproletarização de um imenso contingente de trabalhadores e da proliferação do desemprego estrutural.
A exigência na esfera da produção é reduzir custos e ampliar as taxas de lucratividade para enfrentar a tendência de queda da taxa média de lucro, intensificada pelo rápido crescimento do capital constante na composição orgânica do capital.
A economia é movida em uma relação dinâmica e contraditória entre a reestruturação de seu parque produtivo e a destruição de parte significativa de seu aparato industrial. Os investimentos especulativos são favorecidos em detrimento da produção, raiz do agravamento das expressões da questão social, da redução dos níveis de emprego e da regressão das políticas sociais públicas.
O Estado torna-se objeto de uma reformatação para se adequar à lógica do capital globalizado, por meio de um abrangente processo de reformas e dessa forma, o neoliberalismo difunde a ideia de que o bem-estar social pertence ao foro privado dos indivíduos e seus grupos sociais.
Deslocam-se as respostas às manifestações da questão social da esfera do Estado para a do mercado e a sociedade civil. A ideologia liberal estimula um vasto empreendimento de refilantropização do social, não admitindo os direitos sociais como função estatal e operando, assim, uma profunda despolitização da questão social, ao desqualificá-la como questão pública.
As primeiras normas trabalhistas surgiram no País a partir da última década do século XIX, como o caso do Decreto nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. 
Em 1912 foi fundada a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), durante o 4º Congresso Operário Brasileiro. A CTB tinha o objetivo de reunir as reivindicações operárias, tais como: jornada de trabalho de oito horas, fixação do salário mínimo, indenização para acidentes, contratos coletivos ao invés de individuais, dentre outros.
A política trabalhista brasileira toma forma após a Revolução de 30, quando Getúlio Vargas cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A Constituição de 1934 foi a primeira a tratar de Direito do Trabalho no Brasil, assegurando a liberdade sindical, salário mínimo, jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas, proteção do trabalho feminino e infantil e isonomia salarial.
O termo “Justiça do Trabalho” também apareceu pela primeira vez na Constituição de 1934, e foi mantida na Carta de 1937, mas só foi instalada de fato em 1941. A necessidade de reunir as normas trabalhistas em um único código abriu espaço para Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943. 
O ano de 2016 foi extremamente desastroso para a classe trabalhadora, pois, foi pródigo em más notícias para todos, sendo um ano de desemprego, de arrocho salarial, de perdas de direitos e benefícios e de um aprofundamento da crise econômica e política de nosso país. A conjuntura de crise mais uma vez pautou todo o caminho da luta social e política das instituições, que não conseguiram evitar alguns retrocessos.
 A crise política e econômica de nosso país gerou mais desemprego e serviu para o surgimento e crescimento de grupos conservadores que, com a ajuda da grande mídia, ajudaram a derrubar o governo e colocar em seu lugar um governo que ressuscitou o neoliberalismo, forma de governar que beneficia os donos do capital e faz os pobres pagarem a conta das crises. Também fez com que, nas eleições municipais, o número de representantes da classetrabalhadora caísse pela metade.
 No final de 2016, entrou em pauta no Congresso Nacional uma proposta de reforma trabalhista que representa uma ameaça aos direitos dos trabalhadores. Se aprovada, essa reforma irá praticamente decretar o fim da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), passo que já começou a ser dado com a recente aprovação do Projeto de Lei da Terceirização (PL 4.302/1998), quase nove anos depois de ter sido proposto.
   A CLT foi estabelecida através do Decreto-Lei nº 5.452 de 1º de maio de 1943, sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas, com o objetivo de regular a relação capital e trabalho. O documento, ainda que elaborado á muitos anos e num contexto político diferente, é até hoje considerado um dos mais avançados mundialmente no que diz respeito à legislação trabalhista.
Foi com ele que os trabalhadores passaram a ter regulamentados direitos como a duração da jornada do trabalho, o salário mínimo, as férias, segurança e medicina do trabalho, proteção ao trabalho da mulher e do menor e previdência social;
A reforma trabalhista em pauta agora, em 2017, 74 anos depois da aprovação da CLT, altera essa legislação e retrocedem significativamente no que diz respeitos aos direitos dos trabalhadores, alguns garantidos inclusive pela Constituição Federal de 1988. Se aprovada, vai deixar o caminho aberto para a ampliação da exploração do trabalho e do trabalhador.
Alguns pontos fundamentais da atual legislação trabalhista poderão ser alterados após negociação entre o sindicato e as empresas. É que uma das mudanças trata exatamente deste ponto. As negociações poderão se sobrepor às leis, expondo o trabalhador a acordos que não necessariamente respeitam suas necessidades e seus direitos.
O Projeto de Lei está em vias de ser votado e se for aprovado em sua íntegra, com o texto que foi encaminhado pelo governo federal, pode significar um retrocesso à década de 1930, antes da regulamentação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), quando ao trabalhador era dado o ‘direito’ apenas de trabalhar horas a fio. 
 
 
O MOVIMENTO DE RECONCEITUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E O ROMPIMENTO DO CONSERVADORISMO
O Movimento de Reconceituação foi um movimento que aconteceu nos países latinos americanos (Chile, Argentina, Peru e Uruguai), segundo Faleiros (1981), consistiu em um movimento de crítica ao positivismo e ao funcionalismo e a fundamentação da visão marxista na história e estrutura do Serviço Social.
O significado do Movimento de Reconceituação para o Serviço Social representa uma grande mudança, dada sua busca de desvinculação do conservadorismo e das técnicas importadas do Serviço Social Norte-Americano. 
Outrossim, o Movimento de Reconceituação do Serviço Social Latino Americano trouxe para o Serviço Social brasileiro, contribuições que foram decisivas no processo de aceleração da ruptura do Serviço Social tradicional, como podemos observar adiante.
O processo de renovação crítica do Serviço Social tem sua marca atrelada ao circuito sócio-político e histórico da América Latina anos de 1960; período marcado pela efervescência dos movimentos sociais, determinado tanto pela crise mundial do padrão de acumulação capitalista, gerados após a II Guerra, como à inserção dos países latinos na nova divisão internacional do trabalho com a implantação da política econômica desenvolvimentista que veio para ampliar as contradições e as desigualdades sociais.
Na década de 60, os assistentes sociais organizaram vários encontros, nacionais e regionais, para por em pauta assuntos de grande interesse para a categoria. Em 1961, no Rio de Janeiro ocorreu o II Congresso Brasileiro, onde o tema central foi “Desenvolvimento Nacional para o bem-estar social”.
No ano seguinte, a conferência internacional ocorrida em 1962, em Petrópolis, enfocou o tema “Desenvolvimento de comunidades urbanas e rurais”. Estes fatos foram apresentados para mostrar o posicionamento da categoria mediante a iniciativa internacional que neste período apoiava as estratégias desenvolvimentistas do país.
Para a autora Sandra Pires, a mola propulsora que impulsionou a aproximação norte-americana, seria a valorização da profissão desde os meados da década de 30 até a década de 60. Os profissionais baseavam-se no ideário norte-americano que propunha uma maior racionalidade técnica.
Sob o ponto de vista dos assistentes sociais brasileiros, assim como dos europeus, essa aproximação se justificava pela necessidade de corrigir a fragilidade em termos operativos, do projeto profissional hegemônico de orientação neotomista-cristã.
É importante salientar que o Serviço Social baseou-se na teoria das Ciências Sociais, bem como em outras disciplinas a exemplo a sociologia, medicina e direito, como cita Netto: 	
"[...] a interação das preocupações técnicas profissionais com as disciplinas vinculadas com as ciências sociais; é então que a formação recebe de fato o influxo da sociologia, da psicologia social e da antropologia. É absolutamente inegável o aspecto positivo daí decorrente – principalmente se se leva em conta o fato, consensualmente reconhecido, da ausência de forte s tradições intelectuais e de investigação na formação profissional” (Netto, pág. 126)
Em meados da década de 70, um grupo de assistentes sociais começa a pensar sua prática a partir da vertente instrumental técnico, na busca de alcançar a eficácia de sua ação. Este período é denominado por Netto de “Processo de Renovação do Serviço Social”. 
Podemos citar o encontro de Araxá – ocorrido em 1967 – conhecido por I Seminário de Teorização do Serviço Social, o que culminou em mais sete encontros para debater os pontos elencados neste seminário.
Segundo Netto, a partir da década de 80, sob a influência crítica da vertente Marxista, a profissão aponta a “Perspectiva de Intenção de Ruptura” de um profissional engendrado em oriundas perspectivas de atuação.
É possível encontrar a inspiração do pensamento de Marx, nas pesquisas e na teoria política ideológica, tendo em vista que o assistente social, pertencente à classe assalariada, também vai além, quando percebemos que a categoria se especializou no trabalho coletivo, em vigor na Lei 8662/1993 e no Código de Ética atual.
A partir de uma perspectiva dialética, é possível apanhar a intrínseca relação entre os elementos contrários presentes na continuidade e a ruptura de uma profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho.
No que tange as concepções acerca da Reconceituação, percebe-se o esforço da profissão em caminhar na perspectiva de sua prática, sendo que esta não é meramente executiva, burocrática subalterna e paliativa, mas sim "desvela a dimensão política".
Como vimos o Serviço Social no Brasil é caracterizado, pela herança do Movimento de Reconceituação, pois, como bem afirma Netto (2005), é impossível imaginar o Serviço Social crítico, sem atrelá-lo a esta herança, mesmo tendo a convicção de que há uma pluralidade ideológica e teórica, própria da diversidade que é formada a categoria profissional, ainda que sob a égide de um projeto ético-político que faz a crítica ao tradicionalismo.
O Serviço Social foi uma das profissões mais impactadas pelos fatos históricos a partir da ditadura, pois sua ação sempre foi colocada sob a tensão da relação capital versus trabalho. De um lado os dominantes, Estado e Instituições, querendo mais poder e lucro e de outro os trabalhadores, lutando contra a exploração a alienação e a mais valia, deste antagonismo surgiu a questão social, resultantes das lutas no combate as desigualdades e exploração social.
É neste contexto que é impossível o profissional se manter dentro da neutralidade tão difundida no início da profissão, e assim a categoria pode identificar a ideologia política dos dominantes e dominados. Outro grande impacto foi que os profissionais se tornaram mais progressistas, vendendo a sua força de trabalho, se reconheceram como trabalhadores, e com compromisso de defender os direitos dos trabalhadores.
É funçãodos profissionais do serviço social, superar as limitações e os equívocos, num permanente esforço de reconstrução histórica da profissão do assistente social, sendo esse o verdadeiro significado desse movimento.
Concluímos que a intervenção profissional pode contribuir tanto para uma "nova imagem” quanto para "autoimagem” da profissão, tendo como proposta a defesa dos direitos, proporcionando a transformação de uma nova sociedade, por meio dos projetos societários.
A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL PERANTE AS DEMANDAS DA SOCIEDADE MODERNA
O Assistente Social é o profissional mais capacitado para atuar junto às propostas desta nova política, atendendo as mazelas da sociedade, e deve visar impactar favoravelmente na melhoria da qualidade de vida e na direção de um bem estar global, tanto que em sua origem tinha papel imprescindível de corrigir abusos e atenuar rebeliões. 
No Brasil, o Assistente Social se enquadrava na ideia de estabelecer a ordem, a moral ou a higiene, com o processo de expansão e consolidação do modo de produção capitalista, com a vinda das crises políticas, sociais e econômicas, o profissional passa a contribuir na articulação da harmonia social relacionada ao Estado/sociedade. 
Devido a uma gama de saberes necessária a categoria profissional de Serviço Social, nasce o desafio de produzir e reconstruir crítica à teoria num intuito de suplantar limites e estabelecer coerência em sua matriz teórica que metodologicamente supere tanto o formalismo do empirismo (conjunto de conhecimentos adquiridos mediante aprendizagens pessoais, se preocupando em aplicar de modo prático), e o ecletismo (junção de várias propostas se critica ao modo funcionalista, fenomenológica e dialética).
Nas últimas décadas, o Serviço Social através dos institutos representativos, tem concretizado iniciativas relevantes na defesa da democracia e dos direitos humanos, especialmente na luta pelo freio ao preconceito, ao ódio e discursos intolerantes.
Um dos desafios contemporâneos do assistente social é qualificar a direção social de nossas lutas, pois, o campo da democracia e dos direitos é permeado por tensões e contradições em que, de um lado, temos a luta pela democratização das relações sociais e por acesso a direitos, e por outro, surgem limites, na medida em que a determinação central para a garantia da igualdade e da liberdade não vem da conquista do direito, mas da mudança da sociabilidade vigente.
É dentro desse contexto que estamos inseridos como profissionais do Serviço Social, lutando por uma sociedade mais justa, com valores e ideologias que devem ser respeitadas, principalmente por meio da legislação, que deve regular os direitos da classe trabalhadora, sem perder os direitos adquiridos prevista na constituição.
Com a reconceituação do Serviço Social no Brasil, os profissionais passaram a romper com o que praticava antes de 1964 e iniciou uma apresentação crítica frente as desigualdades sociais, com propostas interventivas, na busca por uma elaboração teórica mais consistente e, principalmente, tornando-se laica, sem incentivos religiosos ou o pragmatismo natural das religiões.
Concluindo, a prática do assistente social é imprescindível ao processo de conhecimento dos indivíduos, trazendo experiências culturais que os tornam aptos a atuar e transformar o meio social, assumindo um Projeto Ético Político, pois, os assistentes sociais lutam contra a ordem social vigente, estando sempre comprometidos com o bem estar social. 
CONCLUSÃO
Em suma, os atuais discursos abordados nas redes sociais e na mídia secular, tendem para uma defesa contra a intolerância e o preconceito, combatendo aos discursos intolerantes com a divulgação dos fatos.
 Todavia, toda publicação, gera opiniões diferentes que em muitos casos, criam as demandas do assistente social, e na atuação da profissão, se mantem dentro da neutralidade identificando a ideologia política dos dominantes e dominados.
Como vimos no presente estudo, que desde o início do movimento de reconceituação do serviço social, o profissional do serviço social, rompeu com o conservadorismo e o tradicionalismo que perpetrava, criando um Projeto Ético Político apto a construir um novo modelo de pensar e agir.
As principais alterações propostas pelos governantes, sustentam que são imprescindíveis a continuidade da seguridade social e o trabalho, todavia, configuram-se como retroativas e com grandes prejuízos à classe trabalhadora. 
Diante das mudanças, é tarefa do Assistente Social brasileiro resistir à contrarreforma, se mobilizando e utilizando das principais ferramentas de trabalho da categoria, que é a informação, para dialogar com quem mais será atingido pela regressão de direitos que o Brasil vive, ou seja, a população mais pobre.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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