O que é pessoa com deficiência para lei? Art. 2º, Lei nº 13.146/2015: considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Cenário anterior a Lei nº 13.146/2015 A primeira codificação civil brasileira, Código Civil de 1916, assim como as Ordenações Filipinas, sempre teve uma preocupação significativa pela proteção do patrimônio. Como consequência o sistema das capacidades foi influenciado por essa visão patrimonialista. Art. 5º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de 16 (dezesseis) anos; II - os loucos de todo o gênero; III - os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade; IV - os ausentes, declarados tais por ato do juiz. A Constituição Federal de 1988, ao colocar a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República foi o instrumento hábil a se demonstrar que a perspectiva individualista/patrimonialista abordada pelo Código Civil de 1916 era equivocada e não promovia a dignidade e o desenvolvimento do ser humano. Entretanto o Código Civil subsequente (2002) não teve a capacidade de desconstituir essa premissa materialista e aplicar uma perspectiva humanizada no tratamento das pessoas incapacitadas. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Lei nº 13.146/2015 Promulgada em 06 de julho de 2015, a Lei 13.146/2015 instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), procurando adaptar o Ordenamento Jurídico Brasileiro as disposições contidas na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de Nova York de 2007. A Lei visa assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e sua cidadania. Esta Lei concebeu novas prioridades e reforçou algumas prioridades já existentes. Conforme disposição expressa do artigo 6º “a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: casar-se e constituir união estável, exercer direitos sexuais e reprodutivos, exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar, conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória, exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária e exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. “As pessoas com deficiência de ordem física e/ou psíquica foram eliminadas do rol de incapacidade civil absoluta e relativa. A incapacidade civil absoluta ou relativa não é presumida quando se tratar de pessoa com deficiência, ao revés, não mais se admitirá que se relegue a esses indivíduos com deficiência o caractere da incapacidade para os atos da vida civil. Essa premissa é decorrente da disposição contida no art. 6º do recém-vigente estatuto que preleciona categoricamente que “a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa” – falar junto ao quadro comparativo