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Anomalías Congênitas

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ
			JOÃO VINICIUS MÜLLER KAUFMANN
		BIOLOGIA 1 (Citologia, Histologia e Embriologia) – DEP. CIENCIAS DA VIDA
		TRABALHO SOBRE OS FATORES QUE PODEM CAUSAR UMA MALFORMAÇÃO EMBRIONÁRIA. 
IJUÍ
2016
Anomalias congênitas, defeitos congênitos e malformações congênitas são termos usados correntemente para descrever distúrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento. Os defeitos de nascença são a maior causa de mortalidade infantil e podem ser estruturais, funcionais, metabólicos, comportamentais ou hereditários. Estas anomalias podem ser classificadas como fatores genéticos ou ambientais. 
1.0 ANOMALIAS CUSADAS POR FATORES GENÉTICOS
	Numericamente falando, os fatores genéticos são entre as causas mais importantes das anomalias congênitas. Estimasse que eles causam cerca de um terço de todos os defeitos congênitos e quase 85% das anomalias de causas conhecidas. Qualquer mecanismo tão complexo quanto a mitose ou a meiose pode falhar ocasionalmente, assim, aberrações cromossômicas são comuns e estão presentes em 6 a 7% dos zigotos. Muitos zigotos, blastocistos e embriões de 3 semanas de idade defeituosos abortam espontaneamente, e a frequência global de anormalidades cromossômicas nestes embriões é de, pelo menos 50%. 
	Dois tipos de alterações ocorrem nos complementos cromossômicos: numéricos e estruturais. As alterações podem afetar os cromossomos sexuais e/ou os autossomas (cromossomos outros que não são sexuais). Em alguns casos ambos os tipos de cromossomos são afetados. As pessoas com anormalidades cromossômicas usualmente tem fenótipos característicos, tais como características físicas das crianças com síndrome de Down. 
1.1 Anormalidades cromossômicas numéricas
	As aberrações numéricas dos cromossomos usualmente resultam da não-disjunção, um erro da divisão celular na qual um par de cromossomos ou duas cromátides de um cromossoma não se separam durante o processo de mitose/meiose. Como resultado, o par de cromossomas ou cromátides vai para um célula filha, enquanto a outra célula filha não recebe nenhum. A não-disjunção pode ocorrer durante a gametogênese materna ou paterna. Nas células somáticas, normalmente os cromossomas são pares, os cromossomas que constituem um par são homólogos. As mulheres normais tem 22 pares de autossomas mais dois cromossomas X, enquanto os homens tem tem 22 pares de autossomas mais um cromossoma X e um cromossoma Y. 
1.1.1 Síndrome de Turner
É uma monossomia na qual os indivíduos afetados exibem sexo feminino mas geralmente não possuem cromatina sexual. O exame de seu cariótipo revela comumente 45 cromossomos, sendo que do par dos cromossomos sexuais há apenas um X; dizemos que esses indivíduos são XO (xis-zero), sendo seu cariótipo representado por 45 X. Muitas dessas concepções terminam em aborto; é provável que 97% desses conceitos sejam eliminados chegando a termo apenas 3%, de modo que essa monossomia constitui uma das causas mais comuns de morte Intra-uterina. Por isso é uma anomalia cromossômica rara, atingindo apenas 1 entre 3000 mulheres normais. 
Trata-se, fundamentalmente, de mulheres com disgenesia gonadal, isto é, cujos ovários são atrofiados e desprovidos de folículos; portanto, essas mulheres não procriam, exceto em poucos casos relatados de Turner férteis, em cujos ovários certamente há alguns folículos. 
As primeiras observações realizadas com indivíduos severamente afetados associavam a síndrome de Turner algum grau de deficiência mental. Posteriormente ficou evidente que estas pacientes têm um desenvolvimento cognitivo alterado apenas qualitativamente, pois elas possuem uma inteligência verbal superior à das mulheres normais, compensando, assim, as suas deficiências quanto à percepção forma-espaço. Disto resulta que o nível intelectual global das Turner é igual ou, mesmo, levemente superior ao da população feminina normal.
Imagem do fenótipo da síndrome de Turner feminino
1.1.2 Trissomia dos autossomas
	Quando três cromossomos estão presentes em vez do par usual, a anormalidade é Trissomia. A causa usual desse erro numérico é a não-disjunção meiótica dos cromossomos, resultando em um gameta com 24 em vez de 23 cromossomas e, subsequentemente, em um zigoto com 47 cromossomos. 
Esquema mostrando a não-disjunção de cromossomos durante a primeira divisão meiótica de um ovócito primário, resultando em ovócito anormal com 24 cromossomos. A futura fertilização por um espermatozoide normal produz um zigoto com 47 cromossomos, um desvio de numero diploide humano de 46.
1.1.3 Trissomia 
	A trissomia consiste na presença de três cromossomos (e não dois, como seria normal) de um tipo específico num organismo. Portanto, a presença de três cromossomas 21 é designada de trissomia 21. A maioria das trissomias resultam num número variável de deficiências à nascença (geralmente presentes na maioria dos indivíduos com cromossomas extra). Muitas trissomias resultam em mortes precoces. Uma trissomia diz-se parcial quando parte de um cromossoma extra (e não todo) é acoplado a um dos outros cromossomas. Uma trissomia em mosaico é uma condição em que nem todas as células contêm a informação genética do cromossoma extra. Embora a trissomia possa ocorrer com qualquer cromossoma, os tipos mais comuns (em humanos) são:
Trissomia 21 (Síndrome de Down)
Trissomia 18 (Síndrome de Edward)
Trissomia 13 (Síndrome de Patau)
Trissomia 8 (Síndrome de Warkany)
Esquema do genoma depois da mutação, neste caso uma trissomia do cromossoma 21.
1.2 Anormalidades cromossômicas estruturais
1.2.1 Translocação 
	É a transferência de uma parte de um cromossoma para um cromossoma não homólogo. Quando dois cromossomas não homólogos trocam partes ocorre a translocação recíproca. A Translocação não causa necessariamente desenvolvimento anormal, pessoas com uma translocação entre os cromossomas 21 e 14 são fenotipicamente normais. 
Translocação cromossômica entre os cromossomos 4 e 20.
1.2.2 Deleção 
	É quando ocorre à perda de um pedaço do cromossomo, em alguns casos essa perda é de quase todo o cromossomo, já em outros é só de uma pequena porção. A ruptura desse cromossomo irá resultar na falta de um ou mais genes. A sobrevivência do individuo vai depender da importância deste gene fragmentado. 
Se caso for um fragmento que representa uma pequena porção do cromossomo sem muita importância, não irá interferir em nada, porém, se o fragmento que se perdeu for de grande parte do cromossomo e com muita importância, poderá ser letal. 
Antes da Deleção – Depois da Deleção
1.3 Anomalias causadas por Genes Mutantes
	De 7 a 8% das anomalias congênitas são causadas por defeitos dos genes. Uma mutação usualmente envolve uma perda ou alteração na função de um gene e é qualquer alteração permanente, hereditária, em uma sequencia do DNA genômico. Pelo fato de uma alteração aleatória muito provavelmente levar a uma melhoria do desenvolvimento, a maioria das mutações é deletéria e algumas são letais. A porcentagem de das mutações podem ser aumentadas por uma variedade de agentes ambientais, tais como grandes doses de radiação e algumas substancias químicas. 
2.0 ANOMALIAS CAUSADAS POR FATORES AMBIENTAIS
	Apesar de o embrião humano estar protegido no útero materno, certos agentes ambientais (teratógenos) podem causar perturbações de desenvolvimento após a exposição materna a eles. Um tarógeno é qualquer agente que possa produzir uma anomalia congênita ou elevar a incidência de uma anomalia na população. Fatores ambientais, como infecções e drogas, podem simular condições genéticas, como ocorre quando duas ou mais crianças de genitores normais são afetadas. Os órgãos e as partes de um embrião são mais sensíveis aos agentes teratogênicos durante os períodos de diferenciação rápida. Os fatores ambientais causam de 7 a 10% das anomalias congênitas. 
2.1 Princípios básicos da Teratogenêse 
	Quando se considera a teratogenicidade de um agentecomo uma droga ou uma substancia química, três importantes princípios tem de ser considerados: 
Os períodos críticos do desenvolvimento
A dose da droga ou da substancia química 
O genótipo do embrião
2.1.1 Períodos críticos do desenvolvimento humano
	O período mais critico do desenvolvimento do encéfalo é de 3 a 16 semanas, mas seu desenvolvimento poder ser perturbado após este período porque o encéfalo esta se diferenciando e crescendo rapidamente e contínua ao faze-lo ao longo dos 2 primeiros após o nascimento. Os distúrbios ambientais, durante as 2 primeiras semanas após a fertilização, podem interferir com a clivagem do zigoto e a implantação do blastocisto e/ ou causarem a morte precoce e o abortamento espontâneo do embrião. 
2.2 Teratógenos Humanos Conhecidos
2.2.1 Drogas como Teratógenos
As drogas variam consideravelmente na sua teratogenicidade, alguns teratógenos, como a talidomida, causam perturbação grave no desenvolvimento quando administrados durante o período organogenético de certas partes do embrião. Outros taeratógenos causam retardo mental e do crescimento, assim como outras anomalias, quando usados excessivamente ao longo de todo o desenvolvimento. 
	
2.2.1.1 Cigarro
Nas grandes fumantes de cigarros (20 por dia), o parto prematuro é duas vezes mais frequente que de mulheres normais e seus filhos pesam menos que o normal. Em um estudo de casos com controles, foi encontrado um modesto aumento na incidência de crianças com defeitos cardíacos conotruncais e deficiência nos membros associados ao tabagismo materno e paterno. 
2.2.1.2 Álcool 
Tanto níveis moderados como níveis exagerados de ingestão durante o inicio da gravidez podem resultar em alterações do crescimento e da morfogênese do feto, quanto maior a ingestão mais grave os sinais. Crianças que nasceram de mães alcoólatras crônicas exibem um padrão especifico de defeitos, inclusive deficiência do crescimento pré-natal e pós-natal, retardo mental e outras anomalias. 
2.2.1.3 Andrógenos e Progestágenos 
Estes são substancias naturais ou sintéticas que induzem algumas ou todas as alterações biológicas produzidas pela progesterona. Algumas destas substancias tem propriedades androgênicas, ou masculinizantes, que podem afetar o feto feminino, produzindo a masculinização da genitália externa. Em alguns casos acarretam problemas cardiovasculares. 
Dentre outras drogas que podem acarretar a má formação do embrião estão: 
Antibióticos
Anticoagulantes
Anticonvulsivantes
Antinauseantes 
Insulina
Ácido Retinóico 
Tranquilizantes
2.2.2 Substancias químicas ambientais como teratógenos
		2.2.2.1 Mercúrio Organico
	Os filhos de mães cuja dieta principal, durante a gravidez era constituída por peixes contendo níveis anormalmente altos de mercúrio orgânico adquiriam a doença a doença de Minamata fetal e exibem distúrbios neurológicos e comportamentais semelhantes aos da paralisia cerebral. 
		2.2.2.2 Chumbo
	Presente em abundancia no local de trabalho e no meio ambiente, o chumbo passa através da membrana placentária e acumula-se nos tecidos fetais. A exposição pré-natal do chumbo esta associada ao aumento de abortamentos, anomalias fetais e deficiências funcionais. 
2.3 Agentes Infecciosos como Teratógenos 
	Ao longo da vida pré-natal, o embrião e o feto são postos em perigo por uma variedade de microrganismos. Na maioria dos casos a resistência do ataque, em alguns casos a abortamento ou um natimorto, e, em outros as crianças nascem com anomalias congênitas ou doenças neonatais. 
	2.3.1 Rubéola 
	O vírus da rubéola cruza a membrana placentária e infecta o embrião/feto. As características usuais da síndrome da Rubéola Congênita são catarata, defeitos cardíacos e surdez. 
	2.3.2 Citomegalovírus 
	A infecção deste pode resultar em microcefalia, coriorretinite, cegueira. 
	2.3.3 Vírus da Imunodeficiência Humana
	O vírus da imunodeficiência humana é o retrovírus que causa a AIDS. Algumas anomalias congênitas relacionadas são defeitos de crescimento, microcefalia e características crânio faciais. 
	Dentre outros agentes estão os:
Vírus da Herpes
Catapora
Sífilis Congênita 
2.4 Radiação como Teratógeno
	A exposição à radiação ionizante pode lesar as células embrionárias resultando em morte celular, lesão dos cromossomos e retardo do desenvolvimento mental e do crescimento físico. 
3.0 BIBLIOGRAFIA
MOORE, Keith L; PERSAUD, T.V.N. Embriologia Básica. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2000. Cap.9. 
Só Biologia, Síndrome de Turner. Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/genesnaoalelos8.php>. Acesso em 25 de Junho de 2016
Wikipédia, Trissomia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Trissomia>. Acesso em 25 de Junho de 2016
Wikipédia, Translocação Cromossomica. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transloca%C3%A7%C3%A3o_cromoss%C3%B4mica>. Acesso em 25 de Junho de 2016 
Colégio Web, Deficiência ou deleção. Disponível em: <http://www.colegioweb.com.br/mutacoes/deficiencia-ou-delecao.html>. Acesso em 25 de Junho de 2016

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