Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tópico 3 Determinação do Nível de Renda e Produto Nacional: O Mercado de Bens e Serviços (O Lado Real da Economia) 1 EAE-0111 Fundamentos de Macroeconomia (Curso de Administração de Empresas) Turma 29 2º. Semestre 2014 Prof. Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos ECONOMIA – Micro e Macro Definimos anteriormente que Macroeconomia é o ramo da teoria econômica que estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados nacionais . A parte relativa à determinação e medição das variáveis macroeconômicas é a CONTABILIDADE SOCIAL, que refere-se a valores já efetivados, realizados (como na contabilidade privada). Dizemos que são valores definidos EX POST (a posteriori, após realizados). A parte do comportamento dos agregados, de como são afetados pela política econômica, de como são previstos, é a TEORIA MACROECONÔMICA propriamente dita, que considera valores planejados, teóricos, aos quais chamamos de valores EX ANTE (a priori, antecipados). Ou seja, são valores previstos para as variáveis macroeconômicas, ao início de um dado período. Portanto, até agora, quando definimos na Contabilidade Social Consumo, Investimento, Poupança, etc., foram valores EX POST, já contabilizados. A partir de agora, essas mesmas variáveis passam a ser definidas EX ANTE Por exemplo, vimos que, em Contabilidade Social, sempre, por definição, Poupança = Investimento sempre. Trata-se de uma identidade contábil. Veremos que, na Teoria Macroeconômica, apenas no equilíbrio (quando Oferta Agregada = Demanda Agregada), é que essa igualdade S=I se verifica. Contabilidade Social X Teoria Macroeconômica ECONOMIA – Micro e Macro A teoria macroeconômica moderna é bastante influenciada pela contribuição do economista inglês John Maynard Keynes (1883/1946). A teoria keynesiana surgiu com a preocupação de como tirar a economia da Depressão dos anos 30. Keynes introduz nas economias de mercado a necessidade de participação do Governo como gerador de emprego, utilizando as políticas fiscal e monetária. Isso não ocorria no Liberalismo, que predominava desde o final do século 18 (“laissez faire”), onde o Governo era apenas um “guardião” da moeda, No liberalismo, acreditava-se que a concorrência no mercado, sem interferência do governo, como que guiada por uma “mão invisível”, levaria automaticamente ao crescimento econômico. Teoria e Política Macroeconômica: a contribuição de Keynes 3 ECONOMIA – Micro e Macro Keynes supõe uma economia com capacidade ociosa e desemprego da mão-de-obra. Ou seja, a economia está abaixo do pleno-emprego de seus recursos produtivos, como ocorreu na Grande Depressão dos anos 30. Keynes introduz o conceito de equilíbrio com desemprego, onde a oferta (OA) e demanda agregada (DA) de bens e serviços se equilibram, mas abaixo do pleno-emprego. Assim, podemos ter Renda de Equilíbrio com desemprego e Renda de Equilíbrio de Pleno-Emprego (com todos os recursos plenamente empregados). Nesse sentido, Keynes mostra como devem ser utilizados os instrumentos de política econômica para tirar a economia do desemprego, e levá-la ao pleno emprego de recursos, ao seu produto potencial. 4 Teoria e Política Macroeconômica: a contribuição de Keynes ECONOMIA – Micro e Macro 5 Curva de Demanda Agregada de Bens e Serviços (DA): composta pela demanda de quatro agentes macroeconômicos: DA = C + I + G + (X – M) Modelo Keynesiano Básico: Lado Real onde: C = consumo (famílias e empresas) I = investimento (bens de capital) G = gastos do governo (saúde, investimento, etc) X = exportações (bens e serviços) M = importações (bens e serviços) Nível Geral de Preços Q = PNREAL= y = Y/P Curva de Demanda Agregada (DA) y = ECONOMIA – Micro e Macro Por que a Demanda Agregada é negativamente inclinada, no gráfico Preço-Renda Real? Efeito Riqueza (Efeito Pigou): se preços aumentam, o valor real dos ativos cai, a riqueza real cai, o Consumo se reduz, a DA tende a cair; Efeito Juros (Keynes): se preços aumentam, as pessoas tendem a se proteger, preferindo poupar, aplicando em ativos que rendem juros. Portanto, tendem a reduzir o Consumo e o Investimento Agregado, e portando a DA deve cair; Efeito Câmbio: se preços internos aumentam, cai a competitividade de nossos produtos, desestimulando exportações, estimulando importações, a DA=C+I+G+X-M deve se reduzir (X , M ). Modelo Keynesiano Básico: Lado Real 6 ECONOMIA – Micro e Macro 7 Curva de Oferta Agregada de Bens e Serviços (OA): quantidade de bens e serviços que os produtores estão dispostos a colocar no mercado. OA = Renda Nacional = Produto Nacional Real A: aumenta Q(produto real y), com P constante, no caso de desemprego de recursos; B: situação intermediária (variam tanto preços P como o produto real y); C: aumenta P, com y constante, caso os recursos estejam plenamente empregados. Q = PNREAL= y = Y/P Nível Geral de Preços A B C Curva de Oferta Agregada (OA) YPLENOEMPREGO Modelo Keynesiano Básico: Lado Real ECONOMIA – Micro e Macro 8 A: trecho Keynesiano (desemprego) Desemprego keynesiano ou conjuntural(*): quando a DA é insuficiente para absorver a produção agregada de pleno emprego. C: trecho Clássico (pleno emprego) (*) diferente do Desemprego Estrutural ou Marxista, provocado pelo aumento de tecnologias intensivas em capital, poupadoras de mão de obra. Curva de Oferta Agregada de Bens e Serviços (OA) Nível Geral de Preços A C Curva de OA Simplificada yPE=yPLENOEMPREGO y Modelo Keynesiano Básico: Lado Real ECONOMIA – Micro e Macro 9 3ª. A curva de OA é fixada (decorrência da 2ª. hipótese) OA = f(N,K,Tec). Como esses fatores de produção são constantes a curto prazo, a OA permanece fixa (não há deslocamentos, apenas movimentos ao longo da curva, que depende do nível de utilização desses fatores) 4ª. A curto prazo, apenas a demanda agregada provoca variações no nível de equilíbrio da renda nacional. (Consequencia das anteriores) Para tirar a economia de uma situação de desemprego, a curto prazo, deve-se procurar elevar a DA. A DA é mais sensível a curto prazo que a OA. Nível Geral de Preços yPE y* DA0 DA1 y 1ª. Desemprego de Recursos. A DA situa-se abaixo da OA de pleno emprego. Preços constantes, com que as variáveis sejam consideradas em valores reais (deflacionadas). (A) 2ª. Curto Prazo. A curto prazo, o estoque dos fatores de produção são considerados constantes. Embora a força de trabalho e a capacidade produtiva instalada sejam fixas, seus níveis de utilização variam. Hipóteses Hipóteses do Modelo Básico OAPE ECONOMIA – Micro e Macro 10 PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA: a Demanda Agregada determina o nível da renda/produto nacional. Esse princípio decorre das hipóteses anteriores. Com isso, Keynes inverte um dos principais postulados da chamada Teoria Clássica, a chamada LEI DE SAY(*), pela qual a OA é que determina a procura (“a oferta cria sua própria procura”). Essa hipótese, somada á tese do liberalismo, segundo a qual o mercado, através do mecanismo de preços, resolveria as questões econômicas fundamentais, garantia que a economia sempre estaria a pleno emprego, pois tudo que era produzido, seria consumido. Nível Geral de Preços yPE y* DA0 DA1 y Hipóteses do Modelo Básico OAPE Trecho clássico Trecho keynesiano (*) Jean Baptiste Say, economista francês (1767/1832) ECONOMIA – Micro e Macro 10 11 Função consumo (C): o consumo agregado é função crescente do nível de renda nacional (y). O modelo mais simples supõe o consumo como uma função linear. C = f(y) C = a + by onde: a = consumo autônomo (parte do consumo que independe da renda) b = propensãomarginal a consumir, sendo que 0 < b < 1 Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Consumo e Poupança Agregados A declividade b é chamada de propensão marginal a consumir (PMgC): é o acréscimo de consumo, dado a um acréscimo na renda nacional. b = ∆C/∆y y C = a + by ECONOMIA – Micro e Macro 12 Função poupança (S): é a parcela da renda nacional não consumida, em dado período de tempo. S = y – C Como C = a + by , segue que: S = -a + (1 - b)y onde (1 – b) = (PMgS) é a propensão marginal a poupar Se C= 30 + 0,8 y, a poupança será S = -30 + 0,2y . A PMgC=0,8 e a PMgS=0,2, e PMgC+PMgS = 1 Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Consumo e Poupança Agregados ECONOMIA – Micro e Macro 13 Função investimento (I): bens e serviços que visam a aumentar a produção futura. É também conhecido como Taxa de Acumulação de Capital. O investimento pode ser visto de duas formas: Investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase que gasta apenas com instalações, equipamentos etc, antes do investimento maturar e resultar em acréscimos de produção; Investimento visto como elemento da oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade produtiva, após a maturação do investimento. Hipóteses: A curto prazo, como se supõe a Oferta Agregada fixada, o investimento afeta apenas a Demanda Agregada; O investimento é autônomo ou independente da renda nacional (significa dizer que depende de outras variáveis, que não a renda nacional). Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Investimento Agregado ECONOMIA – Micro e Macro Função gastos do governo (G): os gastos do governo são autônomos em relação à renda nacional: G = constante ou G f(y) Função impostos ou tributação (T): no modelo simplificado, a tributação é autônoma, ou seja, não é induzida pela renda nacional: T = constante ou T f(y) Neste caso, a função consumo vista anteriormente, passa a depender da renda disponível yD, ao invés da renda nacional y: C = a + b (y – T) = a – byD onde yD = y–T renda disponível (renda que “sobra” para os consumidores poupar ou consumir) 14 Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Gastos e Receitas do Governo ECONOMIA – Micro e Macro Função exportação (X) e importação (M): são variáveis autônomas em relação a renda nacional (modelo simplificado): X = constante ou X f(y) M = constante ou M f(y) 15 Determinantes do comportamento da Demanda Agregada: Exportações e Importações ECONOMIA – Micro e Macro 16 Fórmula final da Demanda Agregada y=OA DA = C + I + G + X - M DA = C + I + G DA = C + I DA = C DA=C+I+G+X-M ECONOMIA – Micro e Macro 17 Fórmula final da Demanda Agregada y=OA=PIB real DA = C + I + G + X - M DA=C+I+G+X-M ECONOMIA – Micro e Macro 18 A linha tracejada (ângulo de 45o) representa os infinitos pontos possíveis de equilíbrio entre a Demanda e Oferta Agregadas de bens e serviços (ou seja, OA=DA). Como a Oferta Agregada é fixada a curto prazo, a renda de equilíbrio y* será determinada pela posição da Demanda Agregada. O equilíbrio é determinado pela DA (curto prazo). y* = renda de equilíbrio (DA=OA) ype = renda de pleno emprego Equilíbrio do Modelo Keynesiano Básico: Lado Real 45o OAPE ECONOMIA – Micro e Macro 19 Determinação do equilíbrio: observações importantes A renda de equilíbrio ocorre quando OA = DA e não necessariamente é a renda de pleno emprego; Decorre do exposto em (1) que o equilíbrio não indica necessariamente algo desejável, pois pode existir um grande volume de recursos não empregados; É um equilíbrio macroeconômico esperado, planejado (ex ante), e não o equilíbrio efetivo (ex post). Equilíbrio do Modelo Keynesiano Básico: Lado Real ECONOMIA – Micro e Macro OA = DA 45º yPE y=OA DA = C + I + G + X - M y* DA=C+I+G+X-M OAPE Equilíbrio da Renda e Produto Nacional (Modelo Básico) Solução Gráfica ECONOMIA – Micro e Macro Dados: C= 60 + 0,8 (y-T) I= 30 T= 25 M= 5 G=20 X=15 a) determine a renda real y de equilíbrio b) calcular o valor de equilíbrio do Consumo e da Poupança Agregada Equilíbrio da Renda e Produto Nacional (Modelo Básico) Solução Algébrica ECONOMIA – Micro e Macro 1) Calculo da renda de equilíbrio: Condição de equilíbrio: OA = DA (1) Oferta Agregada OA = y (2) Demanda Agregada DA = C + I + G + X - M (3) Substituindo (2) e (3) em (1), vem: y = 60 + 0,8 (y-25) + 30 + 20 + 15 - 5 y*0 = 500 2) C*0 = 60 + 0,8 (y-T) = 60 + 0,8 (500 - 25) = 440 S*0 = -60 + 0,2 (y-T) = -60 + 0,2 (500 - 25) = 35 Equilíbrio da Renda e Produto Nacional (Modelo Básico) Solução Algébrica ECONOMIA – Micro e Macro Uma outra forma alternativa para determinar-se o equilíbrio macroeconômico, ou seja, o produto/renda nacional de equilíbrio, é através dos conceitos de Vazamentos e Injeções do fluxo circular de renda: Vazamentos: todo recurso que é retirado do fluxo básico, ou seja, toda renda recebida pelas famílias, que não retorna às empresas nacionais na compra de bens de consumo no mesmo período: poupança, impostos e importações; Vazamentos = S + T + M 2. Injeções: todo recurso que é injetado no fluxo básico e que não teve origem na venda de bens de consumo às famílias num dado período (gastos que não foram induzidos, que não dependem, da renda das famílias): novos investimentos, gastos públicos e exportações. Injeções = I + G + X Equilíbrio de Curto Prazo, através de Vazamentos e Injeções ECONOMIA – Micro e Macro Injeções e Vazamentos representam deslocamentos da curva de Demanda Agregada: vazamentos reduzem a DA, e injeções elevam a DA. Variações ao longo da curva da DA são devidas a variações induzidas (dependentes) da Renda Nacional (não são injeções nem vazamentos, não deslocam a DA) Nota: reduções em S, T e M representam injeções, bem como reduções em I, G e X representam vazamentos do fluxo circular de renda. Equilíbrio de Curto Prazo, através de Vazamentos e Injeções ECONOMIA – Micro e Macro 25 Determinação do equilíbrio, igualando vazamentos com injeções: Vaz < Inj crescimento da renda nacional Vaz > Inj queda da renda nacional Vaz = Inj equilíbrio estacionário Equilíbrio de Curto Prazo, através de Vazamentos e Injeções OAPE ECONOMIA – Micro e Macro 26 Com os dados do exercício anterior, calcular o nível de equilíbrio da renda nacional, igualando vazamentos e injeções. Resposta: não foi dada a função poupança, mas sim a função consumo C = C= 60 + 0,8 (y-T) Para determinarmos a função poupança, basta fazer S = -C: S = -60 + 0,2 (y-T) A condição de equilíbrio será S + T + M = I + G + X Resolvendo o exercício, chegar-se-à à renda de equilíbrio y*0 = 500, e à poupança de equilíbrio S*0 = 35, como determinado no exercício anterior, igualando OA=DA. Equilíbrio de Curto Prazo, através de Vazamentos e Injeções Exercício ECONOMIA – Micro e Macro Observe-se que a condição de equilíbrio, igualando vazamentos e injeções, fica: S + T + M = I + G + X 35 +25 + 5 = 30 + 20 + 15 65 = 65 (DICA: nos exercícios numéricos,é uma forma de conferir os resultados) Equilíbrio de Curto Prazo, através de Vazamentos e Injeções Exercício ECONOMIA – Micro e Macro Utilizando novamente os dados do exercício anterior, vamos supor que os gastos do governo aumentem de 20 para 70 ( G=50). Recalculando a renda de equilíbrio, chegamos a y*1= 750 e y*1 - y*0 = y = 750 – 500 = 250 Por quê um G =50 gerou y =250? Ou seja, y=5 vezes G? A explicação é dada pelo chamado Multiplicador Keynesiano Multiplicador keynesiano de gastos ECONOMIA – Micro e Macro Definição Multiplicador keynesiano é a variação da Renda Nacional, dada uma variação autônoma em qualquer elemento da DA (C,I,G,T, X,M,): Multiplicador keynesiano de gastos ECONOMIA – Micro e Macro Dedução da Fórmula do multiplicador, a partir da Soma de P.G. Vamos considerar o caso do multiplicador de gastos do Governo. Suponhamos que o Governo contrate uma construtora por R$ 50 milhões (G=50). Por um lado, parte desse dinheiro vai ser gasto na compra de insumos (asfalto, areia, máquinas, etc), e parte transforma-se em renda dos seus proprietários (lucros) e funcionários. Os proprietários e funcionários tanto da construtora, como dos setores de insumos, vão poupar uma parte (depende da propensão marginal a poupar), e vão consumir a maior parte (depende da propensão marginal a consumir). Suponhamos adicionalmente que a propensão marginal a consumir seja 0,8 (80% da renda nacional) e a poupar 0,2 (20% da renda). Assim, daqueles R$ 50 milhões iniciais, R$ 40 milhões serão gastos em consumo, digamos, em shoppings, feiras-livres, etc., e R$ 10 milhões poupados. Os proprietários e funcionários dos shoppings, feiras-livres, etc., etc., também pouparão 20% dos R$ 40 milhões (8 milhões), e gastarão 80% dos R$ 40 milhões (R$ 32 milhões), em compras das mais diversas. A propensão a poupar tem um efeito amortecedor, a cada passo, nesse processo. E assim vai: a moeda vai passando de mãos em mãos, criando renda e emprego por onde passa. Com isso, aqueles 50 milhões iniciais poderão chegar, ao final do processo, a um aumento de renda de 250 milhões, como no exercício anterior. continua .... Multiplicador keynesiano de gastos ECONOMIA – Micro e Macro ….continuação Dedução da Fórmula do multiplicador, a partir da Soma de P.G. No exemplo anterior, a sequência de aumentos da DA e da Renda (R$ 50 milhões, R$ 40 milhões, R$ 32 milhões, etc.)constitui-se numa P.G. cujo primeiro elemento é 50 (a variação autônoma inicial nos gastos), com razão igual a 0,8, que é a propensão marginal a consumir. A partir da fórmula da Soma dos termos de uma P.G. ilimitada, a soma é a variação da renda ∆y, o primeiro termo (a1)é ∆G = 50, e a razão (q) é b = 0,8. Tem-se então que ∆y = G/1-b = 50/(1-0,8) = 50/0,2 = 50x5 = 250 O multiplicador é igual a Multiplicador keynesiano de gastos Portanto, ∆G = 50 levou a ∆y = k.∆G e ∆y = 5 . 50 = 250 ECONOMIA – Micro e Macro Dedução da fórmula dos multiplicadores, a partir do equilíbrio OA=DA Da condição de equilíbrio OA=DA, vem y = C + I + G + X - M = a + b (y-T) + I + G + X – M y = a + by – bT + I + G + X – M y – by = a – bT + I + G + X – M y (1 – b) = a – bT + I + G + X – M Multiplicador keynesiano de gastos y = (a – bT + I + G + X – M) 1 (1 – b) Derivando parcialmente em relação a cada elemento da demanda agregada, vem: (Negativo; vazamento de renda) (Negativo; vazamento de renda) (Positivos; injeções de renda) ECONOMIA – Micro e Macro 33 O processo é iniciado por uma variação autônoma(exógena) da DA, ou seja, um deslocamento da DA devido à variação autônoma de algum de seus elementos (C, I, G, X, M): ou seja,devido a alguma injeção ou vazamento do fluxo de renda; Dada a variação autônoma (que desloca a DA), a sequência é dada por variações induzidas (endógenas) do consumo (ao longo da DA), provocado pela variação da renda, o que dependerá da propensão marginal a consumir; O multiplicador supõe uma economia em desemprego. Se a economia estiver em pleno-emprego, o aumento de gastos provoca inflação, e não aumento da renda e do emprego; Neste modelo simplificado (só lado real da economia), o lado monetário não afeta, nem é afetado. Mas na realidade alterações da taxa de juros, da disponibilidade de crédito, da taxa de câmbio, afetam evidentemente a Demanda Agregada, e o valor do multiplicador; O multiplicador também tem um efeito perverso: assim como a renda aumenta em um múltiplo, para aumentos da DA, o contrário também é válido para quedas da DA (a renda caí num múltiplo da queda da DA). Multiplicador keynesiano de gastos: Hipóteses ECONOMIA – Micro e Macro 34 Modelo com Variáveis Induzidas pela Renda Nacional A hipótese de que os investimentos, impostos e tributações não são afetados pela renda nacional não é realista. Ao romper esta hipótese, não alteramos fundamentalmente o modelo básico, mas aproximamos mais o nosso modelo à realidade. I = i0 + i1y T = t0 + t1y M = m0 + m1y Propensão Marginal a Investir (i1) Alíquota do Imposto (t1) Propensão Marginal a Importar(m1) i0, t0 e m0 são os termos autônomos, que não dependem da renda y (dependem de outras variáveis, não incluídas neste modelo básico, tais como taxa de juros, taxa de câmbio) ECONOMIA – Micro e Macro Modelo com variáveis induzidas pela Renda Nacional EQUILÍBRIO: Condição de Equilíbrio OA=DA y = C + I + G + X – M Como C = a+b(y-T); T=t0+t1y; I=i0+i1y; M=m0+m1y, e G e X autônomos, a renda de equilíbrio y* será obtida assim: y = a + b [y – (t0 + t1y)] + i0 + i1y + G + X – (m0 + m1y) No exercício seguinte, observa-se que, com exemplo numérico, a única incógnita continua sendo a Renda Nacional real y. C I M ECONOMIA – Micro e Macro Exercício 1. Dados: C= 50 + 0,7 (y-T) I= 30 + 0,2y T= 0,4y M=5+0,1y G=25 X=30 a) determine a renda y* de equilíbrio, b) calcular o valor de equilíbrio das demais variáveis econômicas (C, S, T, I e M). NOTA: para conferir o resultado, a soma de Vazamentos (S+T+M) deve ser igual à soma das Injeções (I+G+X) ECONOMIA – Micro e Macro 37 a) Condição de Equilíbrio 0A = DA OA = C + I + G + X - M y=50+0,7 [y-(0,4y)] +30+0,2y+25+30-(5+0,1y) C I G X M y=50+0,7y-0,28y+30+0,2y+25+30-5-0,1y y=130+(0,7-0,28+0,2-0,1)y y = 130 + 0,52y 0,52 y - 0,52y = 130 y(1 – 0,52)= 130 0,48y = 130 y=130 y*= 270,83 0,48 Resolução Exercício ECONOMIA – Micro e Macro 38 I=30+0,2.270,83=84,17 I* = 84,17 54,17 T=0,4.270,83 = 108,33 T* = 108,33 M=5+0,1.270,83=32,08 M* = 32,08 S= complemento C S-50+0,3.162,50=-1,25 S* = -1,15 CONFERÊNCIA ( Vazamentos = Injeções): S*+T*+M*=-1,25+108,33+3208=139,16 I*+G*+X*= 84,17+55=139,17 C =50+0,7[270,83-(0,4.270,83)]=50+0,7.162,50 108,33 C =50+113,75 C* = 163,75 Resolução Exercício ECONOMIA – Micro e Macro Multiplicador keynesiano de gastos Multiplicadores, supondo T, I e M funções da Renda Nacional y (Apenas como informação. Não serãosolicitados em prova) Condição de Equilíbrio OA=DA y = C + I + G + X – M Como C = a+b(y-T); T=t0+t1y; I=i0+i1y; M=m0+m1y, e G e X autônomos, tem-se y = a + b [y – (t0 + t1y)] + i0 + i1y + G + X – (m0 + m1y) Derivando parcialmente em relação a C, I, G, X, T, I e M, vem: multiplicadores de gastos multiplicador de impostos multiplicador das importações C I M ECONOMIA – Micro e Macro Observando-se a fórmula anterior, como era de se esperar, quando considera-se I, T e M como dependentes da renda, e não autônomos, a propensão marginal a investir (i1) eleva o valor do multiplicador, pois representa uma “injeção” ao fluxo de renda (multiplicadores positivos), enquanto as propensões marginais a tributar (t1) e a importar (m1) reduzem o valor do multiplicador, por representarem “vazamentos” do fluxo de renda (multiplicadores negativos). Multiplicador keynesiano de gastos ECONOMIA – Micro e Macro A análise dos hiatos (“gaps”) sinaliza qual a política econômica adequada para levar a economia ao equilíbrio de pleno-emprego (potencial), sem inflação. Hiato do Produto : diferença entre a renda de pleno emprego e a renda de equilíbrio entre a oferta e a demanda agregada de bens e serviços (OA=DA): Hiato do Produto = yPE – y* Ou simplesmente: o hiato do produto é a diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial. Quanto falta produzir, para atingir-se a produção máxima, com os recursos disponíveis. O Mercado de Bens e Serviços: Hiato do Produto, Hiato Recessivo e Hiato Inflacionário ECONOMIA – Micro e Macro Hiato Recessivo : refere-se à insuficiência da DA, em relação à OA de pleno emprego (ype). Ou seja, quanto é necessário elevar a DA, para atingir o pleno-emprego Hiato do Produto OAPE O Mercado de Bens e Serviços: Hiato do Produto, Hiato Recessivo e Hiato Inflacionário Hiato Recessivo ECONOMIA – Micro e Macro Hiato Inflacionário: é dado pelo excesso de DA, em relação à OA de pleno emprego (ype). Ou seja, quanto é necessário reduzir a DA, para restabelecer o pleno-emprego, sem inflação O Mercado de Bens e Serviços: Hiato do Produto, Hiato Recessivo e Hiato Inflacionário O Hiato Inflacionário refere-se ao caso de uma inflação de demanda, ou seja, do excesso de demanda agregada em relação à oferta agregada de pleno emprego. Existem outras formas de inflação (inflação de custos ou de oferta, inflação inercial, etc.), que veremos mais tarde. OAPE Hiato INFLACIONÁRIO ECONOMIA – Micro e Macro 44 O investimento depende da taxa de juros I = f (taxa de retorno esperada, taxa de juros i). O investimento tem uma relação direta com a taxa de retorno esperada, e uma relação inversa com a taxa de juros de mercado Eficiência Marginal do Capital (EMC): é a taxa de retorno esperada sobre o investimento. É a taxa que iguala o valor presente dos retornos líquidos esperados que se pode obter com o investimento, ao preço de aquisição do equipamento. É a própria TIR-Taxa Interna de Retorno, utilizada em Avaliação Financeira de Projetos de Investimento EMC > taxa de juros de mercado é vantagem a firma investir (adquirir bens de capital, ampliar instalações, por exemplo) EMC < taxa de juros de mercado é mais vantajoso aplicar no mercado financeiro, do que na ampliação da empresa OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A DECISÂO DE INVESTIMENTO: Disponibilidade de crédito Ambiente para negócios Confiança empresarial na política econômica do Governo Apêndice: Teorias sobre o Investimento Agregado ECONOMIA – Micro e Macro 45 Fatores determinantes da decisão de investir Demanda de Investimentos (I) Taxa de Juros de Mercado (i) Eficiência Marginal do Capital (EMC) (Taxa Interna de Retorno-TIR) Preço de Aquisição do Bem de Capital Valor Presente Líquido (VPL)dos Retornos Esperados Faturamento Esperado Custos de Operação e Manutenção Apêndice: Teorias sobre o Investimento Agregado ECONOMIA – Micro e Macro Os conceitos de relação capital-produto e de produtividade marginal do capital: O Investimento como elemento da Oferta Agregada (longo prazo) Relação capital-produto (v): é a relação entre a variação do estoque de capital K, e a variação do produto real y: v = ∆K/∆y = relação capital-produto Produtividade marginal do capital : é o inverso da relação capital-produto, ou seja, relação produto-capital, medida pela variação do produto real y, dada uma variação no estoque de capital (capacidade produtiva) K: PMgK= ∆y/∆ K Neste caso, o Investimento representa aumento da Oferta Agregada, da capacidade produtiva, a longo prazo, diferente do modelo que vimos até agora, de curto prazo, onde o Investimento afeta apenas a Demanda Agregada. Ou seja, no modelo de curto prazo, que temos apresentado, o Investimento é visto apenas como gasto das empresas (Demanda de Investimentos) relativas ao período em que o investimento ainda não tenha sido concluído (“maturado”). Nos modelos de longo prazo, o Investimento tem duplo papel, afetando tanto a Oferta Agregada (aumento da capacidade produtiva), como a Demanda Agregada (Gastos). Neste caso, saímos do escopo da Teoria Macroeconômica de curto prazo, onde o Investimento afeta apenas a Demanda Agregada, e entramos no campo das chamadas Teorias de Crescimento e Desenvolvimento Econômico, de longo prazo. 46 Apêndice: Teorias sobre o Investimento Agregado ECONOMIA – Micro e Macro Apêndice: Teorias sobre o Consumo Agregado No modelo macroeconômico tradicional, como vimos, o Consumo agregado depende da Renda Disponível (yD=y-T). Mas o consumo pode ser determinado por outros fatores, tais como: taxa de juros disponibilidade de crédito, expectativas sobre renda futura, estoque de riqueza (que é estoque, diferente de renda, que é um fluxo), etc. Na Teoria Macroeconômica, existem inúmeros modelos específicos sobre os determinantes da decisão de consumir da coletividade. Vamos destacar quatro deles: Modelo Intertemporal Teoria da Renda Permanente (proposto por Milton Friedman) Hipótese do Ciclo de Vida do Consumo (proposto por Ando e Modigliani) Efeito “catraca” (proposto por Duesenberry):: 47 ECONOMIA – Micro e Macro Apêndice: Teorias sobre o Consumo Agregado Modelo Intertemporal – O consumo agregado depende da taxa de juros. Aumentos na taxa de juros fazem aumentar os custos de oportunidade do consumo presente, e estimulam a poupança. Dependendo da taxa de juros de mercado, é mais vantajoso sacrificar consumo presente, e poupar, para poder consumir mais no futuro. Teoria da Renda Permanente – o consumo não depende apenas da renda disponível corrente, mas também de quanto esperam ganhar no futuro (ou seja, da expectativa de renda disponível futura). Hipótese do Ciclo de Vida do Consumo – o consumo de determinado indivíduo dependerá da etapa do ciclo de vida em que ele se encontre. Em suma, os indivíduos tendem a gastar mais na juventude e na velhice, pois grande parte de sua renda é acumulada durante a maturidade (período em que compensam os gastos na primeira etapa e poupam para consumo na terceira etapa). Efeito “catraca” – as propensões a consumir e a poupar são diferentes para aumentos de renda e para quedas narenda. Na queda da renda, as pessoas, para manter o padrão adquirido quando sua renda aumentou, tendem a sacrificar parte de sua poupança, o que altera as propensões marginais ao consumo e a poupar (ou seja, altera as declividades da função consumo e da função poupança de longo e de curto prazo). 48 ECONOMIA – Micro e Macro
Compartilhar