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Judiciário
Temas de discussão
Construção institucional do Judiciário moderno a partir das tradições norte-americana e francesa;
Expansão das funções judiciais e políticas no século XX
Futuro do Judiciário
Formação do Judiciário Moderno
Transformação nos séculos XVIII e XIX
Monarquias absolutistas promovem centralização e racionalização da administração estatal, incluindo aí a magistratura.
Desenvolvimento de relações comerciais e do capitalismo levaram à valorização da Justiça como meio de garantia das relações entre agentes econômicos e consequente profissionalização da magistratura.
Formação do Judiciário Moderno
Derrubada dos regimes absolutistas e a fundação dos chamados Estados liberais marcaram profunda transformação do papel da Justiça, a começar pelo reconhecimento de sua autonomia como função estatal e, em alguns países, como poder de Estado.
Modelos de Judiciário Moderno
Revolução Francesa e elaboração do texto constitucional americano.
Experiência Francesa: mais republicana do que liberal, modernizou a função de justiça comum do Judiciário mas não lhe conferiu poder político;
Experiência Americana: Mais liberal do que republicana, não só atribuiu à magistratura a importante função de prestação de justiça nos conflitos entre particulares, mas elevou o Judiciário à condição de poder político.
Separação de poderes
Inspiração em Locke e Montesquieu.
Necessária à limitação do poder político do Estado e à defesa de liberdades individuais.
Distinção de poderes e funções passou a ser indispensável numa ordem política liberal e ao ideal de Estado limitado.
“pela disposição das coisas, o poder freie o poder” (Montesquieu).
França e EUA seguem caminhos distintos.
Diferenças
Na França a plataforma liberal foi utilizada no combate à monarquia absolutista vigente no país havia tempos, resultando daí a proposta de esvaziamento do Poder Executivo e fortalecimento do corpo legislativo, principal representante da soberania popular.
Nos EUA: governos populares não estavam imunes ao arbítrio, e outras possibilidades de tirania – não só o monarca absolutista – deveriam ser combatidas.
EUA
Federalistas divisaram a possibilidade de tirania para além do governo autoritário de um só, chegando a temer sua ocorrência também sob o governo eletivo de muitos, ou seja, sob o governo democrático da maioria.
Tirania da maioria
Americanos não afirmam a supremacia do Parlamento; buscam formas de limitar seu poder político.
França x EUA
França: supremacia do legislativo e desconfiança em relação aos magistrados, possivelmente ligados ao monarca.
EUA: Direito à propriedade frente à voracidade legislativa de governos populares. Eleva o Judiciário à condição de poder político.
Como Poder Político
Como Poder Político: Capacidade de controlar atos normativos dos demais poderes, especialmente leis produzidas pelo Parlamento.
Judicial Review ou controle de constitucionalidade das leis: coloca o Judiciário em pé de igualdade com os demais poderes.
Nos países em que o Judiciário pode verificar o respeito das leis e atos normativos à Constituição, constitui, pois, um terceiro poder político.
Liberdade x Igualdade
Tocqueville
Divisa a sociedade burguesa como uma sociedade em que a crescente igualdade de condições anulava antigas distinções sociais, mas também levava à massificação ao individualismo e à apatia política, constituindo assim ambiente propício à emergência do despotismo.
Sucesso americano: conciliar crescente igualdade de condições e a manutenção da liberdade individual e política.
Caso americano
Descentralização do sistema político (separação de poderes, federalismo e autogoverno local) propiciava incentivos à participação política e proteção à liberdade individual.
Fracasso francês no equilíbrio entre liberdade e igualdade fica evidente ao analisar o Judiciário americano: “o mais poderoso e único contrapeso da democracia”, justamente por sua capacidade de controlar a constitucionalidade das leis promulgadas pela maioria política.
Expansão do Judiciário no Século XX
Funções principais:
Prestação da justiça comum;
Controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos.
Controle constitucional das leis
Princípio da revisão judicial das leis passou a ser adotado por diversos países, especialmente com a promulgação de novas constituições no século XX.
Crescimento deste mecanismo nos EUA.
Alguns inconvenientes ficam evidentes.
Delicada relação entre direito e política, entre liberdade e vontade majoritária.
Governo de juízes, independentes e intocáveis.
Controle Constitucional
Na primeira metade do século XX poucos países escapam à influência francesa e adotam a revisão judicial. Exemplo: Inglaterra.
Segunda Guerra Mundial – retomada de regimes democráticos – admissão dos princípios liberais.
Primeiro exemplo – Áustria – 1920 – Introduz o controle constitucional – Hans Kelsen.
Modelos de controle constitucional
Nos EUA: todos os juízes que integram o Judiciário têm capacidade para declarar a inconstitucionalidade das leis, no julgamento de casos judiciais concretos. . Conflitos entre leis e Constituição não são levados diretamente à Suprema Corte; lá apenas ingressam pela via dos recursos oriundos das instâncias inferiores. A Suprema Corte se destaca como guardiã graças à força vinculante de suas jurisprudências.
Difuso ou descentralizado
Modelos de controle constitucional
Modelo Austríaco – monopólio de um tribunal especial, conhecido como Corte Constitucional. É o órgão que julga, quando provocado por ação direta, não havendo possibilidade de outros órgãos judiciais realizarem o controle constitucional de maneira descentralizada.
Concentrado
Modelo austríaco
Serviu de modelo na Europa pós-guerra (Itália e Alemanha).
Inspiração liberal, mas procura evitar problemas americanos, cuja descentralização da revisão judicial pode levar ao “governo dos juízes”.
Maior equilíbrio entre a função liberal e a vontade majoritária, justamente pela politização da composição das cortes e restrição dos entes legitimados a promover ação perante o tribunal.
Cortes constitucionais
Papel político fica claro
Órgãos separados do Poder Judiciário, não coincidindo com os tribunais superiores.
Formas de investidura são mais politizadas, combinando participação do Presidente e do Legislativo.
Tempo de mandato – deve ser submetido à avaliação periódica do corpo político.
restrição dos entes legitimados a promover ação perante o tribunal.
Novo impulso nas décadas de 1970 e 1980
Impulso tanto na forma difusa ou concentrada.
Dissolução de regimes ditatoriais (Portugal e Espanha).
Onda liberalizante atingiu a América Latina, onde se reestabeleceu o controle difuso, sob influência norte-americana.
Entre os extremos há casos de países que buscaram estabelecer combinações entre elas, originando sistemas mistos ou híbridos.
O caso brasileiro
A constituição de 1891 copiou o modelo difuso americano.
Várias mudanças inspiradas no sistema concentrado europeu foram adotadas posteriormente em outras constituições, assumindo postura híbrida.
Não houve clara predominância das decisões do STF sobre as instâncias inferiores.
Constituição de 1988
Não é apenas difuso porque há mecanismos de ação direta de inconstitucionalidade, que pode anular ou ratificar lei em si.
Não é apenas concentrado porque o STF não detém o monopólio da declaração de inconstitucionalidade. Instâncias inferiores podem afastar a aplicação de lei em casos concretos. Nestes casos quando STF recebe recursos atua apenas como órgão de cúpula, e suas decisões valem apenas para aqueles casos particulares.,
Sistema Híbrido
Na década de 1990 surgem discussões acerca do poder não vinculante das decisões do STF.
Em 2004 a EC 45 estabelece as súmulas vinculantes. CF art. 103-A.
Além de descentralizado o sistema híbrido brasileiro é extremamente acessível também pela via direta CF art. 103.
Crescimento do número de recursos extraordinários e ADIns.
Caso brasileiro
Distancia-se do republicanismo
democrático e adota fortemente o princípio liberal de contenção da maioria política, por meio de um sistema ultradescentralizado de controle constitucional, que permite às minorias políticas exercer poder de veto.
Sistema brasileiro permite que minorias possam ser representadas contra decisões políticas majoritárias (separação de poderes entre executivo e legislativo, duas câmaras legislativas com poderes simétricos, multipartidarismo exacerbado e federalismo razoavelmente descentralizado).
Judiciário representa importante veto point (possibilidade de usar veto, tanto por partes de maioria quanto de minoria).
Expansão do Judiciário
Transformação do Judiciário em instância de implementação de direitos sociais e coletivos.
Dois fatores:
Desenvolvimento e crise do Estado de Bem-Estar Social – Estado deixa de ser apenas o responsável pela manutenção da ordem e garantia das liberdades e passa a instrumento de redução de desigualdades sociais, por meio da intervenção econômica e da prestação de serviços públicos (Art. 5º CF).
Ampliação do acesso à justiça para direitos coletivos.
Direitos difusos e coletivos
Surgimento de novos tipos de direitos.
Direitos transindividuais de natureza indivisível, , dos quais são titulares pessoas indeterminadas (direitos difusos – direito ambiental), ou grupo de pessoas ligadas a alguma relação jurídica (direitos coletivos – relações de consumo).
Forte expansão no Brasil.
Ativismo Judicial
Judicialização da política
Condições presentes no caso brasileiro.
Ativismo Judicial
Republicanização do Judiciário – criação de órgão de controle externo – accountability – CNJ.

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