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Artigos científicos para auxilo de TCC - Mecanica dos solos

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323
DIFUSÃO DE METAIS ATRAVÉS DE UMA ARGILA LATERÍTICA
COMPACTADA
M. E. G. Boscov
Departamento de Engenharia Civil - EPUSP
E. de Oliveira
Departamento de Engenharia Civil - EPUSP
M. P. Ghilardi
Departamento de Engenharia Civil - EPUSP
M.M da Silva
Departamento de Engenharia Civil - EPUSP
RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo sobre o comportamento de uma argila laterítica
compactada em relação à difusão de doze metais controlados pelas legislações de águas para
consumo humano. Representa uma etapa no estudo dos solos tropicais como material de construção
de camadas impermeabilizantes de locais de disposição de resíduos domésticos e industriais.
Selecionou-se um Latossolo Vermelho Escuro, distribuído em todo o território nacional,
principalmente em regiões industrializadas e densamente populosas, como a Região Metropolitana
de São Paulo. A pesquisa compreendeu a realização de ensaios de difusão para cada metal em
soluções com concentração de 100mg/L e pH 1 e 4 em corpos-de-prova compactados estaticamente
no ponto ótimo da Energia Normal. Os resultados mostram comportamento diferenciado para cada
metal, além de uma grande influência do pH da solução nos mecanismos de difusão e adsorção.
1. INTRODUÇÃO
Os locais de disposição de resíduos
industriais ou domésticos devem ser revestidos
com camadas impermeabilizantes, com a
finalidade de proteger o subsolo e o lençol
freático contra a poluição. A questão do
projeto de aterros de resíduos seguros, do
ponto de vista ambiental, é especialmente
relevante em uma região altamente
industrializada e populosa como o Estado de
São Paulo.
As argilas lateríticas são materiais
disponíveis e com propriedades geotécnicas,
relativas à construção de barragens e aterros,
bem conhecidas no meio técnico nacional. O
projeto de revestimentos impermeabilizantes
de locais de disposição de resíduos pode ser
concebido visando a atender às imposições de
normas vigentes ou a critérios de desempenho.
Como um critério de desempenho fundamental
é a limitação temporal e espacial de
concentrações de poluentes, é preciso acumular
conhecimentos sobre parâmetros
geomecânicos e químicos dos solos lateríticos
(Manassero et al.,1998; de Mello e Boscov,
1998).
O presente artigo apresenta uma pesquisa
sobre o transporte de doze metais, controlados
pelas legislações de água para consumo
humano, através de uma argila laterítica
compactada. Dos mecanismos de transporte de
solutos através do solo, foram estudadas
apenas a difusão e a adsorção do soluto nas
partículas sólidas, que ocorrem mesmo na
ausência de fluxo hidráulico da solução.
Foram realizados ensaios de difusão para
cada metal separadamente, com soluções de
concentração de 100 mg/L, com pH 1 e pH 4.
O ensaio de difusão utilizado foi desenvolvido
por Barone at al. (1989) e adaptado por Boscov
(1997) para solos compactados. Os corpos-de-
prova foram compactados estaticamente no
ponto ótimo da Energia Normal. As
concentrações das soluções foram
determinadas por espectrometria de emissão
atômica com plasma de argônio induzido.
324
2. INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
2.1 Características Geotécnicas do Solo
Selecionou-se um solo representativo de um
grupo de argilas lateríticas de importância
tanto pela extensão territorial de ocorrência
como pelo uso do solo nas regiões de
ocorrência: o Latossolo Vermelho Escuro,
distribuído em todo o território nacional,
principalmente nas regiões mais
industrializadas e densamente povoadas. O
solo foi coletado em um talude de corte em
Guaianazes, na Região Metropolitana de São
Paulo.
A Figura 1 apresenta a curva granulométrica
do solo. Na Tabela 1 encontram-se os limites
de Atterberg, o peso específico dos grãos, as
características de compactação na Energia
Normal e os principais minerais componentes.
0.001 0.01 0.1 1 10
Diâmetro (mm)
0
20
40
60
80
100
P
o
rc
en
ta
g
em
 p
as
sa
d
a 
 (
%
)
Figura 1. Curva granulométrica do solo
Tabela 1. Caracterização geotécnica do solo
LL (%)
LP (%)
IP (%)
59
35
24
d (kN/m3) 28,0
Atividade de Skempton0,3
gsmax (kN/m3)
hot (%)
15,65
24,1
Classificação MCT
c’
d’
e’
Pi (%)
LG’/NG’
2,1
47,6
1,09
35
Classificação USCS MH
Mineralogia quartzo, caulinita,
gibbsita, hematita
muscovita
2.2 Ensaio de Difusão
O ensaio de difusão foi apresentado por
Barone et al. (1989) e adaptado por Boscov
(1997) para corpos-de-prova compactados.
O corpo-de-prova é compactado estaticamente
na célula de difusão e saturado por
capilaridade. A parte superior do cilindro,
referida como reservatório, é preenchida pela
solução. Amostras da solução no reservatório
são coletadas em intervalos de tempos
regulares através do orifício na tampa da
célula, por meio de uma pipeta graduada, para
monitoramento da concentração. No final do
ensaio, divide-se o corpo-de-prova em cinco a
sete camadas de espessuras iguais, e extrai-se a
água dos poros de cada camada pela aplicação
da pressão de 25 MPa, para determinar a
distribuição de concentrações na água
intersticial do solo ao longo da profundidade.
A Figura 2 ilustra o equipamento e as curvas
resultantes do ensaio: concentração do fluido
no reservatório em função do tempo de ensaio,
e concentração na água intersticial do solo em
função da profundidade.
 
6,4 cm ou 8,5 cm 
4,5 cm 
6,0 cm RESERVATÓRIO 
SOLO 
ORIFÍCIO PARA 
AMOSTRAGEM 
C r 
tempo 
C s 
z 
Figura 2. Ensaio de difusão
2.3 Determinação das Concentrações de
Metais
Para a determinação analítica das
concentrações das soluções de partida e das
amostras líquidas coletadas nos ensaios foi
utilizado um espectrômetro de emissão
atômica com plasma de argônio (ICP-AES).
Realizaram-se estudos para definir os
parâmetros instrumentais do espectrômetro
adequados à leitura dos doze elementos na
faixa de concentrações de interesse, qual seja,
da ordem de ng/L (ppb) a cerca de 100 mg/L.
325
2.4 Procedimento Experimental
Os metais estudados são aqueles
controlados pelas legislações de água para
consumo humano, e que geralmente estão
presentes nos chorumes de aterros domésticos
e industriais, quais sejam: alumínio, arsênio,
bário, cádmio, chumbo, cobre, cromo, ferro,
manganês, mercúrio, prata e selênio.
Ensaios químicos de capacidade de troca
catiônica, lixiviação e solubilização em forno
de microondas focalizado foram realizados
para determinar os íons adsorvidos e
disponíveis no solo natural, auxiliando na
definição das composições e concentrações das
soluções aplicadas nos ensaios de difusão.
Optou-se por soluções de partida com
concentração de 100 mg/L para cada metal,
equivalentes a chorumes de resíduos perigosos,
segundo as normas brasileiras ABNT NBR-
10005/87 e NBR-10006/87; ademais, o
elevado valor facilita a observação dos
resultados.
Como a adsorção varia sensivelmente com o
pH da solução, foram ensaiadas soluções com
pH 1 e pH 4. Foram realizados também ensaios
“brancos” com pH 1 e pH 4, ou seja, ensaios
de referência, sem adição dos cátions
metálicos.
Os metais foram estudados separadamente,
pois considerou-se necessário compreender a
química de cada metal, para posteriormente
estudar o efeito da concorrência de íons,
condição real dos chorumes.
Os corpos-de-prova foram compactados
estaticamente no peso específico seco máximo
e teor de umidade ótimo determinados em
ensaio de compactação na Energia Normal,
que constam da Tabela 1. Conforme indicado
na Figura 1, os corpos-de-prova tinham 4,5 cm
de altura e diâmetro igual a 6,4 cm ou 8,5 cm,
dependendo da célula utilizada. Os corpos-de-
prova foram submetidos à saturação por
capilaridade por três dias, e à difusão por 15 a
21 dias, com coleta de amostras de 2 mL da
solução do reservatório a cada 48 horas.
3. RESULTADOS
Os corpos-de-prova apresentaram grau de
compactação entre 99,1% e 101,7%,desvio de
umidade entre –0,2% e 0,3%, índice de vazios
entre 0,73 e 0,80, grau de saturação inicial
entre 85% e 90%, e grau de saturação final de
no mínimo 92%.
As Figuras 3 e 4 mostram os resultados dos
ensaios de difusão realizados com soluções de
cada metal à concentração de 100 mg/L e pH
1, na forma de curvas de concentração no
fluido do reservatório em função do tempo e
concentração na água intersticial do corpo-de-
prova em função da profundidade. Nas Figuras
5 e 6 encontram-se os resultados dos ensaios
de difusão efetuados com soluções de cada
metal à concentração de 100 mg/L e pH 4.
Os elementos Hg, Cu, Pb (Figura 3a) e Cd
(Figura 3b) apresentaram comportamento
semelhante quanto à difusão no solo em
estudo; contudo, a cinética de difusão dos
elementos pesados (Hg, Cu e Pb) foi mais lenta
do que a do cádmio: a concentração no
reservatório diminui mais rapidamente no caso
do Cd do que para os metais pesados; ademais,
as concentrações nas camadas superficiais dos
corpos-de-prova estão na ordem de 10 a 20%
da concentração inicial do reservatório para os
metais pesados, e de 50% para o cádmio.
A concentração do elemento Fe (Figura 3c)
no reservatório diminuiu de maneira mais
acentuada em função do tempo do que o
ocorrido com os elementos anteriores.
Contudo, a migração mais rápida do
reservatório para o corpo-de-prova está
associada a uma distribuição de concentrações
nas camadas de solo semelhante à do grupo
dos metais pesados (Figura 3a).
As curvas de concentração no reservatório
em função do tempo para os elementos Se, As,
Ag e Cr (Figura 4a) são semelhantes às do Fe
(Figura 3c), com concavidade para cima,
devido ao rápido decréscimo de concentração
nos tempos iniciais. Porém, a distribuição de
concentrações na água intersticial do corpo-de-
prova para esses elementos, com valores
inferiores a 1mg/L em todas as camadas,
evidencia que os mesmos ficam retidos na
camada superior do corpo-de-prova. Desses
metais, segundo análise por fluorescência de
raios-X, apenas o cromo está presente na
composição do solo natural.
Para os elementos Al, Mn, e em menor
evidência, Ba (Figura 4b), os dados de
concentração no reservatório em função do
326
tempo mostram lixiviação do solo no contato
com as soluções de pH 1, uma vez que estes
elementos estão presentes no solo. A
distribuição de concentrações nas camadas do
solo segue o mesmo comportamento dos
elementos Hg, Cu, Pb, Cd e Fe.
O ensaio com Al foi repetido para confirmar
as altas concentrações mostradas na Figura 4b.
As concentrações no reservatório e na água do
solo no novo ensaio foram ainda mais
elevadas, excedendo o limite superior da
correspondente curva de calibração do
espectrômetro, da ordem de 100 mg/L, como
citado no item 2.3.
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
120
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 12 - Hg 100 ppm pH 1 
CP 14 - Cu 100 ppm pH 1 
CP 15 - Pb 100 ppm pH 1 
Concentração no reservatório
0 10 20 30
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 12 - Hg 100 ppm pH 1 
CP 14 - Cu 100 ppm pH 1 
CP 15 - Pb 100 ppm pH 1 
Concentração no corpo-de-prova
(a)
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 3 - Cd 100 ppm pH 1 
Concentração no reservatório
0 10 20 30 40 50 60
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 3 - Cd 100 ppm pH 1 
Concentração no corpo-de-prova
(b)
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
120
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 6 - Fe 100 ppm pH 1 
Concentração no reservatório
0 10 20 30 40
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 6 - Fe 100 ppm pH 1 
Concentração no corpo-de-prova
(c)
Figura 3. Ensaios de difusão com soluções de concentração de 100mg/L e pH 1(a) Hg, Cu e Pb; (b)
Cd; (c) Fe
327
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
120
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
) CP 2 - Se 100 ppm pH 1 
CP 5 - As 100 ppm pH 1 
CP 9 - Ag 100 ppm pH 1
CP 10 - Cr 100 ppm pH 1 
Concentração no reservatório
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 2 - Se 100 ppm pH 1 
CP 5 - As 100 ppm pH 1 
CP 9 - Ag 100 ppm pH 1
CP 10 - Cr 100 ppm pH 1 
Concentração no corpo-de-prova
(a)
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
50
100
150
200
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 1 - Al 100 ppm pH 1
CP 4 - Mn 100 ppm pH 1 
CP 7 - Ba 100 ppm pH 1 
Concentração no reservatório
0 20 40 60 80 100
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 1 - Al 100 ppm pH 1
CP 4 - Mn 100 ppm pH 1 
CP 7 - Ba 100 ppm pH 1 
Concentração no corpo-de-prova
(b)
Figura 4. Ensaios de difusão com soluções de concentração de 100mg/L e pH 1 Ag, As, Cr e Se;
(b) Al, Ba e Mn
Em pH 4, os elementos com valência
preferencial 3+ podem sofrer hidrólise,
formando os respectivos hidróxidos ou sais
básicos, e ficando, portanto, parcialmente
retidos no reservatório. Assim, a migração para
o solo se dá em baixas concentrações.
Os elementos Cr3+, As3+ (Figura 5a) e Fe3+
(Figura 5b) hidrolisam em pH 4, formando
hidróxidos, fenômeno atestado pelo rápido
decréscimo de concentração no reservatório e
pelas baixas concentrações nas camadas do
corpo-de-prova. Esses elementos apresentaram
também redução rápida de concentração no
reservatório para pH 1 (Figuras 3c e 4a),
porém com concentrações na água intersticial
do solo muito superiores. Para pH 4, as
concentrações nas camadas dos corpos-de-
prova são menores que 1% da concentração
inicial no reservatório.
O elemento Se2+ (Figura 5a) apresentou
comportamento semelhante aos elementos de
valência preferencial 3+ (Fe3+, Cr3+ e As3+),
porém com maiores concentrações na água do
solo. Mesmo assim, a concentração na primeira
camada do corpo-de-prova é apenas 4% da
concentração inicial no reservatório.
Para o elemento Pb2+ (Figura 5c), pode
haver ocorrido a formação de sais, sem que
tenha sido atingida a condição de precipitação.
Assim, explicam-se a lenta diminuição de
concentração no reservatório e as baixas
concentrações no solo. Comparando com pH 1
(Figura 3a), as concentrações no reservatório
decrescem mais rapidamente, mas no solo são
muito inferiores, cerca de 100 vezes menores.
Para os elementos Ag+, Ba2+, Cd2+, Mn2+ e
Cu2+ (Figura 6a), é menor o efeito de hidrólise
e precipitação, por ocorrerem em pH mais alto.
Mesmo assim, a redução da concentração com
o tempo é mais evidente no pH 4 do que no pH
1 (Figuras 3b, 4a e 4b). As concentrações na
água do solo são significativamente menores
328
no pH 4 do que no pH 1, indicando que esses
elementos ficam retidos no solo, possivelmente
por adsorção nas partículas sólidas.
O elemento Al3+ (Figura 6b) foi extraído do
solo em pH 4 em menos extensão que em pH
1.
O elemento Fe3+ (Figura 6b) apresentou
comportamento diferente dos outros elementos
quanto à forma da distribuição de
concentrações na água do solo: embora as
concentrações também fossem baixas, da
mesma ordem de grandeza dos outros
elementos, o Fe apresentou um pico de
concentração a meia altura do corpo-de-prova.
O elemento Hg3+ (Figura 6c) apresentou
saída do reservatório semelhante aos elementos
divalentes, porém perfil diferenciado de
concentrações no solo, provavelmente devido
às concentrações estarem muito próximas do
teor de detecção da técnica empregada.
0 100 200 300 400 500
Tempo(horas)
0
20
40
60
80
100
120
140
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
) CP 17 - As 100 ppm pH 4
CP 22 - Cr 100 ppm pH 4 
CP 28 - Se 100 ppm pH 4 
Concentração no reservatório
0 1 2 3 4 5
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 17 - As 100 ppm pH 4
CP 22 - Cr 100 ppm pH 4 
CP 28 - Se 100 ppm pH 4 
Concentração no corpo-de-prova
(a)
0 100 200 300 400
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 24 - Fe 100 ppm pH 4 
Concentração no reservatório
0 1 2 3 4 5
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 24 - Fe 100 ppm pH 4 
Concentração no corpo-de-prova
(b)
0 100 200 300 400 500 600
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 27 - Pb 100 ppm pH 4 
Concentração no reservatório
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 27 - Pb 100 ppm pH 4 
Concentração no corpo-de-prova
(c)
Figura 5. Ensaios de difusão com soluções de concentração de 100mg/L e pH 4 As, Cr e Se; (b) Fe;
(c) Pb
329
0 100 200 300 400 500
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
120
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 19 - Ag 100 ppm pH 4 
CP 20 - Ba 100 ppm pH 4 
CP 21 - Cd 100 ppm pH 4 
CP 26 - Mn 100 ppm pH 4 
CP 23 - Cu 100 ppm pH 4 
Concentração no reservatório
0 5 10 15 20
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 20 - Ba 100 ppm pH 4 
CP 21 - Cd 100 ppm pH 4 
CP 23 - Cu 100 ppm pH 4 
CP 26 - Mn 100 ppm pH 4 
Concentração no corpo-de-prova
(a)
0 100 200 300 400 500
Tempo (horas)
0
50
100
150
200
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 18 - Al 100 ppm pH 4 
Concentração no reservatório
0 50 100 150
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 18 - Al 100 ppm pH 4 
Concentração no corpo-de-prova
(b)
0 100 200 300 400 500
Tempo (horas)
0
20
40
60
80
100
120
C
o
n
ce
n
tr
aç
ão
 (
m
g
/L
)
CP 25 - Hg 100 ppm pH 4
Concentração no reservatório
0 0.5 1 1.5 2
Concentração (mg/L)
0
1
2
3
4
5
P
ro
fu
n
d
id
ad
e 
 (
cm
)
CP 25 - Hg 100 ppm pH 4
Concentração no corpo-de-prova
(c)
Figura 6. Ensaios de difusão com soluções de concentração de 100mg/L e pH 4 Ag, Ba, Cd, Cu e
Mn; (b) Al; (c) Hg
Nos ensaios “brancos” foram monitoradas
as concentrações de Al e Fe, uma vez que nas
séries anteriores de ensaios havia sido
observada a lixiviação ou solubilização desses
elementos a partir dos minerais do solo. No
ensaio “branco” com pH 1, as concentrações
de Al no reservatório e na água do solo foram
muito maiores do que o limite superior de
determinação da curva de calibração
correspondente, ficando constatada a intensa
dissolução de Al do solo nesse pH. Esse fluxo
de íons do corpo-de-prova para o reservatório
possivelmente influi na migração dos outros
metais em pH 1, o que indica a necessidade de
estudar mais profundamente a difusão e a
adsorção de metais em soluções ácidas através
de solos lateríticos, nos quais o alumínio e o
ferro são minerais preponderantes.
330
O ferro também é dissolvido dos minerais,
mas menos intensamente, provavelmente
devido a sua menor participação em massa na
composição química do solo (16%) em relação
à do alumínio (37%), conforme resultados de
ensaio de fluorescência de raios-X.
4. CONCLUSÕES
A difusão pode ser um importante
mecanismo de transporte de metais em
soluções muito ácidas através de uma camada
de argila laterítica compactada. Porém, certos
metais ficam retidos na camada superior do
solo mesmo em baixos pH.
Nos ensaios de difusão com soluções de 100
mg/L e pH 1, os elementos Al, Mn e Ba foram
extraídos do solo. Os elementos Hg, Cu, Pb e
Cd apresentaram comportamento semelhante,
mas a cinética dos metais pesados é mais lenta
do que a do cádmio. As frentes de soluto
penetraram no corpo-de-prova, com
concentrações na camada superior do solo da
ordem de 10 a 50% da concentração inicial do
reservatório. Para os elementos Ag, As, Cr e
Se, as concentrações no reservatório
decresceram rapidamente, mas houve retenção
no solo, com concentrações na água intersticial
da camada superior inferiores a 1 mg/L. A
cinética do Fe foi semelhante à do Ag, As, Ce
e Se, porém as concentrações na água do solo
foram elevadas, com valor de 30% da
concentração inicial do reservatório na camada
de topo do corpo-de-prova.
Em pH 4 e concentração inicial de
100mg/L, para todos os elementos observou-se
uma diminuição mais rápida da concentração
no reservatório, principalmente para os cátions
trivalentes, os quais sofrem hidrólise nesse pH.
As concentrações na água intersticial do solo
foram significativamente menores do que em
pH 1, pela associação dos fenômenos de
hidrólise dos metais e maior adsorção pelo solo
nesse pH. Em pH 4, a concentração na água
intersticial da camada superior do corpo-de-
prova foi menor do que 1% da concentração
inicial do reservatório para a maioria dos
elementos, não excedendo 15% para nenhum
dos elementos estudados. O Al foi extraído do
solo, mas em menor escala do que em pH 1.
A comparação entre os resultados dos ensaios
de difusão com soluções de concentração de
100 mg/L e valores de pH 1 e 4 atesta a
importância de corrigir o pH de resíduos muito
contaminados; pode-se passar de uma situação
de migração por difusão com pouca retenção,
para a de elevada retenção nas camadas
superficiais do “clay liner”.
Uma vez estudados os metais
separadamente, é importante pesquisar o efeito
da concorrência dos cátions nos mecanismos
de transporte através de solos, segundo
proporções representativas dos chorumes de
aterros de resíduos domésticos e industriais.
Evidencia-se também a necessidade de
compreender mais profundamente a dissolução
de ferro e alumínio dos argilo-minerais
resultante do contato com soluções ácidas.
5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP pelo
auxílio financeiro e apoio recebidos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barone, F.S.; Yanful, E.K.; Quigley, R.M. &
Rowe, R.K. (1989). Multiple contaminant
migration on diffusion and adsorption of
some domestic wastes contaminants in a
natural clayey soil. Canadian Geotechnical
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Boscov, M.E.G. (1997). Contribuição ao
projeto de contenção de resíduos perigosos
utilizando solos lateríticos. Tese de
Doutoramento, EPUSP, São Paulo.
de Mello, L.G. & Boscov, M.E.G. (1998).
Discussão da prática brasileira de
disposição de resíduos à luz da tendências
internacionais. Anais XI COBRAMSEF,
volume extra, no prelo.
Manassero, M.; Parker, R.; Pasqualini, E.;
Szabo, I.; Almeida, M.; Bouazza, A;
Daniels, D. & Rowe, R.K. (1998).
Controlled landfill design – Geotechnical
aspects. TC5 Report, Proc. IIIrd ICEG 3,
Lisboa, Portugal.

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