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Slides Ação Penal

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Ação Penal
Fundamento Constitucional 
O acesso ao Poder Judiciário é direito fundamental do indivíduo, sendo que ele pode reclamar ao juiz a prestação jurisdicional toda vez que se sentir ofendido ou ameaçado, como dispõe o art. 5º, XXXV CF. In verbis: 
 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Conceito: É o direito do Estado-acusação ou da vítima, de ingressar em juízo pleiteando a aplicação do direito material ao caso concreto pelo Estado-juiz. Trata-se de uma relação estabelecida entre as partes contrapostas: acusação e réu / juiz.
Natureza jurídica: É um desdobramento natural do princípio do devido processo legal, exigindo que o Estado faça valer a sua pretensão punitiva contra qualquer criminoso.
Processo e Procedimento 
Processo:
É uma sucessão ordenada de atos dirigida à uma sentença. 
Procedimento:
é a forma dada à sucessão de atos que buscam a sentença. Espelha a maneira pela qual se dará o desenvolvimento do processo. Podendo ser:
Procedimento Comum – Pode ser:
Ordinário
Sanção máxima igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade. Ex: Art. 121 CP – homicídio simples
 Sumário
Sanção máxima inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade. Ex: Art. 255 CP – perigo de inundação 
 Sumaríssimo
Aplicável a todas as infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes cuja sanção máxima não ultrapasse 2 anos). Ex: Art. 147 CP - ameaça
Procedimento Especial
Tribunal do Júri, Crimes contra a Honra, Crimes praticados pro Funcionários Públicos...
Condições genéricas da ação penal 
Para que ocorra o recebimento da Denúncia e/ou da Queixa pelo juiz é essencial que se verifique se estão presentes as condições da ação, ou seja, se existem os requisitos mínimos indispensáveis para a formação da relação processual.
São condições genéricas da ação penal: a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade de parte.
Possibilidade jurídica do pedido
É a existência de justa causa (lastro probatório mínimo da autoria e da materialidade do delito) que viabiliza o ajuizamento da ação penal. Consiste na possibilidade, em tese, do Estado obter a condenação do indivíduo a quem é imputado um fato típico, antijurídico e culpável. 
Interesse de agir
O interesse de agir do órgão acusatório na ação penal ocorre quando houver:
*necessidade (do devido processo legal para ocorrer a condenação, e consequentemente, a submissão do indivíduo à sanção penal);
*adequação (da ação penal de seguir os procedimentos previstos no CPP);
*utilidade (para a pretensão punitiva do Estado).
Legitimidade de parte
É a verificação, com o ajuizamento da ação penal, se faz necessária a verificação da legitimidade dos que figuram nos polos ativo e passivo da ação penal.
Legitimidade do polo ativo (titular da ação penal): Ministério Público (Ação Penal Pública) ou Ofendido (Ação Penal Privada), sendo que este último pode ser representado ou sucedido por outra pessoa na forma da lei. 
Art. 30 CPP – Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 31 CPP – No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Legitimidade do polo passivo: adstrita ao agente que praticou o ilícito penal. Princípio da intranscendência (não terá legitimidade passiva aquele que não praticou a infração penal, nem de qualquer forma auxiliou a sua realização).
Obs1: Funcionário público, ofendido em sua honra no exercício da função, que pretende processar o ofensor, pode representar para que o Ministério Público promova a ação penal pública condicionada ou ingressar com queixa crime, ficando a sua escolha quem figurará no polo ativo da demanda (Súmula 714 STF).
Obs2: Não há no Brasil a ação penal popular, onde qualquer do povo pode ajuizar demanda criminal contra outrem perante o Poder Judiciário. 
Condições específicas da ação penal (ou condições de procedibilidade)
Para que as ações penais públicas condicionadas possam ser ajuizadas, devem ser precedidas de:
representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. 
Obs1: A requisição do Ministro da Justiça é a exigência legal para que se instaure IP ou se promova ação penal em que o Presidente da República figura como ofendido.
Obs2: A requisição do Ministro da Justiça nos crimes em que o Presidente da República figura como ofendido NÃO TEM PRAZO (mas deve-se tomar cuidado em relação ao prazo prescricional). 
Obs3: O prazo para o oferecimento de representação é de 6 meses contado do dia em que se sabe quem foi o autor do delito. Se não representar no prazo, decai o direito de ação.
Obs4: Inexistente a representação quando a lei assim demandar, falta condição específica para a ação penal, devendo ser rejeitada a denúncia.
Obs5: A requisição do Ministro da Justiça é a exigência legal para que se instaure IP ou se promova ação penal em que o Presidente da República figura como ofendido. 
Representação do Ofendido 
Trata-se de uma notitia criminis postulatória, pois quem formula a representação não somente informa a ocorrência de um crime à autoridade, mas também pede e autoriza a instauração da persecução penal. 
A representação pode ser oferecida por procurador do ofendido? Este procurador precisa ser advogado? 
A representação pode ser oferecida pelo procurador do ofendido desde que possua poderes especiais para representar. O procurador que realizará a representação não precisa ser advogado, necessitando apenas ter mais de 18 anos.
Obs2: A representação pode ser feita perante a autoridade policial, promotor ou magistrado.       
A representação exige um rigor formal (termo específico do desejo de representar contra o autor da infração penal)?
Não. Basta que o ofendido compareça à Delegacia, registre a ocorrência e manifeste no próprio boletim de ocorrência o seu desejo de ver o agressor processado. 
Obs1: Se a vítima apresentar representação oral à autoridade policial, o ideal é coletar a intenção de representação do ofendido por termo e coletar sua assinatura no mesmo.
Obs2: INÍCIO DA AÇÃO PENAL X AJUIZAMENTO DA AÇÃO PENAL
O início da ação penal ocorre com o oferecimento da denúncia ou da queixa.
O ajuizamento da ação penal ocorre com o recebimento da peça acusatória (denúncia ou queixa) pelo juiz.
Obs4: O representante pode se dirigir diretamente ao MP, quando o próprio promotor reduzirá a termo a vontade do ofendido de representar. A representação também pode ser escrita pelo ofendido, desde que assinada e reconhecida sua assinatura em cartório, contendo todos os dados do fato criminoso e de sua autoria.
Obs5: Não pode ser ampliada a representação, caso o titular da ação penal descubra que ocorreram novos fatos criminosos não contidos na representação, denunciando o agente por mais delitos do que os existentes na representação original (estaria transformando o restante dos crimes em ação penal pública incondicionada, pela inexistência de representação).
Obs6: Apresentada a representação contra um dos autores do delito, o Ministério Público fica autorizado a oferecer denúncia contra todos os envolvidos (Princípio da obrigatoriedade da ação penal – não pode escolher quem será processado).
Obs7: Se o ofendido for menor de 18 anos – não possuindo capacidade postulatória – seu representante legal pode manifestar vontade em seu lugar: o ascendente, tutor ou curador (Art. 24, caput, parte final CPP).
Obs8: Em caso de morte ou da decretação da ausência do ofendido, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, §1º CPP). Seguindo a ordem de preferência.
O que ocorre se a viúva do ofendido não quiser representar para o ajuizamento da ação penal e o filho quer?
Em caso de discordância se deve ou não haver representação, embora exista a ordem de preferência, deve prevalecer a vontade daquele que pretende a representação, no caso,
o filho.
 
Pode ocorrer retratação da representação?
O ofendido ou seu representante legal, ANTES DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA, pode se retratar da representação (autorização) dada ao MP para ajuizar ação penal.
Obs1: Discute-se tanto na doutrina quanto na jurisprudência a possibilidade de ocorrer a retratação tácita (ex: reconciliação do ofendido com o agressor) mas não há consenso sobre a sua possibilidade.
Pode ocorrer retratação da retratação do direito de representar?
Pode ocorrer a retratação, desde que dentro do prazo decadencial de 6 meses para o oferecimento da representação, desde que a vítima não utilize este artifício para extorquir o autor da infração penal. 
No caso de uma ação penal pública condicionada, em que o MP entenda não existirem provas suficientes para a propositura da ação penal, pode a vítima ajuizar ação penal privada subsidiária da pública?
Não, uma vez que o promotor cumpriu sua função e o MP é o titular da ação penal.
REQUISIÇÃO
É a exigência legal que o Ministro da Justiça deve encaminhar ao MP autorizando que seja apurada a prática de crime contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, § único, 1ª parte do CP).
NÃO EXISTE PRAZO DECADENCIAL PARA A REALIZAÇÃO DA REQUISIÇÃO
(limitada à ocorrência da prescrição - extinguindo a punibilidade)
 
Pode o Ministério Público deixar de oferecer denúncia após a realização de requisição pelo Ministro da Justiça?
Sim, desde que se verifique que não existem indícios de autoria e materialidade para a ação penal.
É possível a retratação da requisição nas ações penais públicas condicionadas?
Sim, como na representação, DESDE QUE ANTES DE OFERECIDA A DENÚNCIA.
 
AÇÃO PENAL PRIVADA
 
EXCEPCIONALMENTE, o Estado permite que ocorrendo um delito, o ofendido EXCLUSIVAMENTE opte por ajuizar ou não ação penal contra seu ofensor. Nestes casos existe o nítido predomínio do interesse do particular sobre o coletivo.
Ex: No crime de injúria, que ataca a honra subjetiva do ofendido, por se tratar de ofensa à honra, a mera existência de processo criminal pode causar mais desgaste emocional à vítima do que simplesmente esquecer o acontecido. 
Querelante: o ofendido/ a vítima	
Querelado: o ofensor/ o autor do delito
O direito de ação nas ações penais privadas é regido pelas seguintes regras: decadência, renúncia, perdão e perempção.
DECADÊNCIA
É a perda do direito de agir pelo decurso de determinado lapso temporal, estabelecido por lei, provocando a extinção da punibilidade. Faz perecer o direito de ação, comprometendo indiretamente o direito de punir do Estado.
A decadência envolve todo tipo de ação penal privada (exclusiva ou subsidiária). Abrange também o direito de representação na ação penal pública condicionada.
	Existem alguns prazos decadenciais especiais nas ações penais privadas:
6 meses a partir do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anulou casamento – art. 236, § único CP (Ex: agente portador de moléstia grave transmissível);
30 dias, a contar da homologação do laudo, nos crimes contra a propriedade imaterial (art. 529 CPP).
Obs1: Embora o prazo decadencial seja um prazo processual, por possuir nítido reflexo do direito penal, gerando a extinção da punibilidade, deve ser contado como PRAZO PENAL (art. 10 CP) incluindo o dia do começo e excluindo o dia do final. 
Obs2: O prazo decadencial não se interrompe (nem nas FÉRIAS FORENSES, nos feriados e nos fins de semana). A finalização do prazo decadencial ocorre com o oferecimento da queixa ao juízo.
Marco inicial da contagem do prazo decadencial 
O dia em que a vítima souber quem foi o autor do crime.
Obs1: A demora para a conclusão do IP, mesmo que indispensável para a propositura da ação penal privada, não interrompe a decadência. Deve o ofendido oferecer a queixa crime com os elementos que possui, para interromper o prazo decadencial, informado ao juízo que o IP está tramitando, mas está demorando a ser concluído. Assim, o juiz passará a controlar o prazo do IP, exigindo sua conclusão, para então apreciar se recebe ou não a queixa crime.
Obs2: Se a queixa for oferecida a juiz incompetente (em razão do território) deve interromper o prazo decadencial, desde que o próprio juiz incompetente remeta os autos a outro magistrado, sem que o processo finde. Caso a parte desista da ação e a proponha nova no foro correto, deve estar dentro do prazo decadencial de seis meses, pois como a nova demanda foi ajuizada, a interrupção perdeu o efeito.
Obs3: O prazo decadencial nos crimes continuados deve ser contado individualmente em relação a cada um dos delitos cometidos. 
Obs4: O prazo decadencial nos crimes permanentes deve ser contado da data em que o ofendido souber quem foi o autor do crime E NÃO DA DATA EM QUE CESSAR A PERMANÊNCIA. 
Obs5: O prazo decadencial nos crimes habituais deve ser contado da data em que o ofendido souber quem foi o autor do crime E NÃO DA DATA EM QUE CESSAR A CONDUTA REITERADA E HABITUAL DO AGENTE.
Prazo decadencial quando o ofendido for menor de 18 anos
(prazos independentes para o representante do menor e para o menor)
 
Representante do menor – seis meses contados da data em que o souber quem foi o autor do crime
Se o representante do menor ficou inerte (não apresentou queixa crime) – seis meses contados da data em que o menor completou 18 anos de idade (aquisição da capacidade processual).
 
RENÚNCIA
Significa que a vítima desistiu de exercer o seu direito de ação, não pretendendo tomar providências contra o seu agressor (ex: renúncia ao direito de ação por entender que o mesmo não lhe será conveniente ou porque perdoou a atitude do ofensor).
DEVE SER ANTERIOR AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO
É ATO UNILATERAL DO OFENDIDO/ INDEPENDE DE ACEITAÇÃO
 
Obs1: A renúncia pelo ofendido não necessita de aceitação do autor da infração penal. 
Obs2: Para desistir do direito de ação, o ofendido não precisa renunciar, pois pode simplesmente deixar escoar o prazo decadencial, deixando extinguir a punibilidade.
Obs3: Em decorrência do princípio da indivisibilidade da ação penal, desejando renunciar em relação a um dos agressores, este benefício também se estenderá a todos os coautores (princípio da indivisibilidade).
A renúncia pode ser realizada de forma:
*expressa – feita por petição assinada pelo ofendido ou por seu procurador com poderes especiais;
*tácita – pode ocorrer através de atitudes e gestos que demonstrem a reconciliação com o agressor (ex: Convite do ofendido para o ofensor ser seu padrinho de casamento).
Obs4: A renúncia ao direito de ação pelo ofendido não implica em abdicação do direito de recebimento de indenização civil do dano causado pela infração penal (art. 104, § único CP).
Obs5: Nas infrações de menor potencial ofensivo, a composição dos danos civis implica em renúncia ao direito de denúncia ou queixa.
A renúncia pode se realizar no procedimento investigatório (procedimental) ou fora dele (ex: envio de uma carta do ofendido ao autor do delito dizendo que não irá processá-lo criminalmente).
 
PERDÃO
É a desistência da ação penal privada pelo querelante.
 
DEVE SER POSTERIOR AO AJUZAMENTO DA AÇÃO
TRATA-SE DE ATO BILATERAL DO OFENDIDO / NECESSITA DE CONCORDÂNCIA DO AGRESSOR
 
Obs1: A aceitação do perdão pode ser feita por procurador com poderes especiais (advogado, defensor dativo ou terceiro).
Obs2: O perdão pode ser concedido pelo querelante até o TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA (Art. 106, § 2º CP).
Obs3: O perdão pode se dar de forma expressa ou tácita (atitudes incompatíveis com o desejo de processar).
Obs4: O querelante perdoando um dos querelados, faz com que o perdão seja oportunizado a todos os coautores, cabendo a ele aceitarem ou não.
Obs5: Como o perdão é um ato bilateral, exigindo a aceitação do querelado, se existir mais de um querelado, é possível que um deles aceite o perdão e os outros não, prosseguindo o processo em relação aos que não o aceitaram (arts.
51 CPP e 106, I e II CP).
Obs6: Quando houver mais de um querelante, ainda que um deles perdoe o querelado, o outro poderá processá-lo (art. 106, II CP).
Obs7: Havendo vários crimes de ação penal privada em relação ao mesmo querelante e querelado, o perdão concedido em um dos processos não se estende aos outros, que podem prosseguir normalmente.
Obs8: A legitimidade para perdoar é sempre do ofendido com mais de 18 anos, não tendo mais aplicação os arts. 52 e 54 do CPP, que fazem referência à legitimidade concorrente do menor de 21 anos e maior de 18 anos e seu representante legal para exercer o perdão, após o advento do Código Civil 2002.
Obs9: Quando se tratar de um querelado inimputável ou semi-imputável, que não tiver representante legal ou que seus interesses colidam com os do representante, a ele será nomeado um curador. Caberá ao curador a aceitação do perdão ao querelado (art. 52 CPP).
PEREMPÇÃO
É uma penalidade aplicada ao querelante, que por desídia, demonstra desinteresse no prosseguimento da ação penal exclusivamente privada. Causa a extinção da punibilidade do querelado. 
Obs1: Havendo mais de um querelante, a decretação de perempção pela inércia de um deles não pode prejudicar os demais, seguindo o processo em relação aos querelantes que não deixaram ocorrer a perempção.
Causas da perempção (art. 60 CPP):
*Paralisação do processo por mais de 30 dias – o querelante deve praticar os atos processuais que lhe competem;
Obs1: A paralisação processual por mais de 30 dias deve ser computada de uma vez só e não cumulativamente (não podem ser somados os diversos períodos de inatividade processual).
*Falecimento ou incapacidade do querelante – os sucessores do querelante têm 60 (sessenta) dias para dar continuidade ao processo (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão); 
Obs2: Se mais de um dos legitimados à sucessão do querelante comparecerem em juízo será observada a seguinte ordem: cônjuge, ascendente, descendente e irmão (art. 31 CPP).
Obs3: Não há necessidade de intimação dos parentes do querelante para o substituírem no processo. Esse prazo começa a correr na data da morte do querelante ou na data em que se iniciou sua incapacidade.
*Não comparecimento do querelante, injustificadamente, a ato processual indispensável - o juiz deseja ouvir o querelante (busca da verdade real);
*Ausência de pedido do querelante de condenação nas alegações finais – verifica-se que o querelante foi negligente ou não crê mais na culpa do querelado (princípio da oportunidade);
*Extinção da pessoa jurídica sem deixar sucessora disposta a assumir o polo ativo da demanda.
AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
O art. 5º, LIX da CF possibilita que a vítima ou seu representante legal ingresse diretamente com ação penal, através do oferecimento da queixa, quando nas ações penais públicas o MP não realizá-la no prazo legal (art. 46 CPP).
Para ajuizar a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, o ofendido tem o prazo de 6 meses, a contar do esgotamento do prazo do MP para oferecer denúncia (art. 38, , 2ª parte c/c art 46, caput CPP). 
Caso o MP requeira a devolução do IP à autoridade policial para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, a partir do retorno dos autos começará a contar o prazo para oferecimento de denúncia (art. 16 CPP).
Obs1: Se as diligências requeridas pelo MP forem protelatórias, para burlar o prazo decadencial, pode ser ajuizada a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
Obs2: Na Ação Penal Privada Subsidiária da Pública é inadmissível o perdão ofertado pelo querelante. 
Oferecida a queixa pelo ofendido, as atribuições do MP passam a ser: aditar a inicial (ex: incluir figura típica não descrita na queixa); incluir querelante olvidado; repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva (ao verificar que a peça ofertada pela vítima é inepta).
 
O MP pode intervir em todos os termos do processo, pois o direito de punir continua sendo do Estado, sendo que apenas a iniciativa da ação penal passou ao particular. 
O MP pode fornecer elementos de prova, interpor recurso e retomar a ação penal se houver negligência do particular (art. 60 CPP - perempção). Funciona como um assistente litisconsorcial. 
Espécies de ações privadas:
Exclusivamente privada – somente a vítima e seu representante legal são autorizados por lei a ingressar com ação penal (art. 31 CPP).
Exceção: Ação Personalíssima – a legitimidade para ingressar com a ação penal é privativa da pessoa ofendida, não admitindo que os sucessores assumam o polo ativo (Ex: induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento-art. 236 CP).
Subsidiária da pública – o MP deixa escoar o prazo para oferecimento da denúncia e o particular age em seu lugar.
 
 
Sucessão e menoridade no contexto do oferecimento de queixa
Morte do ofendido ou ausente – ordem de sucessão: cônjuge, ascendente, descendente e irmão (art. 31 CPP).
Obs1: Prazo decadencial aos sucessores.
Obs2: Divergência entre os sucessores, prevalece o que pretende ajuizar ação penal.
Obs3: Se a ação já tiver sido ajuizada, os sucessores têm 60 dias para dar prosseguimento ao processo após o falecimento do querelante (art. 60, II CPP) – Não há necessidade de intimação dos familiares.
Obs4: O convivente na união estável é equiparado ao cônjuge.
Menor de 18 anos ou maior mentalmente enfermo ou retardado sem a devida representação legal (não possui parente próximo) – juiz nomeia curador especial (qualquer pessoa com mais de 18 anos, da confiança do juiz). 
Ob1: Caso o menor possua representante, mas o seu interesse conflite com o do representado, o juiz nomeará curador. (Ex: jovem de 17 anos que sofreu difamação pelo padrasto, mas que a mãe não tem interesse que seja apurado).
Situação de pobreza e exercício de cidadania
Art. 5º, LXXIV CF – assistência judiciária integral e gratuita aos que não tiverem recursos financeiros. 
Obs2: Para a interposição de Ação Penal Privada para o indivíduo hipossuficiente, o Estado deverá lhe proporcionar advogado e a remuneração do profissional será feita pelo Estado.
Obs3: Não se exige mais o atestado de pobreza emitido por Delegado, bastando simples declaração de próprio punho.
 
Conteúdo e formalidades da Denúncia ou da Queixa 
Denúncia – petição inicial das ações penais públicas, contendo a acusação realizada pelo MP contra o agente que praticou o fato criminoso. 
Queixa – petição inicial das ações penais privadas, contendo a acusação realizada pelo ofendido contra o agente que praticou o fato criminoso. 
O art. 41 do CPP dispõe que tanto a denúncia quanto a queixa devem conter:
a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais ele possa ser identificado;
classificação do crime;
rol de testemunhas.
A exposição do fato criminoso deve narrar o tipo básico (descrever a conduta criminosa) e o tipo derivado (qualificadoras ou causas de aumento de pena).
A inépcia da inicial acusatória ocorrerá quando os requisitos do art. 41 do CPP não forem observados, devendo o juiz rejeitá-la de oficio (art. 395, I, CPP).
Obs: As omissões que comprometam a queixa crime devem ser sanadas antes do decurso dos seis meses previstos para o prazo decadencial.
Em relação a identificação do acusado, o ofendido pode não ter o nome e/ou demais elementos que o qualificam, contentando-se a ação penal com a determinação física do autor do fato, razão pela qual se torna imprescindível sua identificação datiloscópica e fotográfica.
O promotor deve descrever pormenorizadamente o crime praticado pelo agente, oferecendo a sua classificação. Contudo, o tipo penal constante na denúncia não vincula ao juiz nem a defesa (art. 383 CPP – emendatio libelli).
Obs: É inconteste que o acusado terá ampla defesa assegurada se os fatos e as circunstâncias que envolveram o delito estiverem claros na denúncia.
O rol de testemunhas deve necessariamente ser oferecido na denúncia, sob pena de precluir o direito de produzir
prova testemunhal. 
Obs: No procedimento ordinário, o número máximo de testemunhas é de oito para cada fato imputado ao acusado. Caso se faça opção pela oitiva da vítima, ela não necessita estar arrolada no rol de testemunhas da acusação (não é ouvida como testemunha por possuir interesse na causa).
A falta de assinatura da denúncia pelo promotor se constitui em mera irregularidade, não impedindo o seu recebimento, especialmente quando for imprescindível para evitar a prescrição.
E em relação à falta de assinatura da queixa pelo advogado do querelante?
A falta de assinatura da queixa pelo advogado do querelante se constitui em causa indispensável à propositura da ação penal, não devendo o juiz recebê-la, mesmo que acarrete na decadência, por se tratar de ato fundamental da manifestação da vontade da vítima, por intermédio de seu procurador, indispensável para a propositura da ação penal.
Obs1: As omissões da denúncia e da queixa podem ser supridas a qualquer momento, desde que antes de ser proferida sentença.
Obs2: Excepcionalmente, pode o promotor realizar denúncia genérica em relação aos coautores e partícipes, quando não conseguir identificar a conduta de cada um na prática da infração penal. Entretanto, devem existir provas suficientes de que todos participaram do delito (exemplo: João disfere tiros contra os clientes do Bar Cana Benta, sendo que José e Junior apenas recarregavam a arma para que João pudesse atirar). Esta exceção visa evitar a impunidade quando não se sabe identificar qual o crime praticado por cada indivíduo.
Denúncia ou queixa alternativa
Não existe a possibilidade do titular da ação penal apresentar ao juiz a inicial acusatória, a alternância de imputações. Caso exista dúvida do titular da ação penal quanto à classificação da ação penal, ele deve optar pela tipificação da acusação antes do oferecimento da denúncia ou a queixa, pois não é possível a apresentação de duas versões contra o mesmo réu ao juízo (Impossibilita a ampla defesa do réu se a parte o acusa pela prática de homicídio por motivo fútil ou torpe).
Obs: A denúncia ou a queixa devem ser concisas, limitando-se em apontar os fatos cometidos pelo autor do crime, sem juízo de valoração ou apontamentos doutrinários e jurisprudenciais.
Retificação da denúncia ou queixa no seu recebimento
Quando a inicial acusatória estiver mal redigida, dando a entender se tratar do crime de extorsão, quando na verdade se trata do crime de roubo, a denúncia deve ser rejeitada.
Obs: Analisado o caso será possível a aplicação da emendatio libelli.
Rejeição de denúncia ou queixa pelo juiz e recebimento pelo Tribunal
Caso o juiz rejeite a denúncia ou a queixa por considerá-la inepta, pode ser interposto recurso, cabendo ao Tribunal recebê-la (Súmula 709 STF: “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.”). 
Obs2: Caso o a denúncia ou a queixa não tenha sido recebida pelo juiz, por ele ter se julgado incompetente, não pode ser recebida pelo Tribunal, sob pena de supressão de instância.
Recebimento ou rejeição parcial da denúncia ou queixa
A denúncia ou queixa pode ser recebida parcialmente pelo juiz, desde que não implique em antecipação do mérito. O magistrado pode acolher alguns fatos narrados pela acusação com base no inquérito policial e afastar outros que não estejam presentes os indícios de autoria e materialidade. Nesse caso, deve ser fundamentada a decisão do juiz que aceita a exordial acusatória em parte, para saber os motivos que levaram ao convencimento. 
REGRA: Não é obrigatória a fundamentação do recebimento da denúncia ou da queixa pelo juiz, por falta de previsão legal, para evitar que se antecipe o mérito, sob pena de nulidade absoluta (Ex: “Recebo a denúncia.”). 
Obs: Se durante a instrução surgirem novas provas indicando a existência de novo crime ou de circunstância agravante, a peça acusatória poderá ser aditada. 
Exceções: crimes afiançáveis praticados pelo funcionário público no exercício da função – apresentação de defesa preliminar antes do recebimento da denúncia. Se o juiz receber ou não a denúncia, deve fundamentar sua decisão.
Poderes especiais para o oferecimento de queixa
A queixa deve ser oferecida por procurador com poderes especiais (art. 44 CPP) indicando exatamente o fato a ser imputado e contra quem. Visa que a vítima se responsabilize pelos termos em que é oferecida a queixa. Os poderes especiais concedidos pela vítima podem ser substituídos pela sua assinatura junto com o advogado na queixa.
Obs: O advogado contratado pela vítima pode agir de duas formas:
requerer a instauração do inquérito policial para apurar a autoria e a materialidade do delito (procuração sem poderes específicos);
quando as provas já estão pré-constituídas, deverá oferecer a queixa, necessitando apenas de procuração com poderes especiais. 
Exigência de prova pré-constituída para instruir a queixa 
Como na denúncia, para o oferecimento da queixa, deve existir a prova pré-constituída dos fatos imputados ao acusado, servindo para dar justa causa à ação penal (não tem cabimento apresentar queixa se não sabe quem é o autor do crime ou qual o crime cometido).
Aditamento da queixa pelo MP
O art. 45 do CPP permite que o MP, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, apresente aditamento à queixa, além do promotor de justiça poder intervir em todos os termos subsequentes do processo e corrigir eventuais falhas formais da queixa apresentada.
A liberdade de atuação do Estado só pode ocorrer na ação penal privada subsidiária da pública, pois caso o faça na ação penal privada, poderá estar substituindo o ofendido no desejo de processar o acusado. 
Obs: Na ação penal privada, o MP funciona como custos legis, agindo como fiscal da lei pelo fato da pretensão punitiva pertencer ao Estado.
Reconhecimento da extinção da punibilidade
O juiz deve reconhecer de ofício a extinção da punibilidade (art. 61 CPP).
Quando se tratar de requerimento da parte, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvindo a parte contrária, podendo inclusive produzir prova, para só então decidir a questão. 
Causas de extinção da punibilidade (Art. 107 CP):
morte do agente;
anistia, graça ou indulto;
retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso (abolitio criminis);
prescrição, decadência ou perempção;
renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite (art. 143 CP - calúnia e difamação; art. 342, § 3º, do CP - falso testemunho e falsa perícia);
pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Obs: A extinção de punibilidade pela apresentação de certidão de óbito falsa do réu impossibilita a reabertura do processo, só podendo ser processado quem falsificou e utilizou o documento. 
JURISDIÇÃO 
É o poder atribuído constitucionalmente ao Estado, para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos.
Todo juiz, investido na sua função, possui jurisdição, valendo-se da força estatal para fazer cumprir a decisão compulsoriamente.
Princípios regentes da jurisdição:
indeclinabilidade – o juiz não pode se abster de julgar os casos que lhe forem a presentados;
improrrogabilidade – as partes, mesmo que entrem em acordo, não podem subtrair ao juízo natural o conhecimento de determinada causa na esfera criminal;
indelegabilidade – o juiz não pode transmitir o poder jurisdicional a quem não o possui;
unidade – a jurisdição é única, pertence ao Poder Judiciário, diferenciando-se apenas no tocante à sua aplicação e ao grau de especialização. Pode ser: 
	Civil – estadual ou federal; Penal – estadual ou federal; 				Militar – estadual ou federal; Eleitoral; Trabalhista.
COMPETÊNCIA 
É a delimitação da jurisdição. Consiste no espaço dentro do qual determinada autoridade judiciária pode aplicar o direito aos litígios que lhe forem apresentados, compondo-os. 
CUIDADO: O
STF tem competência para exercer a jurisdição em todo o Brasil. Entretanto, em relação à matéria, esse Tribunal acaba limitado a determinados assuntos.
Ex: Não pode um Ministro homologar uma separação consensual de um casala de qualquer parte do país, mas pode apreciar o habeas corpus de uma pessoa presa em qualquer parte do território brasileiro (autoridade coatora: Tribunal Superior – art. 102, inciso I, alínea “i” da CF.
Todo magistrado possui jurisdição, mas ela é delimitada pela competência, fixada pelas normas constitucionais e pelas leis.
Competência absoluta: fixação de competência que não admite prorrogação (IMPRORROGÁVEL). O processo deve ser remetido ao juiz natural sob pena de nulidade absoluta do feito. 
* competência em razão da matéria (ratione materiae): 
federal e estadual;
cível e criminal;
criminal geral ou criminal especial. 
 * competência por prerrogativa de função: 
juiz estadual – TJ 		e	 juiz federal – TRF;
Governador – STJ 	e	 juiz federal – TRF.
Competência relativa: fixação de competência que admite prorrogação, ou seja, não invocada em tempo a incompetência de foro, reputa-se competente o juízo que conduz o feito, não se admitindo qualquer alegação posterior de nulidade (PRORROGÁVEL). 
*Competência territorial:
Regra: A competência territorial é fixada pelo lugar da infração.
Obs1: Supletivamente, caso não se saiba o local em que ocorreu a infração penal, a regra para a fixação da competência territorial passa a ser o local de domicílio do réu (art. 72 CPP).
Obs2: Se o réu tiver mais de um domicílio (residência) a competência será fixada pela prevenção (art. 72, §1º CPP).
Obs3: Se o réu não tiver domicílio certo (residência certa) ou for ignorado seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art. 72, §2º CPP).
Obs4: O querelante poderá eleger o foro em que pretende interpor ação penal exclusivamente privada. Poderá escolher o foro do domicílio do réu, mesmo que seja conhecido o local da infração (art. 73 CPP).

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