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Resumo 2° TP GEOGRAFIA

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Resumo de Geografia – 2º TP
3041 Lucas Carvalho
Industrialização Retardatária do Brasil
A Primeira Revolução Industrial
A atividade industrial do Brasil só passou a ser permitida com a vinda da família real, em 1808, porém com a concorrência de produtos ingleses e com os interesses dos grandes latifundiários, o desenvolvimento industrial brasileiro foi ínfimo até aproximadamente 1850. A indústria passa a ser efetivamente estimulada a partir de 1844 com a Lei Alves Branco que, por dificuldades financeiras, taxava as importações. Tal medida acabou criando um protecionismo à indústria nacional e nos anos que se passaram foram dados incentivos tributários a industrias têxteis e as matérias primas necessárias para as industrias nacionais ficaram isentas dos pagamentos das taxas alfandegárias.
Porém tais medidas não foram suficientes para desenvolver o país industrialmente devido, principalmente, ao trabalho escravo que ainda vigorava no Brasil e não permitia que tais trabalhadores formassem mercado consumidor, e a indiferença do país quanto a industrialização, visto que a elite econômica brasileira era formada por senhores de engenho preocupados em manter e expandir a produção do café.
Com isso, chegamos ao fim do século XIX como um país exportador de produtos primários, sem praticamente nenhuma base industrial, o que só começou a mudar a partir do fim deste século com a chegada de grande quantidade de imigrantes pouco antes da abolição da escravidão, e com esta mesma em 1888. Isto fez com que houvesse grande aumento do mercado interno e criou bases para um crescimento industrial a partir daí, o que também gerou aumento da classe operária. Tal crescimento da indústria foi financiado pela própria economia cafeeira que também financiou a criação de uma infraestrutura de transportes e permitiu que em 1930 o Brasil concluísse a Primeira Revolução Industrial, tendo sido esta concluída em 1830 na Europa e Estados Unidos.
Nessa época, estes países encontravam-se em estágio avançado na Segunda Revolução Industrial, possuindo a hegemonia sobre os espaços geográficos mundiais. Com a Industrialização tardia o Brasil acabou ficando dependente das indústrias estrangeiras, pois haviam sido implementadas no Brasil indústrias que não precisavam de grandes investimentos (Indústria leve – alimentos, calçados, tecidos, sabões, etc. – e indústria de bens de consumo não duráveis), a fim de atender as necessidades imediatas da população, e não indústrias de bens de capital ou de produção, o que levou a necessidade de importar máquinas fazendo do Brasil um país com dependência tecnológica em relação aos industrializados.
Além da dependência tecnológica do Brasil, o crescimento industrial até 1930 ocorreu de forma concentrada na região Sudeste, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo, pois na região havia disponibilidade de capitais vindos da agricultura, uma rede bancária e comercial, energia elétrica, uma rede ferroviária eficiente, quantidade de mão de obra e o maior mercado consumidor do país.
Tal desenvolvimento industrial teve como consequência a criação de duas novas classes sociais: a burguesia industrial e o operariado. Em 1930 a classe operária já tinha certa organização, pois desde 1870 nasceram as ligas operarias, que reivindicavam a redução da jornada de trabalho, aumentos salariais, melhores condições de trabalho e o uso da greve para pressionar os patrões, porém a burguesia industrial respondia com pressão policial e ameaças de desemprego, e por não haver uma legislação trabalhista que regulamentasse as relações de trabalho, cada empresário determinava as regras da sua empresa. Apenas haviam sido criadas a Lei de Férias e o Código do Menor, porém essas não eram respeitadas.
O espaço geográfico urbano agora era organizado para atender a nova ordem social, ou seja, os empresários procuravam manter os operários sempre próximos das indústrias a fim de facilitar o deslocamento para o trabalho e controlar as mobilizações reivindicatórias. Para isso criaram-se bairros operários que separaram patrões de empregados, onde os trabalhadores viviam na maioria das vezes com péssimas condições de trabalho.
A Segunda Revolução Industrial
Período entre 1930 e 1955
Brasil insere-se na Segunda Revolução Industrial devido ao êxodo rural, reflexo da crise cafeeira, que aumentou a classe operária e consequentemente o mercado consumidor, a redução das importações de produtos manufaturados, reflexo da crise de 29, que livrou a indústria da concorrência estrangeira, a política nacionalista de Getúlio Vargas e a Segunda Guerra Mundial.
Estes fatores em conjunto estimularam a entrada do Brasil na Revolução Industrial, pois com a crise de 29 e a Segunda Guerra Mundial, a indústria não se viu apenas livre da concorrência, mas também necessitada das importações, devido à dependência tecnológica deixada na primeira revolução. Isto fez com que houvesse necessidade da criação de indústrias de base e aliado com o nacionalismo Varguista, através da intervenção estatal na economia, estimulou a criação de indústrias de base e siderúrgicas, conseguindo negociar com os EUA a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941, e criando a Companhia Vale do Rio Doce, em 1942, para explorar e exportar o minério de ferro de MG. Além disso, a guerra ainda estimulou a criação de diversas outras indústrias como as de óleos e graxas, vegetais, metalúrgicas, etc. Com a guerra também iniciou o que ficou conhecido por substituição de importações, que nada mais era que a utilização de matérias primas nacionais na indústria, ao invés das importadas, ou seja, os produtos que eram importados prontos passaram a ter que ser produzidos no Brasil, para isso houve necessidade de utilização de maquinários e tecnologia internacional, acentuando a dependência tecnológica do país.
Ao fim de guerra a indústria nacional encontrava-se mais independente devido ao afrouxamento dos laços de dominação dos EUA e Inglaterra. A indústria de autopeças, por exemplo, que era uma indústria sem importância nacional, passou a produzir em larga escala e com capital e tecnologia nacionais.
Com o superávit acumulado na segunda guerra mundial, devido a maior quantidade de exportações que importações que o Brasil realizou durante a guerra, após o fim da guerra o brasil dispunha de grande quantidade de capital e importou grande quantidade de maquinários de vários setores industriais que foram reequipados e cresceram ainda mais após a guerra. Na década de 1950, porém o Brasil se viu com um problema de escassez de energia elétrica e baixa produção de petróleo e, para resolver isso, Vargas, em seu novo mandato inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Usina Paulo Afonso), em 1941, e em 1953 a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras).
Período entre 1956 e 1980
Período JK (1956-1961)
Juscelino Kubitscheck, durante seu governo implantou o Plano de Metas, pretendendo realizar o equivalente a 50 anos de desenvolvimento nos seus cinco anos de mandato. Para isso ele começa a estimular grande parte do orçamento do país em transporte e energia, estimulando a cultura rodoviarista o que consequentemente aumentou a produção de petróleo. A partir da gestão de JK o transporte ferroviário no país acaba ficando em segundo plano e o rodoviário passa a ser o meio mais utilizado no Brasil tanto para transportes de pessoas quanto o de cargas, o que é não é vantajoso para um país com a extensão territorial como a do Brasil.
Além do crescimento da malha rodoviária no país, JK estimula o crescimento industrial através do capital estrangeiro gerando crescimento industrial tanto no setor de bens de consumos e ainda mais no setor de bens de produção. Através de incentivos cambiais, tarifários e fiscais (abatimento de imposto, poucas leis trabalhistas, etc.) diversas multinacionais e transnacionais, principalmente norte-americanas, vieram para o Brasil nesse período e impuseram necessidades de consumo à população, implantando no Brasil o “American Way of Life”, ou seja, a sociedade deconsumo norte-americana. A facilidade na importação de máquinas e equipamentos acentuou a política de substituição de importações e aumentou a dependência tecnológica do Brasil com relação ao exterior.
Período João Goulart - Jango (1962-1964)
Assume a presidência após a renuncia de Jânio Quadros e desenvolve uma linha de governo nitidamente nacionalista propondo reformas de cunho social e não apenas de cunho econômico, como, por exemplo, a reforma agrária, reforma eleitoral, administrativa, educacional, tributal, bancária, dentre outras, porém tais reformas não eram de interesse da burguesia nacional e estrangeira, por isso os opositores criam organizações com intuito de derrubar Goulart do poder, estando entre estas a IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e a IPES (Instituto de Pesquisas Sociais), que recebiam recursos para atividades voltadas a desestabilização do governo Goulart e financiando candidatos contrários a reforma. A CIA também esteve empenhada na retirada de Jango, o que ocorreu com o Golpe Militar 1964.
Período de 1964 até os dias atuais
Com o governo militar, o país passou a ser mais aberto ainda a recursos estrangeiros acelerando ainda mais o crescimento da indústria brasileira colocando em prática a modernização conservadora, ou seja, crescimento econômico-industrial, porém sem avanços sociais. Tal industrialização desenfreada colaborou com o aumento cada vez mais acentuado da dívida externa do país.
Entre 1967 e 1974 o crescimento da economia brasileira superava os 10%, de modo que tal época foi conhecida como o “milagre econômico brasileiro”, com este o governo passa a formular o projeto “Brasil Potência” que visava transformar o Brasil em potência econômica. Para sustentar esse crescimento econômico a capacidade aquisitiva das classes média e alta foi aumentada, acentuando a concentração financeira, e a exportação de manufaturados foi aumentada superando, em 1979, a exportação de bens primários (agrícola, matéria prima, etc.), os subsídios de produtos de consumo alimentar da população foram retirados, inflacionando assim tais produtos e, sem reajustar os salários, fazendo com que a população de baixa renda tivesse cada vez mais problemas no acesso a estes. Em contrapartida tais subsídios foram aplicados na exportação de produtos de consumo das classes média e alta de outros países colaborando assim com a concentração de renda no Brasil.
Com o endividamento advindo do projeto Brasil potência o Brasil se via com dificuldades de pagar as dívidas devido às imensas taxas de juros, fazendo com que a dívida gerasse mais dívida e essa fosse acumulando sucessivamente. Em conjunto com a dívida crescente, a inflação também crescia, diminuindo cada vez mais o poder aquisitivo da população de baixa renda .
A década de 1980 passou a ser considerada a “década perdida” devido aos problemas econômicos gerados pela inflação e dívida externa, com isso o Estado deixa de cumprir as funções de investir nas áreas sociais (educação, saúde, habitação, etc.), consequentemente a miséria e a pobreza aumentam e aumentam também diversos problemas sociais como a taxa de mortalidade.
Na década de 1990, a economia continuou com diversos problemas, tendo crescimentos ínfimos da economia havendo anos críticos como 1998 e 1999 com o crescimento econômico de 0,2% e 0,8% respectivamente. Em 1994, com o lançamento do Plano Real, houve uma redução na inflação, o que possibilitou o aumento do consumo e da economia consequentemente, porém, com a dependência de investimento estrangeiro e a instabilidade financeira internacional, isso não foi suficiente para a recuperação econômica do Brasil.
A Terceira Revolução Industrial
Houve difícil inserção do Brasil nesta, visto que a dívida externa e interna* do Brasil se elevava cada vez mais, pois o Estado gastava muito tentando pagar tais dívidas e deixavam de investir em educação e pesquisas cientifico-tecnológicas, além do mau uso do dinheiro público (corrupção, superfaturamento de obras), a falta de prioridades do Estado em educação, ciência, tecnologia e saúde, a crise monetária e financeira internacional das décadas 1970 e 1980.
Tecnopolos – São polos que concentram, no mesmo local, instituições de ensino (universidades), pesquisa e empresas que pesquisam e aplicam novas tecnologias (tecnologias avançadas). Exemplos desses tecnopolos são o Vale do Silício, na Califórnia, que hoje é um dos maiores polos industriais de eletrônica e informática no mundo. Vale ressaltar que além de inteirar locais de pesquisa e empresas, estes também concentram atividades industriais e de serviços, dinamizando a economia.
No Brasil são exemplos de tecnopolos: A região de São José dos Campos, onde foi instalado o ITA e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a região da Universidade Federal e Estadual de São Carlos em São Paulo, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Campinas e Campina Grande(PB), onde desenvolveram-se junto à universidades polos tecnológicos de informática.
Hoje ainda há uma carência muito grande nos investimentos nas áreas de pesquisa e educação o que tem embarreirado o crescimento e desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil, sendo o país ainda muito recentemente considerado uma economia agroexportadora. 
Notas:
*: A dívida interna Brasileira se deu devido a empréstimos pegos em bancos pelo Estado objetivando pagar a dívida externa, sustentando assim os bancos no país e pagando autos juros a estes.

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