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ANEXO CRISTIANO CHAVES Civil posse

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ANEXO CRISTIANO CHAVES (meu int1, atualizado por Laura nos dias 19/10/11 e 26/10/11, em aula de Cristiano chaves – em vermelho)
Preto = Pablo
Vermelho = Cristiano chaves.
DIREITOS REAIS / DIREITOS DAS COISAS:
Conceito: 
	Até o início do século XX preferia-se a expressão “direitos das coisas”. Os direitos reais ou direitos das coisas traduzem o conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma finalidade social.
	No campo dos direitos reais, antes de ingressarmos na propriedade, é necessário explicar a posse.
POSSE:
Teorias explicativas da posse:
Teoria Subjetiva de Savigny: Savigny partia da ideia de que a posse se baseava em dois elementos: animus domni ou animus rem sibi haeendi (intenção de ter para si o bem) e o corpus (apreensão sobre o bem – poder sobre a coisa). Corpus significa apreensão, contato físico. Animus domini é intenção de ter a coisa como sua. Logo, tratava-se de teoria subjetiva por causa da vontade. Vontade de ter a coisa como sua.
Para Savigny a posse consistiria no poder exercido sobre a coisa, com a intenção de tê-la para si. Para tanto, Savigny decompôs a posse em dois elementos: animus (a intenção de ter a cosia para si) e corpus (o poder material ou físico sobre a coisa).
É possível alguém ter a posse sem ter a intenção de ser dono. E é nesse ponto em que a teoria te Savigny incorreu em equivoco. Poe essa razão, o seu maior discípulo, Ihering, desenvolveu a teoria objetiva.
Teoria Objetiva de Ihering: Ihering por sua vez, parte da ideia de que, para ser possuidor basta o exercício de um dos poderes da propriedade, comportando-se como se fosse proprietário, considerando que há possibilidade de que situações possessórias não sejam baseadas em ambas as premissas. A análise da posse é apenas objetiva. Possuidor, simplesmente, é aquela pessoa que está exercendo poderes como se proprietário fosse. Iherin escreveu o livro “Teoria Simplificada da posse”. Entendeu que exigir um duplo requisito para a posse era demais, era superafetação de requisitos. Passou a sustentar que posse é apenas “corpus”; apreensão.
Para esta segunda teoria a posse não exigiria a sua decomposição em dois elementos. Objetivamente, se o sujeito exerce poderes de proprietário, comportando-se como se assim o fosse e imprimindo destinação econômica à coisa, será considerado possuidor. São poderes que integram o conceito de propriedade: usar, fruir, dispor e reaver.
Ex. se empresto um celular a um amigo, e este a usa – o amigo será possuidor, considerando que exerce um dos poderes da propriedade. Observe-se que ainda que armado, se um bando invade uma fazenda tomando-a para si, e expulsando o proprietário trata-se de possuidor. A discussão se é posse justa ou injusta é outra questão. Frise-se que, inclusive há possibilidade de obtenção da propriedade através da usucapião extraordinária.
Opção do legislador:
Analisando o art. 1.196 do CC, em cotejo com nosso sistema constitucional, podemos concluir que a matriz do direito brasileiro adota a Teoria Objetiva de Ihering, reconstruída na perspectiva sociológica (Saleilles / Hernandez Gil) em face da necessária incidência do princípio da função social.
Art. 1.196, CC: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
O código abraça a teoria objetiva, mas em determinados momentos faz concessões à teoria objetiva, como por exemplo, quando trata do usucapião (posse com animus domni). Mas, muito embora a matriz seja baseada em Ihering não se pode esquecer uma visão sociológica nascida, impondo a necessidade de atenção à função social. 
Possuidor, então, é aquele que exerce um dos poderes da propriedade sobre a coisa. (ou uso ou gozo/fruição). Quem tem os 04 poderes( uso, gozo, livre disposição e reinvidicação) + o titulo, terá a propriedade. Quem tiver os 04 poderes mas ainda não entrou com a ação de usucapião, tem o domínio.
A propriedade é exercida perante a coletividade, por conta dos efeitos “erga omnes” decorrentes do registro. O domínio é exercido sobre a coisa, sem oponibilidade a terceiros. Quem tem propriedade tem domínio, mas nem todo aquele que tem domínio tem propriedade. Ação reinvidicatória é mecanismo de defesa da propriedade. Para a defesa do domínio é ação publiciana.
Quem tem apenas um dos poderes sobre a coisa (ou uso ou gozo) tem a posse. Quem quer defender sua posse o faz por meio de ação possessória.
Propriedade, domínio e posse são coisas distintas, mas que eventualmente podem estar juntas. Se um proprietário perder os poderes de sua propriedade, devera buscar a posse, já que esta traz consigo a idéia de imediatidade. Logo, as ações possessórias são sempre mais céleres. 
Doutrina mais moderna (Tartuce) entende que este debate histórico (teoria objetiva x subjetiva) cedeu espaço para uma nova teoria construída na Espanha por Hernadez Gil. No Brasil, chegou através do prof. Luiz Edson Fachin do PR. Isso pq as teorias clássicas são insuficientes para resolver os problemas contemporâneos. O que se deve ter em mente atualmente é a teoria sociológica: para que serve a posse. Das à posse uma função social. O CC adota esta teoria implicitamente.
Objeto da posse
Necessariamente são bens corpóreos, por motivo simples: o objeto da posse depende de contato físico. Os bens incorpóreos são insuscetíveis de apreensão e consequentemente, insuscetíveis de posse. 
Efeitos: 
inadmissibilidade de uso dos interditos possessórios para a defesa dos bens incorpóreos. Estes NÃO PODEM ser defendidos por meio de interditos possessórios. Ex: direito autoral ou propriedade intelectual. Vide sumula 228, STJ.
Para os bens incorpóreos, deve-se usar ação indenizatória ou tutela especifica, a depender do interesse do titular. Com a escolha do titular, teremos a fixação do meio de defesa.
Impossibilidade de usucapião de bens incorpóreos, já que um dos requisitos para usucapião é a posse. Mas existe uma exceção, que esta na sumula 193 do STJ: usucapião de linha telefônica. 
Mera detenção
Conceito: o CPC estabelece que sempre que uma ação for dirigida indevidamente contra mero detentor, este devera fazer nomeação à autoria, que é intervenção de terceiros obrigatória (art. 69, CPC inclusive diz que se o detentor não nomear à autoria, respondera por perdas e danos).
E se a ação for erroneamente promovida contra possuidor (e não proprietário) tb caberá nomeação à autoria nesta hipótese? Não será possível nomeação pelo possuidor em relação ao possuidor ou proprietário. Isso pq possuidor é parte legitima. A depender da situação, poderá ele agir em regresso contra proprietário, sendo caso de denunciação da lide, que é facultativa, ao contrario da nomeação à autoria).
Hipóteses de mera detenção: 
- Art. 1198, CC: Trata-se de “fâmulo da posse” ou gestor da posse. É aquele que apreende a coisa em nome de outrem por força de uma relação subordinativa. Ex: caseiro, adestrador, veterinário.
- Art. 1208, CC: Atos de mera tolerância. Não induz em posse os atos de permissão ou tolerância. Ex: abuso de confiança.
- Permissão de uso de bem publico: atos de permissão não caracterizam posse.
Em linhas gerais, quem tem contato físico, apreensão, tem posse. O CC entende que algumas pessoas, apesar de terem contato físico (apreensão) não podem ser qualificadas como possuidoras. Trata-se de verdadeira desqualificação de alguns sujeitos para evitar que eles sejam tratados como possuidores. CC não quer que determinadas situações sejam tratadas como posse para evitar a produção de efeitos jurídicos que decorrem da posse. Só haverá desqualificação do possuidor nos casos previstos em lei. A estes casos se dá o nome de mera detenção. São eles:
Natureza jurídica da posse:
	Direito real ou situação de fato protegida pelo direito? O rol de direitos reais é taxativo e tem previsão no art. 1.225 do CC, não estando inclusa
a posse em referido rol.
	Assim, a simples leitura do dispositivo conduz a ideia de que a posse seja situação de fato protegida pelo direito que pode gerar direitos reais. Mas há divergência.
	Segundo o professor Moreira Alves, em seu monumental Tratado da Posse, há quem diga que a posse seria um direito real (na linha de pensamento de Ihering e Teixeira de Freitas). Há quem diga ainda que a posse seria ao mesmo tempo fato e direito (Savigny), mas melhor é o entendimento no sentido de que a posse é uma situação de fato protegida pelo ordenamento e constitutiva de direitos reais. Ex. usucapião. É a posição do prof. Geraldo Vilaça.
	Quanto a posse, ler os artigos do Código Civil, especialmente o 1.205 (quem pode adquirir posse) e o 1.223 (modos de perda da posse).
*Diferença entre Jus possidendi e jus possessionis:
	Jus possidendi consiste no direito à posse derivado de um título. Ex. comprou um carro – tem a posse razão da compra.
	O Jus possissionis, por sua vez, caracteriza o direito resultante do exercício da posse. Ex. inquilino tem o direito de possuir e proteger a coisa. É direito que deriva da posse.
*Posse de Direitos:
	Seria mais técnico dizer que titulariza direitos, possuir, possui-se a coisa. A ideia de posse de direitos surgiu quando inexistia o mandado de segurança, alegando-se a parte que era possuidora de direitos e solicitando a tutela do judiciário para tanto.
	Com o surgimento do Mandado de Segurança, indaga-se se ainda existe a posse de direitos. Com base no entendimento de Arruda Alvim, o correto é falar em posse de coisas. E quanto aos direitos, devem ser titularizados. No campo do direito autoral e propriedade intelectual devem ser observadas as regras especiais e não a tutela do direito a posse prevista no CC. No entanto, excepcionalmente poderá ser aplicada a teoria da posse em relação a direitos.
	Na linha do direito alemão (§90 do BGB), Menezes Cordeiro, na monumental obra “A posse: perspectivas dogmáticas atuais”, afirma que a posse só surge no âmbito das coisas corpóreas podendo ser aplicada em outras áreas apenas em situações excepcionais (no Brasil, é exemplo da excepcional situação da posse de um direito o enunciado da súmula 193 do STJ: “O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.”
Obs: O que é composse (ou co-posse ou composseção)? A composse, nos termos do art. 1.199 do CC (Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.), traduz a situação em que duas ou mais pessoas simultaneamente exercem posse sobre a mesma coisa. Ex. há um único imóvel objeto da posse e da propriedade de três pessoas. Exige-se a pluralidade dos sujeitos e indivisibilidade do objeto. Composse é semelhante ao condomínio, mas no condomínio há compropriedade. E na composse há simultaneidade de exercício de posse. Se porventura esses compossuidores resolverem dividir a área entre eles para melhor exploração da terra, a composse passa a se chamar composse pro diviso. Trata-se de uma divisão entre eles, mas todos são compossuidores do todo.
	Não havendo essa divisão interna, será chamada composse pro indiviso.
Decorrem 02 efeitos da caracterização da composse:
Cada compossuidor exercera seus direitos sobre o todo, podendo defender o todo independentemente de sua fração ideal.
A regra geral é inadimissibilidade de usucapião de um compossuidor para com os outros. Exceção: STJ admite usucapião de bem condominial ou em composse quando o usucapiente estabelecer posse com exclusividade alijando os demais. 
Ação possessória não é ação real, na medida que posse não é direito real. A consequência natural disso é a inexigibilidade de citação dos cônjuges. Art. 10, CPC exige a citação dos cônjuges quando se tratar de ações reais imobiliárias. Ex: reinvidicatória, usucapião. Exceção: quando se tratar de composse, não por serem cônjuges, mas por estarem em composse. 
O art. 557, CPC dá mesma importância à jurisprudência sumulada e à dominante. A súmula surge quando há divergência (por ocasião dos embargos de divergência). Mas se as turmas sempre entendem num sentido, não há necessidade de sumular, pois não há divergência.
Classificação da posse:
1. Quanto ao seu exercício:
Quanto ao exercício a posse pode ser direta e indireta. Art. 1.197: “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.” 
A possibilidade de desdobramento da posse é quem gera a classificação em direta ou indireta.
O desdobramento de posse decorre sempre de um negocio jurídico, pelo qual o legitimo possuidor entrega o contato físico da coisa a um terceiro, mas não perde a qualidade de possuidor. Ex: locação e comodato. Nas duas espécies, o legitimo possuidor (proprietário) concede o contato físico da coisa por força de contrato. Terceiro passa a ser possuidor direto e quem conferiu a posse passa a ser possuidor indireto. Desdobra-se a posse em direta e indireta para permitir que aquele que conferiu o contato físico a um terceiro continue sendo tratado como possuidor e, consequentemente, continue dispondo da defesa da posse. Ex: 
Direta: na forma do art. 1.197, é aquela em que o possuidor tem contado direto com coisa. Ex. locatário, usufrutuário, comodatário.
Indireta: o possuidor indireto, embora exerça poderes não possui contato direto com a coisa. Ex. locador
Tanto o possuidor direto quanto o indireto podem se valer de defesa possessória contra terceiros e um contra o outro, nos termos do Enunciado 76 da jornada.
OBS: nenhum dos dois pode usucapir. O direto não vai usucapir pq já é proprietário e ng pode usucapir o que já é seu. O indireto também não, na medida que um dos requisitos do usucapião é a posse com “animus domini”. 
A única hipótese em que o possuidor direto poderá usucapir, é quando o possuidor indireto rompe a relação jurídica base, já que restara caracterizado esbulho, que não ocorre apenas com violência. Esbulho pode ser contratual; pode decorrer do inadimplemento contratual. Isso pq quando romper a relação jurídica, ira cessar o desdobramento. 
Posse civil ou natural
Posse civil: posse contratual, constituto possessório ou clausula constituti (art. 1205, CC). Regra geral é de que toda posse é obtida naturalmente pelo contato físico. Todavia, a legislação permite aquisição de posse por força de relação contratual, ou seja, a posse pode ser adquirida independentemente de contato físico, através de um contrato, um neg. jurídico. A isso se dá o nome de constituto possessório ou clausula constituti. Ex: contrato de leasing. O bando compra automóvel para si, mas eu busco na concessionária, quando contrato leasing com banco. Banco nunca teve contato físico com carro. Se eu parar de pagar, banco ajuizara reintegração de posse.
Ação de imissão na posse é de proc. Comum ordinário, logo, não tem liminar. A reintegração comporta liminar.
2. Quanto a existência de vício a posse pode ser:
	Aqui é elemento de previsibilidade normativa. Posse injusta é aquela violenta, clandestina ou precária. Violenta é esbulho ou roubo. Clandestina é o furto. Precária é empréstimo. A posse pode ser justa ou injusta na forma do art. 1.200 do CC: 
Justa: a definição está no art. 1.200 do CC: “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.”
Injusta: posse injusta é a violenta, clandestina ou precária. Ex. imagine que no dia 10/04, Pablo proprietário e possuidor de uma fazenda lá estava, oportunidade em que tem sua fazenda invadida ali permanecendo os invasores pelo prazo de cinco dias – durante esses cinco dias houve atos de violência pelo invasor e de legítima defesa da posse por parte do proprietário. No prazo em que são perpetrados atos de violência não há posse. Mas em data posterior a esses cinco dias
o proprietário sofre esbulho de posse, atuando o invasor como se proprietário fosse – exerce atos de posse, mas essa é uma posse injusta uma vez que deriva da violência. 
Se o invasor entra escondido e, por exemplo, troca as fechaduras da casa, trata-se de posse clandestina. Posse injusta é posse. 
Exercida a posse injusta, o proprietário esbulhado pode ajuizar ação de reintegração de posse e não sendo aviada tal ação no prazo de ano e dia não haverá perda da tutela possessória, mas sim da liminar no rito especial da possessória, o que não impede que seja pedida antecipação de tutela. O que o proprietário esbulhado perde se não ajuizar possessória no prazo de ano e dia é a possibilidade de pleitear pedido liminar da tutela possessória (rito especial).
A posse injusta produzira efeitos, mesmo que injusta havendo a possibilidade de Convalescimento ou “interverção” da posse: convalescer curar, sanar o vicio. Significa dizer que a posse injusta pode se tornar justa. Quando cessada a causa que lhe originou ou quando passado o prazo de ano e dia. Mas atente que a precariedade jamais convalesce em razão do art. 1208, CC que diz que ato de mera tolerância não induz posse. Trata-se de mera detenção. 
Cristiano entende que existe um caso em que posse precária convalesce: quando houver mutação da natureza da posse. Ex: comodato é posse precária baseada na confiança. Se na data da restituição, comodatário não devolve a coisa, a posse passa ser violenta. Mesmo a precária pode convalescer.
Obs.: Assim, não posso me esquecer de que se o proprietário esbulhado ou turbado deixa transcorrer o prazo de ano e dia para a defesa de sua posse, posto ainda faça jus à proteção possessória, perde o direito a liminar do rito especial, uma vez que o réu passa a ter sobre a área “posse velha” (mas, transcorrido esse prazo de ano e dia, nada impede que a possessória possa ser intentada pelo rito ordinário com pedido de antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional). 
Proteção possessória
É a um só tempo, penal e civil. Binária, dualista. A proteção possessória penal se caracteriza pelo desforço incontinenti também chamado desforço imediato. (art. 121o, § 1º, CC). Já a proteção possessória civil se dá através dos interditos (ações) possessórios; são chamadas tutela jurisdicional da posse.
Desforço incontinenti é a legítima defesa da posse. Submete-se, naturalmente, aos mesmos requisitos para exercício da legitima defesa do dto penal, quais sejam: atualidade ou eminência, moderação no uso de recursos para repulsa, etc. Trata-se de caso típico de autotutela, consequentemente, mitigação do principio da tutela jurisdicional (regra de que a tutela só pode ser conferida pelo Estado). Todo caso de autotutela reclama previsão legal.
O desforço pode ser usado pelo possuidor direto, indireto ou pleno. Aqui é possível falar em excesso culposo na legitima defesa da posse. Contudo, havendo excesso culposo, a resp. civil do possuidor será objetiva ou subjetiva? Será objetiva em razão do abuso do direito previsto no art. 187, CC. Vide enunciado 37, jornada: a resp. civil por abuso de direito é sempre objetiva. Se o abuso for do mero detentor (caseiro p. ex) a responsabilidade não recairá sobre ele, mas sobre a pessoa a quem era subordinado.
Tutela jurisdicional da posse (interditos/ ações possessórios): 
- reintegração de posse: hipótese de esbulho. Esbulho é a perda, privação da coisa. Não depende necessariamente de violência, podendo ocorrer em razão de inadimplemento contratual, à exemplo do comodatário. Logo, esbulho prende-se à idéia de privação.
-manutenção de posse: hipótese de turbação. Turbação é perturbação da posse; embaraço.
-interdito proibitório: mera ameaça; temor, receio.
As ações possessórias podem ser de força nova ou força velha. Serão de força nova quando esbulho ou turbação datar de menos de ano e dia. Trata-se, nesse caso, de ação possessória de força nova. Serão de força velha, se passar de ano e dia. Note que interdito proibitório sempre será de força nova. Quem pode ser de força nova ou força velha são ações de reintegração ou manutenção. A diferença é quanto à extensão procedimental. Se a ação é de força nova, é ação possessória com juízo exclusivamente possessório, ou seja, nela só se discute a posse. Logo, é ação de procedimento especial.
Força nova = juízo possessório (procedimento especial: possibilidade de ação concessão de liminar início litis). Não é possível discutir propriedade. O interdito proibitório é sempre de força nova e sempre terá procedimento especial. De qq forma, convém lembra que o art. 920, CPC determina a aplicação do principio da fungibilidade entre as ações possessórias. Isso gera 2 efeitos: 1) possibilidade de propositura errônea da ação, ou seja, mesmo no caso de esbulho, se autor promover ação de turbação/manutenção de posse, aproveita-se a ação errônea; 2) a fungibilidade aproveitara a mutação da causa de pedir durante o procedimento. Pode ser que quando o autor tenha promovido a ação, estivesse ocorrido a turbação, mas no curso da ação, ocorre o esbulho. Ocorre mutação da causa superveniente.
Ação possessória
Força velha = ação possessória = juízo petitório e não possessório (procedimento comum ordinário). Pode-se discutir propriedade, já que como juízo é petitório, amplia-se cognição. Doutrina entende que presentes os requisitos genéricos do art. 273, CPC (mais profundos do que requisitos da liminar) poderá o juiz conceder a tutela.
Caracteristicas processuais das ações possessórias:
Cumulabilidade de pedidos: art. 921 permite cumular ao pedido de proteção possessória, 03 outros pedidos: perdas e danos, desfazimento de construção ou plantação e fixação de multa para hipóteses de novo esbulho e nova turbação. 
O procedimento comum ordinário é pentafásico: 1) postulatória; 2) conciliatória possibilidade de concessão de liminar/antecipação de fase decisória 3) saneatória; 4) instrutória; 5) decisória.
Alguns autores tentavam vislumbrar a fase recursal, como sendo a sexta.
O CPC diz que ultrapassada a concessão ou não de liminar, o CPC ordinariza, ou seja, a única coisa que o rito tem de especial é possibilidade de concessão de liminar. O art. 927, CPC traz os requisitos da liminar: prova de que o autor tinha a posse antes do esbulho ou turbação, prova de que foi turbado ou esbulhado para concessão da liminar, que foi turbado ou esbulhado a menos de ano e dia (para garantir o procedimento). Se houver prova documental desses 03 elementos, juiz pode conceder liminar no despacho inicial. Se não houver prova documental ou se ela for insuficiente, ele não pode indeferi-la; deve designar audiência de justificação previa. O réu será citado para audiência de justificação previa, mas não pode produzir prova. Luiz Edson Fachin vem propondo que juiz só deva conceder liminar se autor provar que estava cumprindo função social antes do esbulho ou turbação.
Não se pode conceder liminar possessória contra poder publico sem sua previa audição. Art. 928, p.u, CPC. 
No procedimento especial, portanto, é possível cumulação de outros 3 pedidos. E se autor quiser cumular pedido de rescisão contratual? Poderá fazer se ordinarizar procedimento e, nesse caso, abrirá mão da liminar. Entretanto, poderá requerer tutela antecipada. 
Natureza dúplice: art. 922, CPC. Réu poderá, na ação possessória, formular pedido de proteção possessória e perdas e danos contra o autor na própria contestação. Ex: autor promove ação de manutenção de posse e o réu alega que na verdade ele réu foi esbulhado. Clássico exemplo de pedido contraposto. O art. 922 somente permitiu ao réu na contestação, formular contra o autor pedido de proteção possessória e perdas e danos. Mas se réu quer formular pedido de fixação de multa ou desfazimento de plantação ou construção, devera apresentar reconvenção. 
Proibição de alegação de propriedade: “exceptio proprietatis” ou “exceptio domini”. Art. 923, CPC. (redação correspondente ao § 2º, art. 1.210). Em sede
possessória, não se discute propriedade. Juiz julgara ação possessória em favor de quem seja melhor possuidor, pouco importando quem seja proprietário. 
A súmula 487, STF diz que existiria um caso em que juiz julgaria ação possessória em favor do melhor proprietário. Seria a hipótese em que ambas (tanto a do autor, quanto a do réu) as posses estejam fundadas na propriedade. Fredie Didier aplaude a sumula, entendendo que ela homenageia celeridade já que será desnecessário de promover outra ação. Cristiano chaves entende que esta sumula esta em rota de colisão com a função social da posse na medida que a posse goza de autonomia em relação à propriedade. (Posição majoritária). 
Intervenção do MP: art. 82, III, CPC. Ordinariamente, MP não atua como fiscal da lei nas ações possessórias, pq o interesse aqui é meramente patrimonial. Porém, existe um caso de intervenção obrigatória do MP = litígio coletivo pela posse de terra rural. Ex: MST.
Litígio coletivo é necessariamente envolve litisconsórcio multitudinário? Não necessariamente. 
Competência judicial: quando se tratar de bens imóveis, incide regra do art. 95, CPC – foro da situação da coisa, estabelecendo regra de competência absoluta. É caso típico de competência territorial, apesar de absoluta. CPC diz, erroneamente, que se trata de competência funcional, tal como ocorre no art. 2º da ação civil publico.
Se a ação possessória é de bens moveis, incidirá a regra do art. 94, CPC = domicílio do réu. Regra de competência territorial e, portanto, relativa. 
Incide a regra da sumula 33. STJ, que impede que juiz conheça de oficio a competência relativa. 
OBS: alguns autores (Maria helena Diniz, Washington de Barros Monteiro) afirmam que estas 03 não seriam as únicas ações possessórias do Dto Brasileiro. Dizem que existiriam outras ações, à exemplo de : imissão na posse, dano infecto, nunciação de obra nova e embargos de terceiros.
Se cair na prova, só existem 03 ações possessórias, acima descritas. Não adotar este posicionamento. Essas outras ações não são possessórias (que é ação para proteção civil da posse). Estas 04 ações podem até estar baseadas na posse, mas não são possessórias já que sua finalidade não é proteger a posse. Vejamos:
Imissão na posse: não pode ser possessória, já que aqui falta posse que é pressuposto da ação possessória. Tal ação tem procedimento comum ordinário para obter a posse, salvo se contrato transferiu posse por meio de clausula constituti. Neste caso, passa a ser possível tutela jurisdicional da posse.
Dano infecto: também não é possessória; é ação cominatória. Através dessa ação, autor pretende fixação de multa para que o réu tome cuidado com obra ou construção no prédio vizinho, evitando ocorrência de dano . Ex: descubro que meu vizinho esta reformando e percebo que tal pode me prejudicar. Se o dano precavido se concretizar o autor da ação terá direito à multa (tutela inibitória), sem prejuízo de perdas e danos. Recebe a multa sem prejuízo de indenização. Tal ação pode ser ajuizada tanto pelo possuidor qto pelo proprietário. Logo, não é possessória, em que pese poder estar baseada na posse.
Nunciação de obra nova: procedimento especial de jurisdição contenciosa. até pode ser promovida pelo possuidor, mas jamais será possessória pois seu objeto é proteção de posturas municipais, direito de vizinhança. Jurisprudência vem entendendo que só pode ser ajuizada enquanto a obra não estiver acabada. Obra acabada é aquela em fase de decoração. Obra acabada comporta ação demolitória. De qq forma, jurisprudência vem aplicando principio das fungibilidade entre ação de nunciação de obra nova e demolitória. CC autoriza nunciação de obra nova de mãos própria, sendo este outro exemplo de autotutela, apelidado pela doutrina de “jato de pedra”. Ação de mãos próprias ocorre através de notificação com AR ou 2 testemunhas pedindo para paralisar a obra; após, requer-se a homologação judicial. Trata-se de nunciação de obra nova de mão própria ou extrajudicial.
Embargos de terceiros: art. 1046, CPC. É procedimento de jurisdição contenciosa tendente a atacar uma indevida constrição judicial (penhora) sobre bem de pessoa que não é legitimada para figurar no processo de execução. Ex: casamento e união estável. Um dos cônjuges responde a ação indenizatória e aqui juiz determina penhora sobre bem que pertence ao casal; assim, uma parte do bem pertence a cônjuge não legitimado a figurar no pólo passivo. Embargos de terceiro podem ser manejados tanto pelo proprietário quanto pelo possuidor. 
** O que é posse precária? A matéria padece nesse ponto, de um equívoco interpretativo. A depender da interpretação dada pode-se chegar a conclusões díspares. Mas analisando a questão sob a ideia de Clóvis Beviláqua temos que há uma diferença entra a posse precária lícita e a precariedade que gera a posse injusta. Posse precária é posse concedida a título de favor. Esse tipo de posse precária é perfeitamente lícito. Ex. empréstimo de casa para que possa ficar em uma temporada de verão – por meio de comodato está-se cedendo o uso da coisa. A posse do comodatário é posse de favor, posse precária e a qualquer tempo o proprietário pode requerê-la. Trata-se de posse instável, mas lícita e concedida a título de favor.
	A posse precária se torna injusta no momento em que o proprietário requer a posse ao possuidor precário e este quebra confiança nele depositada, recusando-se a entregar ou devolver o bem. Aqui a posse se torna injusta pela quebra da confiança, tornando-se uma posse precária injusta.
	Na linha de pensamento de Clóvis Beviláqua, portanto, a concessão da posse precária (entendida como aquela deferida a título de favor como no comodato) é perfeitamente lícita. No entanto, no momento em que o possuidor, em nítida quebra de confiança, recusa-se a devolver o bem como se proprietário fosse (interversão da posse – En. 237 da 3ª Jornada) surge o vício da precariedade, configurando-se a posse injusta. 
Quanto ao elemento psicológico:
Tal classificação depende do conhecimento do vicio que pese sobre a posse. Para fins de usucapião, boa-fé é irrelevante. Mas para fins de responsabilidade civil, frutos e benfeitorias, haverá diferença de tratamento entre o possuidor de boa e de má-fé. 
	No que tange ao elemento psicológico (arts. 1.201/1.203, CC: Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.) a posse pode ser:
De má-fé: Em linhas gerais, sob o critério psicológico possuidor de má-fé é aquele que tem ciência do vício que inquina a sua posse (a jurisprudência entende que se dá com a citação em ação possessória). 
De boa-fé: o possuidor de boa-fé é aquele que desconhece o vício que macula a sua posse, e, em havendo um justo título, haverá presunção relativa desta boa-fé em seu favor. Ex. se recebeu como herança uma fazenda, de seu avô e este tinha esbulhado e falsificado o registro anteriormente. O formal de partilha vale como justo título. Os autores mais modernos entendem que até mesmo um recibo, e não apenas uma escritura pública ou formal de partilha viciados, poderia configurar um justo título tendo em vista a função social da posse. A CF, no seu art. 5º, reconhece o dto de propriedade, desde que cumprida sua função social. A função social é uma condicionante do direito de propriedade. Significa que para que o proprietário tenha proteção, precisa cumprir a função social. Da função social da propriedade, decorre a função social da posse. É que o proprietário, eventualmente, pode não cumprir
a função social e um terceiro poderá cumpri-la em seu lugar. Se um terceiro cumpriu função social no lugar do proprietário, estaremos diante de FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE. Só se fala em função social da posse quando um terceiro a cumpriu no lugar do proprietário. O CC, segundo a exposição de motivos de Miguel Reale, acolhe a teoria da função social da posse implicitamente. Para reale, a função social da posse pode ser chamada de POSSE TRABALHO. Se cair na prova, começar falando de Noerbero Bobbio. Para que o direito protege a posse e é para que atingir a pacificação social. A função social da posse confirma, de uma vez por todas, a autonomia conceitual da posse em relação à propriedade. A partir da função social da posse, percebe-se que juiz não julga necessariamente em favor do proprietário, mas quem cumpre a função social. Posse é autônoma e deve ser tratada autonomamente. 
Exemplos de função social da posse: 
-Parágrafo único dos arts. 1238 e 1242, CC. Juiz poderá reduzir o prazo de usucapião em 05 anos quando o usucapiente estiver morando ou tiver tornado produtiva a propriedade. 
-Sumula 239, STJ: o direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro. (o promitente comprador tem posse e como mora no imóvel, esta cumprindo a função social da posse).
- sumula 364, STJ: fala da impenhorabilidade da pessoa sozinha ou “single”.
- desapropriação judicial indireta: art. 1228, §§ 4º e 5º. Ocorre quando o proprietário perde a propriedade para um grupo indeterminado de pessoas. (não se esquecer de falar judicial, já que a “desapropriação indireta” é instituto de Dto Administrativo).
Requisitos da desapropriação judicial indireta:
Extensa área, rural ou urbana: extensa área é conceito aberto que varia de um lugar para o outro.
Posse coletiva por 05 anos
Grupo indeterminado de pessoas
De boa-fé. (conceito de boa-fé aqui não é o clássico, já que para tanto, deveria ser subjetivo. A boa-fé aqui não esta no conhecimento da titularidade, mas sim, nos efeitos da posse).
Realização de obras e serviços relevantes
Pagamento de indenização fixada pelo juiz. Se tem indenização, não é usucapião, mas desapropriação. Curiosamente esta espécie não é decretada pelo executivo, mas pelo judiciário, razão da nomenclatura desapropriação judicial. E quem paga essa indenização? Alguns autores sustentavam que a indenização deveria ser paga pelo poder publico. Outros, de que deveria ser pago pelos posseiros. Na jornada de direito civil, fixou-se o entendimento de que quem paga a indenização são os próprios possuidores, exceto quando se tratar de população de baixa renda, quando o poder público devera pagar, em razão do direito social de moradia. O pagamento não poderá ser feito através de precatório. Vem prevalecendo na doutrina que é possível desapropriação judicial indireta de bem publico. Trata-se de aplicação da teoria do direito civil dos pobres. Quando se tratar de população de baixa renda, o poder público devera ser chamado no processo. Em caso de zona rural, União; Caso de área urbana, será o município. Nesse caso haverá um deslocamento de competência. Se for a União, devera tramitar na JF.
Tem de ser alegada por meio de ação autônoma ou como exceção substancial em ação já em trâmite (trata-se de requisito processual). Próprios possuidores podem ajuizar ação autônoma de desapropriação judicial indireta. Pode ocorrer que o proprietário ajuíze reinvindicatória contra eles antes. Nesse caso, ao serem citados, possuidores vão alegar em exceção substancial indireta. 
Discutia-se se MP tem legitimidade para pleitear essa ação, e chegou-se ao entendimento que sim, quando envolver direito de moradia. Mesmo quando a ação for promovida pelo MP, titulo somente poderá ser registrado após pagamento da indenização. Ex: favela.
A defensoria publica esta absolutamente legitimada.
O § 4º do art. 1228, CC, diz que propriedade cede em face da função social da posse. 
CUIDADO: não confundir desapropriação judicial indireta com usucapião especial urbano coletivo previsto nos arts. 10 a 12 do Estatuto da Cidade.
	Desapropriação judicial indireta
	Usucapião especial urbano
	
* extensa área, rural ou urbana;
*posse coletiva por 05 anos;
*grupo indeterminado de pessoas;
*de boa-fé;
*realização de obras e serviços relevantes
*pagamento de indenização fixada pelo juiz
*tem que ser alegado por meio de ação autônoma ou exceção substancial em ação já em tramite
	- previsto nos arts. 10 a 12 do estatuto da cidade;
- requisitos próprios: 
*área urbana superior a 250m2.
*posse coletiva por 05 anos;
*população de baixa renda
* boa ou má-fé (boa-fé não é requisito)
*fixação de moradia
*inexistência de contraprestação
*tem que ser alegado por meio de ação autônoma ou exceção substancial em ação já em tramite
*pode ser alegado por cada um dos possuidores individualmente, por alguns ou todos coletivamente e pela associação de moradores como substituto processual. (art. 12, estatuto das cidades). MP não tem legitimidade, atuando apenas como “custus legis”.
São os dois mais eloqüentes exemplos de função social da posse no direito civil.
Obs.: A despeito de uma visão mais conservadora dos Direitos Reais entender que justo título deve ser um documento formal (como uma escritura pública ou um formal de partilha), a doutrina moderna, na perspectiva da função social da posse, tem relativizado corretamente este entendimento (ver Enunciados 302 e 303 da 4ª Jornada de Direito Civil – Enunciado 302: Art.1.200 e 1.214. Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil. Enunciado 303: Art.1.201. Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.)
Exemplos:
Posse injusta e de boa-fé: A herança traz a posse com a origem objetiva: se era injusta é assim transmitida. No entanto, o elemento subjetivo transmuda-se, podendo a posse do herdeiro ser injusta, mas de boa fé. Assim, se eu recebo uma herança, que tenha por objeto, por exemplo um carro roubado, esta posse que me foi transmitida é injusta, mas, se eu desconhecia é também de boa-fé. 
Posse justa de má-fé: esse exemplo é dado por Flávio Tartuce: o locatário exerce posse justa, mas, se a sua intenção é usucapir o imóvel está de má-fé. 
	Nesse ponto, observe-se que, em geral, a posse injusta é de má-fé e a posse justa é de boa-fé.
	Questões especiais de concurso:
O que é constituto possessório? 
Trata-se da operação jurídica que muda a titularidade na posse, de maneira que, aquele que possuía em seu próprio nome passa a possuir em nome de outrem. A chamada cláusula constituti documenta o constituto possessório. Ex. sou proprietário do meu apartamento e vendo-o para Fredie, mas no contrato há cláusula que permanecerei como inquilino no imóvel. Possuía o bem em nome próprio e passarei a possuí-lo em nome alheio.
Obs.: se a operação for contrária, ou seja, aquele que possuía em nome alheio passar a possuir em nome próprio, o instituto denomina-se traditio brevi manu. É o contrário do constituto possessório.
O que é autotutela da posse? 
Trata-se de um legítimo meio de autodefesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade em duas situações previstas no §1º do art. 1.210: Legítima defesa e desforço incontinente. Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o
Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
O que é fâmulo da posse ou gestor ou servidor da posse? 
É o caso do detentor. Vale dizer, detentor é aquele que, não sendo possuidor, segue instruções do proprietário ou legítimo possuidor (art. 1.198, CC: Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.). Ex. caseiro, bibliotecário, motorista particular. 
O que é patrimônio de afetação? Consagrado pela lei 10.931/2004, em defesa do possuidor (comprador) de determinado imóvel, o patrimônio de afetação visa a imprimir maior segurança jurídica no mercado imobiliário, uma vez que destaca patrimônio específico da construtora, vinculando-o ao empreendimento.
Efeitos jurídicos da posse:
Possibilidade de aquisição por usucapião: nem toda posse pode ser adquirida por usucapião, à exemplo da posse direta ou indireta. Ou seja, nem toda posse é “ad usucapionem”.
Percepção de frutos e produtos:
O possuidor de boa-fé tem direito á percepção de todos os frutos produzidos pela coisa, exceto os que estiverem pendentes na data de restituição da coisa. Se esta pendente, é pq ainda não esta em tempo de ser colhido. Se retirar antecipadamente o fruto pendente, responde civilmente, mas será indenizado pelas despesas de forma a evitar enriquecimento sem causa. Já o possuidor de má-fé não tem direito a fruto algum e se colher é obrigado a indenizar, mas se teve despesa com a conservação dos frutos, devera ser indenizado para evitar enriquecimento sem causa.
Revisar no caderno de parte geral a diferença entre frutos e produtos, bem como a sua classificação (recordando, fruto é uma utilidade que se renova; ao passo que o produto, não).
	No que se refere à posse, a matéria está tratada especialmente nos artigos 1.214 / 1.216: da leitura das normas, concluímos que o legislador protege o possuidor de boa-fé. 
	Citem-se os dispositivos:
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
	
Ex. recebida uma herança consubstanciada em uma fazenda, tendo produzido, por dois anos uma plantação é citado em ação de reintegração de posse considerando que o registro se encontrava viciado. Como estava de boa-fé os frutos colhidos, percebidos são do possuidor. Os colhidos antecipadamente e os pendentes serão restituídos, sendo indenizado pelas despesas que teve.
Já o possuidor de má-fé tem direito apenas às despesas da produção e custeio, devendo responder pelos frutos colhidos e percebidos e os que por sua culpa deixou de perceber.
O tratamento da lei para o possuidor de má-fé é bastante duro.
Obs.: Os artigos 1.214/1.216 do CC referem-se à percepção de frutos, mas e se a questão na prova envolver produtos? Uma primeira linha de raciocínio, na falta de regulamentação específica, à luz do art. 1.232 (“Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem”), sustenta que o possuidor de boa-fé ou de má-fé deverá indenizar o proprietário pelo produto extraído; uma segunda linha de pensamento, inspirada em Clóvis Beviláqua, respeitando o próprio princípio da boa-fé, sustenta a aplicação analógica do art. 1.214 (acima citado), para efeito de se proteger o possuidor de boa-fé que extraiu produtos da coisa principal. 
	A matéria é eminentemente teórica e não se encontra consolidada nenhuma das posições na jurisprudência.
Responsabilidade Civil pela Perda ou Deterioração da coisa:
	Na mesma linha do tópico anterior, quanto a perda ou deterioração da coisa, os artigos 1.217 e 1.218 do CC tratam de forma mais gravosa o possuidor de má-fé. Citem-se os dispositivos:
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
	O CC distinguiu aqui a posse de boa e má-fé. Assim, o possuidor de boa-fé, nos termos do art. 1.217, poderá ser compelido a indenizar o legítimo proprietário, se deu causa à perda ou deterioração da coisa. A resp. civil do possuidor de boa-fé é subjetiva com ônus de prova pela vítima. Autores como Carlos Roberto Gonçalves e Arnold Wald, afirmam que “dar causa” significa agir com culpa ou dolo. Ex. queimada para se fazer pasto – o fogo se alastra e atinge toda a fazenda: o possuidor deu causa a danificação da coisa principal por culpa e deverá indenizar o proprietário.
	Já o possuidor de má-fé, nos termo s do art. 1.218, é tratado de forma severa, pois, se danificar ou perder a coisa terá responsabilidade civil objetiva (responde pela perda ou deterioração ainda que acidentais). Responde ainda que dano seja proveniente de caso fortuito e força maior. 
No Brasil não existe risco absolutamente integral, já que sempre haverá uma ou outra excludente. Salvo se o possuidor de má-fé provar que a coisa teria deteriorado mesmo sem a sua posse, é hipótese especifica de exclusão de resp. objetiva do possuidor de má-fé. Ainda assim, sua resp. continua subjetiva com risco integral.
Indenização pelas benfeitorias realizadas e direito de retenção:
	Existem três tipos de benfeitorias: necessárias, úteis e voluptuárias.
	Também aqui a boa ou a má-fé do possuidor interfere na percepção ou não das benfeitorias realizadas (matéria tratada a partir do art. 1.219 do CC). Merecem destaque:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
	
	O possuidor de boa-fé tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias (fazendo jus inclusive ao direito de retenção), e, quanto às voluptuárias, caso não lhes sejam pagas, poderá levantá-las (jus tollendi), desde que não prejudique a coisa principal. Já o possuidor de má-fé só terá direito de indenização pelas benfeitorias necessárias, sem o direito de retenção da coisa. Não esquecer que conceito de benfeitorias é finalístico, ou seja, não há uma classificação apriorística (antecipada) não levando em conta a natureza, mas sim a finalidade.
O CPC determina que direito de retenção seja exercido durante processo de execução por meio d embargos de retenção. Mas diante da nova sistemática do cumprimento de sentença, Cristiano Chaves
tem novo entendimento. Entende que direito de retenção deva ser alegado pelo autor na inicial e pelo réu na contestação. Isso pq se o autor o faz na inicial e réu na contestação, ao proferir sentença, juiz já reconhece execução do direito de detenção. Se não alega no processo de conhecimento, a solução é alegar no cumprimento de sentença.
Existem 03 exceções à regra geral de indenização por benfeitorias (existem 03 possuidores de boa-fé que não estão enquadrados na regra geral):
Locação de imóveis urbanos. Art. 35, Lei 8245/91. Só terá direito à indenização e retenção pelas benfeitorias uteis se houver previa autorização do locador. Tal regra não pode ser aplicada às benfeitorias necessárias sob pena de enriquecimento sem causa. Nessa hipótese, seria melhor para o locatário “deixar a casa cair”. Começou uma discussão se clausula de renuncia antecipada ao direito de indenização seria válida. A maioria dos contratos de locação é de adesão. Logo, á luz da boa-fé objetiva essa clausula é nula. Ocorre que a sum. 335, STJ nos diz que tal clausula é válida.
Contrato de comodato: a benfeitoria necessária garante integridade física da coisa. A útil gera melhor comodidade n o uso na coisa. Art. 584 diz que só tem indenização pelas benfeitorias necessárias (com dto de retenção). Aqui as benfeitorias uteis não geram nem indenização, tampouco retenção.
Art. 26, DL 3365/41: lei de desapropriações. As benfeitorias no imóvel desapropriado devem ser computadas no preço (todas elas). Contudo, as benfeitorias realizadas no lapso temporal compreendido entre a publicação do decreto expropriatório e a imissão na posse do poder publico expropriante. Dentro desse lapso temporal existe regra própria: as benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis; benfeitorias necessárias serão SEMPRE indenizáveis e as benfeitorias uteis só serão indenizáveis com previa autorização do poder publico.
OBS: imagine que possuidor de boa-fé foi notificado para restituir a coisa num comodato sem prazo. O comodatário foi notificado para restituir a coisa em 60 dias. Até o fim desse prazo, será possuidor de boa-fé e, sendo assim, pode realizar uma série de benfeitorias uteis. Logo, terá que ser indenizado; não sendo indenizado, poderá exercer direito de retenção e sendo assim, prolonga-se na posse da coisa. Nessa situação, a doutrina e jurisprudência estabeleceram que as benfeitorias uteis realizadas após a notificação do possuidor de boa-fé para restituição da coisa continuam gerando de indenização, mas não geram direito de retenção. Mas lógico que essa regra não se aplica às benfeitorias necessárias. Por outro lado, também é bom lembrar que tal regra não se aplica às benfeitorias uteis realizadas antes da notificação, gerando regularmente direito à retenção.
Direito de retenção do possuidor de má-fé
Ordinariamente, não tem direito de indenização ou retenção por benfeitorias. Todavia, com fincas na proibição do enriquecimento sem causa (arts. 884 e 885), à ele é conferido dto de indenização pelas benfeitorias necessárias.
DIREITO DE PROPRIEDADE
	
Conceito:
	Trata-se de um direito real complexo, regulado a partir do art. 1.228 do CC, consistente em um direito real na coisa própria, compreensivo das faculdades reais de: usar, gozar e fruir, dispor e reivindicar a coisa, segundo uma função social.
	Tendo o agente todas as faculdades será considerado proprietário pleno. A propriedade tem capacidade de constituir outros direitos reais. Ex. usufruto – passa as faculdades de uso e fruição para o usufrutuário. O proprietário é denominado nu-proprietário uma vez que fica despido de poderes.
Obs.: Ver no material de apoio, as características do direito de propriedade, especialmente a elasticidade (Orlando Gomes – Direitos Reais): a propriedade é elástica na medida em que pode ser distendida ou contraída, para formar outros direitos reais, sem perder a sua essência. A função social da propriedade, magistralmente desenvolvida León Duguit na Clássica obra As Transformações Gerais do Direito Privado, além de atuar como um título justificativo (Pietro Perlingieri) é vetor limitativo da propriedade, exercendo uma finalidade passiva (deveres de abstenção do proprietário) e uma finalidade ativa (condutas comissivas necessárias do proprietário).
*No CC, ver artigos 1.229/1.230 quanto à extensão da propriedade. 
** O art. 187 do CC, visto na grade de responsabilidade civil, ao definir o abuso de direito, não exigiu a prova da intenção de prejudicar; o “infeliz” §2º do art. 1.228, ao tratar do abuso da propriedade (ato emulativo), inadvertidamente exige a prova desta intenção, o que deve ser desconsiderado segundo a melhor doutrina (para aprofundamento, ver o Abuso de Direito no Novo Código Civil de Daniel Boulos, Ed. Método).
Noções gerais
Extensão
A descoberta
Tutela jurídica
Propriedade resolúvel
Propriedade aparente
Função social da propriedade
Modos aquisitivos
Noções gerais
Art. 1228, CC. Trata-se de direito subjetivo, oponível “erga omnes” (absoluto) que confere ao titular um feixe de poderes: uso, gozo/fruição, livre disposição, reinvidicação. São estes os poderes contidos no direito de propriedade. Além destes 04 poderes, CC determina que proprietário precisa ter titulo; titulo lhe é imprescindível por conferir oponibilidade “erga omnes”. Se titular dispuser dos 04 poderes, mas não tiver o titulo, terá apenas domínio. Dessa forma, é fácil perceber que direito de propriedade é exercido perante a coletividade. Já domínio é exercido sobre a coisa. Ex: alguém que esta usucapindo, tem domínio, mas só terá propriedade (titulo) após julgamento da ação.
Quem tem apenas uso ou gozo (01 só dos poderes), terá a posse.
São todos conceitos autônomos: posso ter domínio sem propriedade; posse sem propriedade, etc. De ordinário, quem tem propriedade, tem domínio e posse. Proprietário esbulhado, é proprietário esbulhado. Portanto, são conceitos autônomos. 
O direito de propriedade é elástico, na medida que os poderes de domínio podem ser fracionados. É possível que titular conceda a terceiro uso e fruição e, ainda assim, permanecer com o título. 
O dto real na coisa alheia nasce do fracionamento dos poderes do domínio, da propriedade, de modo que toda vez que se fraciona direito de propriedade, eu titular acabar de constituir dto real na coisa alheia, o que NÃO implica abalo do direito de propriedade, justamente em razão do título. Dto de propriedade permanece incólume. Portanto, a constituição de direito real na coisa alheia abala severamente o exercício do domínio, sem comprometer propriedade. Na enfiteuse o 3º recebe tudo: uso, gozo, disposição e reinvidicação. Proprietário fica somente com o titulo. Não deixa de ser proprietário, mas perdeu poderes do domínio. Enfiteuta terá todos os poderes do domínio, mas não terá titulo.
Extensão do dto de propriedade
Art. 1.229, CC. Propriedade do solo abrange tb espaço aéreo e subsolo, mas proprietário não pode se objetar à realização de atividades que não viole seus interesses. Ex: avião e metrô.
O art. 1330 diz que as riquezas minerais encontradas no subsolo (e não subsolo em si) pertencem a União. SE eu cavar no meu quintal e encontrar lama, será minha, mas se encontrar riquezas minerais, será de propriedade da união. Mas as riquezas poderão ser utilizadas para construção civil vedada a exploração econômica. Art. 1.230, p.u., CC.
Descoberta
Art. 1.233, CC: encontrar coisa móvel alheia perdida e a pessoa que encontra é chamada descobridor. Trata-se de ato-fato jurídico e sendo assim, descobridor terá direito à indenização (se provar que teve despesas) e recompensa. Essa recompensa atende pelo nome de “achádego”. O achádego será fixado pelo juiz em valor não inferior à 5% da coisa. Perceba que, descobridor é OBRIGADO a restituir a coisa. No direito civil, não se aplica o ditado “achado não é roubado”. A CC determina que restituição deve ser feita ao legitimo proprietário e, não sendo conhecido, á autoridade
policial. 
Só existem dois casos em que descobridor pode ficar com o bem para si:
- quando proprietário não quiser pagar a recompensa e renunciar à coisa;
- quando não encontrado o proprietário e o poder publico municipal não tiver interesse na coisa. 
Não confundir descoberta com dois institutos à ela semelhante: ocupação (art. 1263, CC). Não se confunde com a descoberta já que ocupação é encontrar coisa móvel alheia sem dono. Trata-se de modo originário de aquisição de propriedade móvel, enquanto a descoberta é ato-fato que não gera aquisição de propriedade. Caça e pesca são exemplos de ocupação.
A descoberta também não se confunde com a arrecadação de coisas vagas do art. 1175, CPC. Aqui, o que se tem é abandono de bem móvel em estabelecimento. Ex: lavanderia, assistência técnica, oficina mecânica. Todo objeto abandonado em estabelecimento gera procedimento de arrecadação de coisas vagas, que é procedimento de jurisdição voluntária. Funciona assim: interessado ajuíza ação, juiz cita o réu para pagar a divida e recuperar a coisa. Se não pagar, juiz manda a coisa à hasta publica e com o $ arrecadado, paga o autor. Não existe hipótese do autor ficar com o bem para si, já que seria exercício arbitrário das próprias razões / autotutela não prevista em lei. 
Tutela jurídica da propriedade
Se dá através de ação reinvidicatória que é mecanismo de proteção da propriedade, mas nada impede que proprietário se valha de outras ações, á exemplo do dano infecto, nunciação de obra nova, embargos de terceiro. Várias ações podem estar fundamentadas da propriedade, mas a defesa da propriedade só pode ser exercida pela ação reinvidicatória. Logo, é pressuposto da ação reinvidicatória a apresentação do registro/título. Sem o título, não cabe ação reinvidicatória. Caberá a ação publiciana. Detalhe: a ação reincidicatória não se confunde com publiciana. A segunda é para defesa do domínio, enquanto a primeira é para defesa do titulo, sendo meramente declaratória e, portanto, imprescritível. Segue o rito do procedimento comum ordinário e, sendo assim, não cabe liminar. É possível a tutela antecipada com os requisitos genéricos do art. 273, CPC.
A competência para processar e julgar ação reinvidicatória esta no art. 95, CPC – foro de situação da coisa – competência absoluta.

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