Aula AÇÃO POSSESSÓRIA 2016

Prévia do material em texto

AÇÃO POSSESSÓRIA
POSSE (ART. 1196 E SEGUINTES DO CÓDIGO CIVIL) : É A DETENÇÃO DE UMA COISA EM NOME PRÓPRIO; NÃO SE CONFUNDE O POSSUIDOR COM O MERO DETENTOR (ART. 1198 DO CÓDIGO CIVIL), POIS ESTE TAMBÉM POSSUI, MAS POSSUI EM NOME DE OUTREM, SOB CUJAS ORDENS E DEPENDÊNCIA SE CONTRATA, COMO O ADMINISTRADOR E O CASEIRO EM RELAÇÃO AO DONO DE UMA FAZENDA, O SOLDADO EM RELAÇÃO ÀS ARMAS DO QUARTEL, O PRESO EM RELAÇÃO ÀS FERRAMENTAS COM QUE TRABALHA, ETC.
OBS: TAIS SERVIDORES DETENTORES SÃO CHAMADOS DE “FÂMULOS DA POSSE”, NÃO PODENDO, EM NOME PRÓPRIO, INVOCAR A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA, MAS PODEM EXERCER A AUTOPROTEÇÃO (LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE) DO POSSUIDOR, QUE É A CONSEQÜÊNCIA NATURAL DO DEVER DE VIGILÂNCIA.
IMPORTANTE LEMBRAR QUE, TAMBÉM NÃO INDUZEM POSSE, OS ATOS DE MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA 
O CÓDIGO CIVIL ADOTOU A TEORIA OBJETIVA DE IHERING (EXISTE TAMBÉM A TEORIA DE SAVIGNY, QUE É SUBJETIVA; CONJUGAÇÃO DO CORPUS - ELEMENTO OBJETIVO E O ANIMUS - ELEMENTO SUBJETIVO), COMO SE DEPREENDE DA DEFINIÇÃO DE POSSUIDOR CONSTATANTE DO ART. 1196 - É A CONDUTA DE DONO; É A EXTERIORIZAÇÃO DA PROPRIEDADE; A VISIBILIDADE DO DOMÍNIO; O USO ECONÔMICO DA COISA (CONSIDERA O ANIMUS JÁ INCLUÍDO NO CORPUS).
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE: AINDA É CONTROVERTIDA - PODE SER UM DIREITO REAL, POR SER UM VÍNCULO QUE LIGA UMA COISA A UMA PESSOA E PELA SUA OPONIBILIDADE ERGA OMNES; PODE SER UM DIREITO OBRIGACIONAL; OU UM DIREITO ESPECIAL SUI GENERIS; POR FIM, OUTROS ENTENDEM QUE POSSE NÃO É DIREITO, MAS SIM UM FATO.
COMPOSSE: É A SITUAÇÃO PELA QUAL DUAS OU MAIS PESSOAS EXERCEM, SIMULTANEAMENTE, PODERES POSSESSÓRIOS SOBRE A MESMA COISA (ART. 1199 DO CÓDIGO CIVIL) - EX: MARIDO E MULHER QUE ADQUIREM COISA COMUM; CO-HERDEIROS ANTES DA PARTILHA; O CONDOMÍNIO - OBS: QUALQUER DOS COMPOSSUIDORES PODE VALER-SE DO INTERDITO POSSESSÓRIO OU DA LEGÍTIMA DEFESA PARA IMPEDIR QUE OUTRO COMPOSSUIDOR EXERÇA UMA POSSE EXCLUSIVA SOBRE QUALQUER FRAÇÃO DA COMUNHÃO.
DESSA FORMA, PARA EVITAR CONFUSÃO, PODE SER ESTABELECIDA UMA DIVISÃO DE FATO PARA A UTILIZAÇÃO PACÍFICA DO DIREITO DE CADA UM - COMPOSSE PRO DIVISO, QUE É DIFERENTE DA PRO INDIVISO.
EM RELAÇÃO A TERCEIROS, CADA COMPOSSUIDOR É COMO SE FOSSE UM ÚNICO SUJEITO, PODENDO QUALQUER DELES USAR DOS REMÉDIOS POSSESSÓRIOS NECESSÁRIOs
NÃO DEVE SER CONFUNDIDA A COMPOSSE COM A CONCORRÊNCIA OU SOBREPOSIÇÃO DE POSSES –
 NA COMPOSSE HÁ VÁRIOS POSSUIDORES EXERCENDO O PODER DE FATO IGUAL, CONCOMITANTEMENTE, SOBRE O MESMO BEM; 
NA CONCORRÊNCIA DE POSSES, HÁ O DESDOBRAMENTO DESTAS EM DIRETAS E INDIRETAS, OCORRENDO O FENÔMENO DA EXISTÊNCIA DE POSSES DE NATUREZA DIVERSA SOBRE A MESMA COISA, TENDO CADA POSSUIDOR O EXERCÍCIO LIMITADO AO ÂMBITO ESPECÍFICO DA SUA.
IMPORTANTE FRISAR QUE UMA NÃO EXCLUI A OUTRA, POIS COEXISTEM NO TEMPO E NO ESPAÇO E SÃO JURÍDICAS.
EX: O INQUILINO TEM A POSSE DIRETA DO IMÓVEL; JÁ O PROPRIETÁRIO TEM A POSSE INDIRETA; O COMODATÁRIO TEM A POSSE DIRETA DO BEM EMPRESTADO; POR SEU TURNO, O COMODANTE FICA COM A POSSE INDIRETA.
A posse pode ser justa ou injusta (violenta, clandestina, ou precária), art. 489 C.C.
O vício da precariedade macula a posse, não permitindo que ela gere seus efeitos.
DEFESA DA POSSE
A POSSE PODE SER PERTURBADA DE TRÊS FORMAS: 1) PELO ESBULHO (PERDA DA POSSE); 2) PELA TURBAÇÃO (TENTATIVA DE ESBULHO); OU 3) PELA AMEAÇA DE AGRESSÃO IMINENTE.
ASSIM, TEMOS A AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE PARA O ESBULHADO (ART. 560 e SS CPC); A AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE PARA O TURBADO; E A AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO (567) PARA O AMEAÇADO.
CABE MEDIDA LIMINAR PROVISÓRIA NO ESBULHO E NA TURBAÇÃO, SE O FATO TIVER MENOS DE UM ANO E UM DIA (É A POSSE NOVA { força nova }, QUE É DIFERENTE À POSSE VELHA { força velha } - ART. 927 CP CIVIL). NO INTERDITO PROIBITÓRIO NÃO HÁ LIMINAR, mas sim, cominação de multa para o caso de transgressão.
DESSA FORMA, SE O POSSUIDOR REAGIU LOGO, INTENTANDO A AÇÃO DENTRO DO PRAZO DE ANO E DIA, CONTADO DA DATA DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO, PODERÁ PLEITEAR A CONCESSÃO LIMINAR, POR TRATAR-SE DE AÇÃO DE FORÇA NOVA (ART. 562 DO CPC). OBS: PASSADO ESSE PRAZO, O PROCEDIMENTO SERÁ O ORDINÁRIO, SEM DIREITO A LIMINAR, SENDO A AÇÃO DE FORÇA VELHA. 
O POSSUIDOR TURBADO PODE EXERCER A LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE (AINDA NÃO PERDEU A POSSE), E O ESBULHADO PODE USAR DE ESFORÇO PARA RESTITUIR-SE NA POSSE POR SUA PRÓPRIA FORÇA, CONTANTO QUE O FAÇA LOGO (JÁ HOUVE A PERDA DA POSSE); É O DESFORÇO IMEDIATO - SÃO HIPÓTESES DE AUTOTUTELA, AUTODEFESA OU DEFESA DIRETA DA POSSE, NÃO HAVENDO NECESSIDADE DA PROPOSITURA DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS (HETEROTUTELA).
POSSE NATURAL E POSSE CIVIL OU JURÍDICA
POSSE NATURAL, É A QUE SE CONSTITUI PELO EXERCÍCIO DE PODERES DE FATO SOBRE A COISA; 
TEMOS TAMBÉM A POSSE CIVIL OU JURÍDICA, QUE É A QUE ASSIM SE CONSIDERA POR FORÇA DE LEI, SEM NECESSIDADE DE ATOS FÍSICOS OU MATERIAIS; SE ADQUIRE PELO TÍTULO 
No caso de posse de bens móveis, em se tratando de força velha, quando não se pode mais fazer uso do rito especial, caberá o rito comum (318 do CPC).
Durante o curso da possessória é defeso o ajuizamento da petitória (usucapião).
E na petitória não se poderá opor exceção de coisa julgada em ação possessória.
ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL POSSESSÓRIA
A PETIÇÃO INICIAL - PARA A REINTEGRAÇÃO E MANUTENÇÃO DE POSSE - DEVE ATENDER AO QUE DISPÕE O ART. 560 DO CPC (RITO ESPECIAL), BEM COMO TODOS OS REQUISITOS DO ART. 319 DO CPC (RITO ORDINÁRIO); E ART. 567 PARA O INTERDITO PROIBITÓRIO.
OBS: NÃO SE PODE AJUIZAR AÇÃO POSSESSÓRIA SEM QUE O OBJETO DA AÇÃO SEJA PERFEITAMENTE INDIVIDUALIZADO E DELIMITADO - DO CONTRÁRIO NÃO É POSSÍVEL A EXECUÇÃO DA SENTENÇA.
MUITAS VEZES NÃO É POSSÍVEL A IDENTIFICAÇÃO PERFEITA DOS INVASORES; ENTRETANTO, PODE-SE PROPOR A AÇÃO POSSESSÓRIA CONTRA TODOS OS OCUPANTES DO IMÓVEL, QUE SERÃO CITADOS E IDENTIFICADOS PELO OFICIAL DE JUSTIÇA, FAZENDO-SE MENÇÃO NA PETIÇÃO INICIAL DE SOMENTE ALGUNS NOMES, GERALMENTE DOS QUE LIDERAM O GRUPO.
LEGITIMAÇÃO ATIVA
EXIGE-SE, POR PRIMEIRO, A CONDIÇÃO DE POSSUIDOR PARA A PROPOSITURA DOS INTERDITOS (ART. 567 DO CPC), MESMO QUE NÃO TENHA TÍTULO - O DETENTOR, COMO JÁ DITO, POR NÃO SER POSSUIDOR, NÃO PODE PROPOR TAL TIPO DE AÇÃO.
NÃO BASTA SER PROPRIETÁRIO, ISTO É, SE O INTERESSADO NÃO TEVE A POSSE, TERÁ DE VALER-SE DA VIA PETITÓRIA, MAS NÃO DA VIA POSSESSÓRIA.
O HERDEIRO, OU SUCESSOR CAUSA MORTIS, “CONTINUA DE DIREITO A POSSE DE SEU ANTECESSOR” (ART. 496 DO CÓDIGO CIVIL) - POSIÇÃO PRIVILEGIADA, POIS NÃO PRECISA PROVAR A SUA POSSE ANTERIOR, MAS APENAS A DO FALECIDO.
O SUCESSOR A TÍTULO SINGULAR É FACULTADO UNIR A SUA POSSE À DO ANTERIOR, PARA EFEITOS LEGAIS (SE O ANTIGO POSSUIDOR FOI ESBULHADO, O NOVO POSSUIDOR PODE PROPOR A AÇÃO POSSESSÓRIA). 
OS POSSUIDORES DIRETOS E INDIRETOS TÊM AÇÃO POSSESSÓRIA CONTRA TERCEIROS, E, TAMBÉM, UM CONTRA O OUTRO - EX: LOCATÁRIO CONTRA O INVASOR (LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE - LITISCONSÓRCIO FACULTAIVO; NÃO É NECESSÁRIO QUE O LOCADOR INTEGRE O PÓLO ATIVO DA DEMANDA); OU LOCATÁRIO CONTRA O PRÓPRIO LOCADOR.
LEGITIMIDADE PASSIVA: É DO AUTOR DA AMEAÇA, DA TURBAÇÃO OU ESBULHO, BEM COMO O TERCEIRO QUE RECEBEU A COISA ESBULHADA, SABENDO QUE O ERA, ISTO É, DE MÁ-FÉ (ART. 504 DO CÓDIGO CIVIL) - SE ESSE TERCEIRO RECEBEU A COISA DE BOA-FÉ, CABE AÇÃO PETITÓRIA.
SE A TURBAÇÃO E O ESBULHO FOREM CAUSADOS POR MENOR PÚBERE (RELATIVAMENTE CAPAZ) A AÇÃO PODE SER PROPOSTA CONTRA ELE ASSISTIDO PELO PAI OU TUTOR OBS: - SE PRATICADO POR PESSOA SEM DISCERNIMENTO, LOUCO OU MENOR IMPÚBERE (ABSOLUTAMENTE INCAPAZ), A DEMANDA DEVE SER PROPOSTA CONTRA O ENCARREGADO POR SUA VIGILÂNCIA (CURADOR, PAI, TUTOR).
A AÇÃO POSSESSÓRIA PODE SER INTENTADA CONTRA O AUTOR DO ATO MOLESTADOR, CONTRA QUEM ORDENOU A SUA PRÁTICA, OU CONTRA AMBOS (MANDATO).
O HERDEIRO A TÍTULO UNIVERSAL TAMBÉM É LEGITIMADO PASSIVO, POIS CONTINUA DE DIREITO A POSSE DE SEU ANTECESSOR, COM AS MESMAS CARACTERÍSTICAS.
A PESSOA JURÍDICA DE DIREITOPRIVADO PODE SER RÉ, NÃO O SEU GERENTE, ADMINISTRADOR OU DIRETOR, SE ESTES NÃO AGIRAM EM NOME PRÓPRIO (SE AGIRAM EM NOME PRÓPRIO A AÇÃO DEVE SER PROPOSTAS CONTRA AS PESSOAS FÍSICAS).
COMPETÊNCIA: 
É O FORO DA SITUAÇÃO DA COISA (ART. 53 IV b, DO CPC), DEVENDO A AÇÃO SER PROPOSTA NA VARA CÍVEL.
PETIÇÃO INICIAL
OBS: O AUTOR DEVE PROVAR (ART. 561 E SEUS INCISOS, DO CPC):
A SUA POSSE;
A TURBAÇÃO OU O ESBULHO PRATICADO PELO RÉU;
 A DATA DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO;
 A CONTINUAÇÃO DA POSSE NA AÇÃO DE MANUTENÇÃO; E A PERDA DA POSSE, NA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO (ART. 927 E INCISOS DO CPC)
SENDO ASSIM, O AUTOR DEVE JUNTAR TODA DOCUMENTAÇÃO PERTINENTE (FOTOS, CONTAS DE ÁGUA E LUZ, NOTAS FISCAIS DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, BEM COMO, SE FOR O CASO, ARROLAR TESTEMUNHAS).
RITO/PROCEDIMENTO: ESPECIAL NO CASO DE LIMINAR, APLICANDO-SE QUANTO AO MAIS O PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (ART. 560/566 DO CPC); E INTEGRALMENTE ORDINÁRIO NA HIPÓTESE DE “AÇÃO DE FORÇA VELHA”, A QUE NÃO TEM LIMINAR (ART. 318 DO CPC).
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E MANUTENÇÃO DE POSSE (ART. 560 DO CPC); INTERDITO PROIBITÓRIO (ART. 567 DO CPC).
MANDADO LIMINAR (AÇÃO DE “FORÇA NOVA” - FATOS OCORRIDOS HÁ MENOS DE ANO E DIA): ESTANDO A PETIÇÃO INICIAL EM ORDEM, PODE SER CONCEDIDA LIMINAR SEM OUVIR O RÉU; SE NÃO ESTIVER, HAVERÁ A JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL (ART. 563)
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS:
É POSSÍVEL A CUMULAÇÃO DE PEDIDOS (SEM PREJUÍZO DO RITO ESPECIAL) 
PERDAS E DANOS
COMINAÇÃO DE PENA PARA O CASO DE NOVA TURBAÇÃO OU ESBULHO E DESFAZIMENTO DE CONSTRUÇÃO OU PLANTAÇÃO FEITA EM DETRIMENTO DE SUA POSSE (ART. 555 E SEUS INCISOS, DO CPC). 
A CUMULAÇÃO É FACULTATIVA.
NORMALMENTE O PEDIDO DE UMA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DEVE CONTER: 
A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, CONDENANDO O REQUERIDO A DESOCUPAR O IMÓVEL ESBULHADO, DEIXANDO-O LIVRE E DESEMBARAÇADO DE COISAS, CONSTRUÇÕES E PESSOAS - OBS: SE A POSSE FOR NOVA, PODE-SE REQUERER A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR;
A COMINAÇÃO DE PENA PECUNIÁRIA NA HIPÓTESE DE NOVO ESBULHO; 
A CONDENAÇÃO DO REQUERIDO AO PAGAMENTO DAS VERBAS DE SUCUMBÊNCIA; 
4) A COMPROVAÇÃO DO ALEGADO POR TODOS OS MEIOS DE PROVA EM DIREITO ADMITIDOS.
VALOR DA CAUSA: 
O ART. 292 IV do CPC DO CPC NÃO ESPECIFICA QUAL O VALOR A SER ATRIBUÍDO ÀS AÇÕES POSSESSÓRIAS; CONTUDO, DECLARA QUE O VALOR DA REIVINDICATÓRIA SERÁ O DA “ESTIMATIVA OFICIAL PARA O LANÇAMENTO DO IMPOSTO” 
A natureza dúplice das possessórias, permite que o pedido na contestação traga a inversão do da inicial, ou seja, que cesse a turbação ou esbulho do autor em relação ao réu.
Não se admite reconvenção.