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Trabalho Gaio ORIGINAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ
ANA CAROLINA RIBEIRO OLIVEIRA – 201308339313
CAMILA CARVALHO DIAS GOMES – 201203464944
JAQUELINE MARTINS FONSECA – 201401218083
JÉSSICA RODRIGUES PEREIRA – 201604021561
KIARA DE OLIVEIRA ROCHA SANTOS - 201403133077
LAÍS DE SOUZA SOARES - 201201042003
LOURIVAL CESAR MADUREIRA - 201201656648
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO NOVO CPC.
MINAS GERAIS,
2017.
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ
ANA CAROLINA RIBEIRO OLIVEIRA – 201308339313
CAMILA CARVALHO DIAS GOMES – 201203464944
JAQUELINE MARTINS FONSECA – 201401218083
JÉSSICA RODRIGUES PEREIRA – 201604021561
KIARA DE OLIVEIRA ROCHA SANTOS - 201403133077
LAÍS DE SOUZA SOARES - 201201042003
LOURIVAL CESAR MADUREIRA - 201201656648
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NO NOVO CPC.
Trabalho Científico apresentado ao professor do Centro Universitário Estácio de Sá, da disciplina Direito Processual Civil III para melhor entendimento sobre os temas por ele escolhido e como requisito para obtenção de 3 pontos extras para AV2.
Professor: ANTÔNIO PEREIRA GAIO JÚNIOR.
MINAS GERAIS,
2017.
	SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO: ..................................................................................................
	4
	DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE: ................................................
2.1- Da evolução histórica da dissolução parcial da sociedade; ......................
 2.2- Das inovações da ação de dissolução da sociedade trazidas novo CPC;.
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5
6
	AÇÕES POSSESSÓRIAS: .................................................................................
3.1- Noções Gerais; .............................................................................................
3.2- Procedimento; ..............................................................................................
3.3- Considerações Finais; ..................................................................................
	9
9
10
11
	AÇÕES DE FAMÍLIA: ......................................................................................
4.1- Separação litigiosa; ......................................................................................
4.2- União estável; ...............................................................................................
4.3- Da guarda; ....................................................................................................
4.4- Da execução do processo de alimentos; .....................................................
	12
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16
	INTERDIÇÃO: ...................................................................................................
	18
	AVARIA GROSSA: ............................................................................................
	24
	AÇÃO MONITÓRIA: ........................................................................................
7.1- Introdução; ...................................................................................................
7.2- A ação monitória na Europa; .....................................................................
7.3- Necessidade de facilitar o acesso do credor ao título executivo; .............
7.4- Requisitos da ação monitória; ....................................................................
7.5- Objeto da ação monitória; ..........................................................................
7.6- Procedimento; ..............................................................................................
7.7- Os embargos monitórios e sua natureza jurídica; ....................................
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	CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTOS: ..........................................................
8.1- Ação de consignação em pagamento; ........................................................
8.2- Competência; ...............................................................................................
8.3- Legitimidade; ...............................................................................................
8.4- Citação; .........................................................................................................
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	CONCLUSÃO: ....................................................................................................
	36
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................
	37
INTRODUÇÃO:
 Este trabalho científico visa atribuir aos leitores um conhecimento mais amplo sobre alguns temas relacionados aos Procedimentos Especiais no NCPC, iremos começar pela dissolução parcial da sociedade conhecer sua evolução histórica e sobre as inovações que o novo CPC trouxe para o tema, iremos também falar sobre ações possessórias, neste caso teremos uma noção geral do tema, seu procedimento e iremos também ter uma breve considerações finais sobre o tema, teremos também o tema de ações de família, neste caso falaremos a separação litigiosa, união estável, da guarda e da execução do processo de alimentos.
 Após falarmos destes primeiros temas continuaremos a falar de outros procedimentos como interdição, sua conceituação e modo de se proceder, falaremos também de avaria grossa e sua peculiaridade e modalidade, também conheceremos melhor sobre a ação monitória, no qual iniciaremos com uma breve introdução sobre o tema, a ação monitória na Europa, a necessidade de facilitar o acesso do credor ao título executivo, os requisitos para interpor a ação monitória e seu objeto, seu procedimento e neste tema por último falaremos os embargos monitório e sua natureza jurídica, por fim falaremos sobre a consignação em pagamentos, como proceder com a ação, sua competência e legitimidade e por fim como ocorrerá a citação, estes temas são alguns de uma lista mais ampla dos procedimentos especiais no NCPC.
DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
 2.1- Da evolução histórica da dissolução parcial da sociedade;
 A dissolução parcial da sociedade desde o CPC de 73, sendo tal criação de origem doutrinária e jurisprudencial ante a necessidade de desfazimento dos vínculos societários apenas em relação a um ou a alguns sócios.
 Isto porque, o Código de Processo Civil de 1939 apenas disciplinava a dissolução social. Assim, em 1973, quando entrou em vigor o atual Código, algumas poucas medidas judiciais continuaram a seguir a disciplina do antigo, entre elas a dissolução de sociedade.
 Além disso, na vigência do Código Comercial de 1850 e do Código Civil de 17 prevalecia a Teoria Contratualista, a qual priorizava a vontade dos sócios sobre o interesse institucional da atividade econômica desenvolvida pela sociedade, até porque a configuração da economia nacional no fim dos anos de 1930 era diversa da dos anos atuais e a complexidade das relações societárias, também.
 Posteriormente, o princípio da preservação da empresa foi sendo prestigiado pela sociedade ao ponto de ser visto como um instrumento jurídico que viabiliza a própria atividade econômica da empresa.
 A partir daí, os tribunais passaram a entender que um ou alguns sócios ou acionistas não poderiam impor sua vontade de dissolver a sociedade sobre a vontade contrária dos demais sócios ou acionistas, e ao invés de ocorrer à dissolução, havia retirada do sócio postulante com apuração dos seus haveres.
 Assim, para que houvesse a preservação da empresa e de sua função social, a dissolução parcial foi sendo aceita pela doutrina e jurisprudência, para que não haja a dissolução e liquidação da sociedade quando ocorre a quebra da affectio societatis. Possibilitando aos sócios a resolução da sociedade em relação a um ou alguns sócios, desfazendo-se os respectivos vínculos.
 A dissolução parcial da sociedade,
portanto, nada mais é do que a resolução ou resilição do contrato de sociedade em relação a um ou mais sócios, mediante a existência de motivos capazes de provocar a extinção do contrato societário.
 A dissolução por si só não extingue a sociedade, apenas inicia a fase de liquidação ao fim da qual esta se encerra. Portanto, para a extinção da sociedade são necessárias três etapas: dissolução, liquidação e extinção.
 E mais, o Código Civil de 2002 não utiliza o termo dissolução parcial, em razão da sua falta de previsão, como ressaltado anteriormente, mas utiliza a expressão “resolução da sociedade em relação a um sócio”.
 Diante disso, foi necessária uma nova disciplina legal deste tipo de processo que regulasse os conflitos societários atuais, em respeito ao princípio da preservação da empresa.
2.2- Das inovações da ação de dissolução da sociedade trazidas novo cpc;
 O novo Código de Processo Civil (Lei 13.015/2015), trata da ação de dissolução parcial de sociedade nos procedimentos especiais, artigos 599 a 609. Como dito anteriormente, o Código de Processo Civil de 73 não tinha dispositivo tratando do assunto e, portanto, continuaram sendo aplicados os artigos 655 a 674 do Código de Processo Civil de 39, por força do inciso VII do artigo 1.218 do CPC de 73, seguindo o rito ordinário por construção jurisprudencial.
 A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: a) a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; b) a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso ou c) somente a resolução ou a apuração de haveres. A petição inicial será necessariamente instruída com o contrato social consolidado. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado que não pode preencher o seu fim.
 As hipóteses dos incisos I, II e III, do artigo 599 do novo Código de Processo Civil são aquelas arroladas nos artigos 1.028 a 1.030 do Código Civil, sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso. O § 2º, do artigo 599, corresponde à alínea b do inciso II do artigo 206 da Lei 6.404/76.
As sociedades abrangidas pelo artigo 599 são as sociedades limitadas, simples, anônimas fechadas, em nome coletivo e em comandita simples. O termo “fim” utilizado no final do § 2 º, do artigo 599, do novo Código de Processo Civil, significa a incapacidade de realizar os objetivos estabelecidos no contrato social ou estatuto e de produzir lucros aos sócios ou acionistas.
Os legitimados para a ação de dissolução parcial são: a) o espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade; b) os sucessores, após a partilha do sócio falecido; c) a sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social; d) o sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito; e) a sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; f) o sócio excluído; g) o cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou convivência terminou para requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio. A competência é territorial, sendo o foro para o ajuizamento da ação de dissolução parcial o da sede da sociedade, nos termos dos artigos 46 e 53, inciso III, alíneas a e b do novo Código de Processo Civil. O valor da causa é o valor da quota dos sócios ou acionistas excluídos, falecidos ou retirantes, conforme determina o inciso II, do artigo 292, do novo Código. No artigo 601, o Código estabelece um litisconsórcio necessário entre a sociedade e os sócios, dispondo no parágrafo único que sendo todos os sócios citados a sociedade se sujeitará aos efeitos da decisão e à coisa julgada. Feita a citação, os réus têm 15 dias para concordar com o pedido ou contestar a ação, no primeiro caso não haverá condenação em honorários advocatícios. Havendo contestação segue-se o procedimento comum. A sentença proferida na ação de dissolução parcial de sociedade é constitutiva negativa, pois extingue a relação jurídica existente entre o sócio falecido, o excluído e aquele que exerceu o direito de retirada e os demais sócios e a sociedade. Por sua vez a sentença proferida na ação de apuração de haveres é condenatória ao pagamento do valor das quotas do sócio falecido, excluído ou o que exerceu o direito de retirada. Importante ressaltar que a proposta de incluir disciplina específica da ação de dissolução de sociedade no novo CPC, contudo, não foi acolhida no âmbito da Comissão, tendo em vista que um dos princípios adotados foi o de não prever procedimentos especiais em demasia, prestigiando-se o ordinário ou geral. Segundo a comissão, não se justificava submeter a ação de dissolução de sociedade a um rito próprio, especial. Pelo anteprojeto, assim, embora tenha deixado de ser regida pelas vetustas regras da década de 1930 (o que já é um inegável avanço), a dissolução de sociedade sujeita-se ao procedimento ordinário. O princípio adotado pela Comissão está corretíssimo, não há dúvida.
 O novo CPC não deve prever procedimentos especiais em profusão, porque isto tornaria a atividade jurisdicional desnecessariamente complicada. Discordo apenas de sua pertinência em relação à ação de dissolução de sociedade. Há duas definições básicas, que o juiz deve tomar, nesse tipo de processo, desde o início da apuração de haveres, para garantir-lhe racionalidade, celeridade e segurança jurídica. Uma delas é a data em que deve ser considerada resolvida a sociedade em relação a um dos sócios. Trata-se de definição imprescindível, porque não apenas norteia o corte temporal para a avaliação das quotas, como marca o momento em que a pessoa deixa de ser sócia e passa a ser credora da sociedade; isto é, o dia em que o investimento de risco deixa de existir, para ceder lugar a um crédito, cujo valor não depende do sucesso ou insucesso da empresa devedora.
A outra definição crucial, que o juiz deve adotar logo no início do processo, diz respeito ao critério de avaliação da participação societária do sócio que se desliga (ou dos sucessores do sócio falecido). Esse critério está, em geral, definido no contrato social; em sua omissão, aplica-se o da lei (valor patrimonial).Não raramente divergem os sócios sobre como interpretar-se a cláusula do contrato ou aplicar-se o preceito legal. O juiz deve resolver este impasse logo no início da demanda, para que o processo se desenvolva justa, racional e celeremente. O cerne da discussão, portanto, consiste em sopesar se a ação de dissolução de sociedade, em vista destas decisões iniciais indispensáveis à sua adequada tramitação, merece observar um procedimento especial, ou se o ordinário atenderia suficientemente suas características.
A aprovação desta disciplina da ação de dissolução parcial de sociedade representará, certamente, um enorme avanço para a solução em juízo dos conflitos entre os sócios, garantindo que a energia e o tempo de muitos empresários brasileiros não se desperdicem com a eternização de medidas judiciais, e possam ser utilmente aproveitados na atividade econômica, em proveito de toda a sociedade brasileira. Em que pese o novo Código de Processo Civil prever em seu texto um capítulo para regular a Ação de Dissolução Parcial da Sociedade, seus artigos nos demonstram que quase nada foi alterado com relação ao CPC de 1939 e de 1973, eis que, nas entrelinhas dos textos, o rito processual adotado permanece o mesmo, qual seja, o rito ordinário, ou procedimento comum ordinário.
AÇÕES POSSESSÓRIAS
3.1-
Noções Gerais:
 O direito material é o grande norteador dos procedimentos especiais. A posse como um direito, um interesse juridicamente protegido, tem sua tutela derivada da garantia prevista no artigo 5°, XXXV da Constituição Federal, cabendo à intervenção do Poder Judiciário sempre que houver lesão ou ameaça ao direito.
 Sendo assim, faz-se necessário entender alguns conceitos do Direito Civil, a saber: o proprietário é aquele que tem os direitos inerentes de usar, gozar e dispor do bem móvel ou imóvel. O possuidor, por sua vez, não tem todos os poderes, pois limita-se a usar e, possivelmente, gozar da coisa, porém, não pode dispor da mesma. A detenção é ainda mais limitada que a posse. O detentor tem um bem, mas usa-o por ordens de outrem. Deve-se ressaltar que o detentor não tem legitimidade ativa para promover as ações possessórias, somente o possuidor e o proprietário.
Assim esclarece o Professor Doutor Antônio Gaio Júnior:
“Vários procedimentos com a finalidade de defender a posse são contemplados pelo Código de Processo Civil, como, por exemplo, a ação de nunciação de obra nova e os embargos de terceiro, todavia, são consideradas ações possessórias típicas somente a manutenção da posse, a reintegração de posse e o interdito proibitório”. (Gaio Junior, Antônio Pereira, 2017, p. 938)”.
	Reintegração de Posse: É a ação adequada para proteção da posse quando há esbulho, ou seja, a perda total da posse molestada injustamente. Objetiva a recuperação da posse perdida e cabe quando o possuidor é esbulhado através de violência, clandestinidade ou precariedade. Esta prevista no artigo 560 do Código de Processo Civil e no artigo 1.210 do Código Civil.
	Manutenção de Posse: É a ação adequada para a tutela da posse contra a turbação. É destinada ao possuidor direto, impossibilitado de exercer tranquilamente a sua posse por ato de outrem, ou seja, há uma limitação. Também encontra previsão legal no artigo 560 do Código de Processo Civil e no artigo 1.210 do Código Civil.
	Interdito Proibitório: Trata-se de tutela inibitória, ou seja, de cunho preventivo, quando ainda não ocorreu a moléstia à posse, apenas a ameaça iminente de esbulho ou turbação. Diferencia-se das outras duas ações que visam a proteger uma posse já violada. Está prevista no artigo 567 do Código de Processo Civil.
	O Princípio da Fungibilidade assegura que a propositura de uma ação possessória no lugar de outra não acarreta a invalidade do processo. Isso se dá devido à dificuldade de se estabelecer casos de turbação ou de esbulho. Dessa forma, o juiz pode conceder medida diferente da postulada, conforme dispõe o artigo 554 do Código de Processo Civil. Ambas as ações possessórias possuem identidade de procedimento, e a utilização da via processual inadequada não acarreta a falta de interesse de agir.
	Nos interditos possessórios de reintegração e manutenção de posse, é lícito ao réu, na contestação, formular pedido de proteção possessória e de indenização em seu favor, não havendo necessidade da propositura da reconvenção, caracterizando, assim, a estrutura dúplice do procedimento disposta no artigo 556 do Código de Processo Civil.
3.2- Procedimento:
	O Código de Processo Civil, em seu artigo 558, determina a utilização do procedimento especial para as ações possessórias de força nova, e a observância do procedimento ordinário, nas ações possessórias de força velha. No entanto, afirma Humberto Theodoro Júnior:
“A diferença de procedimento, no entanto, é mínima, e fica restrita à possibilidade ou não de obter-se a medida liminar de manutenção ou reintegração de posse em favor do autor, porque, a partir da contestação, também a ação de força nova segue o procedimento ordinário”. (Theodoro Júnior, Humberto, 2010, p.118)”.
	A medida liminar possui dois requisitos básicos a saber: o primeiro, de ordem temporal, sendo necessário que a ação possessória tenha sido ajuizada até um ano e um dia depois da turbação ou esbulho. Ultrapassado esse prazo, a demanda será de força velha, não sendo aplicável o artigo 562 do Código de Processo Civil, logo, não sendo possível o deferimento dessa liminar. O segundo requisito é a probabilidade da existência do direito deduzido pelo demandante em juízo. Assim, a cognição a ser exercida para a verificação acerca do cabimento da liminar é de natureza sumária; a medida tem caráter antecipatório, mas os seus requisitos não se identificam com os previstos para a tutela antecipada do artigo 294 do Código de Processo Civil.
	A propositura da ação possessória, em se tratando de bens móveis, é no foro do domicílio do réu, em regra, conforme artigo 46 do Código de Processo Civil, mas, em relação aos bens imóveis, será no foro da situação do litígio, conforme artigo 47 do Código de Processo Civil.
	De acordo com exposição anterior, a legitimidade ativa é conferida ao proprietário e ao possuidor (direto ou indireto), mas não ao mero detentor. Já a legitimidade passiva é conferida ao réu, ou seja, àquele agente de ato representativo da moléstia à posse do autor.
	Conforme artigos 319 e 561, do Código de Processo Civil, a petição inicial das ações possessórias deve especificar a posse do autor, sua duração e seu objeto; a turbação, esbulho ou ameaças imputados ao réu; a data da turbação ou esbulho; a continuação da posse, embora turbada ou ameaçada nos casos de manutenção ou interdito proibitório.
3.3- Considerações Finais:
	De acordo com o Professor Doutor Antônio Pereira Gaio Júnior:
“- Não se aceita, em sede de ação possessória, específica discussão relativa ao domínio. Além disso, é proibido a qualquer das partes intentar ação de reconhecimento de domínio na pendencia do processo possessório, exceto se a pretensão de domínio for deduzida em face de terceira pessoa.(art. 554, caput, CPC).
- Pode o domínio ser discutido somente no caso de os dois litigantes disputarem a posse, alegando que a ela têm o direito diante da propriedade, estaque, de per si, concede o direito de usar, gozar e dispor da coisa, ex vi da Súmula 487 do STF: “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”.
- A posse de direitos pessoais não é admitida em razão de a própria posse pressupor uma coisa sobre a qual se exerça poder.
- A manutenção ou reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais não será deferida contra as pessoas jurídicas de direito público (artigo 562, § único, do Código de Processo Civil).
- Na ação possessória, a sentença é considerada auto executável, ou seja, verdadeiramente executiva lato sensu, por isso não reclamando aí a necessária instauração de nova relação processual, bastando, nesses termos, a efetiva expedição do mandado.’’(Gaio Júnior, Antônio Pereira, 2017, p. 943 e 944)”.
AÇÕES DE FAMÍLIA
 O Novo CPC disciplina as Ações de Família em um rol taxativo e está elencada nos artigos 693 a 699. O legislador disciplinou a questão com o objetivo de uma maior efetividade, conciliação, Mediação e celeridade processual. Nas ações de família, deverão ser empreendidos todos os esforços para a solução consensual.
Disciplina ainda o novel diploma, que serão realizadas quantas audiências forem necessárias para alcançar a conciliação.
Art. 696. A audiência de mediação e conciliação poderá dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo de providências jurisdicionais para evitar o perecimento do direito.
Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação.
O mandado de citação conterá apenas os dados necessários à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição inicial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo.
A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 (quinze) dias da data designada para a audiência.
A citação será feita na pessoa do réu.
 As partes deverão na audiência estarem acompanhadas por seus respectivos advogados ou defensores públicos não havendo acordo a parte requerida terá o prazo de 15 dias para contestar iniciando se no dia subsequente a audiência.
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição.
 Quando houver acordo entre as partes o Ministério Público deverá ser comunicado para que não haja lesão ao direito das partes. Somente intervirá o Ministério Público nas ações de família quando houver interesse de incapaz.
Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à homologação de acordo.
A sociedade conjugal termina
Art. 1.571. (Código Civil)
IV - pelo divórcio.
 O divórcio consensual poderá ser realizado em cartório, sem necessidade de homologação judicial, desde que as partes não tenham filhos incapazes e não havendo nascituro. No divórcio consensual judicial deverá ser observado o disposto no art. 731 do NCPC.
 A normatização é das mais enxutas. Limita-se a exigir que a petição seja assinada por ambos os cônjuges ou companheiros, na qual deve constar a descrição dos bens e a deliberação sobre a partilha, a disposição sobre pensão alimentícia entre as partes e com relação aos filhos, bem como o acordo relativo à guarda e ao regime de visitas. A partilha não precisa ser definida, podendo ocorrer posteriormente, de forma amigável ou litigiosa, obedecendo o procedimento de partilha no processo de inventário.
 A falta de previsão do procedimento de conversão da separação em divórcio, não permite que seja buscada judicialmente. As partes somente poderão fazê-lo pela via extrajudicial. Em juízo somente podem requerer o divórcio, de forma amigável ou litigiosa. A faculdade de ocorrer a dissolução do casamento por escritura pública não atentou aos apelos da doutrina, que sempre questionou a exigência do uso da via judicial pelo fato de existirem filhos incapazes. Estando solvidas as questões referentes à prole, nada justifica a necessidade da chancela judicial, até porque não mais é realizada audiência em juízo para a decretação do divórcio.
 A via extrajudicial é facultativa, mas é proibida se houver nascituro ou filhos incapazes. Sem a necessidade de homologação judicial, é título hábil para todos os atos: registros e levantamento de importâncias depositadas em instituições financeiras. Às claras que o rol não é exaustivo, valendo para todos os fins. 
 De forma injustificada é exigido o uso da via judicial para a alteração do regime de bens do casamento. Ora, se os cônjuges, antes do casamento, podem livremente eleger o regime de bens, via escritura pública, descabido que a sua alteração, durante o casamento, necessite de justificativa para obter a mudança. Há mais. Só se pode reconhecer como um cochilo do legislador determinar a intimação do Ministério Público quando do recebimento da inicial. Além de as partes serem maiores e capazes, o objeto da demanda é exclusivamente de natureza patrimonial. 
 É necessária a publicação de edital e, somente após o decurso de 30 dias, o juiz profere a sentença, determinando sua averbação nos cartórios do Registro Civil e no de Imóveis. No caso de um dos cônjuges ser empresário, deve ocorrer a averbação também no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.
 As precauções são exacerbadas, pois expressamente a alteração ressalva interesse de terceiros. 
 De outro lado cabe atentar que na união estável, a alteração do regime de bens pode ocorrer extrajudicialmente, a qualquer tempo, mediante simples alteração no contrato de convivência. Além disso, nada impede que os cônjuges se divorciem e casem novamente, elegendo o regime de bens que desejarem, sem a necessidade de se submeterem à ação judicial.
4.1- Separação litigiosa
 A separação litigiosa poderá ser requerida por qualquer dos cônjuges, quando imputar ao outro, conduta desonrosa ou qualquer ato que torne insuportável a vida em comum. É possível que a parte contrária reconvir no prazo da contestação.
 O foro competente para ação de separação judicial é a do domicilio do guardião de filhos incapazes; do ultimo domicilio do casal, caso não haja filhos incapazes; do domicilio do réu, se nenhuma das partes residirem no antigo domicílio do casal. 
 Chama a atenção a reinserção feita na Câmara dos Deputados do revogado instituto da separação, como derradeira – mas vã – tentativa de ressuscitar o que morto está: a ação de separação judicial. A possibilidade do rompimento do casamento, com a mantença do vínculo conjugal, não mais existe. Diante da Emenda Constitucional 66/2010, que alterou o § 6º do art. 226 da Constituição Federal, a única forma de dissolução do casamento é o divórcio.
 Sete dispositivos fazem referência à separação (23 III, 53 I, 189 II, 693, 731, 732 e 733), mas somente um deles fala em separação judicial (23 III). Todos os demais usam somente a expressão separação. Deste modo, para não rotular de inconstitucionais tais dispositivos o melhor é reconhecer que a referência diz com a separação de fato ou a separação de corpos, quando é decretada judicialmente. Não há outra leitura possível de tais dispositivos. A mais marcante diferença das ações de família diz com a forma da citação. Depois de apreciado eventual pedido de tutela antecipada, o juiz determina a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação. O mandado deve conter somente os dados referentes à audiência, desacompanhado da cópia da petição inicial. A medida é mais do que salutar, pois evita o acirramento de ânimos. A novidade é festejada pela doutrina que vê um clima menos litigioso, mais amigável, e, via de consequência , mais favorável e propenso ao acordo o fato de o réu não preparar e apresentar previamente sua contestação. 
 Nas ações de família é facultado tanto ao réu como a seu procurador o direito de examinar a qualquer tempo seu conteúdo, sem que tal dê início ao prazo de contestação. Quando o objeto da demanda diz com relações familiares, além da divisão da audiência em tantas sessões quantas sejam necessárias na busca de uma solução consensual, possível a suspensão do processo, enquanto as partes se submetem a mediação extrajudicial ou atendimento multidisciplinar, sem limitação de prazo.
 Nas ações de família a citação precisa ser pessoal. A intervenção do Ministério Público está limitada às causas em que há interesse público ou social e quando existir interesse de incapaz .
4.2- União estável
 O antigo NCPC não tinha procedimento especifico para as ações de união estável. O reconhecimento ou extinção se davam via ação declaratória.
 Agora estas ações foram incluídas na parte de família do novo Código de Processo Civil, estando dispostas nos arts. 693 a 699.
 No entanto o artigo 733, prevê que a dissolução de união estável por escritura pública só é possível quando o casal não tiver filhos incapazes, pois nesse caso a via correta é a judicial. É importante ressaltar que em todos os casos as partes devem ser assistidas por um advogado regularmente inscrito na OAB (NCPC art. 103, Estatuto da Advocacia, art. 4º).
4.3- Da guarda;
 É cediço que o poder familiar é inerente aos pais enquanto os filhos forem menores de idade . O artigo 1631,NCPC, dispõe que não havendo concordância entre os genitores quanto a guarda, lhes é assegurado o direito de ver seu litígio decidido judicialmente. A guarda poderá ser exercida de forma unilateral ou compartilhada. Qualquer dos genitores poderá ingressar com ação de
guarda, o termo será homologado pelo juiz. No pedido de guarda é cabível o deferimento de tutela provisória. O foro competente para ação de guarda é onde ela está sendo exercida, exceto quando há uma proposta de modificação e nesse caso o foro competente será do domicilio do genitor que já detém a guarda).
 Ademais, todos os procedimentos referentes à filiação devem ser analisados nos termos dos artigos 693 a 699.
4.4- Da execução do processo de alimentos;
 O procedimento está disciplinado no artigo 528 do novo CPC.
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
 Na ocasião poderá o devedor realizar o pagamento, comprovar o pagamento ou justificar no mesmo prazo a impossibilidade de fazê-lo. Se os prazos foram respeitados pelo requerido o juiz não poderá decretar a prisão, antes de decidir sobre a justificativa apresentada, tendo na ocasião ouvido a parte contrária e o representante do MP.
 Quando houver recusa da justificativa por parte do juiz, será determinado o protesto da dívida e expedido o mandado de prisão civil pelo prazo de um a três meses. Ressalta-se que o cumprimento da pena não exime a obrigação de pagar do devedor. Sendo empregado o executado, poderá a parte exequente requerer o desconto em folha, não ultrapassando a 50% do rendimento liquido, adotando para tanto o procedimento do art. 829 do NCPC.
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.
 Outra alteração importante é a que se refere o art. 532 do NCPC:
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
 Caberá ao Ministério Público tomar providencias pertinentes para que o executado responda criminalmente.
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho"...
 Perdeu o legislador a bela oportunidade de atualizá-la e agilizar o seu procedimento, que se encontra absolutamente fora do contexto atual e ainda gera inúmeras dificuldades interpretativas. Apesar de emprestar sobrevida à Lei de Alimentos, a execução do encargo alimentar está regulado na lei processual, revogando assim, parte de seus dispositivos. Melhor teria agido se sepultasse de vez uma lei editada no longínquo ano de 1969. Finalmente cabe lembrar que não há como decidir as questões da guarda sem estabelecer a obrigação alimentar. O mesmo se diga quanto a remissão ao Estatuto da Criança e do Adolescente. As ações de guarda e visitação – expressões inclusive já em desuso, pois hoje se fala em direito de convivência – bem como as ações de filiação não têm como serem regidas por lei que diz com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade (ECA 98). Certamente inúmeros conflitos de competência vão ocorrer.
INTERDIÇÃO
 O instituto da curatela está intimamente ligado à capacidade plena dos indivíduos vez que é destinada à proteção de pessoas que embora e em tese poderiam ser consideradas aptas a praticar por si sós os atos da vida civil sem a interferência de terceiras pessoas, por portarem ou sofrerem alguma limitação em particular encontram-se temporária ou permanentemente incapacitadas de gerir sozinhas a própria vida tornando-se dependente do amparo - assistência ou representação - de outras pessoas, para que com o auxílio destas possam praticar atos da vida civil sem que esses atos sejam impregnados de vícios que afetem sua validade e eficácia perante terceiros e surtam efeitos no mundo jurídico. 
A curatela seria, portanto, um “encargo público, conferido, por lei, a alguém, para dirigir a pessoa e administrar os bens de maiores, que por si não possam fazê-lo”
 Desta forma podemos considerar que a interdição nada mais é do que a privação legal que determinada pessoa sofre no que diz respeito ao gozo e exercício de seus direitos, estando impossibilitada de gerir, por si só, sua vida e seus negócios e responder pelos atos que pratica em razão de suas limitações, ficando dependente dos cuidados de pessoa legalmente habilitada e encarregada deste mister por meio de nomeação em processo judicial. 
As causas da interdição estão expressas na lei material, mais especificamente no artigo 1767, 1779 e 1780, todos do Código Civil, os quais foram recepcionados pelo NCPC uma vez que o diploma legal não possui dispositivo semelhante, bem como não revogou expressamente os citados artigos. São elas enfermidade ou deficiência mental, situações que impeçam o interditando de exprimir sua vontade, ébrios habituais, toxicômanos, pródigos. Também não se pode ignorar a possibilidade de promover a interdição em casos excepcionais de enfermidade ou deficiência física, do surdo-mudo e da curatela do nascituro.
 O NCPC elenca no artigo 747 as pessoas que podem propor a ação de interdição. Nesse dispositivo encontramos a primeira mudança no procedimento, uma vez que além de ter alterado a ordem preferencial para a propositura da ação, também viabilizará que a ação seja proposta pelo companheiro e pelo representante de entidade onde o interdito se encontre abrigado nos casos em que o convívio domiciliar é inviável.
 De acordo com o NCPC o cônjuge ou o companheiro tem preferência em detrimento dos parentes ou tutores, pois o dispositivo não fala mais nos pais, mas dos parentes em geral e ainda atribui preferência ao representante de entidade onde o interditando esteja abrigado. Deixou por último a legitimidade do Ministério Público quando as pessoas elencadas anteriormente não existirem ou se existirem não se dignarem propor a ação ou sejam igualmente incapazes. 
 O NCPC estabelece que o juiz entrevistará o interditando e mais, prevê a possibilidade de o juízo se deslocar até o interditando em casos de impossibilidade de este se apresentar em juízo e que esta entrevista poderá ser acompanhada por especialista, além de ser empregados recursos tecnológicos capazes de auxiliar o interditando a manifestar sua vontade e responder as perguntas formuladas. Também prevê a possibilidade de ouvir os parentes e pessoas próximas ao interditando, não havendo qualquer dispositivo equivalente no CPC/73. No que se refere a pessoas próximas, a lei não define quem seriam essas pessoas, o que certamente caberá à doutrina.
 O prazo de impugnação do pedido, que antes era de 05 (cinco) dias a contar da data da entrevista passou a ser de 15 (quinze) dias. O interditando poderá constituir advogado, assim como era possível no CPC/73. Todavia, caso não o faça, seu cônjuge, companheiro ou algum parente do interditando poderá intervir como assistente. Não havia dispositivo semelhante do CPC/73. É válido acrescentar que o código vigente dispõe que quando a ação for proposta pelo Ministério Público incumbe ao juiz nomear um curador à lide.
 Quanto à realização de perícia, o NCPC fala em equipe de expertos com formação multidisciplinar. Equipe multidisciplinar seria a reunião de um grupo composto por especialistas em diversas e distintas áreas de formação acadêmica, permitindo uma troca e uma abrangência maior de conhecimentos destes profissionais em prol do mesmo objetivo, qual seja, a avaliação do interdito e de seu estado. 
 A inovação mais importante abordada na “Seção X” diz respeito ao dever de prestar contas finda a curatela. O CPC/73 tratava da matéria nos artigos 914 e seguintes, porém não na mesma seção da curatela, ou seja, esse tema era tratado de forma geral pelo codex e, portanto, cabia para qualquer situação. Ao passo que o legislador hodierno preocupou-se em tratar da questão
especificamente com relação ao tema, o que já era feito pela lei material, mais especificamente no artigo 1755 e seguintes do Código Civil, dispositivos esses que se aplicam à curatela por força do permissivo contido no artigo 1774.
 Todavia a lei material tratou de dispensar a prestação de contas abordada pelo artigo 1755 quando o curador for o cônjuge casado com o interditado sob o regime da comunhão universal de bens, nos termos do artigo 1783 do Código Civil, nada sendo mencionado a esse respeito pelo NCPC.
 Percebemos, por fim, que alguns artigos do CPC/73 sucumbiram, dentre eles os artigos 1185, 1188 segunda parte, 1189, 1190, 1196, outros foram desmembrados em artigos, incisos e parágrafos, tais como o artigo 1180 que se transformou no parágrafo único do artigo 747 e no artigo 749 e que houve a concentração da “Seção I” e da “Seção II” do CPC/73 na “Seção X” supracitada, sendo as modificações acima as mais pertinentes a serem abordadas neste momento.
 O curador, que neste caso, especificamente seria o representante da instituição de longa permanência, além dos cuidados pessoais dirigidos ao interdito, deverá, também, administrar-lhe os bens e rendimentos. Essa administração tem início com a prolação da sentença de interdição, ou a partir da publicidade da decisão que deferiu curatela provisória. Os bens, rendimentos e a pessoa do interditado ficarão sob os cuidados do curador, que passará a exercer a sua função de forma direta, mas sob a fiscalização e nos limites fixados pelo Juiz. Assim, é necessário que, ao assumir a curatela provisória ou definitiva, o curador tenha conhecimento das suas obrigações e responsabilidades. Por tais razões o encargo de curador tem relevância jurídica e é exercido por pessoa idônea, nomeada pelo Juiz. 
 Fato é que todas as mudanças visam atender aos interesses dos interditos de maneira plena. Porém, no que diz respeito à efetividade da aplicação desse codex no caso concreto, apenas o tempo poderá dizer se as modificações propostas serão positivas ou se o exercício da curatela será um obstáculo jurídico para aqueles que dependem da medida e/ou para seus curadores. 
 Em relação ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei 13.146/15, que entrou em vigor no dia 2 de janeiro de 2016, modificou dispositivos do Código Civil que tratavam da capacidade civil. Seus artigos 114 e 123, inciso II revogaram os incisos do artigo 3º do CC e alteraram seu caput, como também modificaram os incisos II e III do artigo 4º do CC.
 Agora, apenas as pessoas menores de 16 anos são absolutamente incapazes, sendo considerados relativamente incapazes as pessoas entre 16 e 18 anos, os pródigos, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
 Há os que defendem que tal alteração, ao excluir os deficientes mentais ou intelectuais, que não possuem discernimento para os atos da vida civil, do rol que enumera as pessoas absolutamente incapazes, teve a intenção de considerá-los relativamente incapazes, desde que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade (artigo 4º, III, do CC).
 Realmente, como já visto, o artigo 3º do Código Civil, agora com a nova redação, estabelece como absolutamente incapazes os menores de 16 anos, nada esclarecendo sobre aquelas pessoas maiores de 18 e que, por doença ou qualquer distúrbio, não possuem discernimento necessário para a prática dos atos civis. Foram excluídas daquele rol, portanto, as pessoas com enfermidade ou deficiência mental.
Assim, como ficaria a curatela ou a interdição dessas pessoas? Há quem afirme que a interdição restou revogada, subsistindo o instituto somente como curatela, restrito a um novo sistema de limitações ao seu exercício. Permanecem as dúvidas: essas pessoas deixaram de ser consideradas incapazes? Restou extinta a interdição para essas pessoas?
Em primeiro lugar, há que se atentar que o estatuto é voltado para aquelas pessoas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial.
Como se pode notar, o artigo 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência deixou de prever expressamente a interdição, submetendo a pessoa com deficiência ao regime da curatela, restrita apenas aos atos de caráter negocial e patrimonial. Com o advento do estatuto, houve, inicialmente, alteração na redação dos artigos 1.768, 1.769, 1.771 e 1.772 do Código Civil, que tiveram o vocábulo “interdição” substituído por “curatela”. Posteriormente, houve revogação dos artigos 1.768 a 1.773 do CC com a entrada em vigor do novo CPC, que passou a tratar da matéria nos artigos 747 a 763. Embora o novo CPC ainda faça alusão à “interdição”, trata-se de expressão que deve ser abandonada, haja vista a existência de um estatuto todo voltado especificamente para a pessoa com deficiência e que teve o especial cuidado de abolir aquela expressão. Restou também revogada a curatela da pessoa enferma ou com deficiência física, prevista no extinto artigo 1.780 do CC, remanescendo, no entanto, a curatela do nascituro (artigo 1.779).
 Analisando a questão sobre a provável extinção da interdição, que seria um instituto mais amplo, percebe-se que o estatuto estabelece a possibilidade de dar-se curatela à pessoa com deficiência que não tenha condições de se autodeterminar (artigo 84, parágrafo 1º), como as pessoas com deficiência mental ou intelectual com dificuldade ou impossibilidade de discernimento. Esse dispositivo deve ser harmonizado com o artigo 4º, III, do CC.
 Na realidade, a curatela é o instrumento pelo qual a pessoa que não possui discernimento possa exercer sua capacidade civil em sua plenitude por faltar-lhe a capacidade intelectual de fato.
 Procurou-se, portanto, evitar os termos “incapacidade” e interdição”, que geravam estigma desnecessário às pessoas com deficiência mental ou intelectual, pois toda pessoa é capaz e suscetível de direitos, podendo ser suprida sua incapacidade intelectual de fato por meio da curatela. A interdição, como medida de proibição do exercício de direitos, não se mostra consentânea com a atual tendência de modernização das normas, que vem buscando a inclusão de todas essas pessoas e a busca da autonomia da vontade por elas. Preferiu-se o termo “curatela”, destinado à proteção da pessoa e à prática de determinados atos, que devem se restringir aos patrimoniais e negociais.
 É uma mudança de paradigma que tem por finalidade precípua a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, propiciando a ela a prática dos atos da vida, como casamento, sexo, filhos, e de trabalho. Portanto, a curatela somente se dará de forma excepcional e fundamentada e deverá ser proporcional às necessidades e circunstâncias de cada caso, devendo durar o menor tempo possível.
 Buscou-se ajustar o sistema à Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, do qual o Brasil é signatário, aqui promulgada pelo Decreto 6.949/09, que determina que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal para todos os aspectos da vida, cabendo ao Estado assegurar que essas pessoas não sejam arbitrariamente destituídas de seus bens (artigo 12).
 Portanto, a nova lei nada mais fez do que abandonar a presunção inicial de incapacidade civil absoluta das pessoas com deficiência mental ou intelectual, como o fazia dispositivo alterado (artigo 3º do CC), deixando essa incumbência ao alvitre do magistrado, o qual delimitará os atos que poderão ser praticados pela pessoa, além de exercer controle periódico da curatela.
 Como novidades, vislumbra-se a possibilidade de compartilhamento da curatela a mais de uma pessoa, assim como se criou o instituto da tomada de decisão apoiada. Este último parece mais apropriado às pessoas com transtorno mental — que em regra possuem a capacidade intelectual adequada, mas apresentam limitações
para interagir com seu meio —, possibilitando a criação de uma rede de pessoas de confiança do curatelado para assisti-lo nos atos da vida.
 Restaram elencados no novo Código de Processo Civil, como legitimados para a propositura da curatela: a) o cônjuge ou companheiro; b) os parentes ou tutores; c) o representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; d) o Ministério Público (artigo 747).
 Por seu turno, o rol das pessoas que poderão ser nomeadas curadoras segue previsto no Código Civil:
a) cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato;
b) na falta daqueles, o pai ou a mãe;
c) na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto;
d) entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos;
e) na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador (nos termos do artigo 1.775 do CC).
Há que se distinguir, portanto, entre pessoas legitimadas à propositura da curatela e aquelas que podem ser nomeadas curadoras, embora a pessoa legitimada também possa ser nomeada curadora.
Quanto aos limites da curatela, sempre se considerou que a interdição poderia ser total ou parcial. Essa era a regra insculpida no artigo 1.772 do CC, em sua redação original, também revogada pelo artigo 1.072, inciso II, do novo CPC. Agora, o juiz concederá a curatela e indicará os atos para os quais a mesma será necessária, não havendo mais que se falar em curatela parcial ou total. Assim, nos termos do artigo 755 do novo CPC, o juiz nomeará curador e fixará expressamente os limites da curatela, não podendo mais declarar genericamente que esta será total ou parcial, até mesmo porque a incapacidade absoluta agora se restringe aos menores de 16 anos.
 Em resumo, o tema passou a ser disciplinado tanto no Estatuto da Pessoa com Deficiência como no novo CPC, permanecendo ainda dispositivos no CC. Há uma pitada de Direito Material e de Direito Processual em cada um desses diplomas legais, o que poderá gerar alguma confusão sobre a prevalência de outra legislação. No entanto, houve reconhecidamente avanço no trato da matéria, e somente o tempo poderá sedimentar as questões que venham a se apresentar (por exemplo, se haverá necessidade de revisão das sentenças anteriormente proferidas) e consolidar o melhor entendimento que o tema merece.
AVARIA GROSSA
 Entende-se por avaria grossa aquela voluntariamente causada pelo capitão do navio com o propósito de evitar o mal maior, desde que o perigo arrostado não tenha sido causado pelo próprio comandante, tripulação ou equiparados.
 O novo Código de Processo Civil contém algumas poucas regras que interessam ao Direito Marítimo. Essas regras encontram-se na parte destinada aos procedimentos especiais e tratam da regulação da avaria grossa.
Em Direito Marítimo, existem dois tipos básicos de avarias: avaria simples, conhecida ainda por particular, e avaria grossa, também denominada avaria comum. Por avaria, em sentido amplo, entende-se o dano havido ao bem confiado para transporte, ou seja, o prejuízo material resultante do transporte.
 Trata-se de uma das modalidades de dano em transporte marítimo de cargas, caracterizando o inadimplemento contratual do transportador (a outra modalidade de dano é a falta na descarga, também conhecida por extravio de carga).
 A avaria simples ou particular é a que recai sobre o bem transportado e tem como exclusivo responsável o transportador. Já a avaria grossa, é aquela voluntaria causada pelo capitão do navio para se evitar um dano maior, desde que não causada pelo próprio capitão, tripulante ou equiparados.
 De acordo com o Código Comercial, em seu Art. 764, tem-se como avaria grossa:
Art. 764 - São avarias grossas:
As âncoras, amarras e quaisquer outras coisas abandonadas para salvamento ou benefício comum.
Os danos causados pelo alijamento às fazendas restantes a bordo.
Os danos feitos deliberantemente ao navio para facilitar a evacuação d'água e os danos acontecidos por esta ocasião à carga.
A indenização ou resgate da gente da tripulação mandada ao mar ou à terra em serviço do navio e da carga, e nessa ocasião aprisionada ou retida.
Os direitos de pilotagem, e outros de entrada e saída num porto de arribada forçada.
Os aluguéis de armazéns em que se depositem, em, porto de arribada forçada, as fazendas que não puderem continuar a bordo durante o conserto do navio.
As despesas da reclamação do navio e carga feitas conjuntamente pelo capitão numa só instância, e o sustento e soldadas da gente da tripulação durante a mesma reclamação, uma vez que o navio e carga sejam relaxados e restituídos.
Os gastos de descarga, e salários para aliviar o navio e entrar numa barra ou porto, quando o navio é obrigado a fazê-lo por borrasca, ou perseguição de inimigo, e os danos acontecidos às fazendas pela descarga e recarga do navio em perigo.
Os danos acontecidos ao corpo e quilha do navio, que premeditadamente se faz varar para prevenir perda total, ou presa do inimigo.
As despesas feitas para pôr a nado o navio encalhado, e toda a recompensa por serviços extraordinários feitos para prevenir a sua perda total, ou presa.
As soldadas e sustento da tripulação, se o navio depois da viagem começada é obrigado a suspendê-la por ordem de potência estrangeira, ou por superveniência de guerra; e isto por todo o tempo que o navio e carga forem impedidos.
O prêmio do empréstimo a risco, tomado para fazer face a despesas que devam entrar na regra de avaria grossa.
O prêmio do seguro das despesas de avaria grossa, e as perdas sofridas na venda da parte da carga no porto de arribada forçada para fazer face às mesmas despesas.
As custas judiciais para regular as avarias, e fazer a repartição das avarias grossas.
Despesas de uma quarentena extraordinária.
 E, em geral, os danos causados deliberadamente em caso de perigo ou desastre imprevisto, e sofridos como consequência imediata destes eventos, bem como as despesas feitas em iguais circunstâncias, depois de deliberações motivadas (artigo nº. 509), em bem e salvamento comum do navio e mercadorias, desde a sua carga e partida até o seu retorno e descarga.
 O CPC traz a regulação da avaria grossa através da nomeação de um regulador das avarias, para que suas responsabilidades seja repartidas a quem de direito.
 Em seu Art. 707 diz que, diante da inexistência de um consenso quanto a nomeação do regulador, o juiz de direito da comarca do primeiro porto em que o navio houver chegado, nomeará um notório de conhecimento. Sendo nomeado o regulador, este declarará se os danos são passiveis de rateio em forma de avaria grossa, cobrando das partes a apresentação de garantias idôneas para que possam ser liberadas as cargas.
 No entanto, caso alguma das partes descordar da declaração de avaria grossa feita pelo regulador, deverá ela ajuizar um ofício perante o juízo justificando suas razões, este julgara a questão em até dez (dez) dias.
 Caso o consignatário se recusar a prestar o caução para a liberação da carga, o regulador requererá ao magistrado a alienação de forma judicial da carga. Neste caso, através de alvará, será levantado o valor da quantia da alienação, sendo está mantida em forma de depósito judicial até o final da regulação.
 Cabe as partes, conforme Art. 709 do CPC, apresentar aos autos os documentos necessários para regulação da avaria grossa, sendo o prazo estipulado pelo regulador.
 Cabe ao regulador apresentar no prazo de 12 (doze) meses o regulamento da avaria grossa, contando da data da entrega dos documentos feito pelas partes. Os documentos são muito importantes para o regulador conhecer a situação fática do sinistro e, portanto, ninguém melhor do que ele, segundo o esquadrinhamento do caso, para disciplinar o momento ideal e oportuno, pelas partes, dos documentos. E por documentos necessários, tenha-se
por certo, entendam-se todos aqueles capazes de permitir ao regular uma perfeita avaliação do caso.
Art. 710. CPC O regulador apresentará o regulamento da avaria grossa no prazo de até 12 (doze) meses, contado da data da entrega dos documentos nos autos pelas partes, podendo o prazo ser estendido a critério do juiz.
§ 1º Oferecido o regulamento da avaria grossa, dele terão vista as partes pelo prazo comum de 15 (quinze) dias, e, não havendo impugnação, o regulamento será homologado por sentença.
§ 2º Havendo impugnação ao regulamento, o juiz decidirá no prazo de 10 (dez) dias, após a oitiva do regulador.
AÇÃO MONITÓRIA
Introdução:
	Ação monitória é um procedimento especial de jurisdição contenciosa que tem por objetivo a formação de um título executivo judicial a favor de um credor que possua prova escrita, onde se reconheça a obrigação de pagar soma em dinheiro, entregar coisa fungível ou determinado bem móvel, conforme art. 700 e seus incisos I,II e III do CPC/2015.
	O capítulo XV do Livro IV de nosso código de processo civil foi introduzido pela Lei nº. 9.079, de 14 de julho de 1995, o qual trouxe a previsão da ação monitória. Em outras épocas já houveram procedimentos parecidos com as peculiaridades de tal ação como, por exemplo, a "ação descendiária" e a "ação cominatória".
 	Antes da supracitada Lei, o credor possuía duas opções de cobrança: a) Se fosse portador de título executivo, a ele era facultado exercer seu direito por meio de processo de execução; ou b) caso não possuísse o título executivo, o portador deveria recorrer aos procedimentos ordinários, com o intuito de conseguir uma sentença, restando-lhe, por conseguinte, o manejo da respectiva ação de execução, caso não fosse o crédito reconhecido judicialmente, cumprido de forma voluntária pelo condenado.
	Com a introdução da referida Lei, o credor, possuidor de título sem eficácia executiva, entretanto dotado dos requisitos da certeza, liquidez e exigibilidade, tem a opção de recorrer ao procedimento monitório, no qual o réu não será citado para contestar a ação, mas sim, para saldar a dívida, no prazo definido em lei, quinze dias, podendo se quiser, entrar com o recurso de embargos.
A ação monitória na Europa:
	Para compreender a inovação é preciso analisar a experiência já antiga do Direito europeu acerca da matéria, assim como ter presente o bom resultado que no Velho Mundo se alcança por meio deste procedimento, que é o mais rápido e barato instrumento de composição judicial de litígios.
Necessidade de facilitar o acesso do credor ao título executivo:
	A experiência jurídica dos sistemas processuais europeus revelou que em muitas causas abundam motivos que fazem prever a inexistência de oposição séria do réu à pretensão do demandante.
	A lide é superficial, não passando do plano de insatisfação da pretensão, não chegando ao campo da contestação a ela, que tivesse de ser solucionada ou dirimida pelo juiz. Impõe-se tratar tais causas por meio de instrumento processual diferente dos habituais, que atenda ao ideal de rapidez e economia, de modo a evitar dispêndio inútil de energias e despesas na atuação da vontade concreta da lei.
	Justifica-se toda simplificação procedimental para abreviar-se a obtenção do título executivo, visto que o réu, pela natureza da relação de direito material em que se funda a pretensão do autor, é antes disposto a reconhecê-la do que a contestá-la.
	Os principais Códigos europeus, diante dessa particular situação do credor munido de relativa certeza de seu direito, mas privado de título executivo extrajudicial, engendraram uma forma de cognição sumária, sem contraditório do devedor, em que à base de prova documental do credor ou diante de determinadas relações jurídicas materiais, se permite ao juiz o imediato pronunciamento de uma decisão, suscetível de constituir título executivo judicial.
	Ao lado do processo de execução e do processo de cognição, existe um procedimento intermediário, de larga aplicação prática e de comprovada eficiência para abreviar a solução definitiva de inúmeros litígios: trata-se do procedimento monitório. Consiste tal procedimento em abolir-se, praticamente, o processo de conhecimento, indo diretamente à execução definitiva, sempre que o devedor não ofereça embargos, ou pelo menos à execução provisória.
	O Código de Processo Civil brasileiro em vigor adotou em matéria de execução o melhor padrão do sistema europeu, de modo que temos entre nós um processo executivo puro, enérgico, sem qualquer mescla de conhecimento que lhe possa embaraçar o curso, mesmo nos casos de títulos extrajudiciais, critério preconizado pelas concepções mais atualizadas da cultura jurídica ocidental romanística.
	Requisitos da ação monitória:
	São três os requisitos fundamentais para a utilização da ação monitória:
1º) Prova documental escrita que contenha obrigação líquida, certa e exigível;
2º) documento sem eficácia executiva;
3º) que a pretensão objetive o recebimento de um pagamento em quantia, entrega de coisa fungível ou infungível ou determinado bem móvel ou imóvel bem como de adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer..
	É necessário ter a prova escrita no procedimento monitório no rito comum, ao contrário do que acontece no procedimento de conhecimento. Alguns exemplos de provas escritas: contrato sem os requisitos que o caracterizam como título executivo, título cambiário prescrito, contas de água, energia elétrica e telefone, dentre outros.
 Objeto da ação monitória:
A ação monitória possui dois objetos, um imediato e outro mediato. O imediato é a constituição de título executivo contra o devedor, a constituição do título se dá pela inércia do devedor em não propor embargos ou devido à rejeição destes, e não pela mera declaração e condenação proferida pelo juiz. O objeto mediato pode se referir a obrigação de pagar soma em dinheiro, entregar coisa fungível ou determinado bem móvel.
	Vale ressaltar que não é possível, pelo procedimento monitório, requerer obrigações de fazer ou não fazer, as quais devem ser postuladas através do processo de execução ou provocar seu cumprimento pela via do cumprimento de sentença ou, em não se tratando de título com eficácia executiva, deverá o credor cobrá-los pelo procedimento comum.
Procedimento:
	O procedimento monitório será instituído por meio de petição inicial, com os requisitos fundamentais dos arts. 319 e 320 do NCPC. O juíz deferirá a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa, no prazo de quinze dias, conforme prevê o art. 700 e seus incisos do NCPC.
	O devedor será devidamente citado por qualquer meio admitidos no procedimento comum, para, no prazo de 15 dias, efetuar o pagamento, entregar coisa ou cumprir obrigação de fazer ou de não fazer bem como quitar os honorários advocatícios, estes corresponderão a 5% (cinco por cento) do valor da causa, sendo isento do pagamento das custas caso cumpra, devidamente, o mandado no prazo supracitado. Poderá o devedor, no entanto, após citado validamente, adotar as seguintes condutas;
CONTINUAR INERTE: nessa hipótese, restando silente, forma-se o título executivo de natureza judicial, transformando o mandado inicial em mandado executivo e dando continuidade a execução para entrega de coisa, por quantia certa ou execução da obrigação de fazer ou de não fazer, tudo por meio do procedimento do cumprimento da sentença (art. 701, § 2º).
CUMPRIR O MANDADO, entregando a coisa, pagando a soma em dinheiro ou executando a obrigação de fazer ou não fazer: ocorrendo, nesse caso, a devida extinção do processo, isentando-se o réu das custas e honorários advocatícios, consoante no artigo 701, § 1º. ’’(Gaio Júnior, Antônio Pereira, 2016, p. 974)”.
Os embargos monitórios e sua natureza jurídica:
Existe uma divergência na doutrina no que tange a natureza jurídica dos embargos monitórios, frente à semelhança ou não com a contestação. O fato é que o STJ editou a súmula de número 292, a qual se reconhece o cabimento de reconvenção na ação
monitória, pois, uma vez propostos os embargos monitórios, o procedimento tornar-se ordinário. Conclui-se que, quaisquer matérias permissivas para a defesa do réu em processo comum de cognição, poderá realmente ser alegada.
	O recurso cabível contra sentença que acolhe ou rejeita os embargos monitórios é a apelação, sendo acolhida em ambos os efeitos.
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTOS
8.1- Ação de consignação em pagamento;
 O NCPC cuidou dessa matéria nos artigos 539 á 549 e em relação ao CPC/73 trouxe algumas modificações de natureza cosmética. A consignação em pagamento e um dos meios utilizados pelo devedor para extinguir sua obrigação por meio de pagamento quando o credor se recusa a receber a quantia ou coisa devida, ou quando o devedor não souber a quem pagar. Pode o devedor depositar em juízo a quantia, requerendo ao juiz a declaração de extinção de obrigação, para liberar-se dela.
“De um modo geral, com o pagamento extingue-se as obrigações, sendo que o devedor, tendo conhecimento da obrigação de liquidar o debito, possui o direito de se livrar do vinculo obrigacional, ao realizar a devida quitação”. (Gaio Júnior, 2016 p.931).
 Se o credor não tomar a iniciativa de receber, ou pretender receber de forma diversa do contrato, ou quando não for conhecido seu paradeiro, o devedor possui meio coativo de extinguir sua obrigação, que é a consignação em pagamento.
A consignação é uma faculdade do devedor, não é ele obrigado á consignar, sua obrigação é de cumprir a obrigação contratada. A consignação é apenas uma forma de cumprimento à sua disposição.
 De acordo com os artigos 334 e 335 do Código Civil/02,
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
 Como dispõe o artigo 335 do CC/02, a consignação é cabível quando o credor não pode ou se recusa a receber o pagamento ou dar quitação; quando o mesmo não vai e nem manda alguém em seu lugar para receber determinada coisa; ou não seja capaz para recebê-la; quando for desconhecido ou residir em lugar incerto ou de acesso complicado; quando há duvidas acerca de quem realmente deva receber ou ainda quando pender algum litígio sobre o objeto.
 Em nosso ordenamento é possível encontrar duas modalidades de consignação, como: Extrajudicial e Judicial.
A primeira, extrajudicial, geralmente trata se do objeto de pagamento como valores, dinheiro e sendo observado estabelecimento bancário onde se deve cumprir a obrigação, poderá o devedor cumprir essa obrigação via extrajudicial, dessa forma evitando um litígio judicial desnecessário, conforme (art. 539, §1º), devendo ser observado se o credor não apresentou recusa ao banco devidamente por escrito no prazo de 10 dias. Caso seja recusado o pagamento, o devedor poderá ainda ingressar com uma ação judicial de consignação no prazo de 1 mês, devendo na inicial apresentar o comprovante de pagamento e da recusa do credor conforme (art.539, §3º), ainda sendo resguardado o direito de recuperação do valor depositado, sendo que não alcançou a finalidade, que é o pagamento.
 Na consignação judicial, já se tem o litígio, por esse motivo que se obrigou o devedor a propor a ação em face ao credor, apresentando na inicial a comprovação do deposito e a recusa do credor conforme já exposto acima, ou não havendo deposito extrajudicial por algum, o autor requererá na inicial o depósito no prazo de cinco dias contados do deferimento da petição. Logo após o credor será citado para apresentar resposta no prazo de 15 dias, não a fazendo estará sujeito às consequências da revelia e a condenação de pagamento de custas judiciais, e também sendo declarada pelo juiz a extinção da obrigação do devedor com o credor.
No entanto, conclui se que esse procedimento especial busca dirimir inicialmente de uma forma amigável o litígio entre as partes concorrentes, devedor e credor, pelo meio extrajudicial. Porem não deixa de resguardar a segurança jurídica da boa fé da parte devedora que busca cumprir com sua obrigação, dando o direito de litigar perante o Estado a possibilidade de cumprir sua obrigação com a parte oposta em face da ação judicial.
8.2- Competência;
 A ação deve ser proposta no lugar do pagamento, fugindo a regra geral do domicilio do réu. Como o critério utilizado é o territorial, a competência é relativa, portanto se ajuizada em local diverso e o credor não opor exceção de incompetência, esta se torna competente. 
Havendo mais de um credor e estes residam em localidades diversas, à ação pode ser ajuizada em qualquer delas, e concorrendo o foro de eleição e o local do cumprimento da obrigação, prevalecerá o ultimo.
8.3- Legitimidade;
 Passiva: o credor conhecido; aquele que alega ser credor; aquele sobre quem recaia a duvida sobre a condição de credor ou ainda o credor desconhecido.
 Ativa: o devedor ou o terceiro juridicamente interessado, como o fiador por exemplo.
 A ação de consignação em pagamento se inicia com uma petição inicial, onde o autor requer o deposito da coisa, que deve ser efetivado no prazo de 5 dias, bem como a citação do réu para levantar o deposito ou oferecer contestação. Não sendo efetuado o deposito extingue-se o processo sem resolução do mérito.
 A natureza jurídica da sentença é declaratória da extinção do debito, eis que apenas declara que o deposito feito extinguiu a obrigação e condenatória no que diz respeito às custas e honorários e quando há diferença no valor depositado.
 Quando a consignatória envolver quantia que já foi objeto de deposito extrajudicial recusado pelo credor, o autor devera instruir a petição inicial com a prova do deposito e da recusa, sob pena de indeferimento liminar, de acordo com o art.539 §3°, CPC.
 Efetivando o deposito, só então é que será ordenada a citação do réu, a fim de que se oferte resposta, no prazo de 15 dias, ou levante o dinheiro.
 Concretizando a citação, no prazo legal, o réu poderá:
a) comparecer em juízo, aceitar e levantar o depósito, hipótese em que será proferida sentença de procedência, declarando-se extinta a obrigação.
b) ofertar contestação ou qualquer outra modalidade de resposta, no prazo de 15 dias. A reconvenção não e admitida sobre a complementaridade do deposito.
c) permanecer omisso, com a consequente decretação de sua revelia e o julgamento antecipado do pedido.
 O direito de escolha da coisa devida, art. 543, CPC, tanto nas obrigações de dar coisa incerta quanto nas obrigações alternativas, é direito do devedor a escolha da coisa da coisa a ser entregue ao credor, salvo estipulado coisa diversa.
 Sendo do devedor o direito de escolha, será ele citado para exercê-lo, no prazo de 05 dias, se outro não tiver sido estipulado; ou para aceitar que o devedor a faça, fixando o juiz, ao despachar a inicial, o lugar, dia e hora em que se dará a entrega da coisa, sob pena de deposito. Comparecendo o credor e escolhendo a coisa objeto da prestação, ao recebê-la, dará quitação ao devedor, não comparecendo, competirá ao autor à escolha, sendo então efetivado o deposito, mas não o impedira de apresentar resposta oportuna.
 Ignorando o devedor quem seja o credor, ou ainda, duas ou mais pessoas comparecerem perante ele intitulando-se titulares, devera promover ação consignatória, competindo ao juiz decidir, ao
final, quem é o legitimo.
8.4- Citação;
 Efetuando o deposito, o juiz mandara citar os réus, não comparecendo nenhum réu citado, o juiz devera aplicar os efeitos da revelia a todos e proferir sentença, declarando a suficiência do deposito e a extinção da obrigação. O deposito será convertido em arrecadação de bens de ausentes, art. 744 e 745, CPC.
 Comparecendo um réu para reclamar o pagamento, o juiz decidira de plano, e devera verificar se este é realmente credor e se faz jus ao deposito. Se o réu não demonstrar sua condição de credor, o valor continuara depositado como se ninguém tivesse aparecido, e se o único credor que se manifestou alegar insuficiência de deposito, o juiz determinará que o autor faça a complementação em 10 dias, poderá o réu levantar a parte incontroversa da parcela. Comparecendo mais de um réu, o juiz declarara efetuado o deposito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores, caso em que se observara o procedimento ordinário, art. 548, CPC.
 Conclui-se, portanto que a consignação em pagamento é um instituto jurídico colocado a disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por deposito da coisa devida, o direito de adimplir as prestações, liberando-se da obrigação e evitando as consequências da mora.
CONCLUSÃO:
 Concluímos que o NCPC/2015 trouxe para dentro de nosso ordenamento jurídico no qual o antigo CPC não tipificava explicitamente, sendo assim, dando aos juristas e magistrados um entendimento mais amplo sobre os temas elencados acima, o NCPC facilitou o entendimento para que as interpretações divergentes fossem corrigidas, porém sabemos também que as diferentes interpretações ainda assim serão vistas em nosso ordenamento, o NCPC cobriu algumas brechas que existia referente a alguns temas, mais sabemos que nem todas as brechas foram cobertas e somente durante passar dos anos poderemos ver brechas que ainda devem ser tampadas, mais o NCPC não foi promulgado a toa, mais sim para transformar o Código de Processo Civil mais amplo e assim dignificar o direito civil brasileiro com inteira responsabilidade conforme a lei nele explícita.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Maria Berenice Dias – Advogada – Vice Presidente Nacional do IBDFAM
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III. 42a Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010
www.conjur.com.br
www.jusbrasil.com.br
bartonellinegreiros.jusbrasil.com.br
Lei 13.105\2015
Instituições de direito processual civil / Antônio Pereira Gaio Junior – 3 ed. rev. e atual. – Salvador: Juspodivm, 2016

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