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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOS TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
ROSELI CORTEZ
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Curso de 
	RESUMO	
O transtorno autista (ou autismo infantil) faz parte de um grupo de transtornos do neurodesenvolvimento denominados Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TIDs) ou Transtornos do Espectro do Autismo (TEAs). Esse grupo de transtornos compartilha sintomas centrais no comprometimento em três áreas específicas do desenvolvimento, a saber: déficits de habilidades sociais, déficits de habilidades comunicativas (verbais e não-verbais) e presença de comportamentos, interesses e/ou atividades restritos, repetitivos e estereotipados. O objetivo principal do artigo é oferecer uma revisão geral acerca do que vem a ser o transtorno autista e ressaltar os fatores críticos que devem ser considerados durante o processo diagnóstico. Além do transtorno autista, fazem parte desse grupo o transtorno (ou síndrome) de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância (ou outro transtorno desintegrativo da infância), o transtorno (ou síndrome) de Rett e o transtorno global do desenvolvimento – sem outra especificação (incluindo o autismo atípico)
Palavras-chave: 
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INTRODUÇÃO
Os Transtornos Globais do Desenvolvimento - TGD - representam uma categoria na qual estão agrupados transtornos que têm em comum as funções do desenvolvimento afetadas. Entretanto, este conceito é recente e só pode ser proposto devido aos avanços metodológicos dos estudos e à superação dos primeiros modelos explicativos sobre o autismo (BELISARIO FILHO, 2010). 
Kanner (1943) apud Belisário Filho (2010, p. 08)�, coloca que:
Desde 1938, chamaram-nos a atenção várias crianças cujo quadro difere tanto e tão peculiarmente de qualquer outro tipo conhecido até o momento que cada caso merece - e espero que venha a receber com o tempo - uma consideração detalhada de suas peculiaridades fascinantes. 
O termo autismo foi utilizado pela primeira vez em 1911, por Bleuler, para designar a perda de contato com a realidade e consequente dificuldade ou impossibilidade de comunicação. O médico austríaco radicado nos Estados Unidos da América - Leo Kanner - observou onze crianças que passaram por sua consulta e escreveu o artigo: "Os transtornos autistas do contato afetivo". Com base nos aspectos que chamaram a atenção de Kanner, pode-se dizer que ele identifica como traço fundamental do autismo a "incapacidade para relacionar-se normalmente com as pessoas e as situações" ( Kanner, 1943, p. 20).
Poucos meses depois de Kanner, o médico vienense Hans Asperger descreveu os casos de várias crianças vistas e atendidas na Clínica Pediátrica Universitária de Viena. Asperger não conhecia o trabalho de Kanner e "descobriu" o autismo de modo independente. Publicou suas observações em 1944: "A Psicopatia autista na infância". As descrições do autismo feitas por Asperger foram publicadas em alemão, no pós-guerra, e não foram traduzidas para outra língua, o que provavelmente contribuiu para prolongar o período de desconhecimento a respeito de seus estudos, até a década de 80.
De acordo com Belisário Filho (2010), até a década de 60, o autismo foi considerado um transtorno emocional, causado pela incapacidade de mães e/ou pais de oferecer o afeto necessário durante a criação dos filhos. Isso produziria alterações graves no desenvolvimento de crianças. A formulação dessa hipótese se baseava apenas na descrição de casos, e não havia comprovação empírica. 
Posteriormente, essa correlação se mostrou falsa, pois estudos mostraram que não havia diferença significativa entre os laços afetivos de pais de crianças autistas e de outras crianças. Além disso, novos estudos evidenciavam a presença de distúrbios neurobiológicos. Durante as duas décadas seguintes, pesquisas empíricas, rigorosas e controladas levaram à hipó- tese da existência de alteração cognitiva que explicaria as características de comunicação, linguagem, interação social e pensamento presentes no autismo. Nesse período de tempo, surgiram escolas específicas para pessoas com autismo (BELISARIO FILHO, 2010). 
No entanto, a partir das pesquisas fundamentadas em dados o autismo passa a ser estudado e compreendido enquanto um transtorno do desenvolvimento. Deixa de ser apontado como uma psicose infantil para ser entendido como um Transtorno Global (ou Invasivo) do Desenvolvimento.
O conceito de Transtornos Globais do Desenvolvimento surge no final dos anos 60, derivado especialmente dos trabalhos de M. Rutter e D. Cohen (2005) e traduz a compreensão do autismo como um transtorno do desenvolvimento. 
A partir desses estudos, o autismo é explicado e descrito como um conjunto de transtornos qualitativos de funções envolvidas no desenvolvimento humano. Isso permitiu que o autismo não fosse mais classificado como psicose infantil, termo que acarretava um estigma para as famílias e para as próprias crianças com autismo. 
Além disso, o modelo permite uma compreensão adequada de outras manifestações de transtornos dessas funções do desenvolvimento que, embora apresentem semelhanças, constituem quadros diagnósticos diferentes. A compreensão dos transtornos classificados como TGD, a partir das funções envolvidas no desenvolvimento, aponta perspectivas de abordagem, tanto clínicas quanto educacionais, bastante inovadoras, além de contribuir para a compreensão dessas funções no desenvolvimento de todas as crianças.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ( DSM-IV), o funcionamento anormal nas áreas acima citadas deve estar presente aos 3 anos. Mais de dois terços dos indivíduos com transtorno do espectro autista têm retardo mental, mas este não é necessário para diagnóstico.
O DSM- IV mantém a categoria de transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação para pacientes que apresentam um comprometimento qualitativo nas interações sociais recíprocas e na comunicação verbal e não verbal mas não satisfazem os critérios plenos para o transtorno autista. O mesmo inclui diversos transtornos invasivos do desenvolvimento: transtorno de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperge (DSM- IV,2005). 
O transtorno de Rett parece ocorrer exclusivamente em meninas, sendo caracterizado por um desenvolvimento normal por pelo menos seis meses, seguido por um curso de desenvolvimento degenerativo. Tipicamente a criança começa a apresentar movimentos esteriotipados das mãos, uma perda nos movimentos intencionais, diminuição no envolvimento social, fraca coordenação e diminuição no uso da linguagem. No transtorno desintegrativo da infância, o desenvolvimento progride normalmente durante os dois primeiros anos, após o que a criança apresenta uma perda das habilidades adquiridas anteriormente em duas ou mais áreas: uso da linguagem, respostas sociais, jogos, habilidades motoras e contole esfincteriano. O transtorno de Asperger é uma condição na qual a criança apresenta um acentuado comprometimento da conexão social e padrões repetitivos e esteriotipados de comportamento sem um atraso no desenvolvimento da linguagem. As capacidades cognitivas e adaptativas da criança são normais.
Segundo Kaplan (1997): ¨Leo kanner, em 1943, cunhou o termo autismo infantil e forneceu uma descrição clara e abrangente da síndrome da primeira infância. Ele descreveu crianças que exibiam extrema solidão autista, incapacidade para assumir uma postura antecipatória , desenvolvimento da linguagem atrasado ou desviante, com ecolalia e inversão pronominal ( usar ¨você¨ ao invés de ¨eu¨), repetições monótonas de sons ou expressões verbais, excelente memória de repetição, limitação na variedade de atividades espontâneas, esteriotipias e maneirismos, desejo ansiosamente obsessivo pela manutenção da uniformidade, pavor de mudança e imperfeição, relação anormais com outras pessoas e preferência por figuras ou objetos inanimados.¨(p.979)
Em 1954, Kanner continuou descrevendo o autismo como uma psicosereferindo-se a todos os exames clínicos e laboratoriais sem dados consistentes diferenciando-os em relação dos quadros deficitários sensoriais como a afasia congênita e dos quadros ligados as oligofrenias.
Em 1967, Rutter fez uma análise critica das evidências empíricas encontradas acerca do autismo e considerou quatro características como principais: falta de interesse social; incapacidade de elaboração de linguagem responsiva; presença de conduta motora bizarra em padrões de brinquedo bastante limitados e início precoce, antes de trinta meses.
Em 1976, Ritvo relaciona o autismo a um déficit cognitivo, considerando-o não uma psicose, e sim um distúrbio do desenvolvimento.
Em 1978, Ritvo e Freedman diz que: O Conselho Consultivo Profissional da Sociedade Nacional para Crianças e Adultos dos Estados Unidos define o autismo como uma síndrome aparece antes dos trinta meses e que possui as seguintes características: distúrbios nas taxas e sequências do desenvolvimento; distúrbios nas respostas dos estímulos sensoriais; distúrbios na fala, na linguagem e capacidades cognitivas; distúrbios na capacidade de relacionar-se cm pessoas, eventos e objetos. 
Em 1990, Gillberg diz que: É altamente improvável que existam casos de autismo não orgânico frisando que o autismo é uma disfunção orgânica e não um problema dos pais e sim, biológico. E que o Autismo é hoje considerado como uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas em consequência de um distúrbio de desenvolvimento. Caracteriza-se por um déficit na interação social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado com déficit de linguagem e alterações de comportamento.
Na maior parte dos casos, o autismo começa antes dos 36 meses, mas pode não ser evidente aos pais. A maior frequência em meninos, mas as meninas autistas tendem a ser mais seriamente afetadas e a ter uma história familiar de comprometimento cognitivo.
O transtorno autista é um transtorno evolutivo-comportamental. Embora fosse considerado, inicialmente, como sendo de origem psicossocial ou psicodinâmica, acumulam-se muitas evidências a favor de um subtrato biológico.
Não existem evidências satisfatórias de que qualquer espécie de funcionamento familiar desviante leve ao desenvolvimento do transtorno autista. Contudo, algumas crianças autistas respondem aos estressores psicossociais com uma exarcebação dos sintomas.
 O transtorno e os sintomas autistas estão associados com rubéola congênita, fenilcetonúria (PKU), esclerose tuberosa e síndrome de Rett. Complicações da gravidez no primeiro trimestre são significativas. Quatro a 32% dos indivíduos autistas têm convulsões de grande mal em algum ponto da vida, e cerca de 20 a 25% dos autistas apresentam aumento ventricular em tomografias computadorizadas. Várias anormalidades eletrocefalográficas (EEG) são encontradas em 10 a 83% das crianças autistas, e, embora nenhum achado no EEG seja específico do autismo infantil, existem algumas indicações de falha de lateralização cerebral. O lobo temporal foi sugerido como uma parte critica do cérebro possivelmente anormal no transtorno. Um número diminuído de células de Purkinje no cérebelo, resultando potencialmente em anormalidades da atenção, excitação e processos sensoriais. Um terço dos pacientes com transtorno autista em serotonina plasmática elevada. Um aumento do ácido homovanílico (HVA, o principal metabólito dopaminíco) no liquor está associado com maior retraimento e esteriotipias.
Com as definições dos autores acima citados formou a base para os critérios diagnósticos do autismo nas duas principais classificações dos transtornos mentais CID 9,10 e DSM-III-R e IV
Além desses aspectos diagnósticos específicos, a criança autista frequentemente demonstra uma série de outros problemas não específicos, como medos, fobias alterações do sono e da alimentação e ataques de birra e agressão. Na ocorrência de retardo mental grave associado, é bastante comum a auto-agressão. Outros sintomas também são comuns. O DSM-IV, 1995, refere a uma hiper ou hiporreação a estímulos sensoriais, como a luz, dor ou som. É comum a não identificação de perigos reais como veículos em movimentos ou grandes alturas.
Ao DSM-IV (1996), é relatado como um quadro iniciado aos três anos de idade, com prevalência de quatro a cinco crianças em cada 10.000, com um predomínio maior em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1) e decorrente de uma vasta gama de condições pré, peri ou pós-natais.
Para seu diagnóstico, pelo DSM-IV (1996) são necessários: 
Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), Um de (2) e um de (3):
Prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:
Prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, postura corporal e gestos para regular a interação social.
Fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento.
Falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por ex: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse).
Falta de reciprocidade social e emocional.
Prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por pelo um dos seguintes aspectos:
Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanha por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como: gestos ou mímica).
Em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação.
Uso esteriotipado e repetido da linguagem ou linguagem idiossincrática.
Falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos, apropriados ao nível de desenvolvimento.
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos:
Preocupação insistente com um ou mais padrões esteriotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco.
Adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não funcionais.
Maneirismos motores esteriotipados e repetitivos (por ex: agitar ou torcer as mãos ou dedos, ou movimentos complexos do todo o corpo).
Preocupação persistente com partes de objetos.
Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade: (1) interação social (2) linguagem para fins de comunicação social, ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos.
A perturbação não é a melhor explicada por transtorno de Rett ou transtorno. Desintegrativo da infância.
 Pelo CID-10 (1993) encontramos o conceito de Transtornos.
Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia de aparecimento na infância, retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto na linguagem receptivo/expressiva, surdez congênita ou transtorno severo da audição, privação psicossocial, e psicoses degenerativas.
Os objetivos do tratamento constituem em diminuir os sintomas comportamentais e auxiliar no desenvolvimento de funções atrasadas, rudimentares ou inexistentes tais como linguagem e habilidades de autonomia. Além disso, os pais, frequentemente angustiados, precisam de apoio e aconselhamento.
O treinamento estruturado em sala de aula em combinação com métodos comportamentais é o método mais eficaz para muitas crianças autistas, sendo superior a outros tipos de abordagem comportamental. Estudos controlados indicam a obtenção de progressos nas áreas de linguagem e cognição, bem como uma redução do comportamento mal-adaptativo, com o uso deste método. O treinamento e a instrução individual dos pais nos conceitos e capacidades de modificação do comportamento e a resolução dos seus problemas e preocupações dentro de um esquema específico podem produzir consideráveis ganhos na linguagem e nas áreas do comportamento cognitivo e social da criança. Entretanto, os programasde treinamento são rigorosos e exigem uma grande parcela de tempo dos pais. A criança autista requer a maior estrutura e um programa diário com o máximo de horas possível.
Embora nenhuma droga tenha se mostrado especifica para o transtorno autista, a psicofarmacoterapia é um coadjuvante valioso aos programas de tratamento abrangentes.
Transtorno de Rett
Em 1965, o médico austríaco Andreas Rett identificou uma síndrome em 22 meninas que pareciam haver tido um desenvolvimento normal por um período de, pelo menos, seis meses, seguido por uma deterioração evolutiva devastadora. Embora poucos estudos tenham sido realizados, aqueles disponíveis indicam uma prevalência de 6 a 7 casos de transtorno de Rett por 100.000 meninas, seja compatível com um transtorno metabólico. É provável que o transtorno tenha uma base genética.
 
Critério de diagnóstico para Transtorno de Rett, segundo o DSM-IV:
Todos os quesitos abaixo:
Desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normal.
Desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os cinco meses após o nascimento.
Período cefálico normal ao nascer.
Inicio de todas as seguintes características após o período de desenvolvimento normal:
Desaceleração do crescimento craniano entre os 5 aos 48 meses de idade.
Perda de habilidades voluntárias anteriormente adquiridas das mãos ente os 5 aos 30 meses de idade, com desenvolvimento subsequente de movimentos esteriotipados das mãos.
Perda do envolvimento social precocemente no curso do transtorno.
Aparecimento de marcha ou movimentos do tronco fracamente coordenados .
Grave comprometimento do desenvolvimento da linguagem expressiva ou receptiva, como severo retardo psicomotor.
Algumas crianças com transtorno de Rett recebem diagnósticos iniciais de transtorno autista em vista de deficiência acentuada nas interações sociais em ambos os transtornos. Entretanto, os dois transtornos têm algumas diferenças previsíveis:
 No transtorno de Rett, a criança mostra uma deterioração nos marcos evolutivos, perímetro cefálico e crescimento geral; No transtorno autista, o desenvolvimento aberrante na maioria dos casos está presente desde cedo. 
No transtorno de Rett, movimentos específicos e caracterizados das mãos estão sempre presentes; no transtorno autista, uma variedade de maneirismos de mãos pode ocorrer ou não. Fraca coordenação, ataxia e apraxia previsivelmente fazem parte do transtorno de Rett; muitos indivíduos com transtorno autista têm funções motoras amplas sem anormalias perceptíveis.
 No transtorno de Rett as aptidões verbais em geral, perdem-se completamente, no transtorno autista, o paciente usa uma linguagem caracteristicamente aberrante. A irregularidade respiratória é característica do transtorno de Rett, as convulsões frequentemente aparecem cedo; no transtorno autista, não é vista uma desorganização respiratória e não se desenvolvem convulsões na maioria dos pacientes; quando chegam a ocorrer, dá-se mais frequentemente na adolescência que na infância. Os indivíduos que vivem até na idade adulta tem um nível cognitivo equivalente o primeiro ano de vida.
O tratamento visa a intervenção sintomática. A fisioterapia tem sido benéfica para a disfunção muscular. A terapia comportamental é útil para o controle de comportamento autodestrutivos, como ocorre no tratamento do transtorno autista, e pode ajudar a regular a desorganização respiratória. 
Transtorno de Desintegrativo da Infância
	O transtorno desintegrativo da infância, também conhecido como síndrome de Heller e como psicose desintegrativa, foi descrito em 1908 como uma deterioração ao longo de vários meses das funções intelectuais, sociais e da linguagem, ocorrendo em crianças de 3 a 4 anos de idade com funções anteriormente normais. Após a deterioração, as crianças assemelham-se bastante aquelas com transtorno autista. Estima-se que este transtorno tenha um décimo da frequência do transtorno autista, e a prevalência está estimada em cerca de um caso em 100.000 meninos. A razão de meninos para meninas parece estar entre 4 a 8 meninos para uma menina. A causa é desconhecida mas tem-se associado com outras condições neurológicas, incluindo transtornos convulsivos, esclerose tuberosa e vários transtornos metabólicos.
	O diagnóstico é feito com base nos aspectos que se ajustam à idades característica de inicio, quadro clinico e curso. O inicio dos caos relatados tem variado de 1 a 9 anos de idade, mas, na vasta maioria, o inicio ocorre entre os 3 a 4 anos de idade. De acordo com o DSM- IV, a idade mínima de inicio é de 2 anos. O inicio pode ser insidioso ao longo de vários meses ou ser relativamente abrupto, com uma diminuição das aptidões, ocorrendo em dias ou semanas. Em alguns casos, a criança exibe inquietação, nível de atividade aumentado e ansiedade, antes da perda da função.
	Critérios Diagnósticos para Transtornos Desintegrativo da Infância, segundo o DSM-IV:
Desenvolvimento aparentemente normal, pelo menos, durante os 2 primeiros anos após o nascimento, manifestado pela presença de comunicação verbal e não-verbal, relacionamentos sociais, jogos e comportamento adaptativo apropriados a idade.
Perda clinicamente significativa das habilidades anteriormente adquiridas (antes dos 10 anos) em, pelo menos, duas das seguintes áreas:
(1). Linguagem expressiva ou receptiva;
(2). Habilidades sociais ou comportamento adaptativo;
(3). Controle esfincteriano;
(4). Jogos;
(5). Habilidades motoras.
Anormalidades do funcionamento em, pelo menos, duas das seguintes áreas:
(1). Comprometimento qualitativo na interação social (por ex. prejuízo nos comportamentos não-verbais, fracasso para desenvolver relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social e emocional)
(2). Comprometimento qualitativo na comunicação (por ex. atraso ou ausência de linguagem falada, incapacidade para iniciar ou manter uma conservação, uso estereotipado e repetitivo da linguagem, falta de jogos variados de faz-de-conta).
(3). Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, incluindo estereotipias motoras e maneirismos.
A perturbação não é melhor explicada por outro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento específico ou por esquizofrenia.
	Os aspectos fundamentais do transtorno incluem uma perda das habilidades de comunicação, acentuada regressão nas interações recíprocas e o inicio de movimentos estereotipados e comportamentos compulsivo. Os sintomas afetivos são comuns, particularmente ansiedade, assim como a regressão das habilidades de auto-ajuda, tais como o controle esfincteriano. Para receber o diagnóstico, a criança deve exibir uma perda das habilidades em duas das seguintes áreas: linguagem, comportamento social ou adaptativo, controle urinário ou intestinal,jogos e habilidades motoras. Anormalidades devem estar presentes em, pelo menos, duas das seguintes categorias: interação social recíproca, hablidades de comunicação e comportamento estereotipado ou restrito. O principal aspecto neurológico associado é o transtorno convulsivo.
	O diagnóstico diferencial do transtorno degenerativo da infância inclui o transtorno autista e transtorno de Rett. Em muitos casos, características clinicas sobrepõem-se aquelas do transtorno autista, mas o transtorno degenerativo da infância distingue-se do transtorno autista pela perda do desenvolvimento anteriormente adquirido. Antes do início do transtorno desintegrativo da infância ( ocorrendo aos 2 anos de idade ou mais tarde), a linguagem geralmente progrediu para a formação de frases. Esta habilidade é acentuadamente diferente da história pré-morbida até mesmo dos pacientes autistas com o mais alto funcionamento, nos quais a linguagem geralmente não excede palavras ou frases isoladas antes do diagnóstico do transtorno. Uma vez que o transtorno ocorra, entretanto, as crianças com transtorno desintegrativo da infância tem maior propensão a não terem qualquer aptidão para a linguagem do que pacientescom transtorno autista que apresentam o mais alto grau de funcionamento. 
	No transtorno de Rett, a deterioração ocorre mais cedo que no transtorno degenerativo da infância, e as características e estereotipias o transtorno de Rett não ocorrem no transtorno desintegrativo da infância. 
	O curso do transtorno desintegrativo da infância é variável, com um platô sendo alcançado na maiori dos casos, um curso de deterioração progressiva em raros casos e alguma melhora em casos ocasionais, ao ponto de a criança reconquistar a capacidade para falar frases. A maioria dos pacientes permanece com, pelo menos, um retardo mental moderado.
	Em vista da semelhança clínica com o transtorno autista, o tratamento do transtorno desintegrativo da infância é o mesmo para o transtorno autista.
	Transtorno de Asperger
	Em 1944, o médico austríaco Hans Asperger descreveu uma síndrome à que chamou de ¨psicopatia autista¨. A descrição original dizia respeito a pessos com inteligência normal, que exibem um comprometimento qualitativo da interação social recíproca e estranhezas comportamentais sem atrasos no desenvolvimento da linguagem. Desde então, indivíduos com retardo mental, mas sem atraso de linguagem, tem recebido o diagnóstico de transtorno de Asperger, e indivíduos com atraso da linguagem, mas sem retardo mental, tem recebido diagnostico.
	Na décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID10), o transtorno de Asperger é chamado de síndrome de Asperger e é caracterizado por comprometimento social qualitativo, ausência de linguagem significativa e atrasos cognitivos e a presença de interesses e comportamentos restritos.A avaliação da prevalência do transtorno é difícil em vista da falta de estabilidade dos critérios diagnósticos. A causa deste transtorno leva a hipóteses genéticas, metabólicas, infecciosas e perinatais.
	As características clinicas incluem, pelo menos, duas das seguintes indicações de comprometimento social qualitativo: gestos comunicativos não-verbais acentuadamente anormais, fracasso para desenvolver relacionamentos com seus pares, falta de reciprocidade social e emocional, e capacidade prejudicada para expressar prazer pela felicidade de outras pessoas. Interesses restritos e padrões limitados de comportamento estão sempre presentes. De acordo com o DSM-IV, o paciente não apresenta atraso da linguagem, atraso cognitivo clinicamente significativo ou prejuízo adaptativo.
	O diagnóstico diferencial inclui transtorno autista, transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação e, em pacientes que se aproximam da fase adulta, transtorno da personalidade esquizoide. De acordo com o DSM-IV, as distinções mais óbvias entre o transtorno de Asperger e o transtorno autista são os critérios envolvendo atraso e disfunção na linguagem é uma exigência para o transtorno de Asperger, mas o comprometimento da linguagem é um aspecto básico no transtorno autista.
	O tratamento depende do nível de funcionamento adaptativo do paciente. Para aqueles com severo prejuízo social, algumas das mesmas técnicas usadas para o transtorno autista tendem a ser benéficas no tratamento do transtorno de Asperger.
	Transtorno de Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação
	O transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação deve ser diagnosticado, quando uma criança manifesta um comprometimento qualitativo no desenvolvimento da interação social recíproca e habilidades de comunicação verbal ou não-verbal mas não satisfaz os critérios para outros transtornos invasivos do desenvolvimento, esquizofrenia ou transtorno da personalidade esquizotípica ou esquiva. Algumas crianças com este diagnóstico exibem um repertório acentuadamente restrito de atividades e interesses. Esta condição geralmente mostra um resultado melhor do que o distúrbio autista.
	O enfoque é, basicamente, o mesmo que o distúrbio autista. A educação escolar normal pode ser possível. Comparadas com as crianças autistas, aquelas com transtorno invasivos do desenvolvimento (SOE), em geral, tem melhores habilidades de linguagem e maior autoconsciência, de modo que são melhores candidatas a psicoterapia.
	
 Referências Bibliográficas
	JR, Walter Camargos e colaboradores. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. 3º Milênio. Brasília. 2010
	FREITAS, Elizabete Viana de; PY, Ligia. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Editora Guanabara Koogan.
	KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.: GREBB Jack A. Compêndio de Psiquiatria. Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Editora Artes Médicas. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento. Cap. 10. Pag 979 a 988.
 	ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual de Estatística e Diagnóstica de Transtornos Mentais (DSM IV TM) 4. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 
Belisário Filho, José Ferreira. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : transtornos globais do desenvolvimento - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 9. 
KANNER, L. (1997/1943) Os distúrbios autísticos do contato afetivo. In Rocha, P.S.
(org.) Autismos. S. Paulo: Editora Escuta
Rutter M. Genetic influences in autism. In: Volkmar F, Paul R, Klin A, Cohen D, editors. Handbook of autism and pervasive developmental disorders. 3rd ed. New York: Wiley; 2005. Volume 1, Section III, Chapter 16, p. 425-52.   
� Belisário Filho, José Ferreira. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : transtornos globais do desenvolvimento - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 9.

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