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MEDICINA LEGAL I COMPLETO

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MEDICINA LEGAL I
PROFESSOR RODRIGO GRAZINOLI GARRIDO
PROVA ÚNICA 01/02/15
PROVA INTEIRAMENTE OBJETIVA
SITE COM AS FOTOS MOSTRADAS EM AULA: http://www.malthus.com.br/mg_total.asp
Pontos abordados:
Prova Técnica, peritos e perícias
Identificação Humana (Antropologia Forense; Odontologia Legal; Papiloscopia; DNA
Traumatologia Forense (Ferimentos simples – inciso, punctória e contuso, Ferimentos mistos)
O QUE É CIÊNCIA FORENSE?
Aplicação das ciências à matéria ou problemas legais cíveis, penais ou até mesmo administrativos.
MEDICINA LEGAL: Tem como objetivo o reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais intrínsecos relativos ao crime ou a identidade do criminoso e da vítima. Difere da Criminalística, pois esta trata dos indícios materiais extrínsecos.
PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA FORENSE
DEFINIÇÕES
Vestígio: Qualquer marca, mancha ou sujidade;
Indícios (evidências): Geram certas convicções;
PRINCÍPIOS:
Identificação: Possibilidade de reunir as evidências em determinado grupo ou classe de objetos.
Ex: marca de pneumáticos, fibras de tecidos..
Individualização: possibilidade de vinculação à uma fonte específica.
Ex: impressões digitais, amostras biológicas que permitam a análise por DNA..
Divisão: Possibilidade de divisão da matéria antes de sua transferência. Isto ocorreria em virtude da aplicação de uma força que cria vestígios suficientes para individualizar física ou quimicamente dois objetos no contexto de uma investigação
Associação: Capacidade de ligar, vincular, pessoas à lugares. O suspeito ou a vítima podem causar certos vestígios por onde passaram.
Ex: amostras do solo.
Transferência: há transferência mútua de evidências materiais quando ocorre contato entre duas superfícies.
Reconstrução: Como resultado dos outros paradigmas, é possível reconstruir os acontecimentos a partir da análise das evidências. Assim, pode-se descrever a dinâmica do evento ou o Modus Operandi do suspeito.
Método: A partir das evidências constroem-se as causas, com base no determinismo natural. “
Obs: Determinismo Natural- “Nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos”
O PERITO E A PERÍCIA
A PERÍCIA: é a diligência realizada, como meio de prova, por pessoa física, com a finalidade de apurar tecnicamente um fato com o intuito de instruir um procedimento legal.
Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Direta- Realizada sobre pessoas ou coisas objeto da ação delituosa.
Indireta- Realizada sobre dados paralelos, como relatos e fichas médicas.
TEORIA DA PROVA
Meios usuais de prova: 
-Interrogatório
-Confissões
-Testemunhas
-Documentos
-Exame de corpo de delito
Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
NÃO HÁ HIERARQUIA!
EXAME E LAUDO PERICIAL
  Art. 161.  O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
        Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
        Parágrafo único.  Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
        Art. 163.  Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
LAUDO PERICIAL
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
        Parágrafo único.  O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Art. 169.  Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973)
      Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
LAUDO X AUTO
LAUDO: Relatório elaborado e redigido pelo perito posteriormente aos exames, pesquisas, consultas; Deve ter conclusão, mas não necessariamente é conclusivo. Responde à quesitos.
AUTO: Relatório ditado à um escrivão, na presença de testemunhas.
ESTRUTURA DO LAUDO PERICIAL
-Preâmbulo
-Histórico
-Descrição
-Discussão
-Conclusão
-Resposta à quesitos
OUTROS DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS
ATESTADOS
-Oficiosos (a pedido do cliente). No caso de diagnóstico, deve ser citado o CID (Código Internacional de Doenças)
-Administrativos (para cumprir exigências de seguridade, por exemplo)
-Judiciários (para cumprir exigências judiciais). O atestado de óbito é feito em formulário próprio do MS. Determina a extinção da vida e a causa jurídica da morte, além de servir a questões estatísticas e sanitárias.
PARECERES
Resposta a consulta feita por um interessado (preâmbulo, quesitos, exposição, discussão, conclusão)
Obs: Assistente técnico necessariamente produz parecer. Perito pode produzir.
Obs 2: É baseado na literatura. Responde “o que lhe parece”.
QUEM É O PERITO?
O Perito é pessoa “que tiver comprovada habilitação técnica especializada, com autorização profissional para elucidar um fato objeto de qualquer contenta, judicial ou administrativa.
O perito é auxiliar do Juiz, devendo como os próprios sentidos do magistrado durante a apuração técnica de um fato.
Assim sendo, sujeita-se à suspeição e aos impedimentos próprios dos Juízes.
 Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Tipos de Peritos:
-Oficiais (concursados)
-Ad Hoc (quando não há peritos oficiais)
-Louvado, Designado, Nomeado (Necessidade de um expert pelo judiciário)- Juiz pode nomear perito, mas não por falta de conhecimento no assunto (difere do direito civil), para requisitar autoridades para examinar as evidências.
LEI 10.690/2009 ASSISTENTE TÉCNICO
Art. 159 § 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 6o  Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado  no  ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para examepelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
PERITO CRIMINAL OU PERITO CRIMINALÍSTICO
PERITO OFICIAL DE NATUREZA CRIMINAL
Servidor público estadual ou federal, vinculado ou não à Polícia.
Obs: Peritos Oficiais: Peritos Criminais e Peritos Legistas.
LEI 12.030/2009 AUTONOMIA DA PERÍCIA
Art. 2o  No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial. 
Art. 3o  Em razão do exercício das atividades de perícia oficial de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação específica de cada ente a que se encontrem vinculados. 
IDENTIFICAÇÃO HUMANA
Identidade: soma de caracteres que individualizam uma pessoa ou uma coisa, distinguindo-a das demais.
Identificação: Emprego dos meios adequados para determinar a identidade ou a não identidade:
Modalidades de Identificação:
-Conclusivas: impressões papilares (digitais, plantares e palmares), arcada dentária, desenho do palato, desenho dos seios faciais, impressões labiais, íris, DNA...
-Não conclusivas: tipagem sanguínea (ABD, Rh), marcas e tatuagens, identificação visual (reconhecimento), tamanho do pé. impressão auricular.
CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA
-IDENTIFICAÇÃO CIVIL:
Cotidiana (RG, certidão de nascimento);
Obrigatória;
Identificação única;
DNA ? (há vários projetos de lei, nenhum vigorando)
-IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Identificação de pessoas vivas ou mortas, quando não for possível identificá-las pelo sistema de identificação
Interessa à criminalística a identificação de pessoas envolvidas em crimes (vítimas ou suspeitos)
REQUISITOS DE UM BOM MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO
-DE CARÁTER BIOLÓGICO:
Unicidade;
Imutabilidade;
-DE CARATER TÉCNICO:
Classificabilidade;
Praticabilidade;
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
Art. 5º CF :Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
LEI Nº 12.037, DE 1º DE OUTUBRO DE 2009: Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei.
Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação. 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.
ESCOLHA DO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO
FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS NO CADÁVER:
-FASES DA PUTREFAÇÃO
COLORAÇÃO: entre 20 e 24 horas
GASOSA: entre 36 e 96 horas
COLIQUATIVA: entre 1 e 4 semanas
ESQUELETIZAÇÃO: após 4 semanas
ANTROPOLOGIA FORENSE
Identificação de ossadas, corpos carbonizados e despejos:
IDENTIFICAÇÃO NO CADÁVER: Determinação da espécie, predição da idade, predição da altura, determinação do sexo, predição de ancestralidade, individualização, determinação da causa mortis, determinação do sexo pela pelves ou pela analise do crânio, determinação da idade pelo maxilar.
ATUALIZADO ATÉ 07/12/15
ANATOMIA E MEDIDAS DO CRÂNIO
Fornecem informações sobre a espécie, o grupo étnico, sexo altura e idade. Diferenças na acentuação do prognatismo fornecem informações acerca da população do indivíduo. Diferenças na forma das arcadas, na abóbada palatina e nos seios da face também fornecem informações relevantes acerca do corpo questionado.
INDIVIDUALIZAÇÃO ATRAVÉS DE PATOLOGIAS E PRÓTESES
As patologias e as próteses podem fornecer valiosas informações ao perito, facilitando a individualização.
ODONTOLOGIA LEGAL
A identificação pelos elementos dentários e pelo formato de arcadas é baseada é feita através da comparação entre os dados do corpo questionado e os dados de referência. Desta forma, são necessárias informações ante mortem precisas e completas. 
Obs: É possível determinar a etnia e a idade através do exame dos dentes.
INDIVIDUALIZAÇÃO PELA COMPARAÇÃO DE ARCADAS DENTÁRIAS
São elementos cognitivos: anomalias de volume, de número, de forma, de posição, de erupção, os elementos adquiridos por hábitos pessoais, tais como bruxismo, estigmas profissionais, estigmas de doenças e etc.
RUGOSCOPIA PALATINA: Método de análise de rugosidades no “céu da boca” que pode levar à identificação humana.
QUILOSCOPIA: Estudo, registro e classificação das características dos lábios, como a grossura labial, a disposição das comissuras labiais e das impressões labiais como forma de identificação humana.
IDENTIFICAÇÃO HUMANA PELA ÍRIS: a íris é altamente protegida (por ser interna), é visível externamente, é complexa e única, é epigenética (não depende de genes, sendo diferente até em gêmeos) e ,com exceção da coloração, as características da íris são estruturadas a partir do 7º mês de gestação e não se alteram durante a vida toda, portanto a identificação através da íris é extremamente interessante.
PAPILOSCOPIA: Se divide em três categorias: A datiloscopia (identificação através das impressões digitais), a quiroscopia (identificação através das impressões palmares) e a podoscopia (identificação através das impressões plantares).
Papilas dérmicas são dobramentos da derme moldados a partir do 4º mês embrionário. São epigenéticos (ou seja, não dependem de genes, sendo diferentes até em gêmeos) e são perenes. A identificação se dá através dos tipos básicos do Sistema de Vucetich: Arcos, Presilha Interna, Presilha Externa e Verticilo.
IMPRESSÃO DIGITAL E IMPRESSÃO PALMAR NO DIMORFISMO SEXUAL
A variação na amplitude da crista epidêmica é relacionada com a idade e o sexo do objeto de estudo, a diferenciação de gênero também pode se dar pela densidade da crista epidêmica. Os dados obtidos na coleta da impressão digital são gravados através da fórmula datiloscópica, contendo a parte literal (a- arco, i-presilha interna, e-presilha externa, v- verticilo, indica qual a característica predominante no polegar da mão em questão) e a parte numeral ( 1- arco, 2- presilha interna, 3-presilha externa, 4 verticilo, utilizado para os demais dedos) 
Exemplo de individualização datiloscópica: Mão direita- A-3343 Mão esquerda- I- 2142
Obs: Levantamento de impressões datiloscópicas em cadáveres é possível.
LEVANTAMENTO DE IMPRESSÕES DATILOSCÓPICASEM LOCAIS DE CRIME: 
As impressões datiloscópicas em locais de crime se apresentam em três diferentes formas: As visíveis, as latentes (somente podem ser vistas contra a luz, como uma impressão datiloscópica em um vidro) e as modeladas.
TÉCNICAS PARA DETECÇÃO DE COMPONENTES ESTRANHOS DE UMA IMPRESSÃO DIGITAL
ESPECTOMETRIA DE MASSA: permite detectar componentes de explosivos, entorpecentes e componentes de preservativos
TÉCNICA DE PCR: permite detectar DNA
REVELADORES E REAGENTES
As impressões latentes podem ser reveladas por meio de várias substâncias químicas puras ou misturas. 
Exemplo: Ninidrina dá coloração roxa ao reagir com aminoácidos.
Após a revelação da impressão digital, se faz o levantamento das impressões digitais, podendo ser possível inclusive se moldar a digital para uso futuro. Após, compara-se a digital obtida com os dados em sistema.
IDENTIFICAÇÃO HUMANA ATRAVÉS DE DNA (faltei)
Na década de 80 foi encontrada a região que poderia ser diferenciada em cada pessoa. 
Obs: Mutações se dão nos alelos, o polimorfismo é disperso nos genomas.
Variedade grande de formas identificadas pelo tamanho e herdados dos pais. 
Extrai-se o DNA, depois se multiplica os polímeros e depois monta as regiões genéticas e compara todas essas regiões polimorfas genéticas, já que ela é o perfil. Repete-se no mínimo 20 vezes. Se houverem duas regiões genéticas onde o DNA do suposto pai não bate com o do filho, já se descarta a hipótese de paternidade. Se vários alelos baterem, pode ser possível a paternidade.
TRAUMATOLOGIA FORENSE
Estuda as diversas formas de traumatismos. Traumatismos são as modificações da normalidade de origem externa que provocam dano à integridade física e à vida das pessoas.
AGENTES MECÂNICOS
São aqueles que dependem da energia cinética empregada nos instrumentos e/ou no corpo.
As lesões guardam relação com o instrumento que as originou. Os instrumentos se dividem em: cortantes, perfurantes, contundentes, perfuro-cortantes, perfuro-contundentes, corto-contundentes e perfuro-contundentes.
LESÃO PUNCTÓRIA
É a lesão produzida por ação perfurante de forma que a pressão permita a penetração no tecido. São exemplos de instrumentos perfurantes o prego, o espinho, a agulha, etc. São lesões profundas, geralmente mais fundas do que o comprimento do objeto que as originou, contudo, seu diâmetro costuma ser menor que o do objeto. Sofrem ação das linhas de tração da pele.
ORIFÍCIO DE ENTRADA
É diminuto, podendo ser circular ou fusiforme. Gera pouco sangramento externo. É recoberto por uma crostícula sero-hemática e segue a elasticidade e contralidade da pele humana.
TRAJETO
Caracteriza-se por ser retilíneo e por predominas a profundidade (comprimento) sobre o diâmetro. Pode ocasionar importantes lesões internas no trajeto. Termina em fundo cego, podendo também transfixar, com orifício de saída semelhante ao de entrada.
Obs: Trajeto é a terminologia utilizada para descrever o movimento dentro do corpo e Trajetória para descrever o movimento fora do corpo.
LESÃO INCISA
São produzidas por ação cortante, pelo uso de instrumento com gume que atua por deslizamento e leve pressão, rompendo fibras. São exemplos de instrumentos cortantes a navalha, a gilete, o cutelo, o bisturi, lâminas metálicas afiladas, papel, guilhotina, estilhaços de vidro e capim navalha. Essas lesões caracterizam-se por possuírem bordas nítidas e regulares, pela ausência de contusão e por serem mais extensas do que largas e profundas. A profundidas é maior na região mediana, tornando-se superficial na extremidade distal, na qual pode surgir a cauda de escoriação que demonstra o sentido da ação.
FERIDAS INCISAS COM DENOMINAÇÃO PRÓPRIA (FERIDAS INCISAS ESPECIAIS)
Esgorjamento: corte profundo na região anterior do pescoço.
Degolamento: corte quase total do pescoço, a partir da parte posterior.
Decaptação: Corte que separa a cabeça do corpo.
Evisceração: Exemplo: Hara Kiri.
Lesões de defesa: Cortes nas mãos, no antebraço e braço, nitidamente causadas após tentativa de defesa.
LESÃO CONTUSA
São aquelas produzidas por ação contundente, como compressão, tração, percussão, sucção, explosão, contato tangencial. As lesões provocadas podem ser rubefação, edema traumático, bossa linfática ou sanguínea, esmagamento, luxação, fratura.
Já o choque de superfícies pode se dar de forma ativa ( quando o instrumento é projetado contra a vítima), passiva (quando a vítima vai de encontro ao objeto) ou mista (quando ambos estão em movimento).
ESCORIAÇÃO
O artigo (deslizamento) aproveita o “arrancamento” da epiderme, é bastante comum em quedas, principalmente na forma de lesões no joelho. Ocorre formação de crosta, podendo ser serosa ou hemática. A recuperação nesses tipos de lesão se dá em curto prazo. As lesões de interesse jurídico são principalmente arrastamento, atropelamento, lesões de defesa e etc.
EQUIMOSES (“roxo")
São as contusões mais frequentes. Nessas lesões, o tecido externo apresenta-se íntegro, ocorrendo derrame sanguíneo interno e com isso ocorre produção de mancha de variado tamanho, conforme a extensão da área que sofreu o choque. O material extravasado vai ser reabsorvido e metabolizado, variando a cor. A análise da cor permite inclusive avaliar a data que se deu a lesão (nexo temporal): 
	 COR
	 Nº DIAS
	 VERMELHO-VIOLÁCEO
	 1-2
	 AZULADO
	 3-6
	 ESVERDEADO
	 7-12
	 AMARELADO
	 12-20
	 NORMAL
	 APÓS 20
HEMATOMA
É semelhante à equimose, porém, trata-se de um rompimento de um vaso maior e há um vazamento maior de sangue. Ocorre em locais de tecido frouxo, mole.
BOSSAS
Ocorre quando o líquido, não podendo se espalhar, forma uma coleção (“galo”). Podem ser sanguíneas ou linfáticas. 
LUXAÇÃO
É o afastamento repentino e duradouro de uma extremidade
FRATURA
Quebra total ou parcial de ossos.
ROMPIMENTO DE ÓRGÃOS
É decorrente de fraturas.
LESÕES MISTAS
	 INSTRUMENTO
	 LESÃO
	 ATUAÇÃO
	 PERFUROCORTANTE
	 PERFUROINCISA
	PERFURANTE E CORTANTE
	 CORTOCONTUNDENTE
	CORTOCONTUSA
	CORTANTE E CONTUNDENTE
	 PERFUROCONTUNDENTE
	PERFUROCONTUSA
	PERFURANTE E CONTUNDENTE
LESÕES PÉRFURO-INCISAS
São aquelas provocas por instrumentos que perfuram (ponta) e cortam (gume). Ocorre quando instrumentos como punhais, facas e limas são utilizados com movimento na direção do eixo da lâmina.
Obs: A diferença entre punhal e faca é em relação ao número de gumes. A faca possui um único gume, o punhal possui dois.
Essas lesões se caracterizam por possuírem uma profundidade maior do que sua largura. É comum a ocorrência de hemorragia interna após o ferimento. O lado do gume é sempre mais agudo, sendo visível eventual sinal de torção do instrumento. A lesão pode ser inclusive mais profunda que o instrumento (chamada de lesão em acordeão de Lacasagne).
 
 LESÕES CORTO-CONTUSAS
São produzidas através da transferência de energia cinética de forma mista, tendo ação cortante e contundente. Os instrumentos mais comuns desse tipo de lesão são machados, dentes incisivos (animais ou humanos), guilhotinas e rodas de trem. Essas lesões se caracterizam por possuírem bordas irregulares e por deixarem margens que não se coaptam. O sangramento costuma ser menor que os das feridas incisas. Essas lesões não apresentam cauda de escoriação.
 LESÕES PÉRFURO-CONTUSAS ( NÃO CAUSADAS POR PROJETIL DE ARMA DE FOGO)
Os instrumentos comuns nesse tipo de lesão são dentes caninos, espeto de churrasco, vergalhão, picador de gelo e afiados de faca. 
Obs: Dentes incisivos são usados para cortar e contundir, já os caninos são instrumentos perfurantes e contundentes.

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