Buscar

Análise de Personagens, Enredo, Ambiente e Tempo em A Sangue Frio

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 – PERSONAGENS
Capote descreve os personagens com tamanha exatidão, logo no início do livro e primeiramente os descreve com precisão fisicamente e ao longo da trama vai desenvolvendo os mesmos, de forma psicologicamente. Inicialmente, percebemos que Capote os descreve individualmente e assim age por todo o livro. Cada personagem é tratado como um ser único e isso é o que torna a história tão especial. Os personagens Perry e Dick, os assassinos recebem um tratamento diferenciado, principalmente Perry, com quem o autor supostamente teve um romance platônico são descritos de maneira precisa, nada caricatural. Talvez aos olhos de um leitor desatento, que não saiba que a história foi real e como Capote se envolveu emocionalmente com ela, ache, que os personagens são caricaturas, e de certa forma são, mas historicamente é comprovado que eles eram assim mesmo, como o autor os descreve, com certa paixão, é certo, mas com precisa exatidão. 
A análise psicológica é feita detalhada e penetrante e o autor dosa as aparições entre assassinos e vítimas. Inicialmente não se percebe que os assassinos são aqueles realmente descritos pelo autor, primeiramente pela personalidade dos dois que, do jeito que Capote os descreve, de forma tão simples e apaixonada, o leitor não se decide se ele deve ter alguma simpatia por aqueles dois personagens ou não e segundo pelas pausas na história que descreve de forma minuciosa não só as ações de cada um, mas também, as características dos mesmos como tatuagens e forma física. O gênio deles, tanto dos assassinos quanto das vítimas são mostrados paulatinamente ao longo da primeira parte do livro. O autor faz questão de fazer com que todos os personagens sejam interpretados pelo leitor com uma certa simpatia, no filme sobre Capote e toda sua jornada para escrever este livro, o próprio autor diz a Perry que ele não quer que o mundo os veja como monstros. Por isso, o sentimento de repulsa durante a leitura do livro, praticamente inexiste, mesmo quando o assassino Perry descreve toda a cena do crime!
2 – ENREDO	
Existe exposição da intriga da história já no começo do livro quando principalmente o autor explicita que os personagens principais que ele está descrevendo vão morrer como por exemplo no final da primeira parte da descrição da família , Capote descreve a seguinte frase: “sem saber que este seria o seu último dia”. Isso é exposto ao longo de toda narrativa da primeira parte do livro. A complicação começa com o depoimento de Bobby Rupp , que é o primeiro a dar o seu depoimento, ainda na primeira parte do livro. O clímax, obviamente acontece quando a família já está morta. Isso foi uma estratégia do autor, primeiro, porque ele não conseguiu a confissão de Perry inicialmente, segundo, deixa o livro mais atraente aos olhos do leitor, que sabe que a família foi assassinada mas, não se sabe nem o porque e nem como o desfecho da história acontece quando os suspeitos são presos. Pois, a partir daí o autor se sujeita somente a desvendar o psicológico dos assassinos e o porque de eles terem feito o que fizeram. Existe uma certa unidade na narrativa onde a intriga é complexa e mantém certo nexo lógico entre si, ou seja o autor faz com que o leitor pense em quem ele vai gostar no livro, se é dos assassinos ou das vítimas. 
3 – AMBIENTE
O tipo de ambiente predominante é o social, porque Capote descreve cada personagem, tanto física quanto psicologicamente, envoltos de uma atmosfera social. Como por exemplo, quando ele descreve o personagem Perry , tratando não só dele mais também com a sua irmã e seu pai. A interação que o autor dá aos aspectos físicos e sociais quanto ao ambiente é quando ele descreve os personagens como eles se sentem quanto á sua terra natal. Os aspectos regionais são feitos principalmente quanto à cidade de Holcomb, ou a cor local e a atmosfera são sentidos de um aspecto predominantemente físicos ambientes, a natureza intelectual e psicológica dos personagens descrevem cada um por si e não o sentimento da cidade em si naturalmente. A atmosfera da região sentida pelo leitor é de uma cidade tranquila e bem- humorada, religiosa e que não poderia acreditar que essa barbaridade pudesse acontecer ali. Uma cidade simples, mais com cidadãos aparentemente ricos, como o senhor Herb Clutter que parecia ser rico mais, de acordo com os moradores da região era tão humilde e popular quanto todos os outros moradores. 
4 – TEMPO
A narrativa, inicialmente parece lenta e maçante com pouca ação, e muita análise psicológica, descrições do autor são comumente encontradas, pelo contrário, comentários do mesmo não são reveladas, ou seja, o autor não se prostra diante do livro como ele mesmo, mas sim, com comentários de outros personagens, igualmente descritos tanto física quanto psicologicamente, mesmo que por mais simples que seja sua descrição por Capote. A narrativa parece lenta e não rápida porque o objetivo do autor é descrever os personagens de uma forma psicológica, como se ele quisesse explorar a mente de cada um deles. A ordem da narrativa é mais cronológica, embora Capote use bastante o Flashback, estes mesmos são usados para lembrar os personagens socialmente, ou seja, os flashbacks se desenrolam unicamente pelas lembranças de pessoas que conviveram com os personagens principais. A narrativa se desenrola na época entre 1959 a 1964, que é quando Capote consegue o desfecho definitivo para o seu livro.
5 – PONTO DE VISTA
O narrador não participa da narrativa como personagem. O leitor sente-se como se ele estivesse lendo um anúncio de jornal, em que o escritor não se pronuncia diretamente, mas sim somente um jornalista que toma consciência da história e de seus personagens e os descreve de acordo com a história. O narrador é onisciente, o seu conhecimento diante da história não é restrito, pelo contrário, ele e sua amiga Happer Lee são mais privilegiados do que os outros jornalistas, por serem conhecidos como autores reconhecidos no mundo inteiro por grande parte da população, especialmente pelo Sherife Dewey. Capote analisa os personagens como expectador neutro sem interferir sobre seus comportamentos, embora em algumas partes do livro o leitor sente-se como se ele estivesse julgando ou comentando os personagens, mas não acredito que seja isso o que realmente aconteça, porque a meu ver um narrador não se dirige ao leitor nunca. Quanto ao modo narrativo Capote se equilibra entre o modo Showing e o Telling porque enquanto inicialmente ele demonstra de uma forma geral uma narrativa principalmente descritiva ao longo do livro, Capote se mostra como um verdadeiro narrador de teatro, em que ele não só mostra a cena como ela se demonstra em si mas sim com a análise psicológica de cada personagem.
6 – LINGUAGEM E ESTILO
Percebemos que Capote usa sim traços estilísticos individualizantes porque certas expressões dos personagens são feitas exclusivamente pelo seu ponto de vista e a estrutura de frases são estruturadas de um modo enfatizante pelo lado da emoção descrita friamente pelo autor. O uso de metáforas não são usuais, ele usa uma forma não figurada de tanto descrever os personagens quanto contar as histórias. Somente em certas partes do livro é que podemos perceber metáforas usadas pelos próprios personagens e não pelo autor em si, que não se apresenta na história de jeito nenhum. O autor usa o discurso indireto livre para subordinar as suas falas, mesmo que ele mesmo não se pronuncie quanto à trama. Os diálogos são estritamente convencionais quanto a 
]~çlksevvcsde romance de não-ficção. A fala das personagens ajusta-se perfeitamente à sua categoria social e a sua realidade cotidiana, como por exemplo, quando o autor descreve claramente a diferença entre os moradores de Holcomb, com sua mentalidade simples e conservadora com a fala dos assassinos, Perry e Dick que eram mentalidades completamente diferentes, que já havia ganho o mundo, vivido no mínimo o que uma pessoa deve viver na vida e
 tinha um vocabulário diferente daquelas pessoas simples e pacatas do
interior. 
CONCLUSÃO
Truman Capote é uma assumidade quanto ao romance de não-ficção. O sentimento de de ler “A Sangue Frio” é o de que, primeiramente, a trama é maçante, com descrições minuciosas intermináveis mas que ao mesmo tempo envolvem você como leitor, porque você começa a gostar dos personagens que são assassinados e então, ao conhecer os assassinos, pela descrição humana que Capote dá, você também acaba gostando deles, mas não se sente confortável em admitir que gosta, que tem simpatia por pessoas que pudessem cometer um crime tão bárbaro como este. Como o próprio Capote diz em seu filme, lançado em 2005, ele não queria que os assassinos fossem tratados como monstros e é exatamente isso que o livro demonstra. O leitor não consegue conceber que aqueles senhores simpáticos do começo do livro fossem capaz de assassinar uma família inteira daquele jeito. Pelo menos, foi o que eu pensei, como leitora. Enfim, mesmo com uma escrita lenta e subordinada á uma história que já sabíamos seu desfecho, Capote, como excepcional escritor que é, consegue nos deixar em polvorosa com sua análise sobre o crime e entusiasmados sobre o que virá depois. É um autor nato e sem escrúpulos que nos deixa a flor da pele mesmo com um romance de não-ficção. Capote é um gênio de sua época e deve ser reconhecido como tal.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando