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Avaliação de Recalques no Aterro Sanitário da Central de Resíduos de Recreio, Minas do Leão-RS através de Modelos Matemáticos Gabriela Pippi Denardin UFSM, Santa Maria, Brasil, gabi@hotmail.com Rinaldo J. B. Pinheiro UFSM, Santa Maria, Brasil, rinaldo@ufsm.br Marília Coelho Teixeira UFSM, Santa Maria, Brasil, marilia.c.teixeira.2@gmail.com Jessica Anversa UFSM, Santa Maria, Brasil, jessicaanversa@hotmail.com RESUMO: A disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU), na grande maioria dos casos, é realizada em aterros sanitários, que tem como objetivo a redução de custos e a minimização dos impactos ambientais. Portanto, cada vez mais se faz necessário o conhecimento de informações técnicas referentes as propriedades geotécnicas dos resíduos assim dispostos. Dentre diversas informações técnicas importantes, destaca-se os aspectos referentes a compressibilidade e os recalques gerados na massa de resíduos. Com base nisto, o presente artigo tem como objetivo avaliar os modelos matemáticos baseados em funções logarítmicas, exponenciais, potencias, etc para previsão de recalques no aterro sanitário da Central de Resíduos de Recreio (CRR) no município de Minas do Leão/RS. Os recalques observados variaram aproximadamente entre 0,55 e 4,0m, correspondendo a uma deformação entre 7 e 24% em relação à altura inicial dos resíduos. Valores estes dentro de faixas descritas na literatura. As taxas de deformação nos meses iniciais situaram-se entre 3 e 7mm/dia. Para o período de monitoramento (1800 dias) as taxas de deformação apresentaram uma redução média da ordem 3 vezes (taxas atuais entre 1 e 2mm/dia) com clara tendência de estabilização. No estudo de modelos de compressibilidade aplicados a resíduos sólidos neste trabalho mostraram que algumas propostas apresentaram um comportamento satisfatório, com os valores estimados/calculados da mesma ordem de grandeza que os observados (modelo hiperbólico). Enquanto os outros modelos não foram capazes de estimarem satisfatoriamente os recalques observados, portanto, não apresentando uma boa aderência. As funções logarítmicas apresentaram elevados desvios de recalque quando comparados os valores observados e previstos, não sendo recomendada a sua utilização para previsão de recalques. O modelo hiperbólico apresentou desvios na ordem de 2,5%, observa- se que até os 1800 dias de monitoramento o modelo apresentou boa concordância entre os valores observados e os medidos. Os valores de deformação última indicam deformação entre 15 e 38% em relação a altura inicial dos resíduos e as taxa de deformação inicial ficaram próximos aos apresentados para na literatura internacional. PALAVRAS-CHAVE: Aterro Sanitário, Recalques, Métodos de Previsão 1 INTRODUÇÃO A preocupação com a questão ambiental e a devida disposição final dos resíduos fez o número de aterros sanitários crescerem nos últimos anos. O conceito de aterro sanitário inserido neste artigo é relacionado com um sistema preparado para a disposição dos resíduos sólidos urbanos (RSUs), empregando, quando for necessário, técnicas como a divisão de células, a compactação de resíduos, a impermeabilização, o emprego de sistemas de drenagem para líquidos e gases, entre outros recursos necessários à massa de resíduos (Denardin, 2013). Face a esta realidade, estudos referentes ao desempenho técnico de aterros são importantes, como o comportamento mecânico dos resíduos e a previsão de recalques, ou seja, o estudo da compressibilidade (Grisolia et al., 1995; Liu et al., 2006; Melo et al., 2006). O acompanhamento e a estimativa dos recalques em aterros sanitários é importante por diversos fatores (Hossain et al., 2003; Hossain e Gabr, 2005; Catapreta, 2010; Simões e Catapreta, 2010): (a) determinar a real capacidade de armazenamento do aterro, pois quando ocorre recalque o volume diminui e a capacidade de armazenar aumenta. Pela definição da fase de estabilização podemos determinar as sobre- alturas de resíduos a serem depositados, determinando o volume máximo que pode ser estocado; (b) determinação da vida útil do aterro sanitário. Esta é uma informação importante, pois fornece quando se deve procurar novos locais de deposição de resíduos sólidos urbanos. (c) reaproveitamento do local após o armazenamento, devido à escassez de áreas disponíveis para novos empreendimentos. Isto faz com que estes locais sejam futuramente reaproveitados para outras finalidades; (d) monitoramento geotécnico através do acompanhamento do recalque e de sua velocidade; pode-se avaliar a estabilidade geotécnica dos taludes; (e) o desempenho da cobertura final, pois esta pode ser prejudicada por trincas oriundas dos recalques diferenciais. Como consequência, tem-se maior infiltração da água da chuva, podendo comprometer a estabilidade do aterro. Os motivos pelos quais ocorrem estes recalques são numerosos e complexos. Isto porque os RSUs são heterogêneos, possuindo diferentes graus de deformabilidade e biodegradação, além de grandes vazios presentes. Diversos são os fatores que influem na proporção dos recalques, tais como: peso específico, composição e índice de vazios dos resíduos; percentagem de material degradável; quantidade de líquidos no interior do aterro, quantidade e sistemas de extração de fases; formas de compactação, entre outros. Segundo Sowers (1973) citado por Boscov e Abreu (2000), basicamente o recalque ocorre em três etapas. A primeira é a compressão inicial que é devida a uma compactação virtualmente instantânea dos espaços vazios e partículas devido a um carregamento. A segunda etapa é a compressão primária, que ocorre enquanto a compressão inicial continua atuando. A compressão primária é devida à dissipação de poro pressões dos espaços vazios e ocorre de maneira rápida. A última etapa é a compressão secundária e representa a principal porção no percentual de recalque total. Os recalques nesta fase acontecem devido à ação do peso do corpo do aterro e à decomposição biológica. A compressão mecânica secundária, a corrosão, oxidação dos materiais, bem como a biodegradação dos resíduos, passando-os da fase sólida para a líquida e gasosa, faz com que os recalques sejam os mais significativos nesta fase. Devido a esta complexidade e dificuldade na previsão de recalques, diversos são os modelos existentes. Boscov e Abreu (2000) e Liu et al. (2006) apresentam uma classificação dos tipos de modelos mais utilizados. Estes autores classificam os modelos em reológicos, modelos que utilizam métodos de regressão, modelos que utilizam a teoria de adensamento e modelos de biodegradação. Este artigo tem como objetivo utilizar modelos matemáticos, numa série de 1800 dias de monitoramento em 10 marcos superficiais instalados no aterro sanitário da Central de Resíduos de Recreio (CRR), no município de Minas do Leão/RS. 2 MODELOS DE PREVISÃO As principais vertentes da modelagem de desenvolvimento de recalques em maciços sanitários são: aplicar modelos de previsão de recalques de solos, com as devidas adaptações; elaborar modelos que tentem reproduzir os mecanismos relevantes para os RSU, e formular modelos empíricos, que são ajustes de curvas com equações conhecidas a séries históricas de dados. Segundo Simões e Catapreta (2010), a previsão de recalques de aterros sanitários pode ser realizada fundamentalmente em dois momentos distintos: durante o projeto ou durante a operação. No primeiro caso não se dispõe de dados de recalque, o que dificulta bastante a previsão. Esta é realizada através de estudos paramétricos a partir de dados dos valores dos parâmetros de interesse disponíveis na bibliografia internacional e nacional. Estes dados apresentam faixas de variação muitoamplas, resultando em estimativas pouco precisas de recalques na situação projeto. No segundo caso, a previsão de recalques baseia-se em dados reais obtidos em campo a partir de instrumentação ou levantamento topográfico. Este segundo caso é do que se trata este artigo. 2.1 Modelo Logaritmo Yen e Scanlon (1975), a partir da compilação de resultados obtidos em 9 anos de monitoramento em três aterros, apresentaram um modelo empírico para a determinação da velocidade de recalques. Segundo os autores a taxa de recalques decresce linearmente com o logaritmo do tempo e cresce com a altura do aterro. Além disso, as observações e o modelo aplicam-se somente aos recalques de longo prazo (secundários) (Equação 1). � = ∆� ∆� ou � = � − � . log � (1) Onde: m = taxa de recalque ou velocidade de recalque; ∆H = recalques medidos; ∆t = intervalo de tempo entre as medidas; t = tempo de início da construção; t0 = tempo da construção do aterro; a e b = parâmetros que variam com a espessura do aterro e com o tempo de construção podendo ser adotado como a = 0,00095Hf + 0,0985, e b = 0,00035Hf + 0,0509, sendo Hf (espessura final) em metros. Segundo Marques (2001) este modelo deve ser ajustado a partir de dados de campo, e apresenta-se inconsistente quanto o tempo se torna muito grande. Neste caso, dependendo da combinação das constantes empíricas, os recalques poderiam se tornar negativos. 2.2 Modelo Exponencial Simões (2000) apresenta o modelo exponencial de creep de Sharma e Lewis (1994). Segundo este autor, este modelo tem sido utilizado para a estimativa do comportamento de creep transiente de inúmeros materiais de engenharia, sendo expresso por meio da Equação 2. � � � = � .∆σ . m � ����� (2) Onde: S(t) = recalque no tempo; H = altura inicial do resíduo; ∆σ = acréscimo de pressão; m = compressibilidade de referência; n = taxa de compressão; tr = tempo de referência utilizado para normalizar o tempo; t = tempo após a aplicação da carga. Edil et al. (1990) estimaram valores para os parâmetros m e n realizando ajustes de curvas a partir de dados de monitoramento de aterros de resíduos. Os autores mencionam, que apesar do pequeno número de registros, os desvios entre os recalques previstos pelo modelo e os observados situaram-se entre 0 e 14%. Segundo Simões (2000) e Marques (2001) este modelo apresenta formulação empírica, e os parâmetros do modelo devem ser obtidos a partir da análise de registros históricos. Este fato dificulta a extrapolação para condições que não aquelas para as quais os parâmetros foram obtidos. 2.3 Modelo Reológico Gibson e Lo (1961) apresentaram um modelo reológico para avaliação da compressão secundária em solos turfosos e orgânicos. Edial et al (1989, 1990) propuseram um modelo visco-elástico linear baseado no modelo de Gibson e Lo (1961). O modelo associa uma em série um elemento de Hooke (mola com constante a), que simula a compressão primária do resíduo, ao corpo de Kelvin, traduzido pela associação em paralelo de um elemento de Hooke (mola com constante b) e um elemento de Newton (amortecedor com viscosidade �/b). e que simula a compressão secundária do elemento. O recalque do resíduo, desta foram, pode ser avaliado pela expressao: DH = H �v �� + � �1 − ���� !"#$ (3) Onde: DH = recalque; H = altura inicial do aterro; a e b = parâmetros de compressibilidade primária e secundária do resíduo; �v = tensão vertical atuante; �/b = taxa de compressão secundária; t = tempo a partir da aplicação da carga. Este modelo foi aplicado por Edil et al (1990) em 4 aterros sanitários com diferentes alturas totais, estado de tensões, idade, operação e tempo de observação dos recalques. Estes autores observaram que os parâmetros de compressibilidade primária (a) e secundária (b) crescem com o aumento das tensões; e também ocorre um aumento da taxa de compressão secundária (�/b) com o aumento da taxa de deformações. 2.3 Modelo Hiperbólico Ling et al. (1998) analisando as limitações dos modelos logarítmico (Yen e Scanlon, 1975) e de potência (Edil et al., 1990) propuseram a utilização de uma função hiperbólica para a estimativa de recalques em aterros de resíduos sólidos urbanos.Propuseram a utilização de funções hiperbólicas para previsão de recalques. As funções hiperbólicas são amplamente utilizadas para representar deformações em solos, mas também podem ser utilizadas para os resíduos. Para isto, a função hiperbólica foi modificada de tal forma que o decaimento da massa orgânica pudesse ser acoplado aos parâmetros de resistência do material (Simões, 2000; Melo, 2003). Esta proposição incorpora em uma única equação os recalques primários e secundários, sendo o tempo inicial (to) correspondente ao início das medidas de recalque (Equação 3). � = 1%& + �'( �4� [3] Onde:S = diferença entre o recalque no instante considerado e o recalque inicial (S = Si – So) ; t = diferença entre o instante considerado e o início das medidas (t = ti – t0);ρ0 = taxa ou velocidade inicial de recalques; Sult = recalque final Os parâmetros ρ0 e Sult devem ser determinados pela transformação da Equação 3 através de relações t/S versus t e realizando uma análise de regressão linear (Equação 4). Sendo que os inversos do intercepto e da inclinação fornecem os parâmetros ρ0 e Sult. � = 1 ρ& + �'( �5� Segundo Boscov e Abreu (2000) as vantagens deste método são a flexibilidade, por poder ser aplicado a partir de um tempo inicial qualquer, mesmo quando há alterações no carregamento, e a praticidade, facilidade de aplicação e possibilidade de traçar o histórico de eventuais carregamentos pela análise da curva de recalque. A desvantagem principal é a impossibilidade de previsão de recalques em projeto, uma vez que é necessário uma quantidade inicial de recalques para pode se obter a curva final. Ling et al. (1998) apresentaram comparações de simulações realizadas utilizando o modelo hiperbólico e os modelos exponencial e de potência, concluindo que nos casos analisados, o modelo hiperbólico apresentou melhores resultados. 3 FIGURAS E TABELAS Para verificação de desempenho do modelo utilizado neste trabalho com os dados dos 10 marcos superficiais foi utilizada a proposta de Marques (2001), que compara o recalque medido com o previsto, verificando o desvio (D) obtido entre os valores calculados e observados, conforme a Equação 5. +,,. = /∆�1231�,,.� − ∆�456,.∆�456,. 7 . 100 �6� Onde: Di,j = desvio de recalque no tempo j, baseado nas leituras do período i, em %; ∆Hcalc (i,j) = recalque calculado no tempo j, baseado nas leituras do período i; ∆Hobs,j = recalque observado no tempo j. Uma limitação da análise realizada neste trabalho foi o não conhecimento da sequência construtiva das diversas células que constituem a Área 1 do aterro, bem como a composição inicial dos resíduos e a sua posterior degradação. Para realização das análises algumas características e hipóteses de cálculo tiveram que ser inicialmente estabelecidas, incluindo: (a) sequência construtiva: o histórico da construção do aterro da área 1 não foi obtido de maneira satisfatória, ou seja, sabe-se que o início da disposição de resíduo começou no ano de 2001 e o monitoramento em 2007. Também se desconhece o início e o término de cada célula de resíduo. (b) altura da coluna de resíduos (H) foi obtida a partir das cotas do fundo do aterroe das cotas dos marcos no início do monitoramento, conforme apresentado na tabela 1. (c) o parâmetro tempo inicial aplicado nos modelos foi estabelecido como sendo o tempo do início das leituras após o fechamento da área 1 do aterro. Tabela 1. Altura de resíduos, deslocamentos e deformações medidas nos marcos superficiais. Marco H (m) Deslocamento Vertical (m) Deformação (%) MT7R 20 2,901 14,51 MT9R 14 2,302 16,44 MT12 15 1,722 10,13 MT13 13 1,729 13,30 MT14 13 1,613 12,41 MT15 20 2,516 12,58 MT16 13,5 3,268 24,21 MT17 7 0,551 7,87 MT21 24 3,909 16,48 MT24 20 1,567 7,84 Os recalques observados variaram aproximadamente entre 0,55 e 4,0m, correspondendo a uma deformação entre 7 e 24% em relação à altura inicial dos resíduos (Tabela 1). Valores estes dentro de faixas descritas na literatura. As taxas de deformação nos meses iniciais situaram-se entre 3 e 7mm/dia, onde os valores mais elevados foram verificados nos marcos MT16 e MT21 que apresentaram os maiores recalques. Para o período de monitoramento (1800 dias) as taxas de deformação apresentaram uma redução média da ordem 3 vezes (taxas atuais entre 1 e 2mm/dia) com clara tendência de estabilização. As tabelas 2 a 5 apresentam os parâmetros obtidos do modelo logaritmo de Yen e Scanlon (1975) e a função logaritmo simples, função exponencial (Edil et. al, 1990), modelo reológico (Gibson e Lo, 1961) e o modelo hiperbólico (Ling et al, 1998). São apresentados os desvios entre as deformações estimadas e as observadas dos pontos de monitoramento. Tabela 2. Parâmetros obtidos do modelo logaritmo de Yen e Scanlon (1975) a função logarítmica simples. Ponto Yen e Scanlon (1975) Função logaritmo simples a b Desvio (%) a b Desvio (%) MT7R 6,21 0,57 52,35 11,80 0,55 - 20,61 MT9R 5,15 0,48 59,07 1,44 0,44 -18,65 MT12 5,27 0,56 69,49 1,00 0,32 -18,60 MT13 8,69 1,03 108,75 0,95 0,33 -10,73 MT14 6,51 0,73 96,77 0,90 0,31 -13,38 MT15 6,92 0,69 74,36 2,58 0,75 -16,85 MT16 9,68 0,95 93,71 2,58 0,75 -7,70 MT17 2,01 0,23 89,48 0,32 0,10 -15,69 MT21 11,82 1,20 82,71 2,35 0,76 -14,79 MT24 5,61 0,60 96,96 0,91 0,31 -12,05 a e b = coeficientes obtidos no ajuste matemático Tabela 3. Parâmetros obtidos no modelo exponencial. Marco m (kPa-1) n (tr=1dia) Desvio(%) t=588dias Desvio(%) t=1800dias MT7R 2,60 x 10-6 0,90 0,69 52,48 MT9R 3,80 x 10-6 0,92 -5,69 59,87 MT12 2,50 x 10-6 0,92 6,53 82,84 MT13 1,00 x 10-5 0,78 11,18 95,51 MT14 1,11 x 10-5 0,735 5,12 65,67 MT15 4,20 x 10-6 0,82 -0,88 55,88 MT16 1,40 x 10-6 0,82 1,64 82,31 MT17 1,10 x 10-5 0,78 6,91 69,25 MT21 7,50 x 10-6 0,755 0,36 56,67 MT24 4,50 x 10-6 0,76 4,85 71,03 m = compressibilidade de referência; n = taxa de compressão; Tabela 4. Parâmetros obtidos no modelo reológico de Gibson e Lo (1961). Ponto a (kPa-1) b (kPa-1) �/b (dia-1) Desvio (%) MT7R 1,50 x 10-7 3,00 x 10-4 1,50 x 10-3 -3,54 MT9R 2,55 x 10-7 3,45 x 10-4 1,60 x 10-3 -0,96 MT12 2,00 x 10-7 2,40 x 10-4 1,10 x 10-3 2,11 MT13 9,00 x 10-7 2,50 x 10-4 1,30 x 10-3 -1,69 MT14 8,50 x 10-7 2,15 x 10-4 2,10 x 10-3 -1,94 MT15 8,50 x 10-7 2,90 x 10-4 1,10 x 10-3 -0,41 MT16 7,50 x 10-7 5,10 x 10-4 1,75 x 10-3 0,94 MT17 9,50 x 10-7 1,75 x 10-4 1,35 x 10-3 7,13 MT21 8,50 x 10-7 3,50 x 10-4 1,50 x 10-3 -0,72 MT24 9,55 x 10-7 1,72 x 10-4 1,54 x 10-3 5,18 a = coeficiente de compressibilidade primária; b = parâmetro de compressibilidade secundária; �/b = taxa de compressão secundária. Tabela 5. Parâmetros obtidos no modelo hiperbólico de Ling et al. (1998). Ponto εult (%) ρ0 (% /dia) Desvio (%) MT7R 2,75 x 10-1 1,87 x 10-2 4,42 MT9R 2,99 x 10-1 2,27 x 10-2 4,85 MT12 1,51 x 10-1 1,71 x 10-2 -0,17 MT13 1,65 x 10-1 3,70 x 10-2 -0,71 MT14 1,62 x 10-1 2,87 x 10-2 -0,84 MT15 1,92 x 10-1 2,12 x 10-2 1,47 MT16 3,80 x 10-1 4,57 x 10-2 7,56 MT17 1,04 x 10-1 1,70 x 10-2 -1,69 MT21 2,42 x 10-1 3,03 x 10-2 1,71 MT24 1,06 x 10-1 1,73x 10-2 1,15 ρ0= taxa de recalque inicial;εult= deformação última As Figuras 2 e 3 apresentam os resultados dos ajustes matemáticos aos valores de deformação medidos para os marcos superficiais 16 e 24. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 500 1000 1500 2000 D e fo rm a çã o ( % ) Tempo (dias) deform medida Yen e Scanlon (1975) Função log simples Edil et al. (1990) Gibson e Lo (1961) Ling et al. (1998) Figura 1. Curvas deformação versus tempo para valores medidos e previstos para o marco 16. 0 5 10 15 20 25 0 500 1000 1500 2000 D e fo rm a çã o ( % ) Tempo (dias) deform medida Yen e Scanlon (1975) Função log simples Edil et al. (1990) Gibson e Lo (1961) Ling et al. (1998) Figura 2. Curvas deformação versus tempo para valores medidos e previstos para o marco 24. As alturas dos maciços de resíduo neste estudo estão mais próximas das apresentadas na literatura internacional por Marques (2001). Quando comparado com os resultados do Aterro Bandeirantes, que apresentam alturas bem mais elevadas de resíduos, os resultados das taxas de deformação e deformação última foram superiores. Da mesma maneira que para Marques (2001), a aplicação do modelo de Yen e Scanlon (1975) para estimativa dos recalques foram inconsistentes (Figuras 1 e 2). Pode-se observar uma fraca concordância entre os dados medidos e os previstos com a aplicação deste método para os pontos verificados, notadamente para os recalques a longo prazo. Os desvios de recalque (D), neste caso, apresentaram um valor médio de cerca de 82,4%, considerando os marcos utilizados neste estudo (Tabela 2). Ling et al. (1998) propuseram a integração da equação básica de Yen e Scanlon (1975) que foi adotada neste trabalho (Tabela 2), onde verificou-se que os desvios de recalque, após cerca de 1800 dias de observação, foram inferiores ao caso anterior, porém igualmente elevados, tendo sido obtido um desvio de recalque (D) médio para os marcos superficiais verificados da ordem de -15%. Os recalques previstos ao final do período, nesta solução, apresentaram-se menores do que os valores observados em campo. A aplicação do modelo exponencial verificou uma maior concordância entre os dados medidos e os previstos para o tempo igual a 588 dias, com um desvio de recalque (D) na faixa de 3,1%. Porém a concordância é menor para períodos de tempo mais elevados, para os 1800 dias de monitoramento, os desvios de recalques (D) foram de 69,2%. Os parâmetros de compressibilidade do modelo não se mostraram sensíveis à altura do maciço, tendo sido observadas taxas de compressão (n) e parâmetros de compressibilidade (m) superiores às reportadas por Marques (2001), conforme apresentado na Figura 3. O uso dos modelos reológico (Gibson e Lo, 1961) e hiperbólico (Ling et al, 1998) apresentaram uma boa concordância entre os valores observados e os previstos para os marcos superficiais analisados. A utilização destas propostas, com alguns ajustes, poderia assim, ser recomendada para previsão de recalques do presente estudo, baseada nos resultados obtidos. Segundo Marques (2001) a comparação com os poucos relatos de aplicação na literatura destes modelos mostram resultados consistentes, apesar das significativas diferenças de altura dos maciços de resíduos. 1,00E-07 1,00E-06 1,00E-05 1,00E-04 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Pa râ m e tro de c o m pr e ss ib ili da de m (1/ kP a ) Altura (m) Edil et al. (1990) El Fadel e Al-Rashed (1998) Aterro Bandeirantes (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) 0,0 0,5 1,01,5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Ta x a de c o m pr e s sã o n (1/ kP a ) Altura (m) Edil et al. (1990) El Fadel e Al-Rashed (1998) Aterro Bandeirantes (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) Figura 3. Relação entre os parâmetros de compressibilidade do modelo (m e n) baseado em funções de potência (Edil et al.,1990) e a altura do maciço de resíduos. Os valores obtidos para o coeficiente de compressibilidade primária (a) do modelo de Gibson e Lo (1961) se encontram abaixo dos valores obtidos da literatura, indicando que estes valores não são muito significativos devido ao tempo desde o início da disposição dos resíduos e o efetivo começo do monitoramento. Já o parâmetro de compressibilidade primária (b) e a taxa de comrpressão secundária (�/b) situam-se relativamente próximos ao valores da literatura (Figura 4). A Figura 5 procura comparar os resultados obtidos, em termos das deformações últimas (εult) e das taxas de deformações iniciais (ρ0), com os dados dos aterros sanitários de Meruelo, Wisconsin e Bandeirantes. Os valores de deformação última (εult) indicam deformação entre 10 e 40% em relação à altura inicial dos resíduos, valores estes em média superiores ao aterro de Bandeirantes (εult < 20%). As taxas de deformação inicial(ρ0) situaram-se entre 1,7 e 4,5 x 10-2 %/dia, valores estes também superiores ao aterro de bandeirantes (ρ0 < 2 . 10- 2 %/dia). Os resultados do aterro em estudo situaram-se mais próximos aos apresentados por Ling et al. (1998) para o Meruelo 1,00E-08 1,00E-07 1,00E-06 1,00E-05 1,00E-04 1,00E-03 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Co ef . de co m pr es si bi lid ad e pr im ár ia - a (1/ kP a ) Altura (m) Aterro A, operação mínima (Edil et al, 1990) Aterro A, operação normal (Edil et al, 1990) Aterro B (Edil et al, 1990) Aterro C (Edil et al, 1990) Aterro D (Edil et al, 1990) Aterro Bandeirantes (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) 1,00E-04 1,00E-03 1,00E-02 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Pa râ m e tro de co m pr es si bi lid ad e se c u n dá ria - b (1/ kP a ) Altura (m) Aterro A, operação mínima (Edil et al, 1990) Aterro A, operação normal (Edil et al, 1990) Aterro B (Edil et al, 1990) Aterro C (Edil et al, 1990) Aterro D (Edil et al, 1990) Sub-aterro Bandeirantes AS-2 (Carvalho, 1999) Aterrro Bandeirantes (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) 1,00E-05 1,00E-04 1,00E-03 1,00E-02 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Ta x a de co m pr es sã o se cu n dá ria (1/ di a) Altura (m) Aterro A, operação mínima (Edil et al, 1990) Aterro A, operação normal (Edil et al, 1990) Aterro B (Edil et al, 1990) Aterro C (Edil et al, 1990) Aterro D (Edil et al, 1990) Sub-aterro Bandeirantes AS-2 (Carvalho, 1999) Aterro Bandeirantes (Melo, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) Figura 4. Relação entre os parâmetros de compressibilidade do modelo de Gibson e Lo (1961) e a altura do maciço de resíduos. 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Ta x a de de fo rm a çã o in ic ia l (% /d ia ) Altura (m) Meruelo Landfill (Ling et al. 1998) Wisconsin Landfill (Ling et al. 1998) Aterro Bandeirantes - marcos superficiais (Marques, 2001) Aterro Bandeirantes - placa de recalque (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0 10 20 30 40 50 60 70 80 D e fo rm a çã o úl tim a (% ) Altura (m) Meruelo Landfill (Ling et al. 1998) Wisconsin Landfill (Ling et al. 1998) Aterro Bandeirantes - marcos superficiais (Marques, 2001) Aterro Bandeirantes - placa de recalque (Marques, 2001) Aterro Minas do Leão (calculados) Figura 5. Relação entre a taxa de deformação inicial (ρ0), a deformação última (εult) e altura do maciço de resíduos a partir do modelo hiperbólico (Ling et al., 1998). 4 CONCLUSÕES No estudo de modelos de compressibilidade aplicados a resíduos sólidos neste trabalho, mostraram que algumas propostas apresentaram um comportamento satisfatório, com os valores estimados/calculados da mesma ordem de grandeza que os observados (modelos hiperbólico e reológico). Enquanto os outros modelos não foram capazes de estimarem satisfatoriamente os recalques observados, portanto, não apresentando uma boa aderência. As funções logarítmicas apresentaram elevados desvios de recalque quando comparados os valores observados e previstos, não sendo recomendada a sua utilização para previsão de recalques. O modelo hiperbólico de Ling et al. (1998) apresentou desvios na ordem de 2,5%, observa- se que até os 1800 dias de monitoramento o modelo apresentou boa concordância entre os valores observados e os medidos. Os valores de deformação última indicam deformação entre 10 e 40% em relação à altura inicial dos resíduos e as taxa de deformação inicial ficaram próximos aos apresentados por Ling et al. (1998) para o Meruelo Landfill. AGRADECIMENTOS Esta pesquisa conta com o apoio da Companhia Riograndense de Valorização de Residuos (CRVR) que opera a Central de Resíduos de Recreio que forneceu os dados de monitoramento. Agradecimento à FAPERGS e Capes pelas bolsas de mestrado. REFERÊNCIAS Boscov, M. E. G., Abreu, R. C. (2000). Aterros sanitários: previsão de desempenho x comportamento real. São Paulo, 2000. ABMS. Denardin, G.P. (2013). Estimativa de recalques no aterro sanitário da Central de Resíduos de Recreio – Minas do Leão-RS. Dissertação de Mestrado, PPGEC/UFSM, Santa Maria. 100p. Catapreta, C.A.A. (2008). Comportamento de um aterro sanitário experimental: avaliação da influência do projeto, construção e operação. 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