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INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL Conceito de “relação jurídica” É um vínculo existente entre pessoas, estabelecido em razão de um objeto para o qual a norma outorga poderes de um sujeito e deveres e outro. Sujeitos, objeto e fato propulsor. Existe uma relação entre sujeito ativo e sujeito passivo. O poder do sujeito incide sobre um objeto, qual seja: Mediato = bem Imediato = prestação devida Necessidade de um fato propulsor ao qual a norma dá função de criar, modificar ou extinguir direitos. Vincula os sujeitos e submete o objeto ao poder de uma pessoa. PESSOAS NATURAIS A personalidade é uma aptidão genérica para adquirir direitos e contratar obrigações. Está disposta no art.1º do CC. A pessoa natural adquire a personalidade ao nascer com vida, porém, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Art.2º do CC. OBS: O registro de nascimento é apenas um ato declaratório e não constitutivo. Nascituro: aquele que já foi concebido, porém ainda não nasceu. Apesar da controvérsia doutrinária, nos termos do código civil, o nascituro tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. É titular de direitos personalíssimos; Pode receber doação; Pode ser beneficiário de herança; Tem direito a realização de exame de DNA para aferição de paternidade; CP tipifica o crime de aborto. Capacidade Adquirida a personalidade, a pessoa passa a ser capaz de exercer direitos e obrigações. Capacidade de direito + capacidade de fato = capacidade civil plena OBS: Não confundir “capacidade” com “legitimidade”. A legitimidade é uma capacidade específica, são impedimentos circunstanciais criados pelo ordenamento para proteger um sujeito. Exemplo: art. 496 do CC. Incapacidade Quando está ausente a capacidade do exercício civil de uma pessoa, falta-lhe aptidão para exercer pessoalmente os atos da vida civil, a qual pode sofrer restrições. Sob esse prisma, o Código Civil distingue essa partição entre incapacidade absoluta e relativa. Incapacidade Absoluta Está disposta no art. 3º do CC, e discorre que: “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: Os menores de 16 anos; Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem necessário discernimento para a prática desses atos; Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.” Incapacidade Relativa São pessoas situadas na zona intermediária. Está elencada no art.4º do CC, que diz: “São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; Os pródigos. Parágrafo Único: a capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Suprimento da incapacidade -Absoluta = representação (menor de 16 anos, curador) -Relativa = assistência (o relativamente incapaz pratica o ato jurídico junto com seu assistente) Emancipação É a aquisição de capacidade civil antes da idade legal. A menoridade cessa aos 18 anos completos. A antecipação da capacidade plena através da emancipação pode ser: Voluntária Decorre da concessão dos pais, reconhecendo ter seu filho, maturidade necessária para reger sua pessoa e seus bens e não necessitar da proteção que o Estado oferece. Judicial A única espécie de emancipação que necessita de sentença judicial é o menor sobre tutela que já tenha completado 16 anos. É necessário verificar se a emancipação está ocorrendo apenas para beneficiar o menor em questão e não para livrar os tutores do ônus da tutela do menor. Legal Irá ocorrer em determinados acontecimentos que como o próprio nome diz, decorrerá da lei, ou seja, a lei irá atribuir tal fato. Estão descritos no art.5º do CC, do inciso II ao V. Pelo casamento; Pelo exercício de emprego público efetivo; Pela colação de grau em ensino superior; Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor de 16 anos tenha economia própria. OBS: A emancipação é um ato IRREVOGÁVEL, mas os pais podem ser responsabilizados pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Extinção da Pessoa Natural A existência da pessoa natural termina com a: Morte Real (declarada através de óbito) Morte Presumida (com ou sem declaração de ausência) Ausência É a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar representante ou procurador para administrar os bens deixados. Vide art.22 do CC. Curadoria dos bens do ausente Constatado o desaparecimento do indivíduo, sem que tenha deixado procurador, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do MP, declarará a ausência e nomeará um curador. Sucessão Provisória Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra a sucessão provisória. Vide art. 26 do CC. Se consideram interessados, de acordo com o art. 26 do CC: Cônjuge não separado judicialmente; Os herdeiros presumidos; Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente da sua morte; Os credores de obrigações vencidas e não pagas. Sucessão Definitiva Poderão os interessados, dez anos depois da sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória, requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Pode-se requerer também a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Comoriência Prevista no art.8º do CC, discorre que, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes procedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. DIREITOS DE PERSONALIDADE Aqueles que têm por seu objeto os atributos físico, psíquico e moral da pessoa. Todas as pessoas são titulares desses direitos. São direitos inalienáveis, que se encontram fora do comércio, e que merecem a proteção legal. Intransmissibilidade e Irrenunciabilidade Não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. Absolutismo O caráter absoluto dos direitos de personalidade é consequência de sua disponibilidade Erga Omnes. São tão relevantes e necessários que impõem a todos em dever de abstenção, de respeito. Não Limitação É ilimitado o número de direitos de personalidade, malgrado o Código Civil, nos art.11 a 21, tenha se referido expressamente apenas à alguns. Imprescritibilidade Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo fato de os direitos de personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo decurso do tempo, nem pela inércia de pretensão de defendê-los. Impenhorabilidade Os direitos de personalidade são inerentes à pessoa humana e dele inseparáveis, e por essa razão indisponíveis, certamente não podem ser penhorados. Vitaliciedade Os direitos de personalidade são adquiridos no instante da concepção e acompanham a pessoa até a sua morte. Por isso são vitalícios. PERSONALIDADE JURÍDICA Entes abstratos assim constituídos, gerados pela vontade e necessidade do homem. As pessoas jurídicas surgem, portanto, ora como conjunto de pessoas, ora como destinação patrimonial, como aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Para realizações de fins comuns (lucrativos ou não-lucrativos). Natureza Jurídica A personalização desses grupos é a construção da técnica jurídica, admitindo que tenham capacidade própria. Vide art.45 do CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, procedida, quando necessário, de (...). Pressupostos de Existência Vontade humana; Observânciadas condições legais; Licitude do seu objeto. Surgimento da Pessoa Jurídica Ocorre com a inscrição do ato constitutivo no órgão competente. É a condição indispensável para atribuição da personalidade. Registro de pessoa natural = natureza declaratória. Registro de pessoa jurídica = natureza constitutiva Sociedades de Fato ou Irregulares Quando o contrato social não é levado a registro, a sociedade é irregular e não tem personalidade jurídica própria. Os seus sócios respondem ilimitadamente. Art.990 do CC. Apesar de serem desprovidos de personalidade, tem capacidade de se obrigar perante terceiros. Grupos Despersonalizados Entes que se formam independente da vontade de seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula pessoas em torno de bens. Tais grupos constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual mediante representação. Art.75 do CPC. Família; Massa Falida; Herança Jacente e Herança Vacante; Espólio. Classificação das Pessoas Jurídicas Direito Público Direito Privado (associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e empresas individuais limitada (EIRELI). Associações Não tem fins lucrativos, mas sim, religiosos, morais, culturais, assistenciais, desportivos e recreativos. Seu ato constitutivo é levado no CRCPJ. OBS: uma associação pode desenvolver atividades que gere renda, desde que sirva para manutenção da pessoa jurídica, sempre observando os fins. Contudo, não poderá ser distribuído os lucros. Sociedades Corporação instituída por Contrato Social, com escopo de exercer atividade econômica, e partilha de lucros. Empresa = Exerce atividade econômica. Registro: Junta comercial Marca: Impessoalidade. Simples = Não empreendem atividade empresarial. São prestadores de serviços. Registro: No CRCPJ Marca: Pessoalidade Fundação Está disposto nos art.62 ao 69 do CC. Atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio que a vontade humana destina a um fim social. Para aferição de uma fundação, devem ser observados as seguintes etapas: Afetação de bens livres; Instituição por Escritura Pública ou testamento; Elaboração de Estatuto; Aprovação dos Estatutos; Desconsideração da Personalidade Jurídica DESCONSIDERAÇÃO ≠ DESPERSONALIZAÇÃO Suspensão temporária da extinção da personalidade personalidade, possibilitando jurídica. Persiste para fins a responsabilização dos sócios. de liquidação e a dissolução será levado a registro DOMICÍLIO Morada: lugar onde a pessoa se estabelece provisoriamente. Residência: lugar onde a pessoa se estabelece habitualmente. Domicílio: lugar onde a pessoa se estabelece com ânimo definitivo. Mudança de domicílio: está prevista no art. 74 do CC. Constam elementos objetivos e subjetivos. Domicílio de pessoa jurídica: prevista no art. 75 do CC. Domicílio Aparente ou Ocasional: Art. 73 do CC. Exemplo: circo. ESPÉCIES DE DOMICÍLIO: Domicílio Voluntário Decorre do ato de livre vontade do sujeito. Domicílio Necessário Decorre da lei em atenção a condição de determinadas pessoas. Vide art. 76 do CC. Domicílio Especial Decorre do ajuste das partes de um contrato. Vide art.78 do CC. Exemplo: foro ajustado pelas partes em caso de alguma incidência no contrato. BENS Bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica; para que o bem seja objeto de uma relação jurídica é preciso que ele apresente os seguintes caracteres, idoneidade para satisfazer um interesse econômico, gestão econômica autônoma e subordinação jurídica ao seu titular. Coisa ≠ Bem - São objetos corpóreos - Objetos corpóreos e - Materiais tangíveis. Incorpóreos. - Imateriais, ideais. - Liberdade, honra, moral, Imagem, vida.... Classificação dos Bens Jurídicos Bens considerados em si mesmo *Móveis/Imóveis *Fungível/Infungível *Divisível/Indivisível *Singular/Coletivo Bens Reciprocamente considerados *Principais *Acessórios (frutos, produtos, rendimentos, benfeitororias, pertences, partes, integrantes). Bens em Relação ao seu Titular *Público *Privado Bens Móveis Passível de deslocamento e suscetível de movimento próprio. Exemplo: semoventes. Podem ser: por natureza, por antecipação ou por determinação legal. Imóveis Não podem ser transportados sem alteração da sua substância. Podem ser: Por natureza (o solo e tudo que for a ele incorporado) Por acessão (tudo que for pelo homem, incorporado, ex: semente) Por determinação legal (art.80 do CC). Aquisição da propriedade Móveis: a tradição é a entrega e pagamento e transmissão da propriedade. Imóveis: Registro do CRJ do título aquisitivo, através de Escritura Pública e é necessário ser lavrado em cartório. Autorização do Cônjuge para Alienar ou Gravar Ônus Real Móvel: É dispensada. Imóvel: É necessário a assinatura dos dois (exceto se for casamento com regime de separação de bens). Quando a Forma a ser Observada para Realização do Negócio Jurídico Móvel: Livre (exemplo: safra de maçã). Pode ser: contrato verbal, instrumento particular ou por escritura pública. Imóvel: Escritura Pública (SOMENTE). Bem Fungível Art. 85 do CC. São bens que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplo: dinheiro, café, soja, produtos eletrônicos... Bem Infungível São bens de natureza insubstituível. A infungibilidade decorre em geral da natureza do bem. Exemplo: cavalo premiado. Pode decorrer da vontade das partes e do valor histórico de um determinado bem. A importância prática da distinção: os contratos de mútuo e comodato tem como elementar diferenciador a natureza fungível ou infungível do bem emprestado. NEGÓCIO JURÍDICO É um ato ou pluralidade de atos entre si relacionados e realizados por uma ou várias pessoas que tem por um fim produzir EFEITOS JURÍDICOS. Tem natureza declaratória. Requisitos de Existência -Declaração de vontade manifestada, ou seja, exteriorizada através de gesto ou palavra (falada ou escrita). -Finalidade negocial; -Idoneidade do objeto Classificação dos Negócios Jurídicos Quanto ao número de declarantes Unilaterais: manifestação de vontade de uma só pessoa. Ex: testamento. Bilaterais: duas partes envolvidas. Plurilaterais: Três ou mais envolvidos. Ex: contrato de sociedade. Quanto às vantagens patrimoniais Gratuitos: apenas uma parte é beneficiada. Ex: doação. Onerosos: comutativos (prestações certas) ou aleatórios (pela incerteza) Neutros: não possuem atribuição patrimonial. Bifrontes: podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes. Quanto ao momento de produção de efeitos Inter vivos Causa Mortis Quanto ao modo de existência Principais: contratos mútuos, locação com fiador... Acessórios: cláusula penal, hipoteca, fiança... Quanto à forma Solenes ou Formais: devem obedecer à forma prescrita na lei. Não solenes: de forma livre. Quanto ao número de atos necessários Simples: doação Complexos: promessa de compra e venda, compra a prazo... Coligados: arrendamento de posto de gasolina pelo mesmo instrumento ao contrato de locação das bombas para funcionamento do mesmo. Elementos acidentais do Negócio Jurídico: São cláusulas acrescentadas aos negócios jurídicos para modificar suas consequências naturais. A CONDIÇÃO é um acontecimento futuro e incerto que subordina a eficácia do negócio. Do evento futuro e incerto depende o nascimento ou extinção de um direito. Classificação das Condições Lícitas Ilícitas (prometer recompensa sob a condição de furtar algo). Possíveis Impossíveis -Fisicamente (não pode ser cumprido por nenhum ser humano. Exemplo: colocar toda a água do oceanoem um copo). -Juridicamente (esbarram em proibição expressa do ordenamento). Causais (dependem do fortuito. Exemplo: te dou R$ 100,00 se chover amanhã). Potestativas -Puramente (depende do puro arbítrio de uma das partes e é ilícito) -Simplesmente (depende não só da vontade de uma das partes como de circunstância exterior. São lícitos). Suspensiva (impede que o negócio produza efeitos até a ocorrência do evento. Exemplo: te darei 10 mil SE passar no vestibular de inverno da unifra de 2017. Negócio jurídico existe, mas não produz efeitos). Resolutiva (extingue, resolve o direito com a ocorrência do evento. O NJ produz efeitos até que a mesma se realize. Exemplo: darei 1.500 por mês até que se forma em direito. NJ existe e produz efeitos). NEGÓCIOS JURÍDICOS QUE NÃO ADMITEM CONDIÇÃO: Casamento; Reconhecimento de paternidade; Adoção; Emancipação.
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