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CARGA HORARIA TECNICO RX

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IV - APELACAO CIVEL		2009.51.01.027467-5
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RELATOR
:
DESEMBARGADOR FEDERAL FERNANDO MARQUES
APELANTE
:
SIDNEI BARROS AMORIM
ADVOGADO
:
ANTONIO SILVA FILHO E OUTROS
APELADO
:
UNIAO FEDERAL
ORIGEM
:
VIGÉSIMA QUARTA VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (200951010274675)
RELATÓRIO
Trata-se de apelação de sentença que, em sede de mandado de segurança, julgou improcedente pedido objetivando que as autoridades coatoras se abstenham da prática de qualquer ato que vise a restringir ou obstar a plena cumulação remunerada de cargos públicos.
Na petição inicial, noticia o autor que exerce dois cargos como técnico de radiologia, um no Hospital dos Servidores do Estado, vinculado ao Ministério da Saúde, e outro no Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro, vinculo à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Aduz que cumpre carga horária de 24 horas semanais em cada uma das unidades de saúde, em regime de plantões, havendo compatibilidade de horários. Alega, ainda, estar amparado pelo artigo 37, inciso XVI, alínea “c” da Constituição da República. 
O Juízo Singular firmou convicção no sentido de que: “Considerando que o Impetrante exerce o cargo de Técnico em Radiologia no Hospital dos Servidores do Estado, cumprindo carga horária de 24 horas semanais (fl. 23) e no Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro, com carga horária de 24 horas semanais (fl. 24), não há dúvida de que vem excedendo o limite de jornada previsto no artigo 14 da Lei nº 7.394/85”.
Em seu recurso, a apelante alega que “segundo as Disposições Constitucionais Transitórias, no seu artigo 17, $2º, é permitida a acumulação na área da saúde”; que “ é evidente que o cargo de Técnico em Radiologia e o de Operador de Raio-X são típicos de profissionais de saúde”; que “ inexiste superposição de horários e que estão preservados intervalos para locomoção, descanso e alimentação”; que exerce a acumulação dos cargos a mais de 18 (dezoito) anos.
Contrarrazões às fls. 118/119.
O Ministério Público Federal, à fls. 125, opinou pelo improvimento do recurso.
É o relatório. Peço data para julgamento.
FERNANDO MARQUES
Desembargador Federal - Relator
VOTO
Como relatado, objetiva o impetrante ver reconhecido o direito de acumular dois cargos públicos da área de saúde, ambos como técnico em radiologia.
A acumulação de cargos privativos de profissionais de saúde encontra respaldo no art. 37, inc. XVI, “c”, da Constituição Federal, alterado pela EC n° 34/2001, nos seguintes termos: 
XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: 
	a de dois cargos de professor ; 
	a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
In casu, verifica-se que a situação do impetrante não se enquadra o artigo 37, inciso XVI, “c” da Constituição Federal tendo em vista que a profissão de Técnico em Radiologia restou regulamentada pela Lei 7.394/85 e o Decreto nº 92.790/86, que delimita a jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas semanais, no intuito de promover a proteção destes profissionais, tendo em vista que os mesmos estão expostos a elementos radioativos, extremamente prejudiciais a saúde.
Neste contexto, constata-se que este limite já teria sido atingido pelo impetrante no exercício do cargo em apenas um dos Hospitais em que labora (fls. 23 e 24).
Destarte, diante de expressa proibição legal de jornada de trabalho superior a 24 horas semanais, não há que se falar em direito adquirido. 
Assim, do exame dos autos, verifica-se que o douto Magistrado de primeiro grau bem analisou a questão trazida ao crivo do Poder Judiciário para efetiva entrega da prestação jurisdicional, valendo ressaltar o entendimento lançado por sua Excelência, ao asseverar que, in verbis:
“É cediço que a acumulação de cargos públicos decorre diretamente da Constituição, que prevê expressamente em seu artigo 37, inciso XVI, alínea “c”, com a redação que lhe foi dada pela emenda 34/2001, a possibilidade de acumulação de dois cargos dou empregos privativos de profissional da área de saúde, desde que a profissão seja regulamentada, sendo que a única ressalva existente na norma constitucional para tal acumulação se refere à compatibilidade de horários.
Acerca da carga horária, nem a Constituição da República, nem a Lei 8.112/90, ao tratar da matéria em seus artigos 118 a 120, limitam a jornada na acumulação de cargos.
Entrando, no caso específico do cargo ocupado pelo Impetrante, de técnico em radiologia, há previsão legal limitando a jornada semanal.
De fato, tanto a Lei n° 7.394/85, que regula o exercício da profissão de técnico em radiologia, quanto o seu regulamento, o Decreto nº 92.790/86 limitam a jornada de trabalho de tais profissionais em vinte e quatro horas semanais, nos termos dos seus artigos 14 e 30, respectivamente.
Trata-se de norma de ordem pública, que visa à proteção da saúde dos trabalhadores expostos a radiações, não podendo sua aplicação ser afastada para atender ao interesse do particular.
Considerando que o Impetrante exerce o cargo de Técnico em Radiologia no Hospital dos Servidores do Estado, cumprindo carga horária de 24 horas semanais (fl. 23) e no Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro, com carga horária também de 24 horas semanais (fl. 24), não há dúvida de que vem excedendo o limite de jornada previsto no artigo 14 da Lei nº 7.394/85.
Não existe, portanto, ilegalidade no ato que determinou sua opção por um dos cargos exercícios.” 
 
Sobre a matéria, oportuna a transcrição dos seguintes julgados:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ART. 557 DO CPC. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. CABIMENTO. TÉCNICO EM RADIOLOGIA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. IMPOSSIBILIDADE. LIMITE LEGAL DE HORAS SEMANAIS ULTRAPASSADO. 1. O julgamento monocrático pelo relator da causa, ao utilizar os poderes processuais do artigo 557 do CPC, não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição, desde que o recurso se manifeste inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, deste Superior Tribunal de Justiça, ou do Supremo Tribunal Federal. 2. A acumulação de dois cargos técnicos em radiologia fere o disposto na Lei nº 7.394/85, que rege o referido cargo, uma vez que limita a carga horária máxima da profissão em 24 horas semanais. 3. Agravo regimental improvido.
(STJ; AGRESP 200600430264
AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 823913; Relator (a): MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA; DJE DATA:21/06/2010)
ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – CUMULAÇÃO DE CARGOS – TÉCNICO EM RADIOLOGIA – REINTEGRAÇÃO – JORNADA SEMANAL NÃO SUPERIOR A 24 HORAS – ART. 14 DA LEI º 7.394/85. 1. Ação ajuizada visando à suspensão dos efeitos do procedimento administrativo derivados do Processo nº 25001-026207/2008-91, que implicaria em processo administrativo de exoneração do servidor. 2. Em geral, é perfeitamente possível que uma pessoa possa cumprir uma carga horária semanal de 48 horas, sem qualquer comprometimento da qualidade do trabalho realizado. Contudo, a exposição habitual e permanente ao agente agressivo proveniente dos equipamentos de Raio-X induz a conclusão de que a jornada semanal total, no concernente aos técnicos em radiologia, não pode ultrapassar 24 horas, seja em um ou mais empregos, sob pena de prejuízo à saúde da profissional; 3. A legislação que regulamenta a profissão de técnico em radiologia estabelece jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas semanais (art. 14 da Lei nº 7.394/85), no intuito de promover a proteção destes profissionais, tendo em vista que os mesmos estão expostos a elementos radioativos, extremamente prejudiciais à saúde. Assim, não há vedação de acumulação de cargos pelos técnicos em radiologia, sendo certo que a carga horária total não pode exceder àquela estabelecida em lei especial, motivo pelo qual deve ser
confirmada a sentença mandamental. 4. Apelação e agravo retido improvidos. Sentença mantida.
(TRF2; APELRE 200851010177264
APELRE - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO – 453928; Relator (a): Desembargador Federal FREDERICO GUEIROS; DJU - Data::24/09/2009 - Página::169) 
 APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. REGIME ESTATUTÁRIO. ART. 37, XVI, “C”, DA CF/88. PROFISSIONAL DE SAÚDE. TÉCNICA EM RADIOLOGIA. JORNADA DE TRABALHO SUPERIOR A 24 HORAS SEMANAIS. LEI Nº 7.394/85. 1 - A questão não se resolve apenas pela aferição de serem ou não ambos os cargos próprios de profissionais de saúde e pela comprovação de compatibilidade de horários, aptos à cumulação permitida no art. 37, inciso XVI, alínea c, da Lei Maior. A profissão de Técnico em Radiologia é regulamentada por legislação específica, qual seja, a Lei nº 7.394, de 29/10/1985, que estabelece em seu art. 14 que: “A jornada de trabalho dos profissionais abrangidos por esta Lei será de 24 (vinte e quatro) horas semanais.”, que, embora a lei não seja expressa, visa à integridade física do profissional, já que exercem suas atividades junto a fontes de Irradiações maléficas à saúde. 2 - In casu, a jornada de trabalho excede às 24 horas semanais, o que impossibilita a acumulação pretendida. Precedentes. 3 – Apelação desprovida.
(TRF2; AC 200751010219138
AC - APELAÇÃO CIVEL – 429749; Relator (a): Desembargadora Federal CARMEN SILVIA LIMA DE ARRUDA; DJU - Data::29/06/2009 - Página::76)
ADMINISTRATIVO - SERVIDORA PÚBLICA – CUMULAÇÃO DE CARGOS – TÉCNICO EM RADIOLOGIA – REINTEGRAÇÃO – JORNADA SEMANAL – NÃO SUPERIOR A 24 HORAS – ART. 14 DA LEI º 7.394/85 – PRETENSÃO NEGADA. - Ação ordinária ajuizada visando a reintegração ao cargo de técnico em radiologia da UFRJ, do qual a servidora foi demitida, haja vista o entendimento da Administração de que estava caracterizada carga horária semanal excessiva; - Em geral, é perfeitamente possível que uma pessoa de 28 anos de idade possa cumprir uma carga horária semanal de 48 horas, sem qualquer comprometimento da qualidade do trabalho realizado. Contudo, a exposição habitual e permanente ao agente agressivo proveniente dos equipamentos de Raio-x induz a conclusão de que a jornada semanal total, no concernente aos técnicos em radiologia, não pode ultrapassar 24 horas, seja em um ou mais empregos, sob pena de prejuízo à saúde da profissional; - A legislação que regulamenta a profissão de técnico em radiologia estabelece jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas semanais (art. 14 da Lei nº 7.394/85), no intuito de promover a proteção destes profissionais, tendo em vista que os mesmos estão expostos a elementos radioativos, extremamente prejudiciais à saúde. Assim, há vedação de acumulação de cargos pelos técnicos em radiologia, sendo certo que a carga horária total não pode exceder àquela estabelecida em lei especial, motivo pelo qual deve ser negada a pretendida reintegração.
(TRF2; AC 200751010004584
AC - APELAÇÃO CIVEL – 427753; Relator (a): Desembargador Federal PAULO ESPIRITO SANTO; DJU - Data::06/02/2009 - Página::100)
Diante do exposto, nego provimento ao recurso.
É como voto.
FERNANDO MARQUES
Desembargador Federal - Relator
EMENTA
ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. TÉCNICO EM RADIOLOGIA. LEI Nº 7.394/85. DECRETO Nº 92.790/86. CARGA HORÁRIA MÁXIMA DE 24 HORAS SEMANAIS.
-	A situação do impetrante não se enquadra o artigo 37, inciso XVI, “c” da Constituição Federal tendo em vista que a profissão de Técnico em Radiologia restou regulamentada pela Lei 7.394/85 e o Decreto nº 92.790/86, que estabelecem jornada de trabalho de 24 (vinte e quatro) horas semanais, no intuito de promover a proteção destes profissionais, tendo em vista que os mesmos estão expostos a elementos radioativos, extremamente prejudiciais a saúde.
-	A Lei nº 7.394/85 e o Decreto nº 92.790/86 são normas de ordem pública que visam à proteção da saúde dos trabalhadores expostos a radiações, não podendo sua aplicação ser afastada para atender ao interesse do particular.
 -	In casu, a jornada de trabalho excede às 24 horas semanais, o que impossibilita a acumulação pretendida.
-	Recurso improvido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas;
Decide a Quinta Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do Voto do Relator.
Rio de Janeiro, de de 2010 (data do julgamento).
FERNANDO MARQUES
Desembargador Federal - Relator

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