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PESQUISA DE MARKETING Professor Me. Alexandre Pieske Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia GRADUAÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Coordenador de Conteúdo Eliane Zanoni Design Educacional Rossana Costa Giani Fernando Henrique Mendes Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa, Susana Inácio Ilustração Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; COCHIA, Camilla Barreto Rodrigues; PIESKE, Alexan- dre Pesquisa de Marketing. Camilla Barreto Rodrigues Cochia, Alexandre Pieske. Reimpressão Maringá - PR.: UniCesumar, 2018. 172 p. “Graduação - EaD”. 1. Marketing. 2. Pesquisas. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-543-3 CDD - 22 ed. 658.8 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecida como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Mestre em Administração e Docente no Ensino Superior. Atuo e pesquiso nas áreas de estratégia de marketing, comportamento do consumidor e comunicação mercadológica. Professor Me. Alexandre Pieske Mestre em Administração e Docente no Ensino Superior. Atuo e pesquiso nas áreas de estratégia de marketing, comportamento do consumidor e comunicação mercadológica. A U TO RE S SEJA BEM VINDO! Criamos esta obra especialmente para apresentar a você um tema fascinante: a Pesquisa de Marketing. Uma ferramenta essencial para organizações de todos os setores terem condições de lidar com a torrente atual de informação que produzimos e a qual estamos expostos diariamente. A pesquisa de marketing é atualmente uma das mais importantes fontes de auxílio aos gestores para a tomada de decisão. Por meio dela, é possível coletar informações pre- cisas a respeito do mercado, dos consumidores e públicos que se relacionam com a empresa e, a partir delas, tomar decisões estratégicas relacionadas ao produto, preço, (ponto de) distribuição e promoção (comunicação). Ao longo das cinco unidades em que este livro está organizado, você vai ter contato com os principais conceitos a respeito da pesquisa de marketing, uma compilação de teorias e exemplos práticos baseados em especialistas desse tema reconhecidos mun- dialmente. Mas não é só isso: tivemos também o cuidado de continuamente fazer pon- tes entre o conhecimento teórico e a prática real de mercado para que você possa, ao final de seus estudos, compreender de maneira clara como uma pesquisa de marketing pode ser operacionalizada e trazer resultados efetivos. Na Unidade I, vamos começar a nossa discussão evidenciando as mudanças no contexto em que os gestores decidem, enfatizando a necessidade de contar com informações atualizadas e de qualidade. Além disso, você vai conhecer brevemente o sistema de in- formação de marketing e a pesquisa de marketing, entendendo os seus objetivos. A Unidade II apresentará as etapas de uma pesquisa de marketing. Nesse momento, vamos começar a entender a pesquisa enquantoum processo que deve ser cuidadosa- mente planejado para que a necessidade de informações da organização seja suprida. Nossa preocupação foi em deixar claro para você que as primeiras etapas do processo de pesquisa, ou seja, o reconhecimento e a formulação do problema e a definição dos objetivos, são de fundamental importância, pois orientam o pesquisador nas fases se- guintes. A Unidade III tratará da classificação das pesquisas de marketing. Muitos pesquisadores têm dúvidas quanto a que tipo de pesquisa realizar e quais dados coletar. Pretendemos apresentar para você as diferentes concepções de pesquisa, tendo em vista os objetivos buscados, e as diferentes classificações de pesquisa, no que diz respeito aos meios e procedimentos adotados: qualitativa e quantitativa. Em seguida, diferenciamos dados primários de secundários. Nessa unidade fica a dica: não há um melhor modelo de pes- quisa a ser adotado. A escolha do pesquisador deve estar adequada aos objetivos bus- cados e às informações que devem ser obtidas. Na Unidade IV trataremos da coleta de dados, apresentando a você, caro(a) aluno(a), os diferentes instrumentos que podem ser utilizados, quais sejam, o questionário e roteiro de entrevista, que atendem a propósitos distintos de pesquisa, e os procedimentos para APRESENTAÇÃO PESQUISA DE MARKETING 8 - 9 definir a amostra, com ênfase no cálculo amostral e nas formas que podem ser ado- tadas para selecionar os elementos que deverão fazer parte do estudo. Finalmente, na Unidade V, passaremos para a discussão acerca da tabulação, análi- se e apresentação dos resultados da pesquisa. Nós buscaremos mostrar a você os tipos de análises e representações gráficas de dados mais comumente utilizados em pesquisa, não esgotando, portanto, o assunto. Encerraremos a unidade com uma explicação sobre a redação e apresentação do relatório da pesquisa e, mais uma vez, enfatizando que a pesquisa, por meio das informações obtidas, deve ajudar os gestores a tomar decisões. Esperamos, sinceramente, que este material possa auxiliá-lo(a) no seu crescimento pessoal e profissional. Bons estudos e muito sucesso! Os Autores APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 8 - 9 UNIDADE I PESQUISA DE MARKETING 15 Introdução 15 Ambiente Competitivo e Tomada de Decisão 18 Sistema de Informação de Marketing 22 Principais Aplicações da Pesquisa de Marketing 25 Considerações Finais UNIDADE II ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING 35 Introdução 35 Etapas de uma Pesquisa de Marketing 58 Considerações Finais UNIDADE III CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING 63 Introdução 63 Concepção da Pesquisa 73 Classificação das Pesquisas: Qualitativa e Quantitativa 79 Pesquisas Quantitativas SUMÁRIO 10 - 11 81 Dimensão Temporal da Pesquisa 81 Tipos de Dados: Primários e Secundários 90 Considerações Finais UNIDADE IV COLETA DE DADOS 95 Introdução 95 Preparação Para a Coleta de Dados 96 Coleta de Dados - Meios Básicos e Formas de Aplicação 96 Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário 115 População e Amostragem 117 Classificação da Amostra 118 Tipos de Amostra 123 Definição do Tamanho da Amostra 132 Considerações Finais SUMÁRIO 10 - 11 UNIDADE V TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 139 Introdução 139 Tabulação de Dados 142 Tipos de Análises de Dados 153 Representação Gráfica 155 Redação e Apresentação do Relatório da Pesquisa 159 Recomendações Gerenciais 165 Considerações Finais 169 Conclusão 171 Referências U N ID A D E I Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Professor Me. Alexandre Pieske PESQUISA DE MARKETING Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender a complexidade crescente da sociedade, dos mercados e do ambiente competitivo em que as organizações estão inseridas. ■ Discorrer sobre os principais paradigmas em que os tomadores de decisão das organizações estão inseridos e o seu reflexo na condução dos negócios. ■ Assinalar a importância da criação e manutenção de instrumentos para gerenciar o fluxo de informação intenso a que as empresas estão expostas e com o qual necessitam lidar para acompanharem o mercado e tomarem decisões. ■ Conceituar pesquisa de marketing e diferenciá-la de pesquisa de mercado. ■ Apresentar as principais aplicações da pesquisa de marketing no cotidiano das organizações. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ambiente competitivo e tomada de decisão ■ Sistema de Informação de Marketing ■ A pesquisa como ferramenta de apoio à decisão ■ Pesquisa de marketing X Pesquisa de mercado ■ Aplicações da pesquisa de marketing INTRODUÇÃO Nesta primeira unidade, vamos fazer um sobrevoo panorâmico para que você, caro(a) aluno(a), perceba quais as prerrogativas que transformam a informação na matéria-prima das decisões que os gestores das empresas precisam tomar todos os dias, para que os negócios se mantenham competitivos. Pouco a pouco você perceberá o papel fundamental que a informação possui e como é possível desdobrá-la em cenários, estratégias, táticas e ações. Este movimento pode ser organizado por um Sistema de Informação de Marketing, um conjunto de pessoas, metodologias e equipamentos voltado para assessorar a área de gestão de marketing das empresas e gerar conhecimento sobre os diversos atores e aspectos do mercado. Ao final desse processo, você, caro(a) aluno(a), vai constatar o peso e a importância da pesquisa de marketing como componente deste sistema, per- cebendo sua extensão, profundidade e aplicação no cotidiano das organizações contemporâneas. Preparado(a)? Então, vamos começar falando das mudanças de cenário pelas quais as empresas têm passado ultimamente. AMBIENTE COMPETITIVO E TOMADA DE DECISÃO “O futuro não é como costumava ser”. A frase, proferida pelo poeta francês Paul Valéry no início do século passado, já retratava uma sensação que parece mais concreta e presente neste começo de Terceiro Milênio: a incerteza. Conforme o sociólogo espanhol Manuel Castells (1999), uma característica fundamental do tempo em que estamos vivendo é o fluxo e a troca em tempo real de informação, capital e comunicação. Ao longo da trilogia “A era da informa- ção: economia, sociedade e cultura”, o autor apresenta uma série de informações fruto de suas pesquisas e discorre sobre as mudanças em várias esferas influen- ciadas pela globalização e pelo avanço da informática, e as consequências disso para a vida das pessoas, instituições e governos. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 PESQUISA DE MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 Em uma sociedade globalizada, cada vez mais usuária da tecnologia da informação e da comunicação, as relações comerciais e pessoais adquirem uma configuração em forma de rede, com pontos de contato múltiplos e que nos con- duzem de um ponto a outro de forma muito rápida, quase instantânea. O autor sublinha que esses fluxos regulam e condicionam simultaneamente a produção e o consumo, refletindo e ao mesmo tempo fomentando diferentes culturas, o que colabora para a formação e coexistência de grupos sociais distintos em um mesmo espaço. Ou seja, o mundo não é, conforme apontado por Valéry, como costumava ser. A noção de que vivemos em um lugar estável, que se altera lentamente ape- nas depois de longos períodos de tempo, foi colocada em cheque. Sabemos que vivemos em um mundo que se transforma muitorapidamente, em um ambiente dinâmico e altamente competitivo, impactando as nossas vidas no âmbito indivi- dual e coletivo. Vivemos na sociedade do conhecimento, marcada por constantes avanços tecnológicos, que resultam em mudanças na natureza do trabalho, no estilo gerencial, na educação do trabalhador entre outras. Assim, gestores que desenvolvem habilidades e competências para a tomada de decisão são ativos pre- ciosos para as organizações. Esse estado de coisas exige que as empresas e os profissionais acompanhem o que está acontecendo na sociedade de uma forma ampla. Não apenas no seu segmento de atuação, no seu mercado-alvo, mas teorica- mente em todos os lugares e em todos os momentos, se quiserem de fato se manter competitivos e sobreviver em um cenário com alto grau de complexidade. Ambiente Competitivo e Tomada de Decisão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 A decorrência dessa necessidade é que o marketing, e mais precisamente a pesquisa de marketing, se tornaram tarefas muito especializadas e que exigem conhecimento, ferramentas e sensibilidade dos profissionais envolvidos nes- sas atividades para que seja possível captar de forma antecipada e estruturada as nuances do mercado, os movimentos dos agentes econômicos envolvidos no processo de troca entre as empresas, parceiros de negócios e os consumidores finais de produtos e serviços. Yasuda e Oliveira (2012) elencam um conjunto de fatores que contribuí- ram para isso: ■ A força dos meios digitais como veículos de informação, expressão de identidade e sociabilidade, por meio de sites pessoais e redes sociais. ■ O crescente acesso a estudos de marketing realizados por institutos de pesquisa e de opinião, que facilitam a análise dos gestores envolvidos na elaboração de estratégias de marketing. ■ A diversificação das formas de coleta de dados, mais informais e menos invasivas, permitindo que o próprio respondente as preencha, como no caso de pesquisas online realizadas pela internet. ■ A necessidade de realizar pesquisas internacionais, em função da presença de empresas em vários países de idiomas e culturas diferentes, buscando entender pontos em comum e as peculiaridades de cada região para melhor dimensionar os esforços de marketing e maximizar investimentos. ■ A necessidade cada vez maior de análises abrangentes e que utilizem abordagens multidisciplinares para dar conta de perfis de consumo frag- mentados, menos estáveis que em outros momentos históricos do próprio capitalismo. Sabemos que o profissional de marketing direciona as suas ações para o atendi- mento das necessidades e dos desejos dos consumidores, por meio dos processos de troca e do uso de ferramentas específicas, relacionadas aos quatro Ps: pro- duto, preço, praça e promoção. Assim, no cenário apresentado, tendo em vista o posicionamento e a sustentação de uma empresa ou marca no mercado, exi- ge-se, para que se tenha sucesso, criatividade, imaginação e emoção (SAMARA; BARROS, 2007). De acordo com os autores, “a busca incessante por meios de PESQUISA DE MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 agradar aos consumidores, oferecendo produtos e serviços para conquistá-los e mantê-los, obtendo lucro com essa atividade, é o que caracteriza a empresa orientada para o mercado que pratica os conceitos de marketing de forma efi- ciente” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 1). Nós já vimos, em disciplinas anteriores, que para administrar o marketing de forma eficiente e eficaz, é fundamental que a empresa realize o planejamento estratégico, que visa a determinar objetivos, metas, estratégias e recursos neces- sários para que a organização se posicione e crie uma imagem de marca positiva perante o mercado consumidor e seus concorrentes. Para que o gestor possa pla- nejar, é necessário que ele busque informações e, para isso, pode contar com um Sistema de Informação de Marketing (SIM), conteúdo específico de uma disci- plina do seu curso, e que vamos apresentar de forma breve. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING Para lidar com todas essas mudanças que ocorrem no micro e no macroam- biente mercadológico, os pesquisadores e profissionais de marketing criaram um instrumento para diminuir a incerteza e fazer com que os gestores operaciona- lizem estratégias com base em informações. Podemos considerar como micro e macroambientes de marketing os relacionados a seguir: ■ Microambiente: empresa, fornecedores, intermediários de mercado, clien- tes, concorrentes e públicos de relacionamento. ■ Macroambiente: ambientes demográfico, sociocultural, físico, tecnoló- gico, econômico, político e legal (SAMARA; BARROS, 2007). Pesquisadores e profissionais da área de marketing denominam este instrumento como Sistema de Informação de Marketing (SIM). Kotler e Keller (2006) expli- cam que o sistema é formado por um conjunto de profissionais, equipamentos e procedimentos focados na coleta, classificação, análise, avaliação e distribuição de informações que vão auxiliar o departamento de marketing a fundamentar suas Sistema de Informação de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 decisões estratégicas e táticas. Na perspectiva de Samara e Barros (2007, p. 4), o SIM “é a estrutura presente na empresa que reúne, seleciona, analisa, interpreta e mantém um fluxo de informações a respeito do ambiente global de marketing no qual a empresa está inserida”. Atualmente, com o aumento da oferta, a simplificação e o barateamento da tecnologia da informação, muitos serviços podem ser acessados gratuita- mente ou por meio de pequenas taxas. Isso incentiva indivíduos e organizações a demandar uma quantidade enorme de dados e informação sobre, por exemplo, consumidores, clientes atuais e potenciais, concorrência, mercado e virtualmente tudo o que se encontra hoje digitalizado e passível de ser indexado por empresas como o Google. Mesmo com toda essa facilidade de acesso, o papel do Sistema de Informação de Marketing é fundamental para justamente filtrar o montante de informação ao quais os gestores da empresa estão expostos dia a dia. Segundo Churchill e Peter (2000), as principais queixas dos profissionais de marketing sobre este tema são as seguintes: ■ Informação tão dispersa pela empresa que para localizar fatos simples pode levar muito tempo. ■ Informações cruciais são suprimidas ou até negligenciadas por outros executivos por razões pessoais. ■ Informações vitais se tornam disponíveis apenas em um momento em que já não são mais úteis. ■ Dificuldade de confirmar a precisão das informações. Kotler e Keller (2006) indicam que um Sistema de Informação de Marketing é formado por três componentes básicos: sub- sistema de registros internos, subsistema de inteligência de marketing e subsistema de pesquisa de marketing, foco deste trabalho. O subsistema de registros internos cap- tura informações sobre o chamado ciclo pedido-pagamento, ou seja, todos os pedidos PESQUISA DE MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 e os pagamentos realizados pela empresa para seus fornecedores e para a empresa por seus distribuidores, varejistas, e também por consumidores no caso da utili- zação de canais diretos de venda. O compartilhamento de dados de vendas entre varejistas e a indústria é fonte importante para o planejamento e a implemen- tação de açõesque têm o objetivo de maximizar a disponibilização de produtos nos pontos de venda, por exemplo. O subsistema de inteligência de marketing se preocupa em captar informa- ções sobre eventos que estão ocorrendo no microambiente e macroambiente de marketing da empresa. Isso pode ser feito de inúmeras maneiras e envolver todos os setores da empresa. Todo tipo de contato entre a empresa e seus parceiros de negócios, clientes e consumidores, é passível de gerar algum tipo de informação para alimentar este subsistema e, assim, “aumentar” a inteligência da empresa sobre seu microambiente. Da mesma forma, a leitura crítica do que está aconte- cendo na sociedade em âmbito tecnológico, econômico, político, natural, social e cultural é fundamental para a empresa compreender as ameaças e oportuni- dades com as quais deverá lidar para se manter competitiva. Kotler e Keller (2006) sugerem algumas ações para alimentar este subsistema: ■ Motivar distribuidores, revendedores e outros intermediários a repassar informações importantes. ■ Identificar e seguir os movimentos dos concorrentes por meio da análise de seus produtos e serviços, ponto de venda, notícias que são divulgadas na mídia, análise de balanços (no caso de empresas com capital aberto). ■ Buscar o feedback de clientes por meio dos canais de interação, como o Serviço de Atendimento ao Cliente, site da empresa, páginas em redes sociais da Internet. ■ Criar grupo especial de clientes para sistematicamente opinar sobre a empresa. ■ Acompanhar conteúdos publicados por órgãos governamentais, como os produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (<www.ibge.gov.br>). ■ Adquirir estudos relevantes para a empresa produzidos por institutos de pesquisa independentes. No Brasil, IBOPE (<www.ibope.com.br>), Ipsos Sistema de Informação de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Marplan (<www.ipsos.com.br>) e A.C. Nielsen (<www.acnielsen.com.br>) são importantes empresas desse segmento e realizam vários estudos sobre o mercado nacional. Deve-se levar em conta que são informações que pos- suem alto custo e também estão disponíveis para empresas concorrentes. O subsistema de pesquisa de marketing completa o processo de levantamento e seleção de informações para apoiar a tomada de decisão dos gerentes. Diferente dos relatórios prontos que podem ser adquiridos, a ideia dessa área do Sistema de Informação de Marketing é gerar informações específicas e customizadas para responder às várias demandas da empresa. Segundo Samara e Barros (2007), a pesquisa de marketing pode ser defi- nida como projetos que têm como meta obter dados de maneira empírica para solucionar problemas específicos relacionados ao marketing de produtos e ser- viços das empresas. Conforme Kotler e Keller (2006), o subsistema de pesquisa de marketing permite o planejamento, coleta, análise e apresentação de relatórios sistemáticos de informações relevantes sobre um cenário específico, que os ges- tores da área de marketing desejam conhecer ou aprofundar seu entendimento. A pesquisa de marketing pode ser totalmente elaborada in company, isto é, por meio de profissionais especializados que estão alocados dentro do departa- mento de marketing da empresa. Pode, ainda, ser encomendada para empresas de pesquisa que prestam serviços personalizados, em que a ética profissional e rígidos contratos de sigilo e confidencialidade protegem as informações geradas ao longo do processo de atendimento. Outra opção é um formato misto, em que uma equipe enxuta de profissionais da empresa fica encarregada de gerenciar o processo de seleção, acompanhamento e aprovação de uma ou mais empresas que vão realizar a coleta, tabulação, análise e apresentação dos resultados. Essas etapas serão detalhadas ao longo deste livro. Dados e informação não são a mesma coisa. Urdan e Urdan (2010a, p. 146) chamam a atenção para a diferença conceitu- al entre os termos. Assim, caro(a) aluno(a), é importante compreender que dado é a matéria-prima, o elemento bruto que pode ser transformado em informação. O dado por si só não é capaz de oferecer compreensão de um cenário ou situação que quer analisar e entender. Após o dado ser processado ele passa a ter significado, gera compreensão e auxilia na tomada de decisão, podendo, neste momento, ser chamado de informação. Portanto, um profissional envolvido com a gestão da empresa e, mais preci- samente, com a gestão de marketing, deve estar apto a transformar dados em informação relevante para os negócios, que de fato ampliem o conheci- mento da empresa sobre o mercado. PESQUISA DE MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA PESQUISA DE MARKETING Urdan e Urdan (2010a) citam uma definição geral sobre pesquisa de marketing elaborada pela American Marketing Association, que oferece uma visão interes- sante sobre o escopo de aplicação deste tipo de estudo. Os autores comentam que a pesquisa de marketing possibilita que uma empresa retrate o que está aconte- cendo com inúmeros stakeholders (grupos de interesse que se relacionam com a empresa em questão): consumidores, clientes, prospects (consumidores que poderão se tornar clientes), concorrentes, fornecedores, distribuidores, varejis- tas, além dela própria (colaboradores e funcionários terceirizados). Com base nesta definição, os mesmos autores elencam algumas aplicações para a ferramenta: identificar problemas e oportunidades na área de marketing; gerar ações de marketing e também avaliar os resultados de sua aplicação; acompanhar o desempenho do processo de marketing (a maximização das trocas entre dois agentes econômicos, como o consumidor e a empresa). Principais Aplicações da Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Por isso, o campo de atuação e aplicação da pesquisa de marketing é bastante amplo. Conforme salientam Samara e Barros (2007), para realizar o planejamento e a administração de marketing, necessita-se de informações confiáveis. São jus- tamente estas informações realistas que fornecerão uma espécie de fotografia do que é a empresa e o mercado em que atua. Além disso, a informação gerada pela pesquisa de marketing tem a capacidade de indicar as melhores ações para administrar as variáveis do Mix de Marketing. Para ilustrar esse pensamento, Hague, Hague e Morgan (2009 apud YASUDA; OLIVEIRA, 2012) relacionam três modelos muitos utilizados na elaboração de estratégias de marketing e sugerem formas em que a pesquisa poderia atuar. O primeiro destes modelos é a chamada Matriz de Ansoff, que faz um cruzamento entre produtos/serviços e mercados, tanto novos como já existentes. Vejamos no centro de cada quadrante da matriz possibilidades de aplicação da pesquisa de marketing para resolução de problemas específicos. do Figura 01: Pesquisa de Marketing e a Matriz de Ansoff Fonte: Yasuda e Oliveira (2012, p. 11) O segundo é o Composto Mercadológico, ou Marketing Mix, que relaciona Produto, Preço, Praça (distribuição) e Promoção (propaganda, publicidade, pro- moção de vendas, venda pessoal e relações públicas). PESQUISA DE MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Figura 02: Pesquisa de Marketing e Composto mercadológico Fonte: Yasuda e Oliveira (2012, p. 11) O último modelo é o Ciclo de Vida de Produtos e Serviços, quesugere que todo item lançado no mercado segue uma curva em quatro fases distintas, como se fosse um ser vivo: introdução, crescimento, maturidade e declínio. Figura 03: Pesquisa de Marketing e Ciclo de Vida de Produtos e Serviços Fonte: Rocha e Christensen (1999) Não se deve nunca perder de vista que para a pesquisa de marketing ser realmente útil para as empresas e fonte de informação para os gestores, ela deve seguir uma metodologia sistemática e precisa, com apoio de ciências exatas Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 como a Matemática e a Estatística e também a sensibilidade das ciências huma- nas, como a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos, sinceramente, que você, caro(a) aluno(a), tenha aproveitado ao máximo o raciocínio que foi construído nesta primeira unidade de nosso livro sobre pesquisa de marketing. As informações que foram apresentadas até o momento constituem uma base importante para o que será trabalhado na Unidade II e também nas seguintes. Na próxima unidade, vamos trabalhar o processo da pesquisa de marketing, evidenciando as suas etapas, como a definição do pro- blema de pesquisa e os seus objetivos. Você pode estar curioso(a) para avançar nas próximas páginas. Isso é ótimo, mas procure utilizar o material de apoio e as atividades de autoestudo que prepa- ramos para você. É uma excelente oportunidade para fixar conceitos, esclarecer pontos que possam ter gerado dúvida e praticar. Bom trabalho e bons estudos! 26 - 27 PARA NÃO SE AFOGAR EM NÚMEROS A possibilidade de analisar um volume iné- dito de dados digitais — chamado de big data — é, para as empresas, uma revolução comparável à popularização da internet Luiza Dalmazo Dois anos atrás, a MapLink, empresa bra- sileira especializada em digitalização de mapas, colocou em xeque a credibilidade dos anúncios da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da cidade de São Paulo. A MapLink começou a calcular o volume de trânsito na capital paulista, tarefa então exclusiva da estatal. Nas primeiras horas de um feriadão, ao mesmo tempo que a CET divulgava os 200 quilômetros habituais de ruas congestio- nadas, as rádios que usavam o serviço da MapLink informavam 420 quilômetros. Alguém estava errando a conta, e não foi difícil descobrir quem era. Enquanto a CET utiliza câmeras espalhadas pelas principais vias da cidade e o “olhôme- tro” de seus fiscais de trânsito para calcular o índice de congestionamento nos horá- rios de pico, o software da MapLink, usado por empresas de rastreamento por saté- lite, cruza, em tempo real, as informações enviadas por cerca de 400 000 veículos espalhados pela cidade. Se eles estão parados, há congestiona- mento. Andando em velocidade baixa, trânsito. Se a velocidade for plena, a pista está livre. A precisão é tanta que hoje, além dos mapas, a Map-Link vende informações sobre o trânsito para companhias de logís- tica decidirem os melhores horários e rotas para suas entregas. Esse é um dos muitos exemplos de uso do que se convencionou chamar de big data, ou “grandes informações”, numa tradução livre. Nos últimos anos, os especialistas em TI viram a emergência de dois novos fenômenos. A produção de informações continuou aumentando a uma velocidade espantosa — taxa de 50% de crescimento ao ano —, mas, ao contrário do que acon- tecia no passado, não se tratava de mais do mesmo. Os dados mudaram. Não são somente tex- tos e números dos 640 milhões de sites. Passaram a ser informações vindas dos sen- sores de localização em veículos (como os usados pela MapLink), dos GPSs e das ante- nas dos 6 bilhões de celulares em uso no mundo e dos 2,7 bilhões de comentários feitos no Facebook diariamente. Essa mudança veio acompanhada de outra igualmente importante. Os computado- res, graças a novas tecnologias, como a inteligência artificial, aumentaram a capa- cidade de entender as informações — e é essa nova conjunção de fatores que está transformando companhias de setores totalmente distintos, do varejo ao de petró- leo e gás. “Para as empresas, o surgimento do big 26 - 27 data é uma revolução comparável à mas- sificação da web registrada no começo da década de 90”, diz Adam Daum, ana- lista-chefe da Canalys Research, empresa inglesa de pesquisas em tecnologia. Hoje, 90% do volume de dados digitais produzidos globalmente ainda não são digeridos, mas essa é uma situação que começa a mudar. A americana Walmart, a maior varejista do mundo, é considerada uma referência por conseguir colher dados online para impulsionar as vendas de suas lojas físicas. Os softwares desenvolvidos pela empresa conseguem, por exemplo, monitorar quando a discussão sobre o campeonato de futebol americano se intensifica na internet em diferentes cidades dos Estados Unidos. Sabendo disso, em questão de horas os gerentes de lojas dessas regiões passam a expor nas vitrines produtos de determi- nados times. Hoje, o Walmart tem mais de 12 sistemas diferentes que processam, diariamente, cerca de 300 milhões de atualizações de internautas em redes sociais, como o Face- book e o Twitter. A demanda interna por soluções de big data levou a varejista a criar em 2011 a WalmartLabs, uma subsidiária de tecnologia que nasceu da compra da Kos- mix, uma startup americana. A Kosmix ganhou fama em 2010 ao desenvolver um sistema que ajuda no gerenciamento de estoques das varejistas durante a black friday (sexta-feira negra), em novembro, principal dia de queima de estoques do varejo nos Estados Unidos. O software da Kosmix detecta, pela localiza- ção dos celulares dos clientes, o número de pessoas em cada loja. Com essa infor- mação, os estoques de unidades que estão com vendas em baixa são enviados para as que estão vendendo mais. Big demand Casos como o do Walmart inspiraram vare- jistas no Brasil. A Lojas Renner, uma das maiores redes de vestuário do país, investiu em 2010 em um sistema que comparava, em tempo real, as vendas de suas mais de 150 lojas. Com isso, foi possível identificar números fora do padrão. Nos dias em que as unidades localizadas em lugares frios vendiam muitos casacos, os gerentes das lojas com desempenho abaixo da média recebiam um aviso do sis- tema para mudar a posição do produto na vitrine. Em uma fase mais recente, o projeto ficou mais sofisticado. Ao lançar uma coleção, a Renner posta fotos de algumas peças no Facebook e verifica a aceitação do público. Isso ajuda na hora de prever o estoque necessário de cada pro- duto. Diariamente, os gerentes das lojas recebem relatórios que consolidam dados como a previsão do tempo e comentários em redes sociais. “O software não ajuda só a reunir as informações. Também seleciona o que é confiável”, afirma Leandro Balbinot, diretor de TI da Renner. O mercado de big data já movimenta 26 bilhões de dólares em todo o mundo. Das 500 maiores companhias globais, 450 têm projetos nessa área. Como a partir de agora empresas de menor porte devem passar a usar essa ferramenta, estima-se que o mer- cado de big data chegue a 38 bilhões de dólares em 2015. 28 - 29 “É uma realidade que deve perdurar pelos próximos anos. A necessidade não foi inventada pelas fornecedoras de TI, que querem vender seu peixe”, afirma Ander- son Figueiredo, analista da consultoria americana de tecnologia IDC. “Empresas de diferentes setores querem usar melhor os dados disponíveis” Confiantes nesse cenário, as grandes da área de tecnologia estão investindo para atender à demanda. Só a IBM aplicou 14 bilhões de dólares nosúltimos cinco anos para comprar 24 empresas de análise de dados. A americana EMC, especializada em tecnologia de armazenamento, investiu recentemente 100 milhões de dólares em um centro de pesquisas no Rio de Janeiro. O objetivo é dar apoio a empresas do setor de petróleo e gás, como a Petrobras. A esta- tal brasileira usa softwares de big data que analisam milhares de dados sobre o desem- penho de suas máquinas e as condições dos poços. Em junho, a Petrobras anun- ciou investimento de 15 milhões de reais em um supercomputador para processar as informações colhidas na camada do pré-sal. O Grifo04, o número 68 da lista dos 500 computadores mais poderosos do mundo e o primeiro da América Latina, foi desen- volvido pela Itautec para ter capacidade de fazer 1 quatrilhão de operações matemáti- cas por segundo. “Sem o big data seria impossível planejar a exploração do pré-sal, com os seus milha- res de variáveis relacionadas a áreas como segurança e resistência dos equipamentos”, afirma Karin Breitman, diretora do centro de pesquisa da EMC. Um estudo recente da consultoria McKinsey sobre o setor mostra que, com a implanta- ção de tecnologias de big data, é possível diminuir o número de funcionários dedica- dos a análise de dados em 15% e aumentar a produtividade 5%. Até mesmo o setor financeiro, já altamente informatizado, está interessado na novi- dade. De acordo com a empresa irlandesa Experian, especializada em serviços de aná- lise de crédito e marketing, o interesse dos bancos é crescente. Há dois anos, a unidade brasileira do grupo, a Serasa Experian, apli- cou 7 milhões de dólares em computadores que conseguiram acelerar 30 vezes a velo- cidade de processamento de dados. São essas máquinas que têm permi- tido à empresa prestar novos serviços de administração de carteiras de crédito — principalmente para bancos médios. Agora a Serasa Experian consegue fazer o moni- toramento diário do perfil de correntistas, varrendo 150 milhões de variáveis, entre notícias de sites, dados de cartórios e de eventuais compras no varejo. Segundo a empresa, isso permite cap- tar com mais precisão os nomes de maus e bons pagadores e ajudar os bancos a reduzir a inadimplência. “Com o acesso a informações públicas, conseguimos com- parar e avaliar mais de 100 fontes”, diz Lisias Lauretti, diretor de TI da Serasa. Apesar de todo o entusiasmo gerado pelo big data, há quem diga que as previsões estão muito otimistas. Na opinião do ameri- cano Peter Fader, professor de marketing da escola de administração Wharton, da Uni- versidade da Pensilvânia, as companhias 28 - 29 precisam tomar cuidado para não superes- timar a tecnologia. Segundo ele, as empresas estão criando uma falsa ilusão de que basta apertar um botão e esperar que as máquinas digam o que tem de ser feito. “A análise sempre vai depender de trabalho e raciocínio huma- nos”, diz. Pelas estimativas da consultoria McKinsey para 2018, somente no mercado americano haverá um déficit de até 190 000 profissionais com habilidades profundas de análise e de 1,5 milhão de gerentes aptos a tomar decisões com base em relatórios dos sistemas. Um dos maiores obstáculos para a conso- lidação do big data diz respeito ao debate em torno da privacidade. Muitos dos dados processados são informações pessoais dis- ponibilizadas livremente na web por parte de seus cerca de 2 bilhões de usuários. O Facebook, que reúne quase 1 bilhão de pessoas, ganha dinheiro com quem não se importa em contar sua vida e seus hábi- tos em troca de um serviço de comunicação gratuito. Hoje, a exibição pública é tamanha que há quem fale numa ressignificação do con- ceito de privacidade. Mas a possibilidade de uma eventual reação negativa ao atual nível de exposição não está de todo des- cartada. Para muita gente, soa invasivo um supermercado ter acesso à localização de uma pessoa pelo GPS para poder enviar uma mensagem assim que ela entra numa loja. “Esse é um debate que deve durar uma década”, diz Scott Anthony, diretor da con- sultoria de inovação americana Innosight. Por enquanto, a elite mundial, reunida anu- almente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mantém o otimismo. No relatório do último evento, a opinião da maioria foi resumida da seguinte forma: “Os riscos e os desafios do big data não vão superar as oportunidades”. Nos 5 segundos que se leva para ler a frase acima, 144.000 posts e 17.000 fotos são publicados no Facebook. Fonte: Revista Exame, 3 out. 2012, pp. 148-152. 30 - 31 1. Qual é a relação do marketing com a pesquisa mercadológica? Justifique a sua resposta. 2. O que é o Sistema de Informação de Marketing? Qual é a sua relação com a pesquisa de marketing? 3. O que é pesquisa de marketing? Apresente um argumento que explique a sua importância para as empresas. Material Complementar 30 - 31 MATERIAL COMPLEMENTAR Sistema de Informação de Marketing (SIM) IKEDA, ANA AKEMI e CHIUSOLI, CLAUDIO LUIZ Editora: ATLAS Sinopse: O trabalho procura mostrar a importância da informação para as decisões gerenciais, auxiliando executivos a entender e utilizar um Sistema de Informações de Marketing. Um ponto interessante é que o livro detalha as fases de um SIM e seus principais subsistemas. U N ID A D E II Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Professor Me. Alexandre Pieske ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar as etapas necessárias para a realização de pesquisas de marketing. ■ Conceituar problemas e objetivos da pesquisa. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Etapas de uma pesquisa de marketing ■ Elaboração do problema de pesquisa ■ Definição dos objetivos da pesquisa INTRODUÇÃO Agora que você já sabe o que é pesquisa de marketing e porque ela deve ser rea- lizada, vamos passar para a fase de planejamento. Para que uma pesquisa de marketing seja realizada adequadamente, é necessário seguir algumas etapas, que correspondem às atividades essenciais para a realização da pesquisa apre- sentadas em uma sequência lógica que irá orientar a sua implementação. Dentre as etapas que devem ser seguidas para a realização de pesquisas em marketing, é essencial que seja feita a definição adequada do problema de pesquisa e do obje- tivo geral, pois eles irão orientar a realização da pesquisa como um todo, ditando aonde se quer chegar após a sua conclusão. Assim, você não deve se esquecer de que a pesquisa é realizada para atender a um determinado propósito, em face da necessidade de decidir acerca de pro- blemas ou oportunidades de marketing. E, nesse sentido, os gestores precisam de informações que os auxiliem a tomar decisões mais acertadas. A pesquisa se apresenta, portanto, como uma poderosa ferramenta que vai embasar as deci- sões tomadas pelos executivos de marketing e os gestores organizacionais. Sendo assim, apresentaremos inicialmente quais são as etapas para a realiza- ção de pesquisas em marketing e na sequência, daremos maiores explicações sobre a definição do problema de pesquisa e como elaborar os objetivos de pesquisa. ETAPAS DE UMA PESQUISA DE MARKETING Caro(a) aluno(a), “um projeto de pesquisa de marketing deve ser executado por etapas, que se iniciam na definição do problema de pesquisa e terminam na análise e na interpretação dos resultados obtidos, na redação do relatório final e na apresentação ao cliente” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 19). No entanto, de acordo com Mattar (2001), com a experiência e o acúmulo de informações, os pesquisadores, durante o processo de pesquisa, podem se ver obrigados a refor- mular etapas anteriores e, inclusive, o próprio problema da pesquisa. IntroduçãoRe pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E36 Samara e Barros (2007, p. 20) apresentam as principais etapas para a realiza- ção de uma pesquisa de marketing que adaptamos em 13 etapas para você seguir: ■ Definição do problema. ■ Determinação do objetivo geral e dos objetivos específicos. ■ Escolha da concepção de pesquisa. ■ Definição do método de pesquisa. ■ Determinação do(s) método(s) de coleta de dados. ■ Elaboração do formulário para a coleta de dados. ■ Definição da amostra. ■ Pré-teste do formulário de coleta de dados. ■ Trabalho de campo - Coleta de dados. ■ Tabulação e análise dos dados. ■ Conclusões. ■ Recomendações gerenciais. ■ Elaboração do relatório final. PESQUISA DE MARKETING X PESQUISA DE MERCADO Apesar de muitas vezes serem empregadas como sinônimos no dia a dia, tecnica- mente existe uma diferença entre as elas. A pesquisa de marketing é mais ampla do que a pesquisa de mercado. Urdan e Urdan (2010a) assinalam que pesquisa de mercado se refere à investigação de um determinado mercado consumidor. Já a pesquisa de marketing é bem mais ampla e diz respeito a todas as possíveis investigações que estejam relacionadas à área de marketing, podendo ter como foco a propaganda, novos negócios, a própria organização e sua marca, o pro- duto e o preço, por exemplo. Samara e Barros (2007) apresentam várias aplicações para a pesquisa de marketing, dividindo-a em dois grandes grupos: (1) pesquisas de oportunidade Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 de vendas e (2) pesquisas de organização de vendas. As primeiras, segundo os autores, fornecem parâmetros sobre oportunidades existentes no mercado em que a empresa atua ou pretende atuar, bem como para os produtos e serviços atu- ais e aqueles que podem vir a ser lançados. Envolve as pesquisas de mercado e de produto. Já as segundas, pesquisas de organização de vendas, têm como foco “os estudos que têm por finalidade avaliar a eficiência das ações do composto mercadológico quanto às políticas de distribuição, comunicação e estrutura de vendas” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 31). Podem ser pesquisas de distribuição, comunicação e de análise de vendas. A seguir, vemos a aplicação desses tipos de pesquisa, conforme sugerido pelos autores. PESQUISA DE MERCADO PESQUISA DE DISTRIBUIÇÃO Benefícios e problemas Análise de preços Concorrência Aceitação de novos produtos Imagem das marcas Teste de embalagem Determinantes de compra Teste de produtos Estudo de fidelidade à marca Preferências por canais de distribuição Avaliação de venda e pós-venda pelo canal Identificação de canais alternativos Análise de conflito de canais Análise do desempenho da distribuição PESQUISA DE SEGMENTAÇÃO PESQUISA DE ANÁLISE DE VENDAS Perfil dos segmentos Necessidades e expectativas Tamanho dos segmentos Potencial de mercado (usuários, não usuários, ex-usuários) Intensidade de consumo Auditoria de varejo (pesquisas Nielsen) Fatores motivacionais para equipe de vendas Auditoria domiciliar (painel IBOPE) Estudos de previsão de vendas Estabelecimento do território de vendas PESQUISA DE PROPAGANDA Pré e pós-teste de campanha publicitária Análise de investimento promocional Pesquisa de recall da comunicação Pesquisa de mídia Quadro 01: Tipos de pesquisa Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 33) ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E38 ETAPA 1 - ELABORAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA A primeira etapa de uma pesquisa de marketing consiste em definir o problema de pesquisa e os objetivos. A definição do problema de pesquisa, segundo Samara e Barros (2007, p. 21), consiste em “entender e explicitar quais são os problemas ou as oportuni- dades de marketing que geram a necessidade de informação para a tomada de decisão. A definição do problema de pes- quisa indica o propósito da pesquisa”. Por representar o propósito da pesquisa, a cor- reta definição do problema é essencial para o sucesso do estudo que será realizado. Gil (2002) coloca que o problema de pesquisa é um objeto de discussão, uma situação ainda não resolvida e que deve ser solucionada por meio de conheci- mento científico. O autor ainda complementa explicitando que o problema de pesquisa pode ser definido por meio da observação (contato diário com situações organizacionais); da teoria (contato com textos já publicados sobre determinado tema); ou por meio de um método com o qual o pesquisador tenha tido contato e que se pretenda testar. Considerando que o reconhecimento e a formulação do problema da pes- quisa são a primeira e mais importante etapa do processo de pesquisa – porque dá o direcionamento para as demais fases e indica a necessidade de informação – precisamos dedicar atenção à sua correta definição. Samara e Barros (2007, p. 21) alertam para o fato de que “os demais procedimentos, como a formulação dos objetivos e a escolha dos métodos, serão uma decorrência do problema defi- nido, daí a sua importância”. Assim, propõem que para que possamos formular corretamente o problema da pesquisa, é necessário que o pesquisador tenha em mente algumas questões básicas: Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 ■ Por que a pesquisa deve ser realizada? ■ Que decisões devem ser tomadas a partir dos resultados da pesquisa? ■ Quais são as possíveis respostas que podem ser obtidas para os proble- mas ou as oportunidades identificadas? Além disso, Gil (2002, p. 27) alerta para a necessidade de que o problema da pesquisa seja formulado como uma pergunta, visando a facilitar “sua identifi- cação por parte de quem consulta o projeto ou o relatório da pesquisa”. Imagine que uma concessionária de motocicletas da cidade de São Paulo deseja conhe- cer os impactos da marca na decisão de compra dos consumidores para, assim, direcionar os seus esforços de marketing. Podemos formular como problema da pesquisa a seguinte pergunta: “A marca Honda atua como fator influenciador na decisão de compra de motocicletas na cidade de São Paulo?”. Em outro exemplo de pesquisa, o pesquisador Kny (2006) buscou compre- ender a influência de um aroma agradável no ambiente de compra de varejo de produtos não especificamente ligados à perfumaria. Para tanto, o autor elabo- rou o problema de pesquisa: “Qual é o impacto de uma fragrância ambiental agradável em circunstâncias onde são vendidos produtos inodoros?” (KNY, 2006, p. 17). Gil (2002) aponta ainda para a necessidade de que, ao formularmos um pro- blema de pesquisa, esse procedimento leve em conta a clareza e a precisão, bem como a delimitação a uma dimensão viável. Isso significa que um problema só pode ser solucionado se for apresentado de maneira clara e precisa, evitando a sua formulação em termos muito amplos. Com frequência vemos problemas formulados de maneira muito vaga, de modo que é difícil entendermos como devemos começar a resolvê-los. Por exemplo, um pesquisador inexperiente poderia perguntar: “O que influencia o comportamento do consumidor?”.Ora... Estamos nos referindo a que tipo de consumidor? Que tipo de produto ou serviço está sendo avaliado? Queremos saber as influências no comportamento do consumidor quando ele compra ou usa efetivamente o produto? E que produto é esse? Além disso, sabe- mos que o comportamento do consumidor envolve, pelo menos, cinco etapas: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas, ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E40 decisão de compra e avaliação pós-compra. A qual delas estamos nos referindo? Estudos indicam que inúmeros fatores influenciam o comportamento do consu- midor, em todas as fases do processo de decisão de compra. Quais desses fatores vamos estudar? Todos? Nesse caso, uma formulação mais correta seria: “Até que ponto o con- sumidor maringaense leva em consideração o mix de lojas ao escolher um shopping center para realizar suas compras?”. Este problema está bem delimi- tado. Podemos pensar em termos um pouco mais amplos: “Até que ponto os fatores de marketing influenciam a escolha do consumidor maringaense por um shopping center para realizar as suas compras?”. Nesse caso, escolhemos um dos fatores que a literatura indica como influenciadores do comportamento do consumidor para pesquisar. Como pode ser observado nos exemplos citados anteriormente o problema de pesquisa representa a principal pergunta orientadora da pesquisa. O ponto de partida para a realização de uma pesquisa é sempre a elaboração do problema de pesquisa. Uma vez definido o problema de pesquisa a próxima etapa consiste em definir o objetivo geral desta pesquisa. ETAPA 2 - OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS Toda pesquisa de marketing deve ter claramente definido seu objetivo geral e seus objetivos específicos. O objetivo geral consiste na determinação de qual será o principal objetivo que se pretende alcançar com a pesquisa. Ele é elaborado no formato de afirmação e deve expressar claramente o que o pes- quisador pretende conseguir com sua investigação (ROESCH, 1999). A autora Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 ainda coloca que o objetivo geral deve ser conciso e realista, ou seja, passível de ser atingido. Considerando o problema de pesquisa “A marca Honda atua como fator influenciador na decisão de compra de motocicletas na cidade de São Paulo?” anteriormente relatado nesta unidade, temos como objetivo geral: identificar se a marca Honda atua como fator influenciador na decisão de compra de moto- cicletas na cidade de São Paulo. Já para o segundo problema de pesquisa que utilizamos de exemplo nesta unidade, “Qual é o impacto de uma fragrância ambiental agradável em circuns- tâncias onde são vendidos produtos inodoros?”, o autor definiu como objetivo geral “verificar o impacto da adição de um aroma agradável ao ambiente de loja sobre o comportamento dos consumidores” (KNY, 2006, p. 20). Uma vez definido o objetivo geral da pesquisa, deverão ser definidos seus objetivos específicos, que consistem em todos os objetivos menores que deverão ser alcançados individualmente e que, somados, responderão ao problema de pesquisa e garantirão o alcance do objetivo geral. Os objetivos específicos, assim como o objetivo geral, deverão ser concisos, claros e realizáveis (ROESCH, 1999). Além disso, todos os objetivos devem começar sempre com um verbo no infinitivo. Caro(a) aluno(a), lembre-se sempre de que os objetivos específicos devem especificar informações que operacionalizem o objetivo geral. Seguindo os exemplos anteriores de problema de pesquisa e objetivo geral, apresentaremos os objetivos específicos das pesquisas mencionadas. Exemplo 1 Problema da pesquisa: A marca Honda atua como fator influenciador na decisão de compra de motocicletas na cidade de São Paulo? Objetivo geral: identificar se a marca Honda atua como fator influenciador na decisão de compra de motocicletas na cidade de São Paulo. Objetivos específicos: ■ Identificar o perfil dos consumidores da marca Honda. ■ Identificar as marcas de motocicletas que fazem parte do conjunto de con- sideração dos consumidores. ■ Evidenciar os atributos do produto que são considerados ao adquirir uma motocicleta. ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E42 ■ Identificar os motivos que levam os consumidores a adquirir uma moto- cicleta de marca Honda. ■ Evidenciar o peso do fator marca na decisão de compra de motocicletas. Este exemplo nos mostra que, para avaliar a influência da marca Honda na deci- são de compra de uma motocicleta, é preciso, em um primeiro momento, traçar o perfil do consumidor, indicando sexo, idade, ocupação entre outros fatores. Em seguida, como o foco é a marca Honda, acredita-se ser interessante conhe- cer as outras marcas que fazem parte do conjunto que o consumidor leva em consideração na hora de buscar informações e avaliar as alternativas. Ou seja, o consumidor, embora tenha uma motocicleta da marca Honda, compara com outras marcas antes de realizar uma compra? Depois de ter conhecido as marcas que concorrem na mente (share of mind) e no coração do consumidor (share of heart), busca-se conhecer os atributos buscados pelos consumidores em motoci- cletas: potência, velocidade, praticidade, economia... Finalmente, sabendo quem é o consumidor, o que ele valoriza em uma motocicleta e quais são as marcas que considera no processo de decisão de compra, parte-se para a pesquisa da marca objeto de estudo: Por que ele escolheu a Honda? Por último, resta aos pesquisa- dores saber qual é o peso da marca na compra deste tipo de produto. Exemplo 2 Problema da pesquisa: qual é o impacto de uma fragrância ambiental agra- dável em circunstâncias onde são vendidos produtos inodoros? Objetivo geral: verificar o impacto da adição de um aroma agradável ao ambiente de loja sobre o comportamento dos consumidores. Objetivos específicos: ■ Examinar o impacto do aroma ambiental sobre as emoções do consumidor. ■ Verificar o impacto do aroma ambiental sobre as intenções de recomen- dação e retorno. ■ Mensurar a influência que o aroma da atmosfera exerce sobre o tempo de permanência em loja. ■ Mensurar o impacto que o aroma da atmosfera de loja tem sobre as com- pras (KNY, 2006, p. 20). Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 Os objetivos específicos do segundo exemplo nos mostram que no intuito de identificar “o impacto de uma fragrância ambiental agradável em circunstân- cias onde são vendidos produtos inodoros”, o pesquisador deverá examinar o impacto do aroma ambiental sobre as emoções do consumidor. Identificado este impacto, ele irá verificar o impacto do aroma ambiental relacionado às inten- ções do consumidor de recomendar a loja e de retornar à mesma. O pesquisador também irá medir a influência que o aroma da atmosfera exerce sobre o tempo de permanência em loja, ou seja, se o aroma agradável faz com os consumido- res permaneçam mais tempo na loja. Por fim, será mensurado o impacto que o aroma da atmosfera de loja tem sobre as compras, ou seja, se as vendas aumen- tam ou não em decorrência do aroma da loja. Uma vez definidos o problema de pesquisa e os objetivos, a próxima etapa é a escolha da concepção de pesquisa a ser utilizada.ETAPA 3 - ESCOLHA DA CONCEPÇÃO DE PESQUISA A concepção da pesquisa é a etapa na qual especificam-se os detalhes dos procedi- mentos que serão necessários adotar para obter as informações indispensáveis para resolver o problema de pesquisa de marke- ting (MALHOTRA, 2001). Aqui, define-se se a pesquisa será exploratória ou conclu- siva1. Este tópico será melhor explanado na Unidade III deste livro. Depois de definida a concepção da pesquisa, faz-se necessário definir o método que será utilizado. 1 Para ver as definições de pesquisa exploratória e de pesquisa conclusiva, consultar a Unidade III deste livro. ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 ETAPA 4 - DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA Nesta etapa, será definido o tipo de dado que será coletado para dar continuidade à pesquisa. Na definição de método de pes- quisa, devemos determinar se a pesquisa será de cunho qualitativo ou de cunho quantita- tivo. Essas informações encontram-se melhor detalhadas na Unidade III deste livro. Por hora, adiantamos que a pesquisa quantitativa compreende que tudo pode ser quantificável, de modo que dados possam ser traduzidos em números para serem analisados. Já as pesquisas qualitativas buscam identificar opiniões dos indivíduos e enten- der a respeito dos conceitos que se pretende utilizar, priorizando a profundidade na coleta e análise dos dados. ETAPA 5 - DETERMINAÇÃO DO(S) MÉTODO(S) DE COLETA DE DADOS Uma vez definido o método de pes- quisa, para dar continuidade ao trabalho o pesquisador deverá determi- nar qual(is) será(ão) o(s) método(s) de coleta de dados. Nesta etapa define-se como os dados serão coletados: por Comunicação ou por Observação (MATTAR, 2001). Define-se, ainda, quem irá coletar esses dados e quando estes dados serão coletados, por exemplo, se formos analisar o comportamento de compra dos consumi- dores de um determinado supermercado Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 tentando identificar o ticket médio de cada consumidor e o tipo de produto que compram. Um cuidado na definição de quando coletar os dados seria o de coletar ao longo de todos os dias da semana e em vários horários diferentes, pois prova- velmente deve existir uma grande diferença entre o volume e o tipo de compra dos consumidores de supermercado nos finais de semana, quando geralmente as pessoas estão com mais tempo disponível, e das compras realizadas durante a semana no horário do almoço, quando normalmente as pessoas estão com menos tempo livre para realizar as compras. Outra decisão que se toma nesta etapa é se os dados serão coletados com o auxílio de filmadoras (no caso de observação), de telefone, computadores e internet (no caso de entrevistas), do correio, de fax e de computadores e inter- net (no caso do encaminhamento de questionários). Maiores detalhes a respeito da coleta de dados serão apresentados na Unidade IV deste livro. ETAPA 6 - ELABORAÇÃO DO FORMULÁRIO PARA A COLETA DE DADOS A sexta etapa de uma pesquisa de marketing consiste em elaborar um formu- lário para a coleta de dados. O formulário consiste na elaboração, com base no problema de pesquisa e seus objetivos, das perguntas que serão feitas aos entre- vistados ou respondentes do questionário, que deverão responder ao problema da pesquisa e solucionar os objetivos propos- tos. O formulário pode ser feito em formato de roteiro de entrevista, roteiro de observação ou questionário. O roteiro de entrevista deve con- templar questões a serem apresentadas pelo entrevistador aos entrevistados. O roteiro de observação deve conter as informações que deverão ser observadas, de acordo com as necessidades evidenciadas pela pesquisa. Já o questionário, quando de autopreenchimento, requer a apresentação de perguntas com as ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 devidas explicações que permitam aos respondentes preencherem as respostas sozinhos, sem dúvidas ou dificuldades. Quando o questionário for aplicado pela equipe de campo, também deve estar na ordem correta de perguntas e conter as instruções para minimizar erros e diferenças na coleta de dados. Maiores deta- lhes a respeito da coleta de dados serão apresentados na Unidade IV deste livro. ETAPA 7 - DEFINIÇÃO DA AMOSTRA A etapa definição da amostra consiste em definir quem será a população do estudo, pois a definição da amostra depende desta delimitação. População ou universo, segundo Urdan e Urdan (2010a), é o conjunto total de elementos de interesse detalhadamente especificados para que se possa identificá-los e pesquisá-los. Definida a população, o pesquisador passa para a definição da amostra, que é “um subconjunto finito da população, que se estuda para adquirir infor- mações sobre o todo populacional” (URDAN; URDAN, 2010a, p.199). Nesta etapa, deve-se calcular o tamanho da amostra de modo que esta seja represen- tativa da população objeto de estudo e as informações obtidas sejam, portanto, passíveis de generalização e, também, definir os procedimentos para seleção dos elementos que deverão compor a amostra. As amostras dividem-se basicamente em probabilísticas e não probabilísticas. As amostras probabilísticas são aque- las nas quais todos os integrantes da população têm probabilidades iguais de serem escolhidos para compor a amostra. A amostra não probabilística é aquela na qual alguns integran- tes da população possuem maior probabilidade de participarem da amostra do que outros. Essa classificação, bem como a maneira de calcular o tamanho da amostra em pesquisa de marketing, ficarão mais claras na Unidade IV deste livro, na qual serão detalhados os tipos de amostra proba- bilísticas e não probabilísticas e serão apresentadas as fórmulas para cálculo do tamanho da amostra. Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 ETAPA 8 - PRÉ-TESTE DO FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS A etapa 8 compreende a realização de um pré-teste do formulário de coleta de dados. Esta é uma ação relevante, pois é bastante comum os pesquisadores estarem tão envolvidos com a sua pesquisa, que todas as perguntas que elaboraram parecem claras e objetivas, mas às vezes quando essas perguntas são apresentadas a outras pessoas, as mesmas não as com- preendem tão bem e as perguntas devem ser reformuladas. Assim, aplicando-se o pré-teste é possível descobrir os possíveis problemas do formulário de coleta de dados e corrigi-los antes de ir a campo, evitando gastos desnecessários com a equipe de entre- vistadores e a impressão de questionários que não serão utilizados, pois terão que ser substituídos em decorrência da correção de algumas questões. ETAPA 9 - TRABALHO DE CAMPO - COLETA DE DADOS Após a realização do pré-teste e dos ajustes do formulário, será a vez da coleta de dados. A coleta de dados consiste na etapa em que o pesquisador e, quando for o caso, sua equipe partem para a distribuição dos questionários aos respondentes ou entram em contato com os entrevistados para realização das entrevistas. Essa etapa costuma demandar bastante esforço por parte da equipe envolvida na pesquisa, pois é preciso, no caso da aplicação de questionários de autopreenchimento, incentivar a resposta dos mesmos eETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 cobrar sua devolução, o que não é uma tarefa tão fácil, pois lembre-se de que o interesse na coleta de dados é dos pesquisadores e não dos respondentes. Já para a realização das entrevistas, é necessária bastante polidez e persuasão por parte dos entrevistadores para agendar e realizar as entrevistas, pois lembre-se de que as pessoas possuem muitos compromissos no seu dia a dia, e arranjar um tempo para inserir uma entrevista na agenda acaba não sendo uma ativi- dade muito atrativa. ETAPA 10 - TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Feita a coleta, esses dados serão reunidos em forma de tabulação e analisados. A tabulação consiste em reunir e trabalhar estatisticamente os dados quantitativos de forma que os mesmos possam ser analisados e conclusões sejam encontradas. Cada pesquisa deverá fazer a tabulação utili- zando os modelos estatísticos que melhor permitirem o agrupamento e a análise dos dados coletados. Já as pesquisas qualitativas deverão definir os modelos de análise que melhor lhe convierem para a interpretação dos dados coletados. Na Unidade V deste livro você encontrará maiores detalhes sobre a tabulação e análise de dados. ETAPA 11 - CONCLUSÕES Uma vez tabulados e analisados os dados, os pesqui- sadores deverão chegar às conclusões da pesquisa. As conclusões, segundo Cervo e Bervian (2002), consistem em apresentar um resumo dos argumentos principais realizados na pesquisa, em formato de uma síntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trabalho. Etapas de uma Pesquisa de Marketing Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 As conclusões, ainda segundo os autores, devem representar o ponto de che- gada das deduções lógicas baseadas no desenvolvimento da pesquisa como uma síntese comentada das ideias essenciais e dos principais resultados obtidos, expli- citados com precisão e clareza. ETAPA 12 - RECOMENDAÇÕES GERENCIAIS Após a elaboração das conclusões, os pesqui- sadores deverão apresentar sugestões práticas de aplicação dos resultados encontrados na pesquisa, ou seja, diante dos resultados encontrados, o que fazer daqui para frente? Como aplicar da melhor forma possível os resultados da pesquisa para que esta seja útil para a organização que a demandou? As recomendações gerenciais devem respon- der a essas perguntas. ETAPA 13 - ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL A última etapa consiste na elaboração do relatório da pesquisa, que consiste na apresentação formal, escrita e ilustrada, que descreve o desenvolvimento de todas as etapas previstas para a realização da pesquisa e os seus resultados. No relatório devem constar a apresentação dos objeti- vos da pesquisa, seguida dos procedimentos metodológicos adotados. Logo depois, deve- -se apresentar as principais descobertas, ilustrando-as por meio do uso de gráficos, no caso da pesquisa de natureza quantita- tiva. E a finalização se dá com as conclusões 50 - 51 ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 e a apresentação de recomendações aos gestores. O relatório de pesquisa é um documento de suma importância, pois é por meio dele que os gestores terão acesso aos resultados da pesquisa para tomarem decisões. Portanto, a redação deste documento deve ser elaborada de maneira cuidadosa, uma vez que a qua- lidade da pesquisa será avaliada por meio dele (McDANIEL; GATES, 2003). 50 - 51 PESQUISAS DE PRÉ-TESTE: UM TEMA PARA MUITOS CAFÉS Betty Wainstock e Ricardo de Castro. Não há discussão sobre pré-teste que con- siga chegar ao fim em apenas um almoço. Quando o café e a conta chegam, a von- tade de continuar debatendo o tema ainda é grande. Como se trata de um assunto tão polêmico, nos parece rele- vante abordar algumas questões e dividir com os leitores alguns questionamentos. Sabemos que existem por aí muitos estu- dos conduzidos de maneira extremamente amadora, mecânica e superficial. Isso pode ocorrer de várias maneiras: quando em um focus group o pesquisador formula pergun- tas que induzem respostas ou segue de forma mecânica um roteiro mal elaborado e artificial; quando recruta entrevistados sem critérios rígidos, quando não segue o código de ética da ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) para verificar se os participantes não são “fre- quentadores assíduos” de salas de espelho; quando o pesquisador interpreta “ao pé da letra” o que é dito pelas pessoas sem mergulhar nas entrelinhas; quando per- mite a contaminação de opiniões entre os entrevistados deixando que os mais dominantes “hipnotizem” o grupo com suas opiniões. Não basta que um pesqui- sador tenha o respaldo do nome de um consagrado instituto de pesquisa onde trabalha ou o canudo de um MBA feito na França em técnicas avançadas de mode- ração. Para fazer um estudo de pré-teste, é preciso, antes de tudo, ter sensibilidade. Aqueles que condenam os pré-testes ado- ram fazer referência a um case histórico que se tornou alvo de muitas críticas. Foi o pré-teste do maior comercial da Apple de todos os tempos, veiculado em 1984, como alusão ao livro 1984 do autor bri- tânico George Orwell. Na época em que se realizou a pesquisa, o grupo de entre- vistados rejeitou a idéia apresentada em “animatic” e procurou transformá-la em outra completamente diferente. Um vídeo ironizando o que ocorreu na ocasião tor- nou-se famoso por mostrar o quanto as pesquisas podem ser mal conduzidas ou mal interpretadas. No entanto, o cliente e os criativos não deram ouvidos aos resul- tados e seguiram adiante, produzindo um comercial extremamente comentado e elo- giado na ocasião. Confira a íntegra do texto e vídeos de apoio no seguinte link: <http://www.mundodomarketing.com.br/artigos/betty-wainstock-e-ricardo-de-cas- tro/13284/pesquisas-de-pre-teste-um-tema-para-muitos-cafes.html>. 52 - 53 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA DE MERCADO O texto deste tutorial foi adaptado do CD-ROM do projeto “Novos Empreende- dores”, criado pelo SEBRAE-SP em 2000. Nos últimos anos, poucas áreas se desen- volveram tanto e tão rápido quanto a da informação. Na era dos computadores, dos satélites e da comunicação em tempo real através da Internet, o conhecimento do mercado se transformou numa das mais importantes ferramentas empresariais. E entre os instrumentos de coleta de dados, destacam-se os vários modelos e técnicas de pesquisa, frequentemente desprezada por empreendedores responsáveis por negócios de porte pequeno e médio, que imaginam custos altíssimos e processos complicados. Mas não é bem assim. Com um pouco de esforço e organização, qual- quer empresa tem condições de montar uma estrutura simples e eficiente para con- seguir informações que serão o ponto de partida para se obter ganhos significativos no desempenho da empresa. A informação é uma arma quente “O antigo armazém de secos e molhados do pai de Ângelo Silveira era um símbolo para o jovem empreendedor; um exemplo perfeito de um sistema de operação comer- cial que já não existe mais, de um modelo de administração totalmente ultrapassado, apesar das qualidades únicas que possuía. Ângelo passou boa parte de sua infância atrás daquele balcão, ouvindo as conversas descansadas entre o pai e seus fregueses, pesando feijão num frágil saco de papel, sentindo o cheiro intenso da mistura de gêneros alimentícios de todos os tipos, do qual ele se lembra até hoje, e brincando entre os sacos demilho, feijão, arroz e açú- car, no depósito dos fundos. Acima de tudo, estava a figura do pai. Ele parecia se divertir e sentir prazer enquanto trabalhava. Conhecia pelo nome todos os clientes, sabia detalhes da vida pessoal de cada um, dos seus problemas, e nunca dei- xava de levar uma ‘prosa’ durante a venda, sem pressa de nenhum dos lados. Os negó- cios eram fechados na base da palavra, o crédito precisava apenas de uma anota- ção numa caderneta amarrotada, tudo era mais descontraído – apesar dos frequen- tes calotes, tidos com naturalidade como ‘ossos do ofício’. Ângelo tem uma lembrança saudosa daqueles tempos, em que a vida parecia correr mais devagar e as relações pessoais ainda determinavam o sucesso ou o fra- casso de um estabelecimento comercial. Porém, agora que se prepara para iniciar um negócio próprio, ele não tem nenhuma ilu- são: por melhores que tenham sido, aqueles tempos simplesmente não existem mais e aquele tipo de gerenciamento empresarial cedeu lugar a um outro modelo, totalmente diferente, em que a impessoalidade e a rapi- dez costumam ser as marcas mais visíveis. E não existe um modo de fazer o tempo voltar. Ângelo, no entanto, tem consciência de que, em determinados aspectos, os clientes continuam mantendo as mesmas expec- tativas. Eles querem ser bem atendidos, esperam que o empresário e/ou os vende- 52 - 53 dores entendam o que desejam e tenham os meios de satisfazê-los, facilitando ao máximo a operação. O problema é que, no ritmo moderno e no ambiente empresa- rial extremamente competitivo das últimas décadas, não é mais possível conhecer pelo nome cada pessoa que entra numa loja. Mesmo assim, Ângelo tem certeza absoluta de uma coisa: se não conhecer os clientes e o mercado, dificilmente ele terá êxito em seu empreendimento. O que fazer, então?”. A resposta é simples: conseguir informação, o máximo de informação confiável sobre o mercado e os clientes, e para isso a chave é a pesquisa. A coleta de dados assumiu um papel indispensável na administração de qualquer negócio e em todas as suas etapas, desde o planejamento inicial até a conquista de novos clientes e a consolida- ção da empresa. Na era da qualidade total, o conhecimento profundo do mercado e da clientela é tão importante quanto um produto competi- tivo e um gerenciamento eficiente. E não é mais possível esperar que essas informa- ções cheguem espontaneamente ao balcão da loja. No lugar do antigo sistema informal e espontâneo, o empreendedor conta hoje com ferramentas eficazes que permitem avaliar de modo sistemático as expecta- tivas e os desejos dos clientes, de modo a satisfazê-los da melhor forma possível. E, perto dos benefícios que produzem, as pesquisas custam muito pouco. Saiba o quê procurar Numa empresa, tudo pode ser pesquisado, desde a opinião das pessoas sobre a quali- dade do cafezinho servido até a localização e o perfil exato de um grupo de consumi- dores que, num futuro determinado, serão os novos clientes da empresa, com base em um conjunto de dados bastante con- fiável. Com uma margem de atuação tão extensa, o primeiro passo é definir clara- mente as informações a serem procuradas e que serão mais úteis à empresa. No caso de Ângelo Silveira, que está abrindo uma moderna loja de tênis, ele já tem algumas certezas. Sabe, por exemplo, que não precisará se preocupar com a divul- gação das marcas dos produtos, já bastante conhecidas do público consumidor, graças as campanhas intensivas de propaganda desenvolvidas pelos fabricantes, em veí- culos poderosos como a televisão. Ângelo sabe também que venderá sua mer- cadoria para um público bastante variado, considerando que possuir um “tênis de marca” é importante para uma faixa que se estende desde os jovens com alto poder aquisitivo até aqueles que trabalham o dia inteiro e não pensam duas vezes em gas- tar um quarto de seu salário em favor da satisfação. Existem, porém, algumas informações essenciais que Ângelo precisa obter antes mesmo de abrir sua loja. Em primeiro lugar, é conveniente que ele conheça seus prin- cipais concorrentes, os pontos onde eles estão localizados, os preços que praticam, as vantagens que oferecem, as formas de pagamento que adotam, o número de vendedores que empregam e mais uma série de detalhes. Deve saber, da mesma forma, o volume de vendas de cada com- petidor, suas respectivas margens de lucro, os modelos de calçados mais vendidos e a influência exercida por fatores como a sazo- nalidade, entre outros. 54 - 55 Todos sabem que se vende mais sorvete no verão do que no inverno. Mas será que acontece o mesmo com produtos como tênis, jeans ou computadores, por exem- plo? Até que ponto o clima e a época do ano influenciam determinadas demandas? Uma pesquisa bem orientada pode dar as respostas. Por meio de uma sondagem dirigida para esses aspectos, será possível reunir um bom número de informações que serão real- mente úteis. No princípio, porém, Ângelo se arrepiava só de pensar em pesquisa. Ele imaginava que seria necessário contratar uma organização sofisticada, repleta de técnicos especializados, com linguagem incompreensível e custos bem além das possibilidades de um negócio de pequeno ou médio porte. Existem, de fato, institutos de pesquisa com esse perfil, com serviços segmentados – e preços realmente proibi- tivos para uma pequena empresa. No entanto, existe igualmente uma série de recursos ao alcance de empreende- dores e empresas como a de Ângelo, que tem necessidade de investir quase todo o capital disponível na própria abertura e administração do negócio. Com os pés no chão, Ângelo foi sondando o terreno. Visitou imobiliárias, percorreu quilômetros e quilômetros de corredores de áreas comerciais e shopping centers e, mais que tudo, perguntou. Conversou com centenas de pessoas, com vendedores e clientes de lojas, com corretores imobiliá- rios, administradores de centros comerciais, representantes de indústrias de calçados, empresários do ramo, amigos, parentes, colegas e vizinhos e com quem encontrava pela frente. Cada informação nova era cui- dadosamente anotada e depois ia se somar às outras já obtidas, agrupadas em suas devidas áreas. No final de alguns dias, uma avaliação mais paciente revelou que nenhuma daque- las conversas e nenhuma das perguntas haviam sido inúteis. Com seu método de pesquisa simples e barato, Ângelo percebeu que acumulara muito mais infor- mações sobre aquele ramo de negócio do que poderia imaginar no início. Ele tinha, então, uma boa base para avaliar os locais mais favoráveis para a abertura da loja, o valor do aluguel e do ponto, a quantidade de empresas concorrentes, os preços pra- ticados por elas, a forma de pagamento, os descontos, a utilização de cartão de crédito e cheques pré-datados e os modelos mais procurados em cada tipo de loja. Devidamente tabulados, esses dados ser- viram para orientar, de forma mais segura, o planejamento estratégico do empreendi- mento de Ângelo. Ele sentiu que finalmente tinha um ponto de partida para realizar o sonho de possuir seu próprio negócio – e, ainda mais importante, de maneira a reduzir ao máximo os riscos que sempre envolvem um empreendimento recém- criado. Técnicas de coleta de dados O exemplo da loja de tênis mostra clara- mente que, com disposição e objetivos bem definidos, uma pesquisa pode ser um instrumento muito eficiente. No caso de Ângelo, ele começou com a cara e a cora- gem – e uma dose razoável de intuição. O trabalho poderia ter sido ainda mais eficaz se ele tivesse recorrido a algumas técnicas básicas de coleta de dados, começando 54 - 55 pela elaboração de um roteiro e de ques- tionários objetivos. Com esse material, ele poderia tambémter solicitado a colabora- ção de algumas pessoas, remuneradas ou não, e provavelmente teria resultados mais completos, mais organizados e em tempo bem mais curto. Um questionário adequado é a peça fun- damental de qualquer prospecção. Quem se dispõe a pesquisar o mercado deve defi- nir critérios para a seleção de perguntas. As pessoas, em geral, não se recusam a res- ponder a consultas na rua, mas podem se impacientar se as perguntas forem muito vagas, sem uma utilidade aparente ou em número excessivo. Portanto, quanto menos perguntas, e quanto mais objetivas elas forem, tanto mais eficaz será o questionário. Uma maneira prática de ajustar um ques- tionário é fazer uma espécie de teste inicial: pode-se convidar um grupo de colaborado- res ou amigos para responder às perguntas previstas, como se fossem as pessoas a quem se destina a sondagem. Depois de recolher os questionários, os resultados devem ser tabulados e, em seguida, ava- liados em conjunto com o grupo. Todos que participaram do teste podem colabo- rar com sugestões e críticas. Quase sempre surgem modificações que vão auxiliar bas- tante a pesquisa real. Vale a pena repetir: o fundamental é que a finalidade da pes- quisa esteja absolutamente clara desde o princípio: o que se quer descobrir, a quem perguntar, como encaminhar cada questão. Outros usos para pesquisas Além de orientar a abertura do negócio, a pesquisa deve ser usada sistematicamente depois que a empresa estiver funcionando, como ferramenta de conquista e manu- tenção de clientes. Nesse caso, a primeira técnica é a seleção do grupo que será pes- quisado. Se a empresa ainda tem poucos clientes, tente fazer com que todos respon- dam os questionários. Se tem um número maior de clientes, faça a pesquisa por amos- tragem, entrevistando, por exemplo, 5% do total, divididos em grupos mais ou menos homogêneos. O ideal é utilizar critérios de divisão que sejam de fato significativos para aquela empresa em particular. Por exemplo, no caso da loja de tênis de Ângelo, gru- pos de clientes que já compraram mais de uma vez, clientes que entram na loja pela primeira vez, clientes abaixo e acima de determinada faixa de idade e assim por diante. As perguntas devem se concentrar, basi- camente, nos hábitos de compra, nas expectativas e nos desejos dos clien- tes. É com base nessas informações que a empresa terá condições de planejar o desenvolvimento do negócio de modo a ampliar sua clientela, pois conhecendo suas necessidades saberá melhor como satis- fazê-las. Para obter melhores resultados, o questio- nário deverá ser dividido em aspectos bem definidos, como o nível de atendimento, envolvendo a cortesia dos vendedores, a eficiência, a receptividade e o tratamento diferenciado. Outro aspecto é o produto em si: a apresentação, a durabilidade, o preço, a beleza, a qualidade. Em seguida, as perguntas devem se referir a aspectos físicos como localização da empresa, faci- lidade de acesso, decoração e instalações, e à imagem, ao prestígio e à credibilidade do negócio. Em cada item, o cliente deve indicar seu grau de satisfação, por exem- 56 - 57 plo, numa escala de 1 a 4: ruim/péssimo, regular, bom e ótimo. Depois de elaborados os questionários e selecionados os clientes-alvo, o empreen- dedor deve estudar com cuidado a forma de abordagem e divulgar entre os colabo- radores a ideia da pesquisa, seus objetivos e a maneira como ela será feita. Assim que surgir o primeiro lote de respostas, passa-se à fase de tabulação dos resultados, que será facilitada pelo sistema de escala com notas, começando com peso 4 para “ótimo”, 3 para “bom”, 2 para “regular” e 1 para “ruim/pés- simo”. Com base na freqüência das notas, será possível obter uma tabulação que indi- cará, com uma margem de erro bastante aceitável, a opinião que os clientes forma- ram em relação à empresa, ao produto e ao atendimento. Cada item terá a sua média, que numa simples comparação fornecerá um retrato bastante nítido dos pontos for- tes e fracos da empresa. A partir daí, tudo passa a ser uma ques- tão de correção de rumo e de adaptação do negócio às expectativas dos clientes. Os resultados de uma pesquisa como essa tem, ainda outras implicações, como a possibilidade de utilizá-la como fator de motivação da equipe de colaboradores. De certa forma, o trabalho de cada um tam- bém estará sendo avaliado, sem que se faça um julgamento direto, e acompanhando as tabulações eles perceberão mudanças no desempenho e terão um incentivo extra para atuar de forma mais adequada. Uso adequado das informações Realizadas regularmente, de acordo com uma programação prévia e aperfeiçoa- das com a prática, pesquisas como essa se tornam extremamente úteis. Os dados apu- rados na pesquisa devem ser sintetizados em um relatório, apresentado ao grupo de colaboradores, para uma discussão inicial. A providência seguinte é definir ações que possam melhorar os resultados da empresa, manter a clientela satisfeita e conseguir novos clientes. Para isso, contudo, é preciso estabelecer prioridades, a partir da seleção das ações mais urgentes e mais fáceis de serem implementadas. O item atendimento, por exemplo, é uma ação urgente. Se a pesquisa revelou que os clientes se queixam da falta de cortesia dos vendedores, o assunto deve ser abordado com a maior rapidez possível. Em conjunto com as pessoas envolvidas, num diálogo franco e aberto – afinal, quem está dizendo isso são os clientes , o empre- endedor deve discutir a questão, buscando identificar as causas do baixo resultado. O clima deve ser de troca de idéias, a fim de se encontrarem soluções do interesse de todos. Se a solução do problema envolver inves- timento (a decoração infeliz da loja, por exemplo), deve-se verificar com cuidado quando essas despesas poderão ser assu- midas, sem comprometer o capital de giro da empresa nem seus compromissos com funcionários, fornecedores e demais des- pesas. O importante é estabelecer prioridades e cumprí-las de acordo com o que foi estabelecido. Também nesse aspecto os colaboradores devem ter conhecimento das providências que estão sendo tomadas, como mais um fator de motivação. 56 - 57 Primeiro mandamento: respeito total ao cliente Outras formas de pesquisa podem ser utilizadas regularmente pela empresa. É possível fazer sondagens por telefone, exclusivamente na loja, nas ruas ou resi- dências, por carta, pela Internet (e mail e/ou páginas Web), por formulários, em salões e feiras, mediante a realização de concur- sos, enquetes, distribuição de brindes ou outras promoções de vendas. O essencial é não perder de vista o objetivo definitivo de uma prospecção de mercado: buscar infor- mações que permitam conhecer melhorar e valorizar o cliente, razão de ser de qual- quer negócio. Na busca da qualidade total que assegura a competitividade, a empresa moderna descobriu que seu foco deve ser sempre a satisfação das expectativas do cliente. Manter satisfeito um cliente fiel é tão importante – ou mais – quanto conseguir vender a alguém que nunca comprou da empresa. Para isso, é preciso dar ao cliente motivos concretos para que ele continue comprando aquele determinado produto ou serviço, daquela empresa em particular, em meio a tanta concorrência. A empresa direcionada para a satisfação do cliente adquire vantagens competitivas duradouras em relação aos concorrentes, assegura sua sobrevivência, cria uma ima- gem positiva, aumenta as possibilidades de expansão e elimina os custos decorrentes da baixa qualidade do atendimento – ou seja, melhora o seu desempenho em todos os sentidos e colhe os frutos desse esforço planejado. Para o cliente, mais do que simplesmente adquirir produtos ou serviços, existenuma compra uma expectativa de satisfação que representa a síntese de uma série de fato- res: atenção, cortesia, bom atendimento, respeito, cumprimento das condições com- binadas, garantia de assistência pós-venda – em resumo, uma combinação de ingre- dientes que cria uma receita irresistível. Essa receita, no entanto, só será servida adequa- damente quando a empresa dispuser das informações que lhe permitirão direcionar seus esforços para a satisfação dos clientes. Por mais simples que seja a técnica apli- cada, uma pesquisa bem planejada possui a capacidade de se transformar numa ines- timável ferramenta de negócios, que deve ser utilizada regularmente, no dia-a-dia, como parte da própria cultura da empresa. Fonte: TUTORIAL. A importância da pesquisa de mercado. 2000. MBI. Disponível em: <http://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/tutoriais/importpesq/>. Acesso em: 23 nov. 2012. 58 - 59 ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), procuramos destacar para você a importância do reconhe- cimento e da formulação de forma criteriosa, clara e precisa do problema da pesquisa. Esta pergunta é a norteadora de todas as etapas do processo de pes- quisa pelas quais você deverá passar. Tenha sempre em mente que a qualidade da formulação do problema irá refletir na qualidade das informações obtidas e, consequentemente, dos resultados e das decisões delas decorrentes. Assim, você deve se comprometer com o entendimento da situação que gera a necessidade da pesquisa para, em seguida, definir o problema e os objetivos. Vale destacar que a definição dos objetivos específicos, quando feita de forma atenta e correta, vai ajudá-lo(a) na construção do instrumento de coleta de dados, já que estes indicam, ao pesquisador, a necessidade de informações para responder ao obje- tivo geral e à pergunta de pesquisa. Parece complicado, mas a prática nos ajuda. Então, mãos à obra: resolva as atividades de autoestudo para ir se acostumando com a elaboração de projetos de pesquisa! Na presente unidade, vimos uma apresentação de quais são as etapas essen- ciais para a realização de pesquisas em marketing. Conforme mencionamos em vários momentos, aqui apresentamos resumidamente no que consiste cada uma dessas etapas, pois as mesmas serão trabalhadas detalhadamente nas próximas unidades deste livro. Na Unidade III, intitulada “Classificação de pesquisa de marketing”, nós veremos quais são as diferentes concepções e classificações de pesquisa, de modo que o pesquisador tenha condições de selecionar a mais ade- quada a ser utilizada dependendo dos objetivos a serem alcançados e dos tipos de dados a serem coletados, evidenciando seus pontos fortes e fracos. Boas ati- vidades e até lá! 58 - 59 1. A empresa Alpha de telefonia celular deseja conhecer o grau de satisfação dos seus clientes com relação aos serviços prestados (atendimento, acesso à internet entre outros). Para isto, pede a você que desenvolva um projeto de pesquisa, envolvendo os seguintes passos: a. formulação do problema de pesquisa; b. a identificação do objetivo geral da pesquisa; c. a identificação de, no mínimo, cinco objetivos específicos. 2. Luísa, uma estudante de Marketing, com seu espírito empreendedor decide, jun- to com um grupo de amigos, abrir em Maringá uma Agência de Comunicação Integrada, acreditando ser um diferencial perante as demais empresas da cida- de. No entanto, os amigos acreditam que devem realizar uma pesquisa junto às empresas – potenciais clientes – para analisar a viabilidade do negócio. Para isto, é necessário desenvolver um projeto de pesquisa, envolvendo os seguintes passos: a. a formulação do problema de pesquisa; b. a identificação do objetivo geral da pesquisa; c. a identificação de, no mínimo, cinco objetivos específicos. 3. A empresa TCCC deseja realizar uma campanha publicitária que enfatize a con- servação dos ônibus pelos frequentadores de estádios de futebol. Para tanto, necessita identificar o público torcedor que utiliza o transporte público para me- lhor adequar sua mensagem. Com este intuito, contratou a sua empresa para realizar os seguintes passos do projeto de pesquisa: a. a formulação do problema de pesquisa; b. a identificação do objetivo geral da pesquisa; c. a identificação de, no mínimo, cinco objetivos específicos. 4. A emissora SBT, insatisfeita com seus índices de audiência, resolveu alterar toda sua programação. Após um mês de nova programação, solicitou a você, um es- pecialista em pesquisa mercadológica, um projeto de pesquisa que avalie os dados desta alteração junto aos telespectadores. Para isto, é necessário desen- volver um projeto de pesquisa envolvendo os seguintes passos: a. a formulação do problema de pesquisa; b. a identificação do objetivo geral da pesquisa; c. a identificação de, no mínimo, cinco objetivos específicos. Pesquisa de marketing: conceitos e metodologia SAMARA, Beatriz S.; BARROS, José C Editora: Pearson Prentice Hall Sinopse: Para minimizar/evitar erros na tomada de decisão é necessário que as empresas tenham informações específicas a respeito do mercado e de seus clientes. E a melhor maneira de conseguir estas informações é por meio de uma metodologia adequada e de um projeto formal, chamado pesquisa de marketing. Neste livro, os professores Beatriz Santos Samara e José Carlos de Barros apresentam o passo a passo de como elaborar o planejamento e realizar pesquisas de marketing. MATERIAL COMPLEMENTAR ETAPAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA EM MARKETING U N ID A D E III Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Professor Me. Alexandre Pieske CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar as diferentes concepções e classificações de pesquisa, de modo que o pesquisador tenha condições de selecionar a mais adequada a ser utilizada dependendo dos objetivos a serem alcançados. ■ Descrever os tipos de dados a serem coletados, evidenciando seus pontos fortes e fracos. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Concepção da pesquisa ■ Dimensão temporal da pesquisa ■ Dados primários e secundários ■ Pesquisa qualitativa e quantitativa INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), é importante que você saiba que as pesquisas de marketing são classificadas de diferentes formas dependendo dos objetivos do estudo, do tipo de análise necessária para o alcance desses objetivos e dos recursos financeiros e de tempo disponíveis para sua realização. Para isso, é importante conhecer as diferentes concepções de pesquisa que podem ser utilizadas (exploratória ou con- clusiva); os tipos de dados que podem ser coletados (primários ou secundários); a dimensão temporal da pesquisa (longitudinal ou transversal); e a abordagem que é dada ao problema de pesquisa (qualitativa ou quantitativa). Desse modo, deve ficar claro para você, que está estudando esta fascinante ferramenta de marketing, que não há um tipo melhor ou ideal de pesquisa. A sua escolha por um tipo e uma abordagem depende, em grande parte, dos obje- tivos do estudo. Por isso, lembre-se sempre do que foi explicado nas unidades anteriores a respeito da formulação do problema da pesquisa e da definição dos objetivos, pois estas etapas direcionam a escolha dos procedimentos metodo- lógicos a serem adotados nas fases posteriores, como esta, em que você deverá escolher dentre diferentes concepções e abordagens de pesquisa de marketing aquela que melhor se adequa aos objetivos propostos. Esta unidade pretende, portanto, apresentar a você as possibilidades no deli- neamento de uma pesquisa mercadológica. Mãos à obra! CONCEPÇÃO DA PESQUISAEm um primeiro momento, vamos nos concentrar em entender as diferentes concepções de pesquisa que levam a diferentes procedimentos a serem adotados e, consequentemente, diferentes resultados. A concepção da pesquisa consiste em especificar os detalhes dos procedimentos que serão necessários adotar para obter as informações indispensáveis para resolver os problemas de pesquisa de marketing (MALHOTRA, 2001). Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 63 CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E64 Segundo Vergara (2009), as pesquisas podem ser concebidas de acordo com os seus fins. Os fins dizem respeito ao objetivo orientador principal da pesquisa e sua concepção pode ser resumida em pesquisa exploratória ou pesquisa con- clusiva. A figura 04 tem como objetivo ilustrar essas diferentes concepções de pesquisa, que serão explicadas a seguir. Figura 04 – Concepção das Pesquisas de Marketing Fonte: adaptado de Malhotra (2001, p. 105) PESQUISA EXPLORATÓRIA A pesquisa exploratória tem esse nome por representar o tipo de pesquisa que tem como objetivo principal compreender com mais profundidade um determi- nado assunto sobre o qual não se possui muito conhecimento. Como o próprio nome diz, o objetivo é explorar, de forma mais aprofundada, um tema, assunto ou objeto de estudo. A pesquisa exploratória geralmente é utilizada nos primeiros estágios de um processo de pesquisa, porque ajuda o pesquisador a entender a situação que se propôs a estudar, a delinear de forma mais clara e precisa os obje- tivos da pesquisa e a gerar hipóteses que podem vir a ser testadas posteriormente. Imagine, por exemplo, que você faz parte de um grupo de pesquisadores que foi contratado para estudar o mercado de produtos de luxo no Brasil e que este é um tema ainda novo para você. Antes de definir objetivos, tipo de pesquisa a ser realizada, população e procedimentos de amostragem, você precisa ser capaz de Concepção da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 65 responder as seguintes perguntas, entre outras: O que é luxo? O que motiva as compras de produtos de luxo? Qual é o ticket médio de compra de produtos de luxo? Sendo assim, é necessário que a equipe de pesquisadores se engaje em um processo de busca de conhecimento acerca do objeto da pesquisa. E para isso, deverá ser realizada uma pesquisa de caráter exploratório. Uma situação bem comum no marketing envolve o estudo do comportamento das crianças. Imagine agora que a mesma equipe de pesquisa da qual faz parte está estudando os fatores que influenciam as crianças na escolha por um produto no supermercado quando vão às compras com os pais. Uma possibilidade para obter a resposta é perguntar para os pais e outra é questionar as próprias crianças. No entanto, sabendo de antemão que os pais podem não ter as respostas e que as crianças provavelmente não saberão expressar os seus sentimentos e as suas motivações. Assim, a equipe resolve observar o comportamento dessas crianças para levantar algumas hipóteses que serão testadas em pesquisas posteriores. Ao observar o comportamento das crianças quando vão às compras com os pais em supermercados, você identifica que sua atenção é despertada por produtos que (1) estão posicionados nas gôndolas na altura dos seus olhos, (2) são coloridos e (3) trazem algum personagem famoso. Esses dados, resultantes de uma pes- quisa de natureza exploratória, vão ajudá-lo a desenhar pesquisas posteriores. Nesse sentido, Malhotra (2001, p. 106) define a pesquisa exploratória como aquela que “busca oferecer critérios sobre a situação-problema enfrentada pelo pesquisador e sua compreensão”. Segundo Malhotra (2001) e Mattar (1996), a pesquisa exploratória pode ser usada para: ■ auxiliar na formulação do problema de pesquisa; ■ identificar cursos alternativos de ação; ■ desenvolver hipóteses; ■ isolar variáveis e relações-chave para exame posterior; ■ elaborar questões de pesquisa relevantes para responder ao problema de pesquisa; ■ esclarecer conceitos; CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E66 ■ identificar informações disponíveis de pesquisas anteriores já realizadas sobre o assunto; ■ estabelecer prioridades para novas pesquisas. Em resumo: por permitirem conhecer melhor um determinado objeto de estudo, as pesquisas exploratórias auxiliam na formulação dos critérios a serem utilizados em pesquisas conclusivas posteriores sobre o assunto. Os procedimentos mais comumente adotados para realizar as pesquisas exploratórias são: levantamento em fontes secundárias, levantamento de experiências e observação informal. O levantamento em fontes secundárias envolve o levantamento bibliográfico, documental e de estatísticas. O levantamento bibliográfico consiste na busca de informações mediante consulta a livros, revistas, periódicos científicos, jornais e pesquisas efetuadas. O levantamento documental, por sua vez, compreende a busca em documentos internos à empresa, como histórico de vendas de um produto, desempenho da equipe de vendas, por exemplo, ou externos, como uma consulta realizada junto ao PROCON para saber o número de clientes que reclamaram a respeito de uma determinada marca de produto ou serviço. Já o levantamento de estatísticas diz respeito à pesquisa em estatísticas que já foram divulgadas, por meio de consulta a dados do IBGE, Instituto IBOPE entre outros. O levantamento de experiências parte do pressuposto de que “grande parte das experiências e dos conhecimentos adquiridos não está escrita. Muitas pessoas, em função da posição profissional privilegiada que ocupam, acumulam expe- riências e conhecimentos sobre um tema ou problema em estudo” (MATTAR, 2001, p. 21). Sendo assim, todas as pessoas que possam ter informações acerca do que está sendo estudado podem ser alvo de um estudo exploratório, visando a aprofundar o conhecimento do pesquisador. O objetivo do levantamento de experiências é “obter e sintetizar todas as experiências relevantes sobre o tema em estudo e, dessa forma, tornar o pesqui- sador cada vez mais consciente da problemática em estudo” (MATTAR, 2001, p. 21). As experiências e/ou opiniões de especialistas no assunto (como os estu- diosos de uma determinada área), de profissionais do ramo (ex.: vendedores de automóveis e donos de oficina, no caso de um estudo a respeito dos modelos de automóveis seminovos mais vendidos no país) e quaisquer outras pessoas que No final da década de 90, a empresa Philips (uma das maiores empresas da indústria de eletroeletrônicos do mundo) identificou que apenas 18% do seu público era formado por jovens. Considerando que os jovens são gran- des consumidores de eletroeletrônicos, a Philips decidiu realizar uma pes- quisa para identificar qual a imagem que este perfil de público tinha a seu respeito. Nesse caso, foi realizada uma pesquisa exploratória com jovens em todos os países que a Philips atuava para identificar a imagem da empresa. Ao término da pesquisa, foi identificado que os jovens viam os produtos da Philips como confiáveis e de boa qualidade, mas muito tradicionais, “como os nossos pais” (PEREIRA; COBRA, 2002, p. 10). Como os jovens em geral pos- suem perfil inovador e gostam de adquirir produtos com este aspecto, a informação identificada na pesquisa mostrou que: 1) casoa Philips deseje atingir uma maior parcela do público jovem, deveria mudar seu posiciona- mento perante o mesmo; 2) além disso, como sugestão de questões a serem respondidas em pesquisas posteriores, agora de caráter conclusivo, temos: (a) identificar quais as características dos produtos da Philips que levam os consumidores jovens a percebê-la como uma empresa tradicional e conser- vadora e (b) quais as características dos produtos das marcas concorrentes que as fazem ser vistas como marcas mais inovadoras. Concepção da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 67 tenham informações relevantes sobre o que está sendo estudado, podem ser obti- das por meio de entrevistas individuais ou em grupo. A observação informal, por sua vez, “envolve nossa natural capacidade de observar continuamente objetos, comportamentos e fatos a nosso redor. [...] Para a utilização em pesquisas exploratórias, a observação deverá ser informal e dirigida, pois deverá estar centrada unicamente em observar objetos, comporta- mentos e fatos de interesse” para a pesquisa em andamento, mesmo que obtidos informalmente (MATTAR, 2001, p. 23). Para facilitar o entendimento a respeito de pesquisas exploratórias, apresen- taremos a seguir um exemplo de um caso real de pesquisa realizada por Pereira e Cobra (2002) para a empresa Philips, com o objetivo de elaborar questões de pesquisa relevantes para responder ao problema de pesquisa. CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E68 PESQUISA CONCLUSIVA A pesquisa conclusiva tem como principal objetivo fornecer critérios para a tomada de decisão gerencial. Estas pesquisas são caracterizadas por possuírem “objetivos bem definidos, procedimentos formais, serem bem estruturadas e dirigidas para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de curso de ação” (MATTAR, 1996, p. 23). As pesquisas conclusivas podem ser descritivas ou causais. As pesquisas conclusivas descritivas buscam descrever algo. É como se uma fotografia fosse tirada de uma situação que normalmente corresponde a uma característica de mercado. Já as pesquisas conclusivas causais buscam verificar a existência de relações de causa e efeito entre duas ou mais variáveis. As pesquisas conclusivas descritivas são as mais comumente realizadas em marketing e pressupõem um conhecimento prévio aprofundado sobre o assunto pesquisado (que, como vimos, pode ser proveniente de estudos exploratórios). Este tipo de pesquisa possui objetivos bem definidos, procedimentos formais e é estruturada e dirigida para a solução de um problema previamente definido (MATTAR, 1996). As pesquisas conclusivas descritivas são utilizadas, segundo Malhotra (2001) e Mattar (1996), para: Concepção da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 69 ■ descrever características de grupos, como, por exemplo, descrever o perfil de consumidores por idade, gênero, classe socioeconômica, dentre outras características de agrupamento que possam ser relevantes para a pesquisa; ■ determinar o grau até o qual as variáveis de marketing estão associadas, por exemplo, identificar até que ponto o fato de uma loja oferecer esta- cionamento aos clientes influencia no aumento das suas vendas; ■ estimar a proporção de elementos em uma população específica que tenha determinada característica ou comportamento como, por exemplo, iden- tificar dentre as consumidoras de cosméticos no Brasil qual percentual que compra esses produtos por catálogo, qual percentual compra em lojas exclusivas e qual percentual compra em supermercados; e ■ fazer previsões específicas como, por exemplo, qual será a estimativa de vendas de automóveis populares no Brasil em 2013. Estes são alguns exemplos da aplicação de pesquisas descritivas, mas você deve ter pensado em inúmeros outros. O importante é compreender o objetivo deste tipo de estudo e as razões que levam os pesquisadores a escolher realizá-lo, con- forme evidencia o quadro “Razões exemplificadas para se realizar pesquisas conclusivas descritivas”. RAZÕES EXEMPLOS Descrever as características de grupos relevantes, como consumidores, vende- dores, organizações ou áreas de merca- do. Traçar o perfil dos consumidores do McDonald's no Brasil. Estimar a porcentagem de unidades em uma população específica que exibe um determinado comportamento. Identificar dentre os consumidores da Natura quantos consomem seus pro- dutos por terem um apelo sustentável. Determinar as percepções a respeito de características de produtos/serviços. Identificar a avaliação dos consumido- res brasileiros a respeito dos itens de segurança disponíveis nos automóveis nacionais. Determinar o grau até o qual as variáveis de marketing estão associadas. Descobrir até que ponto os consumi- dores de perfumes franceses no Brasil os consomem por apresentarem maior desempenho funcional do produto. CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E70 Fazer previsões específicas. Estimar quanto será a venda de au- tomóveis populares zero quilômetro (categoria específica de produto), nos estados do sul do Brasil (região específica), nos meses de novembro e dezembro do ano de 2012 (período específico). Quadro 02: Razões exemplificadas para se realizar pesquisas conclusivas descritivas Fonte: elaborado pelos autores com base em Malhotra (2001, p. 108) A seguir, apresentamos um exemplo do emprego de uma pesquisa conclusiva descritiva que visa a determinar as percepções que os consumidores têm a res- peito de características de produtos e serviços. O exemplo corresponde a uma parte da pesquisa realizada por Rodrigues, Casadei e Giuliani (2006), que teve como objetivo avaliar a opinião dos clientes de um hotel com relação aos servi- ços prestados. Para tanto, realizaram uma pesquisa quantitativa com aplicação de questionário junto a 591 hóspedes. Os respondentes avaliaram 13 serviços prestados pelo hotel escolhendo opções em uma escala que tinha quatro possi- bilidades de respostas: ótimo; bom; regular e ruim. As respostas foram tabuladas e analisadas com cálculo de percentual apresentando os resultados, conforme ilustra a tabela 01. SERVIÇOS ÓTIMO % BOM % REGULAR % RUIM % NÃO % RESPONDERAM Porteiro 76,14 20,47 0,34 0 3,05 Mensageiro 61,25 16,92 0,34 0 21,49 Recepção 78,34 19,97 0,68 0 1,02 Telefonia 60,41 16,58 0,34 0 22,67 Camareira 73,94 19,97 1,86 0 4,23 Limpeza das áreas sociais 78,17 18,78 0,85 0,17 2,03 Serviço de quarto 65,14 18,61 0,68 0,17 15,4 Restaurante principal 74,96 19,97 2,71 0,34 2,03 Bar do hotel 62,94 21,66 3,38 0,17 11,84 Restaurante à la carte 34,69 12,86 1,52 0 50,93 Bar da piscina 41,29 21,32 4,4 1,02 31,98 Concepção da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 Balneário 47,88 20,81 3,21 0,68 27,41 Equipe de lazer e eventos 61,93 15,23 1,86 0,34 20,64 Tabela 01: Qual a sua opinião sobre os seguintes serviços? Fonte: Rodrigues, Casadei e Giuliani (apud GIULIANI, 2006, p. 296) Já a pesquisa conclusiva causal tem como principal objetivo obter evidências de relações de causas e efeitos (MALHOTRA, 2001). Ainda segundo o autor, esse tipode pesquisa é utilizado quando: ■ Procura-se compreender quais variáveis são causa e quais são efeito de um fenômeno. ■ Busca-se determinar a natureza da relação entre as variáveis causais e o efeito a ser esperado. Uma das formas de realizar uma pesquisa conclusiva causal é por meio da rea- lização de um experimento, tipo de pesquisa na qual o pesquisador manipula deliberadamente algum aspecto da realidade a fim de observar certos efeitos (CERVO; BERVIAN, 2002). Os experimentos, como o próprio nome diz, envol- vem a realização de experiências visando a verificar a existência de relação entre duas ou mais variáveis que estão sendo testadas. Nesse sentido, no caso específico de estudos mercadológicos, pressupõe a manipulação das variáveis controláveis que compõem o mix de marketing – produto, preço, praça e promoção, para verificar o efeito em variáveis não controláveis, como as vendas ou o comporta- mento do consumidor, por exemplo. Samara e Barros (2007, p. 107) apresentam um exemplo que nos ajuda a compreender o emprego de uma pesquisa conclusiva causal: Um produto é colocado à venda em determinadas regiões para avaliar alte- rações nas vendas em decorrência de promoções realizadas em determinado período. Se realizarmos uma alteração na embalagem de nosso produto e o colocar- mos à venda em determinados pontos para analisar as reações dos consumidores por um período, poderemos manter também alguns pontos de venda com pro- dutos sem alteração da embalagem, pontos estes similares aos que receberam produtos com alteração para comparar as vendas do grupo experimental e do CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E72 grupo de controle no período determinado, podendo assim identificar e avaliar o impacto de outras variáveis diferentes da embalagem, que possivelmente atu- aram no consumo do produto [Figura 05]. Figura 05 – Exemplo de estudo experimental Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 107) Para que as principais diferenças entre pesquisa exploratória e conclusiva fiquem claras, apresentamos no quadro seguinte uma síntese das características princi- pais de cada uma delas. EXPLORATÓRIA CONCLUSIVA Objetivo Prover critérios e compreensão acerca do objeto de estudo e problema da pesquisa Testar hipóteses específicas e examinar relações Característica Algumas informações necessárias são definidas previamente ao início da coleta da dados, outras informações complementares são incluídas no decorrer da coleta de dados As informações necessárias são claramente definidas antes do início da coleta de dados O processo de pesquisa é flexível e não estruturado O processo de pesquisa é formal e estruturado A amostra é pequena e não repre- sentativa A amostra é grande e repre- sentativa A análise dos dados primários é qualitativa A análise dos dados primá- rios é quantitativa Classificação das Pesquisas: Qualitativa e Quantitativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 Constatações Que permitem conhecer melhor o fenômeno em estudo, porém são não conclusivas Conclusivas Resultado Geralmente seguida por outras pesquisas exploratórias ou con- clusivas Constatações usadas auxiliar na tomada de decisão Quadro 03: Diferenças entre pesquisa exploratória e conclusiva Fonte: adaptado de Malhotra (2001, p. 106) Além das diferentes concepções de pesquisa, as pesquisas podem ser classificadas dependendo do objeto de estudo, do volume de informação científica disponí- vel sobre este objeto de estudo, da forma de coleta, tabulação e análise de dados em dois tipos: as pesquisas qualitativas e as pesquisas quantitativas, conforme as definições a seguir. CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS: QUALITATIVA E QUANTITATIVA Depois de termos entendido as diferenças entre pesquisa exploratória e conclusiva, bem como dados primários e secundários, é fundamental, para o pesquisador, que seja capaz de determinar a abordagem da pesquisa: quantitativa ou qualitativa (MAGALHÃES, 2007). A pesquisa quantitativa compreende que tudo pode ser quantificável, de modo que dados possam ser traduzidos em números para serem analisados. Para tanto, as pesquisas quantitativas requerem o uso de técnicas estatísticas, como porcen- tagem, média, moda, desvio padrão entre outras. As pesquisas que classificam-se como quantitativas têm como ponto forte o uso de estatística na coleta, no processamento e na análise dos dados, de modo que estes pos- sam ser generalizados. CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E74 Para que você possa entender isso pense nas pesquisas eleitorais: elas são realizadas junto a uma amostra de eleitores e, a partir dos resultados obtidos, faz-se uma inferência a respeito da intenção de voto de todos os eleitores de um determinado local (cidade, estado, país). Isso é possível porque trabalha-se com critérios estatísticos para selecionar o tamanho da amostra, a margem de erro da pesquisa, os elementos que devem compor a amostra, bem como os proce- dimentos para análise dos dados coletados. No âmbito mercadológico, uma pesquisa que é realizada junto aos clientes de uma rede de supermercados para identificar a satisfação com relação ao mix de produtos oferecido é exemplo de um estudo com abordagem quantitativa. Você pode estar se perguntando: Por quê? Porque os dados serão coletados junto a um grande número de consumidores para poder generalizar os resultados, de modo que os pontos de satisfação e insatisfação obtidos devem representar todos os consumidores dessa rede de supermercados. Já as pesquisas qualitativas entendem que “existe uma relação indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números e requer a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significa- dos” (AUTOR, p. 26). A principal diferença entre o método qualitativo e o método quantitativo é que o primeiro não emprega o instrumento estatístico para a aná- lise de dados, ou seja, não pretende enumerar os fenômenos (RICHARDSON, 1989; GODOY, 1995). PESQUISAS QUALITATIVAS As pesquisas qualitativas buscam identificar opiniões dos indivíduos e enten- der a respeito dos conceitos que se pretende utilizar. Segundo Virgillito (2010, p. 01), costumam ser utilizadas para: ■ Identificar atributos importantes para produtos e serviços; ■ levantar ideias relacionadas à divulgação para campanhas publicitárias; ■ analisar o comportamento dos consumidores relativos a hábitos, estilos de vida, atividades preferidas, atitudes, critérios de escolha, utilização de produtos entre outros. Classificação das Pesquisas: Qualitativa e Quantitativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 Virgillito (2010) ainda coloca que os principais motivos que levam à realiza- ção de pesquisas qualitativas dizem respeito à riqueza das informações que são levantadas, o que permite entender com mais profundidade, principalmente, o comportamento dos consumidores e seus critérios de escolha. As técnicas de coleta de dados mais comumente utilizadas em pesquisas qualitativas são: entrevistas em profundidade, grupos de foco, observações, téc- nicas projetivas e a técnica Delphi (VIRGILLITO, 2010). a. Entrevistas em profundidade As entrevistas em profundidade, também chamadas de abertasou livres, consis- tem em atingir maior profundidade sobre o assunto pesquisado buscando um detalhamento inclusive dos conceitos relacionados ao tema principal da pesquisa. Nessas entrevistas, “a condução é livre, propiciando liberdade ao entrevistado para discorrer sobre o tema sugerido” (VIRGILLITO, 2010, p. 09). É apresentado ao entrevistado, como estímulo, um tema e este relata o que “lhe vem à memória […] trazendo, para seu relato, contexto, pessoas ou outras variáveis integrantes da cena vivida” (VIRGILLITO, 2010, p. 09). O instrumento de coleta de dados utilizado nas entrevistas em profundidade consiste no roteiro, que pode ser semiestruturado ou desestruturado. O roteiro semiestruturado possui uma sequência e perguntas previamente definidas e orde- nadas que excepcionalmente sofre inclusão de novas perguntas ou alteração de ordem de colocação no momento da entrevista. O roteiro desestruturado, por sua vez, é utilizado quando o pesquisador possui algumas perguntas orientado- ras da entrevista, indicando todas as informações que devem ser coletadas, mas não necessariamente o texto engessado que deve ser utilizado para a colocação da pergunta, dando liberdade ao entrevistador de elaborar este texto no decorrer da entrevista, como ele sentir que será mais apropriado para a coleta de dados com o entrevistado. A ordem das perguntas também pode ser alterada ao longo da entrevista, pois muitas vezes alguma resposta do entrevistado oferece a possi- bilidade para a colocação de uma pergunta que estava prevista para a entrevista, mas não necessariamente logo na sequência da pergunta anterior, que ofereceu a oportunidade para colocar o assunto em discussão. As pesquisas que utilizam roteiro de entrevista desestruturado, pelo grau de dificuldade apresentado, devem Tal qual o iceberg, grande parte do aprendizado, emoções e pensamentos humanos estão submer- sos no inconsciente. As técnicas de pesquisa qua- litativa são uma importante ferramenta para, de alguma forma, acessar este conteúdo. Fonte: adaptado de Urdan e Urdan (2010a). © sh ut te rs to ck CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E76 ser realizadas apenas quando o pesquisador possui bastante familiaridade com o tema em estudo e vasta experiência em realização de entrevistas. b. Grupo de Foco Os grupos de foco consistem em uma espécie de entrevista coletiva na qual um grupo entre oito e doze pessoas são reunidas em uma sala que permita gravar imagem e som e que tenha um espelho falso. As pessoas que serão “investiga- das” no grupo focal são reunidas nesta sala, que terá um pesquisador moderador com um roteiro de perguntas que deverá estimular o grupo a falar sobre o tema pesquisado. Caberá a este pesquisador fazer com que todas as pessoas do grupo participem da discussão e também retomar o assunto principal da pesquisa, caso o grupo comece a perder o foco e direcionar a discussão para um assunto que não seja o da pesquisa em andamento. Para a realização desta tarefa, este pesquisador terá um suporte de pelo menos um outro pesquisador, que ficará do outro lado da sala de espelho observando o grupo e chamando a atenção do pesquisador moderador sobre pontos importan- tes que esse esteja percebendo sobre o grupo como, por exemplo, sugerir alguém que ainda não participou e que deve ser estimulado a falar. Essa interação se dá por meio de um instrumento de comunicação bidirecional entre os pesquisa- dores, um ponto eletrônico ou chat online. Classificação das Pesquisas: Qualitativa e Quantitativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 77 c. Observação A observação consiste em coletar dados sem questionar o indivíduo ou os indi- víduos, objeto de estudo. A coleta ocorre, como o nome já diz, por meio da observação, seja pessoal ou mecânica (filmagem). A observação deve seguir um roteiro e o pressuposto dessa técnica é a coleta de dados que possam ser observados. No entanto, Virgillito (2010, p. 26) pondera que “se formos medir a frequência com que consumidores olham para os carros da vitrine de uma loja em relação aos consumidores que entram na loja […] a demora para alcançar uma amostra apenas razoável será muito grande, tornando inviável o trabalho”. Já se a proposta fosse analisar dentre as marcas disponíveis de desodorante mas- culino em uma gôndola de supermercado quais os consumidores cheiram para escolher antes de comprar, o estudo por meio da observação torna-se viável. É importante saber que a observação deve ser direcionada, ou seja, deve ter um objetivo que leve à coleta de dados relevantes para a pesquisa em andamento. Caso contrário, o pesquisador perde tempo e dinheiro. d. Técnicas Projetivas As técnicas projetivas consistem em “uma forma não estruturada e indireta de entrevistas em que os pesquisados são incentivados a projetar motivações, crenças, emoções e sensações” (VIRGILLITO, 2010, p. 33). As técnicas projetivas tive- ram origem na psicologia e buscam colocar os entrevistados em situações que os levem a superar seus mecanismos de defesa (VIRGILLITO, 2010). Como exem- plo de teste projetivo, tem-se o teste de complemento, que consiste em apresentar ao pesquisado um estímulo, como uma sentença, um parágrafo, uma história ou uma história em quadrinhos e que deverá ser completado (VERGARA, 2005). Também consideradas projetivas são as técnicas de construção, nas quais os pesquisados são “estimulados a criar uma resposta ao tema de investigação, na forma de histórias, relatos ou imagens” (VERGARA, 2005, p. 229). Esses testes são apropriados quando se quer coletar dados com crianças, por exemplo, pois esse público muitas vezes ainda não sabe ler e escrever para responder ques- tionários, nem tem paciência e maturidade para responder a uma entrevista semiestruturada, mas se estimulados com uma fotografia de algum produto, con- seguem construir histórias significativas sobre o que pensam sobre este produto. CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E78 e. Método Delphi O método Delphi busca obter um consenso de opiniões de especia- listas sobre determinado assunto, baseando-se na coleta de dados e informações por sucessivas rodadas, preservando o anonimato dos responden- tes (VERGARA, 2005). Este teste “é baseado na aplicação de um questionário, durante sucessivas rodadas, a um grupo de especialistas, preservando-lhes o anonimato. A cada rodada, os participantes recebem feedback sobre os resul- tados da rodada anterior, os quais são submetidos a tratamento estatístico” (VERGARA, 2005, p. 172). O objetivo final é encontrar um consenso a respeito de determinado assunto que a revisão teórica, por exemplo, não permite eluci- dar. Por exemplo, atualmente no Brasil não há um consenso entre as confecções a respeito de uma padronização dos tamanhos, tanto que uma calça de nume- ração 42 de uma confecção pode não ser do mesmo tamanho de outra calça de numeração 42 de outra fábrica. Suponhamos que uma pesquisa tenha como um dos objetivos encontrar o que seria o mais próximo da padronização da medida do tamanho de numeração 42 no Brasil. O pesquisador poderia encaminhar um questionário para cada estilista das principais confecções de calça do país e solicitar as medidas utilizadas por cada um deles. Feita a análise das respos- tas poderia reencaminhar outro questionário comentando o tamanho médio encontrado e solicitando novas informações a respeito da avaliação dos mes- mos estilistas a respeito do tamanho médio encontrado, e se acreditamque este poderia ser considerado um tamanho ideal para ser padronizado. Se concorda- rem, poderia ser solicitada uma justificativa e em caso de discordância também. Após esta segunda coleta, poderia ser feita uma terceira e última coleta e aná- lise de dados apresentando os resultados do tamanho mais próximo do padrão definido com as devidas justificativas da definição do mesmo. Ao término da pes- quisa, teria-se uma proposta de tamanho padronizado do tamanho de número 42 para calças no Brasil. Classificação das Pesquisas: Qualitativa e Quantitativa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 79 PESQUISAS QUANTITATIVAS Conforme já mencionamos anteriormente, as pesquisas quantitativas estudam sequências numéricas para representar fenômenos naturais que envolvam a men- suração da intensidade ou graduação de sentimentos dos indivíduos em relação às ações de marketing, como avaliação de marca, imagem da organização, atri- butos ou benefícios de produtos entre outros (VIRGILLITO, 2010). As pesquisas quantitativas são sempre descritivas ou causais, nunca explo- ratórias, e para alcançarem seus objetivos dependem de grandes amostras que sejam representativas da população pesquisada, que permitam gerar o que se chama de inferência estatística (pressupor generalização dos resultados da amos- tra para a população) (McDANIEL; GATES, 2003). Para a realização de pesquisas quantitativas, utiliza-se escalas “cientificamente construídas e amplamente tes- tadas” (VIRGILLITO, 2010, p. 03), tais como: escala Likert, escala de diferencial semântico, escala de importância, entre outras, ilustradas no quadro “Exemplos de escalas”. TIPO DE ESCALA DESCRIÇÃO EXEMPLO Escala Likert Tem este nome em ho- menagem a seu ideali- zador e busca identificar o grau de concordância ou discordância sobre algum assunto/objeto de pesquisa. As companhias aéreas de gran- de porte oferecem melhores serviços do que as companhias aéreas de pequeno porte: 1) ( ) Discorda totalmente 2) ( ) Discorda 3) ( ) Nem Concorda nem Discorda 4) ( ) Concorda 5) ( ) Concorda totalmente Escala de Diferen- cial semântico Tipo de escala que tra- balha com sinônimos e antônimos em dois extre- mos e que os responden- tes deverão selecionar o ponto que representa sua opinião. A empresa aérea GOL é: Grande __ __ __ __ ___ Pequena Experiente __ __ __ ___ Inexpe- riente Moderna __ __ __ __ __ Anti- quada CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E80 TIPO DE ESCALA DESCRIÇÃO EXEMPLO Escala de impor- tância Escala que mede a impor- tância dada a um atributo qualquer. Para mim a comida servida a bordo de uma viagem aérea é: 1) ( ) Extremamente importante 2) ( ) Muito importante 3) ( ) De alguma importância 4) ( ) Pouco importante 5) ( ) Totalmente sem impor- tância Quadro 04: Exemplos de escalas Fonte: adaptado de Kotler e Keller (2006, p. 104) Os levantamentos de campo são exemplos de aplicação da abordagem quantita- tiva nas pesquisas de marketing. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pela grande amplitude e pouca profundidade (MATTAR, 2001), de modo que busca-se “dados representativos da população de interesse, tanto em relação ao número de casos incluídos na amostra, quanto à forma de sua inclusão” (MATTAR, 2001, p. 25). Ainda segundo o autor, a ênfase do levantamento de campo está na “geração de sumários estatísticos, tais como médias, modas, variâncias, decis, centis, percen- tagens e a relação destes sumários estatísticos” (MATTAR, 2001, p. 26). Vale lembrar, caro(a) aluno(a), que tanto a abordagem quantita- tiva quanto a qualitativa são justificáveis e corretas. É importante que tenha ficado claro para você que a abordagem qualitativa caracteriza- -se pela elevada profundidade dada ao estudo, em detrimento da amplitude. Isso significa dizer que, neste tipo de pesquisa, busca-se compreender a inter-relação entre as diversas variáveis que ocasionam um fenômeno, enquanto a grande preocupação das pesquisas com abordagem quantitativa é voltada para a seleção dos componentes da amostra e a possibilidade de generalizar os resul- tados obtidos, valorizando a amplitude dada ao estudo. A sua escolha depende, como mencionamos anteriormente, dos objetivos da pesquisa que será realizada. Dimensão Temporal da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 81 DIMENSÃO TEMPORAL DA PESQUISA Quanto à dimensão temporal, também chamada de tipo de corte, as pesquisas podem ser transversais ou longitudinais. O corte transversal, segundo Vieira (2004), é usado quando a coleta de dados é feita em um determinado momento, sendo que o foco está no fenômeno e na forma como este se caracteriza no momento da coleta. Já as pesquisas com corte longitudinal oferecem uma ilustração “vívida da situação em estudo e as mudanças que estão ocorrendo” (MALHOTRA, 2001, p. 111), de modo que o mesmo estudo é realizado repe- tidamente ao longo do tempo. Mattar (2001) classifica as pesquisas como ocasionais e evolutivas. De acordo com o autor, as pesquisas ocasio- nais proporcionam a visão das variáveis em estudo em determinado momento, já que “os elementos são medidos uma única vez no tempo” e a pesquisa “visa atender a um objetivo específico” (MATTAR, 2001, p. 28). Já as pesquisas evolu- tivas baseiam-se na “coleta e análise periódica das mesmas variáveis de forma a permitir seus acompanhamentos evolutivos no tempo” (MATTAR, 2001, p. 28). TIPOS DE DADOS: PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS Uma das definições necessárias sobre a pesquisa que será realizada diz respeito aos dados que serão coletados. Existem basicamente duas classificações: dados primários e dados secundários. Os dados primários são aqueles que serão coletados, tabulados e analisados pela primeira vez com o intuito principal de responder ao problema de pes- quisa em andamento. Esses dados geralmente são coletados diretamente com pessoas em entrevistas (pessoais, por telefone, pela Internet), ou por meio de aplicação pessoal de questionário ou aplicação de questionário de autorresposta CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E82 ou autopreenchimento encaminhado por ser- viço postal, fax, internet, ou ainda por meio de observações, sejam elas pessoais ou mecânicas (quando as observações são gravadas por câme- ras filmadoras, por exemplo). Os dados secundários, por sua vez, são aqueles que já foram coletados, tabulados e analisados em pes- quisa anterior e que se encontram publicados, disponíveis para consulta e utilização em outras pesquisas. Assim, a consulta a dados publicados em livros, revistas, jornais, periódicos científi- cos e Internet constitui pesquisas de dados secundários. Você deve ter percebido que, quando a pesquisa é de natureza exploratória, realizada por meio de levantamento bibliográfico ou de estatísticas, estamos nos referindo a uma coleta de dados secundários. A seguir, apresentamos dois quadros: um que evidencia os pontos fortes dos dados primários e secundários e outro que destaca os pontos fracos, para aju- dar na sua compreensão e decisão a respeito de quando e como utilizá-los em uma pesquisa. PONTOS FORTES DOS DADOS PRIMÁRIOS EM RELAÇÃO AOS DADOS SECUNDÁRIOS PONTOS FORTES DOS DADOS SECUNDÁRIOS EM RELAÇÃO AOS DADOS PRIMÁRIOS Respondem exatamente ao problemade pesquisa em questão São mais rápidos de serem coletados São mais confiáveis São mais baratos de serem coletados São mais atuais Exigem menos esforço para serem coletados Quadro 05 – Pontos fortes dos dados Primários e Secundários Fonte: elaborado pelos autores com base em Churchill e Peter (2000) Tipos de Dados: Primários e Secundários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 83 PONTOS FRACOS DOS DADOS PRIMÁRIOS EM RELAÇÃO AOS DADOS SECUNDÁRIOS PONTOS FRACOS DOS DADOS SECUNDÁRIOS EM RELAÇÃO AOS DADOS PRIMÁRIOS São mais demorados para serem coletados Não irão responder exatamente ao pro- blema de pesquisa em questão São mais caros para serem coletados Dependendo da fonte e da maneira como a mesma realizou a pesquisa podem não ser confiáveis Exigem mais esforço para serem coletados Podem estar desatualizados Quadro 06 – Pontos fracos dos dados Primários e Secundários Fonte: elaborado pelos autores com base em Churchill e Peter (2000) A pesquisa com dados secundários é recomendada quando a organização não tem disponíveis recursos de tempo ou financeiros para a realização de pesquisa com dados primários. Além disso, quando são necessárias informações a res- peito do mercado, ou que têm como objetivo orientar o pesquisador no processo de pesquisa, sugere-se a busca em fontes secundárias. No quadro 07 encontra-se uma lista de exemplos de fontes de dados secundários que pode ser consultada em pesquisas desta natureza. CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E84 ORGANIZAÇÃO URL INFORMAÇÃO QUE PODE SER ENCONTRADA ABRAREC - Asso- ciação Brasileira das Relações Empresa Cliente <www.abrarec.com.br> Desenvolvimento de produtos, serviços e relacionamentos que atuem na informação, capacita- ção técnica e certificação para questões comportamentais e mercadológicas dos seus associa- dos, promovendo sua projeção e melhor desempenho, face aos desafios globais. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas - ABEP <www.abep.org> Serviços dirigidos ao desenvolvi- mento de pesquisas nas áreas de mídia, mercado e opinião. Associação Brasileira de Marketing e Negócios <www.abmn.com.br> Marketing no Brasil. Associação de Marketing Rural e Agronegócio <www.abmra.org.br> Estratégias e ações para a difusão e promoção do marketing do agronegócio em todas suas etapas: antes, dentro e fora da porteira. Associação Brasileira de Anunciantes <www.aba.com.br> Projetos na área de atendimento ao consumidor. Associação Bra- sileira de Marke- ting Direto <www.abemd.org.br> Evolução do segmento de marke- ting direto por meio da consulta aos principais executivos de empresas usuárias, compradoras e fornecedores de serviços direta- mente relacionados ao Marketing Direto. Centro de Re- ferência Akatu pelo Consumo Consciente (Instituto Akatu pelo Consumo Consciente) <www.akatu.org.br> Consumo consciente, ou seja, aprender a comprar e a diminuir os impactos do consumo no meio ambiente e na sociedade. Tipos de Dados: Primários e Secundários Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85 CESEC <www.ucamcesec.com.br> Site com links sobre estatísticas demográficas e socioeconômi- cas nacionais, além de outras informações sobre estatísticas de segurança pública e criminal, estatísticas socioeconômicas, instituições e legislação sobre o assunto a nível nacional e inter- nacional. Confederação Nacional de Municípios <www.cnm.org.br> Dados sobre a economia, agrope- cuária, comércio, capacidade de consumo e telecomunicações. Conselho Regio- nal de Economia <www.cofecon.org.br> Banco de dados socioeconômicos do Brasil. Conselho Regio- nal de Economia do Paraná <www.corecon-pr.org. br> Dados socioeconômicos do esta- do do Paraná. Governo Brasi- leiro <www.brasil.gov.br> Indicadores de educação, demo- grafia, economia, saúde dentre outros. GUIA LOG <www.guialog.com.br/estatistica-transpo.htm> Estatísticas gerais relacionadas a transportes. IBGE <www.ibge.gov.br> Estatísticas populacionais, sociais, políticas, culturais e econômicas, publicadas ao longo do Século XX e produzidas pelo IBGE e outros órgãos públicos. IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública Estatística <www.ibope.com.br> Mercado brasileiro e latino-ame- ricano sobre os mais variados temas: mídia, opinião pública, po- lítica, consumo, comportamento, mercado, marca, propaganda, Internet entre outros. IPEA <www.ipea.gov.br> Dados sobre pesquisa econômica aplicada. 86 - 87 CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E86 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento <www.agricultura.gov. br> Estatísticas e informações sobre a agricultura no Brasil. Ministério da Educação <www.mec.gov.br> Dados sobre a educação no Brasil. Ministério das Cidades <www.cidades.gov.br> Saneamento, déficit habitacional e indicadores urbanos. Ministério do Planejamento <www.planejamento. gov.br> Assuntos econômicos, internacio- nais, de gestão do governo atual, censos da população do Brasil, patrimônio da União, logísticas e tecnologia da informação. SEADE <www.seade.gov.br> Pesquisas, análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas. Teleco <www.teleco.com.br> Estatísticas gerais do Brasil como população, PIB e pesquisas do IBGE (PNAS, PAS). Ranking inter- nacional e estatístico de serviços de telecomunicações no Brasil. UDOP <www.udop.com.br> Estatísticas relacionadas à agricultura, segundo principais produtos. Quadro 07: Exemplos de fontes de dados secundários Fonte: elaborado pelos autores Estudiosos da pesquisa de marketing, como McDaniel e Gates (2003, p. 86), apontam para a importância de as empresas criarem um banco de dados interno que forneça dados secundários atualizados e relevantes para a tomada de deci- são: “para muitas empresas, um banco de dados interno computadorizado que contenha informações sobre clientes atuais e potenciais é atualmente uma fer- ramenta de marketing essencial”. 86 - 87 O QUE CONTA É A MARCA Mesmo antes de a crise financeira global mostrar suas garras e fragilizar alguns setores de atividade mais do que outros, particular- mente o setor automobilístico, este já vinha sofrendo com a concorrência ferrenha. Com os consumidores tendo cada vez mais acesso a notícias como a de que carros de US$ 2,5 mil foram lançados na Índia, o que pode lhes criar expectativas difíceis de aten- der, as montadoras disputam cada espaço do mercado e cada cliente com voracidade. Foi tal cenário de competitividade que motivou nosso estudo. Quisemos entender e sistematizar a relação entre a recompra, a imagem da marca, os serviços e o produto, para o cliente que adquiriu um automó- vel de determinada marca. Pretendíamos responder a uma pergunta basicamente: Qual é a influência do produto em si, da imagem da marca e dos serviços prestados no pós-vendas, na recompra do cliente na indústria automobilística? Para tanto, realizamos, em 2005, um estudo de caso em uma montadora automobilís- tica, cujo nome não é revelado a seu pedido, chamada aqui de “Empresa pesquisada”. Trata-se de uma organização multinacional que está presente com plantas de fabri-cação de automóveis na Europa, América Latina e Ásia e com fabricação de máqui- nas pesadas nos Estados Unidos. Faz parte de um grande grupo que possui, além do negócio de automóveis, máquinas agrícolas e de movimentação de terra, tam- bém atua na fabricação de caminhões e se localiza na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A empresa opera com uma estrutura central de pós-vendas apoiada por escri- tórios regionais, distribuídos pelo Brasil, que complementam a estrutura central e dão suporte a toda a rede de concessio- nárias, com visitas periódicas às mesmas. Cada escritório conta com uma estrutura de vendas e uma de pós-vendas. A rede é composta por concessionárias que cobrem 100% do território brasileiro, contando em todas elas com uma estrutura de vendas e de pós-vendas. As concessionárias basica- mente estão estruturadas com as seguintes áreas: 1) vendas de veículos novos; 2) vendas de veículos usados; 3) assistência técnica (contando com duas oficinas: uma de funilaria e pintura e outra para reparos mecânicos); 4) área de peças de reposição; 5) área administrativa. Essa montadora possui atualmente mais de 350 pontos de venda distribuídos por todo o território nacional. Esses pontos são fomentados pela empresa de informações, dados e treinamentos para auxiliar o dis- tribuidor no crescimento de seu negócio e na perpetuação e penetração da marca da Empresa pesquisada. 88 - 89 Importante: pesquisas internas da Empresa pesquisada apontam que o consumidor brasileiro permanece, em média, 3 anos e 10 meses com um carro antes de pen- sar em trocá-lo. A imagem do fabricante é primordial Sem entrar no detalhamento técnico das análises das análises realizadas, encontra- mos evidências amostrais de que, tanto para os respondentes que já realizaram algum tipo de serviço nas concessioná- rias quanto para os que não o fizeram, a imagem da fabricante (marca) é o que mais explica a intenção de recompra de um carro zero-quilômetro da marca pes- quisada. Para os que já realizaram algum serviço nas concessionárias, inclusive, os serviços pouco influenciam na intenção de recompra. Ainda foi observado que as dimensões “produto”, “imagem” e “serviço” pouco influenciam a intenção de troca do produto ou dos serviços, caso esses apre- sentem problemas. Isso posto, algumas contribuições podem ser evidenciadas para a gestão de clientes nesse setor: ■ É preciso investir mais esforços na formação de comprometimento dos con- sumidores com as marcas, a fim de garantir sua lealdade – e não uma recompra por inércia. Maior grau de comprometimento com produtos e serviços pode ser cons- truído por meio de diferentes formas de comunicação e relacionamento. ■ É desejável intensificar o envolvimento sentido pelo consumidor em relação aos produtos. As diferentes classes de produ- tos geram graus maiores ou menores de envolvimento, independentemente de se tratar de um produto popular ou de luxo, e isso pode ser maximizado. Saiba mais sobre a metodologia da pes- quisa Este estudo de caso se apoiou em uma abordagem quantitativa, que partiu da dis- tribuição de 2 mil questionários. A coleta de dados primários foi realizada com pro- prietários de automóveis produzidos pela Empresa pesquisada e se deu por meio da técnica amostral aleatória probabilística. Foram selecionados proprietários de auto- móveis que se encaixam no perfil escolhido: a) Pessoas físicas, homens e mulheres, que adquiriram automóveis zero quilôme- tro, em Belo Horizonte, produzidos pela Empresa pesquisada no ano de 2005. b) Clientes que já haviam comprado veícu- los da marca pesquisada anteriormente e, portanto, estavam recomprando a marca. Esse perfil foi escolhido por se tratar de uma amostra disponibilizada pela Empresa pes- quisada. Além disso, foi solicitado banco de “recompra” para analisar os motivos de recompra dessa amostra. A coleta de dados foi feita por meio de um questioná- rio estruturado com perguntas fechadas, abrangendo questões referentes à caracte- rização dos proprietários e aos indicadores relacionados às variáveis e aos construtos envolvidos no estudo. O banco de dados obtido para a realização da pesquisa foi dis- ponibilizado pela empresa pesquisada. Foi 88 - 89 fornecida uma listagem com 2 mil nomes e telefones de indivíduos, que se encaixa- vam no perfil pesquisado. A amostra calculada para esse estudo foi de 232 questionários respondidos. Em média, para cada 20 contatos, conseguiu-se um questionário respondido, o que, no fim do levantamento dos dados, selecionaram-se 103 questionários respondidos e passíveis de análises. A partir desse número, o cálculo da margem de erro foi de 7,8%. Utilizou-se no instrumento de mensuração uma escala tipo Likert de sete pontos, sendo que a nota 1 representava a afirmação “discordo total- mente” e o ponto 7 a afirmação “concordo totalmente”. Para atender ao principal objetivo da pesquisa, as metodologias estatísticas uti- lizadas foram: 1) Análise das frequências das respostas para todas as questões do questionário. 2) Análise fatorial. 3) Cálculo do Alpha de Cronbach para cada fator. 4) Estatística descritiva dos fatores. 5) Correlação de Spearman (não paramé- trica). 6) Regressão linear simples, com etapa de ajuste. Henrique Cordeiro Martins, professor do mestrado profissional em administração da FEAD Minas e orientador de executi- vos na elaboração do projeto de final de curso do MBA da Fundação Dom Cabral. Doutor em administração pela Univer- sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com estágio na Birmingham School, da Inglaterra, Martins é mestre em engenha- ria de produção pela UFMG, bacharel em administração e em ciências pelos Centros Universitários Newton Paiva e Izabela Hen- drix, e tem MBA Executivo em finanças e mercado de capitais pelo Ibmec. Possui 19 anos de experiência profissional nos setores financeiro e de telecomunicações –só na Telemig/Telemar, atuou de 1997 a 2001, exercendo, entre outras, a função de consultor de avaliação de desempe- nho empresarial. Patrícia Rodrigues Pessoa é pesquisadora da FEAD Minas. Fonte: HSM Management Update nº 63 - janeiro 2009. 90 - 91 CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E90 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na presente unidade, vimos as diferentes concepções e classificações de pesquisa de acordo com seu objetivo, definição temporal, objeto de pesquisa, tipo de coleta, tabulação e análise dos dados, além dos distintos tipos de dados que podem ser coletados. Na Unidade IV, intitulada “Coleta de dados”, e que será a próxima uni- dade deste livro, veremos quais são as diferentes formas de se coletar os dados em uma pesquisa, quais são os pontos fortes e fracos destas diferentes formas de coleta de dados e como esta coleta pode ser feita. Boas atividades e até lá! 90 - 91 1. Cite e comente as diferenças entre um estudo descritivo quantitativo e um es- tudo descritivo qualitativo. Apresente um exemplo hipotético de cada estudo. 2. Aponte e discorra sobre as diferenças entre um estudo exploratório e um estudo experimental. Apresente um exemplo para cada item. 3. Identifique o método de pesquisa adequado para os casos apresentados abaixo e apresente ao menos um (1) argumento para justificar sua resposta. (a.) Empresa deseja verificar o efeito nas vendas de seu produto após uma alteração na embalagem, colocando-o à venda em supermercados. (b.) Grupo de empresas quer saber quais as cidades do interior são mais prósperas em termos sociais e econômicos a partir de estudos do IBGE. (c.) Hospital deseja saber a opinião de um grupo de enfermeiras sobre a novapolíti- ca salarial implantada para possíveis adequações. (d.) Confecção deseja identificar até que ponto o atendimento influencia a decisão de compra dos seus clientes. (e.) Pesquisa para avaliar a relação existente entre a posição que o produto ocupa na prateleira e as suas vendas. (f.) Pesquisa para identificar até que ponto o marketing pessoal do vendedor (apa- rência, currículo entre outros) influencia a contratação para cargos de atendi- mento ao público. (g.) Observar o comportamento das crianças no supermercado ao irem às compras com os pais para a geração de hipóteses a serem confirmadas em futuras pes- quisas. (h.) Escola quer discutir com um grupo de professores o sistema de avaliação de alu- nos para possíveis adequações. Pesquisa de Marketing - Uma orientação aplicada MALHOTRA, NARESH Editora: BOOKMAN COMPANHIA ED Sinopse: Ilustra a interação entre decisões de pesquisa de marketing e decisões gerenciais de marketing. É um texto abrangente, prático e equilibrado, que descreve o processo de pesquisa de marketing de forma ampla, evidenciando sua aplicação a qualquer área da administração. MATERIAL COMPLEMENTAR CLASSIFICAÇÃO DE PESQUISA E MARKETING U N ID A D E IV Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Professor Me. Alexandre Pieske COLETA DE DADOS Objetivos de Aprendizagem ■ Identificar quais são as ações relevantes para a preparação da coleta de dados. ■ Ter contato com diferentes instrumentos para a coleta de dados. ■ Aprender a elaborar perguntas para questionários e roteiros de entrevista. ■ Compreender os diferentes tipos de amostra.. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Preparação para a coleta de dados ■ Elaboração de formulários de coleta de dados ■ Exemplos aplicados de escalas ■ População da pesquisa e definição da amostra INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), agora que você já compreendeu que a pesquisa de marketing tem como grande objetivo coletar dados para auxiliar na tomada de decisão gerencial, deve estar se perguntando: Como coletar os dados? Com quem? Onde? Esta unidade visa a responder essas perguntas. A coleta dos dados consiste na etapa da pesquisa na qual o pesquisador vai a campo para buscar as informações necessárias para encontrar respostas para os objetivos da pesquisa. É a etapa na qual também se define a população a ser considerada, a amostra que será abordada e os instrumentos que serão utiliza- dos para coletar os dados. Esta etapa requer bastante cuidado, uma vez que a conclusão com sucesso da pesquisa depende, em grande parte, de quais dados foram coletados e da forma como foi feita a coleta. Pronto(a) para começar a entender a fase de execução da pesquisa? Mãos à obra! PREPARAÇÃO PARA A COLETA DE DADOS A preparação para a coleta de dados requer alguns cuidados. Primeiramente, selecionar quem serão as pessoas que irão a campo, seja para aplicar questioná- rio, fazer entrevistas ou fazer observação. Esta seleção deve considerar pessoas discretas, pois na hora de coletar os dados, o que deve chamar a atenção dos res- pondentes deve ser as perguntas da pesquisa, e não a aparência do entrevistador. Portanto, a primeira dica para quem irá coletar os dados é escolher uma roupa discreta e evitar acessórios que chamem muito a atenção dos respondentes. A segunda dica é que os entrevistadores não devem expressar emoções nem jul- gamentos durante a realização da coleta de dados, pois isso pode influenciar as respostas dos respondentes. Imagine que você esteja sendo entrevistado e que o entrevistador comece a fazer expressões faciais de reprovação para suas respostas... Isso provavelmente o deixará desconfortável em continuar dando a entrevista. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E96 COLETA DE DADOS - MEIOS BÁSICOS E FORMAS DE APLICAÇÃO Segundo Mattar (2001), existem basicamente dois meios básicos de se coletar dados: pela comunicação e pela observação. A coleta de dados por comunica- ção é feita por meio de questionamentos verbais ou escritos que irão gerar dados declarados verbalmente ou por escrito pelos respondentes. A coleta de dados por observação consiste em registrar pessoalmente ou mecanicamente (por meio de filmagem) comportamentos, fatos e ações, não envolvendo questionamentos (e respostas) verbais ou escritas. No que diz respeito às formas de aplicação, a coleta de dados por comuni- cação pode ser feita por entrevista pessoal individual, em grupo, pela internet ou por telefone (MATTAR, 2001). Os questionamentos escritos são efetuados por meio de questionários autopreenchidos que podem ser entregues pessoal- mente, encaminhados correio, por e-mail ou fax. COMO CONSTRUIR UM ROTEIRO DE ENTREVISTA OU QUESTIONÁRIO Os dados podem ser coletados utilizando-se, basicamente, de dois ins- trumentos de coleta de dados, que devem ser escolhidos levando em consideração os objetivos e a natureza da pesquisa em andamento: roteiro de entrevista e questionário. O roteiro de entrevista presta-se às pesquisas de natureza qualitativa, que buscam aprofundar-se na coleta e pos- terior análise dos dados, de modo que é elaborado de forma semiestruturada. Isso quer dizer que o pesquisador deve elencar os pontos mais relevantes a serem questionados, seguindo os objetivos específicos estabelecidos no projeto de pes- quisa e, a partir daí, elaborar as questões. O roteiro pode ser elaborado elencando os tópicos ou com as questões prontas, conforme exemplo apresentado a seguir. Este instrumento permite inserções e exclusões por parte do pesquisador, quando Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 este acreditar ser conveniente. É, portanto, mais flexível do que o questionário, cuja ordem de questões deve ser seguida rigorosamente. OBJETIVO DA PESQUISA: IDENTIFICAR O PERFIL DO USUÁRIO DO JEANS MARCA Z. PÚBLICO: MASCULINO, CLASSE A, DE 18 A 22 ANOS, USUÁRIOS DA MARCA Z. Aquecimento: o que é a pesquisa, importância da participação Perfil/Personalidade o dia a dia e o lazer/as atividades o que gosta/não gosta de fazer como é o relacionamento com a família, os amigos e a namorada sonhos e ideais para o futuro características de personalidade (como sou e como gostaria de ser) O vestir importância da roupa/papel da roupa em sua vida percepção do próprio estilo Quadro 08: Exemplo de roteiro de entrevista (1) Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 155) OBJETIVO DA PESQUISA: IDENTIFICAR O PERFIL DO USUÁRIO DO JEANS MARCA Z. PÚBLICO: MASCULINO, CLASSE A, DE 18 A 22 ANOS, USUÁRIOS DA MARCA Z. 1. Aquecimento: o que é a pesquisa, importância da participação 2. Perfil/Personalidade Como é o seu dia a dia? Quais são as suas atividades diárias? O que costuma fazer nas horas vagas (lazer)? O que você gosta de fazer? E o que não gosta? Como é o seu relacionamento com a família? E com os amigos? E a namorada? Quais são os seus sonhos e ideais para o futuro? Como você se vê (características de personalidade)? E como gostaria de ser? 3. O vestir Qual é a importância da roupa em sua vida? Qual é o seu estilo de vestir? Quadro 09: Exemplo de roteiro de entrevista (2) Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 155) Churchill e Peter (2000) apresentam um modelo de 10 passos a serem seguidos para seelaborar um questionário que, com exceção de alguns passos que serão COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E98 aqui pontuados, pode ser utilizado também como de modelo para a elaboração de um roteiro de entrevista. Os 10 passos são: ■ Especificar as informações que se necessita. ■ Especificar o tipo de método da coleta de dados. ■ Determinar o conteúdo individual das perguntas. ■ Planejar as perguntas de maneira que se evite a má vontade ou má inter- pretação do respondente em dar suas respostas. ■ Decidir quanto à estrutura das perguntas. ■ Decidir quanto à linguagem das perguntas. ■ Definir a ordem das perguntas. ■ Determinar a forma e o layout das perguntas. ■ Reproduzir o formulário (questionário/roteiro de entrevista). ■ Eliminar erros por meio de pré-teste. O primeiro passo, “Especificar as informações que se necessita”, consiste em verificar cuidadosamente qual é o problema de pesquisa definido, qual é o obje- tivo geral da pesquisa, bem como identificar quais são os objetivos específicos e, com base nestas informações, pensar nas perguntas que poderiam ser elaboradas para (1) obter as informações que respondam ao objetivo geral e aos objetivos específicos e (2) suprir o pesquisador com as informações necessárias para solu- cionar o problema de pesquisa. O segundo passo, “Especificar o tipo de método da coleta de dados”, con- siste em definir qual será a maneira da coleta de dados. Samara e Barros (2007) apontam os três principais métodos adotados em pesquisas de marketing: (1) observação, (2) inquérito ou contato e (3) interativo. De acordo com os autores, a técnica de observação “é utilizada quando se pretende levantar hipóteses preliminares sobre o comportamento de consumo” e complementam que para este fim, o pesquisador especializado pode fazer um estudo por observação do comportamento de compra de chocolates pelos consu- Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 midores, avaliando como o consumidor manipula os produtos, quais são os itens verificados e em que ordem (por exemplo, o consumidor lê primeiro a embalagem ou o preço?), como procede com produtos con- correntes e como escolhe os produtos na gôndola (da direita para a es- querda, ou das prateleiras do meio para cima etc.). Este tipo de estudo é realizado com frequência junto ao público infantil para a avaliação de brinquedos, levando-se em conta que este público tem dificuldade de verbalizar suas opiniões sobre produtos (SAMARA; BARROS, 2007, pp. 116-117). A coleta de dados por observação, como a própria denominação indica, ocorre por meio da coleta de dados que não por meio do preenchimento de um ques- tionário ou por responder perguntas de uma entrevista, e sim por meio da observação de pessoas em situações de consumo. É bastante comum a coleta de dados por observação, por exemplo, em supermercados, onde os consumidores são observados enquanto realizam suas compras. A coleta de dados por observa- ção pode ser feita pessoalmente quando, por exemplo, um pesquisador vai até o supermercado observar consumidores, ou mecânica quando, por exemplo, ins- talam-se câmeras em supermercados com o intuito de aumentar a segurança do estabelecimento e coletar dados dos consumidores comprando. Neste formato, filmam-se as pessoas comprando e esses vídeos são posteriormente analisados. A coleta de dados por observação ainda pode ser classificada como coleta de dados com observação não participante ou participante. A coleta de dados não participante é a mais comum em pesquisas de marketing e acontece com o pesquisador coletando dados, por meio da observação, sem interagir com as pessoas observadas. Já a coleta de dados por observação participante é aquela na qual o pesquisador interage com as pessoas observadas. Este tipo de pesquisa é bastante comum na Antropologia quando algum pesquisador quer analisar os hábitos, valores e costumes de um grupo. Como exemplo, imagine que um antro- pólogo deseje descobrir quais são as relações de poder em uma tribo indígena e para descobrir isso, por meio da observação, este pesquisador se muda para a tribo analisada, passa alguns meses morando entre os indígenas e, pela obser- vação da convivência diária, descobre quem manda em quem. A coleta de dados por observação pode trazer informações bastante úteis aos pesquisadores, principalmente no que diz respeito a questões que seriam difíceis de serem respondidas pelos métodos de comunicação. Em uma situação COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E100 hipotética, uma famosa marca de produtos de higiene pessoal fez uma pesquisa em supermercados utilizando a coleta de dados por observação mecânica. O objetivo da pesquisa era identificar quais os fatores que interferem na escolha do desodorante no ponto de venda. Ao filmar os consumidores escolhendo os desodorantes, observou-se que a primeira atitude no ponto de venda quando chegam à frente das gôndolas é abrir a tampa do desodorante e cheirá-lo. Até ai, a informação não é muito nova, pois as pessoas poderiam dizer que consideram o aroma em uma coleta de dados por entrevista. A novidade é que, ao observar as pessoas no ponto de venda, viu-se que os desodorantes que tinham a tampa de rosquear, como eram mais difíceis de abrir, eram automaticamente descartados do processo seletivo. Ou seja, provavelmente, se fossem entrevistados os consu- midores de desodorante, dificilmente alguém alegaria que na hora de escolher um desodorante, escolhe um que não tenha a tampa de rosca. Porém, ao obser- var esses consumidores, é possível perceber que se a tampa dificultar o acesso ao aroma, esse desodorante sequer entra no processo de avaliação de compra. Samara e Barros (2007) ponderam que as críticas ao método de observa- ção são (1) a subjetividade, ou seja, o observador pode ter a sua percepção e análise comprometidas por preconceitos ou pressuposições já existentes a res- peito do comportamento de consumo, e, ainda, (2) o fato de exigir uma grande quantidade de casos que devem ser observados para proporcionar consistência e representatividade ao estudo. Com relação ao método de inquérito ou contato, este pode se dar por meio de entrevistas pessoais, que podem ser realizadas por telefone, pela internet, ou face a face. Além disso, o pesquisador pode optar pelo envio de questionário por correspondência, podendo ser pelo correio ou utilizando-se de meios eletrônicos. As entrevistas por telefone possuem a vantagem de economizarem recur- sos em decorrência da não necessidade de deslocamento do entrevistador, por outro lado, possuem a desvantagem de não poderem ser extensas. Normalmente, uma entrevista por telefone não deve durar mais do que 3 (três) minutos, pois testes demonstram que os entrevistados depois desse período começam a ficar impacientes e a forçarem o encerramento da entrevista. Outra desvantagem diz respeito ao fato de nem todas as pessoas possuírem telefone. As entrevistas pela internet possuem a mesma vantagem das entrevistas por Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 telefone, ou seja, possibilitam a economia do recurso de deslocamento do entre- vistador para a realização das entrevistas. Além disso, as entrevistas pela internet podem ser maislongas do que aquelas realizadas por telefone. A desvantagem deste tipo de coleta de dados é que nem todas as pessoas possuem computador, e das que possuem computador, nem todas possuem internet, e das que possuem computador com internet, nem todas possuem programas que permitam a rea- lização de entrevistas por teleconferência ou voz, com a utilização de aplicativos de mensagens instantâneas como Google Talk e Skype. Neste quesito, vale lem- brar que moramos em um país no qual o índice de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais é de 9,6% (MONTEIRO, 2011), o que representa um alto índice e que dificulta a utilização de computadores por este público. As entrevistas pessoais possuem como sua maior vantagem a possibilidade de coletar grande volume de informações, uma vez que não possuem tempo pré- determinado para sua realização e permitem que o entrevistador acompanhe e registre inclusive as expressões corporais dos entrevistados. Weil e Tompacow (2004) exemplificam essa vantagem: se alguém que é entrevistado diz que con- corda com uma afirmação na entrevista, mas gesticula com a cabeça indicando que discorda, isso deve ser tomado como nota pelo entrevistador para orientar posteriormente a análise dos dados coletados. Outras indicações são os braços cruzados na frente do corpo, que indicam resistência da pessoa, orientações do olhar para cima, que indicam ativação da criatividade e podem indicar que a resposta está sendo inventada; ou orientações do olhar para baixo, que indicam ativação da memória e podem indicar que a resposta está sendo buscada nos registros de memória do entrevistado. Para ver mais sobre expressões corporais, ler o livro “O corpo fala: linguagem silenciosa da comunicação não verbal”, indicado no item Leitura Complementar desta unidade. A desvantagem da coleta de dados por entrevista pessoal é que requer recur- sos para o deslocamento do pesquisador, ficando normalmente mais cara do que aquelas que são realizadas por telefone ou por e-mail; e também requer mais recurso de tempo, uma vez que as entrevistas são mais demoradas e ainda depen- dem do tempo de deslocamento do entrevistador. Você deve estar se perguntando: e se a entrevista for realizada por meio do preenchimento de um questionário? Nesse caso, o pesquisador deve COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E102 definir se este questionário será encaminhado por correio, pela internet, por fax, ou se será aplicado pessoalmente. O encaminhamento de questionário a ser respondido pelo correio é interessante por poder atingir praticamente a popu- lação toda do país; por outro lado, é mais demorado do que quando opta-se por encaminhar o questionário pela internet ou por fax, e também fica mais caro. Além disso, depende da boa vontade do entrevistado em postar novamente este questionário no correio para que a resposta chegue até o pesquisador. A nossa experiência mostra que o retorno de questionários enviados por correspondên- cia é baixo e lento. Você consegue lembrar-se de alguma vez que devolveu uma carta-resposta? Daquelas que a gente recebe em revistas, de concessionárias de automóvel entre outras? Além disso, Samara e Barros (2007, p. 117) alertam para o fato de que, embora o envio por correspondência tenha como ponto forte o longo alcance em termos geográficos e de amplitude da amostra, este método “exige que o questionário a ser respondido seja claro e sintético para não suscitar dúvidas impossíveis de serem resolvidas”. O encaminhamento por fax é mais rápido do que o encaminhamento por meio de correspondência, porém o dificultador é que nem todas as pessoas pos- suem fax, o papel do fax com o tempo apaga, logo se o respondente não responder e encaminhar prontamente o questionário recebido poderá ter o questionário com alguns danos quando for respondê-lo, o que compromete a qualidade das informações obtidas por meio da pesquisa. O encaminhamento pela internet é mais rápido do que por fax, uma vez que vários questionários podem ser encaminhados ao mesmo tempo para várias pessoas. Este método oferece comodidade ao respondente, já que não precisa se deslocar para ir aos Correios postar as respostas, bem como não precisa enviar um fax com as respostas. Além disso, economiza a utilização de papel de impres- são. As desvantagens deste tipo de método de coleta de dados é que nem todas as pessoas possuem computador, e das que possuem computador, nem todas possuem internet. Vale lembrar que independentemente do tipo de método utilizado para encaminhar o questionário ao respondente, quando for de autopreenchimento, este possui como desvantagem o fato de analfabetos não poderem respondê-lo. Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 Temos, ainda, o método interativo, que se caracteriza pela interação entre o consumidor e um computador, “que pode estar em um supermercado, por exemplo, ou em residências e empresas por meio da internet. Nesse caso, no microcomputador há um programa que contém um questionário e instruções para que o consumidor digite as respostas a respeito de produtos, serviços, hábi- tos e atitudes de consumo, etc.” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 118). A seguir, apresentamos um quadro que ilustra as vantagens e desvantagens dos métodos de coleta de dados apresentados. Observação VANTAGENS DESVANTAGENS ■ Detectar o comportamento natural de consumo; ■ Utilidade nos estudos junto ao público infantil (dificuldade de verbalização); ■ Pode ser disfarçada. ■ Interpretação subjetiva do pesqui- sador; ■ Dificuldade na generalização dos dados ■ Não detecta motivações e atitudes de consumo. Entrevista pessoal VANTAGENS DESVANTAGENS ■ Controle da amostragem; ■ Possibilidade de instruir o entrevistado; ■ Pode incluir a observação; ■ Possibilidade de entrevista de longa duração. ■ Alto custo; ■ Segmentos de difícil acesso; ■ Treinamento de pessoal de campo. Pesquisa por correspondência VANTAGENS DESVANTAGENS ■ Possibilita grande abrangência na amos- tragem; ■ Entrevistado tem mais tempo para responder; ■ Equipes menores para o projeto. ■ Baixo retorno/custo de incentivos para cooperação; ■ Não há possibilidade de instrução/ resolução de dúvidas; ■ Necessidade de mailing atualizado. Dicas para fazer uma entrevista estruturada A seguir, encontram-se algumas dicas de como se fazer uma entrevista com perguntas previamente estabelecidas em um roteiro de entrevista ou ques- tionário, também chamada de entrevista estruturada. Segundo Denzin e Lincoln (2005), para se realizar entrevistas estruturadas devemos seguir algumas dicas: - Nunca se envolver em longas explanações do estudo; usar explicações pa- dronizadas fornecidas/acordadas com o orientador. - Nunca pular a introdução do estudo. - Nunca desviar-se da sequência das questões ou dos termos utilizados nas mesmas. - Nunca permitir que outra pessoa interrompa a entrevista. - Não deixar que outra pessoa responda no lugar do entrevistado ou ofereça sua opinião a respeito das respostas do mesmo. - Nunca sugerir uma resposta, nem concordar ou discordar com a resposta do entrevistado. É importante que o entrevistador não dê ao entrevistado nenhuma ideia da sua opinião pessoal a respeito do que está sendo pes- quisado. - Nunca interpretar o significado de uma questão, apenas repetir a questão e dar ao entrevistado instruções ou esclarecimentos que foram fornecidos pelo pesquisador (treinador/supervisor). - Nunca improvisar, complementando as respostas do entrevistado com tro-ca de palavras, ou categorias de respostas. COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E104 Métodos interativos: o futuro perfeito VANTAGENS DESVANTAGENS ■ Internet e multimídia: ■ Rapidez na coleta simultânea de dados de vários países; ■ Diminuição/eliminação dos erros de- correntes da interferência humana. ■ Não há controle sobre a distribuição amostral; ■ Problemas no autopreenchimento. Quadro 10 - Vantagens e desvantagens na escolha dos métodos Fonte: Samara e Barros (2007, pp. 118-119) Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 O terceiro passo, “Determinar o conteúdo individual das perguntas”, consiste em elaborar o conteúdo que cada pergunta deverá ter. Por exemplo, se formos fazer uma pergunta sobre os hábitos de consumo de produtos orgânicos, teremos neces- sariamente que pensar no conteúdo de perguntas que permitam levantar essas informações separadamente. Assim, pode-se pensar em uma pergunta sobre os hábitos de compra deste tipo de produto, quando compra, onde compra, quanto gasta em cada compra, cada uma destas informações representa o conteúdo de uma pergunta que pode ser elaborada para a coleta de dados. O quarto passo, “Planejar as perguntas de maneira que se evite a má vontade ou má interpretação do respondente em dar suas respostas”, consiste em planejar o texto das perguntas pensando em não parecer invasivo demais, assustando o respondente, evitando elaborar perguntas que sejam difíceis de compreender, que permitam dupla interpretação ou que não permitam encontrar as informações procuradas. Kotler e Keller (2006) apresentam alguns exemplos de perguntas que devem ser evitadas, como “Qual é a sua renda exata?”; “Você apoia de maneira fraca ou forte as academias de lutas marciais para seus filhos?”; “Quais os atri- butos mais destacados e determinantes para a escolha por uma empresa aérea para viajar nas suas férias?”. No quadro a seguir, discutiremos essas perguntas apresentando as explicações a respeito de suas inadequações. PERGUNTA EXPLICAÇÃO Qual é sua renda exata? Pergunta que muitas vezes o respon- dente não sabe responder ou não se sente à vontade para dar a resposta. Além disso, em alguns casos, dependen- do do número de dias do mês, a renda muda, já que pessoas comissionadas, por exemplo, têm rendas diferentes regularmente. O mais correto seria apresentar faixas de renda e pedir que a pessoa indique em qual delas se enquadra. COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E106 Você apoia de maneira fraca ou forte as academias de lutas marciais para seus filhos? Pergunta mal elaborada, pois o verbo apoiar não permite gradação que lhe dê sentido. Ou a pessoa apoia ou não apoia. Nesse caso, pode-se perguntar a opinião a respeito das aca- demias de lutas marciais para os filhos, utilizando-se uma escala que ajuda na avaliação. Quais os atributos mais destacados e determinantes para a sua escolha por uma empresa aérea para viajar nas suas férias? Atributos mais destacados são diferen- tes dos atributos determinantes. Logo, esta pergunta contempla duas informa- ções. Isso deve ser evitado desdobran- do-se a pergunta em duas perguntas, pois da maneira como está formulada, se o respondente apresentar apenas um atributo, como saberemos o que ele quis dizer com este atributo? Será que este atributo seria o que mais se destaca ou o determinante? Quadro 11 – Perguntas a serem evitadas em pesquisas e suas explicações Fonte: os autores O quinto passo, “Decidir quanto à estrutura das perguntas”, consiste em definir o formato das perguntas. Essa decisão dependerá do tipo de pesquisa a ser rea- lizada. Pesquisas qualitativas (como foi explicado na Unidade III) demandam perguntas abertas sem alternativas de respostas, já as pesquisas quantitativas devem apresentar perguntas fechadas com alternativas de repostas, visando a facilitar a coleta, tabulação e análise dos dados. A seguir, apresentamos alguns tipos de perguntas e respostas. Tipos de perguntas: ■ Abertas: o entrevistado responde livremente o que pensa sobre o assunto. Ex.: Qual é a sua opinião sobre os alimentos transgênicos? ■ - Fechadas: são fornecidas as possíveis respostas aos entrevistados, sendo que apenas uma alternativa de resposta é possível. Ex.: Qual é o principal atrativo de uma propaganda de automóveis que pode motivar a compra? (1) preço à vista (2) condições especiais de taxas de financiamento (3) marca (4) características e benefícios do produto Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 107 ■ Semiabertas: é a junção de uma pergunta fechada a uma aberta em que, em um primeiro momento, o entrevistado responde a uma das opções de alternativas e depois justifica ou explica a sua resposta. Ex.: Gostaria de ter um fornecedor permanente de material gráfico? (1) Sim (2) Não (3) Talvez Por quê? Tipos de respostas: ■ Pergunta dicotômica: tem duas possibilidades de resposta, como “sim/ não”, “agrada/desagrada”, “gosta/não gosta”. Ex.: Você ouve rádio? (1) Sim (2) Não ■ Perguntas encadeadas: a segunda depende da resposta da primeira. Ex.: O Sr. mora em casa própria financiada? (1) Sim (2) Não Caso a resposta seja afirmativa. Qual é a entidade financiadora? (1) BNH (2) CEF (3) Construtora (4) Banco particular (5) Banco estatal (6) Outra ■ Perguntas com ordem de preferência: é dada ao entrevistado a possibili- dade de escolha do 1o, 2o e 3o lugares. Ex.: Selecione, em ordem de importância, quais foram as três fontes de informação que mais o ajudaram a escolher marca, modelo e outros atri- butos de automóveis para a compra (CARTÃO) ( 1 ) r e v i s t a s comuns (2) revistas espe- cializadas (3) seção especiali- zada dos jornais (4) propaganda na TV (5) propaganda em jornais (6) propaganda em rádio (7) folhetos pro- mocionais dos fabricantes (8) informação obtida nas reven- dedoras (9) conselho dos amigos e parentes/ indicação (10) Outra. Qual? COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E108 ■ Escala de lembrança de marca. Ex.: Quando eu menciono indústria farmacêutica, qual nome lhe vem primeiro à cabeça? Lembra-se de outras? 1a empresa mencionada 2a empresa mencionada 3a empresa mencionada ■ Escala de Likert: o respondente indica o grau de satisfação ou insatisfação, de concordância ou discordância, de acordo com as variáveis e atitudes relacionadas ao objeto. Ex. 1: Em relação ao Shopping Center Alpha, indique o grau de satisfa- ção com relação às questões a seguir: INSATISFEITO POUCO SATISFEITO SATISFEITO MUITO SATISFEITO TOTALMENTE SATISFEITO 1. Mix de lojas 1 2 3 4 5 2. Praça de alimentação 1 2 3 4 5 3. Estrutura física 1 2 3 4 5 Ex. 2: Com que frequência você vem ao Shopping Center Alpha para... NUNCA RARAMENTE A L G U M A S VEZES M U I T A S VEZES SEMPRE 1. Compras 1 2 3 4 5 2. Alimentação 1 2 3 4 5 3. Lazer 1 2 3 4 5 Ex. 3: A seguir, serão feitas algumas considerações sobre atitudes orga- nizacionais. Selecione a resposta que mais representa as características da sua empresa. Como Construirum Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 109 NÃO APRESENTA A CARACTERÍSTICA APRESENTA POUCO A CARACTERÍSTICA APRESENTA A CARACTERÍSTICA MÉDIA APRESENTA MUITO A CARACTERÍSTICA APRESENTA TOTALMENTE A CARACTERÍSTICA 1 2 3 4 5 ◄ ► 1. A EMPRESA PROCURA MANTER RELACIONAMENTO E SUPORTE PÓS- VENDA COM SEUS CLIENTES. 1 2 3 4 5 2. A empresa costuma adotar formas de organização que privilegiam a criatividade, por meio do trabalho em equipe e do incentivo à troca de ideias. 1 2 3 4 5 Ex. 4: Considere a escala a seguir e indique o seu grau de concordância com relação às afirmações: DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO PARCIALMENTE NÃO CONCORDO NEM DISCORDO CONCORDO PARCIALMENTE CONCORDO TOTALMENTE 1 2 3 4 5 ◄ ► 1. Os tênis importados são melhores do que os tênis nacionais. 1 2 3 4 5 2. As melhores marcas de tênis patrocinam times de futebol. 1 2 3 4 5 ■ Escala itemizada Ex.: Você considera a propaganda do Shopping Center Alpha... (1) péssima (2) ruim (3) regular (4) boa (5) ótima Vimos, portanto, vários exemplos de perguntas fechadas. O uso de diferentes tipos de perguntas e respostas em um questionário é recomendado para evitar que o respondente dê respostas “viciadas”, ou seja, depois de várias perguntas, ele pode passar a ler com menos atenção e assinalar as respostas sempre na mesma coluna ou na mesma ordem. COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E110 DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO EXEMPLO Completamente não estruturada Pergunta a que os entrevistados po- dem responder de diversas maneiras Qual a sua opinião sobre a empresa aérea TAM? Associação de palavras São apresentadas várias palavras, uma de cada vez, e os entrevistados men- cionam a primeira palavra que lhes vêm à mente Qual a primeira palavra que lhe vem à mente quando você ouve: Companhia aérea TAM Viagem aérea Complemento de frase É apresentada uma frase incompleta e o entrevistado tem que completá-la Quando escolho uma empresa aérea, o que mais pesa na minha decisão é:_______________ Complemento de história É apresentada uma frase incompleta e o entrevistado deve completá-la “Voei pela TAM na semana passada e o serviço de bordo foi eficiente e atencioso. Isso despertou os seguintes pensamentos e sentimentos em mim: (complete)” Complemento de figura É apresentada uma figura com dois per- sonagens, um dos quais está afirman- do algo. Pede-se aos entrevistados que se imaginem no lugar do interlo- cutor e completem o balão vazio Teste de percep- ção temática É apresentada uma figura e os entrevistados têm que inventar uma história sobre o que pensam que está acontecendo, ou acontecerá na figura Quadro 12 – Exemplos de perguntas abertas Fonte: adaptado de Kotler e Keller (2006, p. 105) Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 111 No quadro que ilustra os exemplos de perguntas abertas, é possível ver seis dife- rentes formatos que podem ser elaborados em um roteiro de entrevista. Esses exemplos podem ser utilizados com diversos propósitos. Por exemplo, no caso da realização de uma pesquisa com crianças ou adolescentes, dificilmente con- seguiremos obter as informações desejadas por meio de uma entrevista formal, na qual o entrevistador apresenta as perguntas e o entrevistado oferece respos- tas. Nestes casos, é comum utilizarmos outros formatos de pergunta, como usar a imagem de um brinquedo ou apresentar uma situação e pedir para o entrevistado, no caso criança, contar uma história sobre a imagem. No caso de adolescentes, é produtivo utilizar o modelo de preencher os balões, formato que este perfil de respondente está acostumado a lidar por ler publicações deste tipo, como as histórias em quadrinhos. Segundo Urdan e Urdan (2010a), as pesquisas qualitativas, isto é, aquelas que devem ser realizadas com perguntas abertas, devem seguir as recomenda- ções que constam no quadro abaixo. FAÇA NÃO FAÇA Elabore perguntas capazes de trazer respostas. Não apresente perguntas que possam ser respondidas com uma ou poucas palavras. Apresente perguntas que façam as pes- soas pensarem e exijam respostas mais elaboradas do que “sim” ou “não”. Não suponha que a pessoa quis dizer algo que ela não disse. Insista indagando o “porquê”. Não desanime. Permita que a sessão flua sem interrom- per os respondentes. Não se irrite nem se mostre descon- tente com as respostas. A euforia também deve ser evitada. Perceba os gestos, expressões faciais e o tom de voz para identificar sinais de veracidade ou não do que foi dito. Quadro 13 – Recomendações práticas para a elaboração de roteiro de entrevista e sua utilização Fonte: adaptado de Urdan e Urdan (2010, p. 185) O sexto passo, “Decidir quanto ao fraseado das perguntas”, consiste em definir a linguagem utilizada nas perguntas. Isso dependerá muito do perfil dos res- pondentes. Quando o objetivo é entrevistar pessoas com um nível de instrução COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E112 mais baixo, o ideal é adequar o fraseado das perguntas com um vocabulário mais acessível. É importante lembrar também do nível de conhecimento dos respon- dentes sobre o assunto pesquisado para evitar elaborar questões que os mesmos não possam responder. Por exemplo, se formos entrevistar consumidores em geral a respeito da aquisição de computadores, devemos evitar usar termos técnicos que estes des- conhecem, assim como fazer uma pergunta a respeito da preferência ou não da tecnologia “Turbo Boost 2.0” no processador do computador que irá adquirir. Dificilmente o consumidor comum saberá do que estamos falando. Por outro lado, caso fôssemos realizar uma pesquisa com profissionais que atuam no ramo de tecnologia da informação, esta pergunta seria pertinente. Outra preocupação diz respeito a chamar os respondentes adultos de senhor ou senhora, estes ter- mos atribuem formalidade para a coleta de dados, o que é interessante para não parecer invadir a privacidade dos respondentes forçando uma intimidade ine- xistente. Caso o respondente peça para ser chamado de você, aí sim poderemos utilizar este termo para interagirmos com ele. O sétimo passo, “Definir a ordem das perguntas”, consiste em organizar a ordem em que as perguntas serão feitas. O ideal é deixar as perguntas mais pes- soais, como quanto ganha, orientação sexual, dentre outras que possam soar invasivas, para o final da coleta de dados. Ao final da coleta, quando os res- pondentes já responderam outras perguntas de interesse da pesquisa, tendem a ficar menos “desconfiados” e a não se sentirem tão incomodados com este tipo de pergunta. Outra tarefa a seguir é a de organizar as perguntas, sempre que possível, em ordem cronológica de acontecimentos. Por exemplo, se pretendemos veri- ficar se o consumo de um produto é feito desde a infância e como se deu este consumo desde o início até o momento presente, o ideal é seguir uma ordem perguntando se o respondente consome o tal produto, quando começou a con- sumi-lo, como era o consumo na época em que iniciou o mesmo, se consome até hoje, por que isso acontece e como é feito este consumo na atualidade. Esse cuidado no ordenamentocronológico é importante para facilitar ao respon- dente organizar a linha de raciocínio das respostas que irá dar. Imagine se você fosse responder a uma pesquisa na qual o entrevistador te perguntasse primeiro Como Construir um Roteiro de Entrevista ou Questionário Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 113 se utiliza um produto, na sequência te perguntaria se faz tempo que utiliza esse produto, depois te perguntaria em que ocasiões utiliza o produto, na sequência perguntaria como começou a utilizar o produto... Essas idas e vindas mesclando perguntas sobre o presente e o passado dificultam o raciocínio das pessoas e tor- nam a entrevista mais cansativa e difícil. O oitavo passo, “Determinar a forma e o layout das perguntas”, é mais rele- vante quando se trata da elaboração de questionários que serão autorrespondidos. Neste caso, o ideal é montar o layout das perguntas de maneira que estejam legí- veis. Nada de fazer um questionário que o respondente quase precise de lupa para ler as perguntas, pois lembre-se sempre que uma pessoa que concorda em responder uma pesquisa está doando parte do seu tempo, portanto, devemos facilitar ao máximo este processo para o respondente. Por outro lado, o ideal é trabalharmos com a página dividida em duas colunas, pois aproveitamos melhor o espaço da página, com um volume maior de informações sem assustarmos o respondente pelo excessivo número de páginas. Aliás, sempre que possível, devemos utilizar poucas páginas nos questionários, pois muitas páginas assus- tam os respondentes que podem desistir de responder à pesquisa por verem o grande volume de páginas. Quando a coleta de dados ocorre pela internet, um recurso que tem sido bastante utilizado é o de apresentar ao final de cada página do questionário uma barra apontando o percentual realizado do questionário, para motivar o respon- dente. Assim, em um questionário com 10 perguntas, quando o respondente responde a primeira, aparece na barra embaixo na página (10% respondido), quando responde a segunda pergunta aparece (20% respondido) e assim por diante até chegar à décima questão. Além disso, devemos dar todas as instru- ções de preenchimento, para que não fique nenhuma dúvida. Note, caro(a) aluno(a), que até este momento, o pesquisador deve conside- rar os seguintes pontos: ■ listar todos os aspectos importantes e verificar se as perguntas formuladas estão voltadas aos objetivos do projeto, de modo que ao final seja possí- vel responder ao problema da pesquisa; COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E114 ■ visar à linguagem do entrevistado, ou seja, o vocabulário utilizado na pesquisa deve ser adequado àquele do público-alvo; ■ simular as possíveis respostas para cada pergunta para verificar se não há ambiguidades ou falta de alternativas, isto é, atentar para a clareza e pre- cisão das perguntas, bem como às possibilidades de resposta; ■ evitar que o entrevistado tenha que fazer cálculo; ■ evitar perguntas embaraçosas; ■ não incluir perguntas que remetam a um passado distante. O nono passo, “Reproduzir o formulário (questionário/roteiro de entrevista)”, requer o cuidado de verificarmos se a reprodução do questionário ou do roteiro de entrevista saiu conforme o planejado. Se a impressão está legível, não apa- gada ou borrada, se todas as páginas estão presentes e grampeadas na ordem correta. Essa atividade é muito importante, pois imagine que um entrevistador saia com 100 questionários para aplicar uma pesquisa ao término de um evento e durante a distribuição destes questionários percebe que alguns estão faltando páginas ou com páginas grampeadas na ordem incorreta. Essa situação pode comprometer a aplicação de vários questionários, pois naquele momento não haverá tempo para fazer novas impressões ou grampear corretamente os ques- tionários que estiverem errados. O décimo passo, “Eliminar erros por meio de pré-teste”, consiste em testar o instrumento de coleta de dados com alguns respondentes, sem que estes com- ponham a amostra da pesquisa. Samara e Barros (2007) sugerem que o pré-teste seja realizado junto a 10% do total de casos a serem estudados. No entanto, não há uma regra rígida a ser seguida. O importante é realizar o pré-teste do instrumento e considerar a sua aplicação junto a uma porcentagem de elementos que tenha as mesmas características da população da pesquisa, que estudaremos adiante. O pré-teste é uma ação relevante, pois é bastante comum os pesquisadores estarem tão envolvidos com a sua pesquisa que todas as perguntas que elabo- raram parecem claras e objetivas, mas às vezes, quando essas perguntas são apresentadas a outras pessoas, é possível perceber que não estão inteligíveis e devem ser reformuladas. Assim, “essa atividade tem a finalidade de confirmar se o questionário está adequado aos objetivos do estudo no que se refere à clareza População e Amostragem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 de entendimento pelo entrevistado, assim como de avaliar as respostas dadas e o tempo médio de sua aplicação” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 166). POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM Caro(a) aluno(a), os conceitos de população e amostragem fazem parte do con- teúdo que precisamos entender quando estamos inseridos em um processo de pesquisa de marketing. Sabemos que as pesquisas, principalmente as de natu- reza quantitativa, utilizam-se de amostras, que podem ser de pessoas, empresas, produtos, lojas, famílias etc. Mas o que é população? E amostra? Por que uti- lizamos, nas nossas pesquisas, amostras da população? Por que não realizar a pesquisa com todos os elementos que compõem a população? Vamos procurar responder a estas perguntas. População ou universo, segundo Urdan e Urdan (2010a), é o conjunto total de elementos de interesse detalhadamente espe- cificados para que se possa identificá-los e pesquisá-los. Por exemplo, em uma pesquisa que tenha como objetivo geral “identificar o per- fil dos alunos do curso de Marketing do EaD/CESUMAR, matriculados no ano de 2012”, a população compreende todos os alunos matriculados no curso de Marketing EaD/CESUMAR no ano de 2012. Já a amostra é “um subconjunto finito da população, que se estuda para adqui- rir informações sobre o todo populacional” (URDAN; URDAN, 2010a, p.199). Resumidamente, a amostra é uma parte da população (ou universo) que contém as mesmas características desta (a população). McDaniel e Gates (2003) colo- cam que a utilização da amostra em estudos do comportamento do consumidor é bastante comum, uma vez que o acesso à população como um todo inviabili- zaria a realização de muitos estudos por restrições de tempo, financeiras, e até mesmo de disponibilidade dos respondentes. Segundo Mattar (2001), a amostragem é muito utilizada em pesquisas de marketing porque oferece muitas vantagens em relação a pesquisar a totalidade COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E116 da população, o que se chama de censo. O autor cita os seguintes pontos positi- vos que tornam a amostragem interessante e a alternativa mais viável em estudos mercadológicos: ■ Economia de mão de obra e recursos financeiros. ■ Redução do tempo para obter resultados. ■ Impossibilidade de pesquisar todo o universo: em alguns casos, torna-se difícil e inacessível pesquisar todos os elementos que fazem parte de uma população. Ex.: pesquisacom público feminino em geral para conhecer os hábitos de consumo de xampu. ■ Precisão: mesmo não colhendo dados de toda a população, a amostragem elimina ou reduz as inúmeras fontes de erros amostrais. ■ Evita a contaminação dos entrevistados: um censo despertaria o comentá- rio sobre a natureza da pesquisa e poderia influenciar a opinião ao longo do processo de levantamento. No entanto, é preciso ficar claro que em alguns casos, é possível pesquisar todos os elementos que compõem a população. Por exemplo: uma concessionária de automóveis deseja avaliar a satisfação com relação a seus produtos com 400 clien- tes em Maringá. Nesse caso, é possível realizar um censo. Assim, quando o pesquisa- dor opta por trabalhar com uma amostra, ele deverá fazer o planejamento, já que precisa “determinar com pre- cisão quais as características da população em estudo, da qual será extraída a amostra, que estará apta a responder à pesquisa, atendendo aos objetivos propostos pelo pro- jeto” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 160). Classificação da Amostra Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 117 CLASSIFICAÇÃO DA AMOSTRA De acordo com Samara e Barros (2007), a determinação da amostra de uma pesquisa de marketing leva à qualidade dos resultados. Você pode estar se pre- guntando: Qual é a importância da seleção dos elementos que farão parte do estudo? Porque, dependendo de como forem selecionados, eles serão mais ou menos representativos da população dando, assim, mais ou menos confiança quanto aos resultados obtidos, atendendo a diferentes propósitos de pesquisa. A seguir, apresentaremos as técnicas amostrais e, em seguida, o cálculo que deve ser feito para definir o tamanho da amostra. É importante mencionar, neste momento, que os conceitos de amostragem desenvolvidos pelos estatísticos não serão apresentados e abordados detalhadamente neste livro, dada a sua extensão e complexidade, de modo que o foco recai àqueles conceitos que possibilitam o entendimento e a aplicação das técnicas para a obtenção de amostras em pes- quisas de marketing. Ok? Vamos em frente. As amostras podem ser classificadas em amostras probabilísticas e não pro- babilísticas (VIRGILLITO, 2010). As amostras probabilísticas são aquelas nas quais todos os integrantes da população têm a mesma probabilidade, diferente de zero, de serem escolhidos para compor a amostra. Já a amostra não probabilística é aquela na qual alguns integrantes da população possuem maior probabilidade de participarem da amostra do que outros, tendo em vista que os elementos são escolhidos para participar do estudo de acordo com critérios do pesquisador. Essa classificação ficará mais clara no próximo tópico, no qual serão detalhados os tipos de amostras probabilísticas e não probabilísticas. COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E118 TIPOS DE AMOSTRA Conforme indica Malhotra (2001), as técnicas de amostragem probabilística e não probabilística podem ser classificadas como ilustrado na figura a seguir. Figura 06 – Classificação das técnicas de amostragem Fonte: adaptado de Malhotra (2001, p. 306) Com base no que indica esse mesmo autor, vamos ver agora a definição de cada uma delas e quais as situações em que seu uso é mais recomendado. AMOSTRAS NÃO PROBABILÍSTICAS O conceito geral deste grupo de técnicas de amostragem é que não utilizam uma seleção que leva em conta a probabilidade de este ou aquele elemento ser inclu- ído na amostra em que será feita a pesquisa. Ao contrário, estas técnicas confiam a escolha dos elementos aos critérios do pesquisador, conforme veremos abaixo. De acordo com Mattar (2001), a escolha pelo uso de amostras não probabilís- ticas se dá por diversas razões: (1) a amostragem probabilística é tecnicamente superior na teoria, mas na prática sabemos que ocorrem problemas em sua apli- cação que enfraquecem a sua superioridade, como quando um pesquisador não Tipos de Amostra Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 segue corretamente as instruções ao selecionar os respondentes, ou quando alguns dos elementos selecionados recusam-se a ser entrevistados ou não são encontra- dos, o que compromete o plano de amostragem; (2) a obtenção de uma amostra que reflita precisamente a população pode não ser o propósito principal da pes- quisa, ou seja, pode não haver a intenção de generalizar os dados obtidos para a população; e (3) economia de tempo e recursos financeiros, materiais e huma- nos necessários para realizar uma pesquisa com amostragem probabilística. Amostragem por conveniência − como o próprio nome sugere, a seleção é deixada em grande parte a cargo do entrevistador. Geralmente os entrevistados são escolhidos porque se encontram próximos, no lugar e no momento onde os dados estão sendo coletados. Ou então pela facilidade que o entrevistador tem de acesso a eles, ou seja, são “as pessoas que estão ao alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 161). O principal benefício da amostragem por conveniência é a economia de tempo e recursos, pois normalmente se consegue fazer a coleta de dados em um perí- odo curto de tempo. Amostragem por julgamento – é uma variação da amostragem por conveniên- cia em que os elementos da população são selecionados pelos entrevistadores com base no seu julgamento. Este pode ser baseado na experiência do entrevistador ou no que ele acredita serem os elementos mais adequados para serem pesqui- sados. Como o exemplo anterior, não é possível fazer generalizações a partir de uma amostra por julgamento, mas é possível chegar a informações interessantes desde que o entrevistador seja realmente qualificado para selecionar a amostra. Amostragem por quotas – esta técnica possibilita que a amostra se aproxime das características gerais da população que se vai pesquisar. Ela é operaciona- lizada em duas etapas. Primeiro se busca definir categorias (como faixa etária, gênero, grau de escolaridade, por exemplo) que estejam alinhadas com o perfil geral da população. Depois, se opera tal como na amostragem por julgamento: selecionando pessoas que preencham cada uma das categorias de forma pro- porcional. Para ficar mais claro, vamos ilustrar da seguinte maneira: imagine que você quer conhecer a opinião dos funcionários de um banco com agências em todo o Brasil. Uma vez que a empresa é muito grande e seus funcionários estão distribuídos em várias regiões, a solução é entrevistar um grupo de poucos COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E120 elementos, mas que represente o perfil total. As categorias que você escolherá podem ser: departamentos, gênero e grau de escolaridade. Se o banco é formado por cinco departamentos, 50% de homens e 30% possuem ensino superior com- pleto, uma amostra por quotas com o total de 50 pessoas seria formada dessa maneira: 10 pessoas de cada departamento da empresa, dos quais, cinco homens e cinco mulheres. Cada subgrupo deve ter ao menos três pessoas com graduação. Amostragem Bola de Neve − à primeira vista, o termo é estranho, mas ilus- tra bem a ideia deste tipo de amostragem. Inicialmente é escolhido um grupo de entrevistados por conveniência ou julgamento. Após a realização das entrevistas, é solicitado que este grupo indique pessoas com o mesmo perfil de interesse para a pesquisa. Isso pode ser feito sucessivas vezesaté que o pesquisador se dê por satisfeito com os resultados ou que os resultados comecem a se repetir indicando que o assunto que se quer investigar com a pesquisa foi aprofundado a contento. Amostras probabilísticas Diferente da amostragem não probabilística, as técnicas que detalharemos agora possuem um processo de amostragem em que a probabilidade de que cada ele- mento da população possa ser selecionado para compor a amostra é conhecida. Segundo Mattar (2001, p. 141), “esta probabilidade pode ou não ser igual para todos os elementos da população, mas precisa ser diferente de zero”, ou seja, todos os elementos que compõem a população têm chance de vir a fazer parte da amostra. O autor complementa: a característica de conhecer a probabilidade de cada elemento da po- pulação fazer parte da amostra garante que a amostra será constituída de elementos selecionados objetivamente por processos aleatórios e não pela vontade do pesquisador, dos entrevistadores de campo, ou mes- mo do entrevistado. Este fato, em termos estatísticos, significa que a amostragem probabilística permite calcular em que medida os valores de variáveis obtidos nas amostras diferem dos valores da população. Essa diferença é chamada de erro amostral e advém exclusivamente do fato de estarem sedo tomadas medidas numa amostra e não em toda a população. No entanto, este fato, por si só, não significa que amostras probabilísticas sejam mais representativas que as não probabilísticas (MATTAR, 2001, p. 141). Tipos de Amostra Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 121 O benefício deste tipo de técnica é que é possível fazer uma inferência dos resul- tados, isto é, podemos extrapolar os resultados para toda a população, já que estamos fundamentados na estatística, que diz que realmente existe uma pro- babilidade grande da população se comportar ou pensar da mesma maneira da amostra pesquisada. Por isso, estas técnicas são muito utilizadas na pesquisa de marketing quando se quer confirmar hipóteses que foram anteriormente levantadas em outros estudos de caráter mais exploratório realizados, predomi- nantemente, com técnicas não probabilísticas. Amostragem aleatória simples – aqui cada elemento da população tem uma probabilidade conhecida, diferente de zero, e idêntica de ser escolhida para fazer parte da amostra. A forma ideal de se realizar este procedimento é por meio do sorteio. Em uma analogia, é como se a população inteira fosse colocada em uma urna e os nomes fossem sorteados um a um de maneira não tendenciosa. Atenção: este procedimento exige que o pesquisador tenha disponível ou pro- videncie uma relação de todos os elementos que compõem a população para poder fazer o sorteio. Amostragem sistemática – técnica probabilística em que a amostra é esco- lhida a partir da definição de um ponto de partida aleatório. Os demais elementos para compor a amostra são selecionados aplicando um fator determinado pelo pesquisador. Normalmente este fator é determinado pela seguinte fórmula: i = N/n, onde: i = fator amostral N = População n = tamanho da amostra que se deseja obter Caso você tenha uma população de 100 mil pessoas e quer trabalhar com uma amostra de mil elementos, o fator amostral é 100. Então escolhe-se aleatoria- mente um número entre 1 e 100, digamos, 23. A amostra será formada pelos elementos numerados da seguinte forma: 23, 123, 223, 323 e assim por diante até se obter a amostra pretendida (MALHOTRA, 2001, p. 309). Quando não se conhece o total da população, pode-se criar algum critério para identificar elementos para definir a amostra sistematicamente. Exemplos: será entrevistada toda pessoa que sair de uma loja a cada três que entrarem no mesmo estabelecimento. A décima primeira pessoa que pagar o carnê na data do COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E122 vencimento será escolhida. Os moradores da oitava casa de cada rua cujo nome inicia pela letra A no centro da cidade serão estudados. É importante notar que para se aplicar esta técnica, é necessário que a popu- lação esteja ou possa ser ordenada de alguma forma para que se possa numerá-la e aplicar o fator amostral. Amostragem estratificada – recebe este nome porque a população é inicialmente organizada em “estratos”, ou subgrupos. Cada elemento da população deve estar em apenas um estrato e nenhum elemento pode ficar fora dos estratos. Após este primeiro passo, os elementos são selecionados de cada estrato utilizando um processo aleatório, geralmente a amostragem aleatória simples. Aparentemente, a amostragem estratificada é parecida com a amostragem por quotas, mas atenção: a seleção dos elementos da última é feita por conve- niência ou julgamento (o que a caracteriza como técnica não probabilística), enquanto a primeira utiliza um critério probabilístico. Imagine que vamos rea- lizar uma pesquisa junto aos clientes de uma concessionária de automóveis para avaliar a satisfação com relação aos serviços prestados (1) na oficina, (2) na venda de veículos novos e (3) na venda de veículos usados. Podemos definir a população da pesquisa como todos aqueles clientes que utilizaram os serviços da concessionária de automóveis Beta nos últimos seis meses. Para selecionar os elementos que irão compor a amostra, podemos dividi-los em três estratos da seguinte forma: estrato 1, composto por aqueles clientes que utilizaram os ser- viços da oficina para reparos ou revisão nos seus automóveis; estrato 2, do qual fazem parte os clientes que adquiriram veículos novos nos últimos seis meses e estrato 3, composto pelos clientes que utilizaram os serviços da equipe respon- sável pela venda de veículos usados, realizando a compra. Depois de definidos os estratos, devemos selecionar os clientes que farão parte de cada um deles, uti- lizando, de preferência, o procedimento aleatório simples, já que dispomos de uma relação desses clientes. Amostragem por conglomerado – o conceito é próximo da técnica anterior, mas possui distinções metodológicas e também quanto a sua finalidade. Nesta abordagem, a população é também dividida em subgrupos, agora chamados de “conglomerados”. Tais quais os estratos, estes conglomerados devem abarcar Definição do Tamanho da Amostra Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 123 toda a população e nenhum de seus elementos pode estar em mais de um sub- grupo ao mesmo tempo, ou seja, “para proceder a este tipo de amostragem, a população em estudo precisa ser subdividida em grupos mutuamente exclusi- vos e coletivamente exaustivos. Em seguida, procede-se à seleção da amostra a partir desses grupos” (MATTAR, 2001, p. 152). Para melhor visualização, vamos a um exemplo: para pesquisar a imagem de marca em um determinado país, um instituto de pesquisa de marketing poderia criar conglomerados de consumidores seguindo critérios demográ- ficos (moradores de cada estado, por exemplo) e psicográficos (pessoas que gostam de curtir a natureza no final de semana). Depois disso, escolhe por sele- ção aleatória simples três conglomerados em cada estado do país e entrevista-se todos os elementos de cada conglomerado. Finalmente, compara-se os resulta- dos entre os conglomerados dos estados. Um ponto que deve ser observado sobre a diferença entre amostragem estra- tificada e por conglomerados é que os objetivos das duas são distintos. A técnica de amostragem por conglomerados busca “aumentar a eficiência amostral, dimi- nuindo custos” (MALHOTRA,2001, p. 312), enquanto o objetivo da amostragem estratificada é aumentar a precisão. DEFINIÇÃO DO TAMANHO DA AMOSTRA Agora que nós já sabemos como proceder para selecionar os elementos que farão parte do estudo, vamos passar para a definição do tamanho da amostra. Nossos alunos sempre nos perguntam: Quantas pessoas devemos entrevistar? Como fazer essa conta? É o que será discutido nesta parte do livro. No entanto, que- remos enfatizar que o nosso objetivo não é resgatar conceitos matemáticos que estão por trás das fórmulas utilizadas para calcular o tamanho da amostra em pesquisa de marketing, e sim ajudar na sua aplicação. Mas, afinal, é possível definir o número de elementos da população que comporão a amostra que será estudada? Sim, por meio de algumas abordagens COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E124 estatísticas e também qualitativas, é possível determinar o tamanho recomendá- vel da amostra para cada situação de mercado que se pretende estudar. Muitas vezes, a urgência para se tomar uma decisão com base nos resultados da pesquisa, a importância daquela informação e as restrições de tempo e recur- sos financeiros afetam as resoluções sobre o número de elementos da amostra a ser estudada. Porém, o ideal é seguir uma metodologia clara e precisa, mesmo com essas influências que pressionam os pesquisadores. A matemática, e também a estatística, vem auxiliar os pesquisadores de marketing indicando fórmulas para que possíveis erros sejam minimizados ou, ao menos, conhecidos. Devemos ter em mente que toda amostra, por mais homo- gênea que seja, possui elementos que não deveriam estar ali, são os chamados erros amostrais. Por outro lado, a porção da amostra que deve se comportar de maneira uniforme é chamada de intervalo de confiança. E então, preparado(a) para conhecer os cálculos amostrais? A seguir, apresentaremos duas fórmulas usadas em pesquisa de marketing e a sua aplicação para o cálculo do tamanho da amostra. É importante saber que o pesquisador deve escolher o intervalo de confiança (I.C.) dado ao estudo, que representa a margem de segurança, já que influencia diretamente na amplitude da amostra, ou seja, quanto maior a margem de segurança, ou intervalo de con- fiança, maior será a amostra. Além disso, cabe também ao pesquisador definir a margem de erro permitida ao estudo, que pode variar de 0% a 10%. Em pesquisa de marketing é comum utilizarmos os seguintes intervalos de confiança (I.C.) e os respectivos desvios padrão (Z): I.C. = 68% → Z= 1 I.C. = 95% → Z= 1,96 I.C. = 95,5% → Z= 2 I.C. = 99,7% → Z= 3 A partir de agora, mostraremos as fórmulas que podem ser usadas para calcular o tamanho de amostras, considerando uma população infinita (quando temos um número igual ou superior a 100 mil elementos no universo) e uma popula- ção conhecida e finita. Para populações infinitas (N>100.000 elementos) Universo ou População (N): todos os elementos que detêm a informação que está sendo buscada. Amostra (n): parte representativa e que contém as mesmas características da população ou universo. Temos que: n = (Z/e)2 * 0,25 Definição do Tamanho da Amostra Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 125 Exemplo Uma empresa deseja instalar um shopping center na cidade X e, para isso, precisa conhecer a opinião dos moradores. Sabe-se que esta cidade e as suas vizi- nhas mais representativas, A, B e C, juntas, somam 780 mil habitantes. Calcule o tamanho da amostra a ser pesquisada considerando uma margem de erro de 4,5% e I.C. de 95%. Temos: N> 100.000 elementos, Z = 1,96, e = 0,045 Então, n = (1,96 / 0,045)2 * 0,25 = 474 habitantes. Exemplo Uma cooperativa de cafeicultores deseja realizar uma pesquisa de opinião com seus associados. Sabendo-se que há 15 mil associados, qual deve ser o tama- nho da amostra considerando uma margem de erro de 7% e 95,5% de segurança? Temos: N = 15.000, Z = 1,96, e = 0,07 Então, n = 0,5 * 0,5 * 22 * 15.000 / (15.000 - 1)*(0,07)2 + 0,5 * 0,5 * 22 = 201 associados. Para populações conhecidas Universo ou População (N): todos os elementos que detêm a informação que está sendo buscada. Amostra (n): parte representativa e que contém as mesmas características da população ou universo. p = proporção de ocorrência da variável em estudo na população. q = proporção da não ocorrência da variável em estudo na população, sen- do p + q = 1. Temos que: n = p*q*Z2*N/(N-1)*e2 + p*q*Z2 Toma-se p = 0,5 e q = 0,5 quando não temos conhecimento anterior das proporções da variável na população ou na amostra. 126 - 127 COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E126 126 - 127 SABÃO EM PÓ É OMO, CERVEJA É SKOL Resumo: Entenda como a população de baixa renda hierarquiza seus gastos e se comporta em relação às marcas, seja de produtos de limpeza, roupas, de lojas ou de eletrônicos, de acordo com uma pes- quisa de orientação etnográfica realizada por meio de observação com empregadas domésticas do Rio de Janeiro. Metodologia: A coleta de dados foi proces- sada em duas fases. A primeira se realizou no bairro da Posse, na cidade de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, região do Rio de Janeiro conhecida pelos indicadores de pobreza. Durou dois meses e meio do ano de 2004 e teve como estratégia principal a observação participante de 13 empregadas domésticas e suas famílias. A segunda fase da coleta de dados ocor- reu em 2006 e consistiu exclusivamente na realização de 13 entrevistas individuais em profundidade. O perfil do grupo estudado é de empre- gadas domésticas que têm intensa convivência com suas patroas. As emprega- das são habitantes de espaços de periferia da cidade do Rio ou da Baixada Fluminense e as patroas residem em bairros de classe média e alta da zona sul do Rio de Janeiro. Desenvolvimento Se a característica primordial do consumo é a escolha, não há sentido em pesquisar os consumidores das classes socioeconômi- cas C, D e E, que não têm escolha diante de sua carência material. Certo? Foi essa indi- ferença significativa com as classes C, D e E, especialmente com as duas últimas, que predominou no Brasil por muitas décadas, mas ela foi parcialmente suspensa após o advento do Plano Real, quando começou a se falar no surpreendente crescimento de consumo da base da pirâmide e das opor- tunidades que surgiam nesse novo cenário. Embora muitas empresas do Brasil já tenham acordado para o potencial de consumo do mercado na base da pirâ- mide socioeconômica, isso não significa que estejam investigando devidamente as peculiaridades desses consumidores, a ponto de poderem adaptar seus produtos, serviços e estratégias de marketing a eles. O universo acadêmico tampouco parece muito preocupado com esse público. Nas escolas de administração brasileiras, os pobres são tidos historicamente como marcados “pela procura do atendimento a necessidades básicas”. Será que os compradores mais pobres querem apenas atender a necessidades básicas? O que as poucas pesquisas já rea- lizadas nesses segmentos de consumidores constataram, por exemplo, foi, ao contrário, o “paradoxo” da grande “sede” de consumo do supérfluo, que se expressaria em alguns comportamentos como o “excesso” de com- pras de aparelhos eletroeletrônicos – TVs, DVDs, som e celulares –, o “exagero” de consumo de bens como sabão em pó e amaciantes de roupas, a “fartura” das refei- çõesno almoço e jantar etc. Enfim, como as famílias pertencentes às camadas populares orientam suas esco- lhas de consumo de outro modo? Foi essa 128 - 129 a pergunta a que buscamos responder neste estudo, que focalizou as emprega- das domésticas e suas famílias, realizado na cidade do Rio de Janeiro em duas eta- pas, em 2004 e 2006. PRINCIPAIS DESCOBERTAS Hierarquia de gastos: No universo estu- dado encontramos, em primeiro lugar, um grande desejo de participar dos benefí- cios da sociedade de consumo, o que torna muito atraente o parcelamento de pagamento oferecido pelas lojas. Poder comprar “várias coisas ao mesmo tempo” aparece como uma possibilidade engen- drada pelo parcelamento e bastante valorizada; as “novidades” da sociedade de consumo surgem dentro de um ritmo tão frenético que, para acompanhar, é necessá- rio um crédito em que a prestação do bem desejado “caiba” no orçamento doméstico: Eu compro muito na Casa Cem, porque eu não gosto de parcelar por muito tempo, porque eu acho que sai mais caro; se eu vou comprar um fogão, eu planejo, tenho que pagar R$ 80. É melhor pagar [uma presta- ção] de R$ 80, do que pagar R$ 20 e durar um ano, não sei quanto tempo, porque aí vai me impedir de comprar uma outra coisa. (Rita) Em segundo lugar, identificamos um tra- de-off expressivo entre esse consumo e o atendimento de necessidades básicas. Uma entrevistada contou que optou, por exemplo, por comprar um aparelho de DVD e continuar acumulando meses de contas de luz sem pagar e disse ainda que alguns de seus vizinhos rasgam as contas de luz que chegam. Isso denota uma visão relacio- nal da natureza, onde a energia (luz) é uma dádiva da natureza – um recurso natural visto como ilimitado –, enquanto o apare- lho de DVD ou outro eletroeletrônico é o elemento de acesso a uma sociedade (de consumo). Podemos analisar isso como “consumo de pertencimento”, ou seja, nesse caso, ser um “consumidor” permite a superação da iden- tidade de “pobre” – o consumo adquire um importante papel na construção de uma identidade positiva diante dos pares e dos mais favorecidos economicamente. As entrevistadas demonstraram ter especial preocupação com a “limpeza” dos espaços onde transitam cotidianamente. Além de sua função ser a de manter a casa da patroa limpa, elas também se dizem bastante dedi- cadas a conservar suas próprias casas livres da sujeira, declarando gostar de se ocupar desse tipo de atividade, que não é vista por elas como um estorvo. Essa atribuição relativa à “arrumação” da casa é vista de modo positivo pelas entrevistadas a partir do momento em que os familiares reconheçam seu esforço como o dever de uma “boa dona de casa”. Em razão disso, é grande o conhecimento de sua parte em relação às linhas de produtos de limpeza da casa e das roupas, assim como a confiança em algumas marcas tidas como referências de qualidade, como Omo, Veja e Faísca. O gasto com esse tipo de produto tem papel de destaque no orçamento doméstico. O domínio, o conhecimento e o uso dos produtos de limpeza dão à empregada uma autoridade sobre esse assunto e permitem a elaboração de uma identidade positiva, que adiciona um atributo importante ao sistema social brasileiro –“ser limpa”– 128 - 129 que responde às tentativas de marcá-la como uma agente poluidora potencial do ambiente onde trabalha. Tem gente que tem a casa com piso todo esculhambado, mas tem a NET, tem tele- fone, tem aquele celular com câmera, filmadora, mas a casa tá um lixo. Gosto de pagar logo as minhas contas, pago ale- gremente, pra ficar livre daquilo. Mas tem gente que não, que fala, ah, eu vou guar- dar, aí começa a ser caloteiro, começa a se enrolar, aquela coisa toda, e começa a ficar sem crédito na praça. [...] Quando sobra algum dinheiro, aparece um conserto de casa. Aí eu quero colocar um piso, quero trocar uma janela... Não fico guardando para comprar um objeto; já tem gente que entre comprar um objeto e arrumar a casa prefere que a casa caia. Arrumar a casa pra mim é mais importante. Percebe-se no depoimento o papel proe- minente das “melhoras na casa”, o que seria um dos sinais mais evidentes de prospe- ridade. Significados das marcas: algumas marcas se destacam pelo alto conceito que conse- guiram entre as pesquisadas. No campo do varejo, as Casas Bahia têm papel proemi- nente, especialmente, pelas “facilidades” e pelo atendimento, que, na perspectiva das entrevistadas, entende e, de certa forma, aceita seu mundo, com uma renda oficial que seria considerada baixa para a con- cessão de crédito em outras empresas de varejo. A essa “aceitação” da realidade orça- mentária das empregadas, em que parte da renda também está nos recursos não comprováveis do trabalho informal dos maridos, soma-se um atendimento “dedi- cado”: As Casas Bahia pegam você na porta, eles se dedicam mesmo, abrem o coração, pra laçar você ali na hora. Agora o Ponto Frio você é que tem que ir lá – ei, ei [como se estivesse tendo de chamar o vendedor]. Acho que as Casas Bahia têm mais dedica- ção à pessoa. (Lourdes) As Casas Bahia são como uma mãe, facilita pra gente. É rápido tirar [comprar] as coi- sas lá. (Andréia) O Ponto Frio, não gosto, acho que é muito cheio de coisa; pras pessoas comprar, tem que comprovar a renda, tem que fazer isso, tem que fazer aquilo; nas Casas Bahia já não tem esse problema, você não precisa com- provar renda, é só você dar um telefone pra contato, que você consegue. (Rita) O crédito “fácil” das Casas Bahia, sem a exi- gência de comprovação de renda e sem a burocratização percebida nas outras redes de varejo, é bastante valorizado aqui, por permitir uma entrada na sociedade de con- sumo mais rápida e sem “traumas”. Rita, por exemplo, chegou a comentar que nunca esqueceu a primeira vez que comprou na loja, como um dos fatos muito marcantes em sua vida. As entrevistadas, em geral, declararam ter conhecimento sobre os juros, que tornam os produtos às vezes bem mais caros na loja, mas mesmo assim aca- bam fazendo o negócio porque, como fica claro nas palavras de Marta, “é só assim que dá pra comprar, pagando aos pouquinhos”. Como já dissemos, há grande conheci- mento por parte das entrevistadas em relação a linhas de produtos de limpeza da casa e de roupas. Algumas marcas apa- recem com grande força, como é o caso do sabão em pó Omo; mesmo que alternado 130 - 131 com outros produtos, ele é um exemplo de referência de produto de qualidade: Ah, eu gosto de comprar o melhor, que é o Omo, e também compro agora um que saiu, o Fofo. (Janaína) Sabão em pó, por exemplo, é Omo, às vezes ela [patroa] compra o Minerva, mas eu pre- firo Omo, que é melhor. (Diana) A importância da “limpeza” no universo das empregadas é revelada também pela fideli- dade que elas têm às marcas de qualidade, maior que a de suas patroas, que gostam de “variar mais”. Outras marcas de prestígio possibilitam a articulação de um grande sistema clas- sificatório que distingue pares. O caso da cerveja Skol é exemplar como uma referên- cia de marca de prestígio. Na primeira fase da pesquisa, no bairro da Posse, na Baixada Fluminense, foi possível perceber a força da marca –quando alguém era convidado para alguma festa, surgia a pergunta: “Vai ter Skol?”. Se a resposta fosse negativa, os mais exigentes provocavam os donos da festa, dizendo que, já que era assim, não iriam comparecer. Uma entrevistada, Beth, contou que em algumas festas os anfitri- ões compram dois tipos de cerveja, a Skol e outra qualquer, ruinzinha, e que é pre- ciso ser íntimo da casa para garantir que será servido com a melhor. A entrevistada Andréia relatou que estava no bar com a irmã tomando uma cerveja da marca Cintra, quando alguns rapazespararam para levar latas de Skol e a irmã, envergonhada por estar bebendo uma marca inferior, arrancou e escondeu o rótulo da cerveja, dizendo: “Ai, que vergonha”. Andréia comentou ainda que seus amigos costumam provocá-la quando bebe certas marcas de cerveja, como em uma vez em que um deles disse: “Vai tomar Nova Schin? Desce quadrado!” (inversão irônica do popular slogan “Skol: desce redondo”). Ao ser indagada sobre seus hábitos de consumo da marca Skol, a entrevistada respondeu mostrando sinais do aspecto de exibição do consumo: Eu tomo Skol no bar quando dá e Nova Schin em casa. A Skol aparece, portanto, como a melhor marca de cerveja na percepção dos infor- mantes; em seguida, surge a Antarctica, como uma opção que não faz feio; as usu- almente citadas como de baixa qualidade, que podem envergonhar quem estiver bebendo, são: Nova Schin, Cintra, Lokau, Belco e Bavaria. Certas “marcas aspiracionais” percebidas como pertencentes ao “mundo dos ricos” permanecem no campo dos desejos do grupo, sendo eventualmente compradas. As mais citadas nessa categoria se referiam principalmente a sonhos de consumo dos filhos, em geral ligadas ao sportwear, como Puma, Nike e Adidas. Na primeira fase da pesquisa foi possível observar a respeito das marcas uma impor- tante dicotomia que emergiu na pesquisa entre produtos “que têm” e “que não têm marca”. Em diversos momentos, não se chegava a falar em uma marca específica, mas se estabelecia a distinção classificató- ria, como fez Kátia: “Minha irmã gosta de coisas de marca e esnoba. Ela disse outro 130 - 131 dia, ‘minha sandália não é de camelô, não, tá?’”. Em seguida, Kátia contou que, ao ir ao Saara, área de comércio popular no Cen- tro do Rio de Janeiro, experimentou uma calça jeans de R$ 60 e achou muito cara, comentando por fim: “Se ainda fosse de marca...”. Seguindo as declarações de outras informantes, percebe-se que a classificação compreende não só marcas de roupas, mas também de outros produtos, como leite e biscoitos, por exemplo, que têm de ser de marca; além disso, os relatos mostram a oni- presença dos produtos de marca, mesmo quando não podem ser adquiridos: Ele, se eu deixar por conta dele mesmo, ele só quer biscoito Trakinas, leite Parma- lat... Mas também quando a gente fala que não dá, ele não insiste. Mas a gente pro- cura fazer o nosso melhor, um sacrifício até, pra poder dar. Minha mãe fala que eu faço os gostos dos meus filhos, mas não é isso, nem sempre o que eles pedem eu posso. Quando eu digo não é não, acabou, eles não ficam questionando. Mas normal- mente eu procuro falar o porquê do não, então eles entendem. Quando eu posso, eu aperto um pouquinho pra poder dar. (Arlete) Comprei três tênis, pra mim e pras meninas [suas duas filhas]. Não são de marca, não. Antes tivesse comprado de marca, Rainha... Esses tênis sem marca só têm branco e sem cadarço, suja muito [...] Meu irmão ganhou no bicho na segunda-feira agora e comprou um tênis de marca e um casacão. (Andréia) Ser de marca é um atributo que acaba por revelar um ponto crítico do consumo; em alguns momentos, trata-se de um con- sumo interditado, porque são bens de outras classes sociais que não podem ser adquiridos; em outros, quando é possível sua aquisição, podem servir como claro sinal de distinção e status entre os pares. Os pais são pressionados pelos filhos para adquirir para eles produtos de marca; o sacrifício em realizar a compra de um bem de alto valor monetário pode ser lido como um modo de expressar afei- ção. O receptor do produto de marca “interpreta” o bem recebido como uma manifestação da afetividade do doador – ou de sua falta. O não recebimento de produtos “de marca” pode suscitar res- sentimento, como mostra o caso da filha de Kátia, de 10 anos, que reclama de o pai não lhe dar nada de marca, “privilé- gio” concedido apenas aos filhos de seu novo casamento. As palavras da menina, depois de ter pas- sado um fim de semana com o pai, mostram como a presença ou ausência da marca pode servir como meio para expressão de afetos, em um enunciado bastante direto: Lá [casa do pai] é tudo fraldas descartáveis Johnson&Johnson [o pai tem um filho de três meses]; só pra me vingar, passei muito creme Seda/Ceramidas no cabelo. Adaptado de BARROS, Carla; ROCHA, Everardo. Sabão em pó é Omo, cerveja é Skol. Revista HSManagement. 132 - 133 COLETA DE DADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E132 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na presente Unidade, vimos as diferentes formas de coleta de dados com orien- tações de como proceder em cada uma delas. Agora que já aprendemos como coletar os dados para a pesquisa, precisamos aprender como reunir esses dados adequadamente para que possamos analisá-los e tirarmos as conclusões da pesquisa. Nesta unidade, tivemos a oportunidade de trabalhar tópicos fundamen- tais para a operacionalização da pesquisa de marketing, como elaboração de questionários, escalas, população da pesquisa, determinação do tamanho da amostra a ser pesquisada e técnicas de amostragem. Com esses conhecimentos, você agora tem condições de coletar os dados de uma forma organizada e com rigor para que os dados possam ser, finalmente, transformados em informação relevante para construir análises e auxiliar na tomada de decisão. Estes assun- tos serão explorados na Unidade V deste livro, intitulada “Tabulação, análise e apresentação de resultados”. Mas antes de dar continuidade aos seus estudos conceituais, procure fazer as atividades de autoestudo das próximas páginas. Elas são fundamentais para seu processo de aprendizagem. A você um bom trabalho e até a Unidade V! 132 - 133 1. Uma distribuidora de filmes para homevideo deseja ampliar a sua participação de mercado na linha de filmes infantis, e pretende vendê-los em bancas de jornal. Sabe-se que na cidade de Vista Bonita há 4.200 bancas de jornal e que, segundo pesquisas anteriores, 840 não trabalham com revenda de filmes. Qual deve ser a amostra para o estudo junto às bancas, considerando 95% de segu- rança e 5% de erro? 2. Um shopping center de São José deseja identificar o perfil dos seus frequentado- res. Considerando um fluxo mensal de mais de 100 mil pessoas, defina o tama- nho da amostra para este estudo, considerando uma margem de erro de 4,5% e uma segurança de 95,5%. 3. Um fabricante de cervejas quer verificar a aceitação de uma nova marca junto ao segmento de padarias. Qual deve ser a amostra para este estudo, sabendo-se que em Granada há 12 mil padarias? Considere 99,7% de segurança e 3% de erro. 4. Uma revendedora de automóveis deseja realizar pesquisa junto aos clientes com o propósito de identificar a mídia mais adequada para veicular as promoções. Tendo em vista que a empresa possui um total de 13.500 clientes, calcule o ta- manho da amostra a ser pesquisada, considerando um intervalo de confiança de 95,5% e uma margem de erro de 3%. 5. Foi encomendada uma pesquisa junto aos eleitores de Felicidade, que totalizam 250 mil pessoas, para identificar as características importantes nos candidatos. Calcule o tamanho da amostra de eleitores a ser pesquisada considerando um I.C. de 95% e uma margem de erro de 4,5%. Para todos os casos, defina: - A população objeto de estudo, o tamanho da amostra a ser pesquisada e os procedimentos para a seleção dos elementos que irão compor a amostra. 6. Imagine que você esteja desenvolvendo uma pesquisa para detectar, junto ao público em geral, que temas/tipos de filmes alternativos teriam aceitação no mercado. O questionário elaborado por sua equipe contém, entre outras, as questões abaixo. Leia atentamente e identifique o tipo de questionário com relação à forma e ao conteúdo. Em seguida,identifique os tipos de perguntas utilizadas neste questionário. a) Você se interessa por assuntos místicos e/ou esotéricos (religião, meditação, as- trologia, tarô, poder da mente etc.)? ( ) Sim ( ) Não. Por quê? b) Gostaria de assistir a filmes em vídeo que tratassem do assunto? ( ) Sim ( ) Não. Por quê? c) Você tem filhos pequenos/crianças em casa? 134 - 135 ( ) Sim ( ) Não (Segue para a questão d). Quantos filhos você tem? Você alugaria filmes educativos e/ou recreativos para eles? ( ) Sim ( ) Não. Por quê? d) Qual é a sua opinião sobre os filmes de aprimoramento e treinamento da carreira profissional? e) Caso uma pessoa famosa recomendasse um filme para você, quem traria mais credibilidade? ( ) jornalista ( ) atleta ( ) ator/atriz ( ) músico/cantor ( ) outro: O corpo fala: linguagem silenciosa da comunicação não verbal. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland Editora: Vozesr Sinopse: livro que desvenda as expressões corporais humanas e os seus significados. Material Complementar 134 - 135 MATERIAL COMPLEMENTAR U N ID A D E V Professora Me. Camilla Barreto Rodrigues Cochia Professor Me. Alexandre Pieske TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender no que consiste a tabulação de dados. ■ Conhecer os passos necessários para a tabulação dos dados. ■ Aprender como os dados são tabulados. ■ Ter contato com exemplos de análise de dados. ■ Conhecer os tipos mais usados de representação gráfica de resultados de pesquisa. ■ Aprender como deve ser redigido e apresentado o relatório da pesquisa. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Tabulação de dados ■ Tipos de análises de dados ■ Representação gráfica ■ Redação do relatório da pesquisa ■ Recomendações gerenciais INTRODUÇÃO Embora saibamos que em gestão não há um modelo único que possa ser seguido, dadas as especificidades de cada organização e projeto, a Unidade V tem como objetivo ensinar os passos que você deve seguir para transformar os dados cole- tados em informações sistematizadas que permitam responder aos objetivos de pesquisa propostos. A esta atividade chamamos de tabulação dos dados. Além disso, no caso de pesquisas de natureza quantitativa, para que os resultados sejam apresentados de maneira mais atrativa ao leitor e para facilitar a visualização dos resultados é comum utilizarmos uma representação gráfica em forma de barras, linhas ou pizza, como será explanado ao final desta unidade. Temos como propósito, também, evidenciar que o relatório da pesquisa é um documento que irá auxiliar os gestores na tomada de decisão. Assim, como todo documento, ele deve ser redigido com muito cuidado, prezando pela cla- reza na exposição dos resultados obtidos no estudo realizado. TABULAÇÃO DE DADOS Vamos começar os nossos estudos pela tabulação de dados, que consiste em reunir as informações coletadas no trabalho de campo e codificá-las para que possam ser analisadas. A tabulação requer 4 passos, sendo eles (McDANIEL; GATES, 2003, p. 428): (1) validação, (2) codificação, (3) entrada de dados e (4) dados de depuração. A validação consiste em verificar se todos os questionários aplicados ou entre- vistas realizadas estão aptos a serem considerados na pesquisa. Estar apto neste caso significa ter todas as questões respondidas e da maneira como foi solicitado, por exemplo, se era uma questão para se ordenar as alternativas em primeiro, segundo e terceiro lugar, se isso foi cumprido ou se teve algum questionário no qual o respondente, ao invés de fazer isso, apenas assinalou com um X uma das alternativas de resposta. Neste caso, este questionário deve ser descartado. Assim Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E140 como devem ser descartadas entrevistas que na sua transcrição fica evidente que o entrevistador direcionou a resposta ou que deixou de colocar alguma das ques- tões previstas no roteiro de entrevista. Essa ação acontece no intuito de evitar que os dados fiquem contaminados com respostas fora do padrão definido, no caso das pesquisas quantitativas, ou no caso das pesquisas qualitativas que as informações fiquem incompletas ou influenciadas pelo entrevistador, não repre- sentando fidedignamente a opinião do entrevistado. A codificação consiste em “agrupar e designar códigos numéricos às várias respostas a uma determinada pergunta” (McDANIEL; GATES, 2003, p. 435). Em pesquisas qualitativas, os padrões de respostas devem ser codificados. Isso significa dizer que, no caso de uma pergunta aberta como “Quais as suas princi- pais motivações para acessar a internet?”, pode-se encontrar respostas tais como: “Entro na internet quando quero me distrair”; “Acesso a internet às vezes para me distrair e para fazer trabalhos da faculdade”; “Adoro entrar na internet para bater papo com os meus amigos, ver as fotos novas deles, saber as novidades dos conhecidos”. Essas respostas codificadas ficariam: ■ Quando quero me distrair. ■ Quando preciso fazer trabalho da faculdade. ■ Para bater papo com meus amigos. ■ Para eu ver fotos novas dos meus amigos. ■ Para saber as novidades dos conhecidos. A codificação, neste exemplo, são os números de (1) a (5) que a partir da codi- ficação representarão a informação textual. Em pesquisas quantitativas, a codificação é feita para as alternativas de res- postas presentes no questionário, por exemplo, quando se pergunta qual é o nível de instrução do respondente e as opções de respostas são: ■ Ensino fundamental incompleto. ■ Ensino fundamental completo. ■ Ensino médio incompleto. ■ Ensino médio completo. Tabulação de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 141 Neste exemplo a codificação são os números de (1) a (4). Esses números normal- mente vêm acompanhados do número da questão. Por exemplo, se esta fosse a primeira questão as alternativas seriam 1.1); 1.2); 1.3); 1.4). O ideal é que você, quando for elaborar um questionário, já inclua os códigos no próprio instru- mento, para facilitar a tarefa de tabulação, como ilustra o exemplo a seguir. Quadro 14 – Questionário codificado Parte 1 – Perfil 2.1. Idade: (1) menos de 25 anos (2) de 25 a 34 anos (3) de 35 a 44 anos (4) de 45 a 54 anos (5) de 55 a 65 anos (6) mais de 65 anos 2.2. Sexo: (1) Masculino (2) Feminino 2.3. Profissão: (1) Industrial (2) Comerciante (3) Proprietário Rural (4) Militar (5) Estudante (6) Profissional liberal (7) Funcionário público (8) Professor (9) Do lar (10) Outra 2.4. Qual é a sua renda mensal média? (1) até R$ 1000,00 (2) de R$ 1001,00 a R$ 2.000,00 (3) de R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 (4) de R$ 3.001,00 a R$ 4.000,00 (5) acima de R$ 4.001,00 Fonte: os autores A etapa seguinte compreende a entrada de dados, que normalmente “é feita por meio de sistemas de entrada inteligentes […] que refere-se à habilidade dos dispositivos de entrada de dados […] em checar certas informações que estão sendo inseridas” (McDANIEL; GATES, 2003, p. 437).Este tipo de sistema evita alguns tipos de erros como “entrada de códigos inválidos e violação dos padrões sequenciais” (McDANIEL; GATES, 2003, p. 437). No passo seguinte, dados de apuração, os dados já foram lançados e serão depurados, por exemplo, “se determinado campo no registro de dados deve ter apenas um código 1 ou 2, uma declaração lógica pode ser estabelecida para checar a presença de qualquer outro código nesse campo” (McDANIEL; GATES, 2003, p. 440). Por exemplo, suponhamos que ao lançar o dado no banco de dados, por erro de digitação seja lançado o número 3 no campo de registro. Na depuração aparecerá uma mensagem de erro neste campo alertando para uma correção, TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E142 evitando que este dado errado, número 3, seja computado com os outros e con- tamine o resultado, pois imagine que será feito um cálculo de média o número 3 irá distorcer os resultados que deveriam ser calculados entre os valores 1 e 2. Após a realização destes quatro passos, realiza-se o tratamento e a análise dos dados. “A análise de dados é a descrição do quadro de tabulação referente aos valores relevantes” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 168). Vale lembrar que os comentários da análise dos dados sempre devem trazer à tona informações com- plementares de leitura dos resultados apresentados nos gráficos e tabelas, tomando o cuidado de não repetir apenas os resultados já descritos nas tabelas e gráficos. TIPOS DE ANÁLISES DE DADOS Neste momento vamos passar à discussão acerca das técnicas mais comumente adotadas para realizar o tratamento dos dados. Vale lembrar que não vamos esgotar todas as opções possíveis, mas apresentar aquelas que, no momento, jul- gamos ser as mais adequadas para você. FREQUÊNCIA E PERCENTUAL A técnica mais comumente utilizada de tratamento dos dados é a de cálculo de frequência e de percentual. O cálculo de frequência consiste em contar todas as respostas dadas para cada alternativa. O cálculo de percentual pode ser de tabula- ção simples ou de tabulação com respostas múltiplas (SAMARA; BARROS, 2007). Tipos de Análises de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 143 Tabulação de percentual simples O cálculo de tabulação simples é aquele em que os respondentes escolhem ape- nas uma alternativa para a pergunta. Então, soma-se todas as respostas dadas separadamente por alternativa de resposta e divide-se o montante pelo número total de respondentes. Como exemplo da tabulação percentual simples, temos os resultados obtidos em uma pesquisa que teve como objetivo identificar os motivos pelos quais as pessoas usam o software livre Linux, ilustrados na Tabela “Principal utilização do Linux no dia a dia”. O exemplo, a seguir, ilustra as respos- tas atribuídas por um total de 313 respondentes a quatro variáveis (profissional, acadêmico, pessoal e hobby/curiosidade). A primeira coluna representa o número de ocorrências para cada uma das opções de resposta do questionário, a segunda coluna indica o percentual que essas respostas representam no total e a terceira o percentual acumulado, ou seja, soma-se cada um dos resultados obtidos até atingir o 100% das respostas obtidas. FREQUÊNCIA P E R C E N T U A L (%) PERCENTUAL ACUMULADO (%) Profissional 120 38,3 38,3 Acadêmico 27 8,6 47,0 Pessoal 139 44,4 91,4 Hobby/ Curiosidade 27 8,6 100,0 Total 313 100 Tabela 02 - Principal Utilização do Linux no Dia-a-Dia Fonte: Pieske (2008, p. 66) TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E144 Análise percentual simples Vimos como fazer o tratamento dos dados usando a distribuição de frequência, que nos dá o número ou a porcentagem de ocorrências para cada opção de res- posta presente no instrumento de coleta de dados. A seguir, temos um exemplo de como analisar os dados, ou seja, fazer uma leitura das informações obtidas, considerando a mesma situação ilustrada na tabela 02. A tabela 02 apresenta algumas informações que rompem com o senso comum de que o Linux está restrito ao âmbito acadêmico, principalmente de estudan- tes de cursos de Computação, bem como fonte de hobbystas e curiosos. Ambos os percentuais foram de 8,6% nestas aplicações. Segundo a pesquisa, a principal utilização do Linux atualmente é no campo pessoal (44,4%). Isso pode ser um indicativo de que as pessoas estão cada vez mais procurando sistemas alternati- vos ao Windows, reconhecidamente mais vulnerável a falhas de segurança, em função do crescente acesso a sites de bancos e compras online (PIESKE, 2008). A questão do uso no trabalho (38,3%), por sua vez, pode estar relacionada com a adoção do software livre por parte de órgãos públicos e de algumas empresas a fim de reduzirem seus custos com licenças de uso dos aplicativos. Tabulação de percentual com respostas múltiplas No cálculo de tabulação com respostas múltiplas, os respondentes podem esco- lher mais de uma alternativa de resposta para a pergunta realizada. Neste caso, faz-se a soma de todas as respostas dadas separadamente por alternativa de res- posta e divide-se o montante pelo número total de respostas dadas, e não pelo número de respondentes. Como exemplo de tabulação com respostas múlti- plas, podemos citar uma pesquisa que esteja investigando os hábitos de busca de informação sobre moda na internet. Dentre estes hábitos, vamos identificar o que motiva os respondentes a acessarem blogs de moda. Como as motivações podem ser várias, o pesquisador pode definir que para esta questão o respondente poderá assinalar até três alternativas. O resultado desta pergunta e tabulação estão ilustrados a seguir. Pesquisa com amostra de 100 mulheres que afirmam consumir produtos de moda. Pergunta: O que motiva a senhora acessar blogs de moda? Para esta ques- tão poderão ser assinaladas até três respostas. 1) [ ] Buscar inspiração para compor o que vou usar no dia a dia. 2) [ ] Saber quais lançamentos de Marcas/Coleções foram feitos. 3) [ ] Acompanhar tendências de Moda. 4) [ ] Saber preço de produtos. 5) [ ] Buscar inspiração para compor o que vou usar em uma ocasião espe- cial. 6) [ ] Sonhar vendo um mundo que não faz parte da minha realidade finan- ceira. 7) [ ] Buscar inspiração para compor o que vou usar em uma entrevista de emprego. 8) [ ] Encontrar informações sobre celebridades. 9) [ ] Buscar informações diversas para ter assunto com as amigas. Tipos de Análises de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 ALTERNATIVA FREQUÊNCIA PERCENTUAL* Buscar inspiração para compor o que vou usar no dia a dia 79 31,23 Saber quais lançamentos de Marcas/Cole- ções foram feitos 31 12,25 Acompanhar tendências de Moda 14 5,53 Saber preço de produtos 32 12,65 Buscar inspiração para compor o que vou usar em uma ocasião especial 18 7,11 Sonhar vendo um mundo que não faz parte da minha realidade financeira 26 10,28 Buscar inspiração para compor o que vou usar em uma entrevista de emprego 23 9,09 Encontrar informações sobre celebridades 20 7,91 TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E146 Buscar informações diversas para ter assun- to com as amigas 10 3,95 Total de respostas 253 100 *Ocálculo dos percentuais é feito considerando o número de respostas. Tabela 03 – Motivações para acessar blogs de moda Fonte: os autores Análise de percentual com respostas múltiplas A tabela 03 nos mostra que as principais motivações dos respondentes para acessar blogs de moda encontram-se vinculadas à busca de informações práti- cas, como orientação de escolha de roupas e acessórios para uso diário, preço de produtos e lançamentos de coleções (que indicam informações sobre novos produtos). Esses três quesitos somam 56,13% das motivações. No outro extremo, ou seja, as motivações menos pontuadas, dizem respeito à busca de informações sobre celebridades e informações para ter assunto com as amigas, que parecem não incentivar tanto o acesso aos blogs de moda. O que sugere que informações menos práticas provavelmente sejam buscadas em outras fontes que não os blogs de moda. Alternativa de resposta em aberto Algumas perguntas fechadas possuem possibilidade de alternativa de res- posta em aberto como complemento da resposta. Por exemplo, em uma pesquisa na qual foi levantada a marca de roupa que a pessoa mais costuma comprar e se faz uma pergunta complementar do por quê compra roupas de determinada marca, como ilustrado a seguir. Neste caso, “padronizam-se as respostas por categoria e procede-se à tabulação como tabulação simples ou múltipla” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 170), conforme é possível observar no exemplo apresentado pelos autores citados. Amostra: 100 entrevistas Pergunta: Qual é a marca de roupa que você compra com mais frequência? ( ) Marca Alfa ( ) Marca Beta ( ) Marca Gama ( ) Outra Por que você compra roupas dessa marca? Tipos de Análises de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 RESPOSTAS FREQUÊNCIA INDIVIDUAL AGRUPAMENTO EM CATEGORIA FREQUÊNCIA DA CATEGORIA PERCENTUAL São muito boas 30 Qualidade 45 45Bem feitas 10 Melhor que outras 5 De grife 10 Marca 20 20Marca co- nhecida 10 Mais baratas 30 Preço 35 35Custam menos 5 Tabela 04 – Razões para comprar roupas da marca Y Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 170) Análise das respostas em aberto De acordo com a tabela 04, foram identificadas três categorias que representam as razões dos respondentes para comprar roupas da marca Y, que foram: qualidade, marca em si e preço. É possível observar que dentre as categorias identificadas, a qualidade é a que mais se destaca, com 45% das respostas. Tabulação ponderada de dados Em alguns casos de pesquisa em que sejam utilizadas escalas diferenciais para as respostas, faz-se necessário ponderar as respostas e utilizar o cálculo das médias. Assim, em perguntas com notas que vão de “ótimo” a “péssimo”, a nota ótimo pesa mais do que a nota bom que, por sua vez, pesa mais do que a nota regular e assim por diante. Para calcular o resultado da nota atribuída na pergunta, mul- tiplica-se o peso da resposta pelo número de respondentes para cada opção de resposta. Após esse cálculo da ponderação, calcula-se a média das notas soman- do-se todas e dividindo-se esse resultado pelo número de respondentes. Como exemplo deste tipo de tabulação, podemos considerar a avaliação de uma loja que comercializa roupas com base nos quesitos: 1) condições de pagamento; 2) atendimento dos vendedores; e 3) variedade de produtos. TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E148 Amostra: 200 respondentes Questão: Em relação à loja da marca Y, avalie os fatores relacionados abaixo considerando a escala apresentada: PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO Condições de pagamento -2 -1 0 1 2 Atendimento dos vende- dores -2 -1 0 1 2 Variedade de produtos -2 -1 0 1 2 Fonte: os autores AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Ótimo 20 2 40 Bom 90 1 90 Regular 44 0 0 Ruim 31 -1 -31 Péssimo 15 -2 -30 Total 200 69 Tabela 05 – Avaliação das condições de pagamento Fonte: os autores Média das notas para condições de pagamento = 0,35. AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Ótimo 41 2 82 Bom 40 1 40 Regular 40 0 0 Ruim 60 -1 -60 Péssimo 19 -2 -38 Total 200 Tabela 06 – Avaliação das condições do atendimento dos vendedores Fonte: os autores Tipos de Análises de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 Média das notas para atendimento dos vendedores = 0,12. AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Ótimo 90 2 180 Bom 50 1 50 Regular 20 0 0 Ruim 25 -1 -25 Péssimo 15 -2 -30 Total 200 Tabela 07 – Avaliação das condições da variedade de produtos Fonte: os autores Média das notas para variedade de produtos = 0,88. Avaliação dos resultados da tabulação ponderada de dados A tabela 08, “Resultado da tabulação ponderada”, nos mostra que na avaliação geral da loja que comercializa as roupas da marca Y, o quesito melhor avaliado foi o da variedade de produtos e o pior avaliado foi o atendimento dos vendedo- res, sinalizando que este é um fator que deve ser melhorado na loja. QUESITOS DE AVALIAÇÃO MÉDIAS Condições de pagamento 0,35 Atendimento dos vendedores 0,12 Variedade de produtos 0,88 Tabela 08 – Resultado da tabulação ponderada Fonte: os autores Ainda considerando a tabulação ponderada, podemos considerar o uso da escala de concordância Likert, segundo a qual o respondente deve escolher uma das alternativas que podem ir de “concordo totalmente” até “discordo totalmente”. Aqui novamente serão atribuídos pesos, de modo que concordo totalmente terá um peso maior do que a opção concordo parcialmente, que terá um peso maior do que a opção indiferente e assim por diante. Para calcular o resultado do índice de concordância para a pergunta, mul- tiplica-se o peso da resposta pelo número de respondentes para a resposta. Em TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E150 seguida, calcula-se a média das notas somando-se todas as notas e dividindo-se esse resultado pelo número de respondentes. Como exemplo deste tipo de tabu- lação, podemos considerar a avaliação do que seria uma roupa de qualidade com base nos quesitos: 1) conforto; 2) caimento, e 3) durabilidade. Amostra = 200 respondentes Questão: Considere as roupas da marca Y e indique o seu grau de concor- dância com relação às afirmações abaixo. AFIRMAÇÃO D I S C O R D O TOTALMENTE D I S C O R D O PARCIALMENTE NEM CONCORDO NEM DISCORDO C O N C O R D O PARCIALMENTE CO N CO R D O TOTALMENTE São con- fortáveis 1 2 3 4 5 Possuem um bom caimento 1 2 3 4 5 Têm elevada durabili- dade 1 2 3 4 5 Fonte: os autores AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Concordo totalmente 90 5 450 Concordo parcialmente 50 4 200 Nem concordo nem discordo 20 3 60 Discordo parcialmente 25 2 50 Discordo totalmente 15 1 15 Total 200 Tabela 09 – Avaliação do conforto da roupa Fonte: os autores Tipos de Análises de Dados Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 151 Média das notas para conforto = 3,88. AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Concordo totalmente 20 5 100 Concordo parcialmente 90 4 360 Nem concordo nem discordo 34 3102 Discordo parcialmente 30 2 60 Discordo totalmente 26 1 26 Total 200 Tabela 10 – Avaliação do caimento da roupa Fonte: os autores Média das notas para caimento = 3,24. AVALIAÇÃO FREQUÊNCIA PESO FREQUÊNCIA X PESO Concordo totalmente 10 5 50 Concordo parcialmente 20 4 80 Nem concordo nem discordo 54 3 162 Discordo parcialmente 60 2 120 Discordo totalmente 56 1 56 Total 200 Tabela 11 – Avaliação da durabilidade da roupa Fonte: os autores Média das notas para durabilidade = 2,34 QUESITOS DE AVALIAÇÃO MÉDIAS Conforto 3,88 Caimento 3,24 Durabilidade 2,34 Tabela 12 – Resultado da tabulação ponderada Fonte: os autores Análise dos resultados da tabulação ponderada de dados Analisando a tabela 12, é possível verificar que as roupas da marca Y tiveram como pior quesito a durabilidade. Mesmo o conforto, quesito que teve maior pon- tuação, teve, em uma escala de 1 a 5 pontos, uma nota média que não chega a 4 pontos, o que representava “concordo parcialmente”, demonstrando que mesmo este quesito ainda não está apresentando um ótimo desempenho. TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E152 Tabulação cruzada A tabulação cruzada consiste em “observar as respostas a uma pergunta em rela- ção às respostas a uma outra ou mais perguntas” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 445). Para que este cruzamento se justifique, é necessário considerar uma discus- são prévia sobre quais serão as perguntas que, se cruzadas, trarão enriquecimento para a análise dos dados. Como exemplo de tabulação cruzada de dados, imaginemos que um grupo de investidores da área da saúde planeje abrir um hospital tendo como público- -alvo os idosos. Para tanto, esse grupo de investidores está avaliando entre duas cidades, uma chamada Alfa e a outra chamada Delta, para verificar qual seria a melhor opção. Os investidores então realizam uma pesquisa considerando “o relacionamento entre as cidades que os consumidores estão dispostos a consi- derar para internação e sua idade. Essa tabulação cruzada mostra frequências e porcentagens” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 445). O objetivo da pesquisa é verificar se, dependendo da faixa-etária dos respondentes, existe diferença na preferência por uma cidade para internação. Pergunta: Se o(a) senhor(a) ou outro membro de sua família precisasse de internação no futuro e se o procedimento pudesse ser feito na cidade Alfa ou na Cidade Delta, qual dessas duas cidades o(a) senhor(a) escolheria? Amostra: 300 respondentes ALTERNATIVAS DE CIDADE IDADE TOTAL 18-34 anos 35-54 anos 55-64 anos 65 ou mais anos Um hospital na cidade Alfa 21 32,3% 40 48,2% 25 49,0% 57 57,0% 144 48,0% Um hospital na cidade Delta 43 66,2% 40 48,2% 23 45,1% 40 40,0% 146 48,7% Não sei /Não respondeu 1 1,5% 3 3,6% 3 5,9% 3 3,0% 10 3,3% Total 65 100% 83 100% 51 100% 100 100% 300 100% Tabela 13 – Relação entre a cidade de internamento e a idade Fonte: adaptado de Samara e Barros (2007, p. 445) Representação Gráfica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 153 Análise dos resultados da tabulação cruzada Na tabela 13 é possível verificar que “os consumidores em faixas-etárias suces- sivamente mais altas estão cada vez mais propensos a escolher a cidade Alfa e cada vez menos inclinados a optar pela cidade Delta” (SAMARA; BARROS, 2007, p. 445). Após realizadas as tabulações e tendo em mãos os resultados da pesquisa, o passo seguinte consiste na escolha dos gráficos que serão usados para ilustrar os resultados. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA A representação gráfica consiste em apresentar por meio de figuras os resultados da pesquisa (McDANIEL; GATES, 2003). Essas representações facilitam a visua- lização dos resultados tornando a leitura mais ágil. Os gráficos mais comumente utilizados são os gráficos de linhas, de barras e de pizza, ilustrados na sequência. GRÁFICO DE LINHAS Gráfico 01 - Evolução das vendas reais, renda real e juros reais – junho de 2000 a outubro de 2007 Fonte: IPEA, 2008 O Gráfico 01 de linhas representa a evolução das vendas reais, da renda real e dos juros reais no Brasil entre os meses de junho a outubro entre os anos de 2000 a 2007, demonstrando que enquanto as vendas cresceram no período, a TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E154 renda real praticamente se manteve estável, com pouca alteração e a taxa real de juros caiu significativamente. Gráfico de Pizza O Gráfico 02 de pizza apresenta a preferência dos alunos de uma escola por diferentes práticas esportivas considerando as opções Futebol, Vôlei, Basquete, Natação e outros. A respeito do gráfico de pizza, deve-se ter cuidado quando os resultados são muito próximos uns dos outros, como exemplo, percentuais de 1%; 1,8%, pois as fatias acabam não ficando visivelmente definidas, de modo que o ideal seria utilizar outro tipo de representação gráfica. Gráfico 02 – Preferência por modalidade esportiva Fonte: Instituto HSBC Solidariedade Gráfico de Barras Gráfico 03 – Investimento x tempo dispendido x meio preferido da audiência Fonte: Urdan e Urdan (2010b) Redação e Apresentação do Relatório da Pesquisa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 155 O Gráfico 03 apresenta o investimento feito em propaganda, o tempo dispendido pelosegmento alvo em cada um dos veículos de mídia analisados e a avaliação dos respondentes quanto ao meio preferido pelo segmento-alvo para procurar informações sobre o produto. Para tanto, foram analisados cinco veículos de mídia: televisão, jornais, rádio, revistas e internet. REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DA PESQUISA Após concluir a análise dos dados, o pesquisador deve se concentrar na redação do relatório e na posterior comunicação das conclusões da pesquisa e recomen- dações gerenciais (McDANIEL; GATES, 2003). De acordo com Samara e Barros (2007, p. 186), “interpretados os dados obtidos na pesquisa e feita a competente análise, o pesquisador deve encerrar o seu relatório, respaldado nos números e com sugestões seguras de ações mercadológicas”, de modo que o cliente – ou a empresa – possa tomar decisões conscientes e com base em informações confiáveis. A elaboração do relatório compreende uma etapa de suma importância, já que os resultados da pesquisa tendem a influenciar as decisões gerenciais. Mattar (2001, p. 258) considera que “o relatório escrito é a forma mais completa e a mais utilizada para a comunicação dos resultados de uma pesquisa”. Assim, o relató- rio é um reflexo do estudo realizado e deve ser elaborado considerando aspectos como (1) objetividade, que implica em usar parágrafos curtos, bem como pon- tuar adequadamente para expressar, com (2) clareza, as ideias; (3) precisão, que depende do cuidado no planejamento e na execução da pesquisa, de modo que o pesquisador se preocupe em expressar a realidade dos fatos; além disso, deve- -se tomar cuidado com as normas gramaticais e ortográficas; (4) coerência, ou seja, atentar para a sequência lógica ao redigir o relatório e (5) concisão, que compreende a seleção adequada das informações que devem constar no rela- tório, para que este esteja completo, mas não redundante, o que dificultaria a leitura (MATTAR, 2001). 156 - 157 TABULAÇÃO, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOSReprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E156 A qualidade da pesquisa, avaliada por meio deste documento, está relacio- nada com a resposta às seguintes perguntas: O estudo atingiu os seus objetivos? A metodologia delineada na proposta foi seguida rigorosamente? As conclu- sões estão baseadas em deduções lógicas, realizadas a partir da análise dos dados coletados? Tendo em vista as conclusões, as recomendações são pruden- tes? (McDANIEL; GATES, 2003). Nesse sentido, o relatório deve começar com a apresentação dos objetivos da pesquisa, seguida dos procedimentos metodológicos adotados. Logo depois, deve-se apresentar as principais descobertas, ilustrando-as por meio do uso de gráficos, no caso da pesquisa de natureza quantitativa. O relatório deve terminar com as conclusões e a apresentação de recomendações aos gestores. Vale ressaltar que, além do relatório escrito, em algumas situações, é neces- sária a apresentação oral, que serve para dar suporte ao documento apresentado. Mattar (2001, p. 269) pondera que as apresentações orais têm o propósito principal de permitir aos usu- ários da pesquisa efetuar perguntas e solicitar esclarecimentos sobre pontos em que restam dúvidas. [...] só deve ser efetuada após os usuá- rios terem tido contato com os resultados contidos no relatório. Para esta apresentação, sugerimos aos pesquisadores que sigam a mesma estru- tura do relatório escrito e tenham os mesmos cuidados, evidenciando os pontos mais importantes encontrados na pesquisa realizada. 156 - 157 Para que a informação gerada pela pesquisa possa ter o impacto desejado é funda- mental estar preparada para apresentar o relatório com os resultados e conclusões de maneira planejada. Confira algumas dicas para uma boa apresentação: Quer dar um show no PowerPoint? Confira uma coleção de truques e tutoriais para produzir melhor e mais rápido suas apresentações Maria Isabel Moreira - INFO Online Para apresentar um novo produto, detalhar um projeto, mostrar resultados ou mesmo expor um trabalho escolar, o PowerPoint é um forte aliado. Não é preciso muito esforço para criar uma apresentação simples no gerador de apresentações do pacote Office da Microsoft. Trabalhos mais complexos, no entanto, exigem um pouco mais de conhecimento e de tempo. Confira aqui uma coleção de dicas do PowerPoint 2007 para se sair bem nas apresentações. Ganhe tempo Se um documento do Word contém o texto que você quer usar na apresenta- ção, aproveite o documento usando alguns truques de formatação. E se precisar do contrário? Veja como aproveitar o texto das apresentações em documentos do Word. Precisa de uma imagem? Slides do Power- Point também podem virar facilmente imagens JPG. Se você tem um trabalho pronto e quer aproveitar apenas alguns slides dele para criar uma segunda apre- sentação, use o recurso para a criação de apresentações personalizadas. Capriche no conteúdo As apresentações não precisam ter apenas textos e imagens. Não é conveniente abu- sar dos recursos multimídia, mas às vezes uma explanação com vídeos e músicas fica mais convincente. Vídeos que estão no YouTube também podem incrementar sua exposição. Precisa pular facilmente para outro slide ou apresentação ou mesmo sal- tar para uma página web? Os hiperlinks também podem fazer parte do seu traba- lho. Antes do show Se a execução do projeto ou da própria apresentação envolveu uma equipe, não deixe de indicar quem foram seus colabo- radores. Use uma animação personalizada para incluir uma lista de créditos como em uma produção cinematográfica. Para que a apresentação não se arraste ou, ao contrário, fique muito corrida, o melhor é testar o intervalo de tempo entre os sli- des antes que as luzes se apaguem. Se quiser que a audiência tenha uma cópia do que será apresentado e possa fazer ano- tações, crie um folheto para distribuir aos presentes. Formato final A apresentação pode ser executada em seu próprio computador ou não. Quem tem plano de mandá-la para a web pode usar um recurso do próprio PowerPoint para sal- var o trabalho para exibição na internet ou adotar um programa auxiliar para conver- tê-la em Flash. Você também pode gravar a apresentação em um CD se quiser garan- tir sua exibição caso não possa contar com seu computador por qualquer motivo. Se o trabalho vai seguir por e-mail e você não tem certeza de que o destinatário tem as fontes que você usou instaladas, inclua a fontes na apresentação para preservar o visual do trabalho. Fonte: Revista Info Exame. Disponível em: <http://info.abril.com.br/dicas/escritorio/apresen- tacao/quer-dar-um-show-no-powerpoint.shtml?2>. Acesso em: 05 nov. 2012. Recomendações Gerenciais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 RECOMENDAÇÕES GERENCIAIS As Recomendações Gerenciais dizem respeito às sugestões de aplicações práti- cas decorrentes dos resultados da pesquisa. Por exemplo, suponhamos que uma instituição de ensino esteja avaliando a possibilidade de utilizar software livre em seus computadores, de acordo com o resultado apresentado na Tabela 02 - Principal Utilização do Linux nu Dia a Dia, é possível verificar que a utiliza- ção acadêmica é a menos frequente quando se trata do Linux, o que indica que, caso a instituição de ensino opte por este sistema, terá que ensinar seus alunos a utilizá-lo além de incentivá-los a usar o mesmo. Outra recomendação gerencial que poderia ser dada seguindo uma linha distinta de pensamente seria a de não adotar o software Linux para ser utilizado na instituição devido ao baixo índice identificado de uso acadêmico do mesmo. Outro exemplo de Recomendação Gerencial seria com base no Gráfico 03 – Investimento x tempo dispendido x meio preferido da audiência. Suponhamos que uma empresa tenha como público-alvo o público que participou da pes- quisa que resultou neste gráfico. Caso esta empresa esteja buscando um veículo de mídia para anunciar seus produtos, o veículo mais recomendado seria a inter- net, pois além de ser o veículo de menor custo é o que possui maior preferência dos respondentes. 160 - 161 O LUXO BRASILEIRO - METODOLOGIA A MCF Consultoria e a GFK Brasil fizeram três estudos em um, cada qual com meto- dologia própria, especificada a seguir. Pesquisa com as empresas de luxo Tipo: quantitativa, por meio de questioná- rio estruturado. Local: todo o Brasil. Amostra: 95 empresas entrevistadas. Par- tiu-se de um universo de 283 empresas previamente analisadas e selecionadas. Os números de faturamento/investimento foram projetados para o mercado como um todo. Entrevistas: pela internet, acima de 30 minutos. Período de campo: de janeiro a maio de 2010. Pesquisa com o consumidor do luxo Tipo: quantitativa, por meio de questioná- rio estruturado. Amostra: 344 consumidores entrevistados. Meios de abordagem e seleção dos consu- midores do luxo utilizados foram por site (68%), convite por e-mail (24%), revista (3%) e loja (1%). Entrevistas: pela internet com duração acima de 30 minutos. Período de campo: de maio a junho de 2010. Pesquisa com a população Tipo: quantitativa. Locais: Porto Alegre, Curitiba,São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Manaus Amostra: 1.000 pessoas (classes ABCD, homens e mulheres, acima de 18 anos). Entrevistas: por telefone. Período de campo: janeiro de 2010. O luxo brasileiro – Desenvolvimento do estudo Estudo MCF/GfK, cujos highlights foram preparados para o projeto Brasil: Pre- sença na Gestãoque Dá Certo, mostra mais investimentos das marcas de luxo no País, confirmando que mercados emer- gentes são maior aposta que os mercados maduros. As empresas estão adaptando sua gestão às especificidades brasileiras, como o hábito do pagamento parcelado e a juventude do consumidor, que, entre outras coisas, fortalece a internet na comunicação. Apenas 21 Ferraris zero-quilômetro foram vendidas no Brasil em 2009. Como o custo de uma é de R$ 1,4 milhão, o faturamento final continuou significativo, mas, levando em conta que o mercado local registrava até então a venda de 35 a 40 unidades por ano, o resultado é desapontador. Seria essa queda sinal do abalo do até então ascen- dente mercado de luxo do País, como vem acontecendo em várias economias madu- ras? A pesquisa O mercado de luxo no Brasil 160 - 161 2009-2010 traz indícios de que a resposta é “não”. Realizada pela MCF Consultoria e pela GfK Custom Research Brasil com 95 empresas entre janeiro e maio de 2010 e publicada com exclusividade por HSM Management, o estudo, em sua quarta edição, apresenta dados razoavelmente animadores: Em 2009, as vendas conjuntas das empre- sas do setor cresceram 4% em comparação com 2008. Isso confirma a tendência de alta e até supera a média: o setor que já aumentara 17% em termos reais em 2007 (em relação ao ano anterior) e 12,5% em 2008. O que houve, em muitos casos, foram simplesmente vendas aquém do esperado. Os players investiram mais em expansão a fim de compensar a crise econômica que abateu o mercado mundial em 2008 e 2009. Os investimentos somaram US$ 1,24 bilhão em 2009 (20% do faturamento), ante US$ 950 milhões em 2008 (16%) e US$ 770 milhões em 2007 (15%). Os pontos de venda dos entrevistados subiram de 144 para 183 entre o primeiro semestre de 2009 e o mesmo período de 2010. A expectativa para o período 2010-2011 é francamente a de retomada do cres- cimento. O setor espera faturar R$ 15,1 bilhões em 2010 (US$ 7,59 bilhões), com crescimento de 22%. Dos entrevistados, 66% acreditam que os efeitos da crise já se diluam muito em 2010. Mais importante talvez é notar que o consumo de luxo no Brasil, tem sua especi- ficidade e as empresas estão aprendendo a entendê-la e a lidar com ela. Se, nos Estados Unidos, encontram-se grifes até em lojas de departamentos, aqui há uma exclusividade que representa um aspecto de inclusão social. Então, ter produtos mais acessíveis como chamariz, novas formas de comercia- lização (vendas pela internet e por telefone) e formas facilitadas de pagamento são as ferramentas que as empresas do setor de luxo do Brasil estão gerenciando para sua expansão, como revela a pesquisa MCF/GfK. É característico do mercado doméstico o hábito de comprar a crédito, parcelando o pagamento em várias vezes, faz parte da cultura nacional e está se introduzindo for- temente no consumo de produtos de maior valor. Em razão dessa característica, grifes internacionais estão adotando concessões exclusivas para o Brasil, tornando seus pro- dutos mais acessíveis a novos admiradores da marca. Na análise dos pesquisadores da MCF, as empresas do setor de luxo perce- beram o potencial desses novos clientes e criaram condições diferenciadas para a aquisição de seus artigos, o que eles não teriam durante viagens internacionais. Imortalizada pelo livro Breakfast at Tif- fany’s, de Truman Capote, lançado em 1950, e depois pelo filme Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn, em 1961, a Tiffany & Co. é um ícone de sofisticação e exclusivi- dade. No Brasil, a peça mais cara é um anel solitário de diamante no valor R$ 426 mil. Se era impensável às classes B e C adquirir uma joia da tradicionalíssima Tiffany, que povoa o imaginário mundial há 173 anos, a consagrada joalheria com loja principal na Quinta Avenida, em Nova York, faz condi- ções especialíssimas no Brasil. Acreditando que a carga tributária seja o maior empe- cilho à conquista dos novos consumidores da marca, a Tiffany chega a oferecer produ- tos que podem ser pagos em oito ou dez vezes no cartão de crédito. Podiam ser par- celados, por exemplo, os relógios da grife, produzidos com exclusividade pelo Swatch 162 - 163 Group para a Tiffany, que na promoção rea- lizada para o Dia dos Pais custavam entre R$ 11.220 e R$ 32.230. Diante do hábito brasileiro do parcela- mento, as marcas internacionais entendem que essa é uma oportunidade para que haja a experimentação de produtos acima do padrão que existe no mercado nacional. “O Brasil é um mercado que vem crescendo consideravelmente e nossa intenção é criar a ‘experiência Tiffany’, ligada a momentos de celebração”, afirma Sandro Fernan- des, gerente-geral da Tiffany no País, que conta com duas lojas em São Paulo, nos shopping centers Iguatemi e Cidade Jar- dim. De acordo com ele, o processo se inicia quando o consumidor vai à loja e seleciona uma peça que representa a pes- soa a ser presenteada. Embora a exposição dos produtos na internet facilite a escolha prévia, o forte da joalheria ainda é o aten- dimento personalizado, com assessores de vendas que partilham conhecimento sobre joias e diamantes com os clientes. “Se hou- ver necessidade de uma visita pessoal ao cliente, nós fazemos, mas a vinda à loja para selecionar a peça e levá-la dentro de nossa tradicional caixinha azul-clara é algo único”, diz o gerente-geral da Tiffany. Outra especificidade do setor de luxo no Brasil, que o diferencia dos Estados Uni- dos e da Europa, é o fato de o mercado ser predominantemente de jovens. A maior parte do público do luxo é jovem – 65% dos clientes das lojas têm até 45 anos de idade –, o que revela bons prognós- ticos de consumo futuro, inclusive. Para comparar, nos mercados maduros os con- sumidores costumam ter mais de 55 anos. A pesquisa mostrou ainda que já existe um hábito de compra de luxo. Mesmo o ticket médio por compra tendo ficado em R$ 2.726 em 2009, valor 25% inferior ao de 2008, pelo menos manteve-se uma frequência de compra: um terço do público adquire artigos de luxo mensalmente, 26% semanalmente, 13% quinzenalmente e 11% mais de uma vez por semana. Isso é signi- ficativo. Essa juventude explica por que, ao lado de nomes tradicionais como Ferrari e Tiffany, marcas jovens têm tão bom desempenho aqui, mesmo diante de circunstâncias eco- nômicas aparentemente desfavoráveis, como revelou a pesquisa. Por exemplo, chamou a atenção a grife do designer francês de sapatos e bolsas Christian Louboutin, presente no mercado mundial há menos de dez anos e que, no Brasil, aparece em primeiro lugar na cate- goria sapatos de luxo. A jovem marca ficou famosa nos longas-metragens baseados na série Sex and the City, de forte apelo fashion. Entre as nacionais, Osklen e Trou- sseau também registraram performances semelhantes em um contexto similar. Outro desempenho significativo foi o da Hermès, que, embora tradicional lá fora, tem apenas um ano de operação oficial no Brasil – ou seja, aqui ela é jovem. Ela já se encontra bem conceituada entre os consumidores de luxo no ranking das top of mind. É interessante notar que as lojas de comidas e bebidas de luxo, avaliadas pela primeira vez, já representam marcas nacionais fortes. Aparecem na pesquisa Santa Luzia (23%), Santa Maria (18%), Fauchon (6%), Fasano e Pão de Açúcar (ambos com 4%). Das empresas pesquisadas, 73% declara- ram que pretendem acelerar investimentos em 2011, o que evidencia a aposta em mer- cados emergentes, já que se sente recuo 162 - 163 nesse aspecto em mercados maduros. Em 2010, eles devem se manter no mesmo patamar absoluto de 2009, de US$ 1,21 bilhão, mas provavelmente voltarão à razão de 16% do faturamento. Como se distribuirão esses recursos? Tanto em 2009-2010 comonas projeções para 2010-2011, as empresas de controle estrangeiro se mostram preocupadas em expandir o portfólio, fortalecer suas marcas e crescer no limite no Brasil, seja por meio de novos pontos de venda – virtuais, inclu- sive –, seja por canais diferenciados (visitas pessoais e eventos). Nos planos estão maior penetração nos mercados-chave de São Paulo e Rio de Janeiro, e também em Bra- sília, considerado de grande potencial para o desenvolvimento de negócios. Isso é reflexo do alinhamento com as estraté- gias, produtos, serviços e operações de suas matrizes, que voltaram a atenção para os mercados emergentes. Se dependesse do consumidor, contudo, talvez a maior parte do investimento pudesse se destinar à melhora do aten- dimento. Esse é o item talvez com os percentuais mais baixos de respostas entre as marcas de luxo. O melhor atendimento, como o da Louis Vuitton, é apontado por apenas 11% dos entrevistados, seguido de H.Stern (10%) e Tiffany (8%), e 17% sim- plesmente não responderam à questão, refletindo que, mesmo entre as líderes, o serviço ainda não é o ideal. Boa parte dessa constatação se reflete no nível de exigên- cia desse público, acostumado à excelência. Para reverter a percepção, as empresas afir- mam que apostarão mais em atendimento direto, domiciliar e exclusivo. A Tiffany, por exemplo, optou por ações personali- zadas como a realizada no Dia das Mães, em que dez clientes foram homenagea- das com cerimônia no ponto de venda. Vale notar ainda que desenvolver mão de obra diferenciada é o que mais justifica, estra- tegicamente, o mercado de luxo no Brasil, ao menos para os consumidores entre 45 e 55 anos (os mais jovens também falam em serviços diferenciados). Entre os investimentos criativos do setor de luxo, adequados a nossas especificidades, a pesquisa MCF/GfK destaca a comunica- ção pela internet e por e-mail, portais como Glamurama e Petiscos, além da promoção de eventos, a exemplo do que faz a Ferrari, dirigida a um mailing confidencial de 1,2 mil pessoas, das quais 600 são clientes ati- vas, como conta Viviane Polzim, diretora de marketing do grupo. A Via Italia, revenda da Ferrari no Brasil, é outra que se preo- cupa com a renovação de portfólio e já está comercializando modelos que fazem parte da linha 2011, como o cupê conversível de capota rígida Ferrari California (na faixa de R$ 1,35 milhão) e o esportivo F458 Ita- lia (precificado em, aproximadamente, R$ 1,5 milhão), concebido com o estúdio de design italiano Pininfarina. Case H.Stern A atriz Kristen Stewart compareceu à 82ª edição da entrega do Oscar, no Kodak The- atre, em Los Angeles, com um bracelete Marquis de ouro branco e diamantes H.S- tern. Avaliada em US$ 224 mil, a joia no braço da estrela dos filmes Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse fez a grife assumir a primeira colocação no ranking dos obje- tos de desejo. É assim que funciona o mercado de luxo mundial, e a brasileira H.Stern destaca-se cada vez mais por isso. Embora Christian Hallot, embaixador da marca, identifique que, na história de 65 anos da grife, o cuidado extremo na cria- ção e produção, o design diferenciado e o atendimento cuidadoso tenham sido as bases para a construção de uma imagem de prestígio e tradição, ele sabe que o acesso a celebridades internacionais gera impacto especial. E não foi só Kristen. A cantora e atriz Mariah Carey portava um bracelete Floral Top de ouro branco e 452 diamantes de quase 40 quilates, com preço em torno de US$ 720 mil, no mesmo Oscar, como as atrizes Hayden Panettiere, Zoe Saldana e Marisa Tomei. Apesar de a Tiffany ser a top of mind (41%) da pesquisa entre as joalherias no Brasil, é a H.Stern que tem mais presença entre consumidores menores de 25 anos (31%), o que pode indicar um futuro promissor. Hallot credita isso à preocupação com o design inovador, campanhas publicitárias ousadas, lançamentos constantes e até à presença nas mídias sociais, com blog, Twit- ter e página no Facebook em 2009, fora a rede social de moda ByMK. Para Hallot, as coleções especiais, inspiradas em elemen- tos alheios ao mundo da joalheria, cativam especialmente o público jovem, como a inspirada em Alice no País das Maravilhas, em parceria com a Disney. Apesar de todas as ações com celebridades e do marketing dirigido a jovens, a H.Stern não descuida de seus fundamentos, como é o atendi- mento. Ela investe muito no treinamento da equipe comercial, promovendo formação especializada a seus vendedores por meio da universidade H.Stern. Essa universidade corporativa inclui diversas etapas de forma- ção, como a de ambientação à empresa, passando por estágios de conhecimento de produto e chegando ao atendimento ao cliente. Além disso, ali são promovi- das reciclagens constantes, testes sobre conhecimento dos valores e da política da empresa. (N.D.) O luxo brasileiro – Conclusões Segundo Carlos Ferreirinha, presidente da MCF Consultoria e Conhecimento, a ini- ciativa da pesquisa O mercado de luxo no Brasil, em parceria com a GfK Custom Research Brasil, existente há quatro anos, evidencia o crescimento do mercado de luxo brasileiro, com previsões muito otimis- tas para 2010, o que leva nosso mercado a merecer foco do mercado internacional. Um dos pontos que merecem atenção é o caráter expansionista. O luxo sempre esteve muito concentrado em São Paulo e, em segunda posição, no Rio de Janeiro. Con- seguimos analisar o interesse e a disposição dos empresários, bem como dos consu- midores, em expandir os investimentos e o consumo para regiões não tradicionais, como interior de São Paulo e regiões Norte e Nordeste do País. Isso sem levar em conta o forte crescimento de Brasília, que se tor- nou a terceira cidade em consumo de luxo no Brasil. Também saltam aos olhos o perfil jovem nesse tipo de consumo, a altíssima incidência de viagens internacionais dos brasileiros e a força crescente das marcas nacionais. O meio digital como importante ferramenta de comunicação e o fato de os eventos ocu- parem a principal alocação orçamentária de comunicação com o público-alvo são diferenciais, assim a alta demanda dos con- sumidores por uma prestação de serviço customizada e personalizada – claramente crescem as vendas realizadas em atendi- mentos pessoais. Disponível em: <http://www.hsm.com.br/artigos/o-luxo-brasileiro>. Acesso em: 17 set. 2012. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 165 CONSIDERAÇÕES FINAIS A quinta e última unidade deste trabalho procurou instrumentalizá-lo(a), caro(a) aluno(a), para a transformação de dados coletados em informação crítica capaz de auxiliar gestores em situações de tomada de decisão para a concretização de seus objetivos empresariais. Ao longo do texto, você teve a oportunidade de conhecer a sistemática da tabulação de dados e as principais maneiras de analisar os dados, apresentando- -os por meio de gráficos, o que certamente facilitará o entendimento do cliente ou dos profissionais que o(a) contratarem para realizar ou oferecer suporte a uma pesquisa de marketing. É fundamental que você busque apresentar sugestões gerenciais e possibi- lidades de ação que as informações resultantes da pesquisa fornecem para os decisores. Portanto, perceba que o profissional envolvido com a pesquisa de marketing possui um papel que vai além do domínio da metodologia, o apoio à decisão vai um pouco além das conclusões da pesquisa e se dirige para um papel próximo a de um consultor o que, sem dúvida, ajuda a agregar ainda mais valor ao profissional. Mesmo que esta caminhada no campo da pesquisa de marketingesteja che- gando ao final é imprescindível que você realize as atividades de autoestudo propostas na próxima página. É a garantia de fechar seu processo de aprendi- zado com rigor, criando o espírito crítico para os seus próximos passos na área de marketing. 166 - 167 1. Foi realizada uma pesquisa junto a 352 proprietários do automóvel Gama na cidade Felicidade para identificar a satisfação com relação aos atributos e bene- fícios. Os resultados obtidos estão ilustrados na tabela abaixo. Escolha uma das variáveis pesquisadas e faça a representação gráfica das informações obtidas no estudo. VARIÁVEIS PESQUISADAS INSATISFEITO POUCO SATISFEITO MEDIANAMENTE SATISFEITO MUITO SATISFEITO TOTALMENTE SATISFEITO Economia de combustível 15% 25% 30% 20% 10% Velocidade 5% 5% 30% 35% 25% Design arrojado e moderno 0% 5% 25% 30% 40% Variedade de acessórios (itens de série + opcionais) 5% 10% 10% 45% 30% 2. Vimos nesta unidade que é de fundamental importância que o pesquisador e sua equipe se dediquem com cuidado à redação do relatório da pesquisa, uma vez que os resultados apresentados serão utilizados pelos gestores para a tomada de decisão. Explique os aspectos que devem ser considerados nesta etapa. 3. A empresa de comunicação Beta realizou uma pesquisa junto aos estudantes do curso de Marketing do CESUMAR para identificar as fontes que mais utilizam para buscar informações. Uma das perguntas presentes no questionário era: Com qual frequência costuma ler jornais? (1) todos os dias (2) de 2 a 3 vezes na semana (3) somente aos domingos (4) indiferente Considere as respostas para esta questão, ilustradas na tabela abaixo, e proceda a tabulação percentual simples. FREQUÊNCIA Todos os dias 192 2 a 3 vezes na semana 102 Somente aos domingos 75 Indiferente 63 Total 432 Pesquisa de marketing McDANIEL, C.; GATES, R Editora: Thomson Learning Sinopse: Este livro descreve aplicações das pesquisas de marketing que podem auxiliar na tomada de decisão empresarial, aumentando as chances de sucesso das práticas de mercado. Material Complementar 166 - 167 MATERIAL COMPLEMENTAR 168 - 169 CONCLUSÃO 168 - 169 Chegamos ao final do nosso livro de Pesquisa de Marketing, elaborado especial- mente para você, aluno(a) do curso de Marketing do Centro Universitário de Ma- ringá. Nosso objetivo foi compartilhar o conhecimento e a experiência que temos a respeito do processo de concepção e implementação de pesquisas mercadológicas. Acreditamos que a pesquisa é uma ferramenta poderosa para auxiliar o gestor na tomada de decisão e esperamos que esse conceito tenha ficado claro para você. Começamos a obra contextualizando a pesquisa na sociedade em que vivemos, marcada por profundas e constantes mudanças que impactam diretamente os ne- gócios. Nesse contexto, o profissional de marketing assume um papel estratégico nas organizações, pois é ele o responsável pela relação que a empresa irá manter com os consumidores, os concorrentes e, acima de tudo, pela posição da organiza- ção no mercado, visando ao estabelecimento de diferenciais e à competitividade. Cabe, portanto, ao profissional de marketing conhecer o ambiente mercadológico e definir as estratégias e ações relacionadas ao produto, ao preço, aos canais de marketing e à comunicação, de modo a garantir a adequação da oferta da empresa às demandas dos consumidores, externalizadas por meio de necessidades e desejos dos públicos-alvo com que a empresa se relaciona. Assim, para cumprir o seu papel, este profissional precisa de informações atualiza- das e úteis para a tomada de decisão, que devem ser obtidas por meio de um Siste- ma de Informação de Marketing, cujo componente fundamental é o subsistema de pesquisa de marketing, o foco específico do presente livro. Dada a sua importância, vimos que o processo de pesquisa exige clareza de raciocínio, olhar crítico, meto- dologia e conhecimento do pesquisador em todas as suas etapas, cuidadosamente apresentadas e explicadas neste livro. No decorrer da obra, para torná-la mais didática, apresentamos exemplos e pro- postas de atividades de estudo que tiveram o objetivo de estimular a assimilação do conteúdo e a auxiliá-lo(a), caro(a) aluno(a), na construção do seu conhecimento. Portanto, procure – faça mesmo um esforço para – transformar este conhecimento que você internalizou em prática, pois esta será a forma mais eficaz de realizar o aprendizado. Busque aplicar as reflexões e os conceitos no seu dia a dia pessoal e profissional. Temos a certeza de que será um movimento muito gratificante. Finalmente, gostaríamos de lembrá-lo(a) que este livro não esgota o conteúdo a respeito da pesquisa de marketing. Ao contrário, esperamos realmente que este material seja o início de uma caminhada para aqueles(as) aprendizes que foram despertados para as possibilidades práticas e teóricas dessa área tão instigante do marketing e importante para as organizações atuais, participantes desta sociedade cada vez mais interligada e em rede. Por isso, não deixe de buscar as indicações de leitura complementar e as referências bibliográficas que estão elencadas no final desta obra. Foi um prazer estar com você ao longo dessa leitura e da realização das atividades. Até a próxima! Os Autores 170 - 171 REFERÊNCIAS 170 - 171 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pe- arson Prentice Hall, 2002. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. The sage handbook of qualitative re- search. 3. ed. USA: Sage, 2005. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. RAE, São Paulo, v. 35, n. 2, pp. 57-63, mar./abr. 1995. IPEA – Instituto de Política Econômica Aplicada, 2008. Consumo e Vendas. Dispo- nível em: <www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadataSessionID=590021753&Ti- ck=1216065556265&VAR_FUNCAO=RedirecionaFrameConteudo%28%22iframe_ dados_m.htm%22%29&Mod=M>. Acesso em: 08 out. 2012. KNY, Márcio André. Impacto de aromas ambientais sobre o comportamento do consumidor no varejo. 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