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4.2 4.3 A POESIA PALACIANA DE GARCIA DE RESENDE ASPECTOS FORMAIS E TEMÁTICOS

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 4.2/4.3
Era Medieval – Segunda Época Ou Humanismo
Poesia Palaciana de Garcia Resende: aspectos formais e temáticos.
O Humanismo na prosa historiográfica de Fernão Lopes
	 
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 JOSÉ E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama protesta, e agora, José? 
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? 
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 E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? 
Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse… Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, pra onde?
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O QUE É O HUMANISMO?
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 Aspectos formais da Poesia Palaciana: reunida no Cancioneiro Geral por Garcia Resende.
		a) texto dissociado da música;
		b) estrutura poética diferente da original, sem a representação da oralidade;
		c) uso de redondilhas;
		d) vocabulário rebuscado e ambíguo;
		e) exploração dos recursos eufônicos rítmicos das palavras;
		f) uso exacerbado de figuras de linguagem. 
				 
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 Aspectos estilísticos da Poesia Palaciana:
		a) rigorosa metrificação;
		b) predomínio do mundo interior do poeta; temática amorosa ganha nova roupagem: a mulher é tratada com mais intimidade.
		c) o desenvolvimento da glosa de um mote – exposição de um tema, motivo no início;
		d) presença do eu-poético em atitude reflexiva. 
				 
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 Aspectos temáticos da Poesia Palaciana:
		a) lirismo amoroso;
		b) reflexões filosóficas;
		c) abordagens satíricas;
		d) religiosidade. 
				 
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Comigo me dasavim,
sou posto em todo perigo;
não posso viver comigo
nem posso fugir de mim.
Com dor, da gente fugia,
antes que esta assim crescesse;
agora já fugiria
de mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
do vão trabalho que sigo,
pois que trago a mim comigo,
tamanho imigo de mim?
 
Sá de Miranda
 
				 
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4.3 O Humanismo na prosa historiográfica de Fernão Lopes
Segundo período medieval OU Humanismo
Fernão Lopes - Historiografia
Características formais, estilísticos e temáticas.
Momento histórico-cultural
 Passagem do Feudalismo para o Mercantilismo
 Surgimento da burguesia 
 Difusão do Antropocentismo
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Importância de Fernão Lopes
		
		A historiografia portuguesa surge com os nobiliários, ou seja, livros de linhagens, obras que se prestavam simplesmente a traçar a genealogia das famílias nobres.
		
		O cronista Fernão Lopes mudou esse conceito a produzir uma historiografia em forma de crônicas intencionalmente artísticas. 
		Em 1434, ele recebe a missão de escrever a história dos reis de Portugal. 
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Características
Aspectos formais:
	a) texto em prosa direta e objetiva;
	b) estilo elegante e coloquial;
	c) articulação de acontecimentos com coerência.
Aspectos temáticos 
	a) O povo é o agente de transformações sociais.
	b) Retrata-se o povo ou, os nobres, individualmente ou em grupo, em riqueza de detalhes físicos e psicológicos.
	c) A sociedade portuguesa é colocada como a principal força de desenvolvimento do país.
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Características
Aspectos estilísticos:
	a) grande importância à participação popular, com um espaço aberto à ação da “arraia-miúda” ou dos “barrigas-ao-sol”;
	b) concepção regiocêntrica: a figura de um rei servindo sempre como referencial para delimitar os períodos históricos;
	c) relato de feitos heroicos não só de reis, imperadores, ou grandes heróis individuais, mas também de membros das camadas populares e das populações das cidades;
	d) preocupação documental, com a menção de provas ou testemunhos fidedignos dos fatos narrados.
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Características
Aspectos estilísticos (continuação):
	e) superação dos limites da narrativa histórica, com a incorporação de técnicas e métodos da narrativa de ficção, alcançando resultados de inquestionável valor estético, como:
encadeamento das ações intercalado por falas diretas de seus participantes, criando-se um ritmo crescente de tensão, uma intensidade gradativa para a qual colabora o suspense em que o narrador mantém todo o quadro até o desfecho, que é rápido e marcante; 
	
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Características
Aspectos estilísticos (continuação):
	
narrativa viva, contagiante, capaz de criar quadros extremamente dinâmicos;
condução de vários episódios que convergem para um final único, grandioso, que dá ao texto um sentido épico, e, com isso, a narrativa da enérgica manifestação popular demonstra que estão sendo dados passos importantes para a história da coletividade portuguesa. 	
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Crônica de D. João I (Fernão Lopes)
		Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas eram. Porém afirmam que foram desta guisa:
		 Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha desonra e morte!
		 Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse, mentiu-vos mui grã mentira.
		O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo comprido e enviou-lhe um golpe ‘a cabeça; porém não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais não houvera. Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar, e ele movendo para se acolher ‘a câmara da Rainha, com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca, meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu em terra, morto.
		Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado de lhe mais dar.

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