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RESUMO BALTAZAR CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO

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CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
1. Conceito de Instituição Financeira
O art. 1º da Lei 7.492/86, norma penal explicativa, conceitua a instituição financeira para fins penais como “a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários”.
Da leitura do art. 17 da Lei 4.595/64 e do art. 1º da Lei 7.492/86 ressai que o conceito de instituição financeira em sentido penal é, ao menos neste aspecto, mais restrito que aquele da lei disciplinadora do mercado financeiro, uma vez que naquela somente será assim considerada a instituição que operar com recursos de terceiros (Santos: 163), enquanto nesta a circunstância de utilizar recursos próprios não afastará a qualidade de instituição financeira.
A forma societária é irrelevante, não importando o fato da empresa não estar organizada como uma sociedade anonima (trf1).
Instituições Financeiras por equiparação
O parágrafo único do art. 1º arrola como instituições financeiras por equiparação: I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros; II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual”.
Casos Especiais
1.2.1 Agiota: Tendo em vista que o traço distintivo essencial da instituição financeira para fins penais é a circunstância de operar com valores de terceiros, não será considerado instituição financeira o agiota, que empresta dinheiro com recursos próprios, mediante a cobrança de juros, ainda que superiores à taxa legal, que poderá responder pelo crime de usura, descrito no art. 4º da Lei de Economia Popular, de competência da JE (STJ, CC 21.358/PB, Fernando Gonçalves, u., 3ª S., DJ 17.2.99). 
1.2.2 Doleiro
Posição do Baltazar: “Em minha posição, são equiparados a instituições financeiras, com fundamento no inciso II do parágrafo único do art. 1º da Lei 7.492/86, bem como pela dimensão que têm as transferências de valores à margem do sistema oficial, levadas a efeito por doleiros, motivo pelo qual devem ser considerados instituições financeiras, tanto em caso de pessoa física, também chamada de blequeiro, blequista ou cambista (TRF4, AC 20017103001826-0/RS, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 25.5.05), quanto de “pessoas jurídicas que realizam operações de câmbio” (STJ, RHC 9281/PR, Dipp, 5ª T., u., 13.9.00).”
Em sentido contrário, porém, já se afirmou que não é instituição financeira a pessoa física ou aquele que vende travelers cheques a outros particulares (STJ, CC 18.973/MG, Fernando Gonçalves, u., 3ª S., DJ 9.12.97).
1.2.3 Empresas de Cartão de Crédito: Súmula 283 do STJ.
1.2.4 Empresas de Consorcio: Afirma ser tranquilho hj no STJ o entendimento de que são consideradas instituições financeiras.
1.2.5 Factoring: Não são consideradas. 
Na mesma linha, o TRF1, afirmando que: “ Factoring é empresa comercial que presta serviços e compra créditos de pessoas jurídicas e não físicas, não capta recursos nem empresta dinheiro, não faz adiantamentos” (TRF1, AC 20033600008505-4/MT, Tourinho, 3ª T., u., 25.7.06).
1.2.6 Empresas de Previdencia Privada: Os fundos de pensao são considerados instituições finaceiras por equiparação.
1.2.7 Estados Membros: “O STF, ao julgar o chamado Escândalo dos Precatórios, decidiu pela impossibilidade de equiparação do Estado-Membro à instituição financeira, sob pena de violação do princípio da reserva legal, afirmando textualmente, que: “o Estado, ao emitir títulos da dívida pública (Letras Financeiras do Estado) e colocá-las no mercado, para obter recursos para o Tesouro, não atuou como se fosse instituição financeira. (Inq. 1690/PE, Velloso, 4.12.03). No mesmo sentido: AP 351/SC, Marco Aurélio, Pl., u., 12.8.04.”
2. Sujeito Ativo: Em razão do disposto no art. 25 da Lei 7.492, considera-se que alguns dos crimes contra o SFN são próprios, somente podendo ser cometidos pelos controladores, administradores, gerentes, diretores, interventores, liquidantes (TRF2, HC 20050201013175-3/RJ, Abel Gomes, 1ª TE, u., 15.2.06) ou síndicos de instituição financeira.
2.1 Gerentes
Baltazar: “Discute-se, no entanto, o âmbito de abrangência do art. 25 da LCSFN quanto ao gerente, havendo duas posições. Para a primeira, gerente inclui tanto o administrador a instituição como um todo quanto o gerente de sucursal, filial ou agência, como mencionado no CC. Para a segunda, o art. 25 somente seria aplicável se o gerente em questão for o administrador de toda uma instituição financeira, partindo da premissa de que só há crime contra o SFN quando for afetado ou
colocado em risco o sistema financeiro, em seu conjunto. Em minha posição, o gerente de agência está abrangido pelo dispositivo, podendo responder por crimes como apropriação indébita (art. 5º) ou gestão fraudulenta (art. 4º), sendo desnecessária a afetação ou risco ao sistema financeiro como um todo. Tenho que esse entendimento confere maior grau de proteção ao bem jurídico. A posição restritiva acaba por deixar de fora da proteção penal um grande número de situações de risco ou lesões ao sistema financeiro, que podem, somadas, ou considerada uma certa localidade, ter grande impacto.”
Na jurisprudência, a questão é controvertida. No sentido do texto: STJ, CC 11.969/MG, Adhemar Maciel, 3ª S., u., 12.6.96; TRF1, AC 199601015760/AP, Tourinho, 3ª T., u., 6.3.96; TRF3, HC 92030190589/SP, Aricê Amaral, 2ª T., m., 30.6.92; TRF4, AC 20020401016306-0/PR, Germano, 7ª T., u., 18.6.03; TRF4, AC 20030401024671-0/PR, Tadaaqui Hirose, 7ª T., u., 6.4.04; TRF4, AC 20010401004003-5/PR, Tadaaqui Hirose, DJ 1.6.05; TRF4, AC 20030401030590- 8/RS, Penteado, 8ª T., u., 6.12.06.
Em sentido contrário: TRF1, AC 19980100014560-5/DF, Tognolo, 3ª T., m., 2.3.99; TRF1, HC 20020100011010-8/MT, Plauto Ribeiro, 1ª T., u., 12.6.02.
2.2 Administrador de Fato: Responde pelos crimes descritos na Lei 7.492/86 também o administrador de fato, ainda que não tenha sido formalmente designado gestor, nem tenha tido seu nome aprovado pelos órgãos de fiscalização do SFN (STJ, HC 43630/AM, Arnaldo Lima, 5ª T., u., 9.10.07; TRF3, AC 19990399110790-6/SP, Suzana Camargo, 5ª T., u.; TRF4, HC 3.108/SC, Vladimir Freitas, 7ª T.,u., DJ 13.3.02; TRF4, HC 20020401042201-5/RS, Penteado, 2.12.02; TRF4, AC 20020401007239-9/RS, Fábio Rosa, 7ª T., u., DJ 2.4.03).
2.3 Responsabilidade Subjetiva
O art. 25 da Lei 7.492/86 não determina responsabilização objetiva, de modo que a sua existência não dispensa a comprovação de que o agente contribuiu para o crime, atuando efetivamente na administração da instituição financeira (STJ, HC 9.031/SP, Carvalhido, 6ª T., u., DJ 13.12.99; AC 96.04.11708-4/RS, Darós, 2ª T., u., DJ 28.4.99).
2.4 teoria do Dominio do Fato
Geralmente, os crimes são cometidos por meio de pessoa jurídica. Em razão disso, existe uma grande dificuldade probatória e aplica-se a teoria do domínio do fato (TRF4, AC 5.170/RS, Fábio Rosa, 7ª T., u., DJ 24.4.02; TRF4, AC 20010401087651-4/PR, Germano, 7ª T. u., 15.4.03; TRF4, AC 20020401037299-1/RS, Maria de Fátima., 7ª T., m., DJ 11.2.04).
Em princípio, não terá maior relevância para a determinação da autoria, como decidiu o TRF2, nos seguintes termos, em hipótese na qual a empresa estava sediada em Belo Horizonte, e os fatos, consistentes em operações de câmbio não autorizadas e embasadas em falsas guias de importação, se deram no Rio de Janeiro: “Em se tratando de crime contra o Sistema Financeiro não é necessária a presença do agente em todas as fases da operação, vez que é possível o cometimento do delito por meio de prepostos devidamente autorizados a agir em nome da empresa ou do titular desta” (HC 9802384798/RJ, CruzNetto, 2ª T., m., DJ 9.9.99)
2.5 Coautoria: é possivel, assim como a comunicação da elementar da gerencia, nos termos do art. 30 do CP, quando assim for o caso.
2.6 Participação: Cabe, uma vez que a lei não traz crimes de mao propria.
2.7 Denúncia
É firme o entendimento no sentido de que: “a denúncia, quando relata crimes de autoria coletiva ou conjunta, especialmente nos delitos societários, pode conter narração genérica dos fatos, sem que se exija especificações pormenorizadas das condutas de cada réu, desde que não prejudicado o exercício da ampla defesa” (TRF4, AC 96.04.11708-4/RS, Darós, 2ª T., u., DJ 28.4.99). No mesmo sentido: STJ, HC 14.146/RJ, Carvalhido, 6ª T., u., DJ 9.4.01.
Necessária, no entanto, a demonstração do liame do fato ao acusado. Nesse sentido, o STJ, como segue: “A denúncia, nos crimes de autoria coletiva, conforme entendimento pretoriano, não precisa individualizar a conduta de cada agente. Mas também não é suficiente que simplesmente decline os nomes de todos os sócios, quando, como in casu, um deles sequer foi indiciado pela autoridade administrativa encarregada de toda a apuração.” (STJ, HC 8.389/RJ, Fernando Gonçalves. 6ª T., u., DJ 30.8.99). No mesmo sentido: STJ, HC 13.037/SP, Carvalhido, 6ª T., u., DJ 2.4.01.
2.8 Sujeito Passivo: é a União Federal.
3. CRIMES EM ESPÉCIE
3.1 GESTÃO FRAUDULENTA
Bem Jurídico: funcionamento do SFN + credibilidade publica + saúde financeira da instituição + proteção do investidor.
Este é um crime de mão própria, só podendo ser cometido por aqueles designados no art. 25.
Gerente de Agencia: Segundo o Baltazar, esta é a posição majoritária – “Considerado o art. 25 da LCSFN e o uso do verbo gerir, discute-se a possibilidade da prática do delito em questão por parte do gerente de agência ou sucursal da instituição financeira de grande porte. Em outras palavras, a discussão é se gerir é administrar a instituição financeira como um todo, ou apenas uma unidade descentralizada desta. A discussão é especialmente importante em face dos gerentes de agências bancárias. Para a posição dominante (STJ, CC 11.969/MG, Adhemar Maciel, 3ª S., u., 12.6.96) do TRF4 (TRF4, AC 20030401030590-8/RS, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., m., 6.12.06; TRF4, AC 20030401026422-0/PR, Tadaaqui Hirose, 7ª T., u., 14.8.07; Silva: 389) o gerente de agência pode responder pelo crime em questão, uma vez que pratica atos de gestão, no âmbito daquela agência (TRF1, AC 01.01576, Tourinho, 3ª T., u. DJ 1.4.96; TRF2, RSE 20005001008724-9/ES, Abel Gomes, 1ª TE, u., 12.9.07; TRF4, AC 20030401024671- 0/PR, Tadaaqui Hirose, 6.4.04). A gestão fraudulenta ou temerária praticada pelo gerente de uma grande agência bancária pode ser mais danosa ao sistema financeiro que aquela praticada pelo administrador geral de uma corretora ou casa de câmbio. Ademais, não se pode negar que, especialmente em cidades menores, as práticas fraudulentas ou temerárias do gerente da agência local podem comprometer a credibilidade da comunidade na instituição ou no sistema financeiro como um todo.”
3.1.1 Tipo Objetivo: Gerir fraudulentamente, então, é administrar com má-fé, de forma dirigida ao engano de terceiros, sejam eles sócios, empregados, investidores, clientes ou a fiscalização. São puníveis, então: “práticas quaisquer que de modo relevante alterem a verdade na documentação administrativa de empresas, realizadas por seu gestor ou ao seu mando” (TRF4, AC 200170010038810, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 2.6.09). Por gestão fraudulenta pode ser entendida aquela: “em que o administrador utiliza, continuada e habitualmente, na condução dos negócios sociais, artifícios, ardis ou estratagema para pôr em erro outros administradores da instituição ou seus clientes” (TRF3, HC 98.03.081133-9/SP, Oliveira Lima, 1ª T., m., 4.5.99).
3.1.2 Habitualidade: Há 3 correntes.
Para a primeira o delito não requer habitualidade, podendo restar caracterizado com a prática de um ato isolado (STJ, REsp. 637742/PR, José Arnaldo, 5ª T., u., 28.9.05; STJ, HC 39908/PR, Arnaldo Lima, 5ª T., u., 6.12.05; STJ, HC 64100/RJ, Napoleão, 5ª T., u., 23.8.07; STJ, HC 110767/RS, Napoleão, 5ª T., u., 3.5.10; TRF1, AC 199933000029495, Klaus Kuschel [Conv.], 4ª T., m., 19.1.10; TRF2, HC 20060201002241-5/RJ, André Fontes, 2ª TE, u., 6.6.06; TRF3, AC 20040399037967-2/SP, Baptista Pereira, 5ª T., u., 20.8.07; TRF3, AC 20040399014442-5/SP, Johonsom di Salvo, 1ª T., u., 7.8.07; ). Já se afirmou, ainda, que o crime seria acidentalmente habitual ou habitual impróprio, de modo que a reiteração das condutas não implicaria concurso de crimes (STF, HC 89364/PR, Joaquim Barbosa; STJ, REsp. 200701930872, Mussi, 5ª T., u., 19.10.10; TRF3, ENUL 199961810020448, Baptista Pereira, 1ª S., u., 16.7.09).
Variante de tal posição admite a gestão fraudulenta consubstanciada em ato isolado, desde que tenha levado a instituição à falência ou à insolvência, tendo o TRF3 afirmado que: “Dada a gravidade e autonomia das ações e omissões de per si, exige-se a simples prática de uma conduta potencialmente lesiva de administração para o enquadramento nos delitos de gestão. Entendimento contrário levaria a absurda admissão da possibilidade de o administrador cometer um único ato fraudulento ou temerário durante sua gestão e levar a instituição financeira à inadimplência, sem que nenhuma responsabilidade penal pudesse advir por tal conduta.” (AC 19990399110790-6/SP, Fausto De Sanctis [Conv.], 5ª T., u., DJ 24.6.2003).
Para a terceira posição, que adoto, a utilização do verbo gerir dá a ideia de que o crime só incide se houver um conjunto de atos espaçados no tempo, cuidandose de crime que requer a habitualidade da fraude para sua configuração. (Posição do Baltazar, a qual ele cita ser majoritária na doutrina!)
Obs: “Em minha posição o delito tanto poderá ocorrer em instituição financeira regular, autorizada, quanto naquela que funciona sem autorização, caso em que haverá concurso formal com o delito do art. 16 (STF, HC 93368/PR, Fux, 1ª T., u., 9.8.11; STJ, HC 19909/PR, Jane Silva [Conv.], 5ª T., u., 13.11.07; TRF3, AC 98030311921/SP, Paulo Domingues [Conv.], 2ª T., u., 26.4.05).”
Ex1: transferência “ilegal de valores da conta de empresa de consórcio de veículos (instituição financeira) para conta de outra empresa, com destino diverso, objetivando vantagem indevida para o agente (o diretor) da segunda empresa), prejudicando os consorciados, que, por essa razão, não puderam receber seus automóveis” (TRF1, AC 01.337049/MG, Tourinho, 3ª T., u., DJ 19.12.96).
Ex2: quando há “indícios de que os Dirigentes da Instituição Financeira contrataram, com um Partido Político e com empresas pertencentes a grupo empresarial cujos dirigentes são suspeitos da prática de crimes contra a administração pública, vultosas operações de crédito, de nível de risco elevado, e por meio de diversos artifícios tentaram camuflar o risco de tais operações e ludibriar as autoridades incumbidas de fiscalizar o setor, subtraindo-lhes informações que as conduziriam à descoberta da prática de atividades ilícitas (lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública, formação de quadrilha)” (STF, Inq 2245/MG, Joaquim Barbosa, 28.8.07, Pl., caso Mensalão).
3.1.3 Operação Esquenta – Esfria
Foi reconhecida a configuração de gestão fraudulenta, também, na prática reiterada de operações “esquenta-esfria” (TRF3, AC 20010399057006-1/SP, Hélio Nogueira, 5ª T., 16.7.07). Essa modalidade, que não é incomum no mercado financeiro, caracteriza-se pela realização simultânea de dois negócios de compra e venda dos mesmos ativos, em bolsa de valores, a fim de provocar lucros para um e prejuízo para outro comitente, ambos os clientes da mesma corretora ou de duas corretoras concertadas, em operações day trade, em um negócio simulado.
Como dito, a operação day trade é lícita, mas a operação esquenta-esfria não. Embora não seja possível estabelecer as pontas de compra e venda previamente, uma vez que as operações são feitas medianteordens dadas para o pregão, é possível que, entre operadores de mesa que estejam atuando no mesmo momento, nas dependências da mesma corretora, ocorra o acordo, voltadas as operações de compra e venda para um mesmo ativo, por parte de clientes da mesma corretora.
Bastará que um compre e outro venda, e conforme a variação, ao longo do dia, um terá ganhado e o outro terá perdido. Feito isso, dá-se a compensação entre lucros e prejuízos, sem pagamento efetivo, gerando receita ou despesa conforme seja a finalidade da operação, que pode se prestar à sonegação fiscal (STJ, HC 61870/RJ, Dipp, 5ª T., u., 8.5.07), produzindo falsos prejuízos, ou à lavagem de dinheiro, gerando falsos lucros, que passam a ter aparência lícita.
3.1.4 Tipo Subjetivo: Dolo, sem necessidade de um elemento especifico.
3.1.5 Consumação: é crime formal e de perigo.
3.1.6 Distinções
Se houver ardil, engodo ou fraude, teremos uma gestão fraudulenta, e não temerária.
A gestão fraudulenta não requer, ao contrário do estelionato, obtenção de vantagem ilícita, nem o prejuízo a vítimas identificadas ou identificáveis (TRF3, AC 20040399014442-5/SP, Johonsom, 1ª T., u., 7.8.07).
3.1.7 Concurso de Crimes
Baltazar entende que a gestão fraudulenta absorve os crimes dos arts. 6, 7, 9, 10, 11 e 17 da mesma lei, bem como a falsidade ideológica, quando servirem como meio para a pratica da gestão fraudulenta. Cita decisões do TRf1 e STJ.
Há 2 correntes no que tange ao concurso com a gestão temerária: Para a primeira, sendo distintos os fatos, admite-se o concurso material entre gestão fraudulenta e temerária, na mesma instituição financeira (STJ, HC 61870/RJ, Dipp, 5ª T., u., 8.5.07), ainda que os fatos sejam contemporâneos (TRF1, AC 19973600005031-2/MT, Tourinho, 3ª T., u., 16.1.07). Para a segunda, a gestão fraudulenta absorve a gestão temerária (TRF4, AC 20007100019318-9/RS, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 12.6.07).
Se a gestão fraudulenta ocorrer em instituição financeira não autorizada, haverá concurso formal com o crime do art. 16.
Obs: É possível o concurso com o crime de Evasão de Divisas: “No caso de gerentes de instituição financeira que facilitam ou autorizam a abertura de contas bancárias em nome de laranjas em um esquema criminoso que tem por finalidade remeter irregularmente, divisas para fora do Brasil, respondem os agentes pelos delitos de gestão fraudulenta e evasão de divisas, em concurso formal, não se podendo falar em consunção, uma vez que o crime-meio, que é a gestão fraudulenta tem pena maior que o crime-fim, a evasão de divisas (TRF3, AC 20026119000685-5/SP, Stefanini, 1ª T., u., 16.10.07; TRF3, AC 20050399024006-6/SP, Stefanini, 1ª T., u., 8.7.08; TRF4 AC 20037000039531-9/PR, Paulo Afonso, 8ª T., m., 15.2.06; TRF4, AC 20040401039552-5/PR, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 13.2.08; TRF4, AC 200570000342051, Paulo Afonso, 8ª T., 3.3.10). Além disso, os delitos protegem bens jurídicos distintos (TRF3, AC 200803990069548, Stefanini, 1ª T., u., 13.5.08).” Há posições em sentido contrario.
3.2 GESTÃO TEMERÁRIA
Bem Jurídico: Correto funcionamento, credibilidade e higidez do SFN.
Sujeito Ativo: Crime Próprio – art. 25 da lei.
Tipo Objetivo: Gestão temerária é a excessivamente arriscada. Um certo grau de risco é característico do SF, logo, deve haver uma fronteira entre o arrojo no mercado financeiro e a aventura com recursos dos investidores. 
Ex1: quando forem descumpridas normas oriundas dos órgãos reguladores do sistema financeiro (STF, HC 87440/GO, Britto, 1ª T., u., 8.8.06) ou mesmo normas internas da instituição na tomada de garantias (TRF4, AC 20007001001112-4/PR, Maria de Fátima, 7ª T., u., 6.3.07; TRF4, AC 20050401023876-0/PR, Néfi Cordeiro, 7ª T., m., 7.10.08).
Ex2: a dispersão de recursos em despesas não-operacionais, inclusive com a prática de atos de liberalidade à custa da companhia” (Tórtima: 53),
A mesma discussão sobre a habitualidade, discorrida no que tange à gestão fraudulenta, tbm é cabível neste crime.
Principio da Insignificância: É inaplicável, por cuidar-se de crime de perigo, que não exige dano para sua configuração. (TRF3, AC 19990399110790-6/SP, Suzana Camargo, 5ª T., u.). Não foi admitido, de todo modo, em caso no qual o prejuízo causado alcançou cerca de R$110.000,00 (TRF1, AC 20003500009572-6/GO, Tourinho, 3ª T., u., 7.8.07).
Tipo Subjetivo: Dolo. Afirma que a jurisprudência majoritária aceita o dolo eventual.
Consumação: é crime formal.
3.3 CONTABILIDADE PARALELA
Sujeito Ativo: é crime próprio, embora o tipo não o diga expressamente.
Tipo Objetivo: Manter é conservar, guardar, reter, e movimentar significa aqui colocar em movimento, transferir, pagar, receber, etc. Pune-se a movimentação ou manutenção de recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação, ou sem registro contábil regular, na prática conhecida como caixa dois.
Obs: Neste crime o Baltazar entende que estaria configurado seja na hipótese dos valores movimentados ou mantidos serem próprios ou de terceiros.
Tipo Subjetivo: Dolo, sem uma finalidade especifica.
Consumação: Cuidando-se de tipo misto alternativo, a prática de uma ou outra das condutas será suficiente para a caracterização do delito. Em caso de ocorrência de ambas, haverá crime único. Na primeira modalidade, o crime exige habitualidade e é permanente. Na segunda, é instantâneo e de mera conduta.
Concurso de Crimes: Não é absorvido por eventual crime contra a ordem tributaria (protegem diferentes bens jurídicos). Baltazar entende cabível o concurso se a sonegação estiver consubstanciada em outros atos, alem da contabilidade paralela. Para ele, se a contabilidade paralela for o meio único para a sonegação então haverá crime único.
3.4 OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO
Sujeito Ativo: Crime comum.
Sujeito Passivo: O Estado.
Tipo Objetivo: A conduta é fazer operar, o que pressupõe a comprovação de operações, o funcionamento da instituição financeira em pelo menos uma das atividade características mencionadas no art. 1º, ou seja, captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros; custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários; ou ainda atividade de seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer forma de captação de poupança ou recursos de terceiros. O tipo é relativamente aberto, no sentido de que pode configurar-se mediante a prática de qualquer das atividades acima (TRF3, AC 19996102005543-0/SP, 1ª T., u., 19.2.08).
Obs: Segundo Maia, é desnecessária a montagem de uma estrutura que se assemelhe ou seja um simulacro de uma instituição financeira, com portas abertas ao público, em posição que também adoto (1996: 108).
Habitualidade: Há duas Posições. Para a primeira o crime não exige a habitualidade. A segunda exige a habitualidade para a configuração do delito (Silva: 124; TRF1, AC 01.202587/DF, Eliana Calmon, 4ª T., u., DJ 3.3.99; TRF1, AC 20003803004560-7/MG, Hilton Queiroz, 4ª T., u., 13.2.07; TRF1, AC 200135000011303, Rosimayre Carvalho [Conv.], 4ª T., u., 27.4.09; TRF1, AC 199835000001235, Klaus Kuschel [Conv.], 4ª T., u., 17.11.09; TRF4, AC 2004.72.00.014152-5/SC, Penteado, 8ª T., u., 17.8.10). Baltazar adota a segunda.
Principio da Insignificância: Pode ser reconhecido no caso de pequeno doleiro,que vende dólares em calçada (TRF4, AC 97.04.21806-0/RS, Fábio Rosa, 1ª T., u., DJ 12.5.99).
Consumação: delito de perigo abstrato e de mera conduta. É exigida, porém, a prática de pelo menos uma operação (TRF4, AC 97.04.263269-0/RS, Germano, 1ª T., u., DJ 26.1.00), ou de uma pluralidade de operações, caso se exija a habitualidade para a configuração do delito, como visto acima, no exame do tipo objetivo.
Crime Continuado: Há posição no sentido da impossibilidade de crime continuado, partindo do pressuposto de que o tipo requer habitualidade (TRF1, AC 01202587/DF, Eliana Calmon, 4ª T., u., DJ 3.3.99; TRF1, AC20003803004560-7/MG, Hilton Queiroz, 4ª T., u., 13.2.07; TRF4, AC 20030401018788-2/RS, Paulo Afonso, 8ª T., u., 21.3.07). A questão não é, porém, tranquila, pois, admitindo-se desnecessária a habitualidade, será possível a continuidade delitiva.
Obs: Já se entendeu configurado o estelionato, e não o delito do art. 16 da Lei 7.492/86, em caso no qual era meramente simulada ou prometida a aplicação dos recursos no mercado financeiro ou em consórcio, sem retorno ou aplicação de qualquer investimento, servindo a alegação de empréstimo, aplicação financeira ou participação em consórcio como mero meio fraudulento para a configuração do crime do art. 171 do CP, já que o negócio jamais se concretizava e de antemão o dolo era de não devolver os valores (STJ, CC 25667/RS, Fischer, 3ª S., u., 10.11.99; STJ, CC 45108/RJ, Laurita Vaz, 3ª S., DJ 6.2.06; STJ, CC 73354/RS, Naves, 26.3.07). Não assim, porém, quando, no curso do negócio da instituição financeira, ainda que irregular, houve efetiva aplicação dos recursos ou atividade de consórcio, tendo sido prejudicados alguns dos investidores ou clientes.
Obs: A distinção tradicional entre a agiotagem e o delito do art. 16 da Lei 7.492/86 é que naquele delito o agente empresta recursos próprios, sem captá-los no mercado, como visto acima, no item agiota, quando examinado o conceito de instituição financeira, bem como no exame da casuística do art. 17, quando arrolados os exemplos em que se entendeu configurado, ou não, o delito. Outro traço distintivo é que a usura seria marcada pela pessoalidade, com o empréstimo de dinheiro a pessoa determinada, dentro da sua esfera de relações, enquanto no delito do art. 16 os mútuos são feitos em um círculo indeterminado, mediante propaganda ou oferta ao público, afetando a poupança popular (TRF4, AC 20050401009764-6/RS, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 2.5.06).
Obs: O delito do art. 27-E da Lei 6.385/76 é especial em relação a este.
3.5 FRAUDE NA OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO
uma forma especial de estelionato, devendo prevalecer sobre este em caso de concurso aparente de normas penais, por aplicação do princípio da especialidade (TRF2, AC 20025002000477-5/ES, Guilherme Calmon [Conv.], 1ª TE, m., 12.9.07; Pimentel: 144-146; Tigre Maia: 124; Machado: 56). Tanto é assimilado ao estelionato, que já se admitiu emendatio libelli na hipótese, aplicando-se o art. 383 do CPP (STF, HC 79.388/PR, Sydney Sanches, 1ª T).
Sujeito Ativo: é crime comum.
Baltazar: “Eventualmente, poderá haver concurso de autores com alguém interno à instituição financeira, que responderá pelo mesmo delito, ou, eventualmente, por gestão fraudulenta, desde que presentes os requisitos para aquele delito, em especial a existência de uma pluralidade de operações fraudulentas. O TRF4, porém, vislumbrou na hipótese exceção dualista à teoria monista, para afirmar, em hipótese na qual havia fraude por parte do tomador, que: “Comete o crime de gestão fraudulenta o gerente responsável pela concessão de financiamento à empresa em situação de inidoneidade financeira evidente” (AC 20020404016306-0/PR, Germano, 7ª T., n., 18.6.03).”
Sujeito passivo: Principal é o Estado e não a instituição Financeira.
Tipo Objetivo: Obter consiste em alcançar ou conseguir algo que se deseja, que aqui é o financiamento. Na ausência de fraude, não há crime, ainda que o mútuo não seja pago, pois o inadimplemento não constitui crime (TRF4, AC 20030401034103-2/PR, Paulo Afonso, 8ª T., u., 1.6.05).
Obs: O tipo limita-se à obtenção de financiamento mediante fraude, distinguindo-se o financiamento do empréstimo porque aquele está vinculado ao custeio de operação determinada, tem finalidade certa, de conhecimento da instituição financeira (TRF4, AC 200170010111391, Tadaaqui Hirose, 7ª T., m., 1.12.09), enquanto o empréstimo tem destinação livre. Para o baltazar a obtenção de empréstimo mediante fraude configurará estelionato.
Tipo subjetivo: Dolo, que assim como a fraude devem anteceder a obtenção do financiamento. Cabe dolo eventual. 
Consumação: crime formal, ocorrendo com a obtenção do financiamento, ou seja, no momento da assinatura do contrato.
Obs: Ao contrário do que se dá com o estelionato, para a consumação do delito em exame não se exigem o prejuízo econômico para a instituição financeira concedente do crédito, ou proveito econômico para o agente.
Concurso de Crimes: Baltazar entende que as falsidades (seja de documento publico, particular, ideológica ou uso de documento falsos) são absorvidos.
Obs: Quanto ao concurso com o art. 20 (desvio de finalidade) há duas posições. Para uns haverá o concurso material. Para a segunda, posição do Baltazar, a fim de evitar uma apenamento excessivo, em casos que não possuem uma maior expressão, haveria um fato posterior impunível, subsistindo só o crime do art. 19, qual seja a fraude na obtenção do financiamento.
3.6 DESVIO DE FINALIDADE
Sujeito Ativo: crime comum.
Tipo Objetivo: A conduta incriminada é aplicar, ou seja, utilizar, destinar, os valores, restando configurado o delito quando a destinação é distinta daquela prevista em lei ou contrato. Não ocorre o crime em comento, porém, quando o agente obtém vantagem indevida, embora aplicando o recurso na finalidade legal, podendo cogitar-se, eventualmente, de estelionato (STJ, HC 18338/PR, Carvalhido, 6ª T., u., 6.8.02).
Obs: é suficiente demonstrar que o dinheiro não foi aplicado no fim que era proposto, sendo desnecessário provar o que efetivamente se fez com o dinheiro.
Obs: OPERAÇÃO MATA-MATA: Já se entendeu por afastar o delito no caso da chamada operação mata-mata, em que o crédito é concedido, com a conivência ou até o estímulo da instituição financeira, para liquidar operação anterior que tinha a mesma finalidade, como, por exemplo, o crédito agrícola (TRF4, HC 19990401003082-3/RS, Amir Sarti, 1ª T., u., 2.3.99), ao argumento de que são atendidos em tais casos, os fins a que o crédito se destina (TRF4, AC 20000401092988-5/RS, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 22.4.02), ou até mesmo pela ausência de conduta ou dolo, na medida em que os valores sequer deixariam a instituição financeira (TRF1, AC 20003500013034-9/GO, Tourinho, 3ª T., u., 31.10.06).
Tipo subjetivo: Dolo, sendo cabível o dolo eventual.
Consumação: Crime formal, consumando-se no momento da aplicação dos recursos em finalidade diversa.
Obs: é desnecessária a obtenção de vantagem para fins de consumação.
3.7 OPERAÇÃO DE CAMBIO COM FALSA IDENTIDADE E PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA EM OPERAÇÃO DE CAMBIO. (art. 21)
Sujeito Ativo: Crime comum., tanto na modalidade do caput quanto na do p.único.
Tipo Objetivo: Há quatro modalidades. Na primeira, o agente atribui a si próprio identidade falsa. Na segunda, a atribuição da falsa identidade recai sobre terceiro, que poderá ser uma pessoa inexistente ou real, que empresta o nome ou sequer tem conhecimento da operação ou da utilização de seus dados (TRF2, AC 20015101517916- 5/RJ, Feltrin, 1ª TE, u., 22.3.06). Na terceira, que é omissiva (Pimentel: 153), há sonegação de informação que deveria ser prestada, o que deverá ser indicado por norma extrapenal, complementadora do preceito em branco, que impõe o dever de prestar a informação (Maia: 131). Por fim, na quarta hipótese, comissiva, há prestação de informação falsa, cuidando-se de uma modalidade específica de falsidade ideológica (TRF2, AC 20005101509117-8/RJ, Schwaitzer, 6ª T., u., 14.12.04; TRF3, AC 20006181000385-6/SP, Herkenhoff, 2ª T., u., 25.3.08).
Obs: Em qualquer caso, a conduta fraudulenta deve anteceder a operação de câmbio, que é a finalidade buscada pelo agente, e não sucedê-la. Em outras palavras, o que configura o crime é a sonegação de informação para a realização de operação de câmbio e não a falta de comunicação sobre a realização da operação, que não ostenta tipicidade penal (TRF4, AC 500.5950-44.2010.404.7100, Néfi Cordeiro, 7ª T., 24.5.11).
Ingresso de valores no pais: É predominante a orientaçãono sentido de que é atípica a conduta de ingressar com valores no País, ainda que transportados fisicamente sem declaração ou transferidos sem registro no SISBACEN, à margem do sistema bancário oficial, que não podendo ser equiparada à conduta de evadir, prevista no tipo penal do art. 22 da LCSFN (STF, HC 88087/RJ, Pertence, 1ª T., u., 17.10.06; TFR, REO 98078/SP, Velloso, 4ª T., u., 26.6.84; STJ, REsp. 189144/PR, Noronha, 2ª T., u., 17.2.05; TRF3, RHC 9003020990, Jorge Scartezzini, DO 29.6.90; TRF3, HC 910433971/SP, Aricê Amaral, 2ª T., u., 11.2.92; TRF3, HC 9303059473/MS, Célio Benevides, 2ª T., u., 14.9.93; TRF3, MS 9103041992/SP, Aricê Amaral, 1ª S., u., 1.12.93; TRF3, CJ 201003000356740, Cotrim Guimarães, 1ª S., m., 5.5.11; TRF4, AC 200772000083514, Paulo Afonso, 8ª T., u., 2.6.10; Paulo Afonso; Medina: 133-139). Poderá ocorrer, nesse caso, infração administrativa em razão da omissão na declaração de porte de valores.
Ex1: na “exportação de bem com valor real maior que o declarado para cobertura cambial” (HC 97.04.15562-0 /RS, Castilho, 1ª T., u., 17.6.97), na prática conhecida como subfaturamento em exportações, que requer a prestação de informação falsa em operação de câmbio (TRF4, AC 1999.71.08.004359-8/RS, Fábio Rosa, 6ª T., u., 17.12.02; TRF4, AC 20020401041665-9/RS, Penteado, 8ª T., u., 6.10.04; TRF4, AC 20010401065959-0/RS, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 10.8.05).
Tipo Subjetivo: Dolo, aliado ao fim especial de realizar uma operação de cambio.
Consumação: crime formal.
Crime Continuado: é possível (trf3).
Concurso com Gestão Fraudulenta: Segundo o TRF4: “Em um esquema criminoso destinado a evadir divisas, respondem, em concurso formal, por gestão fraudulenta e por evasão de divisas, os agentes (gerentes de instituição financeira e gerentes de agência) que, em concurso, facilitam/autorizam a abertura de contas bancárias em nome de ‘laranjas’. Não incidência do princípio da consunção, seja porque o crime-meio (gestão fraudulenta) tem pena maior do que o crime-fim (evasão de divisas), seja porque este último não pode ser tomado como mero exaurimento (pós-fato impunível) do primeiro” (AC 20037000039531-9/PR, Paulo Afonso, 8ª T., m., 15.2.06). No mesmo sentido: TRF3, AC 20026119000685-5/SP, Stefanini, 1ª T., u., 16.10.07.
Concurso com Falsidade em operação de cambio: A relação entre os delitos dos arts. 21 e 22 da LCSFN é de especialidade, sendo que o crime do art. 22 distingue-se daquele do art. 21 porque naquele há a especial finalidade de remeter as divisas para o exterior (TRF1, AC 199901000074419, Klaus Kuschel [Conv.], 4ª T., m., 4.5.10). Com efeito, ao contrário do que se dá no crime do art. 22, no caso do art. 21 não se exige o fim de promover evasão de divisas, ocorrendo o crime pelo mero fornecimento da informação falsa para realização da operação de câmbio, ou seja, troca de moeda.
Concurso com Crimes contra a ordem Tributaria: Há duas posições. Para uma haveria concurso formal heterogêneo. Para outra o crime contra o SFN restaria absorvido, aplicando-se o principio da consunção, quando a finalidade da prestação falsa for a sonegação tributaria (stj em 2009).
3.8 OPERAÇÃO DE CÃMBIO COM O FIM DE EVASÃO DE DIVISAS.
Bem jurídico: regular funcionamento do mercado cambial.
Sujeito Ativo: crime comum.
Obs: É insuficiente para determinar a responsabilidade pela evasão a mera condição de preposto da empresa (TRF2, HC 2002.02.010046827/RJ, 1ª T., m., 26.6.02), na ausência de demonstração da efetiva participação nos fatos (TRF2, AC 200002010553728, Liliane Roriz, 2ª TE, u., 6.3.07). Uma vez demonstrada a efetiva atuação, serão considerados autores tanto aquele que detém o domínio do fato ou é autor intelectual, quanto o agente que pratica a conduta descrita no verbo nuclear do tipo (TRF4, AC 7.849/PR, Vladimir Freitas, 7ª T., u., DJ 19.6.02).
Tipo Objetivo: A conduta consiste em efetuar, ou seja, levar a efeito ou realizar, operação de câmbio, ou seja “operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as operações em moeda nacional entre residentes, domiciliados ou com sede no País e residentes, domiciliados ou com sede no exterior e as operações com ouroinstrumento cambial, realizadas por intermédio das instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central” (Disponível em: <http: //bovespa.com.br>, acesso em 26.5.08).
Obs: Somente haverá o crime quando a operação de cambio for não autorizada. A fraude é desnecessária, mas pode vir a ser utilizada.
DÓLAR – CABO: Em regra, a entrada e saída de moeda estrangeira no território nacional, afora o transporte físico, que deverá ser declarada, se dá mediante transferência bancária, com posterior registro no SISBACEN (TRF4, HC 1998.04.01.0358046/RS, TF, u., 28.7.98). Quer dizer, toda operação de câmbio efetuada fora do mercado oficial, ou seja, sem a intermediação de um estabelecimento autorizado a operar no mercado cambial, no chamado câmbio paralelo, é considerada irregular e, portanto, não autorizada (Lei 4.595/64, art. 10, IX, d), podendo configurar o crime em exame caso seja realizada com o fim de evasão de divisas do país. É o caso da prática de remessa de dinheiro por transferência entre doleiros, à margem do sistema bancário oficial, por meio de telefone, fac-símile ou correio eletrônico, é considerada não autorizada, e, portanto, delituosa, ainda que não haja transferência física dos valores, mas compensação entre os operadores, no chamado dólar-cabo (TRF3, AC 20050399024006-6/SP, Stefanini, 1ª T., u., 9.10.07; TRF3, AC 20050399024006-6/SP, Stefanini, 1ª T., u., 8.7.08) ou, simplesmente, cabo, definido como: “Dólar negociado no mercado paralelo para depósito em instituição no exterior” (Disponível em: http: //www.bcb.gov.br/glossario. Acesso em 1.3.2008). Exemplo foi a famosa operação Farol da Colina, da PF, em que investigada a empresa Beacon Hill, que prestava o serviço de operar subcontas ou contas-ônibus de brasileiros no exterior.
Caso a operação de câmbio visando a transferência por dólar-cabo venha a se concretizar, o delito será o da primeira parte do parágrafo único do art. 22, ocorrendo uma progressão criminosa. Quer dizer, a operação de câmbio com o fim de transferência por sistema informal caracteriza o crime do caput do art. 22, enquanto a efetiva remessa fará incidir a primeira parte do parágrafo único, que é a evasão de divisas propriamente dita.
Omissão no ingresso de divisas: O tema da tipicidade da infração administrativa conhecida como sonegação de cobertura cambial, consistente na omissão do ingresso das divisas decorrentes de uma operação de exportação perdeu relevância em virtude das modificações introduzidas no mercado de câmbio pela Lei 11.371/06 e, especialmente, pela Res. 3548/08, do CMN, pela qual passou a ser permitido aos exportadores brasileiros manter, no exterior, a integralidade dos valores recebidos em virtude de exportação, em conta mantida no estrangeiro. É que, a rigor, não há nesse caso evasão de divisas, uma vez que apenas as mercadorias, e não os valores, deixaram o país. O que se dá é omissão no ingresso das divisas, conduta não alcançada pela norma penal incriminadora. Eventualmente, poderá ocorrer o crime do parágrafo único do art. 22, parte final, da manutenção dos valores no exterior, mas para que possa ser oferecida denúncia nesse sentido será necessário determinar o local, a instituição financeira e os valores mantidos nas contas.
Importação: ocorre o crime na importação superfaturada. Há evasão de divisas no caso de “remessa ao exterior de valores acima do necessário ao pagamento das importações formalmente registradas pelo importador” (TRF4, AC 2000.71.00.021894-0/RS, Paulo Afonso, 8ª T., u., 9.5.07).
CONTAS NÃO RESIDENTES (ANTIGAS CC-5): De acordo com o TRF4: “Pratica o crime do artigo 22 da Lei 7.492/86, aquele que deposita, pessoalmente ou por meio de terceiros conhecidos por ‘laranjas’, quantia em conta tipo ‘CC5’, que são contas-correntes pertencentes a residentesno Brasil que têm domicílio no exterior, como se o depósito fosse de recursos originários de Ciudad Del Este, Paraguai, quando na verdade eles são nacionais, regra geral de natureza ilícita, tudo porque tal ação permite que a importância depositada fique disponível para saque em praça bancária estrangeira, na moeda de conveniência do interessado” (AC 2002.04.01.049689-8/PR, Vladimir Freitas, 7ª T., u., 29.4.03).
Tipo Subjetivo: Dolo + o fim de promover a evasão de divisas do país. Esta especial intenção deve existir no momento da realização da operação de cambio.
Obs: Não foi configurado o crime na situação do paciente, chileno e industrial em São Paulo, foi preso em flagrante quando ia passar férias em seu país de origem, uma vez que levava consigo, sem comunicação prévia às autoridades administrativas, US$ 12.661. Foi denunciado como incurso no parágrafo único do art. 22 da Lei 7.492/86. A denúncia, todavia, não descreveu elemento integrante do tipo: ‘com o fim de promover evasão de divisas do País” (STJ, HC 2.773-6, Acioli, LEX 86: 259).
Consumação: Crime Formal, consumando-se com a realização das operações de cambio, sendo desnecessária a saída do numerário.
Obs: Caso sobrevenha a efetiva saída do numerário, após a realização de operação de câmbio fraudulento, prevalecerá o delito do parágrafo único, restando absorvido o crime do caput, como no caso em que: “o denunciado usava uma empresa fictícia, por ele dirigida, para celebrar contratos de importações que jamais foram realizados, adquirindo dólares no câmbio oficial para atender à compra e depois remetê-los à sua conta bancária no exterior” (TRF2, AC 970200210-9/RJ, Clélio Erthal, 4ª T., u., 10.12.97). Cuida-se de uma progressão criminosa, em que resta absorvido o primeiro delito, que é formal, subsistindo o crime material que lhe sucedeu.
Concurso de Crimes: Se a Falsificação ou o uso de docuemntos falsos são meios para cometerem a evasão de divisas, restarão absorvidos. 
Obs: O delito de descaminho não absorve a evasão de divisas, pois o delito mais grave não pode ser absorvido por aquele de menor gravidade (STJ, REsp. 886068/RS, Fischer, 6ª T., u., 10.5.07). 
Obs: No caso de gerentes de instituição financeira que facilitam ou autorizam a abertura de contas bancárias em nome de laranjas em um esquema criminoso que tem por finalidade remeter irregularmente, divisas para fora do Brasil, respondem os agentes pelos delitos de gestão fraudulenta e evasão de divisas, em concurso formal, não se podendo falar em consunção, uma vez que o crime-meio, que é a gestão fraudulenta tem pena maior que o crime-fim, a evasão de divisas (TRF3, AC 20026119000685-5/SP, Stefanini, 1ª T., u., 16.10.07; TRF3, AC 20050399024006-6/SP, Stefanini, 1ª T., u., 8.7.08; TRF4 AC 20037000039531-9/PR, Paulo Afonso, 8ª T., m., 15.2.06; TRF4, AC 20040401039552-5/PR, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 13.2.08; TRF4, AC 200570000342051, Paulo Afonso, 8ª T., 3.3.10). Além disso, os delitos protegem bens jurídicos distintos (TRF3, AC 200803990069548, Stefanini, 1ª T., u., 13.5.08). Outra posição é a absorção da gestão fraudulenta pela evasão de divisas, quando “esgotada a potencialidade lesiva dos fraudulentos documentos e escrita contábil na remessa e manutenção de valores no estrangeiro” (TRF4, AC 200570000342075, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 10.12.09).
3.9 EVASÃO DE DIVISAS – art. 22, p.único
Aqui há a efetiva evasão.
Sujeito Ativo: crime comum.
Obs: Não afasta o crime o fato de a conta destinatária dos valores no exterior ser titulada por pessoa jurídica, respondendo pelo delito os seus administradores (STF, Inq. 2245/MG, Joaquim Barbosa, caso Mensalão).
Tipo Objetivo: A conduta de promover evasão de divisas abrange tanto a transferência, transporte ou remessa física dos valores, quanto a transferência ou remessa eletrônica, incluindo a transferência por sistema informal, como o chamado dólar-cabo. Quer dizer, a operação de câmbio com o fim de transferência por sistema informal caracteriza o crime do caput do art. 22, enquanto a efetiva remessa fará incidir a primeira parte do parágrafo único, que é a evasão de divisas propriamente dita. A finalidade ou a motivação da saída dos valores é irrelevante, havendo crime sempre que a prática se dê sem autorização legal, uma vez que a lei menciona a saída, a qualquer título.
Obs: somente há crime quando a remessa ou a saída dos valores ocorrer sem autorização legal, sendo assim entendidas tanto a remessa clandestina, com a remessa ou transporte físico sem declaração, quanto a fraudulenta, com a remessa por meio físico ou eletrônico escudada em documento falso ou prestação de informação falsa ou a remessa de valor acima do limite em relação ao qual é exigida a declaração. Entende-se configurado o crime, então, na saída física do numerário, em valor superior ao limite legal (Lei 9.069/95, art. 65), sem declaração à autoridade competente, na prática conhecida como mala preta ou contrabando de dinheiro (TRF2, AC 20015101539620-6/RJ, Liliane Roriz, 2ª TE, u., 5.7.06; TRF3, Souza Ribeiro, HC 2001.03.00.027023-6/SP, 2ª T., u., 21.5.02; TRF4, RSE 2001.04.01.057892-8/PR, Vladimir Freitas, 7ª T., m., 21.5.02), ou através de empresas de remessa de pacotes, no serviço de colis posteaux.
Obs: Não afasta o crime, nem implica extraterritorialidade, o fato de que as divisas tenham sido apreendidas fora do território nacional, desde que comprovado que tem origem no Brasil (TRF4, HC 20070400011693-8/RS, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 15.5.07).
Obs: A Portaria do MF 61/94, determinava que o viajante, ao sair do país com valor superior ao equivalente a dez mil dólares, apresentasse a DPV, bem como comprovasse a origem lícita do dinheiro. A matéria atualmente é regulada pela Lei 9.069/95, art. 65, § 1º, I, segundo a qual o porte de valores superiores a R$10.000,00 deve ser declarado a autoridade alfandegária.
Ex: Foi reconhecido o crime, igualmente, no caso de “realização de depósitos no exterior superiores a dez mil reais, desacompanhado da DPV (TRF4, AC 200371000395140, Paulo Afonso, 8ª T., u., 24.2.10).
Obs: Em linha de princípio, são atípicos a mera posse ou porte de moeda estrangeira, sem a determinação da operação de câmbio que lhe deu origem, ou mesmo a compra de moeda estrangeira, no mercado paralelo, para formação de poupança dentro do território nacional (Tórtima, 2009: 12). O TRF1, porém, já entendeu que: “A conduta de quem (...) traz consigo, dentro de um automóvel, exagerada quantidade de moeda estrangeira (quatrocentos e oitenta e seis mil dólares), sobretudo perto de área de fronteira (...) deve fazer-se acompanhar de documento – ou pelo menos apresentá-lo no momento oportuno – que comprove tratar-se de quantia obtida mediante operação de câmbio regular e autorizada pela autoridade competente. Do contrário, lícito é presumir tratar-se de conduta ilícita, autorizando a prisão em flagrante delito” (HC 2002.01.00.010564-4/RR, Plauto Ribeiro, 3ª T., u., 15.5.02).
Obs: Já se afirmou a inaplicabilidade, ao argumento de que o bem jurídico protegido não se traduz em mero valor econômico (TRF4, AC 200372000091153, Nivaldo Brunoni [Conv.], 8ª T., u., 24.2.10). Não foi admitido, de todo modo, no caso do transporte físico do dinheiro em valor próximo do dobro do limite legal (TRF3, HC 20070300029819-4/SP, Johonsom, 1ª T., u., 25.9.07).
Tipo Subjetivo: Dolo. 
Consumação: Com a saída efetiva do território nacional, sendo pois crime material e instantâneo.
Concurso de Crimes com o crime de lavagem de $$$: Tema controverso.
Posição do Baltazar: “Em minha posição, na remessa do dinheiro para o exterior com o fim de ocultação, há concurso formal impróprio entre os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, pois os desígnios são autônomos.”
Obs: Já se entendeu pelo concurso material, “quando o agente promove, na condição de ‘doleiro’, a evasão de divisas para os seus clientes e oculta a milionária quantia evadida nas contas bancárias mantidasno exterior, em nome de offshore constituída em paraíso fiscal” (TRF4, AC 200570000342051, Paulo Afonso, 8ª T., m., 3.3.10) ou quando, após a evasão, os valores são ocultados ou dissimulados no exterior (TRF4, AC 200372000101742, Athayde, 7ª T., m., 26.5.09). Tambem já se entendeu pela ocorrência de lavagem de dinheiro, unicamente, quando a finalidade era dar aparência de licitude aos valores (TRF1, AC 20033600008505-4/MT, Tourinho, 3ª T., u., 25.7.06; TRF4, AC 200470000325954, Élcio Pinheiro de Castro, 8ª T., u., 28.1.09).
3.10 MANUTENÇÃO DE DEPOSITOS NÃO DECLARADOS NO EXTERIOR – art. 22 p.único
Tipo Objetivo: É elementar do delito em exame que a manutenção do depósito no estrangeiro não seja declarada, uma vez que inexiste proibição da manutenção em si dos recursos fora do Brasil, de modo que, havendo declaração, não há crime.
Obs: A mera abertura de conta no exterior, sem a efetivação de depósitos, é fato atípico. Mais, que isso, de acordo com a regulamentação administrativa, a obrigatoriedade é de declaração da posição em 31 de dezembro do ano de referência. Assim, se houve depósitos durante o ano, mas na data referida o saldo é zero, não há crime (TRF4, HC 20060400013111-0/PR, Penteado, 8ª T., u., 12.7.06; TRF4, AC 200372000091189, Penteado, 8ª T., u., 30.9.09), a não ser que fique comprovado o subterfúgio de saque dos valores no último dia útil do ano e sua manutenção em poder do agente, por meio de cheque administrativo, por exemplo, seguido de novo depósito nos primeiros dias do ano subsequente. De todo modo, é essencial que, na denúncia, seja indicada a posição da conta em 31 de dezembro ou a utilização do expediente acima, a evidenciar que os valores continuavam sendo mantidos em poder do agente.
Limite mínimo para comunicação: desde 2003 é US$ 100.000,00 conforme varias Circulares do Banco central.
Tipo Subjetivo: Dolo;
Consumação: Ocorre com a simples omissão.
Concurso de Crimes: Já se decidiu que não há consunção, mas concurso material entre lavagem de dinheiro e manutenção de contas no exterior (TRF4, AC 200372000101742, Néfi Cordeiro, 7ª T., u., 26.5.09). O crime em exame não é absorvido, tampouco, pela sonegação fiscal (TRF3, AC 200103990150047, Stefanini, 5ª T., u., 11.1.10).

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