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17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/9 MÓDULO V – TEXTO 2 REGRAS MORAIS E REGRAS JURÍDICAS: O CIRCUITO DO DEVERSER[1] As regras jurídicas não estão isoladas na constituição do espaço do deverser social. Há discursos fundantes de práticas determinadoras de comportamento, dos quais temos a religião como dispersora de modos de ação (corretos, bons, adequados, virtuosos), a moral como constitutiva de um grupo de valores predominantes para um grupo ou para uma sociedade (e suas derivações, como a moral dos justos, a moral dos vencedores, a moral do “morro”, a moral da prisão), as regras do agir no trabalho constitutivas de ordem e imperativos de eficácia e organização funcional (sem que necessariamente sejam regras jurídicotrabalhistas), entre os quais aparece o discurso jurídiconormativo. A norma jurídica é mais uma das possíveis formas de constituição de mecanismos de subjetivação dos indivíduos, pertencendo à ordem das regras imperativas, politicamente determinadas, objetivamente apresentadas, das quais, sob nenhuma excusa (salvo as previstas em lei), podese deixar de cumprir. Assim, o grande grupamento da deontologia, o estudo das regras de deverser, coloca a experiência moral ao lado da experiência religiosa e da experiência jurídicopolítica. Podese mesmo estudar a autonomia do Direito em face das outras experiências, o que se fará a seguir, mas não se poderá fazêlo sem considerar a importância de vislumbrar que a matéria da qual se constitui toda a experiência jurídica advêm do caudal das influências das demais regras de deverser. Digase, de princípio, que: O Direito é forma, a qual se apropria das experiências gerais da sociedade (incluídas as morais dos grupos, as reflexões religiosas, os imperativos políticos, as ideologias reinantes etc.) para colocálas sob uma forma, que passa a determinar esta substância ou este conteúdo como juridicamente determinado e vinculante. Uma sociedade hipócrita em seus valores tende a ter um Direito que resguarda sua hipocrisia (moral hipócrita). Uma sociedade democrática, livre, madura politicamente, eticamente responsável, tende a conceber os seus direitos a partir desses valores. Moral e Direito face a face O tema da relação entre Direito e Moral, normalmente, é tratado de forma que se indique a experiência moral e a norma moral como anteriores, sobretudo tendose em vista o cronológico surgimento das regras de Direito relativamente às regras da moral. Costumase também afirmar que a norma moral é interior, prescindindo de qualquer fenômeno exterior, como geralmente ocorrer com o fenômeno 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/9 jurídico. Afirmase, ainda, que a norma moral não é cogente, pois não pode dispor do poder punitivo de uma autoridade pública para fazer valer seus mandamentos, recorrendose, normalmente, a sanções diferenciadas das jurídicas (consciência, rejeição social, vergonha). E, por fim, afirmase que a norma moral não é sancionada nem promulgada, pois estas são as características de normas estatais que se regulamentam dentro de um procedimento formal, complexo e rígido, com o qual se dá publicidade aos mandamentos jurídicos. No entanto, os autores que enunciam essas notas diferenciais entre ambos os grupos de normas; de um lado, as jurídicas; de outro lado, as morais, reconhecem a falibilidade que os afeta. A isso tudo se acresça ainda a necessidade de segurança jurídica para ter Direito, fator que propicia a criação de outras necessidades internas ao sistema jurídico, que acabam por tornálo fenômeno peculiar: criação de autoridades; divisão de competências; imposição de formas jurídicas; procedimentalização dos atos; discriminação taxativa de fatos, crimes, direitos, deveres e outras.[2] Os esforços de diferenciar Direito e moral não devem ser maiores que os de demonstrar suas imbricações. O Direito pode caminhar em consonância com os ditames morais de uma sociedade, assim como andar em dissonância com os mesmos. Na primeira hipótese, estáse diante de um Direito moral e, na segunda hipótese, estáse diante de um Direito imoral. Essas expressões bem retratam a pertinência ou impertinência do Direito com relação às aspirações morais da sociedade.[3] O curioso é dizer que o Direito imoral, apesar de contrariar sentidos latentes axiologicamente na sociedade, ainda assim é um Direito exigível, que obriga, que deve ser cumprido, que submete a sanções pelo não cumprimento de seus mandamentos, ou seja, que pode ser realizado. Em outras palavras, o Direito imoral, é tão válido quanto o Direito moral. Este, no entanto, é mais desejável, pois em sua base de formação se encontra o consentimento popular, ou seja, o conjunto de balizas morais de uma sociedade, refletindo anseios e valores cristalizados de modo expressivo e coletivo. Se a moral demanda do sujeito uma atitude (solidariedade), seu estado de espírito, sua intenção e se convencimento interiores devem estar direcionados no mesmo sentido vetorial das ações exteriores que realiza (intenção solidária, e não interesseira).[4] É certo que a norma ética se constitui, na mesma medida da norma jurídica, de um comando de ordenação e orientação da conduta humana (dever ser), tornandose critério para averiguação da ação conforme ou desconforme, mas há que se notar esse diferencial.[5] Se o Direito demanda do sujeito uma atitude (não matar), conformase com a simples não ocorrência do fato considerado criminoso, não arguindo acerca da volição (rivalidade). De fato, o que se há de dizer é que a moral se caracteriza por uma série de dados (espontaneidade, consciência, unilateralidade, conduta interior) que a faz algo distinto do Direito (coercitividade, bilateralidade, heteronomia, atributividade). [6] 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/9 São provas que corroboram a tese da intensa intimidade do Direito com a moral, a saber: a) a obrigação natural (ex.: dívida de jogo) descrita no art. 814 do novo Código Civil. Tratase de obrigação puramente moral, não exigível juridicamente, mas que, se solvida, não pode ser motivo de ação judicial (pedido impossível). Temse aí a absoluta indiferença do Direito por um ato (não pagamento de dívida decorrente de obrigação natural) moralmente recriminável; b) o incesto não é considerado crime no sistema jurídico repressivo brasileiro, inexistindo tipo penal específico para a apenação do agente. Não obstante a indiferença legal sobre o assunto, tratase de um típico comportamento moralmente condenável; c) a preocupação constitucional com o princípio da moralidade pública, expressa no art. 37, da Constituição Federal, caput: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”. Aqui se comprova a relevância do princípio moral para a própria organização, manutenção e credibilidade cívica dos serviços públicos. O que é moralmente recomendável tornouse juridicamente exigível do funcionalismo público; d) toda a teoriado negócio jurídico e dos tratos comerciais circula em torno da ideia de boafé, estabelecendo inúmeras presunções a ela concernentes (art. 164, C. Civil, 2002); e) o mau proceder moral dos pais, do ponto de vista moral, pode acarretar efeitos jurídicos sobre o poder familiar, conforme se verifica da leitura deste artigo da legislação civil (art. 1.638, C. Civil, 2002); f) os próprios princípios gerais de Direito, de possível aplicabilidade em todos os ramos do Direito na falta de norma jurídica específica (art. 4º, LICC), têm origem ética (a ninguém lesar – neminem laedere; dar a cada um o seu – suum cuique tribuere; viver honestamente – honeste vivere); g) fica o juiz autorizado, jurídica e formalmente, em caso de lacuna da lei, a aplicar os costumes como forma de solução de litígios (art. 4º, LICC). Até mesmo do ponto de vista histórico, podese provar a intrínseca relação do Direito com a moral. Isso porque, a princípio, eram indistintas nas comunidades primitivas as práticas jurídicas, as práticas religiosas e as práticas morais. A sacralidade, o espiritualismo e o ritualismo das antigas práticas jurídicas e de suas fórmulas denunciam essa intrínseca relação.[7] O que há que se questionar agora é qual a relação mantida entre Direito e moral, visto que foram analisados os principais aspectos que caracterizam cada qual dos ramos normativos. E, nesse sentido, só se pode afirmar que o Direito se alimenta da moral, tem seu surgimento a partir da moral, e convive com a moral continuamente, enviandolhe e recebendo novos conceitos e normas. A moral é, e deve sempre ser, o fim do Direito.[8] 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/9 Com isso, podese chegar conclusão de que Direito sem mora, ou Direito contrário às aspirações morais de uma comunidade, é puro arbítrio, e não Direito.[9] Conclusões A ordem mora, por ser espontânea, informal e não coercitiva, distinguese da ordem jurídica. No entanto, ambas não se distanciam, mas se complementam na orientação do comportamento humano. A axiologia é, portanto, capítulo de fundamental importância para os estudos jurídicos, visto que dá cristalização reiterada e universal por meio dos costumes diante do surgimento de exigências normativas jurídicas. Apesar dos esforços teóricodidáticos no sentido de diferenciar Direito e moral, não se pode perceber senão uma profunda imbricação entre o exercício do juízo jurídico e o exercício do juízo mora; podese até mesmo perceber esta interrelação no ato decisório do juiz, sempre sobrecarregado pelas inflexões pessoais, costumeiras, axiológicas, contextuais e socioeconômicas que circundam o caso sub judice. Direito e justiça Justiça: valor absoluto ou relativo? A ideia de justiça, independentemente de qualquer tomada de posição, traduz uma complexidade de expectativas que tornam difícil sua conceituação. Reconhecendo a pluralidade de perspectivas em que se desdobra a ideia de justiça, podemse detectar, no curso da história do pensamento ocidental, inúmeras corrente sobre o justo e o injusto, que se assinalam como habilitadas à discussão e à resposta para a pergunta: o que é a justiça? De fato, são inúmeras as tendências acerca da justiça, e entre elas podemse apontar as seguintes: teoria sofista, teoria socrática, teoria platônica, teoria aristotélica, doutrina cristã, teoria agostiniana, teoria tomista, teoria rousseauniana, teoria kantiana, teoria hegeliana, teoria kelseniana, teoria rawlsiana.[10] No entanto, entre essas todas ressaltase o fato de que o pensamento ocidental e, inclusive, os ordenamentos jurídicos e as doutrinas jurídicas sofreram profundas e diretas influencias das seguintes ideias: a) de Platão advém uma herança segundo a qual a justiça é virtude suprema; b) de Aristóteles advém uma herança segundo a qual a justiça é igualmente proporcionalidade; c) dos juristas romanos advém uma herança segundo a qual a justiça é vontade de dar a cada um o seu (iustitiaest constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi).[11] Independentemente da assunção de qualquer resposta mais imediata à dimensão filosófica da justiça, devese ressaltar o fato de que inclusive as tendências mais modernas de teoria jurídicas têm dado importância a esta para a vivência das experiências jurídicas, contrapondose, dessa forma, ao mero formalismo decorrente do predomínio da filosofia positivista no seio das 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/9 ideias jurídicas do século XX. Chegar o juiz a uma decisão justa, esta deve ser a meta de toda atividade jurisdicional; orientar o juiz nesse empreendimento, esta deve ser a meta da doutrina e da teoria do Direito. Nesse sentido, contribuem as posições e as ideias de inúmeros pensadores contemporâneos.[12] Nesse tipo de preocupação, o positivismo vê na justiça um absurdum ser combatido, pois sua realidade seria metafísica e impossível de ser conceituada. Chaïm Perelman ocupa papel nessa discussão sobre a justiça. [13] Isso porque, além de tratar da questão da justiça, trazendoa novamente para o seio das preocupações jurídicas[14], vê como saída o impasse de sua conceituação o uso da teoria da argumentação. Ora, para Perelman, os conflitos em torno da justiça, e de seus possíveis enfoques, podem ser dirimidos ante um método argumentativo, em que todas as oportunidades são oferecidas para a discussão dos valores envolvidos, emergindo do diálogo a razoabilidade das respostas. Chaïm Perelman, em seu ensaio sobre a justiça, não admite que esta seja um valor absoluto, mas relativo e impassível de ser definido pelo conhecimento; o valor é relativo e depende da crença de cada qual. Ora, desta forma, Perelman aponta como saída para o problema a elevação da questão pra o nível da razoabilidade prudencial do diálogo e da argumentação.[15] Portanto, é a discussão racional, sobre valores mais ou menos aceitos, que constitui o objeto de conhecimento sobre a justiça. Estudar justiça, segundo Perelman, é estudar valores, e valores relativos, que se discutem historicamente, socialmente, culturalmente. Em face desse relativismo, também reconhecido por Hans Kelsen,[16] não se pode afirmar algo diferente do que forçosamente se conclui: sendo um valor relativo, a justiça é passível de várias acepções, variáveis ao sabor das preferências, tendências, bem como das culturas, das ideologias, das políticas, devendo ser admitido que o valor absoluto da justiça não é palpável para o homem. Aliás, Platão mesmo, em suas investigações, torna clara a verdadeira natureza da justiça, que é transcendente e inacessível para os homens.[17] Justiça e finalidade do Direito A questão da justiça, quando vista como elemento fundante do ornamento jurídico, pode ser considerada como algo relacionado com a doação do sentido. Isso porque, desde a Antiguidade, a justiça sempre representou o preenchimento das práticas do Direito, que acabou por se transformar em um mero proceder técnico, vazio, sem conteúdo preciso, objeto de labor, na modernidade. A própria história da humanidade, de suas ideologias, bem como de suas tendências políticoeconômicas, tornou o Direito frágil, suscetível e vassalo aos desmandosdo poder político e econômico. O Direito, muitas vezes, arcabouço coercitivo da conduta humana social, se desprovido de essência e finalidade, serve a qualquer finalidade, independentemente de qualquer valor, podendo ser de importante utilidade para a dominação e o interesse de minorias. 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/9 No entanto, devese resgatar a ideia de que o preenchimento semântico do Direito pela ideia de justiça tem a ver com a teleologia do movimento do que é jurídico em direção ao que não é jurídico, mas é valorativo e deve ser a axiologia a se realizar: a justiça.[18] A justiça, porém, só se realiza se pensada como igualdade (aspecto material da justiça). Ela acontece, ela opera, ela se dá nas relações, ou seja, ela está presente nas relações humanas e corporificase como igualdade, que pode ser aritmética ou geométrica (aspecto formal da justiça), conforme se tenha em vista a igualdade absoluta ou a igualdade proporcional. A opção pela adoção da justiça geométrica, que tem em consideração a proporcionalidade (distribuição de deveres e direitos, permitindo a existência de desigualdades) ou a da aritmética (igualitarismo levado ao extremo) dependerá de códigos fortes e fracos prevalecentes axiologicamente na sociedade.[19] De qualquer forma, o que se percebe é que Direito e justiça são conceitos diferentes, que às vezes andam em sintonia, às vezes em dissintonia. Há que se ressaltar, no entanto, que se nem sempre o Direito caminha pari passu com a justiça, ainda assim ele a busca, nela deposita sua finalidade de existir e operar na vida social. O Direito deve ser o veículo para a realização da justiça. Em outras palavras, a justiça deve ser a meta do Direito. Ademais, a justiça não é coercível, é autônoma, correspondendo a uma norma moral, e não a uma norma jurídica. Normas jurídicas absorvem conteúdos de normas de justiça, funcionam como forma de compelir coercitivamente comportamentos injustos, de proscrevêlos socialmente, mas não há que se negar a natureza da justiça como norma moral, e não jurídica. Vistos esses aspectos do problema, devese admitir que, com essas características, a justiça, em face do Direito, está a desempenhar um tríplice papel, a saber: 1) Serve como meta do Direito, dotandoo de sentido, de existência justificada, bem como de finalidade; 2) Serve como critério para o seu julgamento, para sua avaliação, para que se possam aferir os graus de concordância ou discordância com suas decisões e práticas coercitivas; 3) Serve como fundamento histórico para sua ocorrência, explicandose por meio de suas imperfeições os usos humanos que podem ocorrer de valores muitas vezes razoáveis.[20] Conclusões A justiça funciona, como valor que norteia a construção históricodialética dos direitos, como fim e fundamento para expectativas sociais em torno do Direito. Apesar de a justiça ser valor de difícil contorno conceitual, ainda assim pode ser dita um valor essencialmente humano e profundamente necessário para as realizações do convívio humano, pois nela mora a semente da igualdade. Contrariando frontalmente o raciocínio positivista, é de se admitir que entre as tarefas do jurista se encontra propriamente esta, a de discutir o valor da 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/9 justiça. Nesse caminho, o importante não é nem mesmo a solução que se possa encontrar para o dilema, mas a aquisição de consciência a propósito de sua dimensão. O Direito pode ser dito um fenômeno sem sentido, com Tercio Samapio, se divorciado da dimensão da justiça, à medida que sua função técnico instrumental sirva às causas que garantem o convívio social justo e equilibrado. [1] Texto adaptado da obra Curso de Filosofia do Direito, 6ª Ed. da autoria de Eduardo C.B. Bittar & Guilherme Assis de Almeida, Ed. Atlas, São Paulo, 2008. [2] “Essas reflexões não significam, de modo algum, que o direito não possua uma especificidade, pela qual se afasta dos pontos de vista próprios da ética. Com efeito, a importância especial concedida em direito à segurança jurídica explica o papel específico do legislador e do juiz, tão oposto à autonomia da consciência que caracteriza a moral”. [3] Cf. Ferraz Júnior. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação, 1994, p. 326329. [4] “A qual dessas categorias pertencerá a Moral? Podemos dizer que a Moral é o mundo da conduta espontânea, do comportamento que encontra em si próprio a sua ração de existir. O ato moral implica a adesão do espírito ao conteúdo da regra”. (REALE. Lições preliminares de direito. 1994, p. 44). [5] “A norma ética estruturase, pois, como um juízo de dever ser, mas isto significa que ela estabelece, não apenas uma direção a ser seguida, mas também a medida da conduta considerada lícita ou ilícita. Se há, com efeito, algo que deve ser, seria absurdo que a norma não explicitasse o que deve ser feito e como se deve agir”. (REALE. Lições preliminares de direito. 1999, p. 36). [6] Cf. Reale. Lições preliminares de Direito. 1994, p. 57. "No tridimensionalismo, por exemplo, o direito é a um só tempo fato, valor e norma, ou seja, nele está imerso o juízo de valor, o costume, a axiologia... não podendo ser concebido como um fenômeno apartado da moral, com ela se relacionando intensamente" (Direito como experiência; Filosofia do direito; Lições preliminares de direito). [7] Cf. Gusmão. Introdução ao estudo do direito. 1999, p. 6770. [8] “A relação entre os seus respectivos domínios normativos consiste, em nossa opinião, sobretudo no seguinte: a moral é ao mesmo tempo, por um lado, o fim do direito, e, por outro, também, o fundamento da sua validade obrigatória” (RADBRUCH. Filosofia do direito. 1997, p.109). [9] "Estáse aqui a contrariar frontalmente a teoria normativista de Hans Kelsen. O Direito da Teoria Pura não pode ser por essência um fenômeno moral" (KELSEN. Teoria pura do direito. 1976, p.107). [10]Ver, a esse respeito, Bittar, Teorias sobre a justiça: apontamentos para história da filosofia do direito, 2000, p.1235. [11] GUSMÃO. Introdução a estudo do direito. 1999, p. 7173 [12] Nesse sentido se destacam Esser, Pawlowski, Kriele, Rawls. [13] Perelman aponta em um de seus artigos (Ubër die Gerechtigkeit) seis conceitos de justiça: “1.A cada um o mesmo; 2. A cada um segundo os seus méritos; 3. A cada um segundo as suas obras;4. A cada um segundo as suas necessidades; 5. A cada um segundo a sua posição; 6.A cada um o que lhe é devido pó lei” (LARENZ. Metodologia da ciência do direito. 1989, p. 204) . [14] "O mérito de Perelman é o de ter legitimado de novo a discussão do conceito de justiça com propósito cientificamente sério” (LARENZ. Metodologia da ciência do direito. 1989, p.208). [15] São sua palavras, citadas por Larenz: "deveseia deitar as mãos à obra, no sentido de elaborar uma lógica dos juízos de valor, na qual se tivesse como ponto de partida o modo como as pessoas raciocinam sobre valores.Isto deveria acontecer sob a forma de uma teoria de argumentação” (LARENZ. Metodologia da ciência do direito. 1989, p. 206). E isso é o que 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/9 realmente faz Perelman, posteriormente, inclusive ao lado de Tytea, durante seu percurso intelectualao escrever: Nova retórica, Ética e direito, Tratado da argumentação, entre outras obras ligadas à ideia do raciocínio valorativo, próprio do jurista. [16] KELSEN. O que é justiça? A justiça, o direito e a política no espelho da ciência, 1998, p. 2325 [17] A respeito, consultese Bittar, Teorias sobre a justiça, 2000, p. 932 [18] Cf. Ferraz Júnior. Introdução ao estudo do direito. 1991, p. 361 ss. [19] idem [20] GUSMÃO. Introdução ao estudo do direito. 1999, p. 73 Exercício 1: Leia as alternativas abaixo: I. O tema da relação entre Direito e moral é normalmente tratado de forma que se indique a experiência moral e a norma moral como anteriores, sobretudo tendose em vista o cronológico surgimento das regras de Direito relativamente às regras da moral. II. Costumase afirmar que a norma moral é exterior, prescindindo de qualquer fenômeno interior; como, geralmente, só ocorre com o fenômeno jurídico. III. Afirmase que a norma moral é cogente, pois pode dispor do poder punitivo de uma autoridade pública para fazer valer seus mandamentos; recorrendose, normalmente, a sanções diferenciadas das jurídicas. IV. Afirmase que a norma moral não é sancionada nem promulgada, pois estas são as características de normas estatais que se regulamentam dentro de um procedimento formal, complexo e rígido, com o qual se dá publicidade aos mandamentos jurídicos. Estão corretas: A Apenas as alternativas I e IV. B Apenas as alternativas II e III. C Apenas as alternativas III e IV. D Apenas as alternativas II e III. E Apenas as alternativas I, II e IV. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 2: 2) Assinale a alternativa correta quanto às provas que corroboram a tese da intensa intimidade do Direito com a moral, a saber: I. a obrigação natural (ex.: dívida de jogo) descrita no art. 814 do novo Código Civil. Tratase de obrigação puramente moral, não exigível juridicamente, mas que, se solvida, não pode ser motivo de ação judicial (pedido impossível). Temse aí a absoluta indiferença do Direito por um ato (não pagamento de dívida decorrente de obrigação natural) moralmente recriminável; II. o incesto não é considerado crime no sistema jurídico repressivo brasileiro, inexistindo tipo penal específico para a apenação do agente. Não obstante a indiferença legal sobre o assunto, tratase de um típico comportamento moralmente condenável; III. a preocupação constitucional com o princípio da moralidade pública, expressa no art. 37, da Constituição Federal, caput: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”. Aqui se comprova a relevância do princípio moral para a própria organização, manutenção e credibilidade cívica dos serviços públicos. O que é moralmente recomendável 17/08/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/9 tornouse juridicamente exigível do funcionalismo público; IV. toda a teoria do negócio jurídico e dos tratos comerciais circula em torno da ideia de boafé, estabelecendo inúmeras presunções a ela concernentes (art. 164, C. Civil, 2002); V. o mau proceder moral dos pais, do ponto de vista moral, pode acarretar efeitos jurídicos sobre o poder familiar, conforme se verifica da leitura deste artigo da legislação civil (art. 1.638, C. Civil, 2002); VI. os próprios princípios gerais de Direito, de possível aplicabilidade em todos os ramos do Direito na falta de norma jurídica específica (art. 4º, LICC), têm origem ética (a ninguém lesar – neminem laedere; dar a cada um o seu – suum cuique tribuere; viver honestamente – honeste vivere); VII. fica o juiz autorizado, jurídica e formalmente, em caso de lacuna da lei, a aplicar os costumes como forma de solução de litígios (art. 4º, LICC). a) Apenas a I, a III, a IV e a V; b) Apenas a II, a IV, a VI e a VII; c) Apenas a I, a II, a II e a IV; d) Apenas a IV, a V, a VI e a VII; e) Todas são corretas. A B C D E Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
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